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Automação Industrial / Março de 2018 AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Resumo: Neste artigo é feito um estudo sucinto sobre os principais tópicos relacionados com a Automação Industrial, que tem se mostrado uma das áreas que mais evoluem e que contribuem para o avanço da tecnologia atualmente. 1 INTRODUÇÃO No século XVII, com a revolução industrial, o trabalho muscular passou a ser substituído pelo trabalho das máquinas, visando assim, o aumento da produtividade nas fábricas. Começa a partir daí a história da Automação Industrial, marcada pela criação das linhas de montagem para produção em massa de automóveis por Henry Ford na década de 20. Após a Segunda Guerra Mundial, os sistemas de controle aparecem na indústria de processos. Na década de 60, com o aparecimento dos transistores, toda a instrumentação analógica foi substituída por um computador. Já na década de 80, aconteceu o barateamento do hardware devido à alta competitividade a nível mundial. Novos requisitos surgiram como a qualidade, o custo, o uso racional da energia e matéria-prima, fazendo com que os computadores passassem a ser utilizados em todos os setores de uma indústria, desde o nível do processo até o nível de gestão ou administração da empresa. Os anos 90 destacam-se pelo aparecimento de instrumentos e componentes inteligentes, sistemas distribuídos abertos, substituição por SDCDs (Sistemas Distribuídos para Controle Digital) monolíticos e integração do chão-de-fábrica com redes locais de sistemas comerciais. Na seção 2, trata-se o conceito de Automação Industrial; em seguida, na seção 3, são abordados os principais objetivos e consequências da automatização de um processo de produção; na seção 4, são listadas as diversas aplicações onde a automação se faz presente e mostra ser de suma importância; na seção seguinte, apresenta-se os segmentos em que se divide a automação industrial; na seção 6, descreve- se os principais elementos componentes de um sistema de automação; por fim, na seção 7, é feita uma breve descrição sobre a utilização de redes em ambientes industriais, as quais estão se firmando cada vez mais no mercado. 2 CONCEITO DE AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Automação industrial é um assunto amplo e muitas vezes com características multidisciplinares. Ela, em um simples projeto, pode abranger informática, eletricidade, eletrônica, física, química, matemática, etc., além de um conhecimento em engenharia de produção. Podemos definir automação industrial como sendo um conjunto de técnicas através das quais se constroem sistemas ativos capazes de atuar com uma eficiência ótima pelo uso de informações recebidas do meio sobre o qual atuam, com base nas informações o sistema calcula a ação corretiva mais apropriada. Um sistema de automação comporta-se exatamente como um operador humano o qual, utilizando as informações sensoriais, pensa e executa a ação mais apropriada. O conceito de automação inclui ainda a idéia de usar a potência elétrica ou mecânica para acionar algum tipo de máquina, acrescentando-se algum tipo de inteligência para que ela execute sua tarefa da maneira mais eficiente possível levando em consideração a segurança e a economia. 3 OBJETIVOS DA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Quando uma indústria decide por automatizar suas funções, ela procura alcançar certos objetivos, que constituem os benefícios oferecidos por essa modernização do processo de produção. Dentre estes objetivos citar : A melhoria das condições de operação, o que inclui a viabilidade técnica na execução de operações impossíveis de realizar por métodos convencionais, devido a, por exemplo, um ambiente que ofereça perigo ao operador; A qualidade, ou seja, fabricação em faixas de tolerância a erros mais estreitas, utilizando um controle de qualidade eficiente; A segurança; A flexibilidade, ou seja, permitir com facilidade e rapidez, alterações nos parâmetros do processo de fabricação; O aumento da produtividade, através do uso mais eficiente da matéria-prima; O aumento do nível de controle. Pode-se observar, então, que a automação é um caminho sem volta, uma vez que, atingidas estas metas, e verificada a melhoria no processo, e o aumento da competitividade daquela empresa no mercado, não haverá mais a necessidade, e nem a vontade de regredir a uma estrutura mais antiga, fazendo com que a tendência seja sempre a melhoria. 4 APLICAÇÕES DA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Podemos encontrar sistemas de automação nas mais diversas áreas da indústria, entre as quais destacamos a área de controle, principalmente na indústria química, de comunicações, controle de mísseis, aeronáutica, etc. Na ciência, podemos observar a evolução na execução de tarefas como previsões meteorológicas, viagens espaciais, logística militar. A informática foi uma das principais beneficiadas, e também uma das maiores responsáveis pelo avanço das técnicas de automação, como notamos nos campos de gestão de projetos e produção, controle de estoques, diagnose médica, representações visuais, sistema de informação, etc. Outros impactos da automação industrial são verificados nas áreas de projeto de circuitos integrados, máquinas de desenhar, projeto de navios e automóveis, reconhecimento de formas, resolução de problemas e jogos, ou seja, são inúmeras as aplicações deste ramo de conhecimento. 5 SEGMENTOS DA AUTOMAÇÃO A automação é um campo muito heterogêneo, quando nos referimos aos produtos englobados por ele e que, muitas vezes se complementam. Podemos então, dividi-lo em: Instrumentação; Automação de Processos Industriais e Não Industriais (Controle de Processos); Automação da Manufatura. A Instrumentação é a área que desenvolve e aplica técnicas de medição, indicação, registro e controle de processos de fabricação, visando a otimização na eficiência desses processos. A Automação de Processos subdivide-se em dois grandes setores: o de Processos Industriais (siderúrgica, química e petroquímica, geração de energia, etc.) Automação Industrial / Março de 2018 e Não-Industriais (sistemas de transporte, distribuição de energia, sistemas de serviços urbanos, etc.). Já na Automação de Manufatura, destacam-se as aplicações de Comando Numérico por Computador, projetos assistidos por computador (CAD-CAM), a robótica, entre outras. 6 ELEMENTOS BÁSICOS Sistemas de controle são um conjunto de técnicas por meio das quais se constroem sistemas ativos capazes de atuar com uma eficiência ótima pelo uso das informações recebidas do meio sobre o qual atuam. Eles são capazes de interferir em um processo através de um atuador que é comandado por um controlador, o qual utiliza as informações de um sensor. Um sistema de controle completo, ou seja quando realiza todas as etapas descritas acima, é considerado como sendo de malha fechada, onde a existência de realimentação é tida como condição básica para esse tipo de sistemas. Já um sem realimentação é considerado de malha aberta, ou seja, o sistema não muda de comportamento em função do que ocorre no processo, ao contrário do sistema de malha fechada. Geralmente o conceito de automação está relacionado a sistemas de malha fechada e automatização e mecanização estão relacionados a sistemas de malha aberta. É comum considerar automação e automatização como sinônimo, porém existe tecnicamente essa diferença . Quanto ao tipo de implementação, os sistemas de automação podem ser Programáveis, o que está relacionado a movimentos e trajetórias; Fixos, quando há alta especialização entre o controle e o processo; Flexível, encontra-se intermediário entre o Fixo e o Programável. Veremos agora com um pouco mais de detalhesos principais elementos de um sistema de automação. 6.1 PROCESSOS Processo é a totalidade de atividades concorrentes de um sistema, através das quais, matéria, energia e informação são transformadas, transportadas ou armazenadas. Os processos são classificados segundo a predominância das variáveis manipuladas e controladas. Quando as variáveis são, em sua maioria, do tipo analógicas ou de tempo contínuo, tem-se o processo contínuo, onde a modelagem é realizada com técnicas matemáticas. Caso as variáveis sejam do tipo discreta, ou digital, tem-se o processo discreto, onde a modelagem é realizada com técnicas da álgebra booleana. Como exemplos de indústrias que se caracterizam pelo controle de processos discretos, são as manufatureiras e automobilísticas. Já exemplos de indústrias que utilizam o controle de processos contínuos são a química, farmacêutica, petroquímica, entre outras. Importante realçar mais uma vez de que as diferenças entre os tipos de processos relacionam-se com o processo fabril em si, não de como as informações são tratadas (essas podem ser de forma analógica ou digital). 6.2 SENSORES São dispositivos que mudam seu comportamento sob a ação de uma grandeza física, podendo fornecer diretamente ou indiretamente um sinal que indica esta grandeza. Quando operam diretamente, convertendo uma forma de energia neutra, são chamados transdutores. Os de operação indireta alteram suas propriedades, como a resistência, a capacitância ou a indutância, sob ação de uma grandeza, de forma mais ou menos proporcional. O sinal de um sensor pode ser usado para detectar e corrigir desvios em sistemas de controle, e nos instrumentos de medição, que frequentemente estão associados aos SC de malha aberta (não automáticos), orientando o usuário. Como características dos sensores podemos citar a linearidade que é o grau de proporcionalidade entre o sinal gerado e a grandeza física. Quanto maior, mais fiel é a resposta do sensor ao estímulo. Os sensores mais usados são os mais lineares, conferindo mais precisão ao SC. Os sensores não lineares são usados em faixas limitadas, em que os desvios são aceitáveis, ou com adaptadores especiais, que corrigem o sinal. Outra característica é a faixa de atuação, onde o intervalo de valores da grandeza em que pode ser usado o sensor, sem destruição ou imprecisão Existem vários tipos de sensores, entres os quais podemos citar os de temperatura, vazão, óticos, de presença, etc. 6.3 ATUADORES Dentro de uma malha de controle, o elemento que tem por objetivo reposicionar uma variável, de acordo com um sinal gerado por um controlador, é chamado de atuador, pois atua diretamente no processo, modificando as suas condições. Ou seja, são dispositivos utilizados para conversão de sinais elétricos provenientes dos controladores, em ações requeridas pelos sistemas que estão sendo controlados. Como exemplos de atuadores podemos citar os atuadores pneumáticos, os hidráulicos, os elétricos, entre outros. 6.4 CONTROLADORES São os dispositivos que tornam possível uma efetiva ação de controle no meio onde atuam. Podemos citar como principais controladores o CLP (Controlador Lógico Programável); CP (Controlador Programável); SLC (Single Loop Controller); MLC (Multi-Loop Controller); CNC (Comando numérico Computadorizado); Interfaces para PC, CP ou CLP; Microcontroladores em qualquer dispositivo, incluindo sensores e atuadores. Os controladores são de grande importância para os sistemas de controle e conseqüentemente para a automação industrial, por isso vamos dar um pouco mais de ênfase aos CLPs. O CLP é um suporte eletrônico-digital para armazenar instruções de funções específicas, como de lógica, sequencialização, contagem e aritméticas, todas dedicadas ao controle de máquinas e processos. Como principais características do CLP podemos citar a utilização de processos discretos; a aplicação em automação fixa ou flexível; é o herdeiro direto dos antigos quadros de relés; realiza lógica combinacional que significa produzir uma combinação de variáveis de saída a partir de uma combinação de entradas; realiza lógica seqüencial, uma combinação de entradas juntamente com uma combinação das situações anteriores dessas ou de outras variáveis, produzem determinadas saídas; utiliza linguagens de programação entre outras. Fig01 – Diagrama de blocos de um CLP Automação Industrial / Março de 2018 6.5 TRANSDUTORES São dispositivos que convertem um estímulo ou fenômeno físico de origem não elétrica para uma grandeza elétrica. As principais características de um transdutor são a Faixa de medida, que indicam os valores mínimos e máximos permitidos; a Constante de proporcionalidade, que é a relação entre valor de entrada e saída; o Erro de linearidade, indicado pelo valor do desvio da constante fixa; Precisão, desvio entre o valor medido e o real; Velocidade de resposta, tempo entre o estímulo e a resposta; Estabilidade, variação do resultado em função das condições de operação; Repetibilidade, que é a capacidade de fornecer o mesmo valor na saída em função da mesma entrada. 7 REDES INDUSTRIAIS O processo de produção em uma indústria é composto por várias etapas, cada uma delas podendo ser executada por um elemento diferente do ambiente industrial. A tendência, hoje em dia, é ter-se vários subsistemas interligados ao mesmo meio físico por uma rede, cada um realizando uma parte deste processo, de modo que as atividades sejam coordenadas, e o processo como um todo adequadamente supervisionado. Em um ambiente industrial, a rede permite a troca de informação entre controle e processo. Ela é constituída geralmente por quatro níveis hierárquicos, sendo cada um responsável por interconectar diferentes tipos de equipamentos: Nível Administrativo e de Gestão: integra todos os outros níveis hierárquicos. Tipos de equipamentos: estações de trabalho e servidores que supervisionam os processos industriais e os integram com sistemas de gerenciamento e automação comercial; Nível de Controle: faz os enlaces e controles dos processos, conectando computadores e CLPs; Nível de Campo e Processo: faz a integração de CLPs, multiplexadores de I/O e controladores dentro de sub-redes chamadas de ilhas; Nível de Dispositivos de I/O: é composto pelo barramento de campo, que é responsável pela comunicação entre os dispositivos de chão de fábrica, como sensores e atuadores, juntamente com seus respectivos controladores. Cada subsistema ou nível deve possuir uma certa autonomia, devendo adotar o tipo de rede mais adequado à atividade que executa, bem como ao equipamento que utiliza. Porém o que acontece é que existem diversos níveis de requisitos de comunicação em um mesmo ambiente industrial, o que geralmente faz com que não exista um tipo único de rede que possa atender a todos estes níveis, logo faz-se a implementação de diferentes redes, para atender a cada requisito específico. Elabore 8 Questões pergunta e resposta, entrega 13/03/2018! Fig 02 – Integração de um sistema industrial Pode até fazer-se necessário implementar-se redes específicas para ambientes industriais, visto que as necessidades para este tipo de ambiente e de processo, bem como os elementos que se interconectam (no caso das redes industriais são sensores, atuadores, etc.), são diferentes daqueles para os tipos tradicionais de redes locais de computadores. Exemplos destas necessidades incluem a alta imunidade a ruídos, boa resistência mecânica, resistência às chamas, umidade e corrosão, tempo de acesso e de propagação limitados, tempo de reparobaixo, além da modularidade e possibilidade de interconexão, etc. É cada vez mais freqüente o desenvolvimento de diferentes protocolos de comunicação para aplicações industriais, sempre buscando estruturas que garantam a segurança e a velocidade na transmissão dos dados, além do aumento da flexibilidade da rede. Pode-se citar como os mais difundidos o Fieldbus, Profibus, Interbus, entre outros, e cujos detalhes não estão no escopo deste artigo. 8 CONCLUSÃO A automação se faz presente nos mais simples processos da vida cotidiana pois pode substituir tarefas, físicas e mentais, árduas ou de alta periculosidade, bem como nas atividades mais complexas dentro de uma indústria, o que a torna de suma importância para o avanço da tecnologia. Para as indústrias, ela proporciona um aumento na quantidade e na qualidade de produção, o que gera um crescimento na eficiência e na competitividade entre as empresas, ocasionando preços mais acessíveis. É por isso que seu estudo e desenvolvimento se fazem tão necessários nos dias de hoje. 9 BIBLIOGRAFIA Maitelli, A. L. (2003), Controladores Lógicos Programáveis, UFRN, Natal – Brasil. Oliveira, V.F. (2002), Arquitetura fieldbus para Redes Industriais, UFRN, Natal - Brasil.. Pereira, C.E. (1999), Automação Industrial. Vianna, W. S. (2000), Instrumentação, Curso Pós-Técnico em Automação - CEFET ,Campos – Brasil.
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