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Resumo Cap 2 e 3 - Modenesi - Regimes Monetários

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Cap. 2 – O regime de metas monetárias
Introdução
A definição, por parte das autoridades monetárias, de uma regra para o comportamento dos agregados monetários representa a essência do regime de metas monetárias. Usualmente, estabelece-se como regra uma meta de expansão para a base monetária igual à taxa de crescimento do PIB.
Essa estratégia de condução da política monetária resulta da convicção de que a estabilidade de preços pode ser alcançada se o estoque evoluir passo a passo com o PIB. Trata-se, portanto, de uma consequência direta da concepção monetarista do processo inflacionário, segundo a qual a inflação é um fenômeno meramente monetário.
A hipótese central do monetarismo tipo 1 é a da existência da chamada taxa natural de desemprego. Outro aspecto fundamental dessa abordagem monetarista é a suposição de que os agentes econômicos formam expectativas do tipo adaptativas, o que, por sua vez, deu origem à chamada curva de Philips versão de Friedman-Phelps ou curva de Philips aceleracionista. A combinação das duas principais hipóteses do monetarismo tipo I resulta na concepção de que, no longo prazo, variações no estoque monetário não afetam variáveis reais da economia, como os níveis de produto e emprego. O principal resultado desse modelo é a chamada neutralidade da moeda.
A taxa natural do desemprego
	A hipótese da taxa natural do desemprego trata-se de uma nova versão do pleno emprego dos fatores de produção, axioma fundamental da escola clássica. Esta taxa comporta dois componentes: (i) o desemprego voluntário, que ocorre quando uma pessoa decide não trabalhar por considerar o salário real insuficiente; e (ii) o desemprego friccional, que acontece quando um trabalhador está temporariamente desempregado, em transição de um emprego para outro. A taxa natural exclui, portanto, o desemprego involuntário, e é aquela que equilibra o mercado de trabalho, pois representa o nível de desemprego que é compatível com o comportamento racional-maximizador dos agentes econômicos (todos os agentes estão otimizando suas funções de utilidade).
	Existe apenas um nível de desemprego de equilíbrio m que os agentes têm as suas preferências plenamente satisfeitas, e a taxa de desemprego converge para este ponto na ausência de intervenções monetárias. Esta convergência é garantida pela flexibilidade do salário nominal da seguinte forma, que atua como regulador quando a oferta e demanda por trabalho não coincidem. A taxa natural, porém, não é imutável. Pode diminuir com medidas que alterem as características estruturais e institucionais do mercado de trabalho, como por exemplo com a flexibilização das leis trabalhistas, enfraquecendo sindicatos, etc.
A Curva de Philips e o Papel das Expectativas
	A curva de Philips original representa a relação entre a taxa de variação do salário nominal (inflação salarial, w.) e a taxa de desemprego (U), descrita pela equação w.=f(U), sendo w e U inversamente proporcionais.
	A curva de Philips versão de Samuelson-Solow substitui a inflação salarial pela taxa de variação do nível geral de preços. A curva de Philips passa a ser dada então por P=f(U), onde P é a inflação. Com essa nova especificação a Curva de Philips se torna relevante para a condução de política econômica.
	A curva de Philips aceleracionista adiciona a expectativa de inflação à equação original, sendo agora dada por: P=f(U,Pe), sendo Pe a expectativa de inflação, uma variável diretamente proporcional ao nível de inflação. Friedman supôs que os agentes formam expectativas adaptativas, baseando-se apenas em informações sobre o passado. A expectativa por inflação no período t depende, portanto, somente da taxa de variação de preços do período anterior, sendo dada por Pet=Pt-1. O nível de desemprego é, portanto, igual à taxa natural menos uma fração do erro expectacional, dado pela diferença entre a taxa de inflação verificada e a expectativa de inflação no período t (Pt-Pet). Se Pt não for igual a Pet, há um erro expectacional, também chamado de ilusão monetária. Se este termo for positivo, então o desemprego se encontra abaixo da taxa natural; se ele for negativo, o desemprego encontra-se acima da taxa natural. Quando as expectativas se realizam plenamente, não existe ilusão monetária, e a taxa de desemprego é igual à natural (Ut=Um). O desemprego flutua, portanto, em torno da taxa natural; e as flutuações econômicas resultam de erros expectacionais, decorrentes de inflação surpresa por parte das autoridades monetárias.
Expectativas Adaptativas e Ilusão Monetária
	No curto prazo, surpresas inflacionárias criam um erro expectacional, produzindo efeitos reais na economia que duram apenas enquanto houver ilusão monetária (Curto Prazo, Pt≠Pet), e no longo prazo a moeda é neutra (Pt=PetUn=Ut.
Hipótese Aceleracionista
	Para Friedman, a política monetária pode afetar variáveis reais de forma sustentada, conforme sugerido pela chamada hipótese aceleracionista. Como mostrado anteriormente, os efeitos da política monetária estão condicionados ao fato de esta não ser plenamente antecipada (existência de ilusão monetária). Dessa forma, o modelo monetarista prevê que, se a autoridade monetária deseja manter o desemprego sistematicamente abaixo da taxa natural, é necessário criar surpresas inflacionárias continuamente, gerando, assim, uma taxa de inflação também crescente. A hipótese deriva, portanto, de duas suposições centrais da escola monetarista: (i) a existência da taxa natural de desemprego; e (ii) a incorporação das expectativas adaptativas, o que por sua vez originou a curva de Philips aceleracionista. 
Friedman, portanto, não negou a possibilidade de a política monetária afetar variáveis reais no longo prazo, dado que existe uma relação negativa entre a taxa de variação da inflação e o desemprego. Para que o desemprego se mantenha abaixo do natural, a autoridade monetária deve gerar inflação-surpresa continuamente, ou uma aceleração inflacionária, por meio de expansão de estoque monetário a taxas crescentes, de forma a manter os trabalhadores continuamente iludidos. Consequentemente, a economia seguirá uma trajetória de explosão inflacionária.
O Papel Limitado da Política Monetária
	A política monetária desempenha um papel extremamente limitado no modelo monetarista. No longo prazo, a moeda é neutra, isto é, a autoridade não pode manter sistematicamente o nível de desemprego abaixo do natural, a não ser que coloque a economia em uma trajetória de explosão inflacionaria, como sugerido na hipótese aceleracionista. 
A operacionalização do regime de metas monetárias
	A essência ou o fundamento teórico que dá suporte ao regime de metas monetárias é a concepção de Friedman de que a inflação é um fenômeno monetário e que, portanto, a estabilidade de preços é obtida se, e somente se, a oferta monetária se expandir à mesma taxa que o produto real. O regime de metas monetárias supõe três elementos básicos: (i) o anuncio de uma meta para algum agregado monetário (base monetária ou meios de pagamento) que coordene as expectativas inflacionarias; (ii) a disponibilidade de informação confiável sobre o comportamento dos agregados monetários a serem controlados; e (iii) o elevado grau de transparência na condução da politica monetária, o que possibilita o monitoramento e a avaliação do desempenho da autoridade monetária por parte dos agentes econômicos.
Vantagens
É facilmente compreendido pelo público, de forma a sinalizar claramente os objetivos da política monetária, coordenando, assim, as expectativas inflacionarias;
Fornece informações sobre a condução da política monetária, conferindo maior transparência e possibilitando o monitoramento e avaliação da condução da política monetária pelos agentes econômicos – o que evita pressões externas para que o banco central adote políticas inflacionarias;
O Banco Central possui elevado grau de controle sobre os agregados monetários.
Desvantagens
A estabilidade da velocidade de circulação da moeda é condição necessária para a sua eficácia no combate inflacionário;e 
O Banco Central possui reduzido grau de controle sobre os agregados monetários.
Definição do Agregado Monetário a Ser Usado como Meta
	Os Agregados Monetários podem ser definidos de 5 maneiras distintas, de acordo com a estabilidade de circulação do agregado e a capacidade de o Banco Central controla-los. São elas:
Base Monetária: Papel Moeda em Poder do Público (PMPP) + Encaixes ou Reservas Totais dos Bancos Comerciais (E);
Meios de Pagamento, haveres plenamente líquidos possuídos pelo público não bancário, que podem ser:
M1: PMPP + Depósitos à Vista (DV)
M2: M1 + Depósitos a Prazo + Títulos Públicos
M3: M2 + Depósito de Poupança
M4: M3 + Títulos Privados.
	O Banco central controla de forma perfeita a Base Monetária, mas não os demais agregados. Os meios de Pagamento são um múltiplo da base monetária, isto é: M1=aB, a>1. O multiplicador monetário, por sua vez, depende do comportamento do público não-bancário e do público bancário. Ele pode ser expresso em função de dois coeficientes que refletem, respectivamente, o comportamento do público e o comportamento dos bancos comerciais: (i) a relação entre os depósitos à vista dos bancos comerciais e os meios de pagamento. Desta forma, o multiplicador monetário é dado por: , sendo “d” o coeficiente de comportamento do público e “e” o coeficiente de comportamento dos bancos. Quando o público eleva seus encaixes monetários mantidos sobre a forma de DV, “d” aumenta, fazendo crescer o multiplicador. Da mesma forma, se os Bancos Comerciais reduzem seus encaixes totais (E), há uma diminuição em “e” e um aumento do multiplicador. 
Cap. 3 – O Regime Monetário de Metas de Inflação e a Independência do Banco Central
Introdução
	Dois modelos centrais do Monetarismo (Tipo I) foram incorporados pelos novo-clássicos (Tipo II): a hipótese da existência de uma taxa natural de desemprego e a concepção monetarista de inflação. O resultado mais relevante do modelo novo-clássico é a existência do chamado viés inflacionário, ou o incentivo que a autoridade monetária tem para criar a inflação-surpresa, com o intuito de reduzir o nível de desemprego abaixo do natural. Como esse modelo postula que a política monetária só afeta variáveis reais no curto prazo, a expansão da oferta monetária resulta, em última instância, em elevação da inflação, mantendo-se o desemprego em nível igual à taxa natural.
	A adoção do regime de metas de inflação é a principal proposição prática, isto é, de política econômica, do modelo novo-clássico. Este regime pode ser considerado um desdobramento da tese de Independência do Banco Central (IBC), tese que aponta existência de uma relação negativa entre a taxa média de inflação e o grau de independência do Banco Central.
	O contraponto a essas ideias é realizado pelos autores pós-keynesianos. Segundo eles, a busca e a manutenção da estabilidade de preços não são tarefas exclusivas da autoridade monetária. Isto é, a estabilidade de preços não deve ser obtida somente por meio da política monetária, mas, sim, por uma combinação dos instrumentos de política econômica (política fiscal, comercial, cambial, etc.).
A Revolução das Expectativas Racionais
	Após a Revolução Keynesiana e a contrarrevolução monetarista, o desenvolvimento do monetarismo tipo II marcou uma nova ruptura do desenvolvimento da teoria macroeconômica: a chamada revolução das expectativas racionais, pois questionou elementos de ambos os modelos que atuavam no mainstream da época (keynesiano e monetarista de Friedman), notadamente a hipótese das expectativas adaptativas, do monetarismo tipo I. O termo revolução deve ser usado com cuidado, pois, apesar de apresentar uma ruptura com o monetarismo tipo I, o modelo novo-clássico também constitui uma extensão deste, visto que adota as concepções de: (i) taxa natural de desemprego; e (ii) processo inflacionário.
Fundamentos Teóricos do Regime Monetário de Metas de Inflação: O modelo novo-clássico
	As inovações do monetarismo tipo II com relação ao monetarismo tipo I derivam diretamente das três novas hipóteses adotadas pelos autores novo-clássicos: 
os agentes formam expectativas racionais;
os postulados que explicam o comportamento da oferta agregada; e
os mercados se equilibram constantemente.
Além disso há uma exarcebação da neutralidade da moeda, pois se prevê que políticas monetárias sistemáticas não afetam variáveis reais, mesmo no curto prazo (Friedman dizia que devido a ilusão monetária poderia alterar no curto prazo). Assim, pode-se dizer que a moeda não é apenas neutra, como postulo Friedman, mas superneutra.
(i) Expectativas Racionais
	Enquanto Friedman e seus seguidores supõem que se formam expectativas adaptativas, no modelo novo-clássico assume-se que os agentes formam expectativas racionais. Esta última hipótese estabelece que os agentes maximizam a utilização de toda informação disponível ao formarem suas expectativas. Isto não implica que a expectativa de inflação seja sempre igual à inflação realizada, mas que a expectativa de inflação não seja enviesada. Isso não significa dizer que os agentes podem prever o futuro, pois, na medida em que o conjunto de informação disponível pelos agentes é incompleto, pode haver erros. Entretanto, os agentes não cometem erros sistematicamente ao formarem suas expectativas. Se houvesse erros sistemáticos, os agentes racionais aprenderiam e reformulariam suas expectativas. Ou seja, os agentes eventualmente erram, mas, na média, a expectativa de inflação coincide com a inflação realizada. Os agentes no monetarismo tipo I cometem erros sistemáticos porque (i) formam suas expectativas com base em informações passadas e (ii) são incapazes de incorporar qualquer informação adicional no processo de formação de expectativas.
(ii) Hipóteses quanto à Oferta Agregada
	Os autores novo-clássicos supõem que: (i) os agentes econômicos tomam decisões com base no comportamento racional-maximizador e (ii) as decisões de oferta (de trabalho e de produto) dependem de preços relativos, e uma elevação no preço de um bem induz seu produtor a aumentar a quantidade ofertada. No curto prazo, dada a ocorrência de informação imperfeita, a ocorrência de uma inflação surpresa faz com que o produto corrente e o desemprego flutuem em torno de suas taxas naturais. No longo prazo há informação perfeita, e os agentes irão corrigir suas expectativas.
(iii) Equilíbrio Contínuo dos Mercados 
	Este terceiro ponto consiste na hipótese de que ocorre equilíbrio continuo nos mercados de bens, serviços e fatores de produção. Todos os mercados se equilibram continuamente, pois em cada mercado de uma economia o preço é plenamente flexível de forma a se ajustar instantaneamente a alterações na oferta e na demanda do respectivo bem, assegurando-se, assim, o equilíbrio constante deste mercado. Neste modelo, as flutuações econômicas resultam de erros expectacionais decorrentes de choques aleatórios na oferta monetária, que não fazem parte do conjunto de informações disponíveis aos agentes ao formarem suas expectativas. Portanto, mesmo os agentes racionais não são capazes de prever surpresas inflacionárias.
Implicações do modelo novo-clássico
	A combinação das hipóteses de taxa natural de desemprego, das expectativas racionais, do equilíbrio continuo dos mercados e dos postulados que explicam o comportamento da oferta agregada gera os dois principais resultados do modelo novo-clássico: (i) a proposição de ineficácia da política monetária e (ii) a inconsistência temporal da política monetária e o viés inflacionário.
(i) A ineficácia da Política Monetária
	A racionalidade dos agentes econômicos implica a incapacidade de políticas econômicas sistemáticas afetarem variáveis reais, mesmo no curto prazo. Autores negaram a existência de um trade-off entre inflação e desemprego – segundo o qual a autoridade monetária pode optar por diferentes combinações de inflação e desemprego por meio da adoção de políticas sistemáticas -, mesmo no curto prazo. No modelo novo-clássico a moeda é, portanto, superneutra.(ii) A inconsistência temporal da política monetária e o viés inflacionário
	Para o estudo dos regimes monetários, a existência do viés inflacionário na condução da política monetária é o principal resultado do modelo novo-clássico. Sua ampla aceitação motivou o desenvolvimento da tese da Independência do Banco Central (IBC). Em resumo, quando a política monetária é conduzida discricionariamente, há um viés inflacionário: a autoridade monetária é incentivada a inflacionar a economia para elevar o nível do bem-estar social no curto prazo (decorrente da redução temporária do desemprego). Uma política é dita temporalmente inconsistente se determinada decisão de política econômica, que faz parte de um plano ótimo, anunciada em determinado período, deixa de ser ótima em uma data futura, mesmo que nenhuma informação nova relevante tenha surgido no período em questão. Enfim, o problema da inconsistência temporal e o consequente viés inflacionário da política monetária consiste, portanto, em argumento a favor da adoção de regras na condução da politica monetária: para se evitar a inconsistência temporal, é necessária a doção de uma tecnologia de comprometimento que elimine o poder discricionário do gestor da política monetária o a criação de mecanismos de incentivo que impeçam que o viés seja acionado.
Soluções para o Problema da Inconsistência Temporal da Política Monetária
	A literatura econômica apresenta diferentes soluções para o problema da inconsistência temporal da política monetária. Dentre elas, duas se destacam: (i) o equilíbrio considerando a reputação das autoridades monetárias e (ii) a tese de independência do Banco Central, que propõe que a condução da política monetária deve ser delegada a um agente independente e comprometido com a estabilidade de preços.
(i) Equilíbrio Considerando a Reputação das Autoridades Monetárias
	Uma possibilidade de se reduzir a importância do viés inflacionário na condução da política monetária baseia-se no conceito de reputação. Apesar de a autoridade monetária ser incentivada a inflacionar a economia, ela tem de levar em conta os custos futuros associados à implementação do viés inflacionário e a correspondente redução de sua reputação. Ou seja, se a autoridade monetária levar em conta os custos futuros decorrentes do acionamento do viés inflacionário, a sua preocupação com a perda de sua reputação funcionará como um mecanismo de incentivo que a induzirá a praticar uma política monetária austera.
(ii) A Tese da Independência do Banco Central
	A IBC também constitui solução para o problema da inconsistência temporal da política monetária e se fundamenta em dois pilares: (i) a aceitação da existência do viés inflacionário na condução da política monetária; e (ii) a evidencia empírica favorável à existência de uma correlação negativa entre o grau de independência do Banco Central e a inflação. A IBC consiste na delegação da condução da política monetária a um agente independente, com o objetivo de controlar a inflação, mantendo-se, assim, credibilidade da política monetária e a reputação da autoridade monetária, de forma a eliminar o viés inflacionário, reduzindo a gravidade do problema da inconsistência temporal.
	No modelo de Banco Central Independente de Rogoff, é recomendável que a condução da política monetária seja delegada a um presidente conservador, mais avesso à inflação que a sociedade em geral, que atribua um elevado peso à estabilização de preços. O fato de o presidente ser mais avesso à inflação do que a sociedade significa que ele tem uma menor propensão a acionar o viés inflacionário, o que garante maior credibilidade a uma política monetária compatível com uma taxa de inflação reduzida. Os critérios adotados para se quantificar a independência dos bancos centrais foram, principalmente, as seguintes: 
(i) o nível de interferência do Poder Executivo sobre a condução da Política Monetária; e (ii) a frequência de substituição dos presidentes (grau de rotatividade), sendo o banco considerado mais independe quanto maior for este grau.
As críticas à tese de interdependência do Banco Central são, entre outras: (i) a política monetária é um instrumento muito poderoso para estar concentrada nas mãos do presidente do Banco Central; (ii) nem a inflação nem o aumento do desemprego são tão graves a ponta de justificar a ameaça à democracia representada pela supressão da discussão pública desses temas, como ocorre no caso de um Banco Central independente; e (iii) a independência do Banco Central pode comprometer a coordenação entre as políticas fiscal e monetária.

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