Buscar

Resumo Cap 7 e 8 do Cardim - Economia Monetária e Financeira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Cap. 7 – A teoria da Política Monetária no modelo de Keynes
	Os keynesianos não são um grupo homogêneo. Alguns deles não acreditam que a política monetária seja eficaz para reduzir o desemprego, sendo chamados de velhos-keynesianos ou keynesianos horizontalistas. Os keynesianos que, assim como Keynes, consideram que a política monetária é capaz de alterar as variáveis reais são chamados de pós-keynesianos.
	Para Keynes, a moeda não é neutra nem no curto e nem no longo prazo, podendo, portanto, alterar variáveis reais da economia.
	As autoridades monetárias têm à sua disposição três instrumentos para atingir seus objetivos através de política monetária:
(a) a fixação compulsória de reservas bancárias;
(b) a determinação da taxa de juros das operações de redesconto (e empréstimos de liquidez);
(c) as operações de compra e venda de títulos públicos. 
	Os dois primeiros afetam a capacidade dos bancos de conceder crédito para satisfazer a necessidade de antecipação de receita das firmas, receitas que são antecipadas para honrar compromissos com os fornecedores de insumo e com o pagamento do trabalhador. Portanto, a disponibilidade de crédito dos bancos tem uma relação direta com o volume de produto gerado pelas firmas. Ao utilizar tais instrumentos, as autoridades afetam diretamente o volume de crédito ofertado pelos bancos e, consequentemente, as decisões empresariais relativas ao volume de produção (decisões de produção).
	Segundo Keynes, uma máquina só é adquirida quando o seu rendimento esperado é superior à taxa de juros, de tal forma que sua falta de liquidez seja compensada pela sua eficiência marginal do capital (taxa de rendimento esperado de um ativo de capital). Portanto, uma queda na taxa de juros estimula a demanda por ativos de capital. Quando uma operação de compra de títulos é realizada pelo BC, as decisões das autoridades monetárias podem estimular as decisões de investimento, já que a taxa de juros pode ser reduzida a um patamar bem inferior à eficiência marginal do capital. Esta é a forma como o terceiro instrumento pode alterar o nível de emprego.
 	O Gráfico abaixo descreve uma operação de open-market que reduz a taxa de juros. O eixo vertical representa a taxa de juros dos títulos públicos. O eixo horizontal representa a soma de moeda retida para a compra de títulos e a quantidade de títulos retida pelos agentes: da esquerda para a direita indica-se a quantidade de moeda (M), e da direita para a esquerda, a quantidade de títulos absorvida pelo mercado (B). A oferta de títulos, que é administrada pelas autoridades monetárias, é representada pela função MB. A demanda por moeda e títulos dos agentes relacionada à taxa de juros é representada pela função PL, também chamada de função preferência pela liquidez. A interseção dessas duas funções determina a taxa de juros (i) e a quantidade de títulos e moeda retida no open-market. Uma operação de compra de títulos por parte do Banco Central é demonstrada pelo deslocamento da função MB para a direita (de MB para MB’). Essa compra reduz a taxa de juros (de i’ para i’’) e aumenta a quantidade de moeda (de M1 para M2) no mercado de títulos, consequentemente, torna a aquisição de títulos menos atrativa.
O Banco Central opera suas políticas em uma economia monetária que pode ser definida como sendo uma economia de duas esferas de circulação da moeda: a industrial e a financeira. Na primeira esfera, a moeda exerce a sua função de meio de troca, faz girar bens e serviços. O volume de produto e serviços, o nível de preços e a velocidade de circulação da moeda determinam o volume de meios de pagamento que satisfaz as necessidades dos agentes que realizam transações nessa esfera. Na outra esfera, a da circulação financeira, a moeda faz girar ativos financeiros, isto é, papéis que possuem uma diversidade de graus de liquidez. exigem diferentes custos de manutenção e podem gerar diferenciados ganhos de juros e ganhos de capital. Nessa esfera, a moeda transforma-se em um ativo que possui os mesmos atributos dos ativos que faz girar. Em geral, seu custo de manutenção é nulo, gera ganhos de juros e capital nulos, mas possui liquidez plena.
O mesmo objeto, a moeda, quando vai à ilha da circulação industrial assume um papel de meio de troca; quando volta à ilha da circulação financeira, transforma-se num ativo. A arte da política monetária sugerida por Keynes e pelos pós-keynesianos, que visa ao aumento do produto ou, equivalentemente, à redução do desemprego, é conseguir transformar moeda-ativo em moeda meio de troca. Em outras palavras, a arte é induzir a viagem de moeda da circulação financeira para a circulação industrial. Portanto, é recomendável aumentar o estoque monetário da circulação financeira por meio de operações de open Market para reduzir a taxa de juros dos ativos líquidos frente aos ilíquidos (máquinas), estimulando a troca de rendimentos de juros (de títulos, ações) por lucros compensadores (aquisição de máquinas). A política monetária, diferentemente da política fiscal de gastos, não age diretamente sobre o produto na circulação industrial. Simplesmente induz o vazamento de moeda em direção a essa circulação.
A política monetária de Keynes será sempre eficaz?
	A política monetária pós-keynesiana que visa ao aumento do investimento tem a sua frente não o seu objetivo final, o produto, mas sim os agentes econômicos que devem agir de acordo com os sinais emitidos pelo Banco Central. Contudo, as decisões de recomposição de portfólio são tomadas com base em cálculos subjetivos, que envolvem variáveis esperadas, ou seja, expectativas de cenários futuros. Portanto, a eficácia da política monetária não depende exclusivamente da utilização dos seus instrumentos, mas é função, fundamentalmente, das avaliações sobre contextos futuros feitas pelos agentes econômicos. Além das empresas e os indivíduos há ainda os bancos, que no geral são os maiores negociantes de papéis. A compra de títulos por parte do BC faz aumentarem suas reservas. Com reservas aumentadas, os bancos tomam decisões semelhantes a qualquer agente privado, decidindo entre liquidez em forma de moeda ou expectativa de retornos provenientes de papéis financeiros. Além destas duas decisões, o público não bancário possui uma terceira opção: comprar ativos que geram rendimentos, isto é, ativos de capital.
Se os agentes econômicos, em geral, e os bancos, em particular, seguem a primeira opção, o efeito da política monetária sobre o produto é nula, pois os recursos não vazariam da circulação financeira para a industrial. 
Se, pelo contrário, a segunda opção fosse, de forma generalizada, escolhida, a política monetária poderia produzir desde efeitos nulos até efeitos plenos sobre o produto. Caso o aumento de reservas dos agentes econômicos fosse utilizado para a compra de papéis financeiros em mercados secundários (onde os agentes negociam ações sem que a firma emissora do título receba nada), o efeito da política monetária seria nulo. Haveria tão-somente uma pressão altista sobre os preços dos itens financeiros já existentes, porque os ganhos de juros e a apreciação e o prêmio de liquidez dos ativos financeiros já existentes superariam os ganhos futuros de lucros dos ativos de capital. Se, entretanto, a compra de papéis é feita integralmente em mercados primários de ativos (quando a firma lança ações no pregão para arrecadar fundos) de firmas não financeiras, a política monetária cumpriria seu objetivo de reduzir o desemprego. As empresas emitiriam papéis para financiar projetos de investimentos, porque considerariam que o retorno dos ativos financeiros já existentes não seria compensador quando comparado ao retorno dos ativos de capitais. Haveria então a evasão de moeda do meio financeiro para o industrial. Contudo, se a compra de papéis fosse feita no balcão de empresas financeiras, o efeito da política monetária dependeria de como essas instituições utilizariam as reservas disponíveis. Tais instituições poderiam reter os recursos monetários ou poderiam comprar ativosfinanceiros em mercados secundários ou primários de outras empresas financeiras ou de empresas não financeiras. Logo, quando a segunda opção é predominantemente escolhida pelos agentes, os efeitos reais (mais intensos ou menos intensos) da política monetária expansionista são função basicamente da intensidade das compras de ativos-papéis realizadas nos mercados primários de empresas não financeiras.
Se a terceira via fosse escolhida pelo público não bancário e os bancos comprassem no mercado primário de ativos financeiros das firmas desejosas de investir, a política monetária teria efeito pleno sobre o produto e sobre o emprego. O público não bancário preferiria ativos de capital aos financeiros.
Assim, a descrição das três vias demonstrou que a eficácia da política monetária que visa à redução do desemprego dependerá, por um lado, das ações das autoridades monetárias e, por outro, das reações dos bancos, firmas e indivíduos. Mais precisamente: dependerá em última instância da forma pela qual esses segmentos desejam compor os seus portfólios. A Figura a seguir resume as três vias apresentadas, as decisões de portfólio correspondentes e os efeitos da política monetária sobre o produto.
Cap. 8 – A teoria da Política Monetária no modelo keynesiano
	O velho-keynesianismo relegou a moeda e a política monetária a um papel secundário em relação à política fiscal de gastos governamentais. Para essa corrente keynesiana, uma política monetária expansionista que reduza a taxa de juros drasticamente teria um impacto desprezível sobre as decisões empresariais de investimento e, portanto, um reduzido efeito sobre o nível de emprego e renda. Como uma política de gastos públicos, por exemplo, causa impacto diretamente sobre essas variáveis, a política fiscal é sempre preferida à política monetária que requer um grande esforço (de redução da taxa de juros) para obter resultados desprezíveis sobre o produto.
A curva IS
	A curva IS é o conjunto de pontos de equilíbrio no mercado de bens representado no plano renda (Y) e taxa de juros (i). A curva IS é o conjunto de pares (Y, i) que mantêm a condição de equilíbrio, a qual é formalmente deduzida em seguida.
Y = C + I(i) + G (1)
O consumo é apenas parte da renda (Y), o restante da renda é a poupança e a arrecadação tributária do governo, que é uma função crescente da renda. Assim, a renda menos a poupança (S) e a arrecadação (T) é igual ao consumo, tal como indicado na equação 2:
C = Y – S – T(Y) (2)
Então, substituindo-se 1 em 2, pode-se escrever a equação 3:
Y = Y – S – T(Y) + G + I(i) (3)
Da equação 3, pode-se deduzir a condição de equilíbrio em termos de I, S, G e T:
S + T(Y) = I(i) + G (4).
Portanto, pode-se dizer que a oferta de bens e serviços é igual à sua demanda quando a poupança (mais a arrecadação tributária) é igual ao investimento.
A curva LM
	A curva LM é o conjunto de pontos de equilíbrio no mercado monetário (demanda por moeda igual à oferta) representado no plano renda (Y) e taxa de juros (i). A curva LM é o conjunto de pares (Y, i) que sustenta a condição de equilíbrio.
M/P = Dt(y) + Ds (i)
	A equação indica que a oferta real de moeda é igual à sua demanda, que, por sua vez, é composta pela demanda pelo motivo-transação (dt) que é função crescente da renda (Y) e pela demanda motivo-especulação (ds) que é função decrescente da taxa de juros (i).
A Impotência da Política Monetária e o Fiscalismo
	Traçando-se a curva IS que representa as inúmeras situações de equilíbrio do mercado de bens e a curva LM que representa as situações de equilíbrio no mercado monetário, obtém-se o Gráfico a seguir, sendo E0 o ponto de equilíbrio da economia.
Temos M/P = kY – h (i), onde k é a sensibilidade da oferta real de moeda em relação à renda e h a sensibilidade em relação à taxa de juros (o sinal negativo indica a relação inversamente proporcional). Resolvendo a equação em função de i, temos: i = (kY/h) – (M/hP). Portanto, um aumento na oferta nominal de moeda desloca a curva LM para a direita, como é possível observar no gráfico a seguir, deslocando o equilíbrio para E1.
	A potência de uma política monetária expansionista depende também da inclinação da curva IS. Quanto mais inclinada for IS, menos potente será a política monetária. A variável consumo que aparece na função (1) pode ser descrita como: C = C’ + c [Y – T(Y)], onde C’ é o consumo autônomo e a outra parte o consumo que depende da renda disponível (renda menos impostos). A variável Investimento que também aparece na função 1 pode ser definida como I = -bi + j, em que b é o parâmetro que mede a sensibilidade do investimento em relação aos juros e j uma constante positiva. Podemos também descrever T = tY, sendo t a sensibilidade dos impostos em relação ao nível de renda. Substituindo tais relações na equação (1), temos:
Y = C´+ c(1-t) Y – bi + j + G (1a)
Resolvendo em função de i, temos:
 (1b)
Em que a variável alpha = 1/[1 – c(1-t)]. A equação 1b representa a curva IS. Os parâmetros que explicam sua inclinação são a variável alpha e a variável b (mede a sensibilidade do investimento em relação aos juros). A curva IS, portanto, é para eles basicamente vertical, como é possível observar no gráfico a seguir. A Política Monetária, portanto, é quase impotente para alterar a renda. Não é recompensador fazer uma expansão monetária, que será custosa, já que precisa reduzir a taxa de juros para obter reduzidos aumentos da variável renda. No gráfico, a redução da taxa de juros de i para i' obtém como resultado um pequeno aumento da renda de Y para Y'.
	Resta, então, aos adeptos da síntese neoclássica, como instrumento de intervenção macroeconômica nas variáveis reais, a política fiscal, que pode ser exercida através de uma variação nos gastos governamentais G. Um aumento nos gastos públicos desloca IS paralelamente para a direita, visto que a variável G está inclusa na função (1b). 
	Um aumento de G desloca a taxa de juros (de i para i’) e a renda (de Y para Y’). Um aumento da renda gera um aumento da taxa de juros, porque a demanda transacional por moeda aumenta. Dado que a oferta de moeda é fica, a taxa de jutos precisa aumentar para reduzir a demanda especulativa, liberando moeda para as transações.
	Há ainda uma versão especial do receituário velho-keynesiano de política econômica que emerge quando além de uma função demanda por bens de investimento com baixa elasticidade-juros, assume-se uma função demanda por moeda com elevadíssima elasticidade-juros. Dessa forma, a IS seria basicamente vertical e a LM horizontal. Essa versão especial do modelo é caracterizada pelo pessimismo das elasticidades, que por sua vez caracteriza a situação conhecida como armadilha da liquidez, em que uma política monetária expansionista produziria efeitos desprezíveis sobre a renda. Num cenário de armadilha da liquidez, o público transforma todo o aumento de oferta monetária em encaixes inativos (fundos especulativos) e não em recursos ativos (fundos transacionais). Sob esta condição, uma política fiscal expansionista pode afetar consideravelmente a renda, como é mostrado no gráfico a seguir.

Outros materiais