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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS Campus Sorocaba Prática V - Espectroscopia de Infravermelho Docente: Profº Dr. Aparecido Júnior de Menezes Discentes: Ana Paula Rodrigues Furtado RA.: 570974 Franciny Oliveira Rodrigues R.A.: 641286 Sorocaba, 09 de maio de 2017. 1. Objetivos Identificar funções orgânicas para cada grupo funcional existente em um composto através da caracterização por infravermelho. 2. Introdução Teórica 2.1 Infravermelho A radiação infravermelha são ondas de comprimento de 1 milímetro até 700 nanômetros, e, portanto, não visíveis para o olho humano. É uma radiação não ionizante, por isso, sem efeitos danosos, (sem riscos de causar males como, por exemplo, câncer). A região do infravermelho estende-se dos 3x1011 Hz até aproximadamente aos 4x1014 Hz. O infravermelho (ou IV) é vulgarmente subdividido em três regiões: o IV próximo (i. e., próximo do visível) (780 - 2500 nm), o IV intermédio (2500 - 50000 nm) e o IV longínquo (50000nm - 1mm). Não existe uma nomenclatura universalmente aceite. No espectro de luz, está localizado depois da luz vermelha, daí surgiu seu nome. Apesar de não poder ser vista, a radiação infravermelha pode ser notada no corpo em forma de calor: terminações nervosas, chamadas termorreceptores, conseguem captar essa radiação. A porção de maior utilidade para a análise de grupos funcionais de estruturas orgânicas, esta situada entre 4000 e 400 cm-1. ap Figura 1. Espectro eletromagnético e vibração molecular. (Fonte: http://www.doraci.com.br/downloads/engenharia/espectroscopia-infravermelho.pdf) 2.2 Espectroscopia no infravermelho A espectroscopia de infravermelho é um tipo de espectroscopia de absorção a qual usa a região do infravermelho do espectro eletromagnético, usada para identificar um composto ou investigar a composição de uma amostra. Sua base utiliza o fato de que as ligações químicas das substâncias possuem freqüências de vibração específicas, as quais correspondem a níveis de energia da molécula, chamados de níveis vibracionais. Se a molécula receber luz com a mesma energia de uma dessas vibrações, então a luz será absorvida. Com a finalidade de medir uma amostra,um raio monocromático de luz infravermelha é passada pela amostra, e a quantidade de energia absorvida é registrada. Repetindo-se esta operação ao longo de uma faixa de comprimentos de onda de interesse (normalmente 4000-400 cm-1) um gráfico pode ser construído. Esta técnica fornece evidências da presença de grupos funcionais na estrutura orgânica devido à interação das moléculas ou átomos com a radiação eletromagnética. As ligações covalentes que constituem as moléculas orgânicas estão em constantes movimentos axiais e angulares. A radiação no infravermelho faz com que átomos e grupos de átomos de compostos orgânicos vibrem com amplitude aumentada ao redor das ligações covalentes que os ligam (Figura 2). O processo é quantizado, porém o espectro vibracional costuma aparecer como uma serie de bandas, porque a cada mudança de nível de energia vibracional corresponde uma série de mudanças de níveis de energia rotacional, desta forma, as linhas se sobrepõem dando origem às bandas observadas no espectro. As posições das bandas no espectro podem ser apresentadas em número de ondas, utilizando a unidade centímetro inverso (400 400cm-1) ou em micrômetros (2,5- 16 µm). [1] No espectro infravermelho, os picos de absorção se dirigem para baixo porque o eixo vertical é a transmitância percentual da radiação através da amostra. A absorção de radiação diminui o valor de transmitância percentual. O espectrômetro registra o resultado na forma de uma banda de absorção. [2] A possibilidade de dois compostos diferentes terem o mesmo espectro no infravermelho é improvável, é por este motivo, que cada função orgânica apresenta no espectro a região de impressão digital na faixa de 900 – 1300 cm-1. [2] Figura 2. Deformações angulares. (Fonte:http://www.doraci.com.br/downloads/engenharia/espectroscopia-infravermelho.pdf) 3. Materiais Utilizados - Acetanilina Purificada (recristalizada) - Anilina - KBr (Brometo de Potássio) 4. Metodologia Iniciou-se o presente experimento pesando-se 0,0010 g de cristais de acetanilina purificada e 0,1099 g de KBr (Brometo de Potássio) macerado, sendo assim, a quantidade de Brometo de potássio KBr foi adicionado aos cristais de acetanilida, em seguida, a amostra foi colocada em um molde para ser prensada, a fim de se fazer uma pastilha. Esta então foi colocada no suporte para amostras do aparelho de espectroscopia no infravermelho, onde foi tirada uma amostra em “branco” do material (análogo ao “tarar” da balança analítica, registrando eventuais impurezas no meio para serem anuladas nas medidas seguintes). Posteriormente, prensou-se uma amostra de KBr, á qual foi adicionada duas gotas de anilina, com o auxílio de uma pipeta de pasteur. A amostra foi colocada no suporte e submetida à leitura no espectrômetro, e após alguns segundos obteve-se a leitura do espectro infravermelho. OBS: O aparelho utilizado se baseia no princípio de Espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourrier (FTIR). O software para leitura de tal aparelho foi o Omnic. 5. Resultados e Discussões O método escolhido para determinar grupos funcionais presentes em uma alíquota acetanilida, foi a Espectroscopia no infravermelho (FTIR - Fourier Transform Infrared Spectroscopy). O uso desta técnica é comumente associado a outras análises para determinar e classificar os compostos orgânicos como, por exemplo, a microscopia ótica e o DSC (Differential scanning calorimetry). A faixa de transmitância utilizada é compreendida entre 400 a 4000cm-1 e resolução de 2cm-1 com um número de acumulações de 32 varreduras para cada espectro. A espectroscopia na região do infravermelho é utilizada para determinar grupos funcionais, pois com exceção das moléculas que não apresentam momento dipolo (Ex: O2, N2, entre outros) todas as espécies moleculares absorvem radiação no infravermelho e a intensidade desta absorção se deve a variação do momento dipolo envolvido na vibração das moléculas. As vibrações moleculares podem ser de dois tipos: deformações axiais e deformações angulares. O mecanismo de reação da síntese da acetanilida a partir da anilina ocorre da seguinte maneira, através de um processo de acetilação, utilizando o ácido acético que protege o grupo amino, utilizado como uma solução tampão, de forma que a anilina não seja protonada: Figura 3: Mecanismo da reação de siıntese da acetanilida a partir da anilina (Fonte:http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5611/1/PB_DAQUI_2016_1_4.pdf) Para possibilitar a análise da amostra em questão foi utilizado o Brometo de Potássio, pressionando-o de forma mecânica para se obter umapastilha que permitiria a passagem do feixe de luz, só então colocou-se a amostra de acetanilida sobre a pastilha de KBr (Brometo de Potássio). O espectrofotômetro foi ajustado para medir o número de ondas de 4.000cm-1 a 400 cm-1, e fazer esta medição 32 vezes, a fim de obter resultados mais precisos de acordo com a literatura. A partir da tabela 1, foi possível caracterizar as bandas quando se comparou a faixa de frequência medidas pelo espectrofotômetro, com a medida buscada na literatura. Nesta tabela foram colocados apenas valores próximos a frequência encontrada nas bandas da amostra analisada. Tabela 1 – Grupos, freqüência e intensidade relacionada aos dados experimentais [4] Grupo Faixa de Frequência (cm-1) Intensidade Dado experimental (cm-1) Alcoóis, Fenóis e Ácidos Carboxílicos (O-H estiramento) Alcoóis, Fenóis (solução diluída) 3590-3650 Estreita,v Alcoóis, Fenóis 3200-3550 Larga, s 3482,80 Ácidos carboxílicos 2500-3000 Larga, v Alquenil C-H (estiramento) 3010-3095 M 3092,45 e 3018,70 C=C (estiramento) 1620-1680 V 1645,65 e 1621,72 R-CH=CH2 985-1000 S 1000,44 R2C=CH2 905-920 S 918,45 RCH=CHR 880-900 S Aromatico Ar-H (estiramento) 3030 V C=C (estiramento) 1450-1600 M 1521,06 e 1470,87 Monossubstituído 690-710 e 730-770 muito s o-Dissubstituído 735-770 muito s 750,17 m -Dissubstituído 680-725 e 750-810 s e muito s 798,38 p -Dissubstituído 800-860 muito s 821,77 Allquila C-H (estiramento) 2853-2962 m-s Isopropila –CH(CH3)2 1380-1385 e 1365-1370 S 1374,32 Terc-butila –C(CH3) 1385-1395 e ~1365 m e s Eteres e Alcoóis C-O-C (estiramento) 1020-1275 S 1240,09 1155,10 1127,96 1039,60 Onde a intensidade foi definida como s = Forte, m = Médio, w = Fraco, v = Variável. É de suma importância levar em consideração os gases presentes na atmosfera durante a análise. Abaixo está o espectro de transmissão sem a amostra, identificando bandas de ligações de CO2. Espectro de transmissão na região Infravermelho de 4.000cm-1 a 400 cm-1 sem amostra. Embora o infravermelho tenha identificado grupos funcionais e ordem de ligação de maneira eficaz, não é recomendado que se utilize apenas esse método para classificação de compostos desconhecidos, e sim como parte de um conjunto de métodos de identificação. Através da amostra obtida resultou-se o seguinte gráfico para a amostra de KBr e duas gotas de anilina: E através da amostra de acetanilida purificada com KBr, ambos macerados juntos, obteve-se o seguinte espectro: O espectro de infravermelho da acetanilida, mostrado na Figura 11, apresentou um pico em 3292 cm−1, sendo característica de vibrações de estiramento de N-H. Em 1662 cm−1 é notado um pico, o qual foi atribuído ao grupamento carbonila (C=O) presente na estrutura das amidas. Este pico, em geral, aparece como o mais intenso do espectro. [3]. Os outros dois picos mais importantes para a caracterização do composto são os em 756 e 694 cm−1 vez que indicam um anel aromático monossubstituído, o que poderá confirmar a presença da acetanilida. Em contato com outros grupos participantes do experimento, obteve-se os seguintes gráficos com a finalidade de se comparar resultados: Todos os dados acima se mostraram satisfatório ao esperado e previsto em literatura. 6. Conclusão Foi possível perceber que através de uma leitura rápida de um aparelho infravermelho, pode-se obter muitas informações qualitativas a respeito da amostra, inclusive identificar impurezas, contaminações e perturbações por variações na atmosfera, bem como comparar tais dados com informações tabeladas e da literatura evidentemente. O objetivo, porém, foi alcançado com sucesso, ao se fazer a análise do espectro infravermelho da amostra de acetanilida e compará-la a informações de um banco de dados. A técnica aplicada se mostrou eficaz para identificação de funções orgânicas quando comparado aos resultados obtidos pelos outros grupos. Tornou-se bastante claro que os cuidados com a manutenção e limpeza do aparelho em questão devem ser executados com rigor, tanto para não danificar o aparelho, bem como para não contaminar a amostra, comprometendo o estudo que se propõe realizar. Entretanto, ressaltamos que o KBr (brometo de potássio) utilizado nesse experimento, se não estiver dentro do prazo de validade ou apresentar impurezas, tais fatores poderão alterar a leitura da amostra, prejudicando a identificação do conteúdo da mesma. 7. Referências Bibliográficas ● Espectroscopia no infravermelho. Disponível em:<http://www.doraci.com.br/downloads/engenharia/espectroscopia-infrave rmelho.pdf >Acesso em: 07.maio. 2017. [1] ● Espectrometria no infravermelho, técnicas analíticas. Disponível em: <http://hiq.lindegas.com.br/international/web/lg/br/like35lgspgbr.nsf/docbyalia s/anal_infra > Acesso em: 07.maio. 2017 [2] ● PAVIA, D. L. et al. Introduction to Spectroscopy. 5. ed. Stamford: Cengage Learning, 2013. 785 p. [3] ● SOLOMONS, Graham. FREYHLE, Craig B. “Absorção características de Grupos no infravermelho.” Química Orgânica 1. 10ª Edição, pág 87. [4]
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