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História da cidadania - resumo

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História da cidadania 
 
Introdução, Jaime Pinsky 
 
O autor começo o texto com um questionamento “o que é ser cidadão?” E responde, que é 
aquele que tem direito a vida, a liberdade, a propriedade, a igualdade perante a lei, ou seja, 
aquele que tem direitos civis. De maneira lockeana, com suas leis naturais e inalienáveis. 
Entretanto, ser cidadão também é ser um agente político, que participa do destino da 
sociedade, pode votar, ou seja, aquele que tem direitos políticos. Mas a democracia não vive 
somente de direitos civis e políticos, ela depende dos direitos sociais, que a asseguram, em 
toda sua amplitude, e tais direitos que garantem ao indivíduo a participação na riqueza 
coletiva, ou seja, que tem direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, e à uma 
velhice tranquila. 
O livro, em si, é uma análise do processo histórico que levou a sociedade ocidental a 
conquistar direitos, e por consequência, a formação da cidadania plena. 
Portanto, em sua análise ele entende que, como conceito histórico, a cidadania varia no 
tempo e no espaço. Ser cidadão na Alemanha, ou no Brasil são coisas diferentes, porque, 
segundo o autor, existem regras que definem quem é ou não titular da cidadania, nesse 
sentido, por exemplo, ele demonstra que o conceito e a prática, da cidadania, vem se 
alterando ao longo dos últimos duzentos ou trezentos anos. A abertura maior, ou menor, do 
estatuto do cidadão para sua população, como a incorporação de imigrantes à cidadania, o 
grau de participação política de diferentes grupos, como as mulheres, negros, dos analfabetos 
e outros grupos minoritários, o direitos sociais, incluindo a proteção social oferecida pelos 
estados aos que necessitam dela, são todas as circunstâncias que alteram o conceito e a 
prática da cidadania. 
E nesse aspecto, o autor propõe que a aceleração do tempo histórico, que ele explica o que 
seria, e a consequente rapidez das mudanças faz, com que aquilo, que socialmente era se 
considerado uma perigosa quebra da ordem, agora é algo comum, ou natural, mas nada aqui 
é natural, tudo é, essencialmente e perfeitamente, social. Como exemplo, ele explica o direito 
ao voto para as mulheres, ou, a participação dos negros na política de modo geral, eram 
considerados como um absurdo. 
Ou, sobre o direito a voto está vinculado a propriedade de bens, ou por estar em uma 
determinada classe, função, ou ter titularidade de cargos, e em alguns países, estar em 
determinada religião. Outro ponto, que ainda está em debate é a função do estado, seus 
deveres, alguns ainda, como o autor explica, confundem assistencialismo com o dever do 
Estado, que é, com poder público, garantir um mínimo de renda a todos os cidadãos e o 
acesso a bens coletivos, tais como saúde, educação e a providência, respeitando tanto 
direitos civis quanto políticos. 
E por isso, o autor conclui que é possível afirmar a não existência de uma sequência única, 
determinística e necessária para a revolução da cidadania em todos os países, e isso 
também, não nos permite, contudo, dizer que inexiste um processo de evolução que marcha 
da ausência de direitos para sua ampliação, com exemplos de processos de luta, como a 
revolução francesa e americana, ou a independência dos Estados unidos, que demonstram 
o romper do princípio de súditos para estruturar os direitos e deveres de um cidadão. Por fim, 
o autor afirma, que de forma mais ampla, a cidadania é a expressão concreta da democracia. 
Ao longo desse texto ele explicará cada um dos tópicos, de maneira bem simples, e falando 
sobre quem escreveu. De modo geral, o livro é dividido em quatro partes, com tópicos 
diferentes, e com autores diferentes. 
 
Pré história da cidadania 
 
Hebreus - Os profetas sociais e o Deus da cidadania, Jaime Pinsky 
 
O autor começa o texto explicando que é um equívoco atribuir aos hebreus, antecessores 
dos judeus modernos, a criação do monoteísmo, embora, como ele expõe, seja algo 
empolgante e que ainda esteja em alguns livros didáticos, que estão desatualizados, é difícil 
defender tal ideia. Como ponto, ou argumento, ele fala sobre o caso de Aton, concebido no 
ano de 1375 a.C. pelo faraó Amenophis IV, no Egito. Ou, outro exemplo, são as batalhas 
travadas por grupos tribais rivais, que recorriam, cada um, a seu Deus. E por muito tempo, 
explica o autor, que o Deus dos hebreus era assim por muito tempo, como uma divindade 
tribal, senhor dos exércitos, com função de assegurar a vitória, de forma mais implacável, e 
proteger seus seguidores. 
E ele coloca um exemplo: 
“Jericó estava cercada e encerrada por causa do filhos de Israel: ninguém saía e ninguém 
entrava. O senhor disse a Josué. “Não os temas, pois amanhã, a esta mesma hora, eu, eu 
os entregarei todos, mortos, a Israel”. O Senhor os entregou às mãos de Israel que os 
derrotou e perseguiu[...] Ele os destroçou a ponto de não lhes deixar nenhum sobrevivente. 
(Josué, 11,6 e 8) 
Portas, elevai vossos frontões! 
Elevais-vós, pórticos antigos! 
Que entre o rei da glória! 
-Quem é o rei de glória? 
-O Senhor, forte e valente, 
O Senhor, valente na glória. (Salmos, 24, 7-8)” (Pág. 16) 
E o autor deixa claro, não é exclusivo dessa religião, antes e depois, os povos ainda tinham 
seus deuses guerreiros, que creditaram parte do seu mérito em batalha a seu Deus, outro 
exemplo, seria a expansão muçulmana, no final do primeiro milênio, como nas cruzadas, eles 
se baseavam num Deus guerreiro assim como os hebreus. 
E nesse momento o autor separa qual seu ponto no texto, ele entende que não foi isso que 
os hebreus deixaram para a civilização de modo geral, seu legado era somente de uma 
concepção de Deus que não se satisfazia em ajudar exércitos a vencerem batalhas, mas que 
exigia um comportamento ético, por parte de seus seguidores. Um deus que pouco se 
preocupava em ser objeto de idolatria, mas muito em problemas vinculados à exclusão social, 
pobreza, fome e a solidariedade. 
 
Monoteísmo e monoteísmo ético. 
 
Bom, nesse momento ele começa a análise dessa concepção de Deus, revolucionária, e 
afirma “ela se desenvolve dentro de condições históricas específicas, de uma realidade social 
única”. E propõe uma pergunta: se, durante muito tempo, os hebreus cultuaram um deus que 
não se distanciava tanto do se seus vizinhos, o que os levou a conceber esse deus tão 
desprendido a ponto de exigir que as pessoas pensassem umas nas outras antes de pensar 
nele, o próprio Deus? 
É quase como um deus que se preocupasse com a cidadania, de forma anacrônica. 
Na concepção religiosa judaica, deus, o próprio, se revelou aos hebreus pelo motivo que ele 
são, pela simples razão, o povo eleito, entretanto, o autor busca uma análise racional do fato, 
deixando de lado o aspecto místico. 
Cronologicamente, o monoteísmo ético não se encontra no período tribal, nem durante o 
reinado do sul, com primeiro rei; de Davi, que segundo o autor, seria o verdadeiro criador da 
monarquia unificada; de Salomão, o grande conquistador, que definiu as fronteiras, com 
armas e com a sabedoria, mas tem como surgimento na decadência da monarquia, após a 
separação, que dividiu a monarquia nos reinos de Judá, ao sul, e de Israel, ao norte. 
Ora, a doutrinação dos chamados profetas sociais, base das grandes religiões ocidentais, 
como cristianismo, judaísmo e islamismo, estabelece os fundamentos do monoteísmo ético, 
e que se constitui, politicamente, no que a historiografia chama de pré-história da cidadania, 
nesse sentido, o autor tem como objetivo nessa análise examinar as condições históricas do 
surgimento do monoteísmo, e tão quantas as que permitiram a manutenção dos valores ao 
longo dos mais de 25 séculos, e além disso, propõe demonstraras formas e os modos de 
apropriação do monoteísmo ético, devidamente transformado, pelo mundo judaico, assim 
como em outras religiões. 
 
O paradoxo da superioridade ética. 
 
O autor começa o texto trazendo um dos principais motivos de existir uma coesão e forte 
identidade em torno das práticas e rituais, que se vem pela discriminação que os judeus 
sofreram. Comemoração do datas, rezas, costumes e tradições eram adaptadas em 
diferentes locais e épocas, de maneira para manter o elo que conecta cada judeu. Como o 
autor afirma, é, de certo modo, fácil perceber a permanência das práticas judaicas, o que é 
difícil é encontrar o que seriam os valores, os elementos não palpáveis, que permanecem 
com o povo.Em outras palavras “quais seriam os elementos comuns entre um judeu persa e 
um francês, ou um judeu russo e argentino?”. 
Os valores, explica o autor, para os mais religiosos são evidentes e derivam da própria crença, 
em Yahvé, ou, Javé, que seria um dos nomes de Deus na bíblia sagrada cristã, assim como 
Jeová, e que etimologicamente, o nome Javé tem origem do hebraico, com tetragrama 
YHWH, significando “ele faz existir”. A devoção, e certas práticas, serão os elementos comuns 
que ligaram o judeu russo com o argentino. 
Eretz Israel, ou, a terra de Israel, é para os nacionalistas, o elo que ligam todos os judeus, 
que é o ponto de partida e, no fim da história, o ponto de chegada. Houve por muito tempo, 
uma terra sem povo e um povo sem terra, para o autor. 
Mas, esses aspectos se ligam a um, a ideia de “povo eleito”, que povoava os sonhos dessa 
etnia marcada, que como vimos ao decorrer da história, pela, frequente, marginalização e 
pelo desprezo. 
Nesse momento o autor vai analisar alguns autores judeus, de diferentes locais e épocas, 
mas que representavam em suas obras, de forma semelhante, e salientando o orgulho que a 
comunidade judaica tinha em ter baixa incidência de bêbados, ladrões e assassinos. Ora, o 
autor explica que, a pressão da comunidade com seus membros a fim de terem bons 
comportamentos, mas de modo geral, comportamentos aceitos por essa sociedade, se vem 
por conta da perseguição que sofriam dos governantes, como estratégia de sobrevivência, 
mas é de certa forma ingênua tal atitude, achando que a perseguição estaria ligada a bom 
comportamento do grupo. Mas era muito forte tal pressão, que se tornou institucional dentro 
das comunidades, onde quem não seguisse tais ordens de conduta, eram ameaçados a 
marginalização total. E essa era a explicação pela qual o embasamento teórico-religioso de 
cobrança pelo grupo, especialmente mas não só, nas comunidades judaicas, se propõe como 
superior, na ética, a de outras religiões. O autor propõe que a prática de ética é o argumento 
fundamental na diferenciação entre um judeu e um não judeu, ou gentio. 
A ideia de superioridade ética é frequente em obras de autores judeus, reafirmando sua 
existência por ser o detentor uma missão, que se confirma no sofrimento de seu povo. Ou 
seja, nesse sentido, o negativo, como sofrimento, se transforma no positivo. Nesse momento 
o autor apresenta o orgulho no sofrimento em nome de uma missão, que se encontra na 
literatura judaica. 
Ele começa sua análise com o Sholem Aleichem, escritor ucraniano, que escreveu diversos 
contos, em Iídiche, sobre o mundo judaico nas pequenas cidades da Europa Centro-oriental, 
como O violinista no telhado, de 1894, que se percebe, de maneira sutil, a ideia de uma 
superioridade ética sobre os gentios, e com a representação dos personagens judeus quase 
sempre como pobres, miseráveis, e sempre temerosos e humilhados pelos gentios. Outro, 
escritor seria o André Schwarz-Bart, romancista polonês, vencedor do prêmio literário francês, 
Goncourt, com sua obra O último justo, de 1959, que para Pinsky “que mostra não apenas a 
carga de sofrimento necessário imposto por Deus a todos os judeus, como ainda a existência 
de, entre estes, um pequeno número de eleitos, os justos, que com seu sofrimento teria por 
objetivo redimir toda a humanidade” (Pág. 19), ora, martírio do povo. Para isso, o autor propõe 
outra obra como contra ponto, com título de O complexo de Portnoy, de Philip Roth, lançado 
em 1969, escrito por um romancista, e sempre associado à educação e a literatura judaica, a 
obra apresenta a revolta de um personagem contra o judaísmo que é “obriga a carregar”, mas 
não consegue se livrar de sua missão em terra, e percebe que a força da missão era maior 
que a capacidade de fugir dela. 
 
Quando o presente se apropria do passado. 
 
Nessa parte do texto o autor propõe que os teólogos, que pensavam o judaísmo, também 
refletiam sobre tais questões e buscavam responder e resolver o paradoxo do povo eleito, 
que não pode viver no seu território próprio e não consegue ser reconhecido pelos outros 
povos, que supostamente, não foram reconhecidos por Deus. Nisso, o autor traz algumas 
visões sobre isso, como a do historiador Simon Dubnow, que transforma a vida judaica na 
diáspora no grau mais elevado se existência nacional, assim, demonstrando historicamente 
a sua superioridade. Ele propõe que uma nação pode passar por três estágios: tribal, político-
territorial e o histórico-cultural. E para ele, explica o autor, somente os judeus teriam chegado 
a última dessa etapa, despindo-se de “características externas” como território, Estado, 
Independência política e, apesar de tudo, mantendo a vida social própria e autônoma interna. 
E como contraponto, a visão histórica, temos a religiosa, Ahad Haam, escritor e pensador, 
acreditava que a missão judaica era baseada na espiritualidade, ora, segundo ele, a 
sobrevivência do povo judeu teria se devido ao poder espiritual, vitorioso em seu combate ao 
poder material. Assim, carregando novamente a antiga fórmula de “aceitar” o sofrimento da 
missão. 
Com isso, volta a questão perante a superioridade moral e ética, quem criou o monoteísmo 
ético? A ideia de um Deus que não apenas conduz os exércitos, como também exige um 
determinado comportamento, aquele que pune os homens não pela falta de cumprimento de 
rituais, mas por atitudes não piedosas para com os semelhantes, quem desenvolveu? 
E assim, a ética dos judeus se manteve perante décadas viva, superando realidades 
históricas diferentes, modos de produção que nada tem a ver com o tribalismo da época dos 
juízes, ou o fracasso escravista do tempo dos monarcas de Judá e Israel. Ora, existe um salto 
comum na história de incorporação do passado como monopólio ético, e explica o autor, um 
judeu do século XXI esgrimir com a criação como uma criação sua, do monoteísmo ético, tem 
o mesmo valor de um grego alegar ser herdeiro de Aristóteles, ou, um camponês egípcio 
sentir-se o construtor das grandes pirâmides, ou Hitler, com seu arianismo pseudocientífico, 
alegando ser um ser humano superior, por conta de seu sangue ou herança cultural. Mas o 
ponto do autor é seguinte: uma vez criado, um valor cultural, seja ele uma música, uma 
pintura, um pensamento ou um livro, passa a fazer parte do patrimônio cultural da 
humanidade e não mais de pessoas que, por coincidência, nasceram no mesmo território 
geográfico em que esse bem foi criado, ou, de descendentes genéticos ou culturais dos 
criadores, daquele bem. Portanto, continua o autor, vale mais pensar mais e viver de acordo 
com os ensinamentos dos profetas, do que alegar a herança e viver em desacordo com a 
essência de suas pregações. Isso é, particularmente, válido para os que confundem fé com 
ritual, e ambos com as práticas sociais determinadas pelas religiões. Nesse caso, os antigos 
profetas não estavam preocupados com questões teológicas ou rituais, mas sim, com o 
comportamento do povo judeu. Com isso, o autoraté traz um defensor do ritualismo que se 
curva a tal evidência, o biblista russo-israelense Iejeskel Kaufmann: 
“O que se nega [nos textos dos profetas sociais] não é o ato de culto do indivíduo malvado, o 
que seria inaceitável para a divindade tendo em vista o caráter pecaminoso do ofertante. (...) 
O que os profetas condenam é o culto de todo o povo: suas festividades, sacrifícios, templos, 
cantos etc. (...) A doutrina da primazia da moralidade implica uma revolução nos conceitos 
religiosos; retira do culto todo o seu valor inerente e absoluto” (Pág. 20). Bom, e nisso, o autor 
volta a questão principal: como e por que o monoteísmo ético se desenvolveu-se entre os 
hebreus, no século VIII a.C e com os profetas? 
 
Profetas e monoteísmo. 
 
Bom, a ideia de um profeta, explica o autor, não é uma criação, antigos povos que habitavam 
a Palestina, os cananeus, já tinham pessoas com a função semelhante, de vidente. 
Entretanto, a palavra profeta, ou Nabi ou Navi, designava originalmente uma espécie não 
muito confiável de gente que afirmava prever o futuro. Ora, alguns eram loucos, 
desequilibrados, outros francamentes megalomaníacos, tais homens ascéticos, falavam em 
nome de uma divindade, sempre procurando, em reinos, um lugar para falar e ser ouvido. E 
de fato eram, e se tornaram uma das figuras históricas mais populares, que ainda existem, 
mas muitos sem relevância, com poucas exceções, e com certeza, sem nenhuma importância 
histórica. Mas a pergunta, que o autor quer responder é: por que então alguns profetas 
alcançaram a dimensão de verdadeiros criadores, que concebiam uma nova forma de ver e 
pensar o mundo, ou a divindade em questão, e ainda mais, a relação das pessoas com isso? 
Para o autor, os grandes profetas, utilizaram-se de uma exterioridade, que ele não explica o 
que seria, de uma forma de ser já existente e praticada por videntes, mas, dando um novo 
conteúdo para ela, ou seja, os profetas usam de um formato presente e familiar ao mundo 
que atuam, mas dando-lhe uma nova dimensão. 
Isaías foi um dos mais importantes profetas, considerado o “príncipe dos profetas”, nasceu e 
profetizou na Judéia, talvez, fala o autor, somente em Jerusalém e durante um longo período 
de tempo, entre os anos 740 e 701 a.C. O fato de ter uma origem social mais elevada deu 
acesso as principais figuras do reino, e em suas falas, explica o autor, vemos referências 
diversas a sacerdotes, altos dignitários e até o rei. Bom, em suas pregações falava em nome 
de um Deus, que embora tivesse um carácter universal, se preocupava mais em discutir sobre 
a realidade do reino de Judá, e faz críticas pesadas as práticas sócias e aos rituais vigentes. 
Segundo o autor seu texto refletia sua imagem, ou seja, no caso de Isaías, de um homem da 
cidade, quando descreve as coisas do que fala. 
Em um trecho de sua pregação é deixado claro a revolta de Deus contra o povo que 
“esqueceu seu dono”. 
“É o senhor que fala: 
‘Eu criei filhos e os enalteci; 
Eles, porém, revoltaram-se contra mim(...) 
Abandonaram o Senhor, 
Desprezaram o Santo de Israel, 
e lhe voltaram as costas’.” (Isaías 1, 2-4) (pág. 22) 
E no trecho seguinte continua, demonstrando seu desprezo por ser reduzido a sacrifícios. 
“Ouvi a palavra do Senhor, príncipe de Sodoma; 
escute a lição de nosso Deus, povo de Gomorra: 
'De que me serve a mim a multidão dos vossos sacrifícios?’ 
Diz o Senhor. 
'Já estou farto de holocaustos de cordeiros 
E da gordura de novilhos cevados. 
Eu não quero sangue de bezerros e de bodes, 
quando vierdes apresentar-vos diante de mim’.” (Isaías 1, 10-14) (pág. 22) 
Ao concluir sua pregação é quase como se, Deus, queria que as pessoas se encontrassem, 
que voltem a construir uma comunidade, que em algum momento, foi desfeita. 
“Tirais vossas más ações diante meus olhos. 
Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem. 
Respeitai o direito, protegei o oprimido; 
Fazei justiça ao órfão, defendei a viúva” (Isaías, 1, 15-17) (pág. 23) 
Bom, após, Isaías, Amós é outro profeta que o autor traz para a discussão. Nascido em 
Judéia, profetizou na Samaria, durante o reinado de Jeroboão II (783-743), que foi o período 
de apogeu desse reinado, no sentido territorial, mas, como a obra de Amós é curta, e segundo 
o autor, provavelmente ele tenha atuado ao decorrer de um único ano, 745 a.C. Diferente de 
Isaías, Amós, teve uma origem humilde, com uma linguagem agressiva, desabusada, e com 
é visível sua negação ao ritualismo, e essas são as três principais características dos nove 
capítulos do chamado “profeta pastor”. E desde o início de sua pregação, o profeta, deixa 
claro a revolta de Deus com o povo que elegeu. 
“Ouvi a palavra que o Senhor pronunciou contra vós, filhos de Israel (..) dizendo: ‘de todos as 
linhagens de terra só a vós reconheci como meu povo, por isso vos punirei por todas as 
vossas iniquidades’.” (Amós, 3, 1-2) (pág. 23) 
No trecho seguinte continua, mas avisa o que o Senhor tem a dizer sobre os ricos e 
poderosos, a seus edifícios, templos e palácios. 
“‘No dia em que eu começar a punir as transgressões de Israel (...) Altares de Betel e as 
pontas do altar serão cortadas e cairão por terra. (...) e as casas ornadas de marfim ruirão, e 
uma grande multidão de edifícios será destruída’, diz o Senhor “ (Amós, 3, 14-15) (pág. 23). 
O Deus de Amós é esclarecido em suas vontades, ou seja, não deixa dúvidas sobre as razões 
de Deus, e explica que sua ira se refere a forma com qual a riqueza é distribuída e a justiça 
é feita. 
Bom, mas, em diversos momentos ele investe de forma agressiva contra mulheres, e explica 
o autor, é tão explícito e coerente com o resto de suas pregações, que a tese de que essas 
passagens tenham um caráter metafórico se torna difícil de aceitar. Em uma frase 
entendemos o que ele pensa das mulheres, expõe o autor, aquelas que apenas consomem, 
sem produzir, alimentando-se do suor dos outros. 
“Ouvi estas palavras, vacas de Bashan, vós que estais sobre a montanha de Samaria, vós 
que oprimis os necessitados e esmagais os pobres; vós que dizeis aos vossos maridos: 'trazei 
e beberemos’. O Senhor Deus jurou pelo seu santo nome que brevemente virão dias mais 
infelizes para vós, em que vós espetarão nas lanças e meterão os restos dos vossos corpos 
em caldeiras de ferver.” (Amós, 4, 1-2) (pág. 24) 
Templos, festas, sacrifícios e presentes, expõe Amós em suas passagens, tem pouco 
significado para Deus, ele, o profeta, continua, e contrapõe templo e justiça, ritual e vida 
social, aparência e conteúdo, hipocrisia e solidariedade. 
“Eu aborreço e desprezo as vossas festas; e vossas assembléias solenes não me dão prazer. 
Se vós me oferecerdes holocaustos e presentes, não os aceitarei; e não porei os olhos nas 
vítimas gordas que ofertares, em cumprimento de vossos atos. Aparta de mim o ruído dos 
teus cânticos; eu não ouvirei as melodias de tua lira. Antes corra o juízo como as águas e a 
justiça como ribeirão perene.” (Amós, 5, 21-24) (pág. 24) 
E finalmente, explica o autor, Amós, explícita a relação determinista entre o comportamento 
e a punição, assim como as características do Deus que estabelece uma forma de agir 
solidária do povo como condição necessária para que as pessoas tenham a possibilidade de 
encontrar a felicidade na Terra. 
O Deus de Amós, mesmo com sua força ameaçadora, insiste na preservação dos direitos 
sociais e individuais de todos: e do contrário, nenhum os preservaria, mesmo os que já os 
conquistaram. 
O comportamento ético exigido por Deus se apresenta em várias partes da bíblia e com os 
antigos profetas não foi diferente, sua principal função ali, era relembrar que Deus, o Senhor, 
escolheu esse povo e é dele que ele irá exigir. 
“Portanto,já que explorais o pobre e lhes exigis tributo de trigo, edificareis casas de pedra, 
porém não habitareis nelas; plantareis as mais excelentes vinhas, porém não bebereis do seu 
vinho. Porque eu conheço as vossas inúmeras transgressões e os vossos graves pecados: 
atacais o justo, aceitais subornos e rejeitais os pobres à sua porta. Por isso, o que for prudente 
se calará, porque é tempo mau. Buscai o bem, e não o mal, para que vivais, e o Senhor, Deus 
de todo o poder, estará convosco, como vós afirmais”. (Amós, 5, 11-14) (pág.24) 
 
A revolução nostálgica. 
 
Ora, o título por isso só já é explicativo, Amós e Isaías, atuam, como dito, no período em que 
a monarquia estava dividida entre Israel e Judá, dois pequenos reinos, sem força política ou 
econômica, porém, com uma estrutura burocrática extremamente forte, que pressupõe 
taxação e impostos elevados para manter a vida dessa minoria privilegiada. Porém, o 
crescimento burocrático e de expansão territorial e de poder político não significa 
necessariamente num melhora de condição de vida A monarquia criou, não apenas a casa 
real, mas todo uma estrutura opressiva em torno dela, seja militar, burocrática, religiosa ou 
ideológica. Onde dos exemplos é o templo de Jerusalém, erigido pelo terceiro rei, Salomão, 
com luxo e grandiosidade, logo se tornou o único centro de culto a yahavista, ou Yahavé, ou 
Deus, baseado em normas que ritualizam a religião e obrigam todos os súditos a visitar o 
templo, e lá, pagar uma taxa, o shekel. Bom, o povo aceitou a monarquia, quando ela 
caminhou bem, mas ao se separar as coisas foram piorando, até pouco antes do ano 1000 
a.C., os hebreus tinham se dividido em 12 tribos, com suas semelhanças, como não haver 
reis, ou qualquer tipo de monarcas, que implicasse na hierarquização social, com divisão de 
trabalho, sem a propriedade privada dos meios de produção. Somente os líderes, ou os 
chamados juízes, que poderiam ser dividido em dois tipos, tinham alguma função mais 
administrativa. Como, Débora ou Samuel, tinham por função ouvir as partes de eventuais 
conflitos dentro da tribo, ou entre as tribos, também havia, o Sansão, é o exemplo mais 
evidente e não passavam de líderes guerreiros, com papel de importância em épocas de 
guerra ou em momentos de instabilidade entre as tribos, e essa era uma liderança passageira, 
ou seja, assim como os ditadores romanos, ela não se implicava na criação de mecanismos 
de poder ou burocráticos, sem perpetuar uma família, dinastia, ou um grupo, oligárquico, no 
poder. E nesse sentido, as pessoas comuns começaram a se questionar: Qual o sentido da 
se viver mal numa monarquia e se não seria melhor viver com os antigos, numa estrutura 
tribal? 
O texto de Samuel é exemplar sobre a criação da monarquia. 
“E juntando-se todos os anciãos de israel, foram ter com Samuel, em Ramata, e disseram-
lhe ‘Bem vês que estão velhos e que teus filhos não seguem as tuas pisadas; constitui-nos, 
pois, um rei que nos julgue, como o têm todas as nações.’ Samuel, pois, repetiu as palavras 
do Senhor ao povo, que lhe tinha pedido um rei.(...) tomará o dízimo dos vossos trigos e do 
rendimento das vinhas, para ter o que dar aos eunucos e servos. Tomará também vossos 
servos e servas, e os melhores jovens, e os jumentos, e os empregará no seu trabalho. (...) 
Tomará também o dízimo dos vossos trabalhos, e vós sereis seus servos. E naquele dia que 
clamareis por causa do vosso rei, que vós mesmos elegestes; e o senhor não vós ouvirá, 
porque vós mesmos pedistes um rei’.” ( I Samuel, 4-5 e 10-18) (pág. 26) 
E suas “previsões” contidas no texto foram devidamente cumpridas, o rei, Saul, acaba sendo 
constituído. Entretanto, as pregações dos profetas ganharam força e foram ouvidas 
atentamente, ora, a fala dos profetas iam de encontro com os problemas que atingiam essa 
população, e outro argumento era simples; não era Deus que estava falando? E mesmo que 
fosse falado por um porta voz de Deus, suas palavras atacavam diretamente os ricos, os 
templos, os poderosos e pediam solidariedade com os pobres, sem contar que o ataca aos 
ricos era a princípio o ataca a quem marginalizou o povo escolhido. Não é errado falar que 
esse sonho nostálgico, que surge entre a população tem aspectos reacionários, onde o povo 
vivia numa nostalgia de um tempo passado, na qual eles não viveram, mas por conta da 
tradição oral, ele sobrevivem, onde os pobres não eram miseráveis, as viúvas eram 
protegidas, os ricos não eram poderosos, e não havia servidão ou dízimo a se pagar. Mas, 
entramos num paradoxo, nesse sentido, essa bandeira nostálgica, levantado por profetas e 
por parte da população carente, mesmo com viés reacionário, também era revolucionária, 
ora, a crítica a moral e a ética do seu período, ao idealizar uma sociedade, buscando 
exemplos de relações sociais passadas, criou novos modelos de uma sociedade, que seria, 
justa, um parâmetro até então inexistente de relação entre indivíduos. Além disso, é a primeira 
vez que foi ouvido tanta intensidade o grito dos oprimidos e dos injustiçados. Amós foi, 
provavelmente, com sua escrita e fala forte e pouco refinada, o único a ousar fazer ouvir bem 
alto o retrato de uma sociedade injusta, e nisso consiste esse aspecto revolucionário, ter 
coragem de criar novos caminhos para a sociedade superar a injustiça e ter direitos 
individuais e sociais como foco em sua garantia. Amós e Isaías romperam com o ritualismo, 
questionavam o reino, o templo, e as bases da monarquia hebraica, e foram eles, a princípio, 
que propuseram um deus da cidadania. 
 
Grécia - Cidades-Estado na antiguidade clássica, Norberto Luiz Guarinello. 
 
A pergunta a ser respondida neste capítulo é: como definir uma cidade-estado? O autor, 
começa com uma discussão sobre o que o historiador pensar sobre a cidadania, 
espacialmente, em quais circunstâncias, ora, imaginar no âmbito de seu próprio estado-
nacional é imperativo imposto da realidade em que vivemos, nós analisamos o que nós temos 
em mão ou o que vivemos. Nesse sentido, qual papel cabe ao historiador, questiona o autor, 
da antiguidade nessa reflexão? Bom, os primeiros pensadores que se debruçaram sobre a 
definição que entendemos hoje como cidadania buscaram suas inspirações no mundo grego-
romano, por intermédio da tradição manuscrita do Ocidente: como escritos sobre a 
democracia, participação popular no destino da sociedade, ou, a soberania do povo, da 
liberdade individual. Contudo, o que nós temos nesses manuscritos são uma versão 
idealizada da realidade. 
O autor explica que não podemos falar de uma continuidade do mundo antigo, de repetição 
de uma experiência passada e nem um mesmo de um desenvolvimento progressivo que 
unisse o mundo contemporâneo ao antigo, até por que, a cidadania dos estado-nacionais 
contemporâneos são um fenómeno único na história. Portanto, a contribuição do historiador 
da antiguidade nesse caso é a aproximação de dois mundos diferentes, mantendo sempre a 
consciência dessa distância, e evidenciar os processos históricos que podem iluminar os 
limites e as possibilidades de compreensão da ação humana no âmbito das relações 
individuais. E o mundo grego-romano nos permite isso. 
Mas, encontramos nosso primeiro problema nessa análise entre dois mundos distintos, que 
a princípio está na organização e na estruturação social, ora, o mundo grego-romano não se 
estruturava como o nosso, com estado-nacionais, mas com as cidade-estado. E esse é o 
problema, nós podemos definir um estado nacional, mas como um historiador pode definir o 
uma cidade-estado, a variedade documental sobre o assunto deixa mais complicado a 
definição. Seja, pela tradição escrita, pela epigrafia ou pelas fontes arqueológicas teremos 
diferençasentre cada uma e entre si: em relação a dimensão territorial, da riqueza, em suas 
histórias particulares e as diferentes soluções obtidas para conflito de entre seus 
componentes. Bom, a maioria das cidade-estado nunca ultrapassou a dimensão de pequena 
unidade territorial, as mais comuns abrigavam em volta de cinco mil, não passando disso, e 
quase todos estavam envolvidos com o trabalho rural. Em outros casos, como de porte médio, 
chegavam a aproximadamente 20 mil habitantes, mas, em alguns casos, poucos na verdade, 
onde havia um porto comercial ou grandes centros imperiais, que realmente atingiam a 
dimensão de metrópoles, com pouco mais de cem mil habitantes. Em Roma imperial, por 
exemplo, chegaram a um milhão de pessoas. 
Mas diante disso chegamos a outro ponto, a amplitude do termo em relação aos povos, 
culturas diferentes, seus costumes, seus hábitos cotidianos, leis, instituições, ritmos históricos 
e estruturas sócias, em povos como os romanos, gregos, etruscos, fenícios, “itálicos”, celtas, 
berberes, mas, cada um foi marcado por uma grande diversidade de projetos e soluções para 
seus problemas. E agora voltamos a questão, como então, ao entender que quem se propor 
a responder isso vai ter uma resposta parcial e genérica, perante a variedade de organizações 
que uma cidade-estado tem, como a definir? 
 
Os primórdios. 
 
Revolução silenciosa ou “revolução industrial”, sem indústria, assim o autor chama o processo 
que se dá no desenvolvimento dessa nova organização, mas, é deixado claro, no início do 
texto que se trata de um processo exclusivamente geográfico e não faz parte dessa história 
universal ideológica que existe. Nessa análise é deixado claro o processo geograficamente 
localizado e circunscrito, essa análise está com foco no mar mediterrâneo. Ao tratar de uma 
história localizada, regional, devemos englobar na equação analítica que é o processo de 
análise histórica todos os fatores, por exemplo, estamos tratando costa do mediterrâneo, o 
local, e por volta dos séculos IX e VII a.C, ou seja, é uma área periférica, pouco desenvolvida, 
submissa a influência da grandes impérios, que estão estabelecidos nos vales fluviais, ou 
seja, no oriente médio. Nesse período, que é muito importante, haverá grandes 
transformações econômicas e sociais, quase uma revolução, explica o autor, com paralelo 
entre estado-nacionais e as cidades-estados, cada uma dependeu, em sua formação, de 
circunstâncias e estávamos em meio de um quadro de grandes mudanças sócias e 
econômicas. Bom, nesse caso, essa revolução silenciosa pode ser traçada ooe vestígios 
arqueológicos e tanto quanto documentos mais antigos da região, essencialmente os textos 
homéricos, e nesse sentido, entre os séculos IX e VIII a.C. houve um intercâmbio de pessoas, 
bens e ideias por todo o mediterrâneo, mas sobretudo, sua causa principal está nos impérios 
guerreiros do oriente médio, em sua busca por matérias primas, a desse momento histórico, 
era o ferro. Nessas trocas, outras coisas se assimilaram ao cotidiano mediterrâneo, como a 
arquitetura em pedra, fabricação de artigos em bronze, que de modo geral, estavam 
relacionados a manipulação de materiais preciosos. 
 
A organização comunitária. 
 
Portanto, continua o autor, as cidades-estados surgiram de um quadro de crescimento 
econômico e social. Difundiram-se pelo mediterrâneo, na Grécia ocidental, Ásia menor, hoje 
Turquia, e na fenícia, atual Líbano. E esse modelo de cidades-estados sobrevivem e se 
manteve vitorioso até o império romano. 
 
 
Democracia 
 
 
Aprendendo a votar, Letícia Bicalho Canêdo. 
 
 
A prática do voto durante o primeiro período republicano. 
 
 
No que se refere a termos de igualdade civil, o novo regime, a república proclamada em 1889, 
para a surpresa das províncias, e com o apoio do exército, não houve inovações. O sufrágio 
censitário foi abolido, mas ainda é necessário a capacidade de ler e escrever para participar 
do corpo eleitoral. A exclusão dos analfabetos, por exemplo, gerou uma dupla discriminação, 
por que ela também isentava o governo do dever de fornecer a instrução primária, que 
constava do texto imperial. “Exigia-se para a cidadania política uma qualidade que só o direito 
social da educação poderia fornecer e, simultaneamente desconhecia-se este direito” 
(Carvalho, 1987, p.45) 
Bom, com isso, continuavam excluídos os menores de 21 anos, alienados mentais, praças 
da pré ( ou simplesmente praça, é um militar que pertence à categoria inferior da hierarquia 
militar.), religiosos de ordens monásticas ou congregações e os mendigos. A autora levanta 
alguns dados, como, 50% da população adulta era analfabeta, 65% em 1900, 60% em 1930, 
e além disso, as mulheres também não podiam votar, segundo um senador francês, em 1919, 
“as mãos das mulheres foram feitas para serem beijadas e não para manusear listas de 
votos”. Ou seja, 80% da população não podia votar, estavam afastadas do direito fundamental 
de uma república. 
Segundo o jornalista Assis Barbosa “Eleições não era coisa que merecesse respeito. Nem na 
monarquia, nem na primeira república” e isso é diante de um quadro, onde o judiciário foi 
afastado do alistamento eleitoral, assim, havendo o retorno da politização do processo de 
qualificação. 
 
 
Trabalhadores 
 
 
Direitos sociais no Brasil, Tânia Regina de Luca. 
 
 
O texto começa duas citações, a primeira do sociólogo Pierre Bourdieu e a segunda de Günter 
Grass, romancista alemão. 
Pierre Bourdieu: (...) nossa sensação de ter perdido a tradição do iluminismo está ligada à 
inversão de toda a visão de mundo imposta pela visão neoliberal que hoje predomina… Acho 
que a revolução neoliberal é uma revolução conservadora… e uma revolução conservadores 
é algo muito estranho: é uma revolução que restaura o passado e se apresenta como 
progressista, que transforma a regressão em progresso. É essa a grande força das 
revoluções conservadoras, das restaurações “progressistas”. (Ela não deixa claro de onde 
tirou essa citação) 
Günter Grass: O que se vende hoje como neoliberalismo é um retorno aos métodos do 
liberalismo do século XIX. (Folha de S. Paulo, 19/12/1999, Mais!, p. 12) 
 
 
Bom, após isso a autora começa seu texto indicando que os debates em torno da cidadania, 
como entendemos hoje em dia, surgem no interior de Estados nacionais, isto é, sob o impacto 
de transformações sociais introduzidas pelo capitalismo. E a presença dos trabalhadores na 
cena política, nesse sentido, desempenhou papel central na concretização de mecanismos 
mais amplos de participação na vida pública e, também, na busca por uma divisão mais justa 
e igualitária da riqueza social. 
No Brasil, explica autora, a instauração do mercado livre de trabalho data no final do século 
XIX, com a abolição da escravatura e pela proclamação da república. Essa nova ordem 
política, consagrada pela constituição de 1891, estendeu o direito de votar e ser votado a todo 
cidadão brasileiro do sexo masculino, maior de 21 anos, excluindo mendigos, analfabetos ou 
religiosos sujeitos a voto de obediência que importasse na renúncia de liberdade individual. 
Assim, como os direitos civis foram consagrados nos 31 incisos do artigo 72, entretanto, não 
havendo nenhuma menção aos direitos de natureza social. 
A distância entre a letra de lei e a efetivação prática da mesma é gigantesca, e além disso, a 
maioria da população vivia nas áreas rurais e estava submetidas aos desígnios dos grandes 
proprietários. Em 1920, apenas 16,6% dos brasileiros residiam em cidades, com vinte mil 
habitantes ou mais. E enquanto isso a taxa de analfabetismo girava em torno de 70%. Ou 
seja, nesse aspecto, a autora deixa claroque o fato de direitos civis e políticos estarem num 
âmbito quase ficcional e longe de a realidade de muitos é por conta disso, outro, ponto são 
os resultados das eleições de 1889 a 1930. 
Bolívar Lamounier, cientista político acerta ao afirmar que se tratava de um “sistema 
rigorosamente oligárquico, no qual uma oposição pacífica não tinha menor chance” e isso se 
confirma na imagem. Nenhum candidato governamental nunca recebeu menos que 50% dos 
votos válidos e isso fica mais espantoso com a porcentagem da população que comparecia 
aos urnas, 1,44% até 5,65% da população. 
Justamente no período republicano quando o surto industrial emergiu no centro-sul do país, 
e com isso, os trabalhadores no cenário político. A concepção vigente em grande parte da 
primeira república, que era nítida a influência liberal, onde relegava, ou melhor, afastava as 
relações entre os assalariados e patrões no âmbito privado. Ou seja, não havia interferência 
estatal nesse mercado, mesmo ainda que o decreto 1637, de 1907, reconhecia o direito de 
livre associação e reunião para todos os que exercessem profissões similares ou conexas, 
tendo em vista a defesa e o desenvolvimento de interesses comuns. Por exemplo, as 
agremiações estavam livres da ingerência estatal e não dependiam de autorização prévia 
para funcionar. Esse, segunda a autora, é um ponto importante na medida em que se admita, 
pelo menos em tese, a presença no mercado de compra e venda de força de trabalho dos 
sindicatos, que são entes coletivos. 
Mas, a constituição limitava se a reconhecer o direito ao livre exercício de qualquer profissão 
e não atribuía ao congresso nacional competência para legislar só o tema. E nesse ponto, a 
inexistência de qualquer freio institucional favorece o patronato, com o argumento de que “o 
trabalho humano foge sempre à regulamentação, procurando sempre pontos onde possa 
exercer se livremente”. 
 
 
Operariado na primeira república.

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