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DIREITO CONTRATUAL- CIVIL III - RESUMO PARA PROVA

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Direito Contratual – Civil III – 
Resumo para Prova 
 
 
CONTRATOS: 1.- Teoria Geral: 
Entendido o fato jurídico lato sensu como sendo, genericamente, o fato do 
mundo dos fatos que sofreu um processo de jurisdicização, aquele, ao 
ingressar no mundo jurídico, obedecerá a seguinte classificação: 
1. a) Fatos jurídicos stricto sensu são fatos do mundo dos fatos que ao 
ingressarem no mundo jurídico não apresentam na composição do seu 
suporte fático o elemento vontade. São exemplos: concepção, 
nascimento com vida, deficiência mental, parentesco, morte, viuvez, 
ausência. 
2. b) Atos jurídicos são fatos do mundo dos fatos que ao ingressarem no 
mundo jurídico apresentam necessariamente na composição do seu 
suporte fático o elemento vontade. São exemplos: constituição de 
domicílio, perdão, quitação, gestão de negócio sem mandato, 
testamento. 
3. c) Atos-fatos jurídicos são fatos do mundo dos fatos que ao ingressarem 
no mundo jurídico, embora tendo o elemento vontade e a participação 
humana nos seus elementos constitutivos, os mesmos são irrelevantes 
para a composição do suporte fático. Trata-se de um ato que é tratado 
pelo Direito como um fato. São exemplos: pagamento, abandono da 
propriedade, abandono da posse, fixação da residência, imposição do 
nome. 
 
Direito Contratual – Civil III – Resumo para Provas 
2.- Dos Contratos. 
Dentro da classificação do negócio jurídico, pode-se afirmar que o contrato 
seria um acordo convergente de vontades, com a finalidade de produzir os 
efeitos pretendidos pelas partes contratantes; enquanto as declarações 
unilaterais de vontade emanariam apenas de um dos contratantes, de forma 
potestativa, a qual o outro contratante deve se sujeitar. 
Com o novo Código Civil, a matéria contratual sofreu modificações estruturais 
no que diz respeito à função social do contrato e ao princípio da boa fé 
contratual. 
Neste sentido, o Art. 421 do NCC dispõe que “A liberdade de contratar será 
exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. 
O novo Código Civil abandonou a concepção da Teoria Individualista do 
Contrato, que era literalmente baseada nos princípios da autonomia da 
vontade e da obrigatoriedade das convenções (“pacta sund servanda”). 
Passou-se, assim, a se adotar a Teoria Socializante do Contrato, não no sentido 
ideológico, mas sim no sentido da possibilidade de intervenção estatal no 
contrato, com o objetivo de tentar preservar de forma razoável a igualdade 
entre os contratantes. O Estado intervém para harmonizar as vontades 
individuais com os interesses gerais. Objetiva colocar o conceito de contrato (= 
acordo convergente de vontades) não somente a serviço dos contratantes, 
mas sim do interesse geral. 
Na verdade, a Teoria Socializante do Contrato já vinha sendo adotada pela 
jurisprudência, especialmente após o CDC e pela doutrina. 
Na mesma linha, dispõe o Art. 422 do NCC, que “Os contratantes são obrigados 
a guardar, assim na conclusão do contrato, como na sua execução, os 
princípios de probidade e boa-fé”. 
Ao lado da socialização do contrato, foi consagrado o princípio da boa-fé 
objetiva contratual, de modo que, na relação contratual as partes devem se 
conduzir de maneira legal, honesta, ética, proba, podendo haver intervenção 
estatal, caso a caso, quando não forem observadas estas circunstâncias. 
Desta forma, são instrumentos para a efetivação concreta da Teoria 
Socializante do Contrato, segundo o NCC: 
 
– Coibido o Abuso de Direito – Art. 187. Não há necessidade de comprovar a 
intenção de causar prejuízo à vítima. 
– Lesão – Art. 157 
– Estado de Perigo – Art. 156 
– Revisão Contratual – Art. 317 
– Resolução Contratual – Art. 478 
– Vedação do Enriquecimento sem causa – Art. 884 
 
Por sua vez, quanto à classificação dos contratos, o novo Código Civil manteve 
a divisão tradicional: 
– Bilaterais ou sinalagmáticos e Unilaterais ou não sinalagmáticos: existência 
ou não de obrigações recíprocas para ambos os contratantes. Não há que se 
confundir com a natureza bilateral de todos os contratos, que significa a 
necessária convergência de vontades de ambos os contratantes para a sua 
formação. 
– Gratuitos ou Onerosos: quanto há ou não uma contraprestação através de 
pagamento por um dos contratantes. 
– Comutativos ou Não Comutativos: quando há ou não uma equivalência 
entre a prestação e a contraprestação. 
– Aleatórios e Não Aleatórios: quando há ou não a certeza quanto à prestação 
ou à contraprestação. 
– Consensuais e Reais: quando se aperfeiçoam apenas com o consentimento, 
ou quando necessitam da efetiva entrega da coisa conteúdo da prestação. 
– Solene ou formais e Não Solenes ou informais: quando se exige ou não a 
forma e a solenidade que são previstas em lei. 
– Personalíssimos e Pessoais: quando são realizados “intuito personae”, 
levando-se em conta especificamente a parte contratante, ou não. 
– Adesão: quando o objeto do contrato e as cláusulas contratuais já estão 
previamente estipulados por um dos contratantes, aos quais a outra parte irá 
apenas aderir. Não perde a sua natureza contratual, mas deve ser observada a 
questão relativa às cláusulas abusivas. 
 
3.- Requisitos dos Contratos: Sobre os requisitos dos contratos, devem ser 
examinados, genericamente, os seguintes elementos: 
Sujeitos: São as pessoas envolvidas no negócio jurídico, que podem ser 
pessoas naturais (físicas) ou jurídicas. 
No plano da existência a preocupação é somente com a suficiência ou 
insuficiência do suporte fático, ou seja, se existe ou não o elemento sujeito na 
composição do suporte fático. A existência jurídica do sujeito é conseqüência 
da sua personalidade jurídica, que vem a ser uma aptidão genérica para 
adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil, sendo um 
pressuposto para a inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica. 
No plano da validade a preocupação passa a ser com a eficiência ou 
deficiência do suporte fático, ou seja, se uma vez existente o sujeito, este se 
apresenta válido ou inválido na composição do suporte fático. A validade 
jurídica do sujeito é conseqüência da sua capacidade jurídica, para as pessoas 
naturais, e da sua devida presentação jurídica, para as pessoas jurídicas, na 
forma de sus atos constitutivos. 
Enquanto a personalidade jurídica vem a ser uma aptidão genérica para 
adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil, ou seja, uma 
potencialidade de adquirir direitos ou de contrair obrigações, a capacidade 
jurídica vem a ser o limite desta potencialidade. Trata-se de uma aptidão 
específica e limitada para exercer direitos e obrigações. Todas as pessoas são 
portadoras da capacidade de aquisição de direitos (= capacidade de direito ou 
personalidade), mas nem todas as pessoas são portadoras da capacidade de 
exercício de direitos (= capacidade de fato). 
Ainda há que se referir a figura da legitimação, que vem a ser uma capacidade 
especial exigida em certas situações, devendo ser considerada apenas para a 
prática de determinados atos e negócios jurídicos (vênia conjugal, 
consentimento dos demais descendentes, tutores, curadores, estrangeiros). 
– Vontade: Representa o elemento subjetivo, responsável pela declaração nos 
negócios e pela manifestação nos atos jurídicos. 
No plano da existência a análise do elemento vontade cinge-se à presença ou 
não do querer dos sujeitos na consecução do negócio jurídico. 
A declaração de vontade pode ser expressa, tácita ou presumida. Esta última 
é proveniente do silêncio, mas somente naquelas atividades contínuas, quando 
as circunstâncias ou os usos a autorizam (Arts. 111 e 432 do NCC). A declaraçãode vontade ainda subsiste mesmo que o seu autor haja feito mediante reserva 
mental, salvo se de conhecimento do destinatário (Art. 110 NCC). 
Ainda no que se refere ao consenso, devem ser analisados os elementos 
formadores do contrato, quais sejam, a proposta e a aceitação. 
A proposta representa a oferta dos termos de um negócio jurídico pelo 
proponente (= policitante), convidando a outra parte para com ele contratar 
(Art. 427 NCC). Embora a lei fale que a proposta “obriga” o proponente, na 
verdade ela está somente vinculando o proponente, pois sem a aceitação o 
contrato ainda não se formou e, portanto, não há que se falar em obrigação 
contratual. A vinculação apenas pode gerar responsabilidade extracontratual 
para o proponente. 
A proposta pode ser não vinculativa, a contrario sensu do Art. 427 do NCC, 
quando: a) a proposta contiver cláusula expressa no sentido de não ser 
vinculativa; b) em razão da natureza do negócio, como v. g., nos negócios 
gratuitos; e, c) em razão das circunstâncias do negócio, como v. g., em 
princípio nas ofertas ao público. 
A proposta pode ser também com vinculação temporária, nas hipóteses do Art. 
428 do NCC: a) se feita sem prazo entre pessoa presente, não for 
imediatamente aceita; b) se feita sem prazo entre pessoa ausente, tiver 
decorrido prazo suficiente para chegar a resposta ao proponente; c) se feita 
com prazo entre pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta no aludido 
prazo; e, d) se feita com prazo entre pessoa ausente, tiver chegado a 
retratação simultaneamente ou antes da resposta ao proponente. 
A aceitação, por sua vez, representa a formulação da resposta concordante do 
aceitante (= oblato) quanto aos termos do negócio jurídico proposto. É com a 
aceitação que ocorre a formação do contrato, tornando, efetivamente 
obrigatório o ajuste, desde que: a) entre presentes seja aceita imediatamente; 
b) entre ausentes seja expedida dentro do prazo da proposta ou, caso sem 
prazo, tenha decorrido tempo suficiente para tanto; c) de forma integral à 
proposta (Art. 431 NCC); e, d) não havendo retratação em tempo hábil (Arts. 
428, inc. IV e 433 NCC). Com a formação do contrato surge a responsabilidade 
contratual para os contratantes. 
 
O Direito brasileiro, no que se refere à formação dos contratos, adotou a 
chamada Teoria da Expedição, em detrimento da Teoria do Recebimento, 
conforme dispõe o Art. 434 do NCC, com as exceções de seus incisos: 
I – quando houver retratação; 
II – quando o proponente houver se comprometido a esperar a resposta; e, 
III – quando a resposta não chegar no prazo convencionado. 
 
– No plano da validade, serão analisados os defeitos que podem atingir a 
declaração de vontade dos sujeitos. O elemento vontade será considerado 
válido quando a declaração do agente for livre e consciente. 
Portanto, são considerados como vícios de vontade: Erro, Dolo, Coação, que 
continuam com as mesmas características e tratados como hipótese de 
anulação. 
 
– A Fraude Contra Credores também continua sendo tratada como caso de 
anulação (Arts. 158 a 165), embora fosse melhor enquadrada como situação 
de ineficácia. O NCC possibilitou a propositura da ação pauliana por outros 
credores, que não apenas os quirografários. 
 
A Simulação também manteve as mesmas características, passando, no 
entanto, a ser tratada como hipótese de nulidade (Art. 167 do NCC), quer seja 
inocente, quer seja maliciosa. 
 
Foram acrescentados outros dois vícios de vontade, também tratados como 
hipótese de anulação: A lesão (Art. 157), que consiste na declaração de 
vontade em premente necessidade ou inexperiência, desconhecida da outra 
parte, quando da realização de negócio desproporcional entre a prestação e a 
contraprestação, sendo possível a suplementação de dita prestação, ou da 
contraprestação, para equilibrar o contrato e evitar a sua anulação. O estado 
de perigo (Art. 156), que consiste na declaração de vontade em também em 
premente necessidade, mas conhecida da outra parte, quando da realização de 
negócio excessivamente oneroso, não sendo possível, neste caso, a 
suplementação antes referida. 
 
– Objeto: É a finalidade do ato ou negócio jurídico, a prestação nos direitos 
obrigacionais ou pessoais; ou a sujeição que emana da própria coisa nos 
direitos reais. 
 
No plano da existência, a análise da suficiência do suporte fático diz respeito 
somente à presença ou não do elemento constitutivo objeto na sua formação. 
 
Já no plano da validade, o objeto diz respeito a sua licitude, que nada tem a 
ver com a licitude ou ilicitude do ato, do fato ou do ato-fato, anteriormente 
explicitada. A licitude do objeto diz respeito a sua possibilidade física e/ou 
jurídica. A impossibilidade física é a que emana de leis físicas ou naturais, 
sendo absoluta para todos. A impossibilidade jurídica emana da existência de 
uma regra jurídica proibitiva da realização da prestação. O objeto também 
deve ser determinado ou determinável. 
 
– Coisa: É o conteúdo da prestação, ou seja, o conteúdo do objeto do negócio 
jurídico. Coisa é o gênero, da qual o bem é uma espécie. Bens são as coisas 
materiais, concretas, úteis às pessoas, de expressão econômica, suscetíveis de 
apropriação, e, ainda, as de existência imaterial economicamente apreciáveis. 
 
O elemento coisa não é perquirido sob o aspecto da sua validade, por ser de 
natureza objetiva. Somente é perquirido na existência e, após, de imediato, 
quanto à irradiação de seus efeitos, os quais serão analisados no plano da 
eficácia, através dos institutos dos vícios redibitórios (= perfeição da coisa) e da 
evicção (= posse tranqüila da coisa), que não sofreram alterações substanciais 
no novo Código Civil. 
 
Os vícios redibitórios são vícios ou defeitos ocultos da coisa (Arts. 441 a 446 do 
novo Código Civil). Requisitos: a) contrato comutativo; b) defeito deve ser 
oculto; c) defeito existente anterior à formação do contrato; d) defeito deve 
tornar a coisa imprópria ao uso ou diminuir o seu valor; e) irrelevante o 
conhecimento do vício pelo alienante, pois a má fé somente vai repercutir no 
acréscimo de eventuais perdas e danos. Pode haver a resolução total do 
negócio (ação redibitória ou edilícia) ou a resolução parcial, com o abatimento 
do preço (ação estimativa ou ‘quanti minoris’), à escolha do adquirente. Os 
prazos decadenciais não prejudicam os prazos de garantia. 
 
A evicção é a perda da posse e domínio do bem, em razão da atribuição do 
bem a um terceiro (Arts. 447 a 457 do novo Código Civil). Requisitos: a) 
contrato oneroso; b) desconhecimento da litigiosidade da coisa pelo evicto; c) 
denunciação da lide ao alienante ou a qualquer dos anteriores responsáveis; d) 
privação da coisa por meios judiciais ou administrativos; e) irrelevante a má fé 
do alienante. 
 
Quanto às verbas indenizatórias decorrentes da evicção deve ser observado o 
seguinte: 
4. a) Quando houver responsabilidade expressa do alienante, que 
inclusive podem reforçar ou diminuir a garantia: o adquirente tem 
direito à devolução do preço e mais perdas e danos (Arts. 447 e 448 
NCC). 
5. b) Silêncio do contrato sobre a evicção: mesmo assim o adquirente tem 
direito à devolução do preço e mais perdas e danos, pois é uma garantia 
implícita (Art. 447 NCC). 
6. c) Exclusão da evicção pelo alienante: ainda assim o alienante 
continuará respondendo pela devolução do preço da coisa (Art. 449, 1ª 
parte NCC). 
7. d) Exclusão total da evicção: somente ocorrerá se o alienante tiver se 
exonerado da obrigação e o adquirente tiver assumido os risco da 
evicção ou era conhecedor da mesma (Art. 449, 2a parte NCC). Neste 
caso nãohaverá devolução do preço e nem indenização por perdas e 
danos. 
O preço a ser devolvido será o valor da coisa na época da evicção, segundo 
dispõe o Art. 450, parágrafo único do NCC. 
 
As perdas e danos, segundo os incisos do Art. 450 do NCC, serão: a) frutos que 
o evicto tiver que restituir; b) despesas do contrato e prejuízos que 
diretamente resultarem da evicção; c) custas judiciais e honorários 
advocatícios; e ainda, d) o valor das benfeitorias úteis e necessárias que não 
forem pagas ao evicto pelo terceiro que receber a coisa (Art. 453 NCC). 
Podem ser abatidos do valor das perdas e danos, pelo adquirente: a) o valor 
pago ao evicto pelas benfeitorias; b) o valor das vantagens da deterioração da 
coisa que o evicto não houver sido condenado a indenizar. 
 
– Forma: Representa o elemento responsável pela exteriorização do fato 
jurídico lato sensu. 
 
No plano da existência é de difícil identificação prática, na medida em que a 
suficiência do suporte fático, no que se refere ao elemento forma, decorre 
quase que naturalmente da presença dos demais elementos constitutivos do 
fato jurídico lato sensu. É a exteriorização em si, seja de que forma for. 
 
No plano da validade, que diz respeito à qualificação do elemento forma, a 
regra geral é a liberdade de exteriorização, conforme dispõe o Art. 107 do NCC. 
 
A contrario sensu, é obrigatória a qualificação da forma através da escritura 
pública para a validade dos negócios jurídicos que visem a constituição, 
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de 
valor superior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no país, conforme 
dispõe o Art. 108 do NCC. Também é obrigatória a escritura pública para os 
pactos antenupciais (Art. 1653 NCC). As adoções, quaisquer que sejam, a partir 
do NCC, somente se efetivarão através de processo judicial (Art. 1623 NCC). 
 
Os requisitos da escritura pública estão previstos no Art. 215 NCC e do 
instrumento particular no Art. 221 NCC. A dispensa de testemunhas nos 
instrumentos particulares é somente para efeitos de prova dos mesmos, mas 
não como requisito para o registro do título no ofício competente. Inovação do 
NCC é a dispensa da autenticação de documentos (Art. 225 NCC). 
 
– Preço: É a contraprestação do negócio jurídico. Não é elemento essencial 
genérico de existência de todos os negócios jurídicos, mas apenas daqueles 
onerosos, nos quais há uma contraprestação através do pagamento. 
 
– Prazo: É o período de vigência de um negócio jurídico. Não é requisito 
essencial, mas considerado acidental. 
 
– Eficácia dos negócios jurídicos: Vencida a análise dos requisitos de existência 
e validade dos negócios jurídicos, quanto à eficácia dos mesmos, aquela pode 
ser natural, também chamada de “conditio iuris”, ou voluntária, também 
chamada de “conditio facti”. 
 
– Quando não houver uma interferência voluntária das partes na irradiação 
dos efeitos do negócio jurídico, estaremos frente à chamada eficácia natural, 
que é uma decorrência da própria lei. É a denominada conseqüência jurídica 
ou efeito natural. 
 
De outro lado, havendo interferência das partes na irradiação dos efeitos de 
um negócio jurídico, estaremos frente às figuras jurídicas das condições, dos 
termos e dos encargos. 
 
Condição é o acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia do 
negócio jurídico. Trata-se de eficácia inexa, ou seja, intrínseca ao próprio 
negócio, que subordina o efeito de um ato a um evento futuro e incerto. A 
incerteza pode ser tanto do acontecimento em si, como do momento em que 
o mesmo ocorrerá. Podem ser suspensivas ou resolutivas dos efeitos de um 
negócio jurídico. 
 
Termo, por sua vez, é o acontecimento futuro e certo de que depende a 
eficácia do negócio jurídico. Trata-se também de eficácia inexa, ou seja, 
igualmente intrínseca ao próprio negócio, que subordina o efeito de um ato a 
um evento futuro, mas certo. Sabe-se qual é o evento e quando este ocorrerá. 
Podem ser, também, suspensivas ou resolutivas dos efeitos de um negócio 
jurídico. 
 
Encargo é uma cláusula acessória a uma liberalidade. Trata-se de eficácia 
anexa ao negócio jurídico. É uma complementação acessória do efeito do 
negócio jurídico. Trata-se de uma obrigação anexa, um plus de efeito, em face 
de uma liberalidade. Também é admissível em declarações unilaterais de 
vontade. O encargo também é chamado de modo. 
Difere das condições e dos termos, que são de cumprimento optativo; 
enquanto o encargo é de cumprimento obrigatório (Arts. 553, 562 e 1949, do 
NCC). As condições e os termos, ao contrário do encargo, não são cláusulas 
acessórias, mas sim um todo inseparável, na medida que a declaração de 
vontade do sujeito já nasce de forma condicional ou a termo. 
 
Direito Contratual – Civil III – Resumo para Provas 
4.- Formas de Extinção dos Contratos: 
– Adimplemento: É o modo normal de extinção das obrigações, representado 
pela satisfação da pretensão do credor através do cumprimento da obrigação 
pelo devedor. Representa o efeito extintivo normal de um negócio jurídico, 
que pode ocorrer, segundo o NCC, através das figuras do pagamento, 
consignação, sub-rogação, imputação, dação, novação, compensação, 
confusão, remissão, transação e compromisso. 
 
– Revogação: A revogação é um dos modos de extinção das obrigações que 
consiste no poder de se subtrair o elemento vontade do suporte fático do 
negócio jurídico. A revogação atinge o suporte fático, retirando deste o 
elemento constitutivo referente à vontade. A revogação não ataca o negócio 
jurídico, mas tão somente retira-lhe a “vox” (vontade). Portanto, com a 
retirada do elemento vontade, a obrigação que dela se irradiou também se 
extingui. A revogação opera seus efeitos ex nunc (revogação do contrato de 
mandato) ou ex tunc (revogação do contrato de doação, porém não contra 
terceiros), conforme a natureza do contrato e da prestação. 
 
– Resolução: Prevista nos Arts. 478 a 480 do NCC, a resolução é um dos modos 
de extinção das obrigações, que consiste na desconstituição dos efeitos do 
negócio jurídico, “como se” este não tivesse existido, independentemente de 
culpa de qualquer um dos contratantes, em razão da superveniência de 
acontecimentos posteriores à formação do contrato. Na revogação, retira-se a 
“vox” do negócio jurídico, atacando-se o suporte fático. Na resolução atacam-
se os efeitos do negócio jurídico, desconstituindo-os. A eficácia da 
desconstituição dos efeitos do negócio jurídico, na resolução, opera-se ex tunc, 
ou seja, opera-se uma desconstituição dos efeitos desde a formação do 
contrato. Também se enquadra como hipótese de resolução as situações de 
revisão contratual, prevista no Art. 317 do NCC. 
 
– Resilição: A resilição é outro dos modos de extinção das obrigações, que 
consiste, em sentido lato, em uma resolução que opera seus efeitos de forma 
ex nunc. Tanto a resilição como a resolução, consistem na desconstituição do 
negócio jurídico no plano da eficácia. Entretanto, na resilição, a 
desconstituição dos efeitos do negócio jurídico não se opera desde a sua 
formação, mas tão somente a partir da resilição propriamente dita. Assim, a 
resolução e a resilição são diferenciadas, apenas, quanto ao momento que se 
inicia a sua eficácia. A resolução apresenta eficácia ex tunc, enquanto a 
resilição apresenta eficácia ex nunc. 
 
– Denúncia: Prevista no Art. 473 do NCC, como o nome de “resilição 
unilateral”, a denúncia também é um dos modos de extinção das obrigações, 
através do qual se põe fim à relação jurídica, simplesmente, de forma não 
receptícia. A denúncia atinge a toda relaçãojurídica, pondo termo a esta, com 
efeitos ex nunc. Entretanto, denúncia não é resilição, pelo fato de ambos 
apresentarem efeitos ex nunc. A resilição desconstitui os efeitos do negócio 
jurídico, e conseqüentemente a este também, “como se” não tivesse existido. 
A denúncia não desconstitui, mas tão somente põe termo à relação jurídica. As 
denúncias podem ser vazias (= não precisam ser fundamentadas) ou cheias (= 
só se pode denunciar se adveio razão, segundo a lei ou negócio jurídico). 
Portanto, a denúncia não desconstitui o negócio jurídico, mas tão somente 
impede que este continue a produzir os seus efeitos. 
 
– Renúncia: E outro modo de extinção das obrigações, que consiste em por fim 
à relação jurídica, não a atingindo em sua totalidade, mas tão somente em seu 
polo passivo. A renúncia assemelha-se à denúncia, diferenciando-se apenas 
por representar um ato unilateral, de disposição. A renúncia também 
apresenta eficácia ex nunc, não desconstituindo o negócio jurídico ou seus 
efeitos, mas apenas pondo fim à relação jurídica, unilateralmente. 
 
– Invalidade: A invalidade (= anulação/nulidade em seus dois graus de defeito) 
também é um dos modos de extinção das obrigações, através da 
desconstituição do próprio negócio jurídico e de seus efeitos. Na resolução e 
na resilição opera-se a desconstituição apenas dos efeitos do negócio jurídico, 
“como se” este não tivesse existido. Aqui na invalidade não, desconstitui-se o 
negócio jurídico em si e também a seus efeitos. Na invalidade, após a 
desconstituição, pode-se afirmar que não houve negócio jurídico. A invalidade 
pode apresentar eficácia ex tunc ou ex nunc, conforme o caso concreto. A 
desconstituição do negócio jurídico e de seus efeitos, através da invalidade, se 
dá em virtude de um vício de validade daquele, e deve ser feita através de 
decisão judicial. Assim, a invalidade é um modo de extinção das obrigações 
que se opera no plano da validade. Quanto ao ato nulo, deve-se dizer que, via 
de regra, a desconstituição opera-se apenas sobre o próprio negócio jurídico, e 
não sobre os seus efeitos, que não existem, ao contrário da anulabilidade, na 
qual são desconstituídos o negócio jurídico e os seus efeitos. 
 
– Rescisão: Prevista no Art. 475 do NCC, com a denominação de “cláusula 
resolutiva”, a rescisão é uma espécie de extinção das obrigações, que consiste, 
também, na desconstituição do próprio negócio jurídico e de seus efeitos, 
quando houver inadimplemento culposo de um dos contratantes. A rescisão 
corta, desmancha o negócio jurídico, indo ao seu suporte fático. A revogação 
também atinge o suporte fático, mas apenas no tocante ao elemento vontade. 
A rescisão atinge todo o suporte fático, inclusive a “vox”. Na revogação há ato 
unilateral que atinge a “vox”. Na rescisão há atendimento do Estado, pelo Juiz, 
à pretensão rescisória da parte, no sentido de atingir a todo o suporte fático. 
Tanto a rescisão como a invalidade desconstituem o negócio jurídico em si e a 
seus efeitos, mas na rescisão a desconstituição se opera no plano da 
existência, enquanto na invalidade a desconstituição se opera no plano da 
validade. A invalidade diz respeito à desconstituição de um vício de validade de 
negócio jurídico, portanto, operando-se no plano da validade. A rescisão não, a 
rescisão desce ao suporte fático e lá destrói o que está equivocado, em virtude 
de descumprimento contratual. 
 
– Distrato: Previsto no Art. 472 do NCC, é modo de extinção das obrigações, 
onde não ocorre a desconstituição do negócio jurídico ou de seus efeitos, ou 
sequer se atinge o suporte fático do mesmo. Não é denúncia ou renúncia, pois 
não põe termo à relação jurídica simplesmente. No distrato simplesmente se 
atinge apenas o vínculo da relação jurídica, criando-se um novo negócio 
jurídico para modificar os efeitos do primeiro. Portanto, no distrato o negócio 
jurídico primitivo continua a existir, mas apenas cria-se um novo negócio 
jurídico para modificar os seus efeitos. O distrato representa um “contrarius 
consensus” ao contrato primitivo. O distrato, conforme o caso concreto, 
poderá se apresentar com eficácia ex tunc ou com eficácia ex nunc. Deve-se 
ainda observar, que no distrato devem participar todas as pessoas que fizeram 
parte do contrato primitivo, por representar um novo acordo de vontades. 
 
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