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Fundamentos da Farmacologia: Sistema Nervoso e Transmissão Sináptica

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FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
SISTEMA NERVOSO E 
TRANSMISSÃO SINÁPTICA 
Aula 4
APRESENTAÇÃO 
Olá! Bem-vindos a mais uma aula de Psicofarmacologia.
Vamos aprofundar nosso conhecimento do sistema nervoso desvendando os eventos orgânicos gerados pela ação de moléculas transmissoras sempre correlacionar com as patologias e mecanismos de ação dos Psicofármacos. 
OBJETIVOS 
Conhecer a transmissão de informações através dos sistemas orgânicos;
Reconhecer os principais neurotransmissores e suas funções sobre o Sistema Nervoso, atuando sobre as principais psicopatologias;
NEUROTRANSMISSORES
DEFINIÇÃO:
Neurotransmissores, são moléculas transmissoras sintetizadas, liberadas, recaptadas, armazenadas ou degradadas, por neurônios apresentando ações orgânicas localizadas em sinapses;
Outros transmissores como os hormônios são moléculas transmissoras, liberadas por glândulas na corrente sanguínea gerando eventos sistêmico;
Podemos também citar outras moléculas transmissoras como segundos mensageiros, o cálcio, peptídeos, fatores tróficos e de crescimento, entre outras; 
TRANSMISSÃO SINÁPTICA
DEFINIÇÃO:
Transmissão sináptica é a passagem da informação através de células, tecidos ou sistemas orgânicos;
Essa informação é transmitida através de moléculas transmissoras (neurotransmissores), que são liberados por neurônios em sinapses promovendo efeitos orgânicos;
Após liberados essas moléculas atingem receptores específicos e gerando seus efeitos orgânicos para posteriormente serem recaptados ou degradados;
TRANSMISSÃO SINÁPTICA
As células neuronais não estão soltas pelo corpo, estão sempre fazendo ligações sinápticas com outros tipos celulares como: neurônios, músculos ou células endócrinas. Vemos sinapses entre neurônios com um botão sináptico e uma placa motora (junção neuro-muscular);
SINAPSES
Os neurônios formam uma rede e através da atividade elétrica e liberação da molécula transmissora a informação é transferida, por isso têm que estar interconectados;
Existe um espaço entre as células chamado de fenda sináptica, que é preenchido por um fluido (líquido intersticial); 
O sinal não pode ultrapassar eletricamente esse espaço, assim, substâncias químicas especiais, como neurotransmissores, são liberadas transmitindo informações para o tecido adjacente para desempenhar sua resposta.
Comunicação entre as células e tecidos
Ocorre a partir da liberação destas moléculas que se difundem através da fenda sináptica e atinge os receptores da membrana pós-sináptica;
A ligação dos neurotransmissores com seus receptores permitem que íons fluam para dentro e para fora da célula receptora;
A direção normal do fluxo de informação é do axônio pré-sináptico para a célula pós-sináptica;
A ligação da molécula transmissora com seu alvo receptor gera o efeito orgânico;
Os principais medicamentos e drogas atuam na transmissão sináptica;
Tipos de sinapses – Sinapses Elétricas
As sinapses elétricas permitem a transferência direta da corrente iônica de uma célula para outra. Essa estreita fenda é atravessada por proteínas especiais denominadas conexinas que reunidas formam um canal denominado conexon, que permite que íons passem diretamente do citoplasma de uma célula para o de outra. A maioria das “junções gap”, permite que a corrente iônica passe adequadamente em ambos os sentidos, sendo desta forma são bidirecionais; 
Tipos de Sinapses – Sinapses Químicas
Neurotransmissores usados para levar informações de uma célula para outra, ficam armazenados em vesículas nas células pré-sinápticas e são liberados por exocitose na fenda sináptica com a chegada de um potencial de ação. 
Após liberados combinam-se com receptores específicos presentes na membrana das células pós-sinápticas.
Os receptores ativos atuam em canais iônicos ou receptores que ligam-se à proteína G gerando modificações pós-sinápticas e os efeitos orgânicos.
Síntese e liberação do neurotransmissor
O impulso elétrico chega ao botão sinápitco (despolariza) entra cálcio por canais dependentes de voltagem, o cálcio ativa a enzima Cam/kinase II que libera as vesículas do citoesqueleto. 
A vesícula se dirige para zona ativa onde existem as moléculas de ligação (Vamps e Snaps). Após a ligação a a vesícula libera seu conteúdo por exocitose. O número de vesículas é proporcional a intensidade da resposta da célula pós-sináptica.
Após ser liberado o neurotransmissor atinge o alvo, gera o efeito e é recaptado para o terminal pré-sinápitico. 
Dentro do terminal será degrado ou será novamente sintetizado voltando para interior das vesículas. 
Fotomicrografia de Junção Sináptica
Diagrama e micrografia de uma sinapse de uma junção neuromuscular da mosca da fruta. 
1- Vesículas sinápticas;
2- Neurônio pré-sináptico (axônio terminal);
3- Fenda sináptica;
4- Neurônio pós-sináptico;
Sinapse Neuromuscular – Placa Motora
A comunicação ocorre através de sinapses. A sinapse é o local onde ocorre a a transmissão de um impulso nervoso entre tecidos. O tipo mais comum de sinapse é a química.
Sinapse modelo entre um neurônio e um músculo esquelético inclui:
 Os terminais axônicos do neurônio pré-sináptico que transmite o impulso;
 Receptores na superfície do músculo (azul) em frente a zona ativa;
 Uma fenda sináptica que contém líquido intersticial;
Sinapse Noradrenérgica – Músculo Liso Vascular 
Neurônio noradrenégico ativando receptores pré (α2) e pós-sinátipcos (α1) em vasos sanguíneos;
A noradrenalina liberada pela atividade simpática gera vasoconstrição;
Neurotransmissores – Moléculas Transmissoras
A transmissão sináptica é o maior alvo de psicofármacos.
Ocorre através de neurotransmissores que são moléculas relativamente pequenas e simples. Diferentes tipos de células neuronais secretam diferentes neurotransmissores; 
Cada substância química cerebral funciona em áreas bastante espalhadas mas muito específicas do cérebro e podem ter efeitos diferentes dependendo do receptor e local de ativação; 
Cerca de 60 neurotransmissores foram identificados e podem ser classificados, em geral em uma das quatro categorias;
	1) colinas: das quais a acetilcolina é a mais importante;
	2) aminas biogênicas: serotonina, histamina, catecolaminas (dopamina, 	norepinefrina e adrenalina);
	3) aminoácidos: glutamato e o aspartato são transmissores 	excitatórios bem conhecidos, enquanto que o ácido gama-aminobutírico 	(GABA), a glicina e a taurine são neurotransmissores inibidores;
	4) neuropeptídeos: são cadeias mais longas de aminoácidos (como 	uma pequena molécula de proteína). Sabe-se que mais de 50 deles 	ocorrem no cérebro e muitos deles têm sido implicados na modulação 	ou na transmissão de informação neural;
FUNÇÕES ORGÂNICAS
Cada neurotransmissor, esta relacionado a diversas funções de nosso organismo. Vamos conhecer alguns dos neurotransmissores mais importantes:
Dopamina (DA) - controla estimulação motora em diversos níveis. Encontramos baixas concentrações na doença de Parkinson, levando aos distúrbios do motores. Níveis elevados são observados em pacientes esquizofrênicos. A dopamina atua no uso de drogas, vício, sono, fome, vômito entre outras ações do sistema límbico e cardiovascular. Drogas como LSD entre outras drogas alucinógenas, cocaína, crack e anfetaminas, também estão envolvidas com as funções dopaminérgicas.
Serotonina – 
5-hidroxitripnanina (5-HT) 
apresenta efeitos orgânicos ligados ao prazer e também ao vício, entretanto, muitos receptores vem sendo descobertos nesta classe, com efeitos orgânicos ainda pouco conhecidos. Medicamentos antidepressivos como Prozac, aumentam a atividade serotoninérgica e vem sendo utilizado para melhorar o humor e trazer bem-estar. Além disso, a serotonina atua na ansiedade, na agressividade, reduz a dor e controla o sistema entérico. Drogas como ecstase e algumas metanfetaminas potenciam os efeitos da serotonina sobre o sistema nervoso. 
NEUROTRANSMISSORES – Funções Orgânicas
Acetilcolina(ACh) - a acetilcolina controla a atividade de áreas cerebrais relacionadas à atenção, aprendizagem e memória. Pessoas que sofrem da doença de Alzheimer apresentam tipicamente baixos níveis de ACh no córtex cerebral, e as drogas que aumentam sua ação podem melhorar a memória de curta duração em tais pacientes. Ligada a todas as ações do sistema parassimpático, também é responsável pela contração do músculo esquelético.
NEUROTRANSMISSORES – Funções Orgânicas
Noradrenalina (NA) - uma molécula que induz a excitação física e mental assim como o humor. A produção é concentrada na área do cérebro chamada de “locus coreleus”, que é um dos muitos candidatos ao chamado centro de "prazer" do cérebro. Como já vimos a norepinefrina controla o sistema simpático, batimentos cardíacos, pressão sanguínea, a taxa de conversão de glicogênio (glicose) para energia, assim como outras respostas simpáticas. A noradrenalina, desta forma, esta diretamente ligada as ações de medo, fuga e luta sobre o organismo.
NEUROTRANSMISSORES – Funções Orgânicas
Glutamato (GLU) - o principal neurotransmissor excitatório do cérebro, vital para estabelecer os vínculos entre os neurônios que são a base da aprendizagem e da memória de longo prazo. O glutamato é responsável pelos sentidos, visão, audição, gustação, olfato, tato e a dor. A hiperatividade glutamatérgica, gera processos convulsivos, epilepsia, podendo inclusive ativar os processos de morte celular por necrose, devido ao aumento da concentração de cálcio intracelular. 
NEUROTRANSMISSORES – Funções Orgânicas
Encefalinas e Endorfinas - essas substâncias geram seus efeitos através da ativação de receptores opióides, onde atuam drogas como a morfina e heroína. Estas moléculas modulam a dor, reduzem o stress e podem estar ligadas a ocorrência de alucinações. São os principais analgésicos endógenos liberados em situações de stress extremo acabando com a dor. Estas moléculas também induzem o prazer sendo envolvidas nos mecanismos de dependência psíquica e vício a drogas.
NEUROTRANSMISSORES – Funções Orgânicas
NEUROTRANSMISSORES – Funções Orgânicas
GABA - ácido gama aminobutírico – é o mais importante neurotransmissor inibitório do organismo. Ele atua em todo o cérebro e muitos sistemas. Apresenta grande importância clínica, pois é o alvo para diversas drogas e medicamentos. 
Sua exarcerbação é muito perigosa pois leva ao óbito,devido a depressão clínica irreversível.
Alvo de etanol, tranquilizantes, barbitúricos, entre outras moléculas; 
Existe uma ligação direta entre os diversos eventos gerados pelo sistema nervoso e suas moléculas transmissoras. Estas moléculas se sobrepõem em relação aos complexos efeitos do ambiente do próprio “eu” além de processos perceptivos. Isso implica em um intricado sistema que deve ser conhecido e analisado para compreender e avaliar o paciente antes de terapias e diagnósticos.
COMPLEXIDADE NEUROLÓGICA
Vemos uma sobreposição de moléculas transmissoras na ocorrência de eventos orgânicos. É importante lembrar que os medicamentos atuam principalmente na ação destas moléculas em nosso corpo.

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