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Resumo do livro Psicodrama

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A origem do Psicodrama está na história de vida de Moreno, como o autor mesmo afirma em seu livro cujo nome é o mesmo de sua teoria. É relatado por ele, que essa abordagem se iniciou quando Moreno em um teatro dramático de Viena convidou a plateia a interpretar assuntos pertinentes para a sociedade da época. As reminiscências do psicodrama, entretanto, encontram-se no uso da espontaneidade estão nas brincadeiras de infância conduzidas por ele. 
Outro acontecimento marcante para a determinação dos aspectos terapêuticos do Psicodrama se refere ao caso de Bárbara e George. O casal de atores do teatro espontâneo passava por problemas no seu relacionamento devido a atitudes agressivas de Bárbara. Bárbara, que apenas interpretava personagens benevolentes, foi convidada a dar vida a personagens que poderiam expressar agressividade. Após tais representações, Bárbara voltou a ser uma pessoa tranquila. 
É importante ressaltar a influência da Psicanálise na criação da terapia moreniana. A sociedade vienense após a difusão das ideias psicanalíticas se tornou aversiva a jovens, que tinham receios de serem taxados como neuróticos. O Psicodrama pode ser visto como uma resposta a redução feita pela Psicanálise dos aspectos subjetivos dos sujeitos. Enquanto a primeira teoria é grupal e atenta-se para questões sociais relacionais, a segunda é centrada na análise individual, de sonhos e desejos reprimidos. O Psicodrama resolveu, então, o paradigma sujeito e sociedade ao não desconsiderar nenhum de tais aspectos na sua forma de terapia. 
Segundo Moreno, o psicodrama é uma ciência que explora a verdade através de métodos dramáticos. Para tal, é necessário que haja espontaneidade entre seus participantes. É a presença da espontaneidade, que pode ser compreendida como a capacidade dos sujeitos de agirem de maneira criativa frente a novas ou antigas situações, que permite a catarse e o efeito terapêutico do Psicodrama. A teoria psicodramática desenvolveu o conceito de catarse em quatro dimensões: somática, mental, individual e grupal. Um dos problemas apontados do tratamento psicodramático, é o de conduzir o sujeito representar de forma adequada situações vividas e não vividas. 
Moreno ressalta que o lócus do psicodrama é o local onde ele ocorre, pois a sua importância se centra na sua efetividade, que pode ser realizada em qualquer local contato que haja espontaneidade. Além disso, Moreno atenta-se para a importância que o idealmente, o psicodrama deve ser realizado em um local sem restrições. 
É interessante pensar na colocação do autor de que o verdadeiro lar do teatro espontâneo seja o lar, visto que a norma vigente das terapias psicológicas está no distanciamento entre paciente e terapeuta, que permite uma hierarquização entre quem detém o saber (e o poder) e quem está em busca de auxílio. Ademais, quando se analisa o sujeito em um espaço propriamente destinado para isso, geralmente suas relações com outras pessoas ficam em segundo plano. O Psicodrama entra em contato direito com as relações do sujeito, permitindo a modificação das dinâmicas sociais que muitas vezes são causadoras de sofrimento psíquicos. 
Moreno não difere no ato criador o inconsciente e consciente. Para ele, o inconsciente é representado como um reservatório de criatividade que pode ser enchido e esvaziado continuamente. Segundo o autor, o ato criador possui três características: a primeira é a criatividade, a segunda a sensação do inesperado, a terceira a irrealidade, que tem como objetivo modificar a realidade dada, a quarta a especificidade de que atuamos muito mais sobre nós mesmos do que sobre os outros e a quinta se refere a seus efeitos miméticos. 
A estratégia colocada por Moreno para que os seres humanos consigam lidar com os efeitos causados pelas tecnologias, repousa, justamente, no ato criativo. É dele que provém a capacidade humana de lidar com situações de forma a modifica-las positivamente. Assim, o ato criador está no cerne da capacidade humana de lidar não somente com suas relações consigo mesmo, mas também com o outro e com o contexto em que vive.
Referências bibliográficas 
MORENO, J. L. Psicodrama. Editora Cultrix, 1978

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