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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E EMPREENDEDORISMO (19)

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VOLUME II
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Faces do
Empreendedorismo
Inovador
VOLUME III
FIEP- Federação das Indústrias do Estado do Paraná
	 Rodrigo	Costa	da	Rocha	Loures
	 Presidente
	 Ovaldir	Nardin
	 Superintendente	Corporativo	do	Sistema	Fiep
	 Diretor	Financeiro
SENAI – Departamento Regional do Paraná
	 João	Barreto	Lopes
	 Diretor	Regional
	 Antonio	Bento	Rodrigues	Pontes
	 Diretor	de	Administração	de	Controle
	 José	Antonio	Fares
	 Diretor	de	Recursos	Humanos	
	 Pedro	Carlos	Carmona	Gallego
	 Diretor	de	Tecnologia	de	Gestão	de	Informação
	 Hans	Gerhard	Schörer
	 Diretor	de	Inovação
	 Marcelo	Passi	Mafra
	 Diretor	de	Marketing	
		 Luiz	Virgilio	Zaina	de	Macedo
	 Diretor	de	Captação	e	Fomento
	 Milton	Bueno
	 Diretor	de	Relações	com	os	Sindicatos	e	Coordenadorias	Regionais	
	 Marco	Antônio	Areias	Secco
	 Diretor	de	Operações
	 Gerente	de	Orientação	Profissional	e	Aprendizagem	Industrial
	 Tadeu	Pabis	Junior
	 Gerente	de	Capacitação	Técnica	e	Pós-graduação	Tecnológica	Industrial
	 José	Ayrton	Vidal	Junior
	 Gerente	de	Qualificação	e	Aperfeiçoamento	Profissional
	 Reinaldo	Victor	Tockus
	 Gerente	de	Serviços	Técnicos	e	Tecnológicos
	 Sonia	Regina	Hierro	Parolin
	 Gerente	do	Programa	Inova	SENAI	/	SESI/	IEL
	 Amilcar	Badotti	Garcia
	 Gerente	de	Alianças	Estratégicas	e	Projetos	Especiais
	 Osvaldo	Pimentel
	 Gerente	de	Planejamento,	Orçamento	e	Gestão
	 Marilia	de	Souza
	 Gerente	do	Observatório	SENAI	de	Prospecção	e	Difusão	de	Tecnologia		
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Curitiba PR
2008
Faces do
Empreendedorismo
Inovador
Sonia Regina Hierro Parolin
Maricilia Volpato
Organizadoras
Ater Cristófoli
Claudio Moura Castro
Eduardo Akira Azuma
Elisangela de Souza Paiva
Guilherme Ary Plonski 
Hildegarde Schlupp
José Alberto Sampaio Aranha
Joana Paula Machado
João Geraldo de Oliveira Lima
Josealdo Tonholo 
Leila Gasparindo
Leonardo Augusto de Vasconcelos Gomes 
Luiz Carlos Duclós
Marcos Mueller Schlemm
Mario Sérgio Salerno
Natalino Uggioni
Paulo Alberto Bastos Júnior
Reynaldo Rubem Ferreira Junior
Rodrigo Gomes Marques Silvestre
Rosa Maria Fischer
Sergio Wigberto Risola
Simara Maria de Souza Silveira Greco
2008,	FIEP	–	Federação	das	Indústrias	do	Estado	do	Paraná
Qualquer	parte	desta	obra	poderá	ser	reproduzida,	desde	que	citada	a	fonte.
Os	volumes	da	Coleção	Inova	estão	disponíveis	para	download no	site: www.fiepr.org.br/colecaoinova
ISBN	978-85-88980-24-2
CDU	330.341.1	
Programa	Inova	SENAI	/	SESI	/	IEL/PR
Av.	Cândido	de	Abreu,	200
Centro	Cívico	–	Curitiba	–	PR
Tel	(41)	3271-	9353	/	3271-	9354
Home	page:	www.pr.senai.br/inova
e-mail:	inova@pr.senai.br
Conselho	Editorial	do	Volume	III
Daniele	Farfus
Francis	Kanashiro	Meneghetti	-	convidado	da	Universidade	Positivo
Lúcia	Fortuna	Padilha	Nehrer
Maricilia	Volpato
Maria	Cristhina	de	Souza	Rocha
Sonia	Regina	Hierro	Parolin	-	Coordenação
Faces	do	empreendedorismo	inovador.	/	Sonia	Regina	Hierro	
	 Parolin	(org.),		Maricilia	Volpato	(org.)	.	–	Curitiba	:	
	 SENAI/SESI/IEL,	2008.
	 364	p.	:	il.	;	21	cm.	–	(Coleção	Inova;	v.	3).
	 1.	Empreendedorismo.	2.	Inovação	tecnológica.	3.	Incubadoras		
	 de	empresas.
	 I.	Parolin,	Sonia	Regina	Hierro	(org.).		II.	Volpato,	Maricilia	(org.).			
	 III.	Título.	
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Sobre a Coleção Inova
A inovação é elemento fundamental para o desenvolvimento 
econômico e é no setor produtivo que ela encontra o espaço 
ideal para se manifestar. 
A indústria brasileira aprendeu na prática que precisa enfrentar 
diversos desafios nessa área: aumentar os investimentos no 
desenvolvimento de produtos, renovar processos e ainda 
tornar-se mais ágil para responder com rapidez às novas 
demandas do mercado. 
Remar em outra direção traz como resultado a perda da 
competitividade. Por isso, cada vez mais, as empresas buscam 
profissionais com capacidade de criar, iniciativa para formular 
soluções e facilidade para trabalhar em equipe.
As instituições de educação têm de estar preparadas para formar 
profissionais com esse perfil.
Uma forte contribuição nesse sentido está sendo oferecida pela 
Coleção Inova. Editada pelo Sistema Federação das Indústrias 
do Estado do Paraná, pelo Senai, Sesi, Iel e Unindus PR, irá 
tratar de um tema diferente a cada volume, apresentando à 
comunidade acadêmica e científica, empresários e ao público 
em geral informações que ampliam a compreensão do papel de 
cada um no esforço direcionado à inovação. 
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Serão discutidos assuntos relacionados à criatividade, 
inovação, empreendedorismo e propriedade intelectual, 
de forma a contribuir para o aprimoramento da educação 
profissional e para a competitividade sustentável da 
indústria.
A Coleção Inova também atende ao objetivo estratégico do 
Sistema Fiep de desenvolver a cultura empreendedora e 
ambiente propício à inovação.
Rodrigo Costa da Rocha Loures
Presidente do Sistema Federação 
das Indústrias do Estado do Paraná
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Sumário
APRESENTANDO O VOLUME III ..............................................................................................11
João Barreto Lopes
PARTE 1
1. EMPREENDEDORISMO INOVADOR: PERFIL ATUAL DO EMPREENDEDORISMO BRASILEIRO 
SEGUNDO O GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR ...........................................................13
 Rodrigo Gomes Marques Silvestre, Marcos Mueller Schlemm, Simara Maria de Souza Silveira Greco, 
Joana Paula Machado e Paulo Alberto Bastos Junior
1. Introdução ..........................................................................................................................................13
2. Características do atual cenário do empreendedorismo no Brasil ......................................................16
3. Principais dificuldades do empreendedorismo inovador no Brasil .......................................................22
3.1 Cooperação Universidade/Empresa ............................................................................................25
3.2 Incubadora de Empresas ............................................................................................................27
4. Inserção internacional como canal de conhecimento inovador ...........................................................29
5. Considerações finais ..........................................................................................................................32
Referências.......................................................................................... .................................. ................34
2. INCUBADORAS ..................................................................................................................37
José Alberto Sampaio Aranha
1. Histórico ............................................................................................................................................37
2. Mas, o que é uma incubadora? ..........................................................................................................41
3. Processo ............................................................................................................................................43
4. Objetivos: incubadoras para quem? ...................................................................................................46
5. Países, cidades e comunidades..........................................................................................................46
6. Empresas e fundos de capital de risco ...............................................................................................49
7. Universidades, agências de transferência de tecnologia e programas de formação de empreendedores ....50
8. Incubadora como laboratório de testes e de inovação .......................................................................519. Incubadora como local de estudos e pesquisas .................................................................................52
10. Incubadora como estágio orientado .................................................................................................52
11. Tripla Hélice – Universidade, Governo e Empresa .............................................................................53
12. Metodologia – passo a passo ..........................................................................................................55
13. Pré-incubação ..................................................................................................................................56
14. Seleção ..........................................................................................................................................57
15. Incubação ........................................................................................................................................58
16. Graduação........................................................................................................................................59
17. Pós-incubação .................................................................................................................................61
18. Ambientes – Habitat ........................................................................................................................62
19. Conclusões ......................................................................................................................................64
Referências ............................................................................................................................................65
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3. DO FAZER TRADICIONAL AOS HABITAT DE INOVAÇÃO: PONTE ENTRE A ESTAGNAÇÃO E O 
DESENVOLVIMENTO LOCAL ...................................................................................................69
Reynaldo Rubem Ferreira Junior, João Geraldo de Oliveira Lima e Josealdo Tonholo
1. Introdução ..........................................................................................................................................69
2. Esferas da inovação........................................................................... ....................................... .........71
2.1 Esfera da cultura do empreendedorismo inovador ............................... ................................... ..73
2.2 Esfera da promoção de negócios de alto potencial de crescimento (base tecnológica) .............74
2.3 Esfera da promoção de negócios inovadores de base tradicional (não tecnológicos) ..................76 
2.4 Esfera dos habitat de inovação .................................................................................................77
3. Modelo taxonômico de Linsu Kim: uma interpretação esquemática ..................................................82
3.1 Interpretação gráfica do MTK .....................................................................................................83
3.2 Parques: ponte entre o fazer convencional e a cultura da inovação ............................................88
4. Considerações finais ..........................................................................................................................92
Referências ............................................................................................................................................92
4. EMPRESAS NASCENTES E GESTÃO DO CONHECIMENTO .................................................95
Marcos Muller Schlemm e Luiz Carlos Duclós
Resumo..................................................................................................................................................95
1. Introdução ..........................................................................................................................................96
2. Organização e a ação de organizar .....................................................................................................99
3. Empresas nascentes e o processo empreendedor ...........................................................................102
4. Gestão estratégica do conhecimento ...............................................................................................105
5. Curva da sobrevivência ....................................................................................................................108
6. Considerações finais ........................................................................................................................114
Referências ..........................................................................................................................................115
5. PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE SPIN-OFFS ACADÊMICOS ...........................119
Leonardo Augusto de Vasconcelos Gomes, Guilherme Ary Plonski e Mario Sérgio Salerno
1. Introdução ........................................................................................................................................119
2. Literatura relevante ..........................................................................................................................121
2.1 Nascimento de spin-offs: criação e desenvolvimento ...............................................................121
2.2 Desenvolvimento de produtos ..................................................................................................124
2.3 Planejamento sob incerteza ......................................................................................................125
2.4 Technology Roadmap ................................................................................................................128
3. Metodologia de Pesquisa .................................................................................................................129
4. Estudo de Casos ..............................................................................................................................131
4.1 Caso I: Base Tecnológica em Elétrica ........................................................................................131
4.2 Caso II: Base Tecnológica em Biotecnologia .............................................................................131
4.3. Desenvolvimento do negócio nos dois casos ...........................................................................132
5. Proposição da arquitetura ................................................................................................................133
5.1 Desenvolvimento do negócio ....................................................................................................135
a. Desenvolvimento da Tecnologia e do Produto .............................................................................135
b. Desenvolvimento do Mercado ....................................................................................................136
c. Desenvolvimento da Organização ...............................................................................................137
5.2. Tool kit para o planejamento inicial de spin-offs .......................................................................138
5.3. Integração dos dois modelos ...................................................................................................140
6. Conclusão ........................................................................................................................................141
Referências ..........................................................................................................................................142
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PARTE II
1. DESAFIO DE COMUNICAR A INOVAÇÃO ..........................................................................145
Leila Gasparindo e Sérgio WigbertoRisola
1. Introdução ........................................................................................................................................145 
1.1 Cenário mundial: era do empreendedorismo e da inovação ......................................................146
1.2. Brasil na rota mundial da inovação...........................................................................................147
2. Dez anos de uma das maiores incubadoras do mundo .....................................................................148
3. Empreendedor em uma incubadora – vantagens do condomínio .....................................................150
4. Novas ferramentas da inovação: comunicação, marketing e patentes .............................................152
5. Inteligência coletiva no cotidiano das incubadoras.................................... .................................... ...154
6. Indústria farmacêutica nacional: confiança no ambiente da incubadora – Case Biolab/
Eurofarma...................................................... .....................................................................................................156
7. Importância da comunicação na inovação ............. .................................................. ........................157
8. Comunicação e relacionamento com público estratégico para o empreendedor ..............................159
9. Aposta em uma parceria de sucesso ..............................................................................................160
10. Chave para o relacionamento com a imprensa ...............................................................................166
11. Planejamento da comunicação e os próximos dez anos .................................................................170
12. CIETEC na mídia .............................................................................................................................172
13. Empreendedores de sucesso: visibilidade da inovação ..................................................................173
14. Conclusão............................................................. .........................................................................184
Referências.......................................................................................................... ................................186
2. FUNDAÇÃO EDUCERE DE CAMPO MOURÃO/PR......... ........................ .............................189
Ater Cristófoli e Eduardo Akira Azuma 
Resumo................................................................................................................................................189
1. Introdução……………………………………………………………… ...................... ……190
2. Setores de atuação e a dinâmica de novos colaboradores……………….....................................192
2.1 Escola técnica gratuita..............................................................................................................193
2.1.1 Cursos ofertados e suas etapas…………………………………….. ..............................196
2.1.2 Resultados........................................................................................ .....................................198
2.2 Centro de Pesquisa e Desenvolvimento………………………………. ...............................199
2.3 Incubadora de Empresas………………………………………………. ...........................201
2.3.1 Resultados .............................................................................................................................205
2.4 Apoio à Cultura – Ateliê de Escultura Clássica……………….. .............................................206
3. Conclusão: Vale a pena investir em Educação?............................................... .................................208
Referências.......................................................................................................... ................................209
4. HOTEL DE PROJETOS INOVADORES - SENAI/ PR DESENVOLVIMENTO DO COMPORTAMENTO 
EMPREENDEDOR NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL.......................................... ......................211
Maricilia Volpato e Sonia Regina Hierro Parolin
1. Introdução........................................................................................................ ................................211
2. Faces do Empreendedorismo...................................................... .....................................................213
3. Competências Empreendedoras.......................................................................................................218
4. Educação Profissional e Empreendedorismo Inovador................................... ...................................219
5. Contextualização do HPI................................................................................. ..................................221
6. Experiência: Hotel de Projetos Inovadores (pré-incubadora)......................... ....................................227
7. Considerações finais........................................................................................ ................................234
Referências........................................................................................................... ...............................238
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5. SENAI/SC E AS INCUBADORAS DE EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA: MODELO DE 
GESTÃO ................................................................................................................ ...............241
Hildegarde Schlupp, Natalino Uggioni e Elisangela de Souza Paiva
Resumo................................................................................................................... .............................241
1. Introdução..................................................................................................... ................................. ..242
2. Desenvolvimento das Incubadoras do SENAI/SC........................................ ................................... ..247
2.1 Incubadora de Base Tecnológica de Joinville – MIDIVILLE……….. .........................................261
2.2 Incubadora de Base Tecnológica de Criciúma – MIDISUL.................. .......................................265
2.3 Incubadora de Base Tecnológica de Chapecó – MIDIOESTE.............. .......................................267
3. Conclusões……………………………………………………………… ........................…..269
Referências…………………………………………………………………… ...................... ..270
6. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EMPREENDIMENTOS SOCIAIS .............................................273
Rosa Maria Fischer
Resumo............................................................................................................................................ ....273
1. Introduzindo o tema......................................................................................... ................................274
2. Estudos sobre empreendedorismo social........................................................ ................................ .283
3. Empresas estimulando Empreendimentos Sociais.......................................... ................................ .285
4. Organizações da Sociedade Civil estimulando Empreendimentos Sociais.. ................................... ...297
Referências.......................................................................................................... ................................305
PARTE III
1. NOVOS MATERIAIS, VELHOS HIPPIES E MUITO P&D: CASO DO VÔO LIVRE .....................309
Claudio Moura Castro
1. Introdução ........................................................................................................................................309
2. Pitoresca história do vôo livre.......................................................................................................... .311
3. Onde Santos Dumont e os irmãosWright se separam: o vôo pelo prazer de voar................... .........317
4. Asa-delta encontra um rival à altura: o parapente.......................................... ..................................330
5 Vôo livre: Onde está a ciência? E os engenheiros?................... ...................................... ...................333
6. Caso da Sol Paragliders.................................................................... .................................... ............346
7. Conclusão ........................................................................................................................................349
MINICURRíCULO DOS AUTORES ..........................................................................................351
CRéDITOS .............................................................................................................................363
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Apresentando o Volume III
O conjunto de dados e informações, aliado à demonstração 
efetiva de boas práticas, faz com que este trabalho seja 
contemplado por uma magnitude especial.
O esforço da equipe que o produziu trouxe um resultado 
digno de apreciação mais detida. Os participantes desta 
obra são executores de um obstinado projeto de crescimento 
pessoal coadjuvado com o desenvolvimento institucional e 
do seu habitat.
A primeira parte apresenta o estado da arte sobre o 
empreendedorismo inovador. Traça-se o perfil atual 
do empreendedorismo brasileiro, segundo o Global 
Entrepreneurship Monitor, suas características e principais 
dificuldades. O artigo sobre as Incubadoras mostra o 
passo a passo para a estruturação desse importante 
suporte aos empreendimentos inovadores, como locus 
da pesquisa, do estudo, das redes colaborativas entre 
universidade-governo-empresa e da formação dos novos 
empreendedores. Encontra-se um artigo que evidencia os 
parques tecnológicos como habitat para a ponte entre o 
fazer convencional e a cultura da inovação. As empresas 
nascentes e as curvas de sobrevivência são enfocadas no 
artigo seguinte, tendo como base o perfil empreendedor 
12
brasileiro no processo de organização de seus negócios. 
Para finalizar a primeira parte, efetiva-se a discussão sobre 
criação e desenvolvimento de spin-offs acadêmicos em 
panorama de incertezas, com a proposição de uma arquitetura 
de planejamento inicial com maior sustentabilidade.
A parte seguinte apresenta casos que sugerem práticas bem-
sucedidas com empreendedorismo inovador no panorama 
brasileiro. A experiência do CIETEC aborda aspectos de 
gestão, como as novas ferramentas da inovação (comunicação, 
marketing e patentes) e oferece especial reflexão ao dia 
seguinte das empresas: o desafio de comunicar a inovação 
sem a chancela da incubadora. O caso da Fundação 
EDUCERE demonstra como desenvolver e manter uma 
incubadora de base tecnológica em pequena cidade (situada 
numa região com certas adversidades), ao investir em 
educação profissional. Os dois casos seguintes abordam as 
experiências com pré-incubadoras e incubadoras do SENAI 
do Paraná e de Santa Catarina, cujos empreendedores 
são preferencialmente alunos dos cursos ofertados por 
essas instituições. Essa segunda parte é encerrada com os 
estudos sobre empreendedorismo social, realizados pelo 
Centro de Empreendedorismo Social e Administração em 
Terceiro Setor/CEATS/USP, com perspectiva de geração de 
conhecimento sobre a dinâmica de transformação social que 
pode haver entre empreendedorismo social e desenvolvimento 
socioambiental sustentável.
Na última parte, demonstra-se a reflexão sobre como a curiosa 
combinação de novos materiais, muito P&D e fabricantes 
sem currículos técnicos fazem do vôo livre (das asas- deltas e 
dos parapentes) um caso de empreendedorismo e inovação.
Enfim, este trabalho reveste-se de muita informação essencial 
ao desdobramento de ações que dão sustentabilidade às 
organizações e, por conseqüência, à própria vida.
João Barreto Lopes
Diretor Regional SENAI/ PR
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EMPREENDEDORISMO INOVADOR: 
PERFIL ATUAL DO EMPREENDEDORISMO 
BRASILEIRO SEGUNDO O GLOBAL 
ENTREPRENEURSHIP MONITOR
Rodrigo Gomes Marques Silvestre, Marcos Mueller Schlemm, 
Simara Maria de Souza Silveira Greco, 
Joana Paula Machado e Paulo Alberto Bastos Junior
1. INTRODUÇÃO
O processo de aprendizagem das organizações em geral foca 
na inovação de produtos e serviços. Todavia, no processo 
de educação continuada, a necessidade de reinvenção dos 
processos é condição fundamental para a competitividade 
em nível global. Das inovações de processo e de produto 
introduzidas nas organizações produtivas surge também 
uma demanda por alterações no modelo de gestão que irá 
gerenciar esses novos produtos e processos. 
Dessa maneira, torna-se basilar conhecer a realidade brasileira 
atual e as características do empreendedor nacional para 
planejar o resultado gerado por esse processo de mudança. 
Parte I
14
Rodrigo Gomes Marques Silvestre | Marcos Mueller Schlemm | Simara Maria de Souza Silveira Greco | Joana Paula Machado | Paulo Alberto Bastos Junior
A presente argumentação utiliza o panorama fornecido pelo 
Global Entrepreneurship Monitor, realizado anualmente pelo 
Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), 
para compreender essas características e apresentar o ponto 
inicial da caminhada, a fim de tornar os empreendimentos 
no Brasil inovadores de fato.
A imagem da situação atual dos empreendimentos brasileiros 
demonstra que a economia nacional se encontra ainda 
em estágio inicial de desenvolvimento no que concerne à 
sua capacidade de gerar empreendimentos inovadores. 
As condições socioeconômicas, nas quais os indivíduos 
exercem seu potencial empreendedor, ainda representam 
fator limitante para o pleno exercício de sua capacidade 
inovadora. Portanto, o aprendizado como valor central no 
desempenho produtivo encontra-se modestamente difundido 
pela população empreendedora.
Atualmente, pode-se observar que os vencedores no 
mercado global têm sido empreendedores que conseguem 
demonstrar respostas precisas e rápidas e flexível 
inovação de produtos unidas com capacidades gerenciais 
para efetivamente coordenar e redefinir as competências 
internas e externas. A essa característica se dá o nome de 
capacidade dinâmica que, segundo Teece, Pisano e Shuen 
(2002), gera para as firmas vantagens competitivas. Essa 
é definitivamente a característica que os planejadores de 
políticas públicas apreciariam encontrar difundida pela 
população empreendedora nacional. A realidade brasileira, 
entretanto, ainda demonstra indícios de que a maioria de 
seus empreendedores não se encontra nesse estágio de 
desenvolvimento da atividade econômica.
Nas empresas modernas, que obtêm resultados satisfatórios 
de rentabilidade, a característica comum é sua capacidade 
de aprender. Nesse contexto, aprendizado é o processo pelo 
qual a repetição e a experimentação permitem às tarefas 
serem feitas mais bem e mais rapidamente e, às novas 
oportunidades produtivas, serem identificadas. Esse processo 
é intrinsecamente social e coletivo e ocorre não somente pela 
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imitação e emulação de novos indivíduos, mas também pela 
contribuição conjunta para entender problemas complexos 
e propor mecanismos que garantam a solução dos mesmos. 
O conhecimento organizacional gerado por tais atividades 
reside em novos padrões de atividade, em rotinas, ou em 
novas lógicas organizacionais (Teece et al, 2002).
Esta argumentação procurará indícios dos novos princípios 
de eficiência na atividade empreendedora brasileira 
com base nas informações contidas na pesquisa GEM. 
Principalmente, quando os empreendedores incorporam os 
princípios da melhoria contínua e do aprendizado constante, 
pois, conformedito anteriormente, a característica 
principal do novo modelo é a capacidade de assimilar e 
de gerar mudanças, implicando a participação de todos os 
envolvidos e valorizando a base de capital humano.
Flexibilidade e adaptabilidade são outros dois princípios 
desse novo paradigma produtivo, cujas vantagens provenientes 
da produção flexível para mercados segmentados são 
denominadas economias de cobertura. Com base neles, as 
empresas competitivas se voltam para a exploração de nichos 
de mercado mediante a especialização. Ambas as tendências 
supõem capacidade de adaptar-se às características da 
demanda. Assim, a adaptabilidade da oferta às variações 
cotidianas na demanda são características medulares no 
novo paradigma. 
A capacidade de atuar em redes interorganizacionais para 
competitividade é outro ponto importante que caracteriza 
os empreendimentos inovadores. Em suma, as mudanças 
das velhas noções não devem se restringir às fronteiras da 
empresa e sim devem permear as relações com o mundo 
externo (Perez, 1992).
A presente exposição inicia-se pela descrição das características 
dos empreendimentos brasileiros em relação ao grau de 
inovação dos produtos ofertados. Nessa seção, é feita uma 
breve comparação com alguns países selecionados para 
situar a realidade brasileira no contexto internacional. 
16
Rodrigo Gomes Marques Silvestre | Marcos Mueller Schlemm | Simara Maria de Souza Silveira Greco | Joana Paula Machado | Paulo Alberto Bastos Junior
Em seguida, são apresentadas as principais limitações ao 
empreendedorismo inovador, observadas no período de 
2002 a 2006, para os dados coletados pela pesquisa GEM. 
Por fim, são discutidas algumas características da inserção 
internacional dos empreendimentos brasileiros e seu reflexo 
sobre o grau de inovatividade.
2. CARACTERÍSTICAS DO ATUAL CENÁRIO DO 
EMPREENDEDORISMO NO BRASIL
A distinção feita na metodologia da pesquisa GEM entre 
os empreendimentos iniciados por oportunidade e aqueles 
iniciados por necessidade presta-se aqui como indicativo 
da natureza inovadora da atividade econômica brasileira. 
O primeiro tipo, ou seja, aqueles empreendedores que 
vislumbram oportunidade de iniciar um negócio são 
potencialmente os que exercem a função de inovadores. Esses 
empreendedores são motivados a explorar novos mercados, 
a fornecer novos produtos e a realizar novos processos de 
produção. 
Dessa maneira, o primeiro indício para formar a imagem 
atual do cenário brasileiro é observar a participação 
desses empreendedores ao longo do recente período de 
evolução da economia nacional. O Gráfico 1 demonstra que, 
paralelamente ao período atual de crescimento econômico e 
relativa estabilidade do contexto político e social, esse tipo 
de empreendedores tem ganhado espaço na participação 
total da atividade empreendedora brasileira.
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Gráfico 1 - Criação de Empreendimentos no Brasil de 2002 a 2007
Esse indício positivo, entretanto, precisa ser considerado 
de maneira mais abrangente, pois, o contexto geral 
demonstra grande caminho a ser percorrido para que 
o potencial empreendedor da população brasileira 
reflita verdadeiramente aquele esperado pela atividade 
empreendedora inovadora. Para isso, três elementos serão 
destacados em relação a essa atividade no Brasil. O primeiro 
é a percepção do empreendedor em relação ao conhecimento 
de seus potenciais consumidores sobre o produto que irá 
ofertar. O segundo elemento é o grau de concorrência do 
Fonte: Pesquisa GEM, 2007
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Rodrigo Gomes Marques Silvestre | Marcos Mueller Schlemm | Simara Maria de Souza Silveira Greco | Joana Paula Machado | Paulo Alberto Bastos Junior
mercado em que irá atuar. Por fim, a idade da tecnologia 
utilizada no empreendimento é destacada para compreender 
a realidade tecnológica preponderante atualmente no país.
Ao se considerar essas três dimensões, que caracterizam 
o grau de inovação da atividade empreendedora total da 
sociedade brasileira, pode-se notar que o país se encontra 
muito aquém de seu potencial. O Brasil é um dos países mais 
empreendedores do mundo, colocando-se sistematicamente 
entre os dez principais nesse quesito. Mas, qual o 
resultado efetivo dessa capacidade empreendedora para o 
desenvolvimento econômico e social?
A investigação contida neste estudo considera os empreendimentos 
inovadores responsáveis pela ruptura com o fluxo circular 
apresentado por Schumpeter, pois “o impulso fundamental que 
inicia e mantém o movimento da máquina capitalista decorre 
de novos bens de consumo, dos novos métodos de produção 
ou transporte, dos novos mercados, das novas formas de 
organização industrial que a empresa capitalista cria” 
(Schumpeter, 1996).
Entretanto, as sistemáticas pesquisas GEM, realizadas entre 
2002 e 2006, demonstram que mesmo os empreendedores 
brasileiros, que vislumbram oportunidades de negócio 
e enveredam por esse caminho, ainda apresentam perfil 
conservador em relação à inovação. 
Os dados apresentados a seguir referem-se ao conjunto 
de empreendedores brasileiros, tanto por oportunidade, 
quanto por necessidade. Essa escolha de corte analítico se 
baseia no fato de que o comportamento inovador de ambos 
os tipos é bastante semelhante no período de referência. O 
surpreendente é que os empreendedores por oportunidade 
não se diferenciam significativamente daqueles que 
empreendem por necessidade. Esse fato, portanto, reflete 
uma característica da população brasileira, que ainda se 
apresenta de maneira conservadora e tradicional diante 
da atividade econômica inovadora. O Gráfico 2 apresenta 
os indícios desse comportamento conservador.
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Gráfico 2 - As três dimensões do grau de inovação da atividade empreendedora 
brasileira.
Empreendedores Iniciais
Conhecimento dos Produtos
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%
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Países de renda
médiaper capita
Países de renda
altaper capita
Brasil
Produtos novos ou desconhecidos Alta concorrência Baixa concorrênciaProdutos conhecidos
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médiaper capita
Países de renda
altaper capita
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médiaper capita
Países de renda
altaper capita
Brasil
Empreendedores Iniciais
Idade de Tecnologia
Tecnologia Nova Tecnologia Conhecida
Empreendedores Iniciais
Conhecimento dos Produtos
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médiaper capita
Países de renda
altaper capita
Brasil
Produtos novos ou desconhecidos Alta concorrência Baixa concorrênciaProdutos conhecidos
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médiaper capita
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altaper capita
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Empreendedores Iniciais
Grau de Concorrência
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médiaper capita
Países de renda
altaper capita
Brasil
Empreendedores Iniciais
Idade de Tecnologia
Tecnologia Nova Tecnologia Conhecida
Fonte: Pesquisa GEM, 2006.
Empreendedores Iniciais
Conhecimento dos Produtos
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Países de renda
médiaper capita
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altaper capita
Brasil
Produtos novos ou desconhecidos Alta concorrência Baixa concorrênciaProdutos conhecidos
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Empreendedores Iniciais
Idade de Tecnologia
Tecnologia Nova Tecnologia Conhecida
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Rodrigo Gomes Marques Silvestre | Marcos Mueller Schlemm | Simara Maria de Souza Silveira Greco | Joana Paula Machado | Paulo Alberto Bastos Junior
Aqui o grau de concorrênciaencarado pelos empreendedores 
é um indício da capacidade dos empreendedores de observar 
oportunidades novas para obter lucros extraordinários da 
produção e comercialização de seus produtos. O que se evidencia 
é a maior parte dos empreendedores nacionais atuando em 
mercados de alta concorrência. Isto significa que, de maneira 
geral, os empreendedores brasileiros têm pouco incorporado o 
princípio da flexibilidade e adaptabilidade na produção.
Os empreendedores, que iniciam um negócio, têm optado por 
atuar em mercados mais amplos, em geral, já sendo explorados 
por outras empresas. Essa forma de concorrência leva os 
integrantes desse mercado a concorrer com base no preço dos 
produtos, que não são diferenciados e adequados às demandas 
específicas dos diferentes tipos de consumidores. O resultado 
agregado dessa concorrência é a redução do lucro total, nesse 
segmento, e o aumento da mortalidade das empresas.
Esse argumento é reforçado pelo grau de novidade do 
produto, como percebido pelos consumidores finais. O 
Brasil novamente fica muito aquém na comparação com os 
grupos de países internacionais, ou seja, os empreendedores 
brasileiros têm optado por ofertar produtos já conhecidos por 
seus consumidores. Esse é classicamente um indicador do 
grau de inovatividade dos empreendimentos brasileiros. Essa 
informação, somada à tecnologia incorporada na produção, 
demonstra que os empreendimentos brasileiros têm baixo grau 
de capacitação tecnológica e inovatividade. O resultado do 
comportamento apresentado é o Brasil se encontrar ainda em 
estágio inicial de capacitação tecnológica. 
Segundo a tipologia de Kim (apud Figueiredo, 2004), a 
trajetória de capacitação tecnológica dos negócios segue três 
estágios: a) aquisição de tecnologias conhecidas no mercado; 
b) assimilação das tecnologias existentes e c) aprimoramento 
tecnológico. Nos empreendimentos em fases iniciais de 
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desenvolvimento, a ênfase técnica recai sobre a aquisição 
de tecnologias conhecidas, direcionando a produção para 
produtos e serviços já conhecidos no mercado. Somente 
diminuta parcela do total dos empreendedores brasileiros 
ativos lança produtos novos e desconhecidos no mercado e, 
desse total, mais de 90% dos empreendimentos são realizados 
por meio de tecnologias e processos de produção conhecidos 
e disponíveis no mercado.
Em breve comparação com seus principais concorrentes 
na América Latina, o Brasil também se encontra em 
posição desfavorável. A Tabela 1 traz a distribuição da 
atividade empreendedora para uma seleção de países com 
os quais o Brasil tem de competir no mercado mundial. Os 
empreendimentos estão distribuídos em Potencial Máximo de 
Inovação, Intermediários e de Mínimo Potencial de Inovação, 
de acordo com o número de dimensões apresentadas, que 
estão presentes.
POTENCIAL DE INOvAçãO 
DO EMPREENDIMENTO
(Fatores: Nova Tecnologia, 
Baixa concorrência e Produto 
novo ou desconhecido)
EMPREENDEDORES INICIAIS (%)
A
rg
en
tin
a
C
hi
le
C
ol
ôm
bi
a
M
éx
ic
o
B
ra
si
l
M
éd
ia
 d
os
 
pa
ís
es
Máximo 
Potencial
3 fatores 8,1 8,5 6,7 5,0 1,3 5,5
Intermediário 2 fatores 42,2 32,9 29,7 30,7 12,9 26,3
1 fator 30,6 32,3 32,6 41,5 42,0 35,7
Mínimo 
Potencial
Nenhum 
fator
19,1 26,3 31,0 22,8 43,8 32,5
FONTE: Pesquisa GEM, 2006
Tabela 1 - Potencial de Inovação nos Países Latino-Americanos – 2006.
22
Rodrigo Gomes Marques Silvestre | Marcos Mueller Schlemm | Simara Maria de Souza Silveira Greco | Joana Paula Machado | Paulo Alberto Bastos Junior
O Brasil, portanto, encontra-se na pior situação em relação à 
amostra de países latino-americanos, apresentando apenas um 
quarto do número de empreendimentos com máximo potencial 
inovador do que o México, o segundo com pior desempenho 
entre os selecionados. Outro ponto relevante é que quase 
metade dos empreendimentos brasileiros (43,8%) apresenta 
mínimo potencial inovador, o que significa estar enorme 
contingente de empreendedores apenas reproduzindo o atual 
estágio de desenvolvimento econômico, social e tecnológico.
Conhecida a atual situação dos empreendimentos no Brasil é 
preciso conhecer quais fatores limitam a plena realização do 
potencial inovador contido intrinsecamente nessa atividade. 
Para isso, serão utilizadas na próxima seção as percepções 
dos especialistas brasileiros em empreendedorismo.
3. PRINCIPAIS DIFICULDADES DO 
EMPREENDEDORISMO INOVADOR NO BRASIL
Para um país desenvolver-se, não basta um ajuste 
macroeconômico, quando falta também mudança estrutural. 
Dois fenômenos são os principais obstáculos para o 
crescimento: as restrições nos recursos financeiros e as 
mudanças tecnológicas que ameaçam eliminar as vantagens 
comparativas tradicionais dos países em desenvolvimento. 
Dentre os dois, a mudança tecnológica é o mais poderoso 
instrumento disponível para atingir uma reestruturação 
bem-sucedida nesses países, pois, proporciona meios 
para aumentar a competitividade e critérios para guiar os 
processos de mudança institucional na direção de maior 
eficiência (Perez, 1992).
Segundo as informações da pesquisa GEM feita com 
especialistas, os limitantes da atividade empreendedora 
inovadora no Brasil, que se enquadram na definição 
citada, são listados a seguir (Entrevistas com especialistas, 
2002/2006).
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Os empreendedores iniciais não têm condições financeiras 
e de crédito para adquirir novas tecnologias;
as políticas de estímulo e subsídios não são adequadas 
ao tamanho e suporte financeiro dos negócios;
os custos das atividades inovadoras são em grande parte 
fixos e, portanto, quanto menor o volume de vendas, 
maior o custo fixo unitário;
o custo da atividade inovadora é incorrido imediatamente 
e o seu retorno é diferido no tempo e incerto;
os negócios menores têm menor poder de mercado e o risco 
enfrentado pelos investimentos em inovação é maior;
os negócios menores têm mais dificuldade de desenvolver 
atividades inovadoras em cooperação com grandes empresas 
ou universidades;
em muitas atividades inovadoras, há limite mínimo de 
inversão. A escala do negócio não é compatível com a 
escala do investimento em inovação.
Por essas razões, para a maioria das empresas pequenas e 
médias, que iniciam suas atividades, a forma mais freqüente 
de inovação é feita por meio da aquisição da tecnologia 
incorporada obtida de fornecedores de equipamentos e de 
materiais e por meio de algumas inovações de processos. 
Os negócios iniciais adotam inovações, quando percebem 
oportunidades de negócio ou quando estão sob pressão de 
clientes e fornecedores. 
Além disso, o fato de os empreendedores estabelecidos 
no mercado terem baixo coeficiente de uso de tecnologias 
novas é típico do padrão de industrialização das economias 
emergentes, cujos investimentos se sustentam na importação 
de máquinas e equipamentos já disponíveis no mercado 
internacional ou em tecnologias difundidas em nível 
nacional. Mesmo entre os empreendedores estabelecidos, 
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Rodrigo Gomes Marques Silvestre | Marcos Mueller Schlemm | Simara Maria de Souza Silveira Greco | Joana Paula Machado | Paulo Alberto Bastos Junior
são raros os que dispõem de laboratórios de P&D ou que 
desenvolvem ações de cooperação com instituições de 
pesquisa e universidades para o desenvolvimento de novos 
produtos e processos.
Figueiredo (2004) apresenta um modelo descritivo da 
trajetória das capacidades tecnológicas dos empreendimentos 
em economias emergentes muito próximo das características 
do empreendedor brasileiro.
Esse modelo apresenta uma trajetória dos empreendimentos 
classificada em três níveis de competências: básico, 
intermediário e avançado. Os empreendimentos iniciais (nívelbásico) desenvolvem capacidades rotineiras, isto é, de usar ou 
operar novos processos de produção, sistemas organizacionais, 
produtos, equipamentos e projetos de engenharia. 
No estágio intermediário, os empreendimentos estabelecidos 
desenvolvem capacidades de monitoramento, controle e 
execução de estudos de viabilidade, seleção de tecnologias 
e de fornecedores, provisão e assistência técnica. Somente 
no estágio avançado é que desenvolvem capacidade para 
gerir projetos de classe mundial e desenvolvimento de novos 
sistemas de produção por meio de P&D.
Os empreendedores brasileiros parecem dar pouca importância à 
transferência de tecnologia como fator de desenvolvimento e 
crescimento empresarial. Esse fator é mencionado por menos 
de 1% dos empreendedores identificados pela pesquisa GEM, 
seja como barreira, seja como aspecto favorável. Esse dado 
reforça o argumento de que os empreendimentos no Brasil são 
pouco inovadores, utilizando tecnologias conhecidas, tanto 
para produtos, quanto para processos. 
Nos países de maior desenvolvimento econômico, a capacidade 
inovadora dos novos negócios e a sua competitividade no 
mercado dependem fortemente de fatores ligados ao acúmulo 
de capacidades tecnológicas, à estrutura de mercado, à 
organização do setor em que atua e às características do 
sistema de inovação no qual estão inseridas.
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No atual estágio da economia do conhecimento, a inovação 
é um processo de múltiplas fontes derivadas de complexo 
fluxo de interação de indivíduos, empresas e outras 
organizações voltadas para a busca do conhecimento e para 
a difusão de tecnologia. O desenvolvimento e a divulgação 
das inovações vinculam-se a mecanismos de interação do 
negócio com seu ambiente e com o aprendizado tecnológico 
baseando-se no intercâmbio contínuo de informações entre 
produtores e usuários de inovações. O desenvolvimento 
tecnológico avança e consolida-se por meio do intercâmbio 
de informações tácitas e codificadas.
Nesse sentido, as práticas cooperativas apresentam-se como 
boa alternativa para os negócios novos e em desenvolvimento, 
viabilizando competências complementares ao conhecimento 
interno, aumentando, assim, a eficiência produtiva e o 
potencial inovativo. Contribuem, também, para facilitar 
a identificação e a exploração de novas oportunidades 
tecnológicas, reduzindo os riscos impostos pela incerteza 
dos investimentos em P&D e pelas turbulências do mercado. 
Entre os diversos mecanismos de apoio à inovação, cabe 
destacar as diversas formas de interação e de cooperação 
entre empresas e universidades e as incubadoras de empresas, 
especialmente, no caso de novos empreendimentos.
3.1 Cooperação Universidade/Empresa
Nas últimas décadas, a universidade tem desempenhado 
fundamental papel na agregação de novos conhecimentos e 
tecnologias ao setor produtivo. A política nacional de ciência 
e tecnologia, por meio de seus instrumentos indutores, 
historicamente, privilegiava a produção científica em 
detrimento do desenvolvimento tecnológico. No Brasil, cujo 
desenvolvimento tecnológico sustentou-se na importação 
de tecnologias, a universidade dedicou-se principalmente à 
formação de recursos humanos. 
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Rodrigo Gomes Marques Silvestre | Marcos Mueller Schlemm | Simara Maria de Souza Silveira Greco | Joana Paula Machado | Paulo Alberto Bastos Junior
Com a abertura do mercado e o acirramento da concorrência 
internacional, a indústria brasileira desperta para a necessidade 
de aproximação com as universidades e diversos centros 
de pesquisa surgem como alternativa de posicionamento 
competitivo no mercado nacional e internacional.
Atualmente, esforços vêm sendo realizados para criar 
instrumentos a fim de fortalecer a cooperação entre 
universidades, centros de pesquisa e empresas para contribuir 
na formação de empreendedores inovadores e no estímulo 
ao desenvolvimento tecnológico. Essas políticas são muito 
recentes e seus efeitos iniciais ainda são tímidos, uma vez 
que se defrontam com valores tradicionais (de ordem cultural, 
ideológica e ética) vinculados à relação entre o mundo 
empresarial e o mundo acadêmico, principalmente, no que 
se refere à transferência e comercialização dos resultados da 
pesquisa científica.
Apesar da timidez, algumas universidades e centros de 
pesquisa têm buscado a interação com as empresas, 
desenvolvendo ações voltadas para a transferência de 
conhecimento e projetos cooperativos de desenvolvimento de 
novas tecnologias. Percebe-se mudança de atitude no padrão 
de interação universidade/empresa. Hoje, ambos os setores 
buscam maior aproximação, visando atingir benefícios 
recíprocos. A academia já não vê com maus olhos o professor 
que desenvolve projetos em parceria com as empresas.
A parceria universidade/empresa no Brasil é processo em 
formação. É preciso ter em mente estratégia ofensiva para 
criar a cultura da inovação nas empresas e incentivar o 
empreendedorismo, o que implica captar idéias potenciais, 
financiar invenções e testes necessários, proteger e lançar 
no mercado produtos e serviços.
Além disso, é necessário que o sistema de avaliação de 
pesquisadores considere que o reconhecimento não seja apenas 
pela geração e transferência tradicional do conhecimento (via 
publicações), mas inclua itens como pedidos de registros de 
patentes e parcerias que visem ao empreendedorismo inovador 
e o consolidem.
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Os incrementos tecnológicos devem ser compartilhados 
entre os parceiros e todos devem ganhar com as melhorias 
proporcionadas pela inovação. Para as pequenas e médias 
empresas e negócios iniciais, pode ser inviável montar 
departamentos de P&D. Por isso, a parceria com universidades 
e centros de pesquisa torna as atividades inovadoras factíveis 
e menos onerosas.
3.2 Incubadora de Empresas
Para estimular novos negócios e empreendedores a 
desenvolverem novas tecnologias é necessário também criar 
mecanismos de desenvolvimento e de geração de novos 
empreendimentos. O apoio a esses projetos pode colocar no 
mercado produtos de conteúdo tecnológico desenvolvidos 
(ou já em fase final) pelos centros de pesquisa do país. 
O surgimento das incubadoras de empresas configurou um 
grande avanço nos programas voltados para o desenvolvimento 
do empreendedorismo inovador. Na medida em que oferecem 
estrutura física, acesso a informações, formação de redes de 
contato e outros benefícios, elas contribuem imensamente 
para o desenvolvimento de novos negócios.
As incubadoras representam, de certa forma, uma extensão 
da Empresa Júnior, onde o estudante já pode vislumbrar 
a realidade empresarial, oferecendo suporte necessário 
à constituição da empresa e seu ingresso no mercado. 
Essa vivência propiciada pelas empresas juniores e pelas 
incubadoras forma interessante modelo de preparação de 
novos empreendedores. 
No Brasil, experiências, como as citadas, aparecem nos 
últimos vinte anos especialmente com as incubadoras 
tecnológicas, estruturas ligadas a universidades e centros 
de pesquisa com potencial de identificar negócios altamente 
promissores e aglutinar recursos técnicos e institucionais 
para auxiliá-los. O movimento de incubadoras da última 
década proporcionou espaço físico e proximidade com os 
centros de pesquisa. Com isso, permitiu acesso privilegiado 
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Rodrigo Gomes Marques Silvestre | Marcos Mueller Schlemm | Simara Maria de Souza Silveira Greco | Joana Paula Machado | Paulo Alberto Bastos Junior
às informações e à rede de investidores, transformando as 
incubadoras em vitrines para novos investidores.
Hoje, as incubadoras não se restringem às empresas de 
base tecnológica. No Brasil, já se encontram incubadoras de 
cooperativas, culturais, sociais e de serviços. Elas incentivam as 
pessoas a desenvolverem seus empreendimentos e constituemfator 
impulsionador do esperado empreendedorismo. A Associação 
Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos 
Inovadores (ANPROTEC) tem desempenhado o papel 
de criar mecanismos de apoio às incubadoras e parques 
tecnológicos. Destacam-se, nesse sentido, ações realizadas 
em conjunto com o SEBRAE, com o Conselho Nacional 
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), 
com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e com 
o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), as quais têm estimulado a 
criação de políticas públicas benéficas ao desenvolvimento 
do empreendedorismo.
Outro exemplo é o Fórum Permanente das Microempresas e 
Empresas de Pequeno Porte que, com a função de acompanhar 
e avaliar a implementação da política nacional de apoio a 
esse setor empresarial, oferece um comitê temático específico 
sobre Tecnologia e Inovação, entre outros. A estrutura 
de apoio ao empreendedorismo no Brasil está calcada, 
principalmente, nas incubadoras de empresas e no apoio de 
organizações ligadas ao sistema da Confederação Nacional 
da Indústria (CNI), em particular o Serviço Nacional de 
Aprendizagem Industrial (SENAI), o IEL e o SEBRAE. 
Essas instituições estão em todo o território nacional e podem 
tornar-se agentes difusores e capacitadores de pessoas 
para iniciarem novos negócios. No caso das incubadoras, 
os esforços no sentido de seu fortalecimento devem estar 
sintonizados com a criação de oportunidades para que 
cientistas e tecnólogos possam dar início aos próprios 
empreendimentos. Há na academia teses de mestrado e 
doutorado que podem e devem sair das prateleiras em 
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forma de produtos e serviços. No entanto, observa-se 
baixo interesse nos integrantes da comunidade científica 
de tornarem-se empreendedores, sendo quase nula sua 
habilidade e formação empreendedora.
4. INSERÇÃO INTERNACIONAL COMO CANAL DE 
CONHECIMENTO INOVADOR
Esta seção adota um caráter provocativo sobre a natureza 
inovadora dos empreendimentos brasileiros, ao discorrer 
sobre uma característica aparente dos cidadãos nacionais, 
quanto à sua postura conservadora em relação às inovações de 
classe mundial. Tenta-se saber, por exemplo, por que não 
foram empreendedores brasileiros a inventar uma forma 
inovadora de fazer cafés especiais em vez dos italianos? Ou 
estádios de futebol absolutamente inovadores e funcionais 
e não a Alemanha? Ou uma receita inovadora utilizando o 
pinhão antes que um francês o faça?
Como visto na seção anterior, há claramente um problema 
estrutural na sociedade brasileira, que limita o desenvolvimento 
econômico. Porém, não haverá também um componente 
psicológico e cultural a induzir esse comportamento conservador 
em relação à inovação? A resposta a essa questão não será 
esgotada no âmbito do presente estudo, em que serão apenas 
apresentados alguns pontos para reflexão dos leitores. Mesmo 
tendo o país elevado grau de empreendedorismo em geral, 
observaram-se, contudo, ao longo da argumentação, indícios do 
baixo grau de inovação dos empreendimentos brasileiros. 
Ao se considerar a abordagem institucionalista da atividade 
econômica, pode-se constatar a presença de regras sociais 
surgidas da ação coletiva influenciando o que as pessoas 
podem e devem fazer ou não. Essas construções sociais são 
chamadas instituições. Os dados da pesquisa GEM apontam 
que as instituições brasileiras foram configuradas, ao longo 
de seu processo histórico, de tal maneira que limitam 
uma postura inovativa dos empreendedores brasileiros. 
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Rodrigo Gomes Marques Silvestre | Marcos Mueller Schlemm | Simara Maria de Souza Silveira Greco | Joana Paula Machado | Paulo Alberto Bastos Junior
Mesmo aqueles que vislumbram oportunidades de iniciar 
um negócio, em sua maioria, não o fazem com base em um 
produto, processo ou forma organizacional inovadora. 
Certamente, encontram-se exemplos honrosos de empresas 
e empresários nacionais que se colocaram na fronteira 
do desenvolvimento capitalista. Há exemplos no setor 
aeroespacial, em alguns ramos das ciências exatas e mesmo 
na organização de empresas com modelos de gestão alinhada 
com o novo paradigma econômico. O caso brasileiro, 
entretanto, é aquele em que esse comportamento ainda não 
está difundido pela maioria do tecido econômico.
Uma possibilidade para explicar tal comportamento é 
a aparente falta de inserção internacional da economia 
brasileira, que limita a troca de informação inovadora de 
classe mundial. Ao se considerar o Gráfico 3, pode-se notar 
que o Brasil se coloca entre os três países com menor grau de 
expectativa de ter consumidores dos empreendimentos fora 
do país de origem. Essa baixa inserção constitui forte indício 
de que os empreendimentos brasileiros não se propõem a 
atuar com produtos, serviços e processos de classe mundial.
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Gráfico 3 - Prevalência Relativa de Orientação para o Mercado Externo dos 
Empreendimentos em Estágio Inicial – 2002 a 2007
Fonte: Global Entrepreneurship Monitor, 2007, Executive Report.
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As informações contidas nesse gráfico demonstram uma 
diferença na característica dos empreendimentos brasileiros 
com relação aos demais países participantes da pesquisa 
GEM. Essa diferença é mais um elemento que reforça a baixa 
utilização do mercado externo como potencial estimulador da 
inovação nos empreendimentos nacionais. Isso significa que, 
com menor grau de contato com as demandas internacionais, os 
empreendedores brasileiros deixam de assimilar importantes 
informações para o desenvolvimento de processos e produtos 
novos para os consumidores no nível internacional. Nesse 
aspecto, podem-se observar regiões, como Hong Kong, que 
apresentam elevados níveis de empreendedorismo inovador, 
sendo também onde a orientação dos negócios para o mercado 
externo é mais marcante.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As exposições sobre empreendedorismo no Brasil, obtidas 
com base nos estudos do IBQP, demonstraram que o país 
se encontra ainda em estágio inicial de desenvolvimento de 
empreendimentos inovadores, entretanto, apresenta grande 
potencial para esse tipo de atividade econômica, haja vista 
a grande participação da população nacional na abertura de 
novos negócios, seja por oportunidade ou por necessidade.
Podem-se destacar três principais fatores que contribuem para 
a baixa capacidade inovadora dos empreendimentos criados no 
Brasil: o contexto socioeconômico, a estrutura do mercado e o 
sistema nacional de inovação. O primeiro fator é característico 
dos negócios nascentes em um contexto econômico e social de 
alta taxa de desemprego e de baixo nível de renda, próprio das 
economias emergentes. A quase totalidade dos empreendedores 
inicia suas atividades sem preocupação com o aprendizado 
tecnológico e com o processo de inovação. Esses negócios 
seguem uma trajetória investimento – produção – inovação, 
sendo que a inovação nesse estágio refere-se basicamente à 
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montagem de um sistema técnico-físico, ou seja, à aquisição 
de máquinas e equipamentos, bem como a definição do 
ambiente de operação.
Em um negócio em estágio inicial, o conhecimento tácito 
e o acúmulo de capacidade tecnológica do empreendedor 
e sua equipe encontram-se também em fase inicial de 
aprendizagem, além de os gerentes e administradores terem 
pouca experiência adquirida. As rotinas organizacionais e 
gerenciais, os procedimentos, os processos e os fluxos de 
produção igualmente se encontram em fase de implementação 
e desenvolvimento.
Portanto, quando se fala em inovação de negócios iniciais, fala-se 
na capacidade de esses negócios operarem novos processos 
de produção, de implementarem sistemasorganizacionais e 
desenvolverem projetos de engenharia. No Brasil, são raras 
e recentes as experiências de negócios que nascem seguindo 
a seqüência inovação – investimento – produção. Esses 
empreendimentos são gerados, normalmente, por incubadoras 
tecnológicas ou por redes de cooperação entre universidades 
e negócios estabelecidos.
Toda a constatação apresentada anteriormente é confirmada 
pelos dados apresentados no GEM, que mostram já ser conhecida 
pelo mercado grande parte dos negócios desenvolvidos. 
Esses negócios utilizam tecnologias disponíveis e produzem 
produtos e serviços conhecidos e com muitos concorrentes no 
mercado. 
No Brasil, a grande maioria dos empreendimentos produz para 
o mercado local, ou regional, e o produto compete por meio 
de preço e não pela diferenciação e qualidade. Portanto, os 
negócios iniciais, também pela via da estrutura de mercado, 
são pouco inovadores. Por fim, outro fator apontado por este 
estudo é o incipiente sistema nacional de inovação, que não 
cria ambiente propício ao acúmulo de competências e ao 
aprendizado tecnológico interativo.
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Rodrigo Gomes Marques Silvestre | Marcos Mueller Schlemm | Simara Maria de Souza Silveira Greco | Joana Paula Machado | Paulo Alberto Bastos Junior
Inegavelmente, o sistema de inovação brasileiro encontra-se 
em estágio inicial de desenvolvimento, no qual não são 
predominantes as relações de cooperação entre empresas na 
busca de novos mercados, de desenvolvimento tecnológico, 
do desenvolvimento de fornecedores e da resolução de 
problemas organizacionais. Os empreendimentos iniciais 
não apresentam economias de escala, escopo, nem poder de 
negociação para enfrentar as turbulências do mercado e as 
exigências impostas pela competição internacional. 
Contudo, ações cooperativas entre pequenos empreendedores 
podem superar a fragilidade do pequeno capital e criar 
condições para o enfrentamento conjunto no mercado. Recente 
e tortuoso, também, se faz o caminho da cooperação entre 
universidades e empresas.
Atualmente, verifica-se uma aproximação entre esses 
dois agentes. Apesar do esforço no sentido de estruturar 
um sistema de inovação criador de ambiente propício ao 
desenvolvimento tecnológico e ao desenvolvimento de 
capacidade de aprendizado das empresas, a eficácia desses 
instrumentos tem sido muito pequena, principalmente, no 
que se refere ao desenvolvimento do empreendedorismo 
inovador no Brasil.
REFERÊNCIAS
EMPREENDEDORISMO NO BRASIL: 2006. Curitiba: 
IBQP, 2007.
EMPREENDEDORISMO NO BRASIL: 2007. Curitiba: 
IBQP, 2008.
PEREZ, C. Cámbio técnico, restrutración competitiva y 
reforma institucional en los países en desarrollo. v. 61, El 
Trimestre Econômico, 1992, p. 23-64.
35
C
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Ã
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SCHUMPETER, J. O processo de destruição criadora. In: 
Capitalismo, Socialismo y Democracia. Barcelona: Folio, 1996.
TEECE, D.; PISANO, G.; SHUEN, A. Dynamic capabilities 
and strategic management. In: (DOSI, G. et al. Orgs.) The 
nature and dynamics of organizational capabilities. Oxford: 
UP, 2002, P. 334-362.
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INCUBADORAS
José Alberto Sampaio Aranha
1. HISTÓRICO
Os programas de incubação de empresas nasceram nos 
Estados Unidos da expansão de três diferentes movimentos 
desenvolvidos simultaneamente: condomínios de empresas, 
investimentos em novas empresas de tecnologia e programas 
de empreendedorismo.
Segundo a National Business Incubation Association (NBIA), 
a primeira incubadora surgiu na cidade de Batavia, New 
York, em 1959. Segundo Dias, a expressão incubadora de 
empresas nasceu quando uma das maiores indústrias desse 
estado, a Massey Ferguson, fechou as 
portas, deixando um galpão de quase 80 
mil m² e uma taxa de 20% de desemprego 
na região.
O empresário americano Joseph Mancuso 
comprou as instalações para arrendá-la a 
uma empresa que pudesse empregar a 
população e reacender o mercado regional. 
Entretanto, a família desistiu da idéia de 
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José Alberto Sampaio Aranha
arrendar o galpão para uma grande empresa e subdividiu-o 
em áreas menores sublocando-as para novos empreendedores 
iniciarem atividades de pequenas empresas. Mancuso 
disponibilizou, além de espaço físico individualizado, uma 
série de áreas e serviços compartilhados, tais como: serviços 
de limpeza, contabilidade, vendas, marketing, dentre 
outros. Com isto, conseguiu reduzir os custos operacionais 
das empresas ali instaladas, aumentando, portanto, sua 
competitividade. 
Esse mecanismo de apoio ao empreendedorismo denominava-
se Batavia Industrial Center (Centro Industrial de Batávia) e, 
como dentre as primeiras empresas hospedadas por Mancuso 
estava um aviário, acabou conferindo ao prédio o apelido de 
incubadora.
O fato gerador da concepção das incubadoras de empresas 
sob o ponto de vista das novas empresas de tecnologia foi o 
êxito obtido pela região hoje conhecida como vale do Silício, 
na Califórnia. Iniciativas de jovens estudantes e da própria 
Universidade de Stanford, na década de 1950, criaram um 
Parque Industrial e, posteriormente, um Parque Tecnológico 
(Stanford Research Park), a fim de promover a transferência 
da tecnologia desenvolvida na universidade para empresas 
e a criação de novas empresas intensivas em tecnologia, 
sobretudo do setor eletrônico.
A história das garagens inicia-se com Frederik Terman, reitor 
do Departamento de Engenharia Eletrotécnica da Universidade 
de Stanford, que emprestou pouco mais de 500 dólares (um 
business angel antes do tempo) a dois jovens licenciados 
da universidade que, em janeiro de 1939, iniciaram, numa 
garagem, uma microempresa de «engenhocas» eletrotécnicas 
denominada com o sobrenome dos dois, a mundialmente 
conhecida Hewlett & Packard (HP). 
Essa história continuou na região e dois Steve, um Jobs e 
outro Wozniac, em 1975, juntaram 1300 dólares (Wozniac 
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vendeu sua calculadora científica HP e Steve Jobs, uma 
pequena perua volkswagen). Começaram, então, a montar o 
primeiro protótipo do Apple I na garagem da casa dos pais 
de Jobs. 
Os dois tinham se conhecido em um clube de aficionados 
por computador chamado Homebrew Computer Club, em 
Palo Alto, na Califórnia, o que mostra a importância de um 
ambiente de inovação.
Em virtude de condições favoráveis, tais como: infra-
estrutura, serviços de apoio, disponibilidade de investidores 
para aplicar capital de risco, proximidade de universidades 
e centros tecnológicos (MIT, Harvard), mais uma experiência 
norte-americana deve ser citada: a Route 128, na região de 
Boston, onde surgiu um complexo de desenvolvimento de 
empresas semelhante a uma incubadora.
Paralelamente, por iniciativa da National Science Foundation1 
dos Estados Unidos, as maiores universidades do país iniciaram 
programas de empreendedorismo e de geração de inovação em 
centros de pesquisa, direcionando alunos e professores para a 
transferência de conhecimentos e tecnologias produzidos na 
esfera acadêmica para a sociedade. 
Somando-se aos condomínios de empresas e aos programas 
de empreendedorismo, alguns investidores começaram a 
demonstrar interesse (atualmente, cada vez maior) de investir 
tempo e dinheiro em novos empreendimentos surgidos nesses 
ambientes de inovação. 
Na Europa, as incubadoras surgiram na Inglaterra, com o 
fechamento de uma subsidiária da British Steel Corporation 
(que estimulou a criação de pequenas empresas em 
áreas relacionadas à produção do aço, preconizando uma 
terceirização) e, também, em decorrência do reaproveitamento 
de prédios subutilizados.
1 http://www.nsf.gov/
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José Alberto Sampaio Aranha
No Brasil, com o objetivo de ser um instrumento de 
transferência de tecnologia das universidades para o setor 
produtivo, em 1984, o presidente do CNPq, professor 
LynaldoCavalcanti, criou cinco fundações tecnológicas em 
cinco estados brasileiros: em Campina Grande (PB), São 
Carlos (SP), Porto Alegre (RS), Manaus (AM) e Florianópolis 
(SC). Surgiu assim a primeira incubadora de empresas do 
Brasil e da América Latina, em dezembro de 1984, quando 
foram instaladas quatro empresas no ParqTec de São Carlos. 
Seguiram-na, ainda na década de 1980, outras incubadoras 
em Campina Grande (PB), Florianópolis (SC) e Rio de 
Janeiro (RJ).
Em 1987, foi criada a Associação Nacional de Entidades 
Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC)2, 
que iniciou a articulação do movimento de criação de 
incubadoras de empresas no país, afiliando incubadoras ou 
suas instituições gestoras. O movimento no Brasil, além de 
pujante, utiliza o conceito de incubadora para além dos três 
movimentos originais.
Em 1991, com a adesão da Federação da Indústria do 
Estado de São Paulo (FIESP), o movimento constitui-se num 
marco para a história das incubadoras de empresas do setor 
tradicional. Por meio de uma parceria entre a FIESP e a 
Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), é inaugurada 
a primeira incubadora de empresas do setor tradicional do 
país, na cidade de Itu.
A proposta da ITCP/COPPE foi apresentada originalmente 
durante uma reunião da Ação da Cidadania contra a Fome, a 
Miséria e pela vida, em 5 de janeiro de 1995, no Fórum de 
Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro 
(UFRJ). Tinha por enfoque a implementação da proposta 
de conjugar a experiência bem-sucedida de incubação de 
empresas de tecnologias com uma alternativa viável de inclusão 
socioeconômica. Dessa iniciativa, nascem as incubadoras de 
tecnologias sociais para o desenvolvimento, no Brasil.
2 http://www.anprotec.org.br/
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Em 1998, o Governo Federal, para fomentar o surgimento de 
micro e pequenas empresas inovadoras, por meio do Ministério 
de Ciência e Tecnologia (MCT) e suas agências CNPq e FINEP; 
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
(MIDC); do Serviço Brasileiro de Apoio às micro e pequenas 
empresas (SEBRAE) e de outros parceiros, lança o Programa 
Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas (PNI ).
Em 1999, foi criado, dentro da incubadora tecnológica 
de Campina Grande, o programa de incubação de micro e 
pequenas unidades agroindustriais em comunidades rurais 
no semi-árido paraibano, aglutinadas, para a comercialização 
de seus produtos à Cooperativa de Agroindústria Ltda/ 
COOAGRILL, uma empresa incubada da ITCG3.
Em 2002, o Instituto Gênesis, a fim de consolidar o 
planejamento inicial de associar a produção artístico-cultural 
ao desenvolvimento tecnológico, aproveitando a experiência e 
o sucesso conseguidos na sua incubadora tecnológica, lança a 
primeira incubadora cultural da América Latina.
2. MAS, O QUE É UMA INCUBADORA?
Segundo a NBIA, uma incubadora de negócios é um catalisador 
do processo para se iniciar e fazer crescer empreendimentos 
nascentes. Para a ANPROTEC4, na sua publicação Glossário 
dinâmico de termos, a incubadora é um agente facilitador do 
processo de empresariamento e inovação tecnológica para 
micro e pequenas empresas.
O nome incubadora, que, a princípio, não representaria a 
verdadeira intenção do movimento, vem a cada dia sendo 
mais representativo. O significado dessa palavra evoca 
maternidade (nascimento) e indica aparelho controlável 
(condições de apoio individualizado) destinado a manter 
recém-nascidos prematuros ou muito fracos (idéias, projetos 
3 Incubadora Tecnológica de Campina Grande
4 ANPROTEC – Rede Incubar - http://www.redeincubar.org.br/
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e empreendimentos nascentes). Esse ambiente controlado 
aumenta muito o nível de sobrevivência dos bebês (novas idéias 
ou empreendimentos), pois, deixa-os mais bem preparados 
para enfrentar as condições adversas do ambiente.
Cada modelo de incubadora é adequado a uma determinada 
circunstância, a uma necessidade em particular, com o fim de 
permitir opção pelo modelo mais apropriado no momento de 
se utilizar esse mecanismo, demandando estudos referentes 
mais detalhados (ver Tipos de Incubadoras, Aranha). 
Pode-se ter incubadoras por tipo de empreendimento 
(incubadora de empresas de software e de internet), pelo 
espaço ocupado para incubação (incubadora física, virtual) 
ou por comunidades (empresas ou cidades que funcionam 
como incubadoras). 
O importante para o presente artigo é destacar que uma 
incubadora consiste num processo, num mecanismo (e não 
numa organização ou localidade) dos mais eficientes para a 
criação de empresas e de transformação de conhecimento 
em processos, produtos e serviços.
O grande desafio do movimento, conforme Fiates5, é qualificar 
as incubadoras como ambientes capazes de disponibilizar 
soluções e serviços que façam a diferença para o crescimento 
e a competitividade de empreendimentos, promovendo 
a potencialização, padronização e inovação de sua 
‘plataforma de soluções’ de infra-estrutura, de equipe, de 
serviços, networking e marca.
5 José Eduardo Fiates, diretor do CELTA de Santa Catarina e presidente da ANPROTEC.
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3. PROCESSO
William Bolton (Pereira, 2002, p. 39) realizou um estudo, 
buscando identificar os motivos pelos quais as empresas 
surgiam com base em ações de universidades ou centros 
de pesquisa. Como resultado desse estudo, ele “criou um 
modelo visando reproduzir o fenômeno em outras localidades 
com outros agentes”. Esses motivos podem ser considerados 
pré-requisitos para a existência de uma incubadora.
No processo, foram identificados quatro fatores responsáveis 
pelo surgimento de novas empresas, aos quais ele denominou 
grupos viabilizadores: Grupo Fonte: elementos com potencial 
de idéias de negócios viáveis; Grupo Mercado: clientes, 
parceiros e concorrentes; Grupo Ambiente: elementos e 
condições ambientais influentes na vida da empresa e Grupo 
Suporte: elementos apoiadores do desenvolvimento e da 
consolidação do empreendimento.
A incubadora atua como grupo suporte na ligação do grupo 
fonte ao grupo mercado e, para tanto, faz uma seleção dos 
empreendimentos potenciais, apóia a empresa durante certo 
período (tempo de residência (tr)) até ela se tornar auto-
suficiente. A partir desse ponto, o empreendimento pode se 
graduar, passando a vivenciar um período de pós-incubação. 
À relação entre o número de empresas, que entram na 
incubadora e que permanecem operando por cinco anos após 
a graduação, chama-se taxa de sobrevivência (ts). 
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Fatores viabilizadores de novos empreendimentos (Bolton).
GRUPO
AMBIENTE
ID
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GRUPO
SUPORTE
GRUPO
FONTE
GRUPO
MERCADO
O objetivo da incubadora é produzir empresas de qualidade 
no final, para tanto, recomenda-se ter candidatos de 
qualidade desde o início do processo.
Eficiência do Processo = -tr +ts (Aranha) 
-
-
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Um processo de seleção criterioso para entrada no 
empreendimento da incubadora e o apoio consistente 
durante o período de residência melhoram a qualidade dos 
empreendimentos gerados e a eficiência do processo (grupo 
fonte ao grupo mercado) responsáveis pela taxa de sucesso 
ou sobrevida (ts). Aliás, uma das premissas básicas dos 
processos de incubação é exatamente a de tornar essa taxa 
mais elevada que as constatadas nas empresas nascidas em 
ambientes desprotegidos.
Menor tempo de incubação representa de maneira geral menor 
custo para a formação da empresa. Pode-se, portanto, definir 
que o máximo de eficiência a ser alcançado pelo processo 
da incubadora está no menor tempo de incubação (tr) com o 
maior percentual de sobrevida

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