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1 2 Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reprodu- zida por qualquer meio impresso, eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e expresso consentimento da Editora. A utilização de citações do texto deverá obedecer as regras editadas pela ABNT. As ideias, conceitos e/ou comentários expressos na presente obra são criação e elaboração exclusiva do(s) autor(es), não cabendo nenhuma responsabilidade à Editora. Essere nel Mondo Rua Borges de Medeiros, 76 Cep: 96810-034 - Santa Cruz do Sul Fones: (51) 3711.3958 e 99994. 7269 www.esserenelmondo.com.br Bibliotecária responsável: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406 Catalogação: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406 Revisão metodológica e gramatical pelos autores Diagramação: Agência Nakao www.agencianakao.com Prefixo Editorial: 5479 Número ISBN: 978-85-5479-013-4 Brevíssimas notas ao CPC/2015 / [recurso eletrônico] / Felipe Augusto de Toledo Moreira, Rafael de Arruda Alvim Pinto. – 5. ed. atual., rev. e ampl. – Santa Cruz do Sul: Essere nel Mondo, 2018. 197 p. Texto eletrônico. Modo de acesso: World Wide Web. 1. Processo civil. 2. Direito processual. I. Pinto, Rafael de Arruda Alvim. II. Título. CDD-Dir: 341.46 M838b 3 Felipe Augusto de Toledo Moreira Rafael de Arruda Alvim Pinto BREVÍSSIMAS NOTAS AO CPC/2015 2018 5ª Edição Atualizada, revisada e ampliada 4 CONSELHO EDITORIAL Prof. Dr. Alexandre Morais da Rosa – Direito – UFSC e UNIVALI/Brasil Prof. Dr. Alvaro Sanchez Bravo – Direito – Universidad de Sevilla/Espanha Prof. Dr. Argemiro Luís Brum –Economia – UNIJUI/Brasil Prof. Dr. Carlos M. Carcova – Direito – UBA/Argentina Profª. Drª. Caroline Müller Bitencourt – Direito – UNISC/Brasil Prof. Dr. Demétrio de Azeredo Soster – Ciências da Comunicação – UNISC/Brasil Prof. Dr. Eduardo Devés – Direito e Filosofia – USACH/Chile Prof. Dr. Eligio Resta – Direito – Roma Tre/Itália Profª. Drª. Gabriela Maia Rebouças – Direito – UNIT/SE/Brasil Prof. Dr. Gilmar Antonio Bedin – Direito – UNIJUI/Brasil Prof. Dr. Giuseppe Ricotta – Sociologia – SAPIENZA Università di Roma/Itália Prof. Dr. Humberto Dalla Bernardina de Pinho – Direito – UERJ/UNESA/Brasil Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – Direito – PUCRS/Brasil Prof. Dr. Janriê Rodrigues Reck – Direito – UNISC/Brasil Prof. Dr. João Pedro Schmidt – Ciência Política – UNISC/Brasil Prof. Dr. Jose Luis Bolzan de Morais – Direito – UNISINOS/Brasil Profª. Drª. Kathrin Lerrer Rosenfield – Filosofia, Literatura e Artes – UFRGS/Brasil Profª. Drª. Katia Ballacchino – Antropologia Cultural – Università del Molise/Itália Profª. Drª. Lilia Maia de Morais Sales – Direito – UNIFOR/Brasil Prof. Dr. Luís Manuel Teles de Menezes Leitão – Direito – Universidade de Lisboa/Portugal Prof. Dr. Luiz Rodrigues Wambier – Direito – UNIPAR/Brasil Profª. Drª. Nuria Belloso Martín – Direito – Universidade de Burgos/Espanha Prof. Dr. Sidney César Silva Guerra – Direito – UFRJ/Brasil Profª. Drª. Silvia Virginia Coutinho Areosa – Psicologia Social – UNISC/Brasil Prof. Dr. Ulises Cano-Castillo – Energia e Materiais Avançados – IIE/México Profª. Drª. Virgínia Appleyard – Biomedicina – University of Dundee/ Escócia COMITÊ EDITORIAL Profª. Drª. Fabiana Marion Spengler – Direito – UNISC/Brasil Prof. Me. Theobaldo Spengler Neto – Direito – UNISC/Brasil 5 NOTA À 5ª EDIÇÃO* A quinta edição deste e-book, além das alterações mencionadas na edição an- terior, trazidas pela Lei Federal nº 13.256, de 04 de fevereiro de 2016, também está atualizada de acordo com as modificações advindas da publicação da Lei Federal nº 13.363, de 25 de novembro de 2016 e da Lei Federal nº 13.465, de 11 de julho de 2017. Nosso objetivo permanece intacto: apresentar as novidades da sistemática processual civil em vigor de maneira direta, objetiva, didática e atualizada, voltada especificamente àqueles que desejam se inteirar do que foi modificado de forma rá- pida e simples. Ao longo do texto, esquemas, tabelas e diagramas vão servir como facilitado- res da compreensão e leitura dos tópicos teóricos selecionados. Os Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) foram atualizados de acordo com as revisões, cancelamentos e inclusões aprovados na últi- ma reunião, ocorrida em 24, 25 e 26 de março de 2017 na cidade de Florianópolis/SC. Da mesma forma, todos os textos foram revisados e ampliados a partir da in- clusão, quando pertinente, de julgados atualizados dos tribunais do país. E, para aqueles que nos acompanham desde as edições anteriores, além do nosso especial agradecimento pela confiança no trabalho desenvolvido, manteremos o combinado de encaminhar esta e as edições posteriores de forma integral e gra- tuita, sem que se faça novo investimento com a aquisição de edições atualizadas, tal como ocorre com a maioria das obras jurídicas que conhecemos. Obrigado por estar ao nosso lado nessa jornada de muito aprendizado mútuo, dedicação e crescimento intelectual. Que possamos continuar firmes e confiantes no nosso propósito maior de construir uma sociedade mais humana e fraterna. Um abraço e excelente leitura! Os Autores. Janeiro de 2018. *As edições anteriores foram publicadas em forma de e-book sem catalogação na Biblioteca Nacional e ISBN. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................11 VETOS DA PRESIDÊNCIA DA REPúBLICA .............................. 13 ESTRUTURAÇÃO GERAL DO NOVO CóDIGO ...................................15 PARTE GERAL ....................................................................................... 16 NORMAS FUNDAMENTAIS E O MODELO CONSTITUCIONAL DO PROCESSO CIVIL........................................................17 BOA-Fé OBjETIVA NO ÂMBITO PROCESSUAL ...........................................17 COOPERAÇÃO PROCESSUAL .......................................................................... 20 PRINCÍPIO DO CONTRADITóRIO ........................................................................21 A ORDEM CRONOLóGICA DE CONCLUSÃO PARA jULGAMENTO ........................................................................................... 23 APLICAÇÃO SUPLETIVAE SUBSIDIÁRIA DO CPC/2015 AOS PROCESSOS ELEITORAIS, TRABALHISTAS E ADMINISTRATIVOS .......................................................... 26 CONDIÇõES DA AÇÃO ..........................................................................................27 LIMITES DA jURISDIÇÃO NACIONAL ............................................................. 28 COMPETÊNCIA INTERNA .................................................................................... 30 CONExÃO ..................................................................................................................31 CONTINÊNCIA ......................................................................................................... 33 INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA EM PRELIMINAR DA CONTESTAÇÃO ..................................................................... 34 CONCILIAÇÃO, MEDIAÇÃO E OUTROS MéTODOS DE SOLUÇÃO CONSENSUAL DE CONFLITOS .............................................. 34 ARBITRAGEM, MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO ................................................. 35 PROCESSO “EM TRÂNSITO” – TRASLATIO IUDICI .......................................37 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS ..................................... 38 GRATUIDADE PARCIAL NO CPC/2015? ........................................................ 40 LITISCONSóRCIO NECESSÁRIO OU FACULTATIVO? UNITÁRIO OU SIMPLES? ..................................................................................... 41 LITISCONSóRCIO NECESSÁRIO ATIVO? ...................................................... 43 INTERVENÇÃODE TERCEIROS ......................................................................... 44 7 ASSISTÊNCIA SIMPLES E LITISCONSORCIAL ............................................. 46 DENUNCIAÇÃO DA LIDE ...................................................................................... 46 CHAMAMENTO AO PROCESSO ....................................................................... 49 INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE jURÍDICA ............................................................................. 49 AMICUS CURIAE .................................................................................................... 52 DEVER-PODER GERAL DE EFETIVAÇÃO DO jUIz ..................................... 53 IMPEDIMENTO DO jUIz NO CPC/2015 ...........................................................55 SUSPEIÇÃO DO jUIz NO CPC/2015 ................................................................ 56 NEGóCIOS jURÍDICOS PROCESSUAIS ......................................................... 58 ATOS ORDINATóRIOS NO CPC/2015 ............................................................. 62 DESPACHOS NO CPC/2015 ............................................................................... 63 SENTENÇAS NO CPC/2015 ................................................................................ 65 PRAzOS PROCESSUAIS EM DIAS úTEIS E SUSPENSÃO DO CURSO DO PRAzO PROCESSUAL ENTRE 20 DE DEzEMBRO E 20 DE jANEIRO DE CADA ANO ........................................67 AS MODALIDADES DE CARTAS NO CPC/2015 ........................................... 68 NULIDADES PROCESSUAIS .............................................................................. 69 NÃO HÁ NULIDADE SEM PREjUÍzO! ...............................................................70 TUTELA PROVISóRIA ............................................................................................71 TUTELAS PROVISóRIAS DE URGÊNCIA EM CARÁTER ANTECEDENTE ...................................................................................73 TUTELA DA EVIDÊNCIA........................................................................................76 PARTE ESPECIAL ...................................................................78 PROCEDIMENTO COMUM E INCIDENTES PROCESSUAIS ........................79 PETIÇÃO INICIAL ....................................................................................................79 PEDIDO .................................................................................................................... 80 RECONVENÇÃO ...................................................................................................... 81 SANEAMENTO COMPARTILHADO.................................................................. 83 DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA ........................................ 84 PROVA EMPRESTADA ........................................................................................ 86 PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA ............................................................87 8 ATA NOTARIAL COMO MEIO DE PROVA TÍPICO ......................................... 88 DEPOIMENTO PESSOAL ..................................................................................... 89 CONFISSÃO ............................................................................................................. 91 ExIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA .......................................................... 92 PROVA DOCUMENTAL ........................................................................................ 93 PROVA TESTEMUNHAL ...................................................................................... 95 PROVA PERICIAL E INSPEÇÃO jUDICIAL ..................................................... 96 MOTIVAÇÃO DAS DECISõES jUDICIAIS ........................................................97 DECISÃO “VESTIDINHO PRETO” NO CPC/2015 .......................................... 99 REMESSA NECESSÁRIA ....................................................................................100 COISA jULGADA DE RESOLUÇÃO DE QUESTÃO PREjUDICIAL ...................................................................................102 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA .......................................................................103 PRISÃO CIVIL .........................................................................................................105 SEPARAÇÃO E DIVóRCIO ................................................................................. 107 PROCEDIMENTOS DE jURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA ...................................108 PROTESTO DE DECISÃO jUDICIAL NO CPC/2015 ..................................... 115 PROCESSO DE ExECUÇÃO ................................................................................116 CRéDITO DE CONTRIBUIÇÃO CONDOMINIAL COMO ESPéCIE DE TÍTULO ExECUTIVO ExTRAjUDICIAL ................................... 117 FRAUDE À ExECUÇÃO E ENUNCIADO Nº 375 DA SúMULA DO STj ............................................................................................119 OBjEÇÃO DE PRé-ExECUTIVIDADE NO CPC/2015 .................................122 PRECEDENTES ......................................................................................................123 jURISPRUDÊNCIA DEFENSIVA ......................................................................124 SUSTENTAÇÃO ORAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO .........................126 EFEITO VINCULANTE NO INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA ...............................................................................................128 INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE ....................129 HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA ..........................................130 CONCESSÃO DE ExEQUATUR ÀS CARTAS ROGATóRIAS ....................132 AÇÃO RESCISóRIA NO CPC/2015 ..................................................................133 A POSSIBILIDADE DE RESCISÃO PARCIAL NO CPC/2015 .....................135 9 INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS ..................136 SUSPENSÃO OBRIGATóRIA DOS PROCESSOS NO IRDR? ....................138 CABE RECLAMAÇÃO jUNTO AOS TRIBUNAIS DE jUSTIÇA? ..............140 DISPOSIÇõES GERAIS SOBRE OS RECURSOS NO CPC/2015 ..............140 REVISITANDO ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES DA TEORIA GERAL DOS RECURSOS .............................................................143 EFEITOS DOS RECURSOS NO CPC/2015 ....................................................146 NOVIDADES DO CPC DE 2015 SOBRE OS RECURSOS ...........................150 ADMISSIBILIDADE RECURSAL ........................................................................154 SISTEMA RECURSAL .......................................................................................... 157 RECURSO ADESIVO ............................................................................................ 157 QUANDO SE COMPROVA FERIADO LOCAL NO RECURSO? ......................................................................................................158 RECURSO DESERTO? .........................................................................................159 APELAÇÃO ..............................................................................................................161 TUTELA PROVISóRIA NA SENTENÇA? ........................................................164 AGRAVO DE INSTRUMENTO .............................................................................165 é TAxATIVO O ROL DO ART. 1.015? ................................................................168 AGRAVO INTERNO ..............................................................................................168 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ........................................................................ 170 RECURSO ORDINÁRIO NO CPC/2015 ............................................................173 A DISCIPLINA jURÍDICA COMUM DOS RECURSOS ExTRAORDINÁRIOS LATO SENSU ......................................... 174 COMO FICOU, ENTÃO, O jUÍzO DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS APóS A LEI FEDERAL Nº 13.256/2016? .......................177 RECURSO ESPECIAL VERSANDO SOBRE QUESTÃO CONSTITUCIONAL E RECURSO ExTRAORDINÁRIO COM OFENSA REFLExA À CONSTITUIÇÃO ................................................................................................. 179 RECURSOS AOS TRIBUNAIS SUPERIORES ................................................ 180 USUCAPIÃO ExTRAjUDICIAL ........................................................................ 180 BREVES CONCLUSõES ..................................................... 182 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................... 183 ANExOS ...................................................................................185 Quais enunciados das Súmulas do STF e do STj perderam nitidamente fundamento de validade com o CPC/2015 (APóS AS ALTERAÇõES TRAzIDAS PELA LEI FEDERAL Nº 13.256/2016)? .....................................185 Prazos de 05 Dias Importantes NO CPC/2015 ............................................ 187 Prazos de 10 Dias Importantes no CPC/2015 ............................................... 187 Prazos de 15 Dias Importantes no CPC/2015 ............................................... 187 RESOLUÇõES DO CNj .......................................................................................194 Enunciados administrativos do STj sobre o CPC/2015 ...........................195 Clique no botão abaixo para adquirir e continuar a leitura. 11 INTRODUÇÃO Temos um Novo Código de Processo Civil, que entrou em vigor no dia 18 de março de 2016 (um ano de vacatio legis – CPC/2015, art. 1.045). Como havia certo dissenso acerca do dia exato de início da vigência do Novo Código, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no dia 02 de março de 2016, aprovou em Plenário o Enunciado Administrativo nº 01 (cf. os demais Enunciados Administrati- vos, aprovados pelo Plenário do STJ na sessão de 02 de março de 2016: http://www.stj. jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Institucional/Enunciados-administrativos): O Plenário do STJ, em sessão administrativa em que se interpretou o art. 1.045 do novo Código de Processo Civil, decidiu, por unanimidade, que o Código de Processo Civil aprovado pela Lei n. 13.105/2015, entrará em vigor no dia 18 de março de 2016. Se isso era ou não função e competência do STJ é outra história, mas fato é que trouxe maior segurança jurídica aos jurisdicionados diante do novo sistema que logo entraria em vigor, mesmo porque já se estava às vésperas da vigência do CPC/2015, independentemente da “corrente doutrinária” que se tivesse adotado. Uma das discussões que se têm travado na doutrina é no sentido de saber se esse “Novo Código” é novo mesmo ou se não se trata, pura e simplesmente, de mais uma (grande) reforma do CPC/73. Aos olhos de parte dos estudiosos do direito do país, trata-se de uma reforma do CPC/73, porque não há grandes alterações, não há mudanças de paradigmas. No entanto, outros entendem que, no campo do direito, as alterações devem ser lentas, porque devem acompanhar as necessidades sentidas na sociedade. E, como se sabe, as sociedades se modificam lentamente. Segundo essa outra parcela de estudiosos, a alteração do direito não se dá apenas com “boas ideias”, mas com ideias que, além de boas, possam ser assimiladas e bem utilizadas pelos operadores, para que gerem resultados positivos para a sociedade. Trata-se, assim, de uma perspectiva verdadeiramente pragmática. Nesse sentido, é bom lembrar a advertência: Não se quis, com o novo Código, “zerar” o direito processual, fazer “tábula rasa” de tudo o que existe. Quis-se, sim, inovar, a partir do que já existe, respeitando as conquistas, dando-se passos à frente. Assim é que devem ocorrer as mudanças das ciências ditas sociais, da lei, da jurisprudência: devagar. Porque também devagar mudam as sociedades. Nada de mudanças bruscas, que não correspondem àquilo que se quer, que assustam, atordoam e normalmente não são satisfatoriamente assimiladas. Não há razão para não se manter tudo o que de positivo já tínhamos conce- bido. Nada como se engendrar um novo sistema, de forma equilibrada, entre conservação e inovação. (Teresa Arruda Alvim WAMBIER, Maria Lúcia Lins CONCEIÇÃO, Leonardo Ferres da Silva RIBEIRO e Rogerio Licas- 12 tro Torres de MELLO, Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo, p. 55). De fato, o Novo Código pretende encerrar muitas discussões doutrinário-ju- risprudenciais, tendo tomado posições firmes acerca de determinados temas polê- micos, além de inovar em matérias não positivadas, como é o caso, por exemplo, da disciplina própria para o amicus curiae e para o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, agora vistos como novas modalidades de intervenção de terceiros (CPC/2015, arts. 133 a 138). Portanto, ainda segundo essa óptica pragmática, as alterações trazidas pelo CPC/2015, que são muitas, não inovam mais do que de deveriam inovar. Parece que, de fato, o que há de novo no CPC já estava de certa maneira potencialmente presente nas críticas da doutrina, nas queixas dos juízes, dos advogados, naquilo que já estava sendo objeto de discussões em congressos, cursos e encontros de processualistas. Vamos a mais alguns exemplos. O sistema está mais organizado, o que facilita seu manuseio. O Novo Código tem uma Parte Geral (CPC/2015, arts. 1º a 317) – o que acaba com as discussões sobre se determinado instituto, que estava na parte do Código que trata do processo de conhecimento, por exemplo, aplica-se ou não à execução. Todas as espécies de tutelas que podem ser concedidas com base em cognição não exauriente – tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, ou da evidên- cia – estão tratadas conjuntamente (CPC/2015, arts. 294 a 311). No CPC/73, a tutela antecipada estava separada da tutela cautelar. Alguns procedimentos especiais foram extintos, porque, mesmo à luz da últi- ma versão do CPC/73 – depois de todas as reformas pelas quais passou – nada mais tinham de especiais. Em contrapartida, está prevista a possibilidade de as partes e o juiz construírem, em certa medida, o procedimento, adaptando-o às peculiaridades do caso concreto (CPC/2015, art. 190). As alterações quanto aos recursos não foram no sentido de diminuir drasti- camente as espécies recursais. Não há mais agravo retido, mas se alterou o regime da preclusão em relação à impugnação das interlocutórias contra as quais não cabe agravo de instrumento: deverão ser objeto de preliminar no recurso de apelação (CPC/2015, art. 1.009, § 1º). Portanto, a extinção desse recurso não muda nada para a parte. O único recurso que foi, de fato, excluído do rol, foram os embargos infrin- gentes (CPC/2015, art. 994), substituídos, de certa forma, pela técnica de julgamento prevista no art. 942 do Novo Código. Os recursos excepcionais sofreram alterações que os tornam mais eficientes (CPC/2015, arts. 1.029 a 1.041). Com isso, quer-se dizer que há modificações interes- 13 santes, todas com o objetivo de fazê-los gerar decisões de mérito, como, por exemplo, dispositivos que desencorajam a jurisprudência excessivamente rigorosa quanto à admissibilidade, dita “defensiva”. Na redação original do CPC/2015, o juízo de admissibilidade dos recursos especial e extraordinário seria feito diretamente nos tribunais superiores. Uma das principais alterações trazidas pela Lei Federal nº 13.256/2016 foi justamente restabe- lecer o duplo exame da admissibilidade dos recursos excepcionais, com a justificati- va de que seria impossível concentrar tudo nas instâncias superiores, sem estrutura física e de recursoshumanos para absorver toda essa demanda. Também, em função disso, foram alteradas as disposições que tratavam do agravo em recurso especial e extraordinário (CPC/2015, art. 1.042). Deu-se ênfase às formas extrajudiciais de resolução de conflito, tendo-se, por exemplo, criado uma audiência – em que pode haver mediação ou conciliação – na qual as partes devem comparecer caso não se expressem, ambas, no sentido de não o quererem, antes mesmo de ser apresentada a contestação (CPC/2015, art. 334). Proibiram-se as decisões-surpresa: mesmo que se trate de matéria de ordem pública, deve o juiz sempre proporcionar às partes a possibilidade de se manifestar antes da decisão (CPC/2015, art. 10). Enfim, nada há de “outro planeta”. Mas isso, segundo a grande maioria dos doutrinadores, é muito bom! Até por- que, como se sabe, alterações da lei não têm o condão de, sozinhas, fazer operar milagres. Para que a lei produza bons resultados, é necessário que seja interpretada e aplicada por homens que a compreendam e que, com boa vontade, queiram extrair dela todo o seu verdadeiro potencial. VETOS DA PRESIDÊNCIA DA REPúBLICA Após análise por parte da Presidência da República, a Mensagem nº 56, de 16 de março de 2015, trouxe as razões para os vetos em relação a 07 (sete) dispositivos do Novo Código, todos fundamentados na contrariedade ao interesse público, nos termos do artigo 66, § 1º, da Constituição Federal. De forma esquematizada, temos: 14 15 ESTRUTURAÇÃO GERAL DO NOVO CóDIGO Conforme já se apontou, atendendo a um antigo reclamo da doutrina, o Novo Código de Processo Civil tem uma Parte Geral, a consolidar as normas (princípios e regras) fundamentais do processo civil (arts. 1º a 12), e uma Parte Especial, a cuidar especialmente do processo de conhecimento, do cumprimento de sentença, do pro- cesso de execução e dos meios de impugnação das decisões judiciais. A aludida Parte Geral do CPC de 2015 possui 06 Livros distintos, que tratam, respectivamente, “Das Normas Processuais Civis” (arts. 1º a 15), “Da Função Juris- dicional” (arts. 16 a 69), “Dos Sujeitos do Processo” (arts. 70 a 187), “Dos Atos Pro- cessuais” (arts. 188 a 293), “Da Tutela Provisória” (arts. 294 a 311) e “Da Formação, Suspensão e Extinção do Processo” (arts. 312 a 317). A Parte Especial, por sua vez, apesar de mais extensa, possui apenas 03 Livros: “Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença” (arts. 318 a 770); “Do Processo de Execução” (arts. 771 a 925); e “Dos Processos nos Tribunais e Dos Meios de Impugnação das Decisões Judiciais” (arts. 926 a 1.044). Por fim, cabe ressaltar que o Novo Código também possui um Livro Comple- mentar a fim de tratar “Das Disposições Finais e Transitórias” (arts. 1.045 a 1.072), entre as quais se destacam os dispositivos sobre a vacatio legis (art. 1.045), o direito intertemporal (art. 1.046), a prioridade de tramitação processual (art. 1.048), as al- terações em relação aos Juizados Especiais (arts. 1.062 a 1.066), a uniformização do procedimento para a oposição de embargos de declaração no Código Eleitoral (art. 1.067), a necessidade de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) promover pesquisas periódicas a fim de avaliar a efetividade das normas processuais (art. 1.069) e a pre- visão da usucapião administrativa na Lei de Registros Públicos (art. 1.071). Clique no botão abaixo para adquirir e continuar a leitura. 197 _GoBack art515ii art515iii art515iv art515v art515vi art515vii art515viii art515ix art963ii art963iii art963iv art963v art963vi art998p art995p art1009§1 art1009§2 art1009§3 art942§1 art942§2 art942§3 art942§3i art942§3ii art942§4 art942§4i art942§4ii art942§4iii Estruturação Geral do Novo Código Normas Fundamentais e o Modelo Constitucional do Processo Civil Boa-Fé Objetiva no Âmbito Processual Cooperação Processual Princípio do Contraditório A Ordem Cronológica de Conclusão para Julgamento Aplicação Supletiva e Subsidiária do CPC/2015 aos Processos Eleitorais, Trabalhistas e Administrativos Condições da Ação Limites da Jurisdição Nacional Competência Interna Conexão Continência Incompetência absoluta e relativa em preliminar da contestação Conciliação, Mediação e outros Métodos de Solução Consensual de Conflitos Arbitragem, Mediação e Conciliação Processo “Em Trânsito” – Traslatio Iudici Honorários Advocatícios Sucumbenciais Gratuidade Parcial no CPC/2015? Litisconsórcio Necessário ou Facultativo? Unitário ou Simples? Litisconsórcio Necessário Ativo? Intervenção de Terceiros Assistência Simples e Litisconsorcial Denunciação da Lide Chamamento ao Processo Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica Amicus Curiae Dever-Poder Geral de Efetivação do Juiz Impedimento do Juiz no CPC/2015 Suspeição do Juiz no CPC/2015 Negócios Jurídicos Processuais Atos Ordinatórios no CPC/2015 Despachos no CPC/2015 Sentenças no CPC/2015 Prazos Processuais em Dias Úteis e Suspensão do Curso do Prazo Processual entre 20 de Dezembro e 20 de Janeiro de Cada Ano As Modalidades de Cartas no CPC/2015 Nulidades Processuais Não Há Nulidade Sem Prejuízo! Tutela Provisória Tutelas Provisórias de Urgência em Caráter Antecedente Tutela da Evidência Introdução Vetos da Presidência da República PARTE ESPECIAL Procedimento Comum e Incidentes Processuais Petição Inicial Pedido Reconvenção Saneamento Compartilhado Distribuição Dinâmica do Ônus da Prova Prova Emprestada Produção Antecipada de Prova Ata Notarial como Meio de Prova Típico Depoimento Pessoal Confissão Exibição de Documento ou Coisa Prova Documental Prova Testemunhal Prova Pericial e Inspeção Judicial Motivação Das Decisões Judiciais Decisão “Vestidinho Preto” no CPC/2015 Remessa Necessária Coisa Julgada de Resolução de Questão Prejudicial Cumprimento de Sentença Prisão Civil Separação e Divórcio Procedimentos de Jurisdição Voluntária Protesto de Decisão Judicial no CPC/2015 Processo de Execução Crédito de Contribuição Condominial como Espécie de Título Executivo Extrajudicial Fraude à Execução e Enunciado nº 375 da Súmula do STJ Objeção de Pré-Executividade no CPC/2015 Precedentes JURISPRUDÊNCIA DEFENSIVA Sustentação Oral em Agravo de Instrumento Efeito Vinculante no Incidente de Assunção de Competência Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade Homologação de Decisão Estrangeira Concessão de Exequatur às Cartas Rogatórias Ação Rescisória no CPC/2015 A Possibilidade de Rescisão Parcial no CPC/2015 Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas Suspensão Obrigatória dos Processos no IRDR? Cabe Reclamação junto aos Tribunais de Justiça? Disposições Gerais sobre os Recursos no CPC/2015 Revisitando Alguns Aspectos Importantes da Teoria Geral dos Recursos Efeitos dos Recursos no CPC/2015 Novidades do CPC de 2015 sobre os Recursos Admissibilidade Recursal Sistema Recursal Recurso Adesivo Quando se Comprova Feriado Local no Recurso? Recurso Deserto? Apelação Tutela Provisória na Sentença? Agravo de Instrumento É TAXATIVO O ROL DO ART. 1.015? Agravo Interno Embargos de Declaração Recurso Ordinário no CPC/2015 A Disciplina Jurídica Comum dos Recursos Extraordinários Lato Sensu Como Ficou, Então, o Juízo de Admissibilidade dos Recursos Após a Lei Federal nº 13.256/2016? Recurso Especial Versando sobre Questão Constitucional e Recurso Extraordinário com Ofensa Reflexa à Constituição Recursos aos Tribunais Superiores Usucapião Extrajudicial Breves Conclusões Referências Bibliográficas ANEXOS Quais enunciados das Súmulas do STF e do STJ perderAM nitidamente fundamento de validade com o CPC/2015 (APÓS AS ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI FEDERAL Nº 13.256/2016)? Prazos de 05 dias importantes NO CPC/2015 Prazos de 10 dias importantesno CPC/2015 Prazos de 15 Dias Importantes no CPC/2015 RESOLUÇÕES DO CNJ Enunciados administrativos do STJ sobre o CPC/2015
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