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Trauma e emergência

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T R A U M A E E M E R G Ê N C I A S :
A B O R D A G E M P R Á T I C A
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Trauma e emergências: abordagem prática / vários. – São 
Paulo, SP : 1ª Edição, 2016.
500 p.; 21 x 29,7cm
ISBN: 978-85-5522-125-5
1. Medicina e saúde. 2. Traumas e emergências. 3. Educação. 
I. Título
CDD 610
Índice para catálogo sistemático
1 Medicina e saúde : 2 Traumas e emergências : 3 Educação
TRAUMA E EMERGÊNCIAS: 
abordagem prática
 Diagramação: Anne Charlyne Raviani
 Impressão: PoloPrinter
Gráfica PoloPrinter
 11 . 3791.2965 11 . 98393.7000
 www.poloprinter.com.br
 polo.books
 atendimento@poloprinter.com.br
Módulo Cirurgia 3
S U M Á R I O
M Ó D U L O C I R U R G I A ............................................................................................... 11
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR AO POLITRAUMATIZADO .............................. 13
Gabriela Godinho de Oliveira
Pedro Versiani dos Anjos Menezes
ATENDIMENTO SECUNDÁRIO AO POLITRAUMATIZADO ...................................... 30
Danilo Araújo Schitkoski
Augusto Felipe Modesto Ferreira
ABORDAGEM DA ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO AO 
PACIENTE POLITRAUMATIZADO ......................................................................................... 35
Taylane Vilela Chaves
Diogo Mendonça
Joan Alessandro Barros Silva
VIAS AÉREAS E VENTILAÇÃO................................................................................................ 48
Patrícia Travassos Cutrim
Adriano Cotrim Vilas Boas
BIOMECÂNICA DO TRAUMA .................................................................................................. 71
Bruna Silva Cerqueira 
Laís Borges Rizental 
BALÍSTICA ........................................................................................................................................ 84
Elizeu Bruno Santos Silva
Felipe Souza Campos Freitas
PROTEÇÃO DA EQUIPE DE ATENDIMENTO E PREVENÇÃO 
DE ACIDENTES ............................................................................................................................. 99
Adlae Geraldo da Silva Junior 
Kiane Werneck Assumpção Bruno
TANATOLOGIA FORENSE - ESTUDO POST MORTEM DO TRAUMA .................... 113
Anna Bittarello Silva
Bruna Latrônico
IMOBILIZAÇÃO E TRANSPORTE DO PACIENTE POLITRAUMATIZADO .......... 122
Miguel Ricchetti
Camila Ohomoto de Morais
ONDA VERMELHA – O QUE É? ............................................................................................ 155
Bruna Stefane Silva Cotta
Vítor Vieira de Souza Moraes
PARTICULARIDADES NO TRAUMA PEDIÁTRICO ........................................................ 160
Karla Millana Cardoso Rodrigues 
Bianca Ramos de Castro
PECULIARIDADES DO TRAUMA NO IDOSO .................................................................. 169
Priscila Carvalho de Souza
Thamíris Gomes Pontes da Silva
PARTICULARIDADES DO TRAUMA EM GESTANTES ................................................. 180
Gabriela Estevam Agostini
Rayra Amana Macêdo Maciel
TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO .......................................................................................... 195
Lucas Matteus Silva de Mello
Raphael Sales Cerqueira
ABDOME AGUDO ....................................................................................................................... 208
Rafael Serafim Pinto
Raquel Ferreira Queiroz de Melo
Patrícia Rocha Carneiro
Victor Hugo Barcelos Magalhães
Rafael Bergo
Henrique Arenare de Oliveira
URGÊNCIAS ORTOPÉDICAS .................................................................................................. 220
Daiane de Oliveira Soares
Ana Carolina Robadelo da Silva
M Ó D U L O E M E R G Ê N C I A S .............................................................................. 231
AFOGAMENTO ............................................................................................................................ 233
Vinícius Pereira Barbosa Almeida 
Henrique Muraguchi
ENGASGO ...................................................................................................................................... 244
Nordman Wall Barbosa de Carvalho Neto
Filipe Sousa Amado
INTOXICAÇÕES AGUDAS ....................................................................................................... 251
Lucas Akira Costa Hirai 
Nicolle Ribeiro Martins Carvalho Silva
ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS ................................................................ 280
Lucas José Resende
Ricardo dos Santos Batista
TRATAMENTO DE FERIDAS .................................................................................................. 305
Anderson Felipe de Alvarenga Augustinho
QUEIMADURAS ........................................................................................................................... 315
Ismael Kirst Dornelles
Marina De Campos Brandão
Módulo Cirurgia 5
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) ......................................................................... 331
Dayane Mayara Dutra
Thiago Reis Cunha
DOR TORÁCICA NA EMERGÊNCIA ................................................................................... 343
Nina de Andrade Carvalho
José Yago Dias de Souza
ARRITMIAS CARDÍACAS .......................................................................................................... 366
Fernanda Turque Martins
Bruno Knaak de Abreu
ABORDAGEM E CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE NA EMERGÊNCIA .................... 381
Luana de Castilho Kropf Penante
Eduardo Sabino de Camargo Magalhães
Lucas Araújo Pena Goes
SIRS, SEPSE E CHOQUE SÉPTICO ........................................................................................ 395
Bernardo Bahia Finotti 
Julio Boriollo Guerra
CONVULSÕES – CRISE EPILÉPTICA ................................................................................... 409
Dante Lucas Santos Souza
Victor Kleinfelder Molinari
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ..................................................................................... 430
Gabriela Dalla Giacomassa Rocha Thomaz
Yuri Thomé Machado Strey
FISIOPATOLOGIA DA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA 
E TROMBOEMBOLISMO PULMONAR ................................................................................ 448
Felipe Carvalho Sousa Barros 
Arthur Paz Oliveira Moura
HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA ........................................................................................ 457
Marília de Oliveira Bringel 
Sergio Roberto Pereira da Silva Junior
URGÊNCIAS OFTALMOLÓGICAS ........................................................................................ 467
Deborah Lumi Shuha, Henrique Alencastro Puls
O PACIENTE DIABÉTICO NA EMERGÊNCIA ................................................................. 477
Rayra Amana Macêdo Maciel
Isabela Nascimento Borges
Laís Raquel Ribeiro
O PACIENTE HIPERTENSO NA EMERGÊNCIA: 
ABORDAGEM DA CRISE HIPERTENSIVA ......................................................................... 483
Leticia Pretti Pimenta
Rayra Amana Macêdo Maciel
Ana Luísa Soares Neves
EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS ......................................................................................... 493
Ana Lívia de Castro Reis
Laura Aisha Paulino Küttel
Flávia Fiuza de Andrade Vale
E D I T O R E S
C O O R D E N A D O R E S
Diomildo Ferreira Andrade Junior
Filipe Sousa Amado
A U T O R E S
Adlae Geraldo da Silva Junior 
Adriano Cotrim Vilas Boas
Ana Carolina Robadelo da Silva
Ana Lívia de Castro Reis
Ana Luísa Soares Neves
Anderson Felipe de Alvarenga Augustinho
Anna Bittarello Silva
Arthur Paz Oliveira Moura
Augusto Felipe Modesto Ferreira
Bernardo Bahia Finotti
Bianca Ramos de Castro
Bruna Latrônico
Bruna Silva Cerqueira
Bruna Stefane Silva Cotta
Bruno Knaak de Abreu
Camila Ohomoto de MoraisDaiane de Oliveira Soares
Danilo Araújo Schitkoski
Dante Lucas Santos Souza
Dayane Mayara Dutra
Deborah Lumi Shuha
Diogo Mendonça
Eduardo Sabino de Camargo Magalhães
Elizeu Bruno Santos Silva
Felipe Carvalho Sousa Barros
Felipe Souza Campos Freitas
Fernanda Turque Martins
Filipe Sousa Amado
Flávia Fiuza de Andrade Vale
Gabriela Dalla Giacomassa Rocha Thomaz
Gabriela Estevam Agostini
Gabriela Godinho de Oliveira
Henrique Alencastro Puls
Henrique Arenare de Oliveira
Henrique Muraguchi
Isabela Nascimento Borges
Ismael Kirst Dornelles
Joan Alessandro Barros Silva
José Yago Dias de Souza
Julio Boriollo Guerra
Karla Millana Cardoso Rodrigues
Kiane Werneck Assumpção Bruno
Laís Borges Rizental
Laís Raquel Ribeiro
Laura Aisha Paulino Küttel
Letícia Pretti Pimenta
Luana de Castilho Kropf Penante
Lucas Akira Costa Hirai
Lucas Araújo Pena Goes
Lucas José Resende
Lucas Matteus Silva de Mello
Marilia de Oliveira Bringel
Marina de Campos Brandão
Miguel Ricchetti
Nicolle Ribeiro Martins Carvalho Silva
Nina Andrade Carvalho
Nordman Wall Barbosa de Carvalho Neto
Patrícia Rocha Carneiro
Patricia Travassos Cutrim
Pedro Versiani dos Anjos Menezes
Priscila Carvalho de Souza
Rafael Bergo
Rafael Serafim Pinto
Raphael Sales Cerqueira
Raquel Ferreira Queiroz de Melo
Rayra Amana Macêdo Maciel
Ricardo dos Santos Batista
Sergio Roberto Pereira da Silva Junior
Taylane Vilela Chaves
Thamíris Gomes Pontes da Silva
Thiago Reis Cunha
Victor Hugo Barcelos Magalhães
Victor Kleinfelder Molinari
Vinicius Pereira Barbosa Almeida
Vítor Vieira de Souza Moraes
Yuri Thomé Machado Strey
Módulo Cirurgia 9
P R E F Á C I O
Trauma e emergências representam, segundo estimativas do DATASUS (2014) cerca de 30% do total 1.227.039 óbitos no Brasil, sendo 156.942 óbitos por causas exter-
nas e mais de 200.000 óbitos associados a eventos agudos como doenças cerebrovasculares e 
isquemias críticas do miocárdio. Com grande relevância epidemiológica, além elevada exigên-
cia de qualificação dos profissionais da saúde para o manejo eficiente dos pacientes expostos a 
traumas ou em situação de emergência, espera-se que o tema integre carga horária importante 
nas escolas de medicina e enfermagem, o que na maioria das vezes, não é realidade.
O livro TRAUMA E EMERGENCIAS: ABORDAGEM PRÁTICA vem, neste contexto, 
tentar suprir a demanda de capacitação adequada no ensino médico durante a graduação, no 
que tange o manejo de trauma e emergências.
O livro é subdividido em um módulo de CIRURGIA e outro de EMERGÊNCIAS, abran-
gendo ao todo 35 capítulos sobre os temas mais prevalentes das áreas, com foco no diagnós-
tico e manejo eficiente dos pacientes em risco e prevenção de acidentes para estudantes em 
contato inicial com os temas.
RAYRA AMANA MACÊDO MACIEL
M Ó D U L O C I R U R G I A
Módulo Cirurgia 13
AT E N D I M E N T O P R É - H O S P I TA L A R A O 
P O L I T R A U M AT I Z A D O
Gabriela Godinho de Oliveira
Pedro Versiani dos Anjos Menezes
“Poderíamos ter escolhido outra profissão, mas não o fizemos. Aceitamos a responsabili-
dade de cuidar de doentes e, algumas vezes, nas piores condições: quando estamos cansados ou com 
frio; quando está chuvoso e escuro; quando não podemos prever que condições iremos encontrar (...). 
Devemos oferecer a nossos doentes o que há de melhor em nós (...). Sem ler e aprender todos os dias, 
não podemos saber qual o conhecimento médico mais atualizado, nem estar prontos para tratar de 
nossos doentes” (PTHLS, 2011)
I M P O R T Â N C I A E O C O N T E X T O AT U A L
Este capítulo se destina à uma abordagem do atendimento pré-hospitalar ao paciente politraumatizado. É válido então, nos questionarmos: “afinal, qual o real impacto 
do trauma na área da saúde e qual importância de se saber manejar o paciente que sofreu um 
trauma?” E mais ainda: “por que focar num atendimento fora do espaço hospitalar provido de 
toda a assistência médica para o tratamento desse paciente? ”
Para começar a entendermos a magnitude do trauma no espectro da saúde coletiva, temos 
que este consolida-se como principal causa de morte nas primeiras quatro décadas de vida no 
Brasil assim como no mundo todo, reduzindo a expectativa de vida dos pacientes em 35 anos. 
No Brasil, ao se analisar as taxas de mortalidade da população geral, o trauma é a terceira prin-
cipal causa de morte, sendo englobado no espectro de doenças por causas externas, ficando 
atrás apenas de doenças cardiovasculares e neoplasias, respectivamente. Além disso, dentre as 
mortes por causas externas temos que as principais causas são agressões (aproximadamente 
38%) e acidentes automobilísticos (aproximadamente 28%). Esses dados estão representados 
a seguir, nos gráficos 1.1 e 1.2.
Somos 200 milhões de brasileiros, sujeitos diariamente, por inúmeros motivos, a toda 
espécie de trauma, sendo que este mata anualmente cerca de 125.000 pessoas no país. Além 
disso, embora não haja estatísticas confiáveis, calcula-se que, para cada doente traumatizado 
que morre, três fiquem com sequela permanente, o que representa um enorme custo social.
14 Módulo Cirurgia
Figura 1. Trauma como um problema de saúde pública
Uma vez compreendida a importância e a magnitude do trauma na saúde da população, 
falta esclarecer então a importância de um atendimento pré-hospitalar adequado. Temos que 
nos óbitos por trauma, 50% ocorrem nos primeiros minutos, 30% nas primeiras horas e 20% 
nas primeiras semanas após o acidente2. O atendimento pré-hospitalar é o método principal 
para se evitar essas mortes das primeiras horas, ao se estabelecer prioridades no manejo das 
múltiplas lesões da vítima, além de evitar muitos daqueles óbitos consequentes a sequelas. 
Segundo estudos norte-americanos, 40% das mortes evitáveis de politraumatizados ocorre 
porque o atendimento é inadequado ou tardio. A outra metade desses óbitos pode ser reduzida 
por meio de práticas de prevenção de acidentes.
No atendimento inicial ao politraumatizado, há um princípio da “hora de ouro” (figura 
2), instituído pelo Dr. R. Adams Cowley, que guia a organização dos serviços de emergên-
Gráficos 1.1 e 1.2. Principais causas de mortalidade e principais taxas de mortalidade por causas 
externas no Brasil, no período entre 2000 e 2013 (Ministério da Saúde, s.d.)
TRAUMA 
COMO UM 
PROBLEMA 
DE SAÚDE 
PÚBLICA
• 3ª causa de mortalidade
• 125.000 óbitos por ano
• 400.000 vítimas sofrerão com sequelas definitivas
• consome em média 35 anos de vida - mais que as pri-
meiras duas causas de mortalidade no país
• gera altos custos diretos e indiretos com a assistência, 
perfazendo um valor superior à dívida externa do país
• problema de saúde em consequência de mudanças so-
ciais, econômicas e políticas como desemprego, margi-
nalização e desenvolvimento automobilístico
Módulo Cirurgia 15
cia e evidencia a importância do atendimento pré-hospitalar efetivo. Segundo os estudos 
e evidências obtidos, a chance sobrevivência da vítima politraumatizada pode aumentar 
em até 80% se o tempo entre o acidente e o atendimento hospitalar definitivo for inferior 
a 60 minutos, de modo que isso só é possível a partir de uma assistência pré-hospitalar 
adequada.
“HORA DE OURO”
Tempo ideal transcorrido entre o acidente e o atendimento 
hospitalar definitivo da vítima, que pode aumentar sua chance 
de sobrevivência em até 80%
Figura 2. Hora de ouro
O diferencial no atendimento inicial a uma vítima traumatizada em relação àquela que 
apresenta alguma doença crônica como câncer ou doenças cardiovasculares é que o cuidado 
pré-hospitalar no trauma pode fazer a diferença entre a vida e a morte; entre uma sequela gra-
ve temporária ou permanente; entre uma vida produtiva para uma incapacitada e desprovida 
de bem-estar, enquanto para demais doenças o impacto na sobrevida do paciente é mínimo. 
Umasimples abordagem como colocar um colar cervical pode ser o diferencial entre uma vida 
com quadriplegia e uma vida autônoma e produtiva. Portanto, a oportunidade um socorrista 
efetivamente ajudar uma pessoa é muito maior do atendimento do trauma do que em outras 
doenças já que a chance de sobrevida desse paciente que recebe assistência pré-hospitalar é 
maior do que qualquer outro doente em estado grave. Desse modo, a adequada interferência 
e assistência do profissional nesse contexto contribui significativamente na sobrevida da po-
pulação em geral, afinal, aumenta a quantidade de anos vividos pelo paciente e diminui custos 
subsequentes com tratamento de sequelas evitáveis.
U M B R E V E H I S T Ó R I C O
A história do atendimento pré-hospitalar tem início no século XIX, no contexto militar de 
guerras, quando o cirurgião chefe militar de Napoleão, Barão Dominik Jean Larrey determi-
nou a necessidade de um serviço de retirada rápida de soldados feridos do campo de batalha, 
assim como assistência no local de acidente e durante o transporte aos hospitais. Surgem en-
tão as denominadas primeiras “ambulâncias voadoras”, de tração animal, e com homens com 
treinamento em cuidados médicos. Larrey é considerado por muitos então, o pai do serviço 
médico de emergência. Nos 100 anos que se seguiram, pouco foi obtido em termos de avanço 
16 Módulo Cirurgia
na área, com certos desenvolvimentos nas técnicas de atendimento pré-hospitalar retratados 
na Primeira Guerra Mundial e Guerra Civil Norte-americana.
No Brasil, a ideia de realizar atendimento das vítimas fora do ambiente hospitalar é tão 
antiga como em outros países, tendo grande influência dos modelos franceses e norte-ame-
ricanos e início também no contexto militar. Em 1899 o Corpo de Bombeiros do Rio de 
Janeiro, capital federal da época, coloca em ação a primeira ambulância de tração animal. 
A partir de 1900 as ambulâncias foram sendo aprimoradas, primeiramente por equipes es-
pecializadas como a Cruz Vermelha e tardiamente incorporadas ao Serviço de Corpo de 
Bombeiros brasileiro.
Foram desenvolvidas algumas políticas do atendimento pré-hospitalar no país, como a 
Política Nacional de Atenção às Urgência e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 
(SAMU). O atendimento pré-hospitalar (APH) também passou a contar com unidades de res-
gate tripuladas pelos bombeiros e unidades de suporte avançado com a equipe do SAMU. Em 
1986 surge no Rio de Janeiro Grupo de Socorro e Emergência (GSE) do Corpo de Bombeiros 
Militar, incorporando médicos ao quadro de socorristas e implementando viaturas de suporte 
avançado com recursos e materiais especiais para este fim.
Atualmente os serviços de APH integram uma lógica de medidas preventivas, redes de 
atendimento pré-hospitalar, serviços assistenciais hospitalares hierarquizados e centros de rea-
bilitação, contando com ambulâncias e assistência de suporte básico e avançado de vida.
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR - OBJETIVOS
O atendimento pré-hospitalar compreende o socorro inicial prestado 
a vítima no local em que ocorreu a emergência e durante o transporte para 
o hospital. Seus objetivos fundamentais são: iniciar o tratamento de modo 
precoce, estabilizar as funções vitais, prevenir complicações e transportar 
o acidentado com segurança e rapidez, para o hospital mais apropriado 
para o tratamento definitivo de sua condição específica.
Figura 3. Objetivos do atendimento pré-hospitalar
SEGURANÇA DA CENA – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Na medicina pré-hospitalar, nosso trabalho necessariamente nos leva a locais distintos e 
situações potencialmente perigosas. Portanto, a avaliação criteriosa da cena se faz necessária 
para que potenciais riscos à vida do socorrista sejam identificados e isolados antes de que este 
possa iniciar seu atendimento à vítima. 
note
Realce
Módulo Cirurgia 17
Para isso, criou-se a “Regra do Eu”. Essa regra é o mantra que todo o socorrista deve ter 
em mente ao se aproximar de uma cena desconhecida. Sua própria segurança e bem-estar é 
mais importante que a segurança e bem-estar de seu paciente. Portanto, o socorrista deve se 
assegurar de que não há nenhum risco potencial para ele ou sua equipe. 
Nesse momento você pode estar se perguntando: “Porque é necessário todo esse egoís-
mo?”
Nós respondemos: “O paciente, para que possa receber um atendimento capaz de mudar 
seu prognóstico ou melhorar sua atual condição, necessita de um profissional que esteja em 
condições físicas e psicológicas para prestar o serviço” 
Imagine a seguinte situação: O paciente se envolveu em um acidente de carro no meio de 
uma rodovia. O socorrista, ao chegar com sua ambulância, se esquece da Regra do Eu e ime-
diatamente corre em direção ao carro acidentado, sendo atropelado no caminho. Agora em 
vez de um paciente existem dois, e o paciente original demorará mais tempo ainda para ser 
atendido. 
Você pode estar se indagando também: “Mas esse socorrista estava sozinho?” 
Salvo em condições excepcionais, não, ele não estará sozinho. Porém, imagine o estado 
psicológico de alguém que acabou de ver seu colega sofrer um acidente. Essa pessoa não tem 
condições de realizar um atendimento adequado.
Em última análise, a Regra do Eu vem ao benefício do próprio paciente. 
 
Figura 4. Regra do Eu
Ao chegar a uma cena, tendo em vista a Regra do Eu, passa-se a buscar situações que pos-
sam potencialmente pôr em risco a vida do socorrista e do próprio paciente. Essa busca deve 
ser rápida e minuciosa, o que faz necessário o estudo do profissional para que este não deixe 
passar nada em sua análise. Inicia-se por uma pergunta básica: “O que aconteceu? ”. 
Essa pergunta permite um esboço da cronologia dos eventos que levaram ao incidente, sendo 
possível estabelecer potenciais fontes de perigo que possam haver surgido ou que possam 
ainda ocorrer. 
note
Realce
18 Módulo Cirurgia
Potenciais riscos em cena
¨ Fogo
¨ Trânsito
¨ Substancias Desconhecidas
¨ Multidões ou pessoas desconhecidas
¨ Cabos de energia partidos
¨ Terreno Instável 
¨ Gases 
Fogo – O perigo do fogo em uma cena é autoexplicativo. Deve-se sempre se atentar à 
fonte de combustível e avaliar o risco de explosões. Deve-se, também, se atentar à presença de 
brasas, pois estas podem causar um foco de incêndio novamente, principalmente se entrarem 
em contato com materiais combustíveis. O SOCORRISTA NÃO DEVE ENTRAR EM 
UMA CENA EM QUE HÁ FOGO DESCONTROLADO. Nos casos em que há fogo, 
deve-se esperar que o corpo de bombeiros esteja presente e libere a cena para a entrada do 
serviço médico de urgência. Lembre-se: apenas o bombeiro tem competência técnica para 
determinar se as chamas estão controladas ou não. 
Trânsito – O trânsito oferece grande risco ao profissional de emergência. Infelizmente, 
grande parte das chamadas são para acidentes que ocorrem em vias onde ainda há carros e 
motocicletas trafegando. O transito deve ser devidamente desviado e controlado antes de que 
o socorrista entre na cena. 
Substâncias desconhecidas – Em diversas cenas encontram-se líquidos ou substâncias 
de origem desconhecida. É necessário, novamente, fazer a pergunta de “O que aconteceu” 
para que se tenha uma noção da provável origem do material em questão. Por exemplo: em 
uma cena de acidente automobilístico, deve-se pensar na presença de fluidos tais como: líquido 
de arrefecimento, fluido dos freios, líquido de limpador de para brisa e gasolina/etanol. Os 
combustíveis apresentam um risco de fogo e explosão, logo devem ser contidos com areia. Os 
demais líquidos apresentam, predominantemente, risco de queda por diminuir o quociente de 
atrito entre a bota do socorrista e o solo. Portanto, é necessário também contê-los com areia 
para evitar quedas. Em cenas com acidentes químicos, faz-se necessária a análise da identifi-
cação do produto. 
De acordo com a Resolução420/2004 da Agencia Nacional de Transporte Terrestre 
(ANTT), o transporte de materiais químicos deve ser devidamente rotulado e sua classificação 
deve ser afixada no meio de transporte de forma visível e que resista às intempéries. Esses 
rótulos são amplamente reconhecidos e autoexplicativos, como os exemplos a seguir: 
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Módulo Cirurgia 19
Figura 5. Rótulos para identificação de transporte de materiais perigosos
É importante notar que os números na região inferior da placa não necessariamente 
têm relação com seu grau de periculosidade, mas sim com sua subclasse de acordo com os 
parâmetros definidos pela ANTT
Para o armazenamento de produtos químicos existe uma outra classificação representada 
pelo Diagrama de Hommel, que visa informar rapidamente, de forma clara sobre o risco do 
material armazenado. Essa classificação é mais comumente encontrada no exterior, porém 
pode ser vista no Brasil. O diagrama tem a forma a seguir (Figura 6).
Figura 6. Diagrama de Hommel com legenda.
O conhecimento dessas classificações pode ser determinante no processo de decisão de 
um socorrista, portanto deve ser estudado. 
ü Multidões ou pessoas desconhecidas: Na abordagem de multidões, deve-se lem-
brar do que escreveu o psicanalista Sigmund Freud: “... inserido na massa, o indivíduo 
sente, pensa e age de maneira diversa de quando está sozinho. ” Portanto, situações 
com muitas pessoas são SEMPRE situações perigosas, pois as massas são imprevi-
note
Realce
20 Módulo Cirurgia
síveis. Deve-se, portanto, tentar afastar o paciente com um acompanhante, seja para 
um cômodo distinto de onde estão as pessoas, ou então para dentro da própria am-
bulância. Quanto às pessoas desconhecidas, deve-se atentar não para àquelas pessoas 
desconhecidas para o socorrista, pois este, na grande maioria das vezes, não conhecerá 
ninguém. Deve-se atentar para pessoas desconhecidas por aqueles que se encontram 
na cena, principalmente quando a urgência ocorreu em domicílio ou vizinhança. 
ü Cabos de energia partidos: Os cabos de energia partidos apresentam grande risco 
para todas as pessoas próximas. Esse tipo de ocorrência é mais frequente em acidentes 
automobilísticos contra postes. Não é função do socorrista lidar com o cabo, pois este 
apresenta risco iminente à vida. Deve-se isolar área, evitando que outras pessoas se 
aproximem, notificar o corpo de bombeiros e aguardar. 
ü Terreno instável: A denominação terreno instável engloba todas aquelas situações 
em que não há firmeza no terreno ou no entorno imediato suficiente que possibilite a 
ação do serviço de emergência sem risco de perda da estabilidade. Um exemplo: em um 
acidente de carro em que este se encontra instavelmente à beira de uma vala. Caso esse 
carro não seja estabilizado, quando o serviço de urgência se adentrar no veículo, pode 
ocorrer uma mudança no centro de gravidade e causar que o automóvel caia na vala. 
Essas situações devem, portanto, ser avaliadas cuidadosamente e caso for necessário, o 
serviço de resgate deve ser acionado. 
ü Gases: A categoria de gases foi colocada separadamente da categoria de substâncias 
desconhecidas para que se faça um lembrete de uma substância letal que pode estar pre-
sente em situações corriqueiras: o monóxido de carbono. O monóxido de carbono (CO) 
é um gás sem cor ou cheiro, advindo da combustão incompleta de materiais, que ocorre 
principalmente quando não há oxigenação adequada para que a oxidação do combustível 
seja completa. Logo, em vez de dióxido de carbono, o monóxido de carbono é formado. 
Esse gás se liga à hemoglobina com uma estabilidade 210 vezes maior do que o oxigênio, 
asfixiando o paciente dependendo do tempo de exposição. Os sinais clínicos começam 
quando a concentração de CO no ambiente aumenta para mais de 10%. Portanto, em 
ambientes mal ventilados com aparelhos tais como geradores portáteis, aquecedores a 
gás ou carvão ou lareiras o cuidado deve ser dobrado, pois o motivo do adoecimento 
agudo do paciente pode ser uma intoxicação por CO e o socorrista pode se tornar uma 
vítima também. 
ABORDAGEM DA CENA COM MÚLTIPLOS PACIENTES
As cenas com múltiplos pacientes são perigosas em decorrência de sua própria natureza. 
Geralmente são cenas em que há múltiplos veículos, explosões ou tiroteios. Nessas cenas de-
ve-se ter um cuidado especial ao aproximar-se. Não é o intuito desse capítulo ensinar toda a 
note
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Módulo Cirurgia 21
metodologia de organização de um cenário de acidentes de grandes proporções, delimitando 
as zonas quente, morna e fria e assim por adiante. No entanto, algumas considerações sobre 
o atendimento dos pacientes nessas situações devem ser feitas, conforme explicitado a seguir. 
A primeira coisa a ser avaliada em um cenário com múltiplos pacientes é se existem re-
cursos suficientes para atender todos os pacientes envolvidos de maneira adequada. Caso de 
haja disponibilidade de recursos suficiente para o atendimento, aqueles pacientes mais graves 
devem ser atendidos prioritariamente, deixando os demais pacientes para serem atendidos 
conforme a prioridade. 
Caso não existam recursos suficientes para atender todos os pacientes, deve-se assegurar 
a sobrevida da maior parte possível dos mesmos. Por isso criaram-se inúmeras metodolo-
gias para a avaliação de pacientes em casos de grande número de vítimas. Uma metodologia 
amplamente utilizada no mundo é a metodologia START, do inglês Simple Triage And Rapid 
Treatment. Essa metodologia foi desenvolvida para que, de forma simples, um socorrista tenha 
capacidade de avaliar a indicação de prioridade no atendimento de qualquer paciente em uma 
situação de múltiplos pacientes. 
A metodologia START classifica os pacientes em 4 categorias:
PRETO – Paciente morto 
VERMELHO – Paciente necessita de atendimento imediato
AMARELO – O paciente “pode esperar”
VERDE – O paciente de baixo risco
A classificação pode variar dependendo da fonte consultada. Para fins desse capítulo utili-
zaremos a metodologia START simplificada a seguir: 
Figura 7. Fluxograma da metodologia START
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22 Módulo Cirurgia
Percebe-se que não se deve tentar manobras de reanimação em cenas com múltiplas víti-
mas. Isso se deve ao fato de que a prioridade são aqueles pacientes que tem maior chance de 
sobrevivência quando priorizados para receber atenção médica especializada. 
Outra consideração importante é que todos os pacientes devem receber atenção médica 
em algum momento, seguindo sua ordem de prioridade. A classificação tampouco é fixa, po-
dendo o estado de um paciente deteriorar durante o aguardo pela atenção médica, sendo então 
necessária sua reavaliação e reclassificação. 
A V A L I A Ç Ã O E AT E N D I M E N T O D O D O E N T E
A avaliação do paciente é fundamental e é base para tomada de decisões de atendimento 
e transporte. Ela objetiva determinar a condição atual do doente, a partir de uma impressão 
de seu estado geral e integridade dos sistemas respiratório, cardiovascular e neurológico. Con-
dições que ameacem a vida são identificadas e procedimentos de urgência e reanimação são 
iniciados.
No atendimento ao doente traumatizado, o tempo é fundamental, não sendo possível, 
muitas vezes, proceder a investigação propedêutica antes de se tratar algumas lesões que com-
portam risco imediato à vida. A abordagem sistematizada do doente traumatizado permite oti-
mizar o tempo, não deixar passar desapercebidas lesões graves e, em última análise, melhorar o 
prognóstico do doente, diminuindo a incidência das chamadas mortes evitáveis e do “segundo 
trauma”, que corresponde ao agravamento das lesões já existentes ou ao surgimento de novas 
lesões, em decorrência do atendimento inadequado.
O atendimento ao paciente deve-sebasear na avaliação e atendimento dos seguintes pon-
tos, para garantir a capacidade de oxigenação e distribuição de oxigênio para os tecidos, em 
ordem de importância:
ü Via aérea
ü Ventilação
ü Oxigenação
ü Controle da hemorragia
ü Perfusão
ü Função neurológica
Determinando prioridades
No atendimento ao traumatizado também é importante estabelecer prioridades em termos 
de sempre buscar preservar primeiro a vida; segundo a função e por último, questões estéticas. 
É necessário que o socorrista não só memorize protocolos de atendimento, mas também 
desenvolva um pensamento crítico, sendo capaz de realizar uma avaliação adequada, interpretar 
os achados e determinar prioridades no tratamento dos doentes. 
 “Cada contato entre socorrista e doente envolve um conjunto único de circunstâncias. 
Se o socorrista entender as bases do conhecimento médico e as necessidades de cada doente 
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Módulo Cirurgia 23
decisões únicas podem ser tomadas que deem a esse indivíduo maior chance de sobrevida”. 
(American College of Surgeons, 2011)
Avaliação rápida do nível de consciência
Na lógica da avaliação crítica e adequada do paciente, deve-se atentar ao seu nível de 
consciência. Uma avaliação rápida antes da avaliação inicial não incorre com perda de tempo, 
podendo auxiliar no raciocínio do socorrista sobre a gravidade do quadro. A mnemotécnica 
para essa avaliação rápida é a seguinte: 
A – O paciente está Alerta
V – O paciente responde ao estímulo Verbal 
D – O paciente responde ao estímulo Doloroso
N – O paciente Não responde
Essa avaliação é especialmente útil para determinar quando se deve solicitar ajuda quando 
se está sozinho. Todo paciente que não responde ao estímulo doloroso feito de maneira cor-
reta deve ser encaminhado a um hospital com urgência. Se o paciente estiver alerta, é possível 
também inferir que ele está respirando e que tem pulso. No entanto, a avaliação ABCDE não 
deixa de ser necessária, conforme visto a seguir. 
Avaliação primária
A base das lesões que levam a maior risco de vida é a falta de oxigenação adequada do 
tecido, levando a um metabolismo anaeróbio. Produção de energia diminuída com metabo-
lismo anaeróbio é denominado choque. São necessários os seguintes componentes para um 
metabolismo normal:
1) Oxigenação das hemácias no pulmão
2) Oferta de hemácias para os tecidos do corpo
3) Entrega do oxigênio aos tecidos
A avaliação primária engloba identificação e correção dos dois primeiros componentes, e 
envolve cinco etapas hierarquizadas, apontadas na tabela 1. 
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA: ABCDE
A Airway Via aérea e coluna cervical
B Breathing Ventilação
C Circulation Circulação (hemorragia e perfusão)
D Disability Disfunção neurológica
E Exposition Exposição
Tabela 1. Etapas envolvidas na avaliação primária
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24 Módulo Cirurgia
Etapa a – Via aérEa E controlE da coluna cErVical
Garantir a permeabilidade da via aérea é a prioridade no atendimento. Uma maneira prá-
tica e eficiente de avaliar essa questão é por meio da resposta verbal do paciente, afinal, uma 
vez que este responde, está evidente a permeabilidade da via. Sinais como respiração ruidosa, 
agitação e cianose podem indicar uma obstrução.
Principais causas de obstrução das vias aéreas:
- Queda da língua;
- Presença de vômitos, sangue, restos alimentares ou corpos estranhos;
- Fraturas de face;
- Trauma cervical com ruptura de laringe e traqueia;
- Queimadura extensa na face acometendo cavidade oral
Em caso de obstrução ou suspeita de obstrução, deve-se garantir a permeabilidade da via, 
mantendo-a aberta e limpa das seguintes maneiras: (1) métodos manuais – manobras de eleva-
ção do mento ou tração da mandíbula; aspiração de secreções e remoção de corpos estranhos; 
(2) métodos mecânicos – tubos oro ou nasofaríngeos; dispositivos supraglóticos; intubação 
endotraqueal; traqueostomia.
Em todo mecanismo de trauma significativo, deve-se suspeitar de lesão na medula espi-
nhal até que essa seja devidamente excluída. Desse modo, é essencial o cuidado com a prote-
ção da coluna durante os processos de manutenção da via aérea. Deve-se manter o pescoço 
em posição neutra e evitar manipulações desnecessárias. A imobilização com o colar cervical 
é uma prática obrigatória nessa fase do atendimento.
Etapa B – VEntilação
A garantia da permeabilidade das vias aéreas não indica necessariamente que a ventilação 
está adequada. Desse modo, é fundamental a avaliação das condições ventilatórias do paciente. 
Ventilação inadequada dos pulmões leva à falta de oxigenação dos tecidos, denominado hipóxia.
A ventilação pode estar prejudicada por obstrução das vias aéreas, alterações da mecânica 
respiratória (lesões que causem pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, tórax instável 
e hemotórax maciço por exemplo) ou depressões do sistema nervoso central (causado por 
lesão raquimedular e traumatismos cranianos por exemplo).
A avaliação da qualidade e quantidade da ventilação pode ocorrer pelos seguintes métodos:
v Análise da profundidade e frequência respiratória (frequência elevada ou diminuída são 
indicativos de má ventilação)
v Exposição do tórax e observar as incursões torácicas, procurando por assimetrias, que 
são indicativos de lesão
v Palpação do tórax a fim de detectar alguma lesão importante;
v Ausculta dos hemitórax a fim de detectar murmúrio vesicular anormal, diminuído ou 
ausente
v Avaliação da oxigenação com um oxímetro 
O primeiro passo no manejo da ventilação inadequada é administrar oxigênio eficazmente 
e iniciar suporte ventilatório imediato, a fim de manter o metabolismo aeróbico.
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Módulo Cirurgia 25
Figura 8. Esquema do manejo de via aérea inadequada (American College of Surgeons, 2011)1
FREQUÊNCIA VENTILATÓRIA
(VENTILAÇÕES/MINUTO)
ATENDIMENTO
enta (<12) Ventilação assistida ou total com >85% de oxigênio
Normal (12-20) Observar; considerar oxigênio suplementar
Muito rápida (20-30) Administração de >85% de oxigênio
Anormalmente rápida (>30) Ventilação assistida
Tabela 2. Atendimento da via aérea com base na frequência ventilatória espontânea 
(American College of Surgeons, 2011)1
Etapa c – circulação (hEmorragia E pErfusão)
A próxima etapa na avaliação do paciente é a integridade e funcionamento adequado do 
sistema circulatório. Afinal, de nada vale uma oxigenação adequada das hemácias se elas não 
chegam aos tecidos para distribuir o oxigênio. A hipovolemia com consequente choque he-
morrágico é uma das principais causas de morte nas primeiras horas após o trauma. Faz-se, 
portanto, essencial o controle da hemorragia externa e avaliação da perfusão sanguínea.
O controle da hemorragia deve-se fazer de maneira mais rápida possível, a fim de evitar 
grandes perdas sanguíneas, e pode ocorrer de acordo com os seguintes métodos: (1) Pressão 
direta no local da hemorragia, aplicando-se uma gaze ou compressa sobre a lesão; (2) Torni-
quetes caso a compressão manual não seja suficiente para controle da hemorragia. Em caso de 
suspeita de hemorragia interna, deve-se fazer uma inspeção rápida de tórax, abdome e pelve, 
a fim de encontrar lesões sugestivas e realizar o transporte do paciente o mais rápido possível 
ao hospital, uma vez que o tratamento nesse caso é apenas cirúrgico.
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26 Módulo Cirurgia
A boa perfusão indica um bom estado e funcionamento geral do sistema circulatório. É 
importante saber avaliar sinais de hipovolemia, que indicam uma falha na perfusão, e conse-
quentemente no desempenho do sistema circulatório:
- Pulso: é avaliado sua presença, qualidade e regularidade, indicando se o paciente está 
em taquicardia, bradicardia ou ritmo irregular. A ausência de pulsos centrais (carotídeo 
e femoral) indica uma parada cardiorrespiratória;- Coloração da pele: quando há palidez há indício de perfusão deficiente, na presença de 
cianose há indício de oxigenação incompleta;
- Temperatura da pele: pele fria indica perfusão diminuída;
- Umidade da pele: pele úmida está associada a choque e a perfusão diminuída
- Tempo de enchimento capilar: avaliado ao se pressionar o leito ungueal. Quando maior 
que dois segundos indica má perfusão capilar, porém é influenciado por outros fatores 
como aterosclerose e temperaturas baixas.
Etapa d – disfunção nEurológica
Após avaliados a capacidade de oxigenação do sangue e distribuição do mesmo pelo or-
ganismo, deve-se avaliar a função cerebral, que é uma medida indireta da oxigenação cerebral. 
Nosso objetivo é determinar o nível de consciência e inferir potencial de hipóxia. Uma dimi-
nuição no nível de consciência pode-se dar geralmente por quatro causas principais, sendo 
importante averiguar a história determina-las. 
Essas principais causas estão apontadas na figura 9.
PRINCIPAIS CAUSAS PARA DIMINUIÇÃO DO 
NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
Oxigenação cerebral diminuída (hipóxia e/ou hipoperfusão)
Lesão do Sistema Nervoso Central
Intoxicação por drogas ou álcool
Distúrbio metabólico (parada cardíaca, convulsão, diabetes)
Figura 9. Principais causas para diminuição do nível de consciência
A Escala de Coma de Glasgow é a principal ferramenta utilizada para determinar o nível 
de consciência e é preditivo para sobrevida do paciente. Ela se baseia em três parâmetros: (1) 
abertura ocular; (2) melhor resposta verbal; (3) melhor resposta motora. Pontua-se de acordo 
com a melhor resposta apresentada pelo paciente, em cada categoria. O maior escore que pode 
ser obtido é 15, indicando ausência de dano neurológico, e o menor escore é 3, de prognóstico 
muito ruim. Escora menor ou igual a 8 corresponde a lesão grave e tem indicação para trata-
mento ativo da via aérea; 9 a 12 lesão moderada e 13 a 15 lesão mínima. É também importante 
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Módulo Cirurgia 27
o exame das pupilas ao se deparar com um paciente desacordado. Um escore menor que 14 
na escala somado a um exame anormal de pupilas pode indicar presença de lesão cerebral 
potencialmente letal.
ESCALA DE COMA DE GLASGOW PONTUAÇÃO
ABERTURA OCULAR Espontânea
Ao comando verbal
Ao estímulo doloroso
Nenhuma
4
3
2
1
RESPOSTA VERBAL Adequada (orientada)
Confusa
Inadequada
Sons ininteligíveis
Nenhuma
5
4
3
2
1
RESPOSTA MOTORA Obedece comandos
Localiza estímulo doloroso
Retira estímulo doloroso
Responde com flexão anormal ao estímulo
Responde com extensão anormal ao estímulo
Nenhuma
6
5
4
3
2
1
Figura 10. Escala de Coma de Glasgow
Etapa E – Exposição
O paciente poderá ser adequadamente tratado a partir do momento em que temos a certe-
za de que todas suas lesões foram identificadas. Para isso, portanto, torna-se necessário muitas 
vezes retirar as roupas da pessoa que está sedo examinada, realizando a devida exposição. 
Temos que ter em mente que muitas vezes ferimentos mais graves podem ser atenuados e es-
condidos pelas roupas, como por exemplo hemorragias cujo sangue pode ser absorvido pelos 
tecidos, mascarando-as. 
Esse princípio da exposição é muito importante principalmente em traumas de grande 
magnitude e/ou que envolvem um mecanismo ou cinética mais complexos, como por exem-
plo nos casos de acidentes automobilísticos. Não devendo ser uma etapa negligenciada, con-
tudo, em acidentes de menor magnitude ou aparentemente de menor complexidade. O so-
corrista deverá realizar a exposição necessária para que possa estar certo que que foi capaz de 
identificar e controlar todas as lesões.
Após a exposição, o corpo do paciente deve ser examinado como um todo, de maneira 
minuciosa e objetiva. A seguir, é importante cobrir a vítima, a fim de protege-la contra hipoter-
mia, uma condição grave no manejo do traumatizado e que pode não apenas piorar a condição 
e os distúrbios apresentados pelo paciente, como pode levar à morte.
28 Módulo Cirurgia
concluindo...
O atendimento pré-hospitalar é uma etapa muito importante no manejo do paciente trau-
matizado, sendo por muitas vezes o único meio de se permitir que o paciente tenha condições 
básicas de suporte de vida até que seja direcionado a um serviço adequado para receber cui-
dados definitivos. Desse modo é uma prática de grande influência nos principais indicadores 
de saúde, tendo grande impacto principalmente na taxa de mortalidade da população. Seu 
objetivo final é garantir que o paciente consiga acesso para cuidados definitivos de sua condi-
ção, mas é importante ressaltar que devemos sempre estar reavaliando as lesões, sinais vitais, e 
condição geral do acidentado, que podem mudar várias vezes até que o transporte para o local 
de tratamento seja efetuado.
R E F E R Ê N C I A S
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30 Módulo Cirurgia
AT E N D I M E N T O S E C U N D Á R I O A O 
P O L I T R A U M AT I Z A D O
Danilo Araújo Schitkoski 
Augusto Felipe Modesto Ferreira
A partir do momento em que o doente se encontra estável, com suas funções vitais indicando normalidade, podemos nos voltar para a avaliação secundária. Portanto, 
essa avaliação só deve ser iniciada após a conclusão da avaliação primária (ABCDE). Uma 
situação na qual a avaliação secundária pode vir mais precocemente seria no caso da presen-
ça de ao menos dois socorristas, dessa forma parte do exame pode ser aplicado por um dos 
atendentes enquanto o outro concomitantemente realiza a avaliação primária. Contudo, nesta 
situação, a avaliação secundária não deve interferir na primária, sendo esta prioridade.
Mas o que seria a avaliação secundária? Trata-se de um exame mais minucioso do doen-
te traumatizado, tendo por finalidade e identificação e o tratamento de lesões ou problemas 
que não foram observados durante a avaliação primária. Ou seja, é o momento em que pro-
curamos tratar os problemas de menor gravidade, uma vez que as lesões mais graves e que 
oferecem risco à vida do doente já foram identificadas na avaliação primária bem realizada. É 
Módulo Cirurgia 31
importante lembrar que esse exame é realizado no sentido craniocaudal, e baseia-se na coleta 
da histórica clínica e um exame físico completos, incluindo a reavaliação de todos os sinais 
vitais (pressão arterial, frequência e qualidade do pulso, frequência ventilatória, temperatura e 
cor da pele), onde cada região do corpo é examinada por completo. 
Ainda na avaliação secundária, podem ser realizadas as radiografias indicadas, assim como 
procedimentos especiais (exames laboratoriais e radiológicos específicos). Deve ser feito um 
exame neurológico completo, incluindo a determinação do escore na Escala de Coma de Glas-
gow (ECG). 
H I S T Ó R I A
Deve ser obtido uma breve anamnese do doente, necessitando que essas informações se-
jam documentadas no prontuário. Muitas vezes não é possível obter o relato do próprio doen-
te, dessa forma podem ser consultados os familiares e a equipe de atendimento pré-hospitalar. 
Uma maneira fácil de lembrar dos componentes-chave da história é o método mnemônico 
“SAMPLE”. Observe a seguir:
EXAME SEGMENTAR
Lembrando que é necessário seguir o sentido craniocaudal na avaliação. A sequência co-
meça pela cabeça, seguida por pescoço/coluna, tórax, abdome, pelve, sistema musculoesque-
lético e sistema neurológico.
CABEÇA
Inspecionar visualmente a cabeça e face, analisando a cor e integridade da pele. Busca-se 
por lacerações, abrasões, hemorragias e liquorragia (atentar-se para nariz e orelhas), fotorrea-
tividade pupilar, assimetrias e defeitos ósseos.
Palpar o crânio com os polegares fixos na região frontal (buscando lesões de partes moles), 
mantendo o controle cervical, além das órbitas.
SAMPLE
Sintomas: Do que o paciente se queixa?
Alergias: atentar-se a medicamentos;
Medicações: medicamentos de uso regular do paciente;
Passado médico: problemas clínicos importantes (inclui cirurgias);
Líquidos e alimentos ingeridos: muitos traumatizados precisarão de 
cirurgia, sendo o jejum necessário;
Eventos que levaram à doença/lesão.
32 Módulo Cirurgia
Não esquecer de retirar corpos estranhos como lentes de contato e próteses dentárias 
móveis eventualmente remanescentes.
PESCOÇO E COLUNA CERVICAL
Inspecionar em busca de lacerações, abrasões, contusões e deformidades, além do alinha-
mento da traqueia, simetria do pescoço e das jugulares bilateralmente: se ingurgitadas, princi-
palmente com piora na inspiração, deve-se considerar lesão intratorácica grave. 
Palpar a cartilagem tireoide e a musculatura bilateral, as artérias carótidas separadamente e 
a coluna cervical, verificando alinhamento, aumento de volume, crepitação e rigidez muscular. 
Tal manobra deve ser realizada com cuidado, certificando-se de que o pescoço permanece em 
posição neutra.
TÓRAX
Uma avaliação completa do tórax exige a palpação de toda a face anterior da caixa torá-
cica, analisando a simetria anatômica e funcional, em busca de respiração paradoxal, áreas 
de palidez, hematomas e ferimentos. Sua inspeção visual (faces anterior e posterior) permite 
identificar lesões como pneumotórax aberto e grandes segmentos instáveis. Para a avaliação 
completa do tórax, além da palpação, também inclui-se utilização de radiografias. Esta confir-
ma a presença de hemotórax ou pneumotórax.
Palpar as clavículas separadamente, buscando dor e crepitação. Nos arcos costais e esterno 
busca-se rigidez muscular, flacidez e crepitação (não se esquecer de examinar até a linha axilar 
posterior)
Realizar ausculta pulmonar e cardíaca (procedimento médico).
ABDOME
Inspecionar sinais de contusão, distensão e mobilidade. Deve-se realizar a palpação delica-
damente, analisando sensibilidade e rigidez de parede (abdome em tábua).
Um exame inicial normal do abdome não exclui lesões intra-abdominais significativas. 
Dessa forma, o doente com contusão abdominal precisa de monitoração e reavaliações fre-
quentes (sugere-se que seja pelo mesmo observado). As lesões de abdome devem ser identifi-
cadas e tratadas de maneira agressiva.
PERÍNEO
Inspecionar em busca lacerações, hematomas e sangramento uretral. Ainda deve-se inves-
tigar contusões, fraturas. Afastar e aproximar as asas ilíacas em relação à linha média, em busca 
de mobilidade incomum e/ou produção de dor.
A região genital também deve ser avaliada. Se houver necessidade de toque retal, avaliar 
existência de próstata alta, integridade de parede retal, tonicidade esfincteriana e sangramento 
na luz intestinal.
Nas doentes do sexo feminino, o exame vaginal deve ser feito se houver risco de lesão na 
área.
Módulo Cirurgia 33
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO
Deve-se realizar a inspeção dos membros buscando fraturas e deformidades. A inspeção 
óssea minuciosa pesquisando achados incomuns (movimentação anormal ou dor) contribui 
para o achado de lesões ocultas.
Nos membros superiores, a palpação é feita dos ombros até as mãos, observando a pre-
sença de ferimentos, deformidade, flacidez, rigidez e crepitação. Realizar a movimentação ativa 
e passiva dos braços (flexão, extensão e rotação), verificando mobilidade articular. Palpar os 
pulsos radiais, verificar a simetria da força muscular e mobilidade das mãos. Sensibilidade e 
enchimento capilar devem ser observados.
Nos membros inferiores, inspecionar das coxas aos pés, em busca das mesmas alterações 
dos membros superiores, atentando-se aos pulsos pedioso e tibial posterior.
SISTEMA NEUROLÓGICO
Alémde examinar sensibilidade, força e tônus muscular, é necessária uma avaliação do ní-
vel de consciência do doente (não esquecer da resposta pupilar). É vital realizar esse controle 
a fim de detectar de forma precoce e evitar a deterioração do nível de consciência. A escala de 
34 Módulo Cirurgia
coma de Glasgow facilita essa identificação, aumentando a janela de ação. Se houver piora de 
um doente com traumatismo craniano, a oxigenação/perfusão cerebral e a ventilação precisam 
ser reavaliadas.
REAVALIAÇÃO
Uma ferramenta muito importante na avaliação secundária é a reavaliação do doente. De-
ve-se realizar constantemente, de forma a evitar mudança do quadro com subsequente piora, 
além de ser uma forma de identificar lesões que podem ter passado despercebidas. De acordo 
com a diminuição das lesões de maior gravidade, problemas menores podem receber a devida 
atenção. Deve-se continuar monitorando os sinais vitais com regularidade, atentando-se tam-
bém para o débito urinário. 
R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S
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3. NAEMT in cooperation with the American College of Surgeons Committee on Trauma. 
Prehospital Trauma Life Support – PHTLS. Patient. 7ed. Philadelphia: Elsevier.2012.
4. SIATE-CBPR. Manual do Atendimento pré-hospitalar. Atendimento incial.
Cabeça, pescoço e coluna:
- Lacerações, abrasões, hemorragias e liquorragias;
- Fotorreatividade pupilar;
- Assimetrias ósseas e lesões de partes moles;
- Retirar lentes de correção e próteses dentárias;
- Alinhamento da traqueia, simetria do pescoço e exame das jugulares;
- Palpar a cartilagem tireoidea, examinar as carótidas;
- Verificar alinhamento, aumento de volume, crepitação e rigidez muscular 
na coluna cervical.
Módulo Cirurgia 35
A B O R D A G E M D A E N F E R M A G E M 
N O AT E N D I M E N T O A O PA C I E N T E 
P O L I T R A U M AT I Z A D O
Taylane Vilela Chaves 
Diogo Mendonça 
Joan Alessandro Barros Silva
O atendimento ao paciente politraumatizado segue a sequência do mnemônico AB-CDE, para garantir ao paciente um atendimento sistematizado, com abordagem e 
intervenções aos sinais vitais que colocam o paciente em risco eminente de morte. 
Onde se faz necessário o tratamento das lesões, logo que diagnosticadas. Visto que não se 
pode dar continuidade na avaliação sem se resolver a anterior, e que é necessário a reavaliação 
do paciente.
As letras A, B, C da avaliação primária, são parâmetros obrigatórios, com elas conseguimos 
distinguir o doente grave, do não grave. Onde esse doente grave, precisa de transporte imedia-
to ao centro de trauma. Sendo as letras D, e E parâmetros desejáveis.
O enfermeiro tem papel fundamental nesta avaliação, visto que faz parte da equipe do Su-
porte Avançado de Vida - SAV, onde se tem a presença de 3 componentes, sendo um condutor 
socorrista, um enfermeiro socorrista, e um médico socorrista. 
A S S I S T Ê N C I A D E E N F E R M A G E M N A A B O R D A G E M 
A S V I A S A É R E A S E V E N T I L A Ç Ã O
Ao recebermos o paciente, juntamente com a equipe médica, precisamos reconhecer, 
identificar e controlar o comprometimento e identificar os sintomas de obstrução. 
A obstrução pode ser súbita e total, insidiosa e parcial e/ou progressiva e recorrente. Embora 
seja frequentemente relacionada à dor e ansiedade, ou ambas, a taquipnéia pode ser um sinal sutil, 
porém precoce de comprometimento da via aérea e ventilação. Assim, a avaliação e frequente 
reavaliação da permeabilidade da via aérea e da efetividade da ventilação são fundamentais (1). 
Uma forma rápida de avaliar a permeabilidade das vias aéreas é fazer uma pergunta ao 
paciente e observar se há resposta, uma resposta clara, pode nos dizer no momento que a via 
aérea está permeável, que a ventilação está intacta e que a perfusão cerebral está adequada. 
36 Módulo Cirurgia
Sendo a via aérea obstruída, algumas técnicas deverão ser usadas para o manejo e desobstru-
ção, podendo-se usar materiais ou realizar manobras simples de desobstrução, como a tração 
do mento e elevação da mandíbula (1).
O enfermeiro precisa estar atento aos materiais e equipamentos que precisam ser testados 
e adequadamente acondicionados no início do plantão. Alguns são indispensáveis no manejo 
das vias aéreas, tais como: Colar Cervical; Tubo Orofaríngeo (Cânula Orofaríngea); Tubo Na-
sofaríngeo (Cânula Nasofaríngea); Máscara Laríngea e Tubo Laríngeo; Tubo Endotraqueal;
A oferta inadequada de sangue oxigenado ao cérebro e a outros órgãos vitais é o fator que 
mais rapidamente leva o doente traumatizado à morte. 
A prevenção da hipoxemia depende da via aérea protegida e desobstruída e da ventilação 
adequada, e tem prioridade absoluta sobre o controle de todas as outras condições. É obri-
gatório assegurar que a via aérea esteja permeável, recebendo oxigênio e adequado suporte 
ventilatório. Todos os doentes traumatizados devem receber oxigênio suplementar (1). E por 
se tratar de prioridade, a equipe deve estar preparada, treinada e apta a exercer as funções em 
conjunto. Sendo o enfermeiro o responsável por facilitar o atendimento, treinando a equipe 
de enfermagem, testando os materiais necessários, vendo a necessidade do doente e agindo 
juntamente com a equipe multidisciplinar, resolvendo o problema potencialmente fatal. 
É privativo ao enfermeiro o planejamento, coordenação, execução e avaliação dos serviços 
de assistência de enfermagem, sendo de extrema importância a prescrição de cuidados de 
enfermagem aos pacientes críticos. 
O diagnóstico de enfermagem constitui a base de intervenções de enfermagem para o 
alcance de resultados que são de responsabilidade dos enfermeiros (2). Sabendo disto, alguns 
Diagnósticos, Classificações de Resultados Esperados e Atividades relacionados à assistência 
de Enfermagem na abordagem das vias aéreas e ventilação, são fundamentais para o bom de-
senvolvimento da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), segue algumas priori-
dades ao paciente com via aérea e ventilação comprometida:
Domínio 4 – Atividade e Repouso: Padrão respiratório ineficaz (032)
Domínio 3 - Eliminação e Troca: Troca de gases prejudicada (030)
Domínio 4 – Atividade e Repouso: Perfusão tissular periférica ineficaz (204)
Domínio 4 – Atividade e Repouso: Ventilação Espontânea prejudicada (033)
Domínio 11 – Segurança e Proteção: Desobstrução ineficaz das vias aéreas (031)
TABELA 1. Títulos dos Diagnósticos NANDA (2). 
Domínio 4 – Conhecimento e Comportamento de Saúde: Controle dos Sintomas (1608)
Domínio 2 – Estado Respiratório: Desobstrução das Vias Aéreas (0410)
Domínio 2 – Estado Respiratório: Troca de Gases (0402)
Domínio 2 – Estado Respiratório: Ventilação (0403)
TABELA 2. Resultados esperados NOC (3). 
Módulo Cirurgia 37
Primeiros Socorros (6240)
Controle de Vias Aéreas (3140)
Assistência Ventilatória (3390)
Oxigenoterapia (3320)
Monitorização Respiratória (3350)
Identificação de Risco (6610)
TABELA 3. Atividades de Enfermagem NIC (4). 
ABORDAGEM DA ENFERMAGEM A CIRCULAÇÃO (HIPOVOLEMIA)
Se trata das medidas de avaliação da Circulação do paciente, onde o Enfermeiro utiliza o 
mnemônico HPPP. Onde os componentes da avaliação podem ser observados em conjunto, 
sendo elas de fundamental importância para diagnosticar choque.
H = Hemorragia externa, Procure e controle imediatamente.
P = Pulso. 
P = Pele.
P = Perfusão capilar.
H – Hemorragia externa: que deve ser controlada imediatamente, onde a principal me-
dida é a compressão direta juntamente com os curativos compressivosno ferimento com a 
utilização de bandagem. Onde a compressão deverá ser firme e continua até o sangramento 
parar.
Se a compressão direta no ferimento não resolver, e em casos de amputação de membros, 
onde o sangramento é bastante intenso, se controla a hemorragia, com o uso de Torniquete 
(sendo está medida um ÚLTIMO RECURSO), porém o importante é o paciente não perder 
sangue, tirando ele de um risco eminente de morte devido a perda sanguínea.
Para utilização do torniquete tem que se tomar precauções, para que não causem lesão a 
veia do paciente, e cause uma possível necrose deste tecido. Onde a utilização do esfignoma-
nometro possa ser uma das formas, visto que deve ser utilizado um material mais largo possí-
vel, para não causar oclusão e colabamento das veias. O torniquete deve ser apertado apenas o 
mínimo para parar o sangramento. E deve ser avaliada a perfusão deste membro, para se evitar 
a possível perda com a necrose. 
É importante se preocupar com a cinemática da cena, se existe poça de sangue em algum 
local, se há presença de sangue no dorso do paciente, e de suma importância palpar a Pelve do 
paciente procurando fratura, pois se estiver fraturado o paciente poderá está com Hemorragia 
Interna.
P – Pulso: na avaliação do pulso, se o paciente estiver acordado, respirando e responsivo 
ele têm pulso presente. Porém se estiver inconsciente, deve-se avaliar o pulso, onde tem se dois 
locais como principais, sendo o pulso radial um pulso periférico, e o pulso carotídeo um pulso 
central. Visto que pode se utilizar outros pulsos, para se realizar essa avaliação.
38 Módulo Cirurgia
Não se faz necessário a contagem durante 1 (um) minuto do Pulso, para se saber quantos 
batimentos por minuto o paciente se encontra. Visto ser uma avaliação rápida. Sendo está 
medida realizada apenas na Avaliação Secundária. 
O Enfermeiro deverá verificar a presença do pulso, se está presente ou não, a Frequência 
se está rápido ou lento, Regularidade se está irregular ou regular, fraco ou forte. Podendo ser 
avaliado em um local de pulso periférico, ou pulso central. Se o paciente não tiver pulso, deve-
se iniciar imediatamente a reanimação cardiopulmonar (RCP) segundo as Diretrizes da AHA 
– American Heart Association 2015.
P – Pele: na avaliação da pele devemos nos preocupar com a coloração e a temperatura. 
Onde a cianose pode indicar falta de oxigênio em nível celular. Quanto a coloração, se a pele 
estiver pálida, fria, úmida pode ser sinais indicativos de choque. 
P – Perfusão: deve-se avaliar a perfusão capilar do paciente. Abaixo de 2 segundos, a per-
fusão se encontra normal. Acima de 2 segundos pode indicar a falta de circulação sanguínea 
periférica, podendo ser indicativo de uma possível perda de volemia.
O choque hipovolêmico tem maior incidência em paciente vítimas de trauma, onde se tem 
a preocupação de avaliar os parâmetros, a fim de se iniciar o tratamento inicial no Atendimen-
to Pré-hospitalar que é a reposição volêmica. 
O Enfermeiro na equipe de Atendimento Pré-Hospitalar, tem a função de garantir dois 
acessos venosos calibroso (preferência Jelco n° 14), para iniciar o tratamento inicial com repo-
sição de hidroeletrolíticos, ao paciente com choque hipovolêmico. 
O uso de Ringer Lactato, ao invés de solução salina é mais adequado para início da reposi-
ção inicial, evitando uma acidose hiperclorêmica, com a infusão de solução salina. Em seguida 
a transfusão sanguínea, sendo esta medida feita no intra-hospitalar (1). 
Para a reposição de volumes, nos pacientes politraumatizado deve se passar por avaliação, 
considerando cada situação clínica. E para a recuperação do doente o enfermeiro e a equipe 
deverão definir prioridades no atendimento. Alguns diagnósticos, resultados esperados e inter-
venções de enfermagem são vistos nas tabelas a seguir:
Domínio 4 – Atividade e Repouso: Débito Cardíaco diminuído (029)
Domínio 4 – Atividade e Repouso: Risco de Função 
Cardiovascular prejudicada (239)
Domínio 11 – Segurança e Proteção: Risco de Choque
Domínio 11 – Segurança e Proteção: Risco de Integridade Tissular Prejudicada (044)
TABELA 1. Títulos dos Diagnósticos NANDA (2). 
Módulo Cirurgia 39
Domínio 4 – Controle dos Riscos: Saúde Cardiovascular (1914)
Domínio 2 – Eficácia da Bomba Cardíaca (0400)
Domínio 2 – Estado Circulatório (0401)
Domínio 2 – Estado de Coagulação (0409)
Domínio 4 – estado de Segurança: Lesão Física (1913)
TABELA 2. Resultados esperados NOC (3). 
Controle da Hemorragia (2110)
Redução do Sangramento (4020)
Controle da Hipovolemia (4180)
Redução do Sangramento: Lesão (4028)
Controle de Liquidos e Eletrólitos (2080)
Manutenção de Dispositivos para Acesso Venoso (2440)
Regulação Hemodinâmica (4150)
Precauções Circulatórias (4070)
TABELA 3. Atividades de Enfermagem NIC (4).
ABORDAGEM DA ENFERMAGEM A ASSISTÊNCIA NEUROLÓGICA
O enfermeiro da equipe deverá procurar sinais de TCE (Traumatismo Crânio Encefálico), 
como sangramentos pelo ouvido (otorragia), ou pelo nariz (rinorragia), a equimose perior-
bitária (olho de guaxinim), equimose em região mastoide (Sinal de Battle) que indicam uma 
possível fratura de base de crânio.
Qualquer sinal de rebaixamento ou alteração do nível de consciência, confusão, desorien-
tação, pode indicar hipóxia cerebral. É de suma importância descartar o uso de drogas psico-
trópicas, pelo paciente.
O enfermeiro deverá conhecer a Escala de Coma de Glasgow (ECG), que é uma das 
maneiras mais completas de avaliação utilizadas no pré-hospitalar e intra-hospitalar. Onde o 
escore avalia as funções neurológicas se divide em categorias: abertura ocular com valor até 4, 
resposta verbal com valor de até 5, e melhor resposta motora com valores de até 6. Onde se 
considera a melhor resposta do paciente.
O escore máximo são 15 pontos e o escore mínimo são 3 pontos. O escore igual ou menor 
que 8 indica que o paciente precisa de via área avançada imediatamente. 
O enfermeiro socorrista, deverá avaliar a função neurológica do paciente através da ECG. 
Seguindo a sequência de Verificar: se há fatores interferindo na comunicação, observe: a aber-
tura ocular, o conteúdo dos discursos, e os movimentos dos hemicorpos direito e esquerdo. 
Estimule: Estimulação sonora: ordem em tom de voz normal ou em voz alta. Estimulação 
física: pressão nas extremidades dos dedos, trapézio ou incisura supraorbitária. Pontue: com a 
melhor resposta observada. 
40 Módulo Cirurgia
A seguir a tabelas da Escala de Coma de Glasgow Adulto e Pediátrico (<1 ano):
GCS Adulto Pediátrico (<1 ano)
Abertura 
Ocular
Espontânea 4 Espontânea 4
A estímulo verbal 3 A estímulo verbal 3
A estímulo doloroso 2 A estímulo doloroso 2
Sem resposta 1 Sem resposta 1
Melhor 
Resposta Orientado 5 Sorri, orientada 5
Verbal
Confuso 4 Choro, consolável 4
Palavras inapropriadas 3 Choro persistente 3
Palavras incompreensíveis 2 Agitada, inquietação 2
Sem resposta 1 Nenhuma resposta 1
Melhor 
Resposta Obedece comandos 6 Obedece comandos 6
Motora
Localiza dor 5 Localiza dor 5
Flexão normal (retirada) 4 Flexão normal (retirada) 4
Flexão anormal (decorticação) 3 Flexão anormal (decorticação) 3
Extensão (descerebração) 2 Extensão (descerebração) 2
Sem Resposta 1 Sem Resposta 1
É Importante o enfermeiro avaliar agitação aumentada, alucinações, que podem ser sinais 
de TCE (Traumatismo Crânio-Encefálico); anormalidades na fala, fraquezas nas extremidades, 
desvio de comissura labial, podem ser sinal de AVE (Acidente Vascular Encefálico). Deve está 
atento a alterações motoras e sensitivas nas extremidades, descartando dano raquimedular.
O enfermeiro deverá buscar uma indicação de dano cerebral através da avaliação das pupi-
las, as olhando e apontando uma luz para elas observando seu tamanho: midríase, miose; sua 
simetria: isocóricas, anisocóricas. e foto sensibilidade á luz. Parâmetro normalé as duas pupilas 
reagirem á luz, contraindo-se, de forma simétrica. No escuro, elas aumentam de tamanho. 
Para auxílio ao atendimento ao paciente com lesões neurológicas, graves ou não, também 
é necessário avaliar os diagnósticos, resultados esperados e intervenções de enfermagem prio-
ritárias a recuperação do doente. Podemos ver a seguir as principais:
Domínio 5 – Percepção/Cognição: Confusão Aguda (128)
Domínio 9 – Enfrentamento/Tolerância ao Estresse: Capacidade adaptativa intracraniana 
diminuída (049)
Domínio 11 – Segurança / Proteção: Risco de integridade tissular prejudicada (248) 
Domínio 11 - Segurança / Proteção: Risco de Disfunção neurovascular periférica (086) 
TABELA 1. Títulos dos Diagnósticos NANDA (2). 
Módulo Cirurgia 41
Domínio 3 – Controle da Ansiedade (1402)
Domínio 2 – Estado neurológico (0909)
Domínio 2 – Estado Neurológico: Função Craniana Sensória-Motora (0913)
Domínio 2 – Estado Neurológico: Função Espinhal Sensória-Motora (0914)
Domínio 2 – Função Sensorial: Proprioceptiva (2402)
TABELA 2. Resultados esperados NOC (3). 
Monitoração neurológica (2620)
Promoção da perfusão cerebral (2550)
Estimulação Cognitiva (4720)
TABELA 3. Atividades de Enfermagem NIC (4).
ABORDAGEM DA ENFERMAGEM A EXPOSIÇÃO, CONTROLE DA HIPOR-
TEMIA E AVALIACAO SECUNDARIA 
Avaliação feita através do exame físico ao paciente feito de forma sistemática na sequência 
céfalo-caudal (cabeça aos pés), buscando outras lesões que passaram despercebidas. Lem-
brando que não se deve realizar o exame secundário antes de tratar as condições com risco de 
morte ao paciente.
O enfermeiro deverá despir o paciente, mantendo a sua privacidade, em um ambiente 
apropriado. Examinando cabeça, pescoço, tórax, abdômen, dorso, pelve (bacia), extremidades. 
Com os métodos propedêuticos de inspeção, palpação e ausculta. Buscando identificar defor-
midades ósseas, áreas de dor ou edema, enfisema subcutâneo a palpação, ferimentos abertos, 
objetos incrustados, sangramentos ativos, murmúrios vesiculares abolidos, entre outros pos-
síveis sinais de lesões.
Nesta avaliação tem se a preocupação com o controle da hipotermia, onde deve lembrar-
se de preservar e manter a temperatura corporal, uma das maneiras é a utilização da manta 
térmica. E a reposição de volume, com fluídos aquecidos. Tomando sempre a precaução de 
não deixar o paciente entrar em hipotermia, por não levar em consideração o ambiente. Mes-
mo estando em um ambiente com temperatura elevada, é necessário medidas para o controle 
da sua temperatura. 
Quanto a Avaliação Secundária, o enfermeiro poderá utilizar e o mnemônico: SAMPLE 
S = Sinais e Sintomas
Com o exame físico, através da verificação dos sinais vitais e anamnese ao paciente, o in-
dagando sobre algum sintoma que venha sentir.
42 Módulo Cirurgia
A = Alergias
Identificar se o paciente é alérgico a algum medicamento, alimento. 
M = Medicações em uso
Se faz uso de medicações, seja por receita médicas, drogas recreativas, se tomou a medica-
ção prescrita de forma correta.
P = Passado Médico e em mulheres, prenhez (gravidez)
Uma história médica, se fez cirurgia, teve trauma recente, esteve internado
L = Líquidos e Alimentos ingeridos recentemente
Questione sobre qual foi a ultima refeição e qual foi o horário. Devemos atentar caso o 
paciente precise ir imediatamente ao centro cirúrgico, ou a um paciente diabético, suspei-
tando de hipoglicemia.
E = Ambiente e Eventos relacionados ao Trauma ou á Doença
Buscando entender o problema, ou a cronologia dos acontecimentos.
Assim como os demais momentos da avaliação e tratamento do doente politraumatizado, 
na prevenção e controle de hipotermia e na avaliação secundaria, precisamos verificar as prio-
ridades e estabelecer metas, sendo importante os diagnósticos, resultados e intervenções de 
enfermagem, conforme segue:
Domínio 2 – Termorregulação (0800)
Domínio 2 – Memória (0908)
Domínio 2 – Processamento de Informações (0907)
TABELA 2. Resultados esperados NOC (3). 
Aplicação de Calor/Frio (1380)
Controle do Ambiente: Segurança (6486)
Controle da Hipovolemia (4180)
Controle de Liquidos e Eletrólitos (2080)
TABELA 3. Atividades de Enfermagem NIC (4).
Módulo Cirurgia 43
TRANSPORTE E TRANSFERÊNCIA DO PACIENTE POLITRAUMATIZADO
O atendimento ao paciente politraumatizado acontece em dois cenários distintos. O pri-
meiro contato do doente de trauma com uma equipe de saúde muitas vezes acontece fora 
do hospital, em um ambiente muitas vezes hostil e onde os recursos humanos e físicos são 
reduzidos, bem como o espaço para que a equipe realize o seu trabalho é menor do que o exis-
tente em uma sala de trauma. Diante desse contexto é importante que todos os profissionais 
envolvidos no atendimento pré-hospitalar tenham experiência e treinamento adequados para 
que as ações tomadas sejam rápidas e assertivas, afim de não perder muito tempo no local do 
evento, iniciando o deslocamento da ambulância o mais breve possível em direção a um local 
onde o paciente terá acesso a uma estrutura de cuidados maior, aumentando a sua chance de 
sobrevivência.
Mesmo sabendo da necessidade de transportar rapidamente o doente até o local do atendi-
mento definitivo, o transporte não deve ser iniciado sem que a equipe tenha realizado a avalia-
ção primária do doente tomado algumas condutas e realizado procedimentos afim de resolver 
problemas emergenciais que possam colocar a vida do doente em risco imediato, garantindo a 
permeabilidade das vias aéreas, ventilação e oxigenação adequadas e eficazes, a interrupção de 
sangramentos externos que possam proporcionar a instalação do quadro de estado de choque 
hemorrágico e provocar a morte do doente antes da sua chegada ao hospital, bem como a 
imobilização de segmentos lesionados. A permanência na cena deve ser a menor possível, uma 
vez que o prognóstico do paciente politraumatizado se relaciona de forma direta com o tempo 
decorrido entre o trauma e o início da instituição do tratamento definitivo.
Ainda durante a avaliação primária realizada no local do evento, a equipe precisa pensar 
na transferência e se antecipar na tomada da decisão, definindo quais os recursos necessários 
para que esse doente receba o atendimento correto e onde eles estarão disponíveis, para então 
definir a unidade de saúde para onde o mesmo deve ser transportado. 
Nos serviços de resgate e atendimento pré-hospitalar deve existir a figura do médico regu-
lador/coordenador. A função desse profissional é ordenar e orientar a atenção pré-hospitalar, 
realizando também o contato com os hospitais da região. Faz parte das suas obrigações avaliar 
a gravidade do caso que lhe é comunicado e, portanto, a decisão técnica sobre os pedidos de 
socorro que chegam até a central, bem como a decisão sobre os gerenciamento dos recursos a 
serem disponibilizados para cada chamado (unidades com ou sem presença do médico inter-
vencionista). Cabe também ao médico regulador/coordenador monitorar e orientar o atendi-
mento prestado pelos profissionais de saúde que estão no local e definir e acionar o hospital 
de referência.
A realização de contato entre o médico regulador/coordenador do serviço e o hospital 
definido como o mais adequado para receber o doente de trauma é essencial, pois é nesse 
momento que ocorre a passagem das informações obtidas junto a equipe de atendimento pré
-hospitalar para os profissionais que receberão o paciente no hospital. É de grande importân-
cia que sejam informados dados da(s) vítima(s) que serão encaminhadas àquela unidade (idade, 
sexo, condição clínica e condutas tomadas no atendimento pré-hospitalar), informações da 
ocorrência como a cinemática do trauma e energias envolvidas e uma estimativa de tempo de 
chegada da ambulância. 
44 Módulo Cirurgia
O acionamento precoce da equipe do hospital permitirá que, de posse das informações

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