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zoneamento arroz valendo (Recuperado)

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Zoneamento de riscos climáticos para o arroz de
Sequeiro no Estado do Maranhão
Amanda Sales Alves
Barbara Noeme de Souza Silva
Joice Sousa
Leuda Caroline
Rayane Cristine Cunha Moreira
Resumo
Utilizando-se do zoneamento e das técnicas de geoprocessamento foi possível identificar as melhores datas para semeadura da cultura de arroz em solo com textura argilosa no estado do Maranhão nos meses de outubro, novembro e dezembro. As variáveis consideradas foram o tipo de solo que foi com textura argilosa e o coeficiente da cultura evapotranspiração potencial e duração do ciclo. Foi adotado um critério de corte para o índice de satisfação da necessidade de água para cultura (ISNA), definido como relação entre a evapotranspiração real e a máxima, o valor de 0,55 desfavoráveis, 0,55-0,65 intermediário e 0,65 favoráveis. Nestas condições a melhor data de semeadura do arroz sequeiro é no dia 10 de outubro a 10 de dezembro. Aumentando a capacidade de retenção de água um menor ciclo da cultura. Este trabalho tem por objetivo demonstrar a época mais adequada para o plantio da cultura do arroz de sequeiro no estado do Maranhão entre os meses de outubro a dezembro em solos com textura argilosa em função da variação das necessidades de água na cultura, que depende altamente da precipitação pluviométrica no período da floração, enchimento dos grãos.
Palavra Chave: arroz, Oryza sativa L., balanço hídrico, época de semeadura, Maranhão.
1. Pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão, Caixa Postal 179, CEP 75375-000 Santo Antônio de Goiás, GO. E-mail:
silvando@cnpaf.embrapa.br
2. Pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Caixa Postal 6041, CEP 13089-970 Campinas, SP.
E-mail:assad@cnptia.embrapa.br
1. Introdução
O arroz é umas das plantas cultivadas mais antigas do mundo, originário da Ásia Sul - Oriental este grão tem uma presença significativa Ana cultura de vários povos orientais o elegeram como o símbolo da fartura. A introdução do arroz na cultura dos povos se deu através dos mouros no século VIII, na Península Ibérica, e logo se difundiu nos demais países. 
Segundo a FAO, o arroz é um dos alimentos mais necessário para nutrição humana com grande importância na economia mundial. É considerado o cultivo alimentar de maior representatividade em muitos países em desenvolvimento, sendo responsável pela alimentação de dois terços da população da terra, sendo que seu cultivo ocupa uma área de mais de 130 milhões de hectares (STEINMETZ et al, 1979). Nos continentes da Ásia e Oceania, onde vivem 70% da população total dos países em desenvolvimento, o arroz é considerado o cultivo alimentar que não pode faltar para dois terços da população subnutrida mundial. É alimento básico para cerca de 2,4 bilhões de pessoas e, segundo estimativas, até 2050, haverá uma demanda para atender ao dobro desta população. 
Fora da Ásia, praticamente só no Brasil a cultura do arroz se reveste de caráter prioritário, constiduindo-se um alimento fundamental para o consumo da população (MORAES, 1978). Na produção mundial, o Brasil se destaca como o principal produtor entre os países ocidentais e está entre os dez produtores mundiais, com cerca de 11 milhões de toneladas para um consumo de 11,7 milhões de toneladas. Essa produção é oriunda de dois sistemas de cultivo: irrigado e de sequeiro. A produção brasileira está concentrada, principalmente, nas regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul; tendo o Rio Grande do Sul como o maior produtor de arroz, sendo este irrigado. Já a área plantada com arroz de sequeiro, em terras altas, fica concentrada na região Centro-Oeste (Mato Grosso e Goiás); Nordeste (Piauí e Maranhão) e Norte (Pará e Rondônia). 
No Brasil, em todos os Estados, essa gramínea encontra condições ideais para crescer e produzir, além de ser resistente às pragas e moléstias. No Nordeste, é levada a efeito em todas as pequenas e grandes propriedades. Não atingindo maiores índices devido à irregularidade pluviométrica que muitas vezes escasseia ou reduz muito, coincidindo, quase sempre, com o ultimo subperíodo, o mais crítico, que é precisamente do florescimento à formação e maturação dos grãos. As precipitações aquosas na região nordestina variam de 250 mm a 1.000mm anuais, no litoral cabem as maiores quedas, ultrapassando um pouco os 1.000mm anuais. No estado do Maranhão, é um produto de grande importância em vários aspectos, com destaque para o social, devido seu papel na segurança alimentar, e para a economia maranhense, pelo seu potencial de geração de renda. De acordo com o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção estadual se localiza em terceiro lugar a nível nacional, depois do Rio Grande do Sul. 
A implantação de uma lavoura de arroz requer um longo planejamento para a obtenção de resultados satisfatórios, o zoneamento agroclimático é uma ferramenta que permite minimizar o impacto negativo do clima e, ao mesmo tempo, explorar as suas potencialidades nas distintas regiões de cultivo. Para o sistema de arroz de sequeiro, a disponibilidade hídrica durante a estação de crescimento constitui-se em fator limitante à expressão do potencial de rendimento da cultura e na maior causa de variabilidade dos rendimentos de grãos observados de um ano para outro. Por isto é preciso conhecer os fatores de riscos, que tendem a ser minimizados quanto mais eficientes for o planejamento das atividades relacionadas à produção. O agricultor tem que estar consciente de que a chance de ter sucesso deve-se a seu planejamento, e que este depende de vários elementos, dentre eles os riscos climáticos a que está sujeito.
2. Material e Métodos
Neste estudo foi utilizado o modelo para cálculo do balanço hídrico para os meses de outubro, novembro e dezembro, desenvolvido THORNTHWAITE & MATHER (1955).  A capacidade máxima de água disponível no solo foi fixada em 0,60; 1,00 e 1,20 mm de água/cm de solo e a evapotranspiração potencial (ET0) foi estimada pelo método de THORNTHWAITE (1948). Os valores de temperatura e precipitação correspondem às médias na localidade de interesse. O cálculo do balanço hídrico da cultura é considerando a evapotranspiração potencial da cultura selecionada (ETc) no qual para sua obtenção a ET0 foi multiplicada com coeficiente de cultivo do arroz. Com a escolha do solo argiloso estará determinando qual a capacidade máxima de água que o solo pode reter, denominado Capacidade de Campo (CAD). O cálculo do balanço hídrico tem início na data de plantio com a umidade inicial do solo igual à CAD. A capacidade de água disponível em três tipos de solos argilosos foram 20 mm, 30 mm e 40 mm.
Uma das premissas é que o modelo considera o solo como um compartimento homogêneo, isotrópico e monofásico, o que na realidade não ocorre. É importante ressaltar que o modelo utilizado considera a cultura de arroz de sequeiro com profundidade efetiva do sistema radicular de 30 cm sem limitação nutricional e com o controle adequado de pragas, de doenças e de invasoras.
As variáveis de entrada do modelo são:
• Precipitação pluvial: Os dados dos meses foram obtidos pela ANA - Agência Nacional de Águas
• Solo: foi considerado tipo de solo com diferentes capacidades de armazenamento de água de classificação argilosa, sendo 
• Coeficiente de cultura: foram utilizados dados de coeficiente de cultura obtidos pela EMBRAPA a partir do zoneamento de risco climático – safra 2002/2003 com parâmetros de solo e de cultura usados no sistema sarra. (Tabela 1);
• Evapotranspiração potencial: estimada pela equação de Thornthwaite (1948), e calculada para cada 30 dias durante os três meses finais do ano, sendo então gerados 3 dados de evapotranspiração;
• Ciclo das cultivares de arroz de sequeiro: foi utilizado cultivares de ciclo médio (120 dias para o estado do Maranhão). Considerou-se um período crítico (floração/enchimento de grãos) de 30 dias. O qual está compreendido entre o 60º e o 90º dia após a emergência para cultivares de ciclo médio.
Os balanços hídricos foram determinados no período compreendidoentre 10 de outubro a 10 de dezembro, considerando-se primeiro, segundo e terceiro decêndio de cada mês. Uma das saídas mais importantes do modelo é o índice de satisfação da necessidade de água pela cultura (ISNA), expresso pela relação entre a evapotranspiração real e a evapotranspiração máxima (ETr/Etm), indicando a quantidade de água que a planta irá consumir e o total necessário para garantir a sua máxima produtividade.
	Cultura
	Decêndios
	
	1
	2
	3
	4
	5
	6
	7
	8
	9
	10
	11
	12
	13
	Arroz de ciclo médio
	0,60
	0,70
	0,80
	0,90
	1,00
	1,10
	1,20
	1,20
	1,10
	0,90
	0,80
	0,70
	0,60
 Tabela 1. Coeficiente de cultura (Kc) por decêndio para a cultura de arroz 
 
Para a caracterização do risco climático ao cultivo de arroz de sequeiro foram 
Estabelecidas três classes de ETr/ETm, conforme STEINMETZ et al. (1985), para etapa de enchimento de grãos:
• ETr/Etm > 0,65 - a cultura de arroz de sequeiro está exposta a um baixo risco climático.
• 0,65 > ETr/Etm > 0,55 - a cultura de arroz de sequeiro está exposta a um risco climático médio.
• ETr/Etm < 0,55 - a cultura de arroz de sequeiro está exposta a um alto risco climático.
A simulação do balanço hídrico permitiu, então, calcular os índices ETr/ETm ao longo do ciclo. Como o ciclo da cultura está dividido em quatro fases fonológicas, e a fase de enchimento de grãos é a mais determinante da produtividade final, estima-se o valor de ETr/ETm naquela fase. Os valores calculados de ISNA, para definir o risco climático foram especializados utilizando um Sistema de Informações Geográficas (SIG).
Para espacialização dos resultados foram adotados os seguintes procedimentos: Criação de uma planilha de dados no Microsoft Excel obtendo as seguintes colunas: A – Longitude de cada local de coleta de dados; B - Latitude e da coluna C a E a variável a ser especializada (chuva) com valores da relação ETr/ETm e os dias de plantio. A partir de uma imagem georeferenciada do estado do Maranhão três mapas para cada mês foram gerados pelo software SUFER no qual houve transformação das coordenadas geográficas em coordenadas de projeção cartográficas utilizadas (no caso, projeção policônica); leitura do arquivo de pontos; organização das amostras; e geração de uma grade regular (grade retangular, regularmente espaçada de pontos, em que o valor da cota de cada ponto é estimado a partir da interpolação de um número de vizinhos mais próximos).
Por se tratar, basicamente, de uma análise bidimensional, na qual as variações de ETr/ETm foram especializadas em função do tempo, desconsiderou-se os efeitos orográficos. O interpolador escolhido foi aquele que mais se aproximou de um resultado linear. Assim, foi selecionada a média ponderada dos N pontos mais próximos por quadrante da grade regular, com peso W=1/dn, sendo o expoente “n” definido como quatro.
Cada mapa gerado recebeu uma escala de cor no qual determina o favorecimento ou desfavorecimento de uma determinada região que consiste em classificar os valores interpolados, ou seja, agrupar em classes os valores de ETr/ETm calculados pelo balanço hídrico. 
3. Resultados e Discussão
 
4. Conclusões	
De acordo com dados obtidos juntamente com a técnica de geoprocessamento, permitiram identificar as melhores datas para o plantio do arroz de sequeiro no estado da maranhão nos meses de outubro e dezembro.
Permitindo sucesso na fase mais importante da lavoura que é o enchimento dos grãos, que necessita de bastante água, assim evitando suscetíveis perdas. A melhor data apresentada para o plantio foi 10 de dezembro, onde a distribuição pluvial é bastante regular, diminuindo o risco de perdas na cultura evitando perdas significativas ao estado.

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