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Aula 2 A Questão Ambiental Sob a Perspectiva Histórica e Atual

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A Questão Ambiental Sob a Perspectiva Histórica e Atual
Prof.ª Louise Lee
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CAMPUS DE SÃO BERNARDO
CURSO: CIÊNCIAS NATURAIS
DISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E CIDADANIA
Histórico da Questão Ambiental
À medida que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza para satisfação de necessidades e desejos crescentes, surgem tensões e conflitos quanto ao uso do espaço e dos recursos em função da tecnologia disponível
Histórico da Questão Ambiental
Após a Segunda Guerra Mundial, principalmente a partir da década de 60, intensificou a percepção de que a humanidade pode caminhar aceleradamente para o esgotamento ou a inviabilização de recursos indispensáveis à sua própria sobrevivência. 
Foi percebido que algo deveria ser feito para alterar as formas de ocupação do planeta estabelecidas pela cultura dominante.
Histórico da Questão Ambiental
A segunda metade do século XX foi marcada pela emergência da discussão generalizada sobre a questão ambiental. 
Nesse período, a crescente degradação do ambiente e a escassez de certos recursos naturais colocaram a temática da conservação da natureza no centro do debate público. 
A preocupação com o meio ambiente se restringia somente a pequenos grupos de estudiosos e outros interessados em conhecer profundamente sobre meio ambiente que saiam a campo para pesquisar, ou até mesmo passear e apreciar a natureza que era de caráter exuberante. 
Daí por diante começou a ser divulgado de maneira bem lenta informações referentes à temática e despertou curiosidades a outros estudiosos que também pretendiam obter mais conhecimentos. 
Assim, os mesmos poderiam compreender a história da educação ambiental, os acontecimentos e os conceitos, como bem a primeira grande catástrofe.
Histórico da Questão Ambiental
Histórico da Questão Ambiental
A primeira grande catástrofe ambiental, sintoma da inadequação do estilo de vida do ser humano, aconteceu em Londres, provocando a morte de 1.600 pessoas, desencadeando o processo de sensibilização sobre a qualidade ambiental na Inglaterra e culminando com a provocação da Lei de Ar Puro pelo Parlamento, em 1956. 
Esse fato desencadeou uma série de discussões em outros países, catalisando o surgimento do ambientalismo nos Estados Unidos, a partir de 1960.
Histórico da Questão Ambiental
Além do episódio de Londres, pode-se ressaltar também: 
Casos fatais de intoxicação com mercúrio em Minamata e Niigata, entre 1953 e 1965, 
a diminuição da vida aquática em alguns dos Grandes Lagos norte-americanos, 
a morte de aves provocada pelos efeitos secundários imprevistos do DDT e outros pesticidas 
e a contaminação do mar em grande escala, causada pelo naufrágio do petroleiro Torrei Canyon, em 1966 
Histórico da Questão Ambiental
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1960;
Década de 1970;
Década de 1980;
Década de 1990;
Anos 2000.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1960
 Em 1962, Rachel Carson publicou o livro Primavera Silenciosa que foi um dos responsáveis pela explosão de um movimento ambientalista radical, totalmente transformado, mais dinâmico, sensível e de base social mais ampla. 
Pela primeira vez, um livro provou de forma científica os efeitos negativos da ação desordenada do homem sobre o meio ambiente. 
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1960
Em 1962, Rachel Carson, bióloga, publica um livro “Primavera Silenciosa”, sendo o primeiro livro que faz um alerta, para o mundo, a respeito dos efeitos nocivos do uso do pesticida DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano) e também questiona os rumos da relação entre o homem e natureza.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1960
As questões ambientais começaram a se apresentar quando eclode no mundo um conjunto de manifestações, incluindo 
a liberação feminina, 
a revolução estudantil de maio de 1968 na França 
e o endurecimento das condições políticas na América Latina, com a instituição de governos autoritários, em resposta às exigências de organização democrática dos povos em busca de seus direitos à liberdade, ao trabalho, à educação, à saúde, ao lazer e à definição participativa de seus destinos.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1960
Foi então que começaram a surgir grupos de manifestações de povos que reivindicavam seus diretos na melhoria da qualidade vida visando informações legais para assegurar e fazer valer a sua luta rumo a conquista de sua vitória com relação ao seu bem estar comum na sociedade.
Aos poucos, na década de 60, cidadãos do mundo todo se organizaram em movimentos ecológicos, mas com duas posições diferentes: 
a preservacionista - preocupava-se exclusivamente em preservar as espécies em perigo de extinção. 
a conservacionista - lutava pela conservação dos habitats das espécies ameaçadas de extinção e reforçava a visão de utilidade dos ecossistemas para as populações humanas. 
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1970
Foi elaborado o “Manifesto para a Sobrevivência” pela entidade relacionada à revista britânica “The Ecologist”, em que eles insistiam que um aumento indefinido da demanda não pode ser sustentado por recursos finitos.
A partir da década de 1970, as questões políticas, sociais e econômicas geradoras de impactos ambientais passaram a ser discutidas de forma integrada em Conferências Internacionais.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1970
Nessa década foi publicado o relatório "Limites do Crescimento", preparado pelo Clube de Roma. 
Ele reproduziu os primeiros estudos científicos a respeito da preservação ambiental, e que relacionavam quatro grandes questões que deveriam ser solucionadas para que se alcançasse a sustentabilidade: 
controle do crescimento populacional, 
controle do crescimento industrial, 
insuficiência da produção de alimentos,
e esgotamento dos recursos naturais.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1970
Há três vertentes principais de abordagem dos problemas, sendo
 
a primeira baseada na noção de ecologia global, que questiona a própria estrutura social; 
a segunda alarmista, influenciada pelo Clube de Roma; 
e a terceira técnico-administrativa, que surgiu em consequência da Conferência de Estocolmo, 1972. 
As três abordagens passaram a influenciar a formulação de políticas públicas.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1970
Após a publicação da obra “Os Limites do Crescimento”, pelo Clube de Roma em 1972, este conceito toma um grande impulso no debate mundial, atingindo o ponto culminante na Conferência das Nações Unidas de Estocolmo, 1972. 
Este foi o evento que transformou o meio ambiente em uma questão de relevância internacional.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1970
Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente celebrada em Estocolmo, em 1972, definiu-se o meio ambiente da seguinte forma
 "O meio ambiente é o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas.“
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1970
Conferencia de Estoclomo 1972: 
marca a consolidação na comunidade internacional da consciência ambiental introduzindo definitivamente na agenda internacional o fator meio ambiente como elemento a ser considerado nas questões relativas ao desenvolvimento econômico. 
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1980
Em 1983, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), também conhecida como a Comissão Brundtland, foi criada para realizar audiências ao redor do mundo e produzir um relatório formal com suas conclusões. 
O relatório final da Comissão, intitulado “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), definiu o desenvolvimento sustentável como sendo “o desenvolvimento que atende às necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade de gerações futuras desuprir suas próprias necessidades”, tornando-se parte do léxico ambiental.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1980
Alguns dos Acordos Ambientais Multilaterais:
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), de 1982;
O Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, de 1987 (implementando a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, de 1985); e
A Convenção da Basiléia para o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e sua Eliminação (Convenção da Basiléia), de 1989.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1980
No Brasil, o interesse pelas questões ambientais começou a ganhar força na década de 80, de acordo com a legislação brasileira. 
São da década de 80 e início da década de 90 a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), o Decreto n. 99.2741 de 06 de junho de 1990 que regulamenta a Política Nacional de Meio Ambiente 
A Constituição Federal de 1988, que prevê um capítulo específico ao tema Meio Ambiente.
A partir de 1981 o Brasil passou a dispor de um instrumento legal de proteção do meio ambiente, com a sanção da Lei nº 3.938 – Lei da Política Nacional do Meio Ambiente. 
Também, em 1981, foi criado o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, constituído pelos órgãos
CONAMA e IBAMA
Evolução das Discussões Internacionais
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente – órgão superior do sistema, tem a função de assessorar o presidente da República. È constituído por 72 membros.
 É o órgão que determina os limites de emissão de gases, fumaça e ruído de veículos automotores. 
Estes limites são publicados em resoluções e servem de parâmetro para os fabricantes, bem como para a fiscalização da frota já existente.
Evolução das Discussões Internacionais
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – atua como secretaria executiva do CONAMA, portanto é responsável pelas normas e padrões relativos à preservação do meio ambiente.
Evolução das Discussões Internacionais
Meio Ambiente
A Constituição Federal refere-se ao meio ambiente no seu Capitulo VI: 
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” 
(Constituição da República Federativa do Brasil, 1988 - CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE, Art. 225).
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1990
A década de 1990 caracterizou-se pela busca por uma melhor compreensão sobre o conceito e o significado do desenvolvimento sustentável, paralelamente às tendências crescentes em direção à globalização, especialmente no que diz respeito ao comércio e à tecnologia.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1990
Como resultado da participação de múltiplos grupos de interesse e uma maior responsabilização em relação a questões ambientais e sociais, uma série de eventos internacionais ganhou maior dimensão. 
O primeiro desses eventos foi uma conferência ministerial sobre o meio ambiente realizada em Bergen, na Noruega, em maio de 1990. 
Essa conferência foi convocada como uma preparação para a Conferência das Nações Unidas para Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como Cúpula da Terra, ou Rio-92.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1990
A Rio-92 produziu grandes resultados
A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (contendo 27 princípios);
A Agenda 21 – um plano de ação para o meio ambiente e o desenvolvimento no século XXI;
Duas grandes convenções internacionais – a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB);
A Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS);
Um acordo para negociar uma convenção mundial sobre a desertificação; e
A declaração de Princípios para o Manejo Sustentável de Florestas.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1990
A Agenda 21 é um plano de ação parcialmente baseado em uma série de contribuições especializadas de governos e organismos internacionais.
A Agenda 21 é hoje um dos instrumentos, sem validade legal, mais importantes e influentes no campo do meio ambiente, servindo como base de referência para o manejo ambiental na maior parte das regiões do mundo.
Evolução das Discussões Internacionais
No Brasil , os Ministérios do Ambiente, da Educação, da Cultura e da Ciência e Tecnologia, no ano de 1992, instituíram o PRONEA – Programa Nacional de Educação Ambiental. E o IBAMA, como responsável pelo cumprimento de suas determinações e na qualidade de executor da política nacional de meio ambiente, elaborou diretrizes para a implementação do PRONEA. 
Assim, incluiu a educação ambiental no processo de gestão ambiental, o que a torna presente em quase todas áreas de atuação (IBAMA,1998). 
Em 1997, o Ministério da Educação elaborou uma nova proposta curricular, denominada de Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, onde o meio ambiente passa a ser um tema transversal nos currículos básicos do ensino fundamental, isto é, de 1ª a 8ª séries.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1990
Outras conferências internacionais importantes:
1993: Conferência Mundial dos Direitos Humanos, realizada em Viena;
1994: Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, Cairo;
1994: Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, Bridgetown, Barbados;
1995: Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social, Copenhague;
1995: Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, Beijing;
1996: Conferência Mundial das Nações Unidas sobre os Assentamentos Humanos (HABITAT II), realizada em Istambul; e
1996: Cúpula Mundial da Alimentação, Roma.
1997: Protocolo de Kyoto
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1990
Após a Rio-92, a comunidade internacional convocou uma nova cúpula chamada Rio + 5 para rever os compromissos empreendidos no Rio de Janeiro em 1992. 
Durante o encontro, realizado em Nova York, houve uma preocupação em relação à lenta implementação da Agenda 21.
 
A conclusão geral foi a de que, embora um certo progresso houvesse sido feito em relação ao desenvolvimento sustentável, várias das metas da Agenda 21 ainda estão longe de se concretizar.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1990
A colocação em prática do conceito de desenvolvimento sustentável, em resumo, foi o objetivo da Rio+10.
Foi uma tentativa da ONU de reavaliar e implementar as conclusões e diretrizes obtidas na Rio-92, em especial de avançar nas discussões e obter metas mais ambiciosas, específicas e bem definidas para alguns dos principais problemas ambientais de ordem global. 
A Rio+10 terminou com alguns poucos avanços, como a aprovação, no campo da biodiversidade, da criação de um sistema internacional para divisão, com os detentores de recursos naturais e conhecimentos tradicionais, dos lucros obtidos pelos países ricos com o uso desses recursos. 
Mas, em contraposição, há no documento final da conferência muitas declarações vagas, sem o estabelecimento de meios para cobrar a implementação das medidas aprovadas. 
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1990
Protocolo de Kyoto ,1997
O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional entre os países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), firmado com o objetivo de se reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa e o consequente aquecimento global.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1990
Protocolo de Kyoto ,1997
é um tratado internacional assinado por muitos países no ano de 1997 na cidade de Kyoto, no Japão; com a finalidade de alertar para o aumento do efeito estufa e do aquecimento global caracterizado, em grande parte, pelo volume de gases lançados na atmosfera, sendo o principal deles o dióxido de carbono (CO2).O acordo possui diretrizes e propostas para amenizar o impacto dos problemas ambientais, por exemplo, das mudanças climáticas do planeta terra. 
Dessa maneira, os países que assinaram tal documento se comprometeram a reduzir a emissão de gases em aproximadamente 5%. 
Vale lembrar que o Protocolo de Kyoto somente entrou em vigor no ano de 2005 (com adesão da Rússia) e no tocante aos países signatários são divididas nas categorias:
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Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1990
Protocolo de Kyoto ,1997
Países que assinaram e ratificaram o Protocolo: Brasil, Argentina, Peru, Tanzânia, Austrália, alguns países da União Europeia, etc.
Países que assinaram e não ratificaram o Protocolo: Estados Unidos, Croácia, Cazaquistão, etc.
Países que não assinaram e não ratificaram o Protocolo: Vaticano, Andorra, Afeganistão, Taiwan, Timor-Leste, etc.
Países que não assumiram nenhuma posição no Protocolo: Mauritânia, Somália, etc.
Evolução das Discussões Internacionais
Década de 1990
Protocolo de Kyoto ,1997
O Protocolo de Kyoto contemplou três mecanismos de flexibilização: Comércio de Emissões, Implementação Conjunta e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Esse último é o único a permitir a participação dos países em desenvolvimento – chamados tecnicamente de Partes não-Anexo I.
Por meio do MDL, um país desenvolvido ou de economia em transição para o capitalismo pode comprar “créditos de carbono”, denominados “reduções certificadas de emissões” (RCEs) resultantes de atividades de projeto desenvolvidas em qualquer país em desenvolvimento que tenha ratificado o Protocolo. 
Isso é possível desde que o governo do país onde ocorrem os projetos concorde que a atividade de projeto é voluntária e contribui para o desenvolvimento sustentável nacional.

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