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INTRODUÇÃO
Podemos definir a Linguística como um estudo científico da estrutura da língua e que reúne os mais diversos campos, entre eles podemos mencionar: Sintaxe, Morfologia, Semântica e a Pragmática. O desenvolvimento acerca das teorias fonéticas e fonológicas ganhou destaque importante nos estudos linguísticos, entretanto ambos tiveram origem em momentos distintos. A preocupação fonética tem origem bem antes do século XX, enquanto que as bases fonológicas foram lançadas pelo Círculo Linguístico de Praga, na década de 1930. 
A fonética e a fonologia passam a ser vistas como duas ciências distintas. Segundo Hora (2012, p.12), “a fonética é o estudo da produção, propagação e percepção de sons, a fonologia visa o estudo sistemático dos sons.”, em outras palavras, a Fonética leva em consideração o modo como os sons são produzidos e os aspectos físicos envolvidos. Já fonologia é estudo do sistema sonoro da língua, a maneira como os fonemas estão articulados em um determinado idioma, sabendo que dentre os vários idiomas existentes todos possuem a sua própria estrutura que se diferencia das demais.
Ao se fazer uma análise da língua, inicialmente, devemos determinar a variante que deverá ser estudada, assim como definir os fatores linguísticos que podem interferir no uso da língua, sendo eles: a maneira como as palavras se organizam na frase, nível de escolaridade, classe social, etc. Após a definição do objeto de análise, o próximo passo é a seleção dos informantes e por fim a coleta e análise dos dados (CRISTÓFARO SILVA, 2003, p. 12). Cagliari (2006) enfatiza que o foco da pesquisa Fonética é os estudos articulatórios e auditivos, com enfoque maior na entonação, ritmo, etc. Para ele, o pesquisador deve buscar variantes linguísticas que devem ser gravadas.
O estudo fonético promove uma visão ampla no estudo de uma língua estrangeira, sendo impossível ensinar sem ter o conhecimento fonético de como os sons são realizados. No que se refere ao ensino da língua materna, os estudos possibilitam aos professores entender como se dá o processo de aquisição dos sons. 
Quando nos referimos aos dialetos, o conhecimento fonético proporciona uma nova visão para fala e para os preconceitos linguísticos, sendo necessário enxergar a língua como dinâmica e que pode estar sujeita a mudanças ao longo dos anos, logo, os dialetos são importantes para a construção da identidade de uma nação. Cristófaro (2003) reforça que a toda língua possui variantes e que é inaceitável dizer que há variantes piores ou melhores.
Dessa forma, buscamos investiga se existe alguma interferência na produção dos sons “nh”, “r”, “ei” e “ou” na fala de seis indivíduos, sendo uma metade do sexo masculino e a outra do sexo feminino, cujo nível de escolaridade é o superior e habitam em Teresina há pelo menos cinco anos. 
2	 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Amostra
Participaram da pesquisa 6 informantes, nascidos e residentes em Teresina, alunos do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Piauí, sendo 3 do sexo feminino e 3 do sexo masculino conforme as instruções passadas, os alunos têm faixa etária entre 19 e 21 anos. 
Vale ressaltar que a entrevista teve a permissão de todos os informantes para ser gravada, contudo, no decorre do relatório, eles serão mencionados como Informantes A, Informantes B, Informantes C, Informantes D, Informantes E e Informantes F, para assegurar suas identidades. De acordo com dados, os entrevistados residem nos bairros Porto Alegre, Cristo Rei, Marquês, Dirceu, Ilhotas e Aeroporto, e como nos foi passado os pais são nascidos no Piauí e entre eles, somente quatro possuem nível superior. 
Sendo assim, a partir dos dados dos informantes, montamos as tabelas seguintes: 
	Informantes
	A
	B
	C
	D
	E
	F
	Idade
	19
	20
	19
	21
	19
	20
	Sexo
	Feminino
	Feminino
	Feminino
	Masculino
	Masculino
	Masculino
	Escolaridade
	Superior
	Superior
	Superior
	Superior
	Superior
	Superior
	Bairro
	Porto Alegre
	Cristo Rei
	Marquês
	Dirceu
	Ilhotas
	Aeroporto
	Quantidade de tempo que reside em Teresina
	Mais de 10 anos
	Mais de 10 anos
	Mais de 10 anos
	Mais de 10 anos
	Mais de 10 anos
	Mais de 10 anos
Quadro de informações dos entrevistados.
	Informantes
	A
	B
	C
	D
	E
	F
	Naturalidade da mãe
	Teresina
	Altos 
	Campo Maior
	Altos
	Teresina
	Teresina
	Naturalidade do pai
	Teresina
	Altos
	Campo Maior
	Teresina
	Demerval Lobão
	Teresina
	Escolaridade da mãe
	Superior
	Médio
	Médio
	Médio
	Médio
	Superior
	Escolaridade do pai
	Médio
	Médio
	Superior
	Médio
	Médio
	Superior
Quadro de informações dos pais dos entrevistados.
Material 
Para realizar a entrevista e tendo como objetivo a coleta dos dados dos informantes, foram utilizados instrumentos de pesquisa que consiste em gravadores e uma linha de questionamento sobre o semestre dos entrevistados escolhida previamente pelo grupo.
Procedimentos 
1) Inicialmente, os integrantes do grupo definiram os sons que seriam analisados, os sons “nh”, “ou”, “r” e “ei”, assim como a produção das questões. A entrevista deveria induzir os informantes pronunciarem os sons a serem analisados. Para isso, solicitamos que falassem sobre o semestre, mencionando as disciplinas que estavam cursando, os trabalhos e atividade realizados e as principais dificuldades enfrentadas no semestre;
2) Tendo em mãos todo o material de apoio, assim como definido os sons de análise, o próximo passo está na escolha dos informantes, e essa escolha é estabelecida por critérios que envolvem o nível de escolaridade. Desta forma, a entrevista foi realizada no Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - UFPI, no Centro de Tecnologia. Já a abordagem foi com base no número de alunos, sendo necessário abordar um grupo de no mínimo 6 pessoas que estudam na mesma turma;
3) O convite para participar da pesquisa foi feito com a intenção de não deixar claro que o objeto da atividade é uma análise da fala, desta forma os dados do falante precisam ser captados através de um gravador e o ideal foi tentar gerar uma comunicação espontânea entre pesquisador e informante, dessa maneira os estudantes deveriam usar a sua fala do dia a dia sem haver o policiamento da fala;
4) No momento da entrevista, o grupo se atentou em coletar as informações pessoais, sendo elas: Idade, naturalidade, quando tempo reside na capital, bairro em que mora, além da escolaridade e naturalidade dos pais. Já na questão do local da pesquisa, foi dada prioridade por ambientes silenciosos para que os áudios gravados tivessem uma boa qualidade;
5) Após a etapas da entrevistas e com o material de análise em mãos, um outro passo foi a transcrição do material, convertendo o texto oral em escrito, a partir das conversas gravadas. Este será abordado nas análises dos dados. Nessa etapa, os sons serão estudos, fazendo uma comparação entre a pronúncia dos alunos entrevistados, além de observar como os sons, determinados inicialmente, foram pronunciados pelos integrantes.
3	ANÁLISES DOS DADOS
	A partir da fala dos entrevistados, extraímos trechos com vocábulos que apresentem, em sua estrutura, os sons estabelecidos inicialmente. Desse modo, temos, com o som de “nh” ou [ɲ] nasal palatal, observamos as seguintes ocorrências:
“[...] quero receber [‘mĩɐ] prova para saber se compensa largar a disciplina ou não.” (Informante B);
“Calculo está difícil para todo mundo, mas [‘mĩɐs] notas estão boas nas outras disciplinas.” (Informante D);
“[t’ẽɲʊ] dois trabalhos para fazer essa semana” (Informante A);
“[...] por isso [t’ẽʊ] que arrumar um emprego pra consegui dinheiro.” (Informante E). 
Observamos na fala dos informantes B e D a pronúncia da palavra “minha” e “minhas”, respectivamente. Ambos não pronunciam o som nasal palatal [ɲ] nesse contexto, denunciando um fenômeno muito recorrente na fala de todos os entrevistados, o fenômeno do apagamento, o qual se faz presente neste e nos trechosque serão analisados posteriormente. 
Na fala dos informantes A e E, a palavra “tenho” é realizada de duas formas diferentes. Na fala do informante A ocorre a pronúncia do som [ɲ] e na fala do informante E, esse som é apagado. 
Com o som de “r” ou [ɦ] fricativa glotal, observamos as seguintes ocorrências:
“[...] O [pɾofes’o] de física experimental cobra muito.” (Informante F); 
“Esse semestre, a gente pegou o [pj’ɔ] professor de calculo.” (Informante C);
“Quero [ɦeseb’e] minha prova para [sab’e] se compensa largar a disciplina ou não.” (Informante A);
“Não vejo a hora de esse semestre [akab’a].” (Informante B). 
Observamos na fala dos informantes F, C, A e B a pronúncia das palavras “professor”, “pior”, “receber”, “saber” e “acabar”. Nelas, o som do “r” no final da palavra não é pronunciam. Conforme Carvalho (2009), essa não realização do som é chamada de “zero fonético ou apagamento”. 
Também destacamos o som do ditongo decrescente (vogal + semivogal) “ou”/[ow] nas seguintes ocorrências:
“Ele [zero] a prova de uma galera.” (Informante A);
“Como se não bastasse ainda fui [ɦo’badʊ] mês passado.” (Informante E);
“A matéria mais de boa desse semestre é metodologia, a professora é meio [‘loka], mas é legal” (Informante D);
“A próxima semana vai ser tensa. Tem relatório de física, de química, seminário e ainda [‘vo] fazer prova de estatística.” (Informante F). 
Observamos nos trechos destacados, uma peculiaridade nas pronúncias das palavras “zerou”, “roubado”, “louca” e “vou”, todas elas apresentam o fenômeno do apagamento. Nesse caso, ocorre o apagamento da semivogal. 
Por fim, analisamos o som do ditongo decrescente “ei”/[ej] nas seguintes ocorrências:
“O semestre já está acabando e o professor de química nunca colocou a [pɾĩm’eɾɐ] nota. [...]” (Informante C);
“A professora é [m’ej] louca.” (Informante D);
“Preciso de [dʒĩɲ’eɾʊ] para os passes [...].” (Informante E).
Nos trechos destacados dos informantes C e E nota-se o apagamento da semivogal nas palavras “primeiro” e “dinheiro”, mas na fala do informante D, destacamos a palavra “meio”, a qual é composta por um tritongo (semigoval + vogal + semivogal) e nela a última semivogal é apagada.
Como mencionado o fenômeno do apagamento se faz presente em muitos dos casos analisados. Carvalho (2009) aponta que essa variação acontece, principalmente quando o som em questão vem seguido de consoantes, como: fricativas vozeadas e desvozeadas (f, v, s, z, ʃ, Ʒ, X, ˠ, h, ɦ), nasais (m, n, ɲ, ỹ), oclusivas desvozeadas (p, t, k) e laterais (l, ʎ, ƚ). Talvez esse fenômeno aconteça devido à proximidade dos articuladores ativos e passivos no momento da produção da fala.
4	CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, analisaram-se os sons [ɲ], [ɦ], [ej] e [ow] na fala de estudantes do ensino superior público. O objetivo desse estudo foi verificar se os sons analisados eram pronunciados ou se sofriam alguma interferência em sua realização.
Portanto, a partir da coleta dos dados podemos verificar a presença do apagamento na fala dos informantes, que este fenômeno ocorre, principalmente no final de sílabas ou da palavra e que, na maioria dos casos analisados, há uma semelhança entre a produção do som que sofre a variação e a consoante encontrada na sequência.
Também podemos concluir que esta variante não deve ser vista como marginalizada, pois ela não está presente apenas na fala das pessoas não escolarizadas, como também de acadêmicos. 
Referências
CAGLIARI, Luiz Carlos. Fonética: uma entrevista com Luiz Carlos Cagliari. Revista Virtual de Estudos da Linguagem - ReVEL. Vol. 4, n. 7, agosto de 2006. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br]. Acesso em 16 de junho de 2019.
CARVALHO, Lucirene da Silva. Os róticos em posição de coda: uma análise variacionista e acústica do falar piauiense. Tese (Doutorado em Linguística) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2009.
HORA, Dermeval. Fonética e Fonologia. UFPB, 2012. Disponível em: <http://biblioteca.virtual.ufpb.br/files/fonatica_e_fonologia_1360068796.pdf>.
 Acesso em: 16 de Junho de 2019
LAMPRECHT, Regina Ritter et al. Aquisição fonológica do português: perfil de
desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SILVA, F. M. Processos fonológicos segmentais na língua portuguesa. Revista Littera Online, (2011), p. 72-88.
SILVA, Thaís Cristófaro. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 7 ed. - São Paulo: Contexto, 2003, p. 12-13.

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