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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI CENTRO DE TECNOLOGIA - CT DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO: ENGENHARIA MECÂNICA DISCIPLINA: ECONOMIA PROFESORA: EDIVANE DE SOUSA LIMA MERCADO DE TRABALHO CÁSSIA CRISTAL ALVES DE BRITO MENDES JOÃO VICTOR BARBOSA MELO RODRIGUES KEALANA MOURA DE ARAUJO MARIA KAROLINA MENESES DAMASCENO RAFAELA LUNA ALENCAR TERESINA – PI 2019 Sumário Introdução ................................................................................................................................... 3 Mercado de Trabalho Globalizado e o perfil do profissional exigido ........................................ 5 Influências da crise econômica no Mercado de Trabalho no Brasil ........................................... 9 Mercado de Trabalho atualmente ............................................................................................. 12 Crise Política e Mercado de Trabalho ...................................................................................... 13 Mercado de Trabalho para Engenharias ................................................................................... 16 Conclusão ................................................................................................................................. 20 Referências ............................................................................................................................... 21 3 Introdução Mercado de trabalho pode ser definido como a relação entre aqueles que procuram emprego e aqueles que oferecem emprego num sistema típico de mercado, onde se negocia preços e quantidades de um bem chamado trabalho. Estudar o mercado de trabalho tem como objetivo prever os fenômenos de interação entre esses dois grupos, assim como a situação econômica e social do país, região ou cidade. Para entendermos melhor o conceito de mercado de trabalho precisamos entender dois conceitos que são interligados, o conceito de emprego e o de desemprego. Emprego, um conceito que surgiu na revolução industrial, é a relação entre homens que vendem sua força de trabalho por algum valor, remuneração, e homens que compram essa força de trabalho pagando algo em troca, o salário. Melhor dizendo, emprego é a relação estável que existe entre quem organiza o trabalho e quem realiza o trabalho. Já o desemprego é a condição das pessoas incluídas na faixa de “idades ativas”, em geral de 14 a 65 anos, que estejam, por determinado prazo, sem realizar trabalhos em qualquer tipo de atividade econômica. Os principais tipos de desemprego são: sazonal, cíclico, friccional e estrutural. Desemprego sazonal surge sistematicamente em determinadas épocas do ano, e é causado por variações na demanda de trabalho em diferentes períodos. Desemprego cíclico está ligado às alterações de ritmo da atividade econômica, durante as flutuações da economia. Desemprego friccional é originado pela saída de alguns trabalhadores de seus empregos, porque algumas empresas estão atravessando uma crise ou porque os novos membros da força de trabalho levam um certo tempo procurando emprego. E por fim desemprego estrutural que é composto por aqueles trabalhadores que não correspondem às necessidades reveladas pela demanda. O mercado de trabalho começou a ser mais competitivo a partir do momento em que se passou a ter mais procura por melhores salários e mais reconhecimento. As vagas de trabalho não são somente disputadas por candidatos que cumprem seus pré-requisitos, mas hoje os profissionais também possuem um diferencial, seja uma capacitação ou formação em determinada área. Hoje vivemos na era da informação, que é conhecida pela substituição do trabalho manual por máquinas, e é o que mais tem acontecido. Isto não quer dizer, necessariamente, que há um desemprego em massa, mas sim uma necessidade maior de profissionais capacitados de acordo com o surgimento de novas profissões 4 Em virtude deste maior acesso à informação, cada vez mais o estudo e a capacitação está ao nosso alcance, e desta forma buscamos por vagas de trabalho que estejam relacionadas ao que estamos capacitados ou formados. Vale ressaltar também que, hoje em dia embora tenhamos mais acesso ao estudo, isto não é uma garantia de que você terá uma permanência em um emprego. O mercado de trabalho é dividido basicamente em três setores: setor primário, setor secundário e setor terciário. O setor primário é onde se encontra a extração da matéria-prima, o setor que trabalha diretamente com esta, como a agricultura, pecuária, etc. O setor secundário é o setor que trabalha com a modificação da matéria-prima, principalmente para a criação de objetos à partir desta, como por exemplo as indústrias, a construção civil, entre outros. Já no setor terciário encontra-se a maior parte do trabalho intelectual, é um setor interpessoal. O foco principal aqui está nas pessoas, é onde encontramos a maior parte das prestações de serviço. Muito embora sejam três setores distintos, há uma relação em comum entre eles. Imagine que uma matéria-prima do setor primário é utilizada para a fabricação de algum objeto no setor secundário, que posteriormente será comercializado no setor terciário. 5 Mercado de Trabalho Globalizado e o perfil do profissional exigido A priori, é de suma importância, para se falar de desafios do mercado de trabalho, que se fale da Revolução Industrial (processo que levou à substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção artesanal pelo sistema fabril) e seus impactos na sociedade trabalhadora. Primeiramente, sabe-se que a expansão do comércio internacional dos séculos XVI e XVII trouxe um extraordinário aumento da riqueza para a burguesia. Isso permitiu a acumulação de capital capaz de financiar o progresso técnico e o alto custo da instalação nas indústrias. Com a substituição parcial da mão-de-obra trabalhadora por máquinas, deixou-se de exigir um número grande de empregados. Dessa forma, não havia trabalho para todos e, os que trabalhavam, ganhavam salários mínimos e insuficientes para a sua subsistência. Além do mais, o perfil de trabalhador exigido não possuía muitos pré-requisitos, nem qualificação, tanto que jovens e crianças também trabalhavam. Prioritariamente, os empregadores se preocupavam apenas com a relação da produção em massa em pouco tempo, de tal forma que a carga horária de trabalho poderia chegar a ser de 16 horas por dia. A posteriori, é também imprescindível citar o Neoliberalismo. Esse modelo econômico, cuja doutrina principal está fundamentada no Estado da “mão invisível”, foi desenvolvido a partir da década de 1970 por economistas franceses, alemães e norte-americanos, incluindo Milton Friedman. Esse sistema era voltado para a adaptação dos princípios do liberalismo clássico às exigências de um Estado regulador e assistencialista, que deveria controlar parcialmente o funcionamento do mercado. Logo, o Estado passava a ter seu papel de interferir no incentivo aos processos de oligopólios. O neoliberalismo também pregava que as origens da crise estavam nos sindicatos e no movimento operário, que prejudicava as bases de acumulação capitalista com suas reivindicações sobre os salários e direitos sociais. Ademais, a criação da doutrina foi após a Segunda Guerra Mundial, que acontecera no ano de 1945 e durante o contexto da Guerra Fria, que se tratava de uma disputa armamentista comconflitos indiretos para medir a hegemonia militar e tecnológica das potências envolvidas (Estados Unidos da América e União Soviética). Ainda no contexto da Guerra Fria e da política neoliberal, percebeu-se o surgimento de um fenômeno oriundo do desenvolvimento tecnológico: a globalização. Em termos gerais, esse desenvolvimento tecnológico se deu pela “Paz Armada” e pela “Corrida Armamentista”, cujos investimentos em pesquisas e em tecnologia foram absurdos e geraram benefícios em todos os 6 setores com invenções tais como internet, computadores e até mesmo a produção em massa de antibióticos. Já o fenômeno da globalização foi nada menos que um processo integração política econômica e cultural mundial, marcado pelos avanços nos meios de transportes e comunicação, sendo tais progressos possibilitados justamente pelo desenvolvimento de estudos da época da Guerra Fria. Segundo o escritor, professor e consultor administrativo Peter Drucker, o desaparecimento da mão-de-obra como fator chave da produção emergirá como o crítico assunto pendente da sociedade capitalista. Ou seja, o mercado de trabalho será alvo do desenvolvimento tecnológico e econômico de uma sociedade que está submersa em um sistema econômico e social, onde o principal objetivo visa o lucro e a acumulação de riquezas, por meio dos meios de produção. Em consonância a isso, o filósofo austro-francês André Gorz afirma que a evolução tecnológica caminha no sentido de uma abolição dos produtores sociais, de uma marginalização do trabalho socialmente necessário sob efeito da revolução informática. Tendo como base o suposto fim do trabalho, devido à mecanização, de fato há aumento no número de desempregados, visto que, com a substituição da energia humana pela energia maquinaria, exigem-se menos trabalhadores em atividades menos especializadas. Isso afirma o grau de extração da mais-valia e o profissional perde seu valor, além de haver o surgimento de trabalhos cada vez mais precários. Em contraponto a Gorz e Drucker, o trabalho produtivo não está em extinção e nem a classe trabalhadora, mesmo que o trabalho tenha passado por diversas metamorfoses. Na verdade, a modernização está exigindo a mudança dos profissionais e aprimoramento dos mesmos, isto é, a função do trabalhador deve se sobrepor à de um simples trabalho mecânico. Partindo desses contextos históricos, podemos perceber que o mercado de trabalho, uma vez rústico no período da Revolução Industrial, passou a ter maiores exigências se tornando, assim, mais seletivo. Um exemplo destacável que corrobora com essa nova configuração do mercado de trabalho e o perfil do profissional exigido é o Índice de Desenvolvimento Humano e o índice de realização na educação dos cinco países mais desenvolvidos do mundo. Primeiramente, esses índices são frutos de muitos investimentos em educação, tecnologia e pesquisa, que fazem os pais emergirem, de modo que tanto a pobreza quanto a taxa de desemprego caem substancialmente. Na tabela 1, por exemplo, pode-se analisar que o IDH 7 se aproxima bastante do limite, que é 1. Logo, presume-se que esses países têm grande grau de desenvolvimento econômico e oferecem boa qualidade de vida à população. TABELA 1: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 2018 nos cinco países mais desenvolvidos do mundo. Países IDH Noruega 0,953 Suíça 0,944 Austrália 0,939 Irlanda 0,938 Alemanha 0,936 Fonte: Relatório anual da ONU TABELA 2: Percentual de desemprego em 2019 nos cinco países mais desenvolvidos do mundo. Países % Mês de registro (2019) Noruega 3,8 Fevereiro Suíça 2,40 Abril Austrália 5 Março Irlanda 5,4 Abril Alemanha 3,2 Fevereiro Fonte: Site Trading Economics Pode-se notar pela tabela 2 que a porcentagem de desempregados nesses mesmos países é irrisória. Começando pela Noruega, que em 1976, teve uma nova legislação implementada: um dos objetivos fundamentais da nova legislação era conseguir a igualdade entre educação prática e teórica. Ou seja, os velhos ginásios e as escolas profissionalizantes ficariam sob o mesmo teto, e os processos de aprendizagem que anteriormente forneciam mão de obra barata, 8 marcada pela exploração, seriam substituídos pela educação profissional dentro do sistema escolar. Portanto, essa educação dual permitia que os alunos saíssem com um ofício. Já na Suíça existem três níveis básicos de educação: a) educação primária; b) educação secundária; b) educação terciária (cursos superiores que envolvem bacharelado, mestrado e doutorado). Na educação secundária os alunos podem escolher entre dois diferentes tipos de escolas: as acadêmicas (em que as disciplinas convencionais são ministradas) e as vocacionais (nas quais o ensino é profissionalizante), escolhidas por 60% dos estudantes. Isso mostra que a sistema educacional suíço prioriza majoritariamente o ensino profissionalizante, comum ao sistema norueguês. Ademais, já o governo australiano compromete-se com as metas da Declaração de Melbourne: que as escolas australianas promovam a equidade e a excelência e que todos os jovens australianos se tornem aprendizes bem-sucedidos, indivíduos criativos e confiantes, e cidadãos informados e ativos, assim como a Irlanda e a Alemanha. É importante salientar que esses países buscam por profissionais de ofícios como engenheiros, médicos e outros profissionais da saúde, professores de TI, contadores e profissionais de finanças, além de técnicos e representantes. Em suma, o profissional requerido precisa estar bem qualificado, estar sempre se reciclando, além de ser produtivo, organizado, com capacidade de auto liderança, ter inteligência emocional para ser capaz de lidar com situações adversas e trabalhar em equipe. 9 Influências da crise econômica no Mercado de Trabalho no Brasil Acredita-se que o Brasil se encontra em uma crise econômica estrutural. A maior crise econômica da história brasileira. Observada a partir da contração da renda e do PIB nacional, que é o indicador utilizado para mensurar renda. De tal forma, que a renda brasileira decresceu como em nenhuma outra crise anterior. A primeira crise da história brasileira ocorreu na década de 30, caracterizada pelo período da “grande depressão’’ proveniente da queda da Bolsa de Nova York. Nos anos 1930 e 1931, o PIB decresceu em torno de 5%, posteriormente teve uma queda nos dois anos seguintes e após esse período cresce cerca de 29% no ano de 1933. Em seguida, tem-se como consequência da dívida externa a grande crise brasileira da década de 80. Já a crise seguinte ocorreu na década de 90, essencialmente por motivos internos e inerentes ao confisco da poupança, uma vez que o gasto da economia se contraiu e o PIB decresceu. A crise atual ocorre principalmente devido ao grande choque recessivo de 2015. Nesse período a economia enfrentou um grande ciclo de desaceleração resultante da queda na taxa de investimentos no país, ou seja, uma queda decorrente de fatores nacionais (políticos), fatores internacionais e fatores institucionais ou jurídicos. Desse modo, neste cenário crítico de crise econômica, tem-se um elemento que sofre bastante influência: o mercado de trabalho. Conforme mostra-se na figura 1 e fazendo um comparativo entres as crises, nota-se que a crise atual também é a crise com o maior crescimento da taxa de desemprego dos últimos tempos. Figura 1- Aumento do desemprego nas últimas três crises econômicas. 10 Assim, é importante destacar que com a desaceleração da economia brasileira proveniente da profunda crise instalada, surgem mudanças profundas no mercado de trabalho. A partir de 2015,período em que há uma recessão na economia (o termo recessão refere-se a uma queda do PIB em três semestres consecutivos), há um aumento da taxa de desocupação e uma modificação na demanda agregada. Nesse período, o consumo das famílias, torna-se a variável que influencia no crescimento econômico, contrapondo-se ao investimento, variável de demanda, uma vez que essa variável mostra a ampliação da capacidade produtiva que puxou a desaceleração em 2014. A partir de janeiro de 2015, período caracterizado por uma fragilidade na economia, destaca-se a quebra estrutural da economia, esta por sua vez coincide com um choque de custos, inflação e um choque fiscal para a economia do país. Assim, as despesas primárias do Governo Federal têm uma contração enorme do gasto público. Uma vez que, o gasto de alguém se torna a renda de outra pessoa, se um dos indivíduos para de gastar, o outro para de receber, reduzindo assim, a receita de alguém. Desse modo, quando o governo (grande gastador) reduz seus gastos, milhões de pessoas param de receber, gerando um desaceleramento da economia. Consequentemente, os dados de desestruturação e de regressão do mercado de trabalho se tornam extremamente superiores quando comparados a momentos anteriores. Apesar dos avanços de organização no mercado de trabalho entre 2004 e 2012, em 2014 ainda se observa um mercado de trabalho deficiente, com uma taxa elevadíssima de trabalhos informais e salários baixos, como pode-se observar no Quadro 1. Tabela 3- População no mercado de trabalho no Brasil, 2014-2016 11 A partir dos dados da tabela e observando que o crescimento da população na força de trabalho relacionado com o comportamento demográfico da população com idade de trabalhar e a força de trabalho, obtém-se uma queda da população ocupada e um crescimento da população desocupada. Além disso, observa-se que há um aumento de cerca de 3,2 milhões de pessoas incorporadas no mercado de trabalho. Dessa forma, para evitar o crescimento do desemprego, necessita-se desse mesmo número de vagas de emprego para as pessoas que ingressaram no mercado de trabalho. Entretanto, como pode-se observar, reduziram-se em cerca de 2,6 milhões de ocupações nesse período, resultando assim, em um crescimento de cerca de 6 milhões de desempregados, em um intervalo muito pequeno de dois anos. Outro destaque, é o acréscimo de cerca de 2 milhões de pessoas à força de trabalho, entre 2014 e 2015, após este período, a força de trabalho cresceu menos no ano posterior a crise. Isso se dá pelo fato de a crise ser tão forte que o ritmo da força de trabalho diminui e as pessoas indo para o mercado de trabalho também. Além disso, conforme pode-se observar na tabela 2, há uma queda de 2,5 milhões de empregos no setor privado com carteira de trabalho. Reduzindo assim, o mercado de trabalho de melhor qualidade, ou seja, o trabalho formal com carteira assinada. Tabela 4-População por posição na ocupação, 2014-2016. Uma das influências nesse decréscimo se dá pela estabilidade do empregado no setor privado sem carteira e pela expansão do trabalhador por conta própria. Por exemplo, houve um deslocamento do emprego para os trabalhos independentes. Entretanto, devido a contração da renda e demanda por serviços, há um impacto no trabalhador por conta-própria e consequentemente há uma redução do número desses trabalhadores. 12 Mercado de Trabalho atualmente Atualmente, o mercado de trabalho brasileiro além de possuir baixos salários, é desorganizado do ponto de vista institucional e com alta rotatividade, uma vez que a rotatividade é uma estratégia do trabalhador, por exemplo, quando o mercado de trabalho está melhor ele muda de emprego em busca de um emprego melhor. Além disso, nesse quadro de recessão e crise econômica, há um grande debate sobre a reforma trabalhista que impactará o mercado de trabalho. O plano retórico dessa reforma informa que o objetivo é modernizar as relações de trabalho, dar segurança jurídicas às partes e gerar novos empregos formais. Porém, acredita-se que ela irá reduzir os custos do empregador, facilitar a precarização das relações de trabalho, ampliar o lucro e a competitividade das empresas e enfraquecer a representação sindical. Ou seja, pretende-se efetuar uma maior desorganização no mercado de trabalho, sem resultados positivos concretos. 13 Crise Política e Mercado de Trabalho Uma pretensa crise econômica e política assolou o país, sobretudo após o início das diversas operações policiais de combate a corrupção e com isso o mercado de trabalho formal se deteriorou. Os números de pessoas demitidas não pararam de crescer desde 2014, as empresas fecharam os postos de trabalho e até os próprios estabelecimentos, remetendo ao mercado informal milhares de brasileiros. O desemprego é uma das consequências mais graves da crise econômica que chegou ao Brasil no segundo trimestre de 2014. Naquele ano, a taxa de desocupação medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi de, em média, 6,8%. Três anos depois, com a retração na economia brasileira, a taxa média chegou a 12,7%. Além do cenário econômico, a crise política impossibilita que haja um cenário previsível, o que acaba com postergar ou cancelar investimentos. Uma crise de magnitude da enfrentada pelo Brasil traz consequências mais profundas no mercado. Quando se olha o número de pessoas ocupadas no final de 2017 é pouco menor do que no mesmo período de 2014 - eram 92,1 milhões de brasileiros com ocupação contra 92,8 milhões três anos antes. O que aumentou com mais força foi o número de pessoas procurando trabalho. Figura 5 – Desocupados versus ocupados de 2012 a 2017 Fonte: IBGE/ Pnad 14 Outro dado que fica escondido atrás da taxa de desocupação é a qualidade do emprego. A taxa de desemprego recuou durante quase todo o ano de 2017, mas o número de brasileiros trabalhando com carteira assinada vem diminuindo seguidamente desde 2014. Figura 6 – Trabalhadores do setor privado de 2012 a 2017 Fonte: IBGE/Pnad Mas afinal de contas, como a crise política repercute sobre a economia? A crise política amplia a incerteza e contribui para deteriorar o estado de confiança dos agentes. Estas incertezas se manifestam de diversas formas. Mercados mais líquidos e sujeitos a movimentos especulativos de curto prazo, como a bolsa de valores e o mercado de câmbio, são os primeiros a responder nos momentos de exacerbação dos problemas políticos. Em 2014, o Brasil tinha um patamar interessante de carteira de trabalho. Então o que segurou por um tempo foi seguro- desemprego, as reservas de cada um. Isso deu um tempo para as pessoas se reinventarem na informalidade, aumentar a ocupação, que é o que aconteceu em 2015. O fim da grave crise política é uma condição necessária (ainda que insuficiente) para a retomada dos investimentos e do emprego. 15 O impeachment de Dilma e o início do governo Temer não foram capazes de estancar a crise política; pelo contrário, a crise foi ampliada. As delações da JBS deixaram claro que o problema de corrupção é estrutural, afetando praticamente todos os principais partidos e lideranças políticas do país. A duração da crise vai informalizando ainda mais o mercado e aumentando essa instabilidade. Até aumenta a ocupação, mas com um trabalho informal. Quanto mais tempo alguém fica sem emprego, mais ela vai tendo que se virar, porque acaba as reservas. É certo que o atual cenário econômico e político não é favorável a proliferação de vagas de trabalho formais, mas é mais certo ainda que muitasempresas aproveitam da situação econômica apresentada para sucatear e precarizar as relações de trabalho, e assim, o empresariado tem a possibilidade de aumentar seu lucro com a tomada de um serviço (ou mão de obra) extremamente barata É preocupante e assustador que o sucateamento do trabalho ocasione a ruptura de garantias sociais calcadas há anos em diversas legislações. A massa operária não se dá conta do movimento vagaroso que o poder econômico realiza em momentos de crise. Todo a "logística" do mercado econômico é voltada para o aumento do lucro, ou seja, o benefício econômico de um grupo restrito em detrimento ao prejuízo de muitos que deixam a proteção laboral e passam a informalidade ou trabalhem por menos do que merecem. 16 Mercado de Trabalho para Engenharias Quando se fala do crescimento e desenvolvimento de um país, uma das profissões essenciais para que isso ocorra é a Engenharia, e esta relação fica clara quando se analisa a demanda por engenheiros e o crescimento brasileiro ao longo dos anos. Durante o início da década de 70, por exemplo, período chamado de milagre econômico brasileiro, o Brasil passou por um bom momento econômico, crescendo a uma taxa média acima de 10% ao ano, além de um grande desenvolvimento. Nessas circunstâncias, Engenharia era uma profissão promissora. No entanto, com as crises do petróleo, o Brasil entrou em uma gravíssima recessão na década de 80, fazendo com que os engenheiros perdessem seu espaço e seus empregos, tornando a profissão menos atraente e fazendo-os mudar para outras profissões. Na década de 90, o Brasil começou a se reestruturar e novas oportunidades começaram a surgir. Ainda assim, este período foi marcado por instabilidade e poucas oportunidades para os engenheiros. Já a partir de 2000, com o sucesso do plano Real e outras medidas econômicas, o Brasil voltou a crescer de forma acelerada. Dessa forma, a demanda por engenheiros voltou a aquecer, embora não atraísse muitos interessados. Já no início da década de 2010, com o boom da construção civil, faltava mão de obra qualificada para atender à demanda das empresas, diferentemente de hoje. Com a crise economia, que a partir de 2015 freou investimentos em muitos setores que necessitam de engenheiros, o mercado de trabalho em engenharia diminuiu. Na busca pelas vagas existentes, ganham destaque os profissionais que possuem qualificações e certificações específicas. Como a retomada do crescimento na indústria como um todo ocorre de maneira gradual, as vagas no mercado de trabalho para engenheiros são cada vez mais disputadas: profissionais experientes concorrem com recém-graduados, devido ao incentivo para a formação de engenheiros nos últimos anos, por meio de programas de acesso facilitado a universidades, como PROUNI e FIES. Para se ter uma ideia do número de profissionais, enquanto na década dos anos 2000 houve em todo o país 452.206 registros o sistema CREA, nos anos 2010 ocorreram mais 617.516 registros. Para uma comparação mais detalhada, enquanto no ano de 2004 houve cerca de 31 mil registros, em 2014 esse número saltou para aproximadamente 103 mil. Embora não signifique que todos esses profissionais ainda estejam em atividade, mostra o aumento significativo de formados nas diversas engenharias na década atual. 17 Gráfico 1. Projeções para o estoque de engenheiros no mercado de trabalho – Brasil (2010 a 2020) Estudos do IPEA publicados na Revista Radar Nº 6 concluíram que “o atual ritmo de formação de engenheiros seria, à primeira vista, suficiente para suprir o requerimento técnico que se projeta para as ocupações típicas desta área” (NASCIMENTO & OUTROS, 2011). Posteriormente, a Revista Radar Nº 12 apresentou outro estudo (GUSSO, ARAÚJO e MACIENTE, 2011), indicando que poderia haver engenheiros suficientes para atender à demanda atual, visto que, “... o deslocamento, no passado, de um grande número de engenheiros para ocupações não específicas de engenharia, é uma evidência deste excedente...” (GUSSO, ARAÚJO e MACIENTE, 2011). Há neste estudo do IPEA indícios de que se parte do pressuposto de que um país só precisa de Engenheiros para atuar nas áreas consideradas como estritas da engenharia. Entretanto, há muitos engenheiros contratados pelo setor financeiro, pelo comércio, ou exercendo atividades que, em princípio, não estariam no escopo da formação em Engenharia. Evidentemente que muitos destes são contratados levando-se em conta os atributos pessoais. No entanto, a formação não deixa de pesar enquanto parte do perfil profissional requerido pelo contratante. De fato, a formação em Engenharia, a partir do estudo de matemática, física, representação gráfica, computação, ciências dos materiais, entre outros, permite o desenvolvimento de habilidades de raciocínio lógico, visão espacial, estruturação de componentes de produtos, encadeamento de atividades, dentre outras, que possibilitam a 18 formação de competências aplicáveis a diversos setores além dos considerados como próprios da Engenharia. Sob esta perspectiva, é fundamental entender melhor qual é o verdadeiro papel do engenheiro numa sociedade: o perfil profissional do engenheiro é necessário ao país não só na atividade própria da Engenharia, mas também em diversas outras atividades que precisam da natureza do conhecimento desenvolvida na formação e na atuação profissional do engenheiro. Além disso, não se pode prescindir desse perfil profissional como parte do sistema de tomada de decisão no país. Dessa forma, é possível inferir que um país precisa de Engenheiros para atuar diretamente na sua área de formação, mas necessita também deste profissional para gerir e articular tais atividades com outros setores que não são objetos explícitos da sua formação profissional. Os engenheiros também são necessários ao país para a tomada de decisão em diversos níveis de poder, tanto privados como públicos. Também se deve considerar que diversas outras áreas necessitam deste perfil profissional para atuar na solução de problemas a elas intrínsecos, e projetar soluções é da natureza do conhecimento de Engenharia. Em seus estudos, o IPEA (MACIENTE, 2011) concluiu que para cada dois graduados em engenharia trabalhando atualmente com carteira assinada em ocupações típicas de sua formação, haveria outros cinco que não exerceriam tais ocupações típicas, ou seja, cerca de 60% dos engenheiros estaria fora da sua área de formação. Embora não se tenha dados oficiais, este dado não estaria fora do que ocorre em outros países. A diferença é que no Brasil ainda não está claro que o perfil profissional de formação do engenheiro o capacita a atuar com propriedade em várias outras atividades e que é necessária a participação efetiva deste profissional nos centros de tomada de decisão e de direção do país. Nesse viés, A Engenharia Mecânica é um dos segmentos mais diversificados do mercado. Não se restringindo somente à área do automobilismo — a qual também é vista com boas projeções, graças ao maior cuidado com a sustentabilidade em todos os ramos —, esse curso tem o objetivo de criar soluções práticas e inovadoras durante o desenvolvimento de sistemas mecânicos. Mais uma vez, o crescimento do consumo e a procura por eficiência vão abrir várias possibilidades para quem escolher esse segmento. Além disso, o surgimento de novas profissões, como o Engenheiro Big Data (um dos cinco cargos mais demandados atualmente) vem chegando com a Indústria 4.0, conduzindo para investimentos na modernização, automação e consequente aumento da qualidade e níveis de produção, mesmo com a desaceleração do crescimentoeconômico, que obrigou as empresas 19 a reduzir custos e operar em um quadro enxuto de operações em 2018: esse contraste abriu a necessidade para profissionais que operem na transição de cenário, mantendo os baixos custos e promovendo o crescimento das mesmas, habilidades presentes no engenheiro. Para tanto, a demanda é por profissionais com foco no futuro, visão estratégica e, principalmente, inovadores, que permitam às empresas não somente acompanhar, mas se destacarem e se manterem competitivas com as mudanças tecnológicas que vêm ocorrendo no mundo. 20 Conclusão De acordo com o exposto, prevaleceu-se a noção primordial de que o mercado de trabalho gira em torno da relação “profissional que busca emprego X exigências do empregador e demanda do mercado”. Com base nessa relação, desenrolam-se todas as mutações do perfil do trabalhador ao longo dos tempos, na tentativa de adequar-se aos pré-requisitos impostos. Uma vez em uma sociedade capitalista, na qual há distinção pelo nível de posses, é perfeitamente normal que as pessoas busquem o estado de bem-estar social e econômico. Contudo, há, historicamente, um “peneiramento” do perfil profissional, ou seja, o mercado de trabalho tornou-se tão seletivo que, metaforicamente relacionando, os trabalhadores podem ser equiparados aos grãos mais refinados dessa solução. Portanto, exige-se a sofisticação não só dos currículos, mas também dos mecanismos de produção e de administração das empresas. Em vista desse aperfeiçoamento, é óbvio que isso implicará em um crescimento profissional que afetará tanto a economia de um país, quanto outros setores importantes como a educação (como a competitividade aumenta, claramente busca-se melhores condições de ensino para pode se sobressair em relação a outros profissionais concorrentes), por exemplo. Um exemplo destacável de profissão que é exigida no mercado é a Engenharia, anteriormente citada. É uma profissão que demanda raciocínio, além de criatividade e acrescenta bastante no setor desenvolvimentista de um país: criações de sistemas tecnológicos, construção de empreendimentos, organização do tráfego de trânsito ou até mesmo aéreo. Contudo, vale sobressaltar que em nosso país, por exemplo, é uma profissão admirável, porém que não é tão valorizada, visto que, por entrar em uma recessão grave, os engenheiros se tornaram menos atraentes em relações a profissões de maiores demandas pela população e de um sistema deficientemente atrasado. Sabendo que as crises tornam o cenário vivido imprevisível, há o cancelamento de investimentos, atualmente no Brasil, o trabalhador brasileiro, de modo geral, recebe baixos salários, nem todos os trabalhadores são fixos em seus ofícios caracterizando, assim, um mercado rotativo, cuja demanda ditará a migração dos trabalhadores para outras funções dependendo do nível do pagamento. E não só no Brasil, mas esse mercado rotativo é comum, visto que, como dito, há sempre a busca pela adequação nos perfis profissionais exigidos. 21 Referências O QUE FOI A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – DISPONÍVEL em <https://www.google.com/amp/s/www.todamateria.com.br/revolucao-industrial/amp/> data de acesso: 15 de maio de 2019 MACCALÓN, Salete. Globalização e flexibilização. In: Globalização, neoliberalismo e direitos sociais,. Rio de Janeiro: Destaque, 1997. TATCHER-REAGAN E O NEOLIBERALISMO: A CONTRAVELUÇÃO TRAVESTIDA DE REFORMA E MODERNIZAÇÃO – DISPONÍVEL em <https://www.cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/Thatcher-Reagan-e-o-neoliberalismo- a-contrarrevolucao-travestida-de-reforma-e-modernizacao/2/28941> data de acesso: 15 de maio de 2019 DICKENS, W.T.; LANG, K. A test of dual labor market theory, American Economic Review, v.75, n.4, 1985. 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