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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI 
CENTRO DE TECNOLOGIA - CT 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA 
CURSO: ENGENHARIA MECÂNICA 
DISCIPLINA: ECONOMIA 
PROFESORA: EDIVANE DE SOUSA LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MERCADO DE TRABALHO 
CÁSSIA CRISTAL ALVES DE BRITO MENDES 
JOÃO VICTOR BARBOSA MELO RODRIGUES 
KEALANA MOURA DE ARAUJO 
MARIA KAROLINA MENESES DAMASCENO 
RAFAELA LUNA ALENCAR 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA – PI 
2019 
 
 
Sumário 
Introdução ................................................................................................................................... 3 
Mercado de Trabalho Globalizado e o perfil do profissional exigido ........................................ 5 
Influências da crise econômica no Mercado de Trabalho no Brasil ........................................... 9 
Mercado de Trabalho atualmente ............................................................................................. 12 
Crise Política e Mercado de Trabalho ...................................................................................... 13 
Mercado de Trabalho para Engenharias ................................................................................... 16 
Conclusão ................................................................................................................................. 20 
Referências ............................................................................................................................... 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Introdução 
 Mercado de trabalho pode ser definido como a relação entre aqueles que procuram 
emprego e aqueles que oferecem emprego num sistema típico de mercado, onde se negocia 
preços e quantidades de um bem chamado trabalho. Estudar o mercado de trabalho tem como 
objetivo prever os fenômenos de interação entre esses dois grupos, assim como a situação 
econômica e social do país, região ou cidade. 
 Para entendermos melhor o conceito de mercado de trabalho precisamos entender dois 
conceitos que são interligados, o conceito de emprego e o de desemprego. Emprego, um 
conceito que surgiu na revolução industrial, é a relação entre homens que vendem sua força de 
trabalho por algum valor, remuneração, e homens que compram essa força de trabalho pagando 
algo em troca, o salário. Melhor dizendo, emprego é a relação estável que existe entre quem 
organiza o trabalho e quem realiza o trabalho. Já o desemprego é a condição das pessoas 
incluídas na faixa de “idades ativas”, em geral de 14 a 65 anos, que estejam, por determinado 
prazo, sem realizar trabalhos em qualquer tipo de atividade econômica. 
 Os principais tipos de desemprego são: sazonal, cíclico, friccional e estrutural. 
Desemprego sazonal surge sistematicamente em determinadas épocas do ano, e é causado por 
variações na demanda de trabalho em diferentes períodos. Desemprego cíclico está ligado às 
alterações de ritmo da atividade econômica, durante as flutuações da economia. Desemprego 
friccional é originado pela saída de alguns trabalhadores de seus empregos, porque algumas 
empresas estão atravessando uma crise ou porque os novos membros da força de trabalho levam 
um certo tempo procurando emprego. E por fim desemprego estrutural que é composto por 
aqueles trabalhadores que não correspondem às necessidades reveladas pela demanda. 
 O mercado de trabalho começou a ser mais competitivo a partir do momento em que se 
passou a ter mais procura por melhores salários e mais reconhecimento. As vagas de trabalho 
não são somente disputadas por candidatos que cumprem seus pré-requisitos, mas hoje os 
profissionais também possuem um diferencial, seja uma capacitação ou formação em 
determinada área. 
 Hoje vivemos na era da informação, que é conhecida pela substituição do trabalho 
manual por máquinas, e é o que mais tem acontecido. Isto não quer dizer, necessariamente, que 
há um desemprego em massa, mas sim uma necessidade maior de profissionais capacitados de 
acordo com o surgimento de novas profissões 
4 
 
Em virtude deste maior acesso à informação, cada vez mais o estudo e a capacitação 
está ao nosso alcance, e desta forma buscamos por vagas de trabalho que estejam relacionadas 
ao que estamos capacitados ou formados. Vale ressaltar também que, hoje em dia embora 
tenhamos mais acesso ao estudo, isto não é uma garantia de que você terá uma permanência em 
um emprego. 
O mercado de trabalho é dividido basicamente em três setores: setor primário, setor 
secundário e setor terciário. O setor primário é onde se encontra a extração da matéria-prima, o 
setor que trabalha diretamente com esta, como a agricultura, pecuária, etc. O setor secundário 
é o setor que trabalha com a modificação da matéria-prima, principalmente para a criação de 
objetos à partir desta, como por exemplo as indústrias, a construção civil, entre outros. Já no 
setor terciário encontra-se a maior parte do trabalho intelectual, é um setor interpessoal. O foco 
principal aqui está nas pessoas, é onde encontramos a maior parte das prestações de serviço. 
Muito embora sejam três setores distintos, há uma relação em comum entre eles. Imagine que 
uma matéria-prima do setor primário é utilizada para a fabricação de algum objeto no setor 
secundário, que posteriormente será comercializado no setor terciário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Mercado de Trabalho Globalizado e o perfil do profissional exigido 
A priori, é de suma importância, para se falar de desafios do mercado de trabalho, que 
se fale da Revolução Industrial (processo que levou à substituição das ferramentas pelas 
máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção artesanal pelo sistema 
fabril) e seus impactos na sociedade trabalhadora. Primeiramente, sabe-se que a expansão do 
comércio internacional dos séculos XVI e XVII trouxe um extraordinário aumento da riqueza 
para a burguesia. Isso permitiu a acumulação de capital capaz de financiar o progresso técnico 
e o alto custo da instalação nas indústrias. 
Com a substituição parcial da mão-de-obra trabalhadora por máquinas, deixou-se de 
exigir um número grande de empregados. Dessa forma, não havia trabalho para todos e, os que 
trabalhavam, ganhavam salários mínimos e insuficientes para a sua subsistência. Além do mais, 
o perfil de trabalhador exigido não possuía muitos pré-requisitos, nem qualificação, tanto que 
jovens e crianças também trabalhavam. Prioritariamente, os empregadores se preocupavam 
apenas com a relação da produção em massa em pouco tempo, de tal forma que a carga horária 
de trabalho poderia chegar a ser de 16 horas por dia. 
A posteriori, é também imprescindível citar o Neoliberalismo. Esse modelo econômico, 
cuja doutrina principal está fundamentada no Estado da “mão invisível”, foi desenvolvido a 
partir da década de 1970 por economistas franceses, alemães e norte-americanos, incluindo 
Milton Friedman. Esse sistema era voltado para a adaptação dos princípios do liberalismo 
clássico às exigências de um Estado regulador e assistencialista, que deveria controlar 
parcialmente o funcionamento do mercado. Logo, o Estado passava a ter seu papel de interferir 
no incentivo aos processos de oligopólios. 
O neoliberalismo também pregava que as origens da crise estavam nos sindicatos e no 
movimento operário, que prejudicava as bases de acumulação capitalista com suas 
reivindicações sobre os salários e direitos sociais. Ademais, a criação da doutrina foi após a 
Segunda Guerra Mundial, que acontecera no ano de 1945 e durante o contexto da Guerra Fria, 
que se tratava de uma disputa armamentista comconflitos indiretos para medir a hegemonia 
militar e tecnológica das potências envolvidas (Estados Unidos da América e União Soviética). 
Ainda no contexto da Guerra Fria e da política neoliberal, percebeu-se o surgimento de 
um fenômeno oriundo do desenvolvimento tecnológico: a globalização. Em termos gerais, esse 
desenvolvimento tecnológico se deu pela “Paz Armada” e pela “Corrida Armamentista”, cujos 
investimentos em pesquisas e em tecnologia foram absurdos e geraram benefícios em todos os 
6 
 
setores com invenções tais como internet, computadores e até mesmo a produção em massa de 
antibióticos. Já o fenômeno da globalização foi nada menos que um processo integração política 
econômica e cultural mundial, marcado pelos avanços nos meios de transportes e comunicação, 
sendo tais progressos possibilitados justamente pelo desenvolvimento de estudos da época da 
Guerra Fria. 
Segundo o escritor, professor e consultor administrativo Peter Drucker, o 
desaparecimento da mão-de-obra como fator chave da produção emergirá como o crítico 
assunto pendente da sociedade capitalista. Ou seja, o mercado de trabalho será alvo do 
desenvolvimento tecnológico e econômico de uma sociedade que está submersa em um sistema 
econômico e social, onde o principal objetivo visa o lucro e a acumulação de riquezas, por meio 
dos meios de produção. Em consonância a isso, o filósofo austro-francês André Gorz afirma 
que a evolução tecnológica caminha no sentido de uma abolição dos produtores sociais, de uma 
marginalização do trabalho socialmente necessário sob efeito da revolução informática. 
Tendo como base o suposto fim do trabalho, devido à mecanização, de fato há aumento 
no número de desempregados, visto que, com a substituição da energia humana pela energia 
maquinaria, exigem-se menos trabalhadores em atividades menos especializadas. Isso afirma o 
grau de extração da mais-valia e o profissional perde seu valor, além de haver o surgimento de 
trabalhos cada vez mais precários. Em contraponto a Gorz e Drucker, o trabalho produtivo não 
está em extinção e nem a classe trabalhadora, mesmo que o trabalho tenha passado por diversas 
metamorfoses. 
 Na verdade, a modernização está exigindo a mudança dos profissionais e 
aprimoramento dos mesmos, isto é, a função do trabalhador deve se sobrepor à de um simples 
trabalho mecânico. Partindo desses contextos históricos, podemos perceber que o mercado de 
trabalho, uma vez rústico no período da Revolução Industrial, passou a ter maiores exigências 
se tornando, assim, mais seletivo. Um exemplo destacável que corrobora com essa nova 
configuração do mercado de trabalho e o perfil do profissional exigido é o Índice de 
Desenvolvimento Humano e o índice de realização na educação dos cinco países mais 
desenvolvidos do mundo. 
Primeiramente, esses índices são frutos de muitos investimentos em educação, 
tecnologia e pesquisa, que fazem os pais emergirem, de modo que tanto a pobreza quanto a taxa 
de desemprego caem substancialmente. Na tabela 1, por exemplo, pode-se analisar que o IDH 
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se aproxima bastante do limite, que é 1. Logo, presume-se que esses países têm grande grau de 
desenvolvimento econômico e oferecem boa qualidade de vida à população. 
TABELA 1: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 2018 nos cinco países 
mais desenvolvidos do mundo. 
Países IDH 
Noruega 0,953 
Suíça 0,944 
Austrália 0,939 
Irlanda 0,938 
Alemanha 0,936 
Fonte: Relatório anual da ONU 
 
TABELA 2: Percentual de desemprego em 2019 nos cinco países mais desenvolvidos 
do mundo. 
Países % Mês de registro (2019) 
Noruega 3,8 Fevereiro 
Suíça 2,40 Abril 
Austrália 5 Março 
Irlanda 5,4 Abril 
Alemanha 3,2 Fevereiro 
Fonte: Site Trading Economics 
Pode-se notar pela tabela 2 que a porcentagem de desempregados nesses mesmos países 
é irrisória. Começando pela Noruega, que em 1976, teve uma nova legislação implementada: 
um dos objetivos fundamentais da nova legislação era conseguir a igualdade entre educação 
prática e teórica. Ou seja, os velhos ginásios e as escolas profissionalizantes ficariam sob o 
mesmo teto, e os processos de aprendizagem que anteriormente forneciam mão de obra barata, 
8 
 
marcada pela exploração, seriam substituídos pela educação profissional dentro do sistema 
escolar. Portanto, essa educação dual permitia que os alunos saíssem com um ofício. 
Já na Suíça existem três níveis básicos de educação: a) educação primária; b) educação 
secundária; b) educação terciária (cursos superiores que envolvem bacharelado, mestrado e 
doutorado). Na educação secundária os alunos podem escolher entre dois diferentes tipos de 
escolas: as acadêmicas (em que as disciplinas convencionais são ministradas) e as vocacionais 
(nas quais o ensino é profissionalizante), escolhidas por 60% dos estudantes. Isso mostra que a 
sistema educacional suíço prioriza majoritariamente o ensino profissionalizante, comum ao 
sistema norueguês. 
Ademais, já o governo australiano compromete-se com as metas da Declaração de 
Melbourne: que as escolas australianas promovam a equidade e a excelência e que todos os 
jovens australianos se tornem aprendizes bem-sucedidos, indivíduos criativos e confiantes, e 
cidadãos informados e ativos, assim como a Irlanda e a Alemanha. É importante salientar que 
esses países buscam por profissionais de ofícios como engenheiros, médicos e outros 
profissionais da saúde, professores de TI, contadores e profissionais de finanças, além de 
técnicos e representantes. Em suma, o profissional requerido precisa estar bem qualificado, 
estar sempre se reciclando, além de ser produtivo, organizado, com capacidade de auto 
liderança, ter inteligência emocional para ser capaz de lidar com situações adversas e trabalhar 
em equipe. 
 
 
 
 
 
9 
 
Influências da crise econômica no Mercado de Trabalho no Brasil 
Acredita-se que o Brasil se encontra em uma crise econômica estrutural. A maior crise 
econômica da história brasileira. Observada a partir da contração da renda e do PIB nacional, 
que é o indicador utilizado para mensurar renda. De tal forma, que a renda brasileira decresceu 
como em nenhuma outra crise anterior. 
A primeira crise da história brasileira ocorreu na década de 30, caracterizada pelo 
período da “grande depressão’’ proveniente da queda da Bolsa de Nova York. Nos anos 1930 
e 1931, o PIB decresceu em torno de 5%, posteriormente teve uma queda nos dois anos 
seguintes e após esse período cresce cerca de 29% no ano de 1933. Em seguida, tem-se como 
consequência da dívida externa a grande crise brasileira da década de 80. Já a crise seguinte 
ocorreu na década de 90, essencialmente por motivos internos e inerentes ao confisco da 
poupança, uma vez que o gasto da economia se contraiu e o PIB decresceu. A crise atual ocorre 
principalmente devido ao grande choque recessivo de 2015. Nesse período a economia 
enfrentou um grande ciclo de desaceleração resultante da queda na taxa de investimentos no 
país, ou seja, uma queda decorrente de fatores nacionais (políticos), fatores internacionais e 
fatores institucionais ou jurídicos. 
Desse modo, neste cenário crítico de crise econômica, tem-se um elemento que sofre 
bastante influência: o mercado de trabalho. Conforme mostra-se na figura 1 e fazendo um 
comparativo entres as crises, nota-se que a crise atual também é a crise com o maior crescimento 
da taxa de desemprego dos últimos tempos. 
 
Figura 1- Aumento do desemprego nas últimas três crises econômicas. 
10 
 
Assim, é importante destacar que com a desaceleração da economia brasileira 
proveniente da profunda crise instalada, surgem mudanças profundas no mercado de trabalho. 
A partir de 2015,período em que há uma recessão na economia (o termo recessão refere-se a 
uma queda do PIB em três semestres consecutivos), há um aumento da taxa de desocupação e 
uma modificação na demanda agregada. Nesse período, o consumo das famílias, torna-se a 
variável que influencia no crescimento econômico, contrapondo-se ao investimento, variável 
de demanda, uma vez que essa variável mostra a ampliação da capacidade produtiva que puxou 
a desaceleração em 2014. 
A partir de janeiro de 2015, período caracterizado por uma fragilidade na economia, 
destaca-se a quebra estrutural da economia, esta por sua vez coincide com um choque de custos, 
inflação e um choque fiscal para a economia do país. Assim, as despesas primárias do Governo 
Federal têm uma contração enorme do gasto público. Uma vez que, o gasto de alguém se torna 
a renda de outra pessoa, se um dos indivíduos para de gastar, o outro para de receber, reduzindo 
assim, a receita de alguém. Desse modo, quando o governo (grande gastador) reduz seus gastos, 
milhões de pessoas param de receber, gerando um desaceleramento da economia. 
Consequentemente, os dados de desestruturação e de regressão do mercado de trabalho 
se tornam extremamente superiores quando comparados a momentos anteriores. Apesar dos 
avanços de organização no mercado de trabalho entre 2004 e 2012, em 2014 ainda se observa 
um mercado de trabalho deficiente, com uma taxa elevadíssima de trabalhos informais e salários 
baixos, como pode-se observar no Quadro 1. 
Tabela 3- População no mercado de trabalho no Brasil, 2014-2016 
 
 
11 
 
A partir dos dados da tabela e observando que o crescimento da população na força de 
trabalho relacionado com o comportamento demográfico da população com idade de trabalhar 
e a força de trabalho, obtém-se uma queda da população ocupada e um crescimento da 
população desocupada. Além disso, observa-se que há um aumento de cerca de 3,2 milhões de 
pessoas incorporadas no mercado de trabalho. Dessa forma, para evitar o crescimento do 
desemprego, necessita-se desse mesmo número de vagas de emprego para as pessoas que 
ingressaram no mercado de trabalho. Entretanto, como pode-se observar, reduziram-se em cerca 
de 2,6 milhões de ocupações nesse período, resultando assim, em um crescimento de cerca de 
6 milhões de desempregados, em um intervalo muito pequeno de dois anos. 
Outro destaque, é o acréscimo de cerca de 2 milhões de pessoas à força de trabalho, 
entre 2014 e 2015, após este período, a força de trabalho cresceu menos no ano posterior a crise. 
Isso se dá pelo fato de a crise ser tão forte que o ritmo da força de trabalho diminui e as pessoas 
indo para o mercado de trabalho também. 
Além disso, conforme pode-se observar na tabela 2, há uma queda de 2,5 milhões de 
empregos no setor privado com carteira de trabalho. Reduzindo assim, o mercado de trabalho 
de melhor qualidade, ou seja, o trabalho formal com carteira assinada. 
Tabela 4-População por posição na ocupação, 2014-2016. 
 
 
Uma das influências nesse decréscimo se dá pela estabilidade do empregado no setor 
privado sem carteira e pela expansão do trabalhador por conta própria. Por exemplo, houve um 
deslocamento do emprego para os trabalhos independentes. Entretanto, devido a contração da 
renda e demanda por serviços, há um impacto no trabalhador por conta-própria e 
consequentemente há uma redução do número desses trabalhadores. 
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Mercado de Trabalho atualmente 
Atualmente, o mercado de trabalho brasileiro além de possuir baixos salários, é 
desorganizado do ponto de vista institucional e com alta rotatividade, uma vez que a 
rotatividade é uma estratégia do trabalhador, por exemplo, quando o mercado de trabalho está 
melhor ele muda de emprego em busca de um emprego melhor. 
Além disso, nesse quadro de recessão e crise econômica, há um grande debate sobre a 
reforma trabalhista que impactará o mercado de trabalho. O plano retórico dessa reforma 
informa que o objetivo é modernizar as relações de trabalho, dar segurança jurídicas às partes 
e gerar novos empregos formais. Porém, acredita-se que ela irá reduzir os custos do 
empregador, facilitar a precarização das relações de trabalho, ampliar o lucro e a 
competitividade das empresas e enfraquecer a representação sindical. Ou seja, pretende-se 
efetuar uma maior desorganização no mercado de trabalho, sem resultados positivos concretos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
Crise Política e Mercado de Trabalho 
Uma pretensa crise econômica e política assolou o país, sobretudo após o início das 
diversas operações policiais de combate a corrupção e com isso o mercado de trabalho formal 
se deteriorou. Os números de pessoas demitidas não pararam de crescer desde 2014, as 
empresas fecharam os postos de trabalho e até os próprios estabelecimentos, remetendo ao 
mercado informal milhares de brasileiros. 
O desemprego é uma das consequências mais graves da crise econômica que chegou 
ao Brasil no segundo trimestre de 2014. Naquele ano, a taxa de desocupação medida pelo 
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi de, em média, 6,8%. Três anos 
depois, com a retração na economia brasileira, a taxa média chegou a 12,7%. Além do cenário 
econômico, a crise política impossibilita que haja um cenário previsível, o que acaba com 
postergar ou cancelar investimentos. 
Uma crise de magnitude da enfrentada pelo Brasil traz consequências mais profundas 
no mercado. Quando se olha o número de pessoas ocupadas no final de 2017 é pouco menor 
do que no mesmo período de 2014 - eram 92,1 milhões de brasileiros com ocupação contra 
92,8 milhões três anos antes. O que aumentou com mais força foi o número de pessoas 
procurando trabalho. 
Figura 5 – Desocupados versus ocupados de 2012 a 2017 
 
Fonte: IBGE/ Pnad 
14 
 
Outro dado que fica escondido atrás da taxa de desocupação é a qualidade do 
emprego. A taxa de desemprego recuou durante quase todo o ano de 2017, mas o número de 
brasileiros trabalhando com carteira assinada vem diminuindo seguidamente desde 2014. 
Figura 6 – Trabalhadores do setor privado de 2012 a 2017 
 
Fonte: IBGE/Pnad 
Mas afinal de contas, como a crise política repercute sobre a economia? A crise política 
amplia a incerteza e contribui para deteriorar o estado de confiança dos agentes. Estas incertezas 
se manifestam de diversas formas. Mercados mais líquidos e sujeitos a movimentos 
especulativos de curto prazo, como a bolsa de valores e o mercado de câmbio, são os primeiros 
a responder nos momentos de exacerbação dos problemas políticos. Em 2014, o Brasil tinha 
um patamar interessante de carteira de trabalho. Então o que segurou por um tempo foi seguro-
desemprego, as reservas de cada um. Isso deu um tempo para as pessoas se reinventarem na 
informalidade, aumentar a ocupação, que é o que aconteceu em 2015. O fim da grave crise 
política é uma condição necessária (ainda que insuficiente) para a retomada dos investimentos 
e do emprego. 
15 
 
 O impeachment de Dilma e o início do governo Temer não foram capazes de estancar 
a crise política; pelo contrário, a crise foi ampliada. As delações da JBS deixaram claro que o 
problema de corrupção é estrutural, afetando praticamente todos os principais partidos e 
lideranças políticas do país. A duração da crise vai informalizando ainda mais o mercado e 
aumentando essa instabilidade. Até aumenta a ocupação, mas com um trabalho informal. 
Quanto mais tempo alguém fica sem emprego, mais ela vai tendo que se virar, porque acaba as 
reservas. 
 
 É certo que o atual cenário econômico e político não é favorável a proliferação de vagas 
de trabalho formais, mas é mais certo ainda que muitasempresas aproveitam da situação 
econômica apresentada para sucatear e precarizar as relações de trabalho, e assim, o 
empresariado tem a possibilidade de aumentar seu lucro com a tomada de um serviço (ou mão 
de obra) extremamente barata 
É preocupante e assustador que o sucateamento do trabalho ocasione a ruptura de 
garantias sociais calcadas há anos em diversas legislações. A massa operária não se dá conta do 
movimento vagaroso que o poder econômico realiza em momentos de crise. Todo a "logística" 
do mercado econômico é voltada para o aumento do lucro, ou seja, o benefício econômico de 
um grupo restrito em detrimento ao prejuízo de muitos que deixam a proteção laboral e passam 
a informalidade ou trabalhem por menos do que merecem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
Mercado de Trabalho para Engenharias 
Quando se fala do crescimento e desenvolvimento de um país, uma das profissões 
essenciais para que isso ocorra é a Engenharia, e esta relação fica clara quando se analisa a 
demanda por engenheiros e o crescimento brasileiro ao longo dos anos. Durante o início da 
década de 70, por exemplo, período chamado de milagre econômico brasileiro, o Brasil passou 
por um bom momento econômico, crescendo a uma taxa média acima de 10% ao ano, além de 
um grande desenvolvimento. Nessas circunstâncias, Engenharia era uma profissão promissora. 
No entanto, com as crises do petróleo, o Brasil entrou em uma gravíssima recessão na década 
de 80, fazendo com que os engenheiros perdessem seu espaço e seus empregos, tornando a 
profissão menos atraente e fazendo-os mudar para outras profissões. 
Na década de 90, o Brasil começou a se reestruturar e novas oportunidades começaram 
a surgir. Ainda assim, este período foi marcado por instabilidade e poucas oportunidades para 
os engenheiros. Já a partir de 2000, com o sucesso do plano Real e outras medidas econômicas, 
o Brasil voltou a crescer de forma acelerada. Dessa forma, a demanda por engenheiros voltou 
a aquecer, embora não atraísse muitos interessados. 
Já no início da década de 2010, com o boom da construção civil, faltava mão de obra 
qualificada para atender à demanda das empresas, diferentemente de hoje. Com a crise 
economia, que a partir de 2015 freou investimentos em muitos setores que necessitam de 
engenheiros, o mercado de trabalho em engenharia diminuiu. Na busca pelas vagas existentes, 
ganham destaque os profissionais que possuem qualificações e certificações específicas. 
Como a retomada do crescimento na indústria como um todo ocorre de maneira gradual, 
as vagas no mercado de trabalho para engenheiros são cada vez mais disputadas: profissionais 
experientes concorrem com recém-graduados, devido ao incentivo para a formação de 
engenheiros nos últimos anos, por meio de programas de acesso facilitado a universidades, 
como PROUNI e FIES. Para se ter uma ideia do número de profissionais, enquanto na década 
dos anos 2000 houve em todo o país 452.206 registros o sistema CREA, nos anos 2010 
ocorreram mais 617.516 registros. Para uma comparação mais detalhada, enquanto no ano de 
2004 houve cerca de 31 mil registros, em 2014 esse número saltou para aproximadamente 103 
mil. Embora não signifique que todos esses profissionais ainda estejam em atividade, mostra o 
aumento significativo de formados nas diversas engenharias na década atual. 
17 
 
Gráfico 1. Projeções para o estoque de engenheiros no mercado de trabalho – Brasil 
(2010 a 2020) 
 
 
Estudos do IPEA publicados na Revista Radar Nº 6 concluíram que “o atual ritmo de 
formação de engenheiros seria, à primeira vista, suficiente para suprir o requerimento técnico 
que se projeta para as ocupações típicas desta área” (NASCIMENTO & OUTROS, 2011). 
Posteriormente, a Revista Radar Nº 12 apresentou outro estudo (GUSSO, ARAÚJO e 
MACIENTE, 2011), indicando que poderia haver engenheiros suficientes para atender à 
demanda atual, visto que, “... o deslocamento, no passado, de um grande número de engenheiros 
para ocupações não específicas de engenharia, é uma evidência deste excedente...” (GUSSO, 
ARAÚJO e MACIENTE, 2011). Há neste estudo do IPEA indícios de que se parte do 
pressuposto de que um país só precisa de Engenheiros para atuar nas áreas consideradas como 
estritas da engenharia. Entretanto, há muitos engenheiros contratados pelo setor financeiro, pelo 
comércio, ou exercendo atividades que, em princípio, não estariam no escopo da formação em 
Engenharia. Evidentemente que muitos destes são contratados levando-se em conta os atributos 
pessoais. No entanto, a formação não deixa de pesar enquanto parte do perfil profissional 
requerido pelo contratante. De fato, a formação em Engenharia, a partir do estudo de 
matemática, física, representação gráfica, computação, ciências dos materiais, entre outros, 
permite o desenvolvimento de habilidades de raciocínio lógico, visão espacial, estruturação de 
componentes de produtos, encadeamento de atividades, dentre outras, que possibilitam a 
18 
 
formação de competências aplicáveis a diversos setores além dos considerados como próprios 
da Engenharia. 
Sob esta perspectiva, é fundamental entender melhor qual é o verdadeiro papel do 
engenheiro numa sociedade: o perfil profissional do engenheiro é necessário ao país não só na 
atividade própria da Engenharia, mas também em diversas outras atividades que precisam da 
natureza do conhecimento desenvolvida na formação e na atuação profissional do engenheiro. 
Além disso, não se pode prescindir desse perfil profissional como parte do sistema de tomada 
de decisão no país. Dessa forma, é possível inferir que um país precisa de Engenheiros para 
atuar diretamente na sua área de formação, mas necessita também deste profissional para gerir 
e articular tais atividades com outros setores que não são objetos explícitos da sua formação 
profissional. Os engenheiros também são necessários ao país para a tomada de decisão em 
diversos níveis de poder, tanto privados como públicos. Também se deve considerar que 
diversas outras áreas necessitam deste perfil profissional para atuar na solução de problemas a 
elas intrínsecos, e projetar soluções é da natureza do conhecimento de Engenharia. 
Em seus estudos, o IPEA (MACIENTE, 2011) concluiu que para cada dois graduados 
em engenharia trabalhando atualmente com carteira assinada em ocupações típicas de sua 
formação, haveria outros cinco que não exerceriam tais ocupações típicas, ou seja, cerca de 
60% dos engenheiros estaria fora da sua área de formação. Embora não se tenha dados oficiais, 
este dado não estaria fora do que ocorre em outros países. A diferença é que no Brasil ainda 
não está claro que o perfil profissional de formação do engenheiro o capacita a atuar com 
propriedade em várias outras atividades e que é necessária a participação efetiva deste 
profissional nos centros de tomada de decisão e de direção do país. 
Nesse viés, A Engenharia Mecânica é um dos segmentos mais diversificados do 
mercado. Não se restringindo somente à área do automobilismo — a qual também é vista com 
boas projeções, graças ao maior cuidado com a sustentabilidade em todos os ramos —, esse 
curso tem o objetivo de criar soluções práticas e inovadoras durante o desenvolvimento de 
sistemas mecânicos. Mais uma vez, o crescimento do consumo e a procura por eficiência vão 
abrir várias possibilidades para quem escolher esse segmento. 
Além disso, o surgimento de novas profissões, como o Engenheiro Big Data (um dos 
cinco cargos mais demandados atualmente) vem chegando com a Indústria 4.0, conduzindo 
para investimentos na modernização, automação e consequente aumento da qualidade e níveis 
de produção, mesmo com a desaceleração do crescimentoeconômico, que obrigou as empresas 
19 
 
a reduzir custos e operar em um quadro enxuto de operações em 2018: esse contraste abriu a 
necessidade para profissionais que operem na transição de cenário, mantendo os baixos custos 
e promovendo o crescimento das mesmas, habilidades presentes no engenheiro. Para tanto, a 
demanda é por profissionais com foco no futuro, visão estratégica e, principalmente, 
inovadores, que permitam às empresas não somente acompanhar, mas se destacarem e se 
manterem competitivas com as mudanças tecnológicas que vêm ocorrendo no mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Conclusão 
De acordo com o exposto, prevaleceu-se a noção primordial de que o mercado de 
trabalho gira em torno da relação “profissional que busca emprego X exigências do empregador 
e demanda do mercado”. Com base nessa relação, desenrolam-se todas as mutações do perfil 
do trabalhador ao longo dos tempos, na tentativa de adequar-se aos pré-requisitos impostos. 
Uma vez em uma sociedade capitalista, na qual há distinção pelo nível de posses, é 
perfeitamente normal que as pessoas busquem o estado de bem-estar social e econômico. 
Contudo, há, historicamente, um “peneiramento” do perfil profissional, ou seja, o 
mercado de trabalho tornou-se tão seletivo que, metaforicamente relacionando, os trabalhadores 
podem ser equiparados aos grãos mais refinados dessa solução. Portanto, exige-se a sofisticação 
não só dos currículos, mas também dos mecanismos de produção e de administração das 
empresas. Em vista desse aperfeiçoamento, é óbvio que isso implicará em um crescimento 
profissional que afetará tanto a economia de um país, quanto outros setores importantes como 
a educação (como a competitividade aumenta, claramente busca-se melhores condições de 
ensino para pode se sobressair em relação a outros profissionais concorrentes), por exemplo. 
Um exemplo destacável de profissão que é exigida no mercado é a Engenharia, 
anteriormente citada. É uma profissão que demanda raciocínio, além de criatividade e 
acrescenta bastante no setor desenvolvimentista de um país: criações de sistemas tecnológicos, 
construção de empreendimentos, organização do tráfego de trânsito ou até mesmo aéreo. 
Contudo, vale sobressaltar que em nosso país, por exemplo, é uma profissão admirável, porém 
que não é tão valorizada, visto que, por entrar em uma recessão grave, os engenheiros se 
tornaram menos atraentes em relações a profissões de maiores demandas pela população e de 
um sistema deficientemente atrasado. 
Sabendo que as crises tornam o cenário vivido imprevisível, há o cancelamento de 
investimentos, atualmente no Brasil, o trabalhador brasileiro, de modo geral, recebe baixos 
salários, nem todos os trabalhadores são fixos em seus ofícios caracterizando, assim, um 
mercado rotativo, cuja demanda ditará a migração dos trabalhadores para outras funções 
dependendo do nível do pagamento. E não só no Brasil, mas esse mercado rotativo é comum, 
visto que, como dito, há sempre a busca pela adequação nos perfis profissionais exigidos. 
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CRÍSES POLÍTICO-ECONÔMICAS: AS RAÍZES DO IMPASSE – DISPONÍVEL em 
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