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PÓS-GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO Caderno Didático Práticas Pedagógicas com uso de material impresso Andressa da Costa Farias 2014 MATERIAL IMPRESSO E GÊNEROS TEXTUAIS E S P E C I A L I Z A Ç Ã O Mídias na Educação F224m Farias, Andressa da Costa Material impresso e gêneros textuais / Andressa da Costa Farias. – 2. ed. rev. – Florianópolis : IFSC, 2013. 50 p. : il. ; 28 cm Inclui Bibliografia. ISBN: 978-85-64426-53-5 1. História da escrita. 2. Gêneros textuais. I. Título. CDD: 411 2014, Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC. 2ª Edição adaptada ao novo projeto gráfico e instrucional do Departamento de Educação a Distância - EaD - IFSC. Esta obra está licenciada nos termos da Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Brasil, podendo a OBRA ser remixada, adaptada e servir para criação de obras derivadas, desde que com fins não comerciais, que seja atribuído crédito ao autor e que as obras derivadas sejam licenciadas sob a mesma licença. Catalogado por: Laura da Rosa Bourscheid CRB14/983 Departamento de Educação a Distância Créditos do Livro FICHA TÉCNICA E INSTITUCIONAL [ Reitoria ] Maria Clara Kaschny Schneider [ Pró-Reitoria ] Daniela de Carvalho Carrelas [ Chefia do Departamento de Educação a Distância - EaD/IFSC ] Paulo Roberto Weigmann [ Coordenação do Curso de Especialização em Mídias na Educação ] Ilson Gripa [ Coordenação - Produção de Materiais Didáticos - EaD/IFSC ] Ana Karina Corrêa [ Projeto Gráfico e Instrucional - Livros didáticos - EaD/IFSC ] Aline Pimentel Carla Peres Souza Daniela Viviani Elisa Conceição da Silva Rosa Sabrina Bleicher EDIÇÃO 2014 [ Conteúdo ] Andressa da Costa Farias [ Design Gráfico ] Rafael Martins Alves [ Design Instrucional ] Daiana Silva [ Capa e Editoração Eletrônica ] Rafael Martins Alves [ Revisão Gramatical ] Sandra Beatriz Koelling [ Infográficos ] Luciano Adorno [ Tratamento de imagens ] Rafael Martins Alves [ Imagens ] Wikimedia Commons <http://commons.wikimedia.org/> Stock.XCHNG <http://www.sxc.hu/> <www.creativecommons.org/> <www.flickr.com/> Prezado estudante, Seja bem-vindo! O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), preocupado em transpor distâncias físicas e geográficas, percebe e trata a Educação a Distância como uma possibilidade de inclusão. No IFSC são oferecidos diferentes cursos na modalidade a distância, ampliando o acesso de estudantes catarinenses, como de outros estados brasileiros, à educação em todos os seus níveis, possibilitando a disseminação do conhecimento por meio de seus campus e polos de apoio presencial conveniados. Os materiais didáticos desenvolvidos para a EaD foram pensados para que você, caro aluno, consiga acompanhar seu curso contando com recursos de apoio a seus estudos, tais como videoaulas, ambiente virtual de ensino aprendizagem e livro didático. A intenção dos projetos gráfico e instrucional é manter uma identidade única, inovadora, em consonância com os avanços tecnológicos atuais, integrando os vários meios disponibilizados e revelando a intencionalidade da instituição. Bom estudo e sucesso! Equipe de Produção dos Projetos Gráfico e Instrucional Departamento EaD/IFSC Sumário Material Impresso e Gêneros Textuais 1 Histórico da escrita e sua relação com a civilização 07 2 Gêneros textuais - orais, impressos e digitais 17 3 Gêneros textuais da mídia impressa e da mídia digital 39 4 Leitura e produção de textos a partir do gênero textual 47 Considerações Finais 63 Sobre a autora 64 Referências 65 A unidade curricular de Material impresso e gêneros textuais a requer um talento especial de quem a Prezado(a) estudante, É uma grande satisfação dar início a este estudo sobre Material Impresso e Gêneros Textuais. Nesta unidade curricular você verá temas que se referem ao texto em si, discutindo e analisando os diferentes gêneros em que ele pode ser apresentado. O material que você lê agora, por exemplo, trata-se de um gênero textual chamado livro didático. Toda publicação impressa ou digital tem um propósito (conteúdo) e um público-alvo (leitores). Não é difícil você supor que o propósito deste livro remeta a objetivos como: formação acadêmica, informação, instrumentalização etc. E é fácil identificar também o público, não é mesmo? O único motivo de existência deste material é o fato de ele possuir leitores que são os alunos do Curso de Pós-Graduação em Mídias na Educação, como você! Notou a importância de identificar as funções e fundamentos que toda publicação possui? Para tanto, o seu estudo iniciará com a abordagem da noção e histórico da escrita e seus desdobramentos até a atualidade. Posteriormente, você conhecerá os gêneros textuais e seus diversos meios de publicação, seja impresso ou digital. Para finalizar, a proposta é que você identifique de que maneira pode envolver ou aplicar tais conceitos e noções ao seu próprio trabalho pedagógico/docente. Aproveite bem os conteúdos! Andressa da Costa Farias Histórico da escrita e sua relação com a civilização MATERIAL IMPRESSO E GÊNEROS TEXTUAIS UNIDADE 1 Andressa da Costa Farias A escrita é uma tecnologia muito importante. Se não houvesse a escrita, imagine como seriam difíceis a comunicação e a orientação na sociedade. É através da escrita que recebemos formação, instrução e orientação. A leitura do que está escrito nas placas das cidades, na bula do remédio, na apostila, nos jornais (sejam impressos ou digitais), nos livros, torna a vida das pessoas mais fácil e organizada. Mas você já parou para pensar como surgiu a escrita? Esse será o assunto desta unidade. Boa leitura! Histórico da escrita e sua relação com a civilização Aspectos históricos da escrita Historicamente, a escrita nasceu da necessidade de fixar a linguagem articulada, ou seja, fixar o que foi dito ou falado para que seja lembrado posteriormente. Ou seja, a escrita nasceu da necessidade do homem de registrar os contos orais, os mitos, as histórias, as descobertas, as conquistas de território e as conquistas materiais. Nesse sentido, a história da escrita está intimamente ligada aos avanços da humanidade. Há quem afirme que a história da humanidade se divide em antes e a partir da escrita. Na pré-história, o homem sinalizava a sua comunicação através de desenhos feitos nas cavernas. Segundo Higounet (2003), esse tipo de representação se chamava pintura rupestre. Através dela era possível trocar mensagens, expressar ideias e desejos. Mas a escrita propriamente dita surgiu na Mesopotâmia, por volta de 4000 a.C., através dos sumérios, que desenvolveram a escrita cuneiforme. Para fixar o que estava escrito, usavam-se placas de argila como suporte. Histórico da escrita e sua relação com a civilização 9 Na mesma época, os egípcios antigos também desenvolveram a escrita. Esta podia ser expressa de duas formas: a demótica e a hieroglífica. A primeira era mais simples e a outra, mais elaborada, formada por desenhos e símbolos. Desde o princípio da nossa era, o papiro, o pergaminho e o papel são os registros materiais mais comuns da escrita. Em relação ao tempo histórico, o papiro foi utilizado na Antiguidade; o pergaminho, na Idade Média. O papel tem origem chinesa e foi introduzidono ocidente através do mundo árabe, a partir do século XI. Além desses, historicamente, foram diversos os instrumentos usados para fixar a escrita. Podemos citar a pedra, o tijolo, cacos de cerâmica, o ferro, o osso, o vidro, o bronze, uma variedade de outros metais, madeira, cascas de árvores, folhas de palmeira, tela, seda, peles de animais, tecido e, mais recentemente, os editores de textos digitais, que podem ser impressos através do papel ou visualizados por meio de uma tela digital. Foi a partir do desenvolvimento do alfabeto que a escrita começou a ser melhor sistematizada. Saiba mais, a seguir. Fonte dos dados desta infografia: Fonte dos dados desta infografia: A escrita surgiu da necessidade de registrar a fala humana. A busca por códigos específicos de fixação oral determinou a origem do alfabeto, que pode ser definido como um sistema de sinais que exprimem os sons da linguagem humana, e apareceu por volta de 2000 a.C. Na região do Oriente Médio, surgiu o primeiro alfabeto a ser usado em grande escala: o alfabeto fenício. É possível citar diversos tipos de alfabeto, desde o seu surgimento. A origem da palavra alfabeto vem do latim alphabetum, formado com os nomes das duas primeiras letras do alfabeto grego, alpha e beta. Há outros tipos de alfabetos que foram inventados e utilizados pela humanidade. Posteriormente você saberá mais sobre a origem e utilização do alfabeto latino. Além dos alfabetos há povos que utilizaram sistemas silábicos. Entre as escritas sul-arábicas, etíopes e indianas aparecem os sistemas silábicos etíopes, sistema silábico brahmi, sistema silábico nagari. Tais sistemas possuem em comum a representação gráfica de letras através de notações especiais. Alfabeto árabe Alfabeto grego Alfabeto hebraico Alfabeto fenício Alfabeto ugarítico As origens do alfabeto Histórico da escrita e sua relação com a civilização 11 A escrita latina Você sabia que o português brasileiro deriva da escrita latina? Isso mesmo! Conforme Higounet (2003), acredita-se que esta escrita chegou até nós no fim do século VI ou início do século VII a.C. São inscrições da pedra negra do antigo fórum romano, descobertas em 1899. Posteriormente, houve outros textos gravados e mais longos, encontrados em Roma e no Lácio, datados do século IV ao século VI a.C. Nessa escrita prevalece a orientação para a direita. Os caracteres dos primeiros documentos latinos não deixam dúvida sobre a derivação de um alfabeto grego ocidental. O progresso do alfabeto latino Antes de apresentar e discorrer sobre o alfabeto latino é preciso deixar claro que, em relação à forma, o alfabeto grego tem origem oriental, enquanto o alfabeto latino tem origem ocidental. O alfabeto latino foi completamente constituído no século I a.C., com suas 23 letras. Segundo Higounet (2003), é importante destacar que a questão política está intimamente relacionada com a difusão do alfabeto latino, pois seu uso e expansão se devem ao fato de se tornar o alfabeto do povo vencedor, que o impôs inicialmente à Península Itálica, depois a todo o Ocidente antigo, sua língua e sua escrita. É um alfabeto grego ocidental transformado, por uma forte influência etrusca, em um dos alfabetos itálicos. O surgimento do alfabeto latino no século I tende a marcar o final da primeira e longuíssima fase da história da escrita em relação a sua gênese e constituição. A utilização desse alfabeto alcança uma grande variedade de línguas, sendo a Europa Ocidental o seu centro histórico. O uso do alfabeto latino se estende às Américas, ao mundo oceânico e a todo o hemisfério austral e, na África do Norte, disputa com a escrita árabe. Estima-se que a população e os países que o utilizam somem um total de cerca de dois bilhões de indivíduos. Conforme Medeiros (2006), em 1500, o tupi (tupinambá) era a língua falada no litoral brasileiro. Com a colonização do Brasil pelos portugueses, a partir de 1757, uma Provisão Real proibiu o uso do tupi na colônia. A Carta que Pero Vaz de Caminha escreveu ao Rei Fonte dos dados desta infografia: Fonte dos dados desta infografia: A escrita surgiu da necessidade de registrar a fala humana. A busca por códigos específicos de fixação oral determinou a origem do alfabeto, que pode ser definido como um sistema de sinais que exprimem os sons da linguagem humana, e apareceu por volta de 2000 a.C. Na região do Oriente Médio, surgiu o primeiro alfabeto a ser usado em grande escala: o alfabeto fenício. É possível citar diversos tipos de alfabeto, desde o seu surgimento. A origem da palavra alfabeto vem do latim alphabetum, formado com os nomes das duas primeiras letras do alfabeto grego, alpha e beta. Há outros tipos de alfabetos que foram inventados e utilizados pela humanidade. Posteriormente você saberá mais sobre a origem e utilização do alfabeto latino. Além dos alfabetos há povos que utilizaram sistemas silábicos. Entre as escritas sul-arábicas, etíopes e indianas aparecem os sistemas silábicos etíopes, sistema silábico brahmi, sistema silábico nagari. Tais sistemas possuem em comum a representação gráfica de letras através de notações especiais. Alfabeto árabe Alfabeto grego Alfabeto hebraico Alfabeto fenício Alfabeto ugarítico As origens do alfabeto Dom Manuel de Portugal, em 21 de abril de 1500, ao se dar conta da “terra nova”, é considerada um dos primeiros documentos oficiais do Brasil. Os índios que aqui estavam não dominavam a tecnologia da escrita e tudo o que foi registrado é contado na Carta sob o ponto de vista de um europeu. E é o que se sabe desse encontro entre dois povos tão distintos. Você percebeu a importância e a dimensão histórica que o registro escrito pode alcançar? Veja, a seguir, alguns trechos interessantes da Carta de Pero Vaz de Caminha para sua reflexão. A feição deles é parda, algo avermelhada; de bons rostos e bons narizes. Em geral são bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de cobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso são tão inocentes como quando mostram o rosto. [...] (CASTRO, 2007, p. 91). Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não tem nem entendem crença alguma, segundo as aparências. [...] Eles não lavram e nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao convívio com o homem. E não comem nada senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos. (CASTRO, 2007, p.111). As águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem. Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar. (CASTRO, 2007, p.116). Conforme Castro (2007), com a chegada de imigrantes da metrópole (Portugal) para a colônia, a partir de 1759 o português já era o idioma oficial das terras que se chamariam Brasil. Porém, é importante destacar que o português de Portugal é diferente do português brasileiro. Esse último recebeu muitas influências da linguagem indígena e africana. Dessa forma, o português brasileiro “herdou” palavras como mandioca, caju, abacaxi, tatu etc. (de [ De certo modo, a língua portuguesa no Brasil também foi uma imposição do povo colonizador ao povo colonizado, ou seja, dos portugueses aos brasileiros. Essa imposição se revela no fato de ser a língua portuguesa a oficial no país. Nesse sentido, a língua adquirea dimensão de poder quando, por motivos históricos e sociais, é difundida e adotada. ] [ SAIBA MAIS ] Para ler na íntegra a carta de Pero Vaz de Caminha, acesse o site da culturabrasil.org e boa pesquisa! Histórico da escrita e sua relação com a civilização 13 origem indígena) e outras como moleque, samba, caçula (origem africana), entre tantas outras. A escrita mecânica A invenção da imprensa fez nascer a grafia mecânica, que permitiu a reprodução quase ilimitada de letras sempre idênticas e, assim, fixou os caracteres em categorias de base que não mudaram desde então. Conforme Higounet (2003), no ocidente, as primeiras tentativas de impressão tipográfica datam do ano de 1440 na Holanda e depois em Estrasburgo. Sua invenção foi levada a cabo por Johannes Gutenberg, por volta de 1450 em Mainz. A invenção da imprensa é o maior acontecimento da história. É a revolução mãe... é o pensamento humano que larga uma forma e veste outra... é a completa e definitiva mudança de pele dessa serpente diabólica que, desde Adão, representa a inteligência. Victor Hugo, Nossa Senhora de Paris, 1831. (CECCHINI, 2013). Assim sendo, além da escrita manuscrita, houveram diversas máquinas que auxiliaram na reprodução da escrita: tipografia, máquina de escrever e, mais recentemente, o computador e todos os aparelhos tecnológicos em que esse recurso está acoplado. Logo, a escrita na atualidade se difundiu a partir de uma ampla possibilidade de instrumentos que permitiram sua materialização. A escrita hoje Atualmente, muito se discute sobre o uso de equipamentos de publicação da escrita virtual, ou seja, sobre a possibilidade dessa escrita vir a substituir a escrita de publicação impressa. Indaga-se sobre o fim dos livros, jornais e revistas impressas em decorrência do crescimento dos portais de notícias, e-books e revistas virtuais, [ SAIBA MAIS ] Para compreender melhor a influência do tupi na língua portuguesa brasileira, que tal buscar na Internet o vídeo: Idioma brasileiro - Constituição do idioma brasileiro, influência do tupi, imposição portuguesa, palavras indígenas? Amplie seus conhecimentos! [ SAIBA MAIS ] Para saber mais sobre a história da escrita e das técnicas de impressão, acesse o site da Casa do Manuscrito. Boa leitura! haja vista a disseminação da internet. Apesar de muito se pensar na possibilidade da substituição do impresso pelo digital, não se tem comprovação do fato, uma vez que uma tecnologia não substitui a outra. O que é fato é que a escrita tem um grande valor social. Os gêneros da escrita se sobrepõem aos demais modos de comunicação. O indivíduo detentor da habilidade de leitura e escrita possui valorizações específicas na sociedade que se traduzem através de diplomas dentro do percurso escolar e, posteriormente, profissional. É por esse motivo que a instituição escola adquire tamanha importância. E é por isso também que, sobretudo a partir do século XVI, se universalizou como norma obrigatória a tarefa de primeiro fazer com que os estudantes aprendam a ler e a escrever. [ LEITURA COMPLEMENTAR ] Que tal ampliar seus conhecimentos sobre a história da Internet? Acesse o site da A.I.S.A – História da Internet. Para saber mais sobre livros e e-books, você também pode assistir ao vídeo: Livros versus E-book. Boa pesquisa! Histórico da escrita e sua relação com a civilização 15 Já é consenso também que a habilidade de decodificação da escrita é de suma importância para o acesso aos mais variados conhecimentos científicos e compreensão desses conhecimentos. Por isso, não deve ser tarefa de uma disciplina como a de Português ou Comunicação a ênfase na escrita e na leitura. Todas as áreas do conhecimento devem primar por essa habilidade. Ela deve ser interdisciplinar. Assim, surgiram as discussões sobre os Novos Estudos de Letramento. A contribuição dos Novos Estudos de Letramento Diversos teóricos embasam discussões sobre os novos estudos de letramento, tais como: Heath (1982), Street (2003), Gee (1994), Soares (2003), Kleiman (2005), entre outros. Esses estudos, conhecidos com uma abordagem sociocultural, procuram mostrar que as habilidades letradas podem ser adquiridas independentemente do contexto social no qual as pessoas vivem. No Brasil, há diversos estudiosos, como Soares (2003), Kleiman (2005), entre muitos outros, que se debruçam sobre a linguagem e mostram-se sensíveis ao que os Novos Estudos de Letramento (NLS) têm descoberto. Esses autores desenvolvem ou desenvolveram suas pesquisas nessa perspectiva. Entre os vários temas de discussão dos NLS está o próprio termo letramento e o seu significado. Segundo Kleiman (2005), letramento é um conceito que vai além do usado na escola. Está presente no cotidiano, já que as paisagens estão permeadas pela escrita através de anúncios, cartazes, legendas de transporte urbano e evidenciam, desse modo, os múltiplos espaços que a escrita ocupa na sociedade. Logo, segundo a mesma autora, o conceito de letramento surge como uma forma de explicar o impacto da escrita em todas as esferas de atividades e não somente nas atividades escolares. Esse conceito já entrou no discurso escolar através de documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que discutem os currículos no país. A partir desse conceito surgem a análise e a discussão da presença dos diversos gêneros textuais que são utilizados na sociedade. Esse é o tema que você conhecerá na próxima unidade. [ SAIBA MAIS ] Para saber mais sobre os PCNs, acesse o site do Ministério da Educação (MEC). Boa leitura! Nesta primeira unidade você estudou uma retrospectiva histórica da importância e do surgimento da escrita. Também foi possível conhecer os mais variados tipos de alfabetos existentes no mundo, com destaque para o alfabeto latino, já que foi a partir dele a derivação do português brasileiro. Também discutiu- se a possibilidade da publicação digital superar a impressa e o quanto a habilidade de escrita e leitura é importante para definir o posicionamento social dos indivíduos. Por fim, foi abordada a emergência do que se discute nos Novos Estudos de Letramento e que culminará na investigação sobre os gêneros textuais, tema da próxima unidade. [ ATIVIDADE ] Antes de seguir para o estudo da próxima unidade, reflita e responda o que lhe vem à mente em relação ao conceito de gênero textual. A carta de Pero Vaz de Caminha pode ser classificada como um gênero textual? Já ouviu ou leu sobre tal conceito antes? Se não, escreva o que lhe sugere a pergunta (sem pesquisa prévia) e discuta a sua resposta com os outros colegas quando estiver no polo presencial, através das redes sociais ou ainda via fórum no AVEA. Gêneros textuais - orais, impressos e digitais MATERIAL IMPRESSO E GÊNEROS TEXTUAIS UNIDADE 2 Nesta unidade você estudará o texto a partir do enquadramento teórico de gêneros textuais; conhecerá a sistematização do conceito de gêneros textuais, exemplos do uso no cotidiano social e possíveis aplicações no ambiente didático e escolar. Andressa da Costa Farias Gêneros textuais - orais, impressos e digitais O texto dentro da noção de gêneros textuais A recente formação de um novo paradigma para o ensino da língua materna fez com que se reconhecessem os gêneros textuais dentro da instituição escola. Houve um acolhimento do texto como representando gêneros. E tal realidade fez com que o ensino escolar englobasse, além dos textos literários e dos textos de gêneros exclusivamente escolares, também aqueles outros textos pertencentes a outros domínios discursivos, gêneros que circulam nas práticas sociais, fora das paredes da escola. Contribuíram significativamente para esse fato os estudos da sociolinguísticae a teoria dos gêneros. Estes estudos enfatizam que a linguagem é um sistema mediador de todos os discursos. Isso faz com que haja a necessidade e relevância de práticas educacionais que façam uso dos diferentes gêneros sociais para um letramento adequado ao contexto na atualidade. Você deve estar se perguntando: como o conceito de gênero textual surgiu? Para essa resposta, buscamos Meurer & Motta-Roth (2002) para enfatizar que a linguagem é, sobretudo, uma situação comunicativa que segue três aspectos básicos: sobre o que se fala, com quem se fala e como se fala, que são definidores do contexto e que dependem de uma determinada atividade. A consciência desses três aspectos do uso articulado da linguagem para alcançar determinados objetivos expande o repertório de gêneros discursivos disponíveis culturalmente. Uma definição mais detalhada pode ser considerada como: Ao servir de materialidade textual a uma determinada interação humana recorrente em um dado tempo e espaço, a linguagem se constitui como gênero. A partir de Bakhtin (1986), gênero é pensado como um evento recorrente de comunicação em que uma determinada atividade humana, envolvendo papéis e relações sociais, é mediada pela linguagem. É responsabilidade central do ensino formal o desenvolvimento da consciência sobre como a linguagem se articula em ação humana sobre o mundo através do discurso ou, como preferimos chamar, em gêneros textuais. (MEURER; MOTTA-ROTH, 2002, p. 12). Os gêneros textuais permeiam o mundo contemporâneo e, para sermos cidadãos críticos e conscientes de nosso papel, é preciso saber fazer uso das diversas possibilidades existentes por meio da comunicação mediada por textos. São diversos os exemplos práticos disso. Uma reclamação formal da linha telefônica pode exigir do usuário que ele redija uma carta de reclamação. Um evento marcante na cidade pode gerar um artigo de opinião que deve ser encaminhado à caixa de correio ou ao e-mail do jornal de maior circulação na cidade. A devolução de valores pagos indevidamente é solicitada através da comprovação de um atestado de valores gastos. O anúncio de um produto ou serviço num panfleto impresso ou de um banner digital pode ser um instrumento de barganha para compra quando o consumidor vai à loja. Enfim, muitos são os exemplos da comunicação mediada por texto. No meio acadêmico, há muitos gêneros textuais importantes para que o estudante consiga seu tão almejado diploma. Em um curso de graduação, geralmente só é possível se formar depois de ter desenvolvido uma monografia ou trabalho de conclusão de curso (TCC). No mestrado, o texto final do curso chama-se dissertação. E, para conseguir o grau de doutor, só com uma tese. [ SAIBA MAIS ] Confira as dicas de leitura, a seguir, para ampliar seus conhecimentos sobre sociolinguística. BAGNO, Marcos. O preconceito linguístico: como é, como se faz. São Paulo: Ed. Loyola, 1999. BAGNO, Marcos. A língua de Eulália. São Paulo: Ed. Contexto, 2004. Pesquise também pelo termo sociolinguística, no site do E-dicionário de termos literários, de Carlos Ceia. Características básicas dos gêneros textuais Para esclarecer algumas características básicas dos gêneros textuais, no Dicionário de Gêneros Textuais, Costa (2009) apresenta os gêneros primários da oralidade humana, como a conversação, o diálogo, as negociações orais, as piadas contadas, os “causos”, as palestras proferidas e tudo que é enunciado por meio da voz. “Bakhtin chama de enunciado de gênero primário”. (COSTA, 2009, p.16). Mas como pode ser compreendido o gênero primário? No enfoque enunciativo-discursivo, um enunciado de gênero primário é compreendido na relação com o contexto imediato, onde ocorre a ação comunicativa. Já os diálogos escritos presentes em romance, conto, novela, peça de teatro, entrevista publicada em jornal, revista, são atos de conversação “tomados emprestados” da esfera do cotidiano Geralmente todos os gêneros textuais possuem uma estrutura específica com número mínimo e máximo de páginas, configuração de margens, fontes etc. O próprio desenvolvimento deste livro representa um gênero textual específico dentro do contexto do Ensino a Distância. Ele constitui os chamados materiais didáticos de apoio, neste caso impresso e, posteriormente, digital, através do Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem (AVEA), no Moodle. Gêneros Textuais - orais, impressos e digitais 21 para a esfera púbica. A interlocução não é mais imediata, logo, as condições de produção do discurso se tornam secundárias e mais complexas. Temos o que Bakhtin chamou de enunciado de gênero secundário. Há outros exemplos de gêneros secundários emergentes e muito atuais encontrados na internet. Constituem-se pelas novas finalidades discursivas que remetem a novas práticas sociais. Nessa classificação, é possível citar o bate-papo virtual (chat), blog, endereço eletrônico (e-mail) etc. São formas estáveis de enunciado em relação ao conteúdo temático-figurativo, ao estilo e à estrutura textual. Não podem ser comparados nem ao simples bate-papo, como no contexto face a face, nem a um diário ou agenda. São usados de maneira análoga, mas com características bem diferenciadas. A seguir, conheça com mais ênfase as categorizações e características dos diversos gêneros textuais existentes. Observe os exemplos dos gêneros já comentados e exercícios que podem ser aplicados a partir de alguns gêneros textuais citados. Os gêneros textuais orais Há uma infinidade de gêneros orais, citados anteriormente. É a partir do discurso articulado que surgiram os gêneros textuais escritos. Também foram reconhecidos os gêneros textuais orais. Aqui o foco do estudo serão as características de alguns gêneros orais que são mais frequentes e que podem ser utilizados no trabalho didático pedagógico. Os que você verá suas definições serão: comunicação oral, conferência, debate, depoimento, entrevista, exposição oral, palestra, relato de experiência. Observe! Comunicação oral - consiste na apresentação oral de tema específico, por um indivíduo ou mais pessoas, para uma plateia definida. A temática pode ter teor científico, administrativo, político, jornalístico, religioso etc. A apresentação pressupõe um encontro específico, uma aula temática, um seminário, colóquio ou congresso. [ LEMBRE-SE ] A utilização da fala deve ser cuidadosa e não se pode expor oralmente um assunto usando palavrão, palavras chulas e informalidade. O discurso oral deve, se possível, ser treinado anteriormente a fim de o comunicador praticar a correta concordância de verbos e plural de palavras, por exemplo , o que vai conferir autoridade a quem fala. Conferência - possui características parecidas com a comunicação oral. Refere-se a uma preleção em público, através de uma exposição oral a um auditório sobre um tema de especialidade do orador. Geralmente, o orador é contratado ou convidado da instituição (escolar, científica, artística) para expor sobre um assunto científico, literário, polêmico, autoajuda, orientação profissional, entre outros. Debate - o debate pode ser um gênero textual oral bastante utilizado na prática didático pedagógica. Depois de várias aulas sobre um determinado tema, o professor pode sugerir para a turma a prática de um debate sobre o assunto abordado. O importante é ficar atento à organização do debate para que não vire um “bate- boca” descontrolado. Para o debate ocorrer de maneira proveitosa é preciso deixar claro a ordem das falas. Depoimento - o depoimento é mais utilizado no âmbito jurídico e policial. É um relato oral de testemunha ou parte sobre determinado fato cujo conteúdo esteja relacionado com os interesses de quem profere ou serve como prova testemunhal. Em juízo, o depoimento é aquilo que uma ou maistestemunhas afirmam verbalmente. Em delegacias de polícia, os depoimentos orais são registrados pelo escrivão policial para encaminhar para autoridade competente. [ No âmbito didático, uma pesquisa sobre o entorno escolar pode buscar pessoas para dar seu testemunho ou depoimento na comunidade escolar sobre o surgimento do bairro, de algum aspecto da cultural local, da luta para conseguirem a escola para a comunidade ou outro fato marcante, por exemplo. ] Gêneros Textuais - orais, impressos e digitais 23 Entrevista - pode ser também sinônimo de bate-papo, colóquio, conversa, discussão, diálogo etc. Há diversos contextos do uso de uma entrevista. A técnica é necessária para selecionar candidatos a uma vaga de emprego. Em jornais e revistas, é comum convidar pessoas para serem entrevistadas a respeito de um assunto sobre o qual são especialistas. A entrevista pressupõe do entrevistador certo conhecimento sobre quais informações são importantes abordar, e, assim, geralmente o entrevistador tem um roteiro de perguntas para fazer ao entrevistado, mas não é uma regra. A entrevista pode acontecer informalmente, e o registro ser feito depois. Também é possível pedir autorização ao entrevistado para gravar a entrevista em vídeo ou áudio. Segundo Costa (2009, p. 103), “trata-se de um discurso assimétrico em que os interlocutores têm papel diverso. O entrevistado tem o conhecimento do assunto ou tema e o poder da palavra”. A entrevista pode e é usada no meio escolar. No próprio contexto de cursos na modalidade a distância, o professor pode ser entrevistado para esclarecer sobre determinado tópico ou conteúdo, e a entrevista pode ser gravada e disponibilizada posteriormente no AVEA. Também é possível sugerir que os alunos façam roteiros de entrevista com profissionais cuja carreira queiram seguir. Ou ainda, algum assunto abordado na escola pode requerer que seja entrevistado alguém da área. A entrevista pode ser publicada no jornal ou blog escolar. São muitas possibilidades! Exposição oral - tem características análogas às da comunicação oral. Palestra - é um gênero análogo à aula, conferência, exposição oral etc. Consiste na exposição oral sobre determinado assunto ou área de conhecimento do orador, que pode ser um professor, um especialista ou qualquer pessoa que tenha autoridade no assunto. Geralmente, a palestra é dirigida a um público específico que está interessado no que será abordado e tem um período de tempo estipulado. A palestra pode e deve ter uma interação entre o palestrante e os ouvintes. Muitas vezes essa interação fica para o final e é iniciada por meio de perguntas da plateia para o orador. No contexto escolar, pode-se convidar palestrante para abordar assuntos que estejam em pauta em alguma aula ou na sociedade. São diversos temas importantes como: direitos autorais, sexualidade, mobilidade urbana, trânsito, entre outros. Sempre há pessoas que são autoridades no assunto e que, quando convidadas, se dispõem a palestrar em instituições escolares. Relato de experiência - é sempre uma narração que utiliza verbos no pretérito perfeito ou o presente histórico. O nome do gênero já contribui para a sua definição. O relato de uma pessoa sobre o que viveu ou vivenciou, ou seja, de experiência de algum fato ou situação, pode ter ouvintes interessados no assunto abordado. Depois de conhecer os gêneros textuais orais, chegou a vez dos gêneros textuais impressos. Prossiga para saber mais! [ LEIMBRE-SE ] É interessante ouvir os alunos, no contexto escolar, quando eles têm relatos de experiência para compartilhar com os demais colegas ou mesmo com a escola. Temas relacionados a viagens realizadas, estágios e outros assuntos podem ser abordados. Os gêneros textuais impressos São inúmeros os gêneros textuais impressos. Estão presentes nos mais variados tipos de discurso: religioso, jornalístico, acadêmico, literário, publicitário, cotidiano, escolar etc. Conforme é mostrado a seguir: Literário Livro Conto Crônica Diário Poema Autobiograa Romance Biograa Lenda Fábula Religioso Panfleto de missa Bíblia Jornal da paróquia Acadêmico Tese Monografia Paper Artigo científico Resenha Resumo Dissertação Cotidiano Anotação Diário Bilhete Convite Lista de compras Jornalístico Notícia Reportagem Editorial Carta de leitor Charge Tirinha Crônica Escolar Prova escrita ResumoDicionário, glossário ou enciclopédia Polígrafo ou apostila Pubicitário Cartaz Anúncio Panfleto Discurso Gênero Legenda Textos e Fontes dos dados desta infografia: COSTA (2009). Os gêneros textuais impressos São inúmeros os gêneros textuais impressos. Estão presentes nos mais variados tipos de discurso: religioso, jornalístico, acadêmico, literário, publicitário, cotidiano, escolar etc. Conforme é mostrado a seguir: Literário Livro Conto Crônica Diário Poema Autobiograa Romance Biograa Lenda Fábula Religioso Panfleto de missa Bíblia Jornal da paróquia Acadêmico Tese Monografia Paper Artigo científico Resenha Resumo Dissertação Cotidiano Anotação Diário Bilhete Convite Lista de compras Jornalístico Notícia Reportagem Editorial Carta de leitor Charge Tirinha Crônica Escolar Prova escrita ResumoDicionário, glossário ou enciclopédia Polígrafo ou apostila Pubicitário Cartaz Anúncio Panfleto Discurso Gênero Legenda Textos e Fontes dos dados desta infografia: COSTA (2009). A seguir você conhecerá algumas características básicas de gêneros textuais impressos, sobretudo aqueles que circulam com mais frequência na sociedade e no contexto didático-pedagógico. Observe! Discurso Jornalístico Editorial - o editorial é um gênero em que se discute um assunto ou questão a partir do ponto de vista do jornal, do redator-chefe ou da empresa jornalística. Não é assinado e geralmente é o primeiro texto da contracapa do jornal. Notícia - é o relato ou narrativa de fatos, acontecimentos, informações recentes e atuais, do cotidiano, ocorridos no campo, na cidade, no país ou no mundo, os quais têm grande importância para a comunidade ou público leitor. Há diversos tipos de notícias e são selecionadas e editadas conforme as especificidades do jornal. Os jornais podem ser classificados como populares, de grande circulação ou restritos, isto é, aqueles que possuem um público leitor mais selecionado e, por esse motivo, variam de preço e de tamanho (número de páginas). É interessante notar que o layout do jornal muda conforme sua classificação, o tamanho das notícias, o tipo e quantidade de fotos, imagens etc. Segundo Costa (2009), privilegia-se o discurso referencial, o modo indicativo, tempo verbal presente e predomínio da terceira pessoa. Em termos éticos, o jornal deve transmitir a notícia de maneira mais neutra possível e com grande fidedignidade. Reportagem - ver notícia. Crônica - consiste em uma reflexão crítica a partir de um fundo cronológico, ou seja, de algum acontecimento do cotidiano social. Quase todos os veículos jornalísticos possuem um cronista. Há escritores que ficam conhecidos e consagrados a partir da qualidade das crônicas que publicam. É o caso de Moacyr Scliar, Luís Fernando Veríssimo, Martha Medeiros e Fernando Sabino. Leia um exemplo de crônica, de Fernando Sabino. *Tirinha - está presente em quase todos os jornais impressos e em algumas revistas e HQs. Geralmente possui três ou quatro quadros, texto sincrético, que alia o verbal e o visual no mesmo enunciado e enunciação. Há diversos autores que ficaram famosos através da publicação de suas tirinhas. Gêneros Textuais - orais,impressos e digitais 27 Fernando Sabino - A última crônica A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno- me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica. Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome. Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando- se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim. São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: “parabéns pra você, parabéns pra você...” Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido — vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso. Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso. (Sabino, 1965). Charge - palavra de origem francesa que significa carga, ou seja, algo que exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo burlesco ou ridículo. Trata-se de ilustração ou desenho humorístico com ou sem legenda. Tem por finalidade satirizar e criticar algum acontecimento do momento. A charge como texto de opinião é temida por governantes. Em contextos de censura, a charge é o primeiro alvo. Você pode conferir a publicação de diversas charges no site chargeonline. Carta de leitor - geralmente é um texto argumentativo em que o leitor manifesta a opinião crítica a respeito de uma matéria ou notícia que leu ou assunto sobre o qual quer expressar opinião. Há diferenças de espaço para publicação da carta do leitor, dependendo do tipo de jornal. Encontram-se exemplos de carta do leitor em diversos jornais. Alguns jornais on-line disponibilizam a visualização do jornal impresso. Pesquise se nos jornais de sua região se isso é possível. Alguns exemplos podem ser encontrados nos sites dos jornais Diário de Santa Maria, Diário Catarinense e A Razão. Discurso Publicitário Anúncio - tem objetivo comercial. Em jornais impressos, há uma seção chamada Classificados, na qual se divulgam os mais variados anúncios, como: compra e venda de carros, motos, terrenos, apartamentos e serviços em geral. Há tanto anúncios impressos (jornais, revistas etc.) quanto anúncios digitais, presentes nos mais variados sites. No entanto, há anúncios com o objetivo de propaganda que também pode ser institucional, educacional, sem relação comercial. É o caso dos anúncios encontrados nas páginas educacionais para chamada de inscrições em cursos com vagas disponíveis. Observe um exemplo. Cartaz - está presente em diversas situações. Pode ser fixado em murais, muros, postes e paredes. Possui dimensão variada e, muitas vezes, é ilustrado com desenhos, fotografias e letras grandes e chamativas. Depende de um contexto específico e tem como foco o público leitor. Há cartazes divulgando eventos, cursos, avisos importantes etc. Panfleto - geralmente impresso em folha avulsa. Possui texto publicitário curto e chamativo e é distribuído corpo a corpo ou deixado em locais de grande circulação para que o público-alvo leve e leia. [ ATIVIDADE ] Busque na internet o vídeo A última crônica, de Fernando Sabino e o assista. Em seguida, reflita sobre o que mais lhe chamou a atenção na crônica. Gêneros Textuais - orais, impressos e digitais 29 Discurso Acadêmico Monografia - é um texto mais longo e muito importante para a finalização de um curso acadêmico. Em contextos de especialização, também é requisitado, inclusive para a certificação deste curso na modalidade a distância. A instituição a que o aluno é vinculado determina o número máximo e mínimo de páginas, margens, tipo de letra, ilustrações e anexos. É um trabalho acadêmico de caráter não muito profundo. A monografia também é muito utilizada como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que se caracteriza pela abordagem de um só tema, estudado de forma delimitada. Monografias prontas são geralmente catalogadas e colocadas à disposição da comunidade acadêmica através da biblioteca. Resumo - um dos gêneros textuais mais utilizados em contextos pedagógicos. É um texto breve que versa sobre as partes mais relevantes de um livro, filme ou outro material. O conteúdo deve ser apresentado de maneira concisa e coerente. Resenha - é um texto curto (no máximo duas páginas) que faz um comentário crítico sobre um bem cultural, indicando ou não a leitura ou apreciação da obra. Pode ser livro, filme, teatro, biografia etc. Há diversos cursos de graduação e de pós-graduação que possuem revistas de área que contêm espaço para publicação de resenhas. Artigo científico - é um dos textos mais utilizados de divulgação científica no meio acadêmico. Possui uma estrutura específica, com partes fundamentais como introdução, resumo, palavras- chaves, corpo ou texto principal, conclusões e referências. Podem ser publicadosem revistas de área, anais de congressos ou revistas digitais. Há diversos endereços eletrônicos de divulgação científica. Discurso Literário Conto - é uma das narrativas mais comuns na literatura. Nasceu do discurso oral. Possui características específicas como tempo, espaço, personagens, clímax e desfecho. Há diversos tipos de conto: de ficção, de terror, de fadas, imaginário, entre tantos outros. Um dos contos mais famosos é o “Mil e Uma Noites”, hoje considerado um clássico da literatura mundial. As histórias se originam do Médio Oriente e no Sul da Ásia. Foi traduzido para diversos idiomas, sobretudo a partir de 1704. Os contos são narrados por Xerazade, esposa do rei Xariar. Estão organizados em cadeia e cada um representa uma noite de vida para Xerazade, já que o rei, ao ser traído pela primeira esposa, desposa uma noiva diferente todas [ LEITURA COMPLEMENTAR ] Acesse os portais a seguir e leia os artigos disponíveis: Portal de Periódicos da Capes Portal de Periódicos do IFSC Sistema de Bibliotecas da UFSC Um exemplo de resenha científica, do livro Letramentos Múltiplos, escola e inclusão, poderá ser lida em: DELTA: Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, resenhado por Acir Mario Karwoski. as noites, mandando-as matar na manhã seguinte. Xerazade consegue a façanha de mudar esse triste destino ao se valer de boa oralidade. Ao amanhecer, interrompe cada conto para continuá-lo na noite seguinte. Mantém-se viva por mil e uma noites, no fim das quais o rei se arrepende do que vinha fazendo e desiste de executá-la. Fábula - teve sua origem com Esopo (séc. VI a.C) e Fedro (séc. I d.C) e foi retomada no Classicismo francês, por La Fontaine. É uma narrativa breve, em prosa ou em verso, cujos personagens geralmente são animais que possuem características humanas. No final sempre há uma conclusão ético-moral. São muitos os títulos de fábulas e vários conhecidos: A cigarra e a formiga, O cabrito e o lobo, A corça e o leão, O gato e os ratos, O cão e a lebre, O cavalo e o asno etc. Conheça uma releitura da fábula A cigarra e a formiga. A cigarra e a formiga - A formiga boa Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé dum formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas. Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas. A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém. Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu-tique, tique, tique. Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina. - Que quer? - perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir. - Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu... A formiga olhou-a de alto a baixo. - E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa? A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu, depois de um acesso de tosse: - Eu cantava, bem sabe... - Ah!... Exclamou a formiga recordando-se. Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas? - Isso mesmo, era eu... - Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: “que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora!” Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo. A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol. Monteiro Lobato (1922) Faina - acúmulo de serviços Tulhas - celeiros Paina - fibra sedosa [ ATIVIDADE ] Que tal refletir sobre a fábula que você acaba de ler? Qual seria a “moral” dessa fábula? Que ideia introduz que se diferencia da versão original? Como é a fábula na versão original? Gêneros Textuais - orais, impressos e digitais 31 Poema - Trata-se de uma composição poética em versos, de tamanho variado. Ao conjunto de versos dá-se o nome de estrofes. O poema ou poesia possui geralmente uma sonoridade conferida através das rimas, porém nem todo poema possui rimas. Um poema extremamente famoso (sobretudo a primeira estrofe) é o de Camões. Observe! Amor é fogo que arde sem se ver Luís Vaz de Camões Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? (Camões, 1595). Biografia - é o registro escrito da narração oral, visual dos fatos particulares das várias fases da vida de uma pessoa ou personagem (gênero literário ou não) em livro ou revista ou em qualquer outra publicação impressa. Pode ser organizada a partir de uma ordem cronológica ou em forma de narrativa. Há vários exemplos de biografia. Pense em alguma personalidade. Muitas possuem biografias organizadas por jornalistas ou escritores pela relevância em algum setor na sociedade (arte, música, literatura, ciência, direitos humanos). Como exemplos, podem ser citados: Diana Frances Spencer, Princesa de Gales, Nelson Mandela, Steve Jobs, Machado de Assis, Tarsila do Amaral, Madre Tereza de Calcutá, Zilda Arns Neumann, entre outros. Discurso do Cotidiano Lista de compras - geralmente escrita em papel avulso, agenda etc. É uma sequência de nomes em ordem alfabética ou não daquilo que se necessita comprar. Útil no planejamento do orçamento familiar. Observe o exemplo, a seguir. arroz açúcar achocolatado café leite carne ovos iogurte sabonete detergente pasta dental [...] Lista de supermercado (itens a comprar) Bilhete - escrito de maneira simples e breve, mensagem reduzida ao essencial, na forma e no conteúdo. Geralmente também é escrito em linguagem coloquial. É comum que os bilhetes sejam entregues ou deixados diretamente ao seu leitor final. Pode ser afixado na geladeira, no computador, deixado em cima da mesa, no quarto etc. Exemplo: Mãe, não se preocupe. Estou no Zeca, fui jogar futebol. Vou chegar tarde! Beijo, Juliano. Carta - existe uma infinidade de tipos de cartas. Há cartas comerciais, de solicitação, cartas de amor, carta de habilitação etc. Possui uma estrutura comum que contempla cidade, data, saudação inicial para o destinatário, corpo (conteúdo), despedida, assinatura do remetente. A carta pressupõe uso de envelope e, geralmente, é enviada pelo correio. No Brasil, há cartas que ficaram famosas como a Carta Testamento de Getúlio Vargas ao povo brasileiro antes de se suicidar. A carta como gênero normalmente se apresenta com a seguinte estrutura: Gêneros Textuais - orais, impressos e digitais 33 A carta também foi tema de poesia. Veja o exemplo! Cartas de Amor Fernando Pessoa Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. Também escrevi, no meu tempo, cartas de amor como as outras, ridículas. As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas Quem me dera o tempo, em que eu escrevia sem dar por isso, cartas de amor, ridículas. Afinal, só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são ridículas. (Pessoa, 1972, p. 399). Data, cidade Saudação pessoal, Assunto, assunto, assunto, XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Despedida, Assinatura Convite - é um impresso que solicita a presença ou participação de alguém em algum evento social, esportivo, literário, artístico, entre outros. Possui as mais variadas formas e pode ser impresso nos mais variados tipos de papel, com variação de tamanho e cor. Há empresas especializadas em confecção de convites, sobretudo de formaturas, casamentos e aniversários. No meio pedagógico, é possível montar convites para a apresentação cultural da turma ou grupo de alunos, recital de poesias, gincana, competição esportiva etc. Discurso Escolar Prova escrita - também pode ser chamada de teste. É um impresso que possui geralmente de uma a quatro páginas em que se publicam perguntas abertas ou fechadas, objetivas ou de múltipla escolha com o propósito de avaliar o conhecimento do estudante. Muitos estabelecimentos escolares estabelecem que o professor deve aplicar ao menos uma prova escrita por semestre letivo. Polígrafo ou apostila - muito utilizado em cursinhos pré-vestibular e colégios em geral. É uma espécie de caderno com a seleção de material didático específico a partir de uma disciplina ou programa de curso. É geralmente encadernado e distribuído aos estudantes no momento da matrícula escolar ou durante o ano letivo. Livro didático - está presente (ou deveria estar) em todas as escolas públicas brasileiras (ao menos) e ao alcance de todo estudante. Também é encontrado para consulta nas bibliotecas escolares. Os livros didáticos geralmente são publicados a partir das disciplinas ou séries escolares. Encontram-se livros didáticos de Português, Geografia, Matemática, História, 4º ano escolar, Alfabetização etc. O livro didático-pedagógico teve um papel fundamental a partir das décadas 60 e 70 com a chamada democratização do ensino. Muitas camadas da população que não tinham acesso às práticas escolares começaram a frequentar os bancos escolares. Logo, o aumento da necessidade de professores e a diminuição do grau de exigência na seleção desses profissionais fizeram com que o livro didático se tornasse fundamental. Gêneros Textuais - orais, impressos e digitais 35 A seleção de textos, exercícios e atividades deixa de ser tarefa do professor e passa a ser tarefa do autor do livro didático utilizado em sala de aula. Hoje, espera-se que o professor utilize o livro didático de forma crítica e que ele tenha autonomia para fazer desse recurso mais um apoio para o desenvolvimento das aulas e não um recurso exclusivo. Dicionário, glossário ou enciclopédia - são publicações que apresentam uma compilação, em ordem alfabética ou temática, de opiniões, ideias, utilizadas na mesma época por um indivíduo (escritor ou filósofo, por exemplo) ou por um grupo de indivíduos, termos históricos ou ainda compilação de termos de determinada profissão. Há muitos dicionários e/ou glossários que têm informações importantes sobre determinadas áreas do saber ou fazer humano: informática, zoologia, hotelaria, carpintaria etc. É possível, em contexto escolar, organizar com os alunos um pequeno dicionário de termos que serão constantemente utilizados em algum tópico de aula: termos de geometria, termos de geografia (cartografia), termos de determinada época. Os gêneros textuais digitais (hipertextos) Segundo Marcuschi (2004), há um conjunto de gêneros textuais emergindo do contexto da tecnologia digital em ambientes virtuais. São relativamente variados, e a maioria tem similaridades com gêneros da oralidade ou da escrita. Nesse sentido, o autor coloca em destaque um quadro comparativo entre os gêneros já existentes com os emergentes. Assim, estabelece um paralelo, por exemplo, entre: Carta pessoal, bilhete, correio >>>> E-mail Chat(s) >>>> Conversações (em grupo ou não) E-mail educativo >>> Aulas por correspondência Blog >>>>>>> Diário pessoal Vídeo-conferência >>>>> Conferência, debate [...] O próprio contexto de ensino a distância faz com que utilizemos muito os gêneros digitais. Este curso é um exemplo disso. Certamente, no seu desenrolar, todos os cursistas estarão bem familiarizados com os recursos dos ambientes virtuais de ensino-aprendizagem (AVEA) que englobam chat, e-mail e outras ferramentas. Conheça as características básicas de alguns recursos. [ ATIVIDADE ] A escola em que você trabalha utiliza como suporte o livro didático? Se sim, qual a editora, ano de publicação, título, autor(es) do livro? Se não, pense nos possíveis motivos. Busque as possíveis soluções. [ SAIBA MAIS ] Para ampliar seus conhecimentos sobre o uso do livro didático, pesquise na internet e leia o artigo: “Importância do livro didático: eficiência e/ou ineficiência deste instrumento no processo de ensino-aprendizagem”. Você verá que foram abordados apontamentos bem relevantes a respeito do tema. Vale a pena ler! Chat - conversa ou conversação informal realizada através do computador em tempo real e possibilitada pelo uso da internet. A escrita no chat pode ter abreviações para que os usuários consigam teclar mais rápido e até mesmo com mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Há diversos programas que possibilitam o chat como MSN, Skype, ChatBrowser, entre outros. Dentro dos chamados “portais da internet” como Terra, UOL e Yahoo, existem links que oferecem a realização de chat. O ensino na modalidade a distância pressupõe um AVEA que tem recurso de chat. Recentemente redes sociais também oferecem esse serviço. É o caso do Facebook. É um recurso muito importante, pois permite a interação, através da internet, de um grupo de pessoas que compartilham interesses comuns. Blog - surgiu da vontade de algumas pessoas de publicar seus diários íntimos na internet. Essa “onda” começou a partir de 1994. Logo após, surgiram os weblogs (web - rede de computadores - mais log - tipo de diário de bordo de navegadores). Atualmente, é muito fácil criar um blog. Muitos sites oferecem esse recurso, bastando para isso fazer um cadastro que inclui dados como e-mail e perfil do usuário. Uma das páginas que possuem tal serviço é blogspot.com. Pedagogicamente, um blog da turma ou sobre um interesse comum dos alunos é muito interessante e pode ser um excelente recurso didático. Algumas turmas do Instituto Federal de Santa Catarina têm blog. É o caso de: cozinhaifsc.blogspot.com e proejacozinha.blogspot.com. E-mail - no meio físico, toda pessoa tem (ou deveria ter) um endereço com o nome da rua, número, bairro, cidade etc. No meio virtual, o e-mail é o endereço virtual de uma pessoa ou empresa através de cadastro em algum site que ofereça esse serviço. A marca de e-mail é o símbolo “@”, ou seja, todo endereço de e-mail possui o seguinte formato: nome_ou_apelido_pessoal@provedor.com.br. A extensão “br” nem sempre aparece. Há alguns provedores internacionais, logo a extensão fica assim login@provedor.com. É possível editar a mensagem de e-mail com diferentes fontes (tamanhos, cores), anexar fotos, vídeos etc. Muitos provedores oferecem esse serviço, como Yahoo, Terra, Uol, Gmail, Hotmail, por exemplo. [ ATIVIDADE ] Você, enquanto professor(a), já pensou em ter um blog com publicações profissionais? Você já possui um blog? Como vislumbra a utilização de um blog em uma disciplina escolar? Gêneros Textuais - orais, impressos e digitais 37 [ ATIVIDADE ] Reflita sobre quais gêneros textuais perpassam com mais frequência em sua prática docente. Gêneros textuais orais, impressos ou digitais? Quais são eles? Resenhas? Charges? Artigos científicos? Livros didáticos? Cartazes? Panfletos? Palestras? Relatórios? Listas? Seminários? Videoaula - como o próprio nome diz, consiste em uma aula acessada por meio de vídeo, ou seja, uma aula previamente gravada em estúdio com o professor paraser disponibilizada posteriormente em Ambiente Virtual de Ensino-aprendizagem ou em programa televisivo. É muito utilizada no ensino na modalidade a distância. Videoconferência - uma das características básicas é a ênfase na interação de pessoas que se reúnem através das redes computacionais. É uma conferência, ou seja, debate, discussão, fórum de discussão realizado através da conexão de redes. Pressupõe a existência de telas onde os usuários possam se ver e compartilhar falas em tempo real. No ensino na modalidade a distância, é comum marcar, ao menos, uma videoconferência por período para que professor e alunos possam discutir tópicos importantes daquilo que estão aprendendo. Webpagina digital (jornais e revistas on-line) - muitos jornais, revistas e livros impressos atualmente estão em formatos digitais. É o caso de jornais locais como Diário Catarinense, Hora, A Notícia; e nacionais, como Folha de São Paulo, O Globo etc. Muitas revistas também têm formato digital. É o caso da revista Época, Veja, Caros Amigos. Portanto, é possível ler e selecionar material para atividades didáticas por meio das publicações digitais. Nesta unidade, você acompanhou a descrição e exemplificação dos mais variados tipos de gêneros textuais. Percebeu as diversas classificações possíveis, bem como a noção de texto dentro dessa categoria e as características básicas dos gêneros textuais, os gêneros textuais orais, os gêneros textuais impressos e, mais recentemente, os gêneros textuais digitais. A partir desse conhecimento será mais fácil realizar a análise crítica dos textos que Gêneros textuais da mídia impressa e da mídia digital Com o estudo desta unidade, você terá uma visão crítica do material a ser utilizado nas aulas; conhecerá os gêneros textuais impressos e digitais que podem permear o trabalho do professor. Andressa da Costa Farias MATERIAL IMPRESSO E GÊNEROS TEXTUAIS UNIDADE 3 Gêneros textuais da mídia impressa e da mídia digital Análise dos diversos gêneros textuais impressos e digitais disponíveis ou acessíveis aos professores no trabalho pedagógico Para iniciar o estudo, acompanhe alguns fragmentos de texto de autores renomados na área de linguística e literatura para você refletir e se manifestar a respeito. A escola deve dar “prioridade absoluta para a leitura, para a escrita, Gêneros textuais da mídia impressa e da mídia digital 41 a narrativa oral, o debate e todas as formas de interpretação (resumo, paráfrase etc.)” (POSSENTI, 1996, p. 84). A sociedade complexa precisa de gente cada vez mais qualificada em termos de cultura escrita, em formação científica. [...] Quer dizer, escrever um conto é diferente de escrever um poema; fazer um sermão é diferente de narrar um jogo de futebol. Há um processo todo que nós fazemos na adequação da linguagem. As duas coisas são importantes: língua na dinâmica interacional, social, e a estrutura da língua. “A possibilidade de você rastrear no vocabulário palavras mais precisas para aquilo que você quer dizer, essa reflexão é fundamental. Fonte: FARACO, Carlos Alberto. Entrevista: Olhai a beleza da diversidade linguística. In: Na Ponta do Lápis. Ano VII, n. 12, dez. 2011. Refletindo sobre o papel do professor Rubem Alves “Enquanto a sociedade feliz não chega, que haja pelo menos fragmentos de futuro em que a alegria é servida como sacramento, para que as crianças aprendam que o mundo pode ser diferente. Que a escola, ela mesma, seja um fragmento do futuro...” Reflexões sobre o uso dos gêneros textuais em práticas didático- pedagógicas Apesar de a mídia abarcar diversos suportes como televisão, internet, rádio, jornal, revistas, neste módulo serão utilizados dois gêneros textuais da mídia impressa: os jornais e as revistas. [ ATIVIDADE] Depois da leitura dos fragmentos, comente e reflita: é dever apenas da disciplina de Língua Portuguesa a instrumentação da prática de leitura e escrita no contexto didático- pedagógico? Em sala de aula é dever somente do aluno ler os textos que estão ao seu dispor? Justifique. Exemplifique. Pense na sua prática docente. Escreva seu nome e escola ou instituição onde trabalha. RUBEM ALVES [ QUEM ] Saiba mais sobre a vida e a obra do escritor e educador mineiro Rubem Alves. Acesse o site do pedagogo na internet e boa leitura! Você também pode assistir sua entrevista: Rubem Alves – O papel do professor. Divirta-se com bons exemplos! [ ATIVIDADE ] É errado o professor MANDAR ler. É preciso PRATICAR a leitura conjuntamente. Como ensinar a pensar, a ter curiosidade em descobrir as coisas, a ter o gosto pela leitura (relacionando o fato aos gêneros textuais)? Como é possível o professor provocar a inteligência, o espanto, a curiosidade de seus alunos? Atualmente, quase toda a publicação impressa tem versão digital disponível em links na internet. O trabalho didático-pedagógico deve ser pautado pelo acesso aos gêneros já citados. Certamente você já sabe que o livro didático não deve ser o único instrumento de leitura e análise de material, certo? É preciso lançar mão também da infinidade de informação constantemente publicada em jornais e revistas para ilustrar, fomentar a discussão e a análise crítica dos alunos a respeito de um determinado assunto, tema ou notícia, preferencialmente se estiver relacionada aos tópicos que serão abordados em sala de aula, independentemente da disciplina didática (seja ela matemática, história, geografia, educação física, etc.). SENSIBILIZAÇÃO AOS GÊNEROS [ ATIVIDADE ] Para registrar no diário de bordo (ou diário virtual), escolha um dia da semana e preste atenção em todos os gêneros textuais que você encontra. Não ignore nenhum. Registre todos no diário de bordo: as placas de trânsito (especifique ao menos algumas), os cartazes publicitários (especifique), se leu alguma receita para fazer culinária (qual?), bula de remédio (qual?), livros (quais?), sites da internet (quais?), revistas (quais?), jornais (quais?), livros didáticos (quais?), outras publicações não citadas. [ Este é um bom exercício para fazer com os alunos também. Posteriormente, cada um pode expor oralmente, em forma de seminário, o que encontrou durante o dia para ler. Também se pode abrir um debate sobre a importância da escrita na sociedade. Registrar tudo e publicar num blog da escola ou da turma. Que tal? ] É importante que o professor esteja consciente de que toda publicação, seja ela impressa ou digital, tem estratégia de publicação para atingir o público-alvo (que pode se segmentar através da classificação em gêneros, faixa etária, classe social). Há diversos jornais e revistas no país que são elaborados considerando o público-alvo a ser atingido e com temáticas bem variadas. É importante destacar que apesar de o discurso jornalístico estar pautado na neutralidade e na ética, nem todos os meios de divulgação respeitam essa condição. Assim, você poderá perceber que uma mesma notícia pode ser veiculada de maneira diferente, dependendo da empresa midiática de publicação. Agora, a sugestão é você fazer mais uma atividade importante: registre no seu diário de bordo os materiais da mídia impressa disponíveis na sua escola (livro didático, revista, jornal, internet). Cite o nome da escola, o endereço, a cidade e informe se nela há laboratórios de informática com acesso à internet. Verifique se esses materiais estão disponíveis a todos, ou só aos professores, Gêneros textuais da mídia impressa e da mídia digital 43 se aos professores e alunos, se apenas à direção. Escreva os títulos de ao menos três mídias impressas disponíveis. Se não há nenhum material impresso ou digital disponível à comunidade escolar, procure esboçaros motivos. Compartilhe e discuta a situação da sua escola e região com os demais colegas do curso. Você também pode acessar na internet o guiademidia, que apresenta jornais de todos os estados do país. Além disso, pode navegar nos sites de jornais como Diário Catarinense, Folha de Blumenau, Jornal de Santa Catarina, Jornal Alternativo, O Atlântico, Jornal Metropolitano, Oi São José, entre outros. Mídia Revista Muitas revistas têm um público-alvo bem específico, assim como assuntos bem delimitados aos leitores que querem atingir. Que tal fazer um exercício: escolha duas revistas digitais para identificar o público leitor e a temática de assuntos que predomina na revista (política, beleza, cotidiano, saúde e educação). Se você tiver acesso a alguma edição impressa de alguma revista pode fazer por essa edição também. As revistas sugeridas são: Revista Época, Caros amigos, Revista Veja, Revista Nova Escola, Capricho, Quatro Rodas e Revista Trip. Note que apenas pelas capas de algumas edições você já consegue ter uma ideia de leitor e dos assuntos. Vamos lá? Toda área de conhecimento aposta em publicações impressas e digitais e geralmente tem a mídia revista como suporte. Você costuma ler e/ou acessar revistas referentes à sua área de conhecimento? Se sim, quais os títulos? Se não, apresente motivos. Esse exercício de sensibilização tem como principal propósito permitir que você observe e se dê conta de que a publicação de um texto segue sempre um propósito de interação com o leitor. É quem lê que vai atribuir sentidos para o texto publicado. Logo, todo projeto de publicação textual deve, em princípio, estabelecer parâmetros para que se defina um público-alvo. Assim, todo projeto pedagógico que considera um gênero textual deve levar em conta alguns itens como: • intenção do texto (propósito); • receptor do texto (definição dos leitores); [ ATIVIDADE ] Navegue por esses impressos da mídia digital (também pode ser do jornal impresso) e comente uma reportagem ou notícia que tenha chamado a sua atenção. Explicite os motivos da escolha. A notícia é local ou nacional? Qual o nome do jornal, o dia do acesso, o título da reportagem, o conteúdo (de forma breve), o público-alvo da publicação, sua visão crítica a respeito do que foi publicado (informações foram ocultadas ou exageradas, o jornal tomou partido?). • meio ou suporte (como será impresso, em papel ou digital); • tema; • conteúdo; • tempo e lugar; • forma de divulgação. Desse modo, não adianta nada fazer um projeto de cartazes com os alunos e afixar em lugares onde o público-alvo (leitores específicos para informações contidas nos cartazes) não circule. Assim como não há sentido fazer uma coletânea de poesias ou criar coletivamente regras para um novo jogo entre os alunos e depois não reunir em forma de pequeno livreto ou encarte tais produções. A obra pode ser doada para a biblioteca escolar (para que outros alunos também tenham acesso a ela). Outro exemplo é fazer com que os alunos façam entrevistas com diversos profissionais e divulguem os resultados dessas falas em forma de seminário ou palestra ou em um blog para que os demais interessados fiquem a par do que foi falado e discutido. Todo gênero textual, seja ele oral ou escrito, deve fazer sentido, deve ter um propósito, deve ser divulgado por algum meio e, principalmente, deve atingir o público-alvo (os leitores). Somente dessa maneira é coerente trabalhar com a sensibilização do discurso que é constantemente produzido na sociedade. É importante que os educandos e educadores percebam isso. Suporte de impressão midiática – digital e impresso É preciso considerar que algumas características de impressão mudam quando o meio de divulgação é impresso em papel ou quando é digital. Assim, cabe ressaltar que o texto impresso carrega características intrínsecas que podem ser definidas como a permanência material do que está publicado, ou seja, uma vez impresso ele pode ser atualizado através de outras edições ou impressões, mas cada publicação será única e imutável, esteja no Gêneros textuais da mídia impressa e da mídia digital 45 formato de livro, revista, panfleto, jornal, artigo, entre outros . Já o texto digital possui outras características específicas que, conforme evidencia Soares (2003), já se diferenciam do texto impresso desde o processo de apresentação, uma vez que a publicação se dá através da tela de um computador, por exemplo. O texto eletrônico não é estável, os leitores de hipertexto podem interferir no conteúdo publicado digitalmente. Assim, as publicações digitais são textos mutáveis e/ou que podem ser constantemente atualizados. Um exemplo bem claro disso é o módulo desta disciplina. Existe um livro da disciplina que pode ser impresso em papel (é o que você está lendo agora!) e o mesmo conteúdo acessado digitalmente por meio do AVEA do Moodle. Quando o suporte muda, as estratégias de apresentação do texto também mudam. No ambiente virtual são acrescentados links, animações, fotos e espaços para comentários (fóruns, chats e outros recursos) que são próprios desse tipo de publicação. O conteúdo ali poderá ser atualizado. Aqui o conteúdo serve como parâmetro e guia do que vai ser exposto. Ficou mais claro agora? HIPERTEXTO [ GLOSSÁRIO ] Segundo Xavier (2004, p.171), “[...] hipertexto é uma forma híbrida, dinâmica e flexível de linguagem que dialoga com outras interfaces semióticas, adiciona e acondiciona em sua superfície formas de outras de textualidade”. Esta foi uma unidade de sensibilização. O maior objetivo é que você perceba o quanto são importantes e relevantes a leitura e a escrita na sociedade moderna. E, nesse sentido, o trabalho do professor é primordial na sensibilização dos alunos para que estes sejam capazes de fazer a análise crítica de tudo o que é impresso e divulgado socialmente. Todo o conhecimento humano está armazenado em unidades escritas, sejam elas impressas (enciclopédias, livros, revistas, jornais) ou, mais recentemente, em unidades virtuais (enciclopédias eletrônicas, sites eletrônicos, portais da internet etc.). Assim, foi feito um recorte de análise de duas mídias: jornais e revistas (digital ou impresso) para que, primeiro, você, enquanto cursista, fizesse uma análise crítica desse material. E, por fim, foram dadas diversas sugestões de como trabalhar os gêneros textuais de maneira consciente com os alunos. A próxima unidade também apresentará alguns pontos de vista a respeito de publicações no trabalho pedagógico e muitas sugestões de como sistematizar alguns gêneros da mídia impressa e digital. Aproveite bem os conteúdos! Leitura e produção de textos a partir do gênero textual O conceito de letramento e gêneros textuais deve estar presente no meio didático-pedagógico da sua atividade docente. Para isso, é importante o incentivo e a prática da leitura e da escrita em todas as unidades curriculares que compõem um currículo escolar. Podem ser utilizados como suporte os textos que circulam na mídia impressa e na mídia digital levando-se em conta a noção de gênero textual. Com o estudo desta unidade, você será capaz de reconhecer a importância da inclusão dos conceitos de letramento e gêneros textuais na prática pedagógica, bem como apresentar um relato de experiência ou projeto para aplicar em contexto didático. Andressa da Costa Farias MATERIAL IMPRESSO E GÊNEROS TEXTUAIS UNIDADE 4 Leitura e produção de textos a partir do gênero textual Letramento, gêneros textuais e docência O conceito de letramento já foi apresentado nos primeiros tópicos. No entanto, cabe ressaltar a sua importância e essência. Conforme Soares (1999, p. 3 apud Bagno, 2002, p.52, grifos da autora), letramento é: estado
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