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À Espera do Noivo - Pe Casemiro Campos

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Prévia do material em texto

"Admoestador, confidente, amigo. conse­
Iheiro e guia tern sido 0 Padre Casennro 
Campos para milhares de jovens. em sua 
vida de educador, conferencista e diretor 
espiritual. A Iida com essas almas m6r;as Ihe 
ensinou 0 segredo do corar;ao da juventude. 
o que ele escreveu aqui. ensinou centenas 
de vezes na sua vida de missionario da mo­
cidade. Fala com a autoridade da experi­
encia. 
o Iivro foi escrito para fazer 0 bern. 
Ve-se que nao tern outro fito nem outros 
cuidados. 0 autor escreve COil' os olhos nas 
almas. Os seus leitores 0 compre·enderao. 
porque sentem que sao compreendidos. Oeste 
reciproco entendimento vira na certa 0 exito 
deste livro - 0 bern espiritual. 0 lar feliz, 
unico alvo a que ele- visa." 
(Do prefacio
 
do Mons. A. Negromonte.)
 
*
 
~~t.,;; ,".'~ /v-~' 
;1.' ,~l 
"JJ \I_ __ \,,);'-rJ ~lY 
V' '1J" 
rv 
:A. ESPERA DO NOIVO 
1 
OBRAS DO A UTOR : 
EDUCAQAO SEXUAL 
HIST6RIAS PARA SEU LAR 
UM BRASILEIRO NA EUROPA 
Publicadas pela EditOra "0 Lutador" 
'*
 
LIVRARIA JOSf; OLYMPIO EDIT6RA
 
ES~'ADO DA GUANABARA: Av. Nilo Peganha, 12, 6.° and., RIO DE .JANEIRo
 
Filiais:
 
SAO PAULO: Rua dos Gusmoes, 100, SAO PAULO
 
PERNAMBUCO: Rua do Hosp!cio, 155, RECIFE
 
MINAS GERAIS: Rua Sao Paulo, 684, BELa HORIZONTE
 
RIO GRANDE DO SUL: Rua dos Andradas, 717, P{)RTO ALEGRE
 
P.E CASEMIRO CAMPOS, S. D. N. 
"""'­
A ESPERA
 
DO NOIVO
 
PREFAcIO DE 
Mons. Alvaro Negromonte 
LIVllARIA JOSE: OLYMPIO EDIT6RA 
.l;HO DE JANEIRO - 1960 
NIHIL OBSTAT 
Manhumirim, Mo Go, 
poe Paschoal Rangel, 
Censor 
20/8/59 
SoDoNo 
* 
Imprimatur 
Manhumirim, Mo Go, 20/8/59 
'f Jose Eugenio 
Dispo Diocesano 
COMO PREFACIO 
Vida flagrante - espont£mea, natu~ 
ral, refrataria a artificios, porque quoti~ 
diana e diuturna - 0 lar revela os carac~ 
teres com forfa insuperavel. Nao he.. 
mascaras que the resistam. Resistem aos 
encontros fortuitos, mas caem fulminadas 
na convivencia diaria. Ai nos manifesta~ 
mos como somos, em fidelissimos retratos 
d'alma, sem retoques e aformoseamentos 
outros, alem dos que nos legou a natureza 
ou nos acrescentou a educaf;ao. 
POI' isso, deve vir de mais longe a 
preparafao do lar feliz. Sugam~na as crian~ 
cinhas no leite materno, gravam~na as reti~ 
nas inocentes dos pequeninos, sentem~na os 
filhos nas doces e tolerante·s atitudes dos 
pais. Como tudo na educafao, rebenta de 
fundas raizes escondidas no berfo: de mo~ 
destos cuidados na formafao de habitos: de 
solicitudes impondere..veis como graos de 
areia, que, como ele·s, se ligam para 0 ali~ 
cerce e 0 revestimento do edificio domestico. 
v 
Na criancinha voluntariosa. ditatorial 
ou caprichosa. ja podemos divisar 0 ma~ 
rido autoritario ou a esposa exigente e im~ 
perativa. Ambos talhados para a infeli~ 
cidade conjugal. 
Mais do que na adolescencia ou na 
mocidade. e no jardim~de~infancia e na 
mamadeira que se aprende a boa convi~ 
vencia domestica. que. afinal. e mere fruto 
da boa educa~ao. 
Sabe~o muito bem 0 Padre Casemiro 
Campos. que e um educador. Mas sabe 
igualmente que nao e possivel abandonar 
os que ai estao enfrentando os problemas 
preparatorios do matrimonio. sem 0 neces~ 
sario equipamento. Adolescentes que sen~ 
tem os primeiros apelos do sexo ou moros 
que escolhem 0 futuro conjuge reclamam 
uma palavra de alerta. um grito de adver~ 
tencia. urn conselho de prudencia. uma 
atitude compreensiva e amiga. em que eles 
confiem e que possam seguir com seguranc;a. 
Admoestador. confidente. amigo. con~ 
selheiro e guia tem sido 0 Padre Casemiro 
Campos para milhares de jovens.em sua 
vida de educador. conferencista e diretor 
espiritual. A lida com essas almas mo(;as 
lhe ensinou 0 segredo do COrafaO da juven~ 
tude. 0 que €le escr.eveu aqui. ensinou 
VI 
centenas de vezes na sua vida de missiona~ 
rio da mocidade. Fala com a autoridade 
da experiencia. 
o livro fOi escrito para fazer 0 bem. 
Ve~se que nao tem outro fito nem outros 
cuidados. 0 autor escrelJe com os olhos nas 
almas. Os seus leitores 0 compreenderao. 
porque sentem que sao compreendidos. 
Deste reciproco entendimento vira na certa 
o exito deste litJro - 0 bem espiritual. 0 
lar feliz. iinico alvo a que ele visa. 
d-k~ 
VII 
JOVEM LEITORA: 
o fato de voce abrir este livro prova talvez que 
seu cora~ao ja despertou para os misterios inquietantes 
do amor. 
Se voce ja se perturba na presen~a real ou ima~ 
ginada de um jovem: se 0 seu coras:ao ja escolheu 
dentre os mo~os de suas relafoes 0 eleito de seus 
sonhos: se voce ja ama ou deseja amar, e para voce 
que esse livro foi escrito. Nao e propriamente um 
livro de formas:ao da jovem. Nem mesmo uma orien~ 
tafao completa sobre 0 amor. NEw, nao foi e·sta a 
pretensao do autor. 
o alvo destas paginas e antes de' tudo indicar 
ao barquinho trefego de seu coras:ao alguns rochedos 
quase- a flor dagua onde 0 seu amor poderia naufragar. 
Por isto mesmo alguns paragrafos sao antes negativos 
que positivos. Deu~se· de proposito muifa atens:ao 
aos "perigos do amor". T alvez porque quem escreveu 
estas paginas nao e um homem de gabinete. S alguem 
que freqiientou, por muitos anos, os meios juvenis, 
os divertimentos juvenis. 
VIII 
o que ai vai escrito sabre as naufragios do amor 
e os meios de evita-los nao foi bebido nos fivros mas 
na vida real. Se alguma vez 0 autor the parecer um 
pouco rigoroso, mormente ao tratar do "beijo", do 
"flerte", do namaro, etc., veja nisto ape-nas a sinceri~ 
dade, 0 desejo de ver seu coras:ao singrar 0 mar 
arriscado do amor sem a derrota de um naufragio. 
Voce, menina, como adiante diremos, nao pode 
mudar a psicologia dos rapaze'S. Mas pode "ensina­
los" a se contmlar, a respeitar 0 amor. 
tisse· livro quer ajuda~la. 0 fivro e seu. 
DC 
, 
A ESPERA 
DO NOIVO
 
SONHOS DE M6<;A 
Abrigada entre montanhas. a vila solitaria vivia 
bern sossegada. Ali nao chegara ainda 0 trope! da 
civiliza<;ao. promovendo 0 progresso. ampliando am~ 
bi<;6es. No fundo do vale passava 0 corrego. As 
aguas limpas de:sciam em busca do mar, gemendo 
mon6tonas na boca de pedra das cascatas. Urn dia. 
fez~se uma represa, captou~se a energia do c6rrego. 
montou~se uma usina eletrica. 
Tudo ali mudou. A. placidez antiga suceden 0 
bulicio ofegante, a vida tumultuosa das cidades civi~ 
lizadas. 
Aquela cidade e voce, jovem leitora. Anos atriis 
i'ieu cora<;ao dormia. Sua alma sonhava sonhos infan~ 
tis que nao the turbavam a qUietude intima. For<;as 
llcultas invadiram, Iii pelos 14: anos, todas as ce1ulas 
til' seu corpo, com ressonancias poderosas em sua 
alma de adolescente. Sao os hormonios.1 Glandulas. 
illativas na infancia. segregam, a partir da adoles­
I hH'ia as subsUincias hormonicas. Elas condicionam 
.. IwrKidem a transforma.;;ao da menina em mo<;a, e 
111.1" II dramatismo psicol6gico dessa quadra da exis­
IId,1 fcminina. 
1 '("'fltnmos apenas dos hormonios determinantes dos 
O...I'llll" ~(lxuais secundarios e estimulantes das fungoes 
'" II vIt" iL procriagao. 
1 
As mulheres. disse alguem, gostarn dos extremos. 
Particularmente a mocinha. Em certos momentos, 
otimista, corajosa, euf6rica. Outras horas, sem saber 
por que, abatida. desanimada. triste, pessimista. On~ 
tern meiga, hoje, uma pilha eletrica. Nao se admire. 
nao desanime. It assim mesmo. 
,. ,. '* 
"Do teu principe' ali te respondiam
 
As mem6rias que na alma Ihe moravam.
 
De noite em doces sonhos que mentiam
 
De dia em pensamentos que voavam."
 
Voce pensa no seu principe, sonha com ele 
acordada ou dormindo. Engrandece~lo. sublima~lo. 
ama~lo e sentir~se amada por ele. 
"Voar, varrer 0 ceu com as asas poderosas 
S6-bre as nuvens correr 0 mar das nebulosas 
Os continentes de ouro, 0 fogo da amplidao." 
Voar, mascom ele. ao lado dele. E por isso que 
a mocinha delira com as novelas. Sua imagina~ao 
fantastica vive por vezes num mundo falso. inexis~ 
tente, sempre .prestes a desmoronar~se. sob os golpes 
da realidade. "Chegara a essa idade das quimeras, 
dos sonhos. dos enlevos os mais ternos. "2 
Salvo as exce<;5es, e mais ou menos assim toda
 
mocinha.
 
2 Guerra Junqueiro, Batismo do Amar. 
2 
AMOR 
A gruta era escura e fria. Mas alguem abriu uma 
clarab6ia no teto. 0 sol a pino inundou~a de luz e 
calor. A gruta trans£igurou~se de repente. Assim 
o coraC;;ao. a alma, todo 0 ser de uma jovem des~ 
lumbrada pelo seu primeiro amor. Uma seiva nova 
e fulgurante a envolve. Refolhos d'alma ate entao 
ignorados surgem a tona da consciencia como bando 
alvissareiro de passaros chilreantes e inquietos. Ela 
se sente transportada ao Ceu, consoante a frase de 
Geibel: "0 amor e a escada de aura por onde 0 
cora<;;ao se eleva ao Ceu". Cuidado. menina, que 
esta escada costuma quebrar~se pelo meio antes de 
se atingir 0 topo! 
Ei~lo, 0 principe encantado com quem ela so~ 
nhava dormindo e sonhava acordada. 0 cinzel da 
i Illagina<;ao 0 talhou de acordo com seus sonhos de 
.1I11or. Mais que llunca, na adolescencia feminina e 
vl'rdade que, visto com alTIor, 0 corvo e branco. 
1!l1 '1'1': AMO 
1':lllevada, delirante de ventura, ouve, a vez pri~ 
1111 II.,. ;1 jovenzinha estas palavras dos labios "ange~ 
IJ'WI" do amado: "AMORI A que abismos nao 
1'1' 111'11.1:: () cora<;;ao humano"!3 
V1!'lllllo. 
3 
Na sua inexperiencia candida, quase infan til. 
jamais suspeita a mocinha que aquelas palavras talvez 
sejam mentiras. 
QUE 'f: 0 AMOR? 
Nao podemos entrar em profundezas filos6ficas 
sabre a natureza do amor, 0 que em geral interessa 
a mac;a nao e a teoria exaustiva do amor, mas tao~ 
somente 0 sentido emocional. seu aspecto pratico, 
suas pOSSibilidades, 
Todo amor e. em ultima analise, uma incIina~ 
c;ao daquele que ama para 0 que e amado. Pode~se 
amar a si mesmo, amar outras pessoas ou coisas, 
amar a Deus. 
Nosso objetivo nao comporta amplas considera~ 
c;6es sabre as multifarias tendencias e manifestac;6es 
da grande paixao humana. 
Limitemo~nos, pois, a tres facetas do amor, 0 
bastante para analisarmos e penetrarmos bern 0 sen­
tido da inclinac;ao de urn sexo para 0 outro, tendencia 
natural, querida por Deus, mas espantosamente degra­
dada pelo sensualismo burgues. 
TRBS AM6RES: 
a) Amor sexual 
b) Amor espiritual 
c) Amor cristao 
i 
a) Amor sexual e aquele que busca no parceiro 
apenas a satisfac;ao carnal, do desejo meramente 
sensual, visando tao~s6mente 0 pmzer. Ama~se a 
outra pessoa enquanto ela proporcionar gazo er6tico, 
prazer meramente animal. Cessada a esperanc;a desse 
prazer, ou saciado 0 desejo da posse, 0 amor sexual 
esfria, e morre. Nao raro, se transforma em 6dio. 
Sao diarios as casas de urn rapaz transpor ceus 
e terra par "amor" de uma donzela e depois de pos~ 
sui~la, abandona~la, despreza~la, odia~la. 0 amor 
sexual, e, pois, a morte do amor, a animalizac;ao 00 
homem, a degradac;ao da pessoa humana. 
Sao do Dr. Carnot estas reflex6es: "Quando 
d '!10: eu gosto de carneiro, quero dizer apenas que 
1111' aurada 0 prazer que me da ao paladar a carne de 
•drlll'iro. Na realidade, e de mim que gosto. A prova 
t' 'Ji"' aceito que a carneiro seja degolado para me 
11I1l1'Ilrdonar este prazer." 
IlIh'(izmente a literatura moderna, "alta" e 
1I.,I~.", "dcntifica" e popular; os divertimentos mun­
!tIll..... "111 suma. todos os centros de interesse da 
11''I"lIllldl' I'stilo saturados da ideia de que amor e sexo 
I	 11'1'11111:. I:quivalentes. 
l.dll".lI(o a reac;ao construtora de luminares da 
lit lIloi l' .1;1 Psicologia, de livl'OS como os do p.e 
II 111111 1111 Il . .II' JLilia Payot, Dr. Carnot, Dr. Irineu 
I • 1111 • .-liI'I, 1'1'1:. etc., as mac;as nao tenham ilus6es. 
I 11111111/ 1.1 dl' I1()SSOS rapazes, estudantes e ope~ 
Ill ... , 4' pllil/·l'~;. ignorantes e letrados, amar e 
II,m.,iII. "Isto nao e amor, e paixao. 
s 
,ltl'" 
"I"" ''', 
Ii ',ollll 
1111 
Nao atinge os cora~5es ~ fica nos instintos. Nao 
estreita as almas ~ une apenas os corpos. Nao e 
isto amor. Se isto Fosse amor, os bichos tambem se 
amariam. Mas nao se amam ... "4 
o mo<;;o a quem voce tern dado confian<;a, permi~ 
tindo intimidades que recusaria em presenc;;a de pes~ 
soas serias, e talvez urn desses animalizadores da 
mulher e do homem. urn caricaturista do amor. 
Se voce, leitora, conhecesse melhor os resultados 
tragicos das falsificac;;5es do amor, saberia ao certo 
que muitas vezes: Eu te amo, significa: eu te odeio. 
Enamorar~se nao significa amar. Pode alguem ena~ 
morar-se e odiar. Quantas infelizes, hoje desiJu~ 
didas, ouviram de labios sorridentes. entre promessas 
e juras de amor eterno, a expressao: eu te amo. Se 
pudessem voltar a vida feliz de moc;;a, para elas eter~ 
namente perdida, com que prudencia se aproximariam 
dos homens! 
Voce leva consigo urn tesouro. Sua candura de 
virgem vale mais que a prata e 0 ouro. Sua pureza 
e dote natural que the possibilita a conquista de urn 
Hmor que the alcance a ventura com que voce vive a 
sonhar. Nao esquec;;a que muitas vezes 0 tumulo do 
amor e da felicidade foi a doce ilusao de que' aquela 
paixao momentanea seria eterna. 
b) Amor espirituaJ (na definic;;ao de Lortie, na 
sua F'iloso[ia Cristiana) enquanto natural. e aquela 
incIina<;ao que procura 0 amado de modo raciona1. 
.,.....4 Pe. Negromonte. Noiv08 e Esposos, 
6 
Procurar 0 amado "de modo radonal" e busca~lo, nao 
para saciar instintos tao~somente, mas para realizar 
com ele uma troca de bens, como no caso de amizade, 
au ainda para dar~se totalmente urn ao outro, como 
no matrimonio verdadeiro. E buscar no amado urn 
<:omplemento de si, dar~se a ele para completa~lo, sem 
egoismo, sem calculos mesquinhos. :Este amor pode 
chef:jar aos mais belos desprendimentos, levando 0 
amante a buscar apenas 0 bern do amado. com renun~ 
cia de troca. como no caso do amor materno. 
Amar e querer bern. 
Urn ~JTande amor: Foi na revolu<;ao de trinta. 
Susana e l'v'Iario estavam noivos. Mario foi para 0 
)'I'llllt. Meses depois, voltava. Susana que 0 esperava 
IIII'ssurosa foi~lhe ao encontro. Do jovem garboso 
'jill' p,ll'tira, nada quase restava. Vinha cego de urn 
\1111'. () rosto deformado por urn estilhac;;o de granada, 
HIli"1.1 Jo bra<,;o direito e da perna esquerda. Suas 
lilllllliJ'.ls palavras ao ver Susana foram: Desfeito 0 
i'l. "II11ivado. Sou apenas uma ruina de homem. 
I)L< I" ,de casar com outro. 
'11'1.111.1 respondeu: Eu era noiva de urn simples 
111I11'1I1 Iloj(' sou noiva e serei esp6sa de urn heroi. 
\'lIlj1rcstou-lhe suas asas. cairam todos os 
'iI'lIl if tao longe. encontramos em toda 
III II nil i:0I110 anonimo de vidas ocuItas, ver~ 
"111,1/, .II' esp6sas e noivas capazes de espan~ 
Ilf -11• .111 .Ill :.\Iundo, 
""4'IIt,u.t', 11"01,/ot. 
7 
"Amar. define Carnot, e querer nao a propria 
satisfac:.;ao. .. nem mesmo 0 prazer ou satisfac;ao de 
outrem. E querer 0 bern do ser que amamos, sem 
renuncia a reciprocidade. Portanto 0 verdadeiro amor 
tende a doac;ao de si. Nesta acepc;ao de amor, eu te 
amo. significa: quero a tua felicidade, como desejo 
que queiras a minha; quero unir~me a ti, quero dar-te 
tudo 0 que htl de born em mim; dar~me a ti para 
engrandecer-te, para fazer~te feliz, definitivamente 
feli'z. Quero que possamos juntos transmitir a vida a 
outros e realizar a nossa missao na familia; quero que 
possamos juntos exercer nossa influencia s6bre os que 
nos cercam e realizar a nossa missao na sociedade. "6 
Aplica~se a este amor a Palavra do Santo Padre 
Pio XI: "Urn amor fundado, nao ja somente na incli­
nac;ao dos sentidos, que em breve se desvanece. nem 
tambem so nas palavras afetuosas, mas nointimo 
afeto da alma, manifestado ainda exteriormente, por­
que 0 amor prova-se com obras."7 
c) Amor cristao. "0 erro basico do genero hu­
mano foi considerar que apenas dois elementos saO 
necessarios ao amor: tu e eu, a humanidade e eu. 
Na verdade, sao necessarios tres elementos: a pessoa, 
o proximo e Deus; tu. eu e Deus."8 
No amor sensual ho3 somente urn objeto amado: 0 
sujeito egoista que procurando no parceiro a propria 
satisfac;ao, ama-se apenas a si mesmo. No arnor na­
6 A Servi90 do Antol'. Edic;ao Feminina. 
7 Enciclica Casti Conubii. 
8 Fulton Sheen, Mistth'io 'lo AmOl·. 
8 
tural sao dois os seres arnados. Duas pessoas se 
amam. uma e objeto do amor da outra. 
Mas 0 amor tern asas para subir aos ceus e fir­
mar-se em Deus. Fonte de todo amor. "Deus e 0 ver­
dadeiro objeto do corac;ao humano."9 
Eis 0 amor cristao. E aquele que tern por objeto 
o proprio Deus. 
Deus pode ser amado diretamente em si mesmo 
ou indiretamente nas criaturas. Os esposos cristaos 
;lInam a Deus atraves de si mesmos sem deixarem de 
m~ amar urn ao outro. Urn ve no outro uma do3diva 
do Ceu. urn meio de realizar sua voca<;ao crista. No 
/II.1I'l'imonio cristao 0 amor se torna triplice, sao tres os 
I'I',·S amados: 0 esposo ama a esp6sa, ela ama 0 
Plll;(), os dois amam a Deus atraves de si mesmos. 
I;, 'd :lSCenSao do amor humano, longe de limito3-!o, 
\',11 .d,ll'qar-lhe os horizontes, solidifico3-lo e eternizo3-lo. 
;,,11,1 ( :i1rlota dizia ao rnarido: "Amei-te com a mais 
1.'1 !LI .I rl'iC50 possivel s6bre a terra, pois 0 meu amor 
.11 Ill" ,'ristao e eterno." I 
111111"111'(: 0 amor cristao. "forte como a morte" 
IlIp.IVido a certos embates da desventura. A 
1\.. , '1111' vb em seu noivo apenas urn complemento 
101 11l"",·iollnlidade. urn born companheiro, sera 
,.I'lllltll'llto enquanto €Je corresponder a sua 
Itll lVII, (J 1I:1I1do, porem. 0 que e tao freqilente, 
dl"\'I'!/'Il's, 0 corac;;ao esfria, definha e morre 
1\1" 1 "II ('I','II'io, a esp6sa crista que ama a 
h- .'11, Id"n~. 
9 
Deus no marido. continua a ama~lo na desventura. 
mesmo sabendo~se traida pOl' ele. ela responde com 
o poeta: "Quando se ama, ha que sacrificar~se a 
proprio amor." 
"Se em meio a adversidade.
 
Persevera 0 corac;ao
 
Sereno, alegre e feliz:
 
Isto e amor. outro naOo" 10
 
VOCES	 SE AMAM? 
Muitas vezes uma jovem sena. depois de varios 
encontros com 0 mo<;;o, come<;;a a duvidar se de fato 
existe amor entre os dois. Outras vezes eIa ja esta 
apaixonada pOl' ele, mas duvida se e realmente corres~ 
pondida. E urn momento perigoso. talvez decisivo. 
Cuidado! Quando amamos, pensamos e julgamos 
com 0 corac;ao e nao com a cabe<;a. Ora. 0 cora<;3.o, 
disse Alencar. e sempre crian<;a. mesmo debaixo da 
casa dos oitenta anos. Crian<;;a nao tern juizo. E de 
Shakespeare este conselho de auro: "Nao tomes por 
verdadeiro fogo esses cIar6es que dao mais luz que 
calor. Eles perdem ao mesmo tempo calor e lu,z, apa­
gam-se tao rapidos como nasceram." l1 
Algumas refIex6es muito simples. mas que podem 
ser nestes casas excelente guia: 
a) A	 convivencia de voces e moralmente boa? 
10 Santa Teresa.
 
11 Hamlet.
 
10 
Voce acha que os dois se ajudam mutuamente na 
pratica da virtude. e se tornam melhores? Reflita neste 
pensamento de Cervantes: "Onde falta 0 desejo do 
melhor nao ha amor mas ape,hte sem freio." Se tal 
namoro esta sendo ocasiao de pecado: se nos encon~ 
tros de voces tern havido palavras ou ac;oes de que se 
envergcnhariam ou de que voces tern remorsos. cui~ 
dado! Amor que nao e casto e desatino comec;;ado. 
'. luxuria, nao e amor. E a "luxuria separada do amor. 
diz Chesterton, perecera". 
b) Existe entre voces uma base genuina de 
I "IIcordia 7 
o amor	 se funda numa harmoniosa concordancia 
d,· dl.l<ls almas. Concordancia que pOl' sua vez requer 
IhpIIII:l semeIhan<;;a; nos gostos, pontos de vista. aspi­
t ol,.tll';I. etc. Noutras palavras: 0 motivo pelo qual 
'"t' I ~I()!;t.am de estar juntos e alguma reaIi dade capaz 
Ii- 1"101 los pOl' verdadeira amizade? Se for apenas a 
h. I. ,I ti,) rosto. a eIegancia do porte, ou de maneiras, 
II! ~'" dlJIIlT outro predicado passageiro, podem ser os 
';11,,,' 111~I:lnosos de que fala Shakespeare, jamais. 
"'11	 \. 1',J:II1"iro amor. 
,"','S dois sao capazes de sacrificio urn pdo 
Illlhhcs quando escreveu: "Amar e sentiI' 
'Ii',' :, cternidade impoe a vida." E que 
I .Ill ~i;lcrjficio". 
inl,,,, III,. l/\Inndo voce ne'da a ele alguma 
nd.' 1,1." ,!I.· ,'~abe renunciar? 
11 
E muito claro que estas normas nao sao absolutas. 
Nem e possivel em pouco tempo a m6<;a descobrir t6das 
estas qualidades, nos seus encontros com um rapaz. 
Sao, porem, excelentes avisos. Em materia de 
amor. mais que noutro qualquer terreno, e melhor pre­
venir que curar. 
TRIUNFOS DO AMOR 
Pelo amor procuramos fora de nos um comple­
mento a nossa pessoa. Podemos busca-lo num ser 
I\Il1al a nos. numa troca de bens que nao atinge 0 corpo: 
c' a amizade. Por uma entrega mutua, abrangendo 
"'lpirito e corpo, temos 0 amor conjugal. 
Finalmente, podemos busca~lo em Deus. Reali~ 
limos entao a caridade que e 0 grau mais elevado do 
llllor. 
12 
II III SUBLIMADO 
N.ill pretendemos dar a esta expressao apenas 0 
Illldll "streito que the atribui Freud. Sublimar uma 
11111'111 101 C realiza~la. satisfaze-la. dando~lhe urn 
III 111011:1 clevado. Sublimar 0 arnor. na acep<;ao 
d.lIl\os a palavra, e arnar nao apenas uma 
IIlo1~1 sair das criaturas ao Criador e de 103 
1111'01: dl' amar t6das as criaturas. 
II Illllllr :H1blimado. uma assimila<;ao amorosa ao 
"d( )f~. "Todos os discipulos e esp6sas de 
.1" .".,11':1111 n estado de virgindade. di·z Sao 
poll.1 ...1(' conformarem com Cristo, seu 
'1111'111 II 1I11'1i1l10 estado torna as virgens seme~ 
13 
Virgem no seculo 
matrimonio (como veremos adiante), coloca a virgin­
dade acima do casamento; "A virgem cuida das coisas 
que sao do Senhor, para ser santa no corpo e no espi­
rito. lYlas a que e casada cuida das coisas que sao 
do mundo (como agradar 0 marido) ",13 "Aquele que 
casa sua filha. faz hem. Quem nao a casa faz 
melhor" .14 
15 
:14. 
:111, 
II 
\ II 
Com sua autoridade de Vigario de J. Cristo assim 
I I'xprime 0 Santo Padre Pio XII: "Apraz-nos con5i­
,11'1'.11' especialmente que 0 fruto mais suave da virgin­
01 It I.· esta em as virgens manifestarem. s6 pela sua exis­
I {III. 1,1, a virgindade perfeita da mae delas, a Igreja, 
I ·,.anhdade da uniao intima que tem com Cristo. 
I" loi'l rIa consagraC;ao das virgens. 0 Bispo pede a 
III II.:.. "lJue haja almas mais elevadas a quem nao 
III I " al'rativo das relac;6es carnais, mas aspirem 
" lI,j I nin que elas representam. nao imitando 0 que 
1"I".a 110 matrimonio mas amando 0 que ele sig­
1\ lU;lior g16ria das virgens esta em serem 
Itli I' " 11': vivas da perfeita integridade que une a 
I' ''''" " 'a'u Esposo Divino; e esta sociedade fun­
illll ('II/-ilo alegra-se 0 mais possivel ao ver que 
II "" I " :;jual maravilhoso da sua santidade e 
espiritual, como escreve tao bem 
II,U, ":;.10 fIor nascida da Igreja, be:leza e 
Se os sacerdotes. as religiosas e os religiosos. se 
todos aqueles que dum modo ou de outro se consa­
gram ao servic;o de Deus. observam a castidade per­
feita, e afinal porque 0 Divino Mestre foi virgem ate 
a morte. 12 
"Sponsa Christi" 
12 Pia XI, Enciclica 8acm, Virginitas. 
A virgem que renuncia ao matrimonio para dar­
se a Deus na abnegac;ao do Convento pratica urn 
ato de amor muito mais elevado do que aquele da 
virgem que se casa. Cresce 0 objeto do amor que 
entao e Deus, diretamente Deus, com desapego da 
criatura. No matrimonio, mesmo cristao, ha uma 
posse que humanamente falando compensa 0 despo­
jamento da entrega. Na virgindade, e Deus 0 tinico 
objeto do corac;aodesapegado dos atrativos do sexo. 
Por isso cresce tambem em si mesma a doac;ao. pois 
a integridade virginal firmada pelo voto representa 
uma entrega pessoal, um despojamento maior que 0 
do matrimonio. 
Na pratica, marido e filhos exigem mais sacrificios 
da casada que 0 Senhor reclama de suas Esposas. 
Mas ninguem afirmaria seriamente que uma nolva se 
aproxime das nupcias com 0 mesmo espirito de doac;ao 
com que uma novic;a se apresenta a profissao religiosa. 
Os Santos tem feito os mais entusiasticos encomi05 
as virgens do Senhor. E S. Paulo. um entusiasta do 
14 
-esplendor da gra<;a espiritual, alegria da natureza. 
obra perfeita e merecedora de toda ahoma e louvor. 
imagem divina em que se reflete a santidade do Se~ 
nhor. a mais ilustre por<;ao do rebanho de Cristo. 
Compraz~se nelas a Igreja e nelas floresce exuberante 
a sua gloriosa fecundidade; de modo que. quanta 
mais aumenta 0 ntimero de virgens, tanto mais cresce 
a alegria da mae." 
Colocando~se a Virgindade acima do matrimonio, 
nao se considera apenas a vida do claustro. A pri­
mazia da virgindade abrange tambem as mo<;as que. 
sem se fazerem religiosas. vivem na sociedade. con­
servando voluntariamente 0 seu estado de virgem. 
IguaImente estas podem sublimar 0 amor. 
Como? 
Ser mae e a grande missao da mulher. A mater.. 
nidade nao eXclui nenhuma jovem. A voca<;ao a vir­
gindade. quer no claustro. quer no seculo. fecha as 
portas a maternidade fisica. biol6gica, mas nao des.. 
tr6i na alma feminina a capacidade para a maternidade 
psicol6gica. espiritual. Ate pelo contrario. A inte.. 
gridade virginal amplia 0 espirito. dilata 0 cora<;ao. 
A maternidade espiritual e. pois, a escada luminosa 
por onde a virgem sublima 0 amor. Ela se torna Mae 
'espiritualmente quando suas a~6es se exercem no sen" 
tido maternal. de abnega<;ao. de entrega ao servi<;o do 
pr6ximo no exercicio da caridade. nas obras de apos­
tolado. na pratica da virtude. na imita<;ao da Rainha 
das Virgens. Maria Santissirna.ls 
A mo<;a que nao casa so tern dois carninhos a esco­
lher: ou imitar a pureza e caridade da Virgem, fazen~ 
do-se Mae de rnuitos filhos espirituais. ou aniquilar~se 
I'smagada pela virgindade for<;ada. condenando-se a 
llIna vida inutil, fracassada, infeliz. 
Voce tern dtivida sobre sua voca<;ao? Feche este 
hvl'o. Nao foi escrito para voce. Leia Na Escolha do 
h,I///'o do p.e Geraldo Pires. 
Sente~se atraida pela virgindade? Seu livro deve 
1'1' /\ Virgem Crista, escrito por Maria Luiza Chaveut. 
J;, conhece a Enciclica do Santo Padre Pio XII. 
,III,' n Sacra Virgindade? 
Nnise momentoso docurnento 0 Papa eleva as rnais 
Illollllll'" alturas 0 estado de Virgindade: "A Sagrada 
Illpllcl,lI!c e a perfeita castidade consagrada ao ser~ 
IllI ,h' Delis contam~se sem dtivida entre os mais 
I 111'111" h':,oiros deixados como heran<;a a Igreja pelo 
hlluLllle)r," 
III'AI.IZADO 
.. Uma simples mulher existe. que pela 
.I,. 'WII 11III or. tern um pouco de Deus; e pela 
.I., ·,lId dcdica<;;ao. tem muito de anjo; que 
'lI"lI'W 1'c)1l10 uma ancia. e sendo velha age 
111.111,'1 da juventude. 
flit j'II11111 IlIoI':lldo, A M1tlher no Seculo XX. 
17 16 
Quando ignorante. melhor que qualquer sabio. 
desvenda os segredos da vida. e, quando sabia, assume 
a simplicidade das crianc;as. Pobre, sabe enrique~ 
eer-se com a felicidade dos que ama, e, rica. entre~ 
tanto se alteia com a bravura dos le6es. Viva. nao 
Ihe sabemos dar valor porque a sua sombra todas 
as dores se apagam; e morta, tudo 0 que somos, e 
tudo 0 que ternos dariamos para ve~la de novo e dela 
receber urn aperto de seus bracos, uma palavra de 
seus labios. 
Nao exijam de mim que diga 0 nome desta mulher 
se nao quiserem que ensope de lagrimas 0 papel; por~ 
que eu a vi passar pe10 meu caminho. MINHA 
MAE."16 
A func;ao primordial da mulher. diz 0 Santo 
Padre Pio XII. a sua inclina<;ao mais inata e a mater~ 
nidade. 
Sonhcs de Alzira 
Adolescente ainda. Alzira sentiu desejo de amar 
I ,",1,':
III 11.\
It,llllt:\--Se
'1"'-
, _1111111' 
I 
e ser amada. Durante anos. sonhou com 0 seu prin~ 
eipe encantado. Numa tarde de domingo encontra-se 
com Teofilo. jovem congregado mariano. modesto 
eomerciante. em Belo Horizonte. 
Amaram-se. noivaram. Durante urn ana de noi­
vado fizeram atraves de boas leituras e sob a dire(;)io 
de urn sacerdote, verdadeiro curso de preparac;ao a 
16 Don Ramon Angel, num album. 
18 
Matrimonio. Aprenderam que somente vinculado pelo 
amor de Deus, pode 0 amor humano ser eterno; que 0 
amor dos esposos so resiste aos embates da vida, se 
f6r amparado peio amor divino. Compreenderam que 
a missao de cada urn deles era ajudar 0 outre a rea~ 
lizar sua vocac;;ao crista, sua ascensao do amor fin ito 
,to Amor infinito. 
Aproximaram-se do Matrimonio com aquele afeto 
,lIhlimado, que sobe "ao impulso de suas asas, da terra 
"' t'imo da montanha, para perder-se em Deus". 
Em todos os domingos daquele ano de sonhos e 
IWI':tIl<;;as, comungavam, na companhia de uma das 
11111.1'1 de Teofilo. 
(';':('imulado pela presenc;a de Alzira em sua vida, 
,1,1, I I Il'sdobrou seus esforc;;os, ampliou os neg6cios, 
'111'111 'I", em breve economicamente independente. 
I 11'1.1 l'i1l1l-se, faz 19 anos. Comec;;am quase a enve­
sell amor nao envelhece. Amam-se ainda 
11I:I-de-mel porque sua afeic;;ao baseada no 
nas renuncias, torna-se mais forte a 
IH: rorpos enfraquecem. 
I):tseado s6 na carne e freigH e corruti­
1"1'lll'ia carne. 0 amor espiritual participa 
IIld,,1I1I:\dt: do espirito!" S6 ele merece 0 
I I 1'"11'1l tudo consome. 
I, .Ill l'I'dra ° lctreiro, 
I II III \JlIlll'iI neln consome 
t I ,,""" ,/11,· e vcrdadeiro." 
19 
Tiveram oito filhos. o mais veiho, congregado 
mariano, cursa atualmente o terceiro ano cientifico no 
Colegio Arnaldo, 
Duas mocinhas, brilhantes alunas do Colegio 
Scnta Maria. sao membros entusiastas da J. E. C. F. 
o ca<;ula tern seis anos. E 0 unico membro da familia 
que nao comunga todos os domingos. Os outros cinco 
sao estudantes, alegres, aplicados, felizes, 
Sempre se adaptando as circunstancias, e mais ou 
menos este 0 horario da casa de Teofilo: 
As badaladas matinais dos Angelus ja encontram 
quase todos de pet Ate que 0 ultimo dos filhos saia 
para 0 colegio, e grande a luta em casa. Tudo, porem, 
num ambiente de serenidade sob 0 contrale energico 
e bondoso da dona cia casa. 
Ao meio~dia, todos de volta, sentam~se a mesa 
presidida pelo pai, mineiro da gema, bondoso, sorri~ 
dente. falando pouco mas sempre pronto a uma res~ 
posta bondosa as perguntas da meninada. 
Entre eles, anjo do lar, alma viva de tacias' as 
alegrias de famJ!ia D. Alzira a todos atende, como uma 
especie de divindade presente em todos e em cad 
urn. "A mulher faz a casa", 
Ali se concretiza a palavra do Espirito Santo: 
"Tua esposa sera a parreira carregada no interior d 
tua casa. Teus filhos como mudas de oliveiras, esta 
rao ao redor de tua mesa." E seu marido e feliz, poi 
"ditoso aquele que vive com uma mulher de bo 
senso."17 
17 Eel. XXVII. 
20 
Aos domingos, tada familia vai a Missa das sete. ' 
na Igreja paroquial. Ali no sacramento da unidade 
apertam-se, a medida que os filhos vao crescendo, os 
elos de amor de todos os membros daquela faml1ia 
ditosa. De volta da Missa os mocinhos vao para 0 
l'rimpo de esporte, para a pisdna. As meninas Hearn 
('Ill casa ajudando a mae nos arranjos domesticos. 
1,/1 para uma hora serve~se 0 alm6~0. apos 0 qual os 
IIIh05 maiores vao a reuniao das Associar;6es a que 
111 Ill'ncem, as menores vao a rna tine se a cota<;;ao moral 
I 111 a e boa. J.\. noitinha, os maiores vao a primeira 
.10 do cinema. as menores quase sempre ficam 
III (d::a com 0 pal ou a mae, a nao ser que uma festa 
I.lIl1ilin os leve a todos a alguma casa amiga.Em 
r,d .I't nove horas tada a familia reza 0 terr;o diante 
l '''l'oIl,;C>es de Jesus e de Maria. Aquele lar e uma 
... tI,· paraiso terrestre. urn pequeno reino de paz 
'111111'01. Teda a familia ama, porquanto 0 pri~ 
I tllolli 10 de felicidade domestica e 0 amor do Lar. 
I, 1111\.1 " felicidade. 
I' a doce rainha, anjo da guarda de 
almas felizes. Amada pelo espaso, 
pI h,'. filhos, ela se sente agora plenamente 
l""''''IIf'llIlll.l. ,Ill:; sacrlficios de espesa e Mae. 
i~1r jl " plcnamente feliz. Seus sonhos de 
I, ilii 
I: Il'iI compreendem por feliz expe­
l' .Il,.lll para 0 casamento e uma voca~ 
, lllli I'd i~.lda atraves da piedade e da 
21 
Ser Mae! Eis 0 sentido profundo desse tumuItuar 
de vozes, que regurgitam numa alma de m6<;a. 
Voce, leitora, sente por vezes, palpita<;6es miste~ 
riosas em presen<;;a de urn jovem que the parece 
atraente, fascinante! 
o mar que, enquanto escrevo, ruge fremente aos 
beijos frios do vento suI, nao e mais impetuoso que 0 
seu cora<;ao de m6<;a em certos momentos. Outras 
ve·zes 0 amor the penetra todo 0 ser feminino com a 
suavidade das brisas matinais. Porem sua grande 
finalidade e sempre il mesma: preparar essa criatura 
divinal que chamamos: Mamae. 
A mulher e tacla, corpo e alma, feita para 0 dom 
de si mesma, para 0 amor. 0 instinto maternal lhe 
envolve 0 ser e transfigura a intensidade misteriosa. 
"A maternidade e 0 rnais alto titulo 
da mulher."18 
18 Mantegazza. 
RELIGIAO E AMOR 
o Evangelho nao veio aniquilar as paix6es do 
til	 II;,io humano, mas ao inves, dirigi-las, sublima~las, 
,'Illbia~las para a conquista da verdadeira liberdade, 
I Ir!iddade humana. A revolu<;ao do Evangelho foi 
pn I.dmente profunda e benefica no que toea ao amor 
Id 1IllIlher. 
d'Jlldes seculos medonhos que precederam a 
.10 (:risto. a mulher foi somente urn joguete das 
It ,I,) horn em. 
111'\ entre os povos de mais requintada civili~ 
011'1', t):i cgipcios e babil6nios. gregos e romanos, 
'hri ' ""'~ pnssava de escrava do hornem, Na 
,. Mlbia, os fil6sofos duvidavam que a 
I	 .lIl1ln. 
a mulher. Deu-lhe em 
Hi' III «1:; Illesmos direitos. Deu~lhe tambem 
1111011' 
I II I !\lr!I\HLl 
11I'!;';o;l!ll1ente participar de uma 
23
 
22 
"0 Matrimonio foi instituido por Deus no 
paraiso terrestre, quando abenc;;oou nossos piimeiros 
pais e lhes conferiu a sagrada missao de perpetuarem 
o genero humano sobre a terra, educando seus filhos 
para a vida presente e para a gl6ria eterna."19 
Mas 0 pecado original. transtornando tudo, vul~ 
nerou 0 amor, degradou a uniao do homem e da mulher. 
destruiu a sacralidade da familia, 
Cristo veio reabilitar a humanidade. reformar 
tudo 0 que 0 pecado arruinara. 0 amor fora talvez 
a maior vitima do pecado. 
o Salvador 0 remiu elevando 0 matrimonio 
sublime dignidade de sacramento, 
Ao se casarem, os esposos cristaos recebem 
grac;a do sacramento, Esta grac;;a tern duas func;;6es 
a) Santifica 0 amor conjugal. tornando merit6rios 
atos de si naturais; abenc;;oa os conjuges, fazendo~ 
cooperadores de Deus na propagac;;ao e santificac; 
da especie humana; b) Da forc;;as especiais que aj 
darao os casados a serem fieis ao compromisso fei 
a suportarem mtituamente os defeitos, a cumpri 
fielmente a grande missao de cooperadores de D 
o Matrimonio Sacramento e, pois, a consagrat; 
o amparo. a garantia d0 amor. 
19 Ritual Romano, 
A SANTA IGREJA E 0 AMOR CONJUGAL 
E~tado de Perfeir;ao 
Vimos linhas atras que a virgindade em si mesma 
:;llperior ao estado matrimonial. A integridade da 
"'1"111, ao mesmo tempo que simboliza a perfeic;;ao, 
.Idol a entrega total a Deus. Aquela que e casada, 
\1 I':spirito Santo, cuida de como agradar 0 esposo. 
"'\II'm s6 se preocupa em como agradar a Deus. 
"lII' isso a Santa Igreja exige a virgindade abso~
 
\ 1'"1'.1 ('\s esposas do Senhor. as religiosas. S6
 
1"III'I'ss6es especiais certas Congregac;;6es rece~
 
nao inclui nenhum menosprezo ao 
iiI f,11I1J)OUCO sup6e a Santa Igreja que uma 
1'..111 l.d·o de ser virgem, no seculo ou no 
.. /.1 IlInis santa que outra casada. Sera 
111,11 dllil-mio urn estado de perfeic;;ao? 
1'"l1d,' () Padre Kelley. S, ], Deus nao 
II \ I ',I', Quando Cristo ordena: Sede 
1"'1 r!'ito C 0 vosso Pai Celeste, nao 
'I', I, hI lTistao, em razao do Batismo, 
d.. 'W II VI liver. na pratica das virtudes 
nil' ,,\, :lill'ltidade depositada em sua 
1I_III.d Noutras palavras: Somos 
'" Batismo, 0 que equivale a 
24 25
 
Ora,	 se (} mesmo EvangeIho quer que todos se~ 
jam	 perfeitos e quer tambem 0 matrimonio. e 'muito 
claro que embora sejam 0 Episcopado e a vida reli~ 
giosa Estados de perfeic;ao POl' excelencia, 0 Matri~ 
monio e tambem urn Estado de Perfei<;:ao.20 e 20a 
Grande e este Misterio 
Falando do matrimonio. S. Paulo disse aos Efe~ 
sios: .. Grande e este Misterio: digo-o em vista da 
relac;:ao com Cristo e a Igreja," No pensamento paulino 
a uniao dos esposos simboliza a uniao de Cristo com 
a Igreja. A vocac;ao ao Matrimonio e urn convite . 
colaborac;ao na grande obra de Deus. 
As crianc;as devem nascer, 0 paraiso cleve 
voar-se, os assuntos terrestres devem continual' 
curso. Mas e aos casados que Deus entrega a espan 
tosa e sublime tarefa de preparar cidadaos para 
patria e eleitos para 0 Ceu. 
Grande e, pois, este misterio 
Urge portanto pensar nele com seriedade. co
 
responsabilidade.
 
20 Confira Pe. Geraldo Kelley, J'uvent1~de) 'Sexo e 1'1111 
20-a Em Direito Canonico a expressao "estados de p 
feigao" tern urn sentido tecnico e se refere somente ao (, 
copado e a vida religiosa. Aqui nao empregamos a eXJl 
sao com este sentido tecnico. 0 que queremos dizer e 
o matrimonio nao se op6e aG,uela perfeigao que 0 Pa.l 
Ceu quer para todos os seus fUllos. 
26 
A Missa Nupcial 
Para garantir a felicidade dos esposos e dos 
Filhos, a Santa Igreja cercou 0 matrimonio de leis 
pl'otetoras. Leis que salvaguardam 0 arnor contra 
.I tirania dos instintos. 
Reservou em sua liturgia uma missa especial para 
a, llllpcias. 
o Concilio plen{Hio brasiIeiro exige que 0 casa~ 
1111'111'0 seja celebrado pela manha, e que recebam os 
Illl:;W5 a Benc;ao solene da Missa N upciaI. Esta 
IIII','.d	 come<;:a peIas palavras: "0 Deus de Israel rea~ 
'Illisa uniao:' 
'\ ',:;istindo a IV'Iissa e comungando nela. os nuben~ 
II II1f's1l10 tempo que renovam sua entrega batismal 
,1,1" entregam-se urn ao outro em Cristo. "Con~ 
i III	 Christo:' 
pilrticularidade digna de nota. A ben<;ao 
dol II1i5sa nupcial refere~se particularmente a 
11 '111110 se a Santa Igreja afirmasse que a mu~ 
lillI, .linda que 0 homem e beneficiada pelo 
11',11" ,. que ela mais que 0 homem deve areal' 
III " .Ill matrimonio que etimologicamente 
1"1 \ I'!' lit' Mile: "0 Deus, pOl' quem a mulher 
I 1\111111'111, olhai para esta vossa serva que, 
II I I' 11I:1I11'("io marital. implora 0 socorro de 
( ;110;\' e1a os dons do amor e cia paz; 
I 1,111'\' n matrimonio em Cristo e imite 
.I111'.lS mulheres; seja amavel para 
27 
com seu marido, Como Raquel, prudente como Rebeca; 
longeva e fiel como Sara. 0 autor da prevarica~ao 
nao tenha poder algum nela enos seus atos. Encon~ 
tre ela na fe enos mandamentos constante arrimo; 
unida a seu marido. fUja de todo comercio carnal ili~ 
cito. Fortalec;a a sua fraqueza com 0 vigor da disci~ 
plina. Seja grave pela sua modestia. veneravel pelo 
seu pudor. instruida na doutrina do Ceu. fecunda na 
prole, honrada e inocente. e alcance a paz dos bem~ 
aventurados e 0 gazo do Reino Celestial. "21 
Benc;ao do leita nupcial 
A uniao dos esposos numa s6 carne, sendo que~ 
rida por Deus. DaO e apenas permitida. 
tambem pela Igreja. 
A Santa Igreja acompanha os jovens esposos ao 
novo lar. Reserva uma benc;;ao particular para 0 leito: 
nupcial: "Aben~oai,6 Deus. este leito. a fim de qu 
aqueles que nele vao deitar-se possam reintegrar~ 
na vossa paz e perseverar na VOssa Vontade. possa 
envelhecer e multiplicar~se por muitos anos. e alcan~ 
o	 reino dos ceus." 
Quando 0 amor santificado pela gra~a do mat
 
manio transforma os esposos em colaboradores
 
Deus a Igreja vern ao encontro da Mae crista, com
 
ben<;;ao da mulher gravida: "Senhor. Deus. Autor
 
universo. poderoso e temivel. justo e misericordio.
 
21	 Ritual Romano, Bengiio NupciaJ. 
28 
V6s que livrastes a Israel do erro, tornando os nossos 
antepassados dignos de V6s e santificando~os pela 
mao do Espirito Santo, V6s que, com a colaborac;ao 
do Espirito Santo preparastes 0 corpo e alma da glo~. 
riosa Virgem Maria. a Eim de que se tornasse urn 
tabernaculo digno de vosso Filho; V6s que inspirastes 
;1 Joao Batista com 0 E. Santo e 0 fizestes exultar 
Ill) ventre de sua Mae, aceitai 0 oferecimento de um 
"I'ac;ao contrito e a prece ardente de vossa serva 
(1IIhma) que humildemente vos implora pela vida do 
11I1I1l que concebeu por vossa Vontade. Protegei~o 
1101 hma da provac;ao e defendei~o contra os ataques 
II) lIIimigo trai~oeiro, Com 0 auxilio da vossa mise~ 
1'111'.1 ia possa 0 seu filho ver a luz do dia na ale~ 
1,.. ", lima vez renascido pelo Santo Batismo pro~ 
IIf,11' p~rpetuamente os vossos caminhos e aIcanc;ar 
,,1.1 dc-rna. Pelo mesmo Jesus Cristo que vive e 
1,\ 11111Vll~CO em uniao com 0 Espirito Santo. Deus, 
fH.1.1 "cternidade. Amem," 
"/,,,'1 0 parto 
I. pnrto, se a venturosa mae se apresenta 
'.11111111" 110 templo. ainda a Igreja a abenc;oa 
I.. 11111" \!\;rimania que termina por esta prece:
1.""'...."1'1111',,1"1111' C Eterno. que pelo parto da Bem~ 
Ihflflll'ld" \'1''.)1'111 Maria. transformastes em alegria 
IUIII1,:I",;	 IJIIC se tornam Maes. olhai vossa 
III .I,ll' VllS gra~a no Templo sagrado e 
29 
.1111 
"A 
Pclo 
E a 
Da 
11.\ no Norte 
fazei que. pelos meritos e intercessao da Bem~Aven­
turada Virgem. merec;a ap6s esta vida. chegar com 
seus filhos as alegrias celestes. Por Jesus Cristo 
Nosso Senhor. Amem." 
Longe. portanto, de ser contra 0 amor humano, 
a Santa Igreja 0 cerca de todo carinho e' amparo. 
Suas exigencias juridicas em relac;ao ao matrimonio 
tern por fim nao apenas as observancias das leis divi~ 
nas. mas tambem defender a mulher contra a volupia 
do homem, e salvaguardar os direitos sagrados do 
amor. 
30 
FRACASSO DO AMOR
 
o amor e a maior das paixoes humanas. Guiado 
pl'1as luzes da razao e da fe, ele enobrece, eleva e 
.llitifica. Mas quando posto a servic;o das paixoes 
1I11'.'l'iores, deixa de ser amor, degrada e aniquila a 
I'! . ill;1 humana. E 0 fracasso. 
I':xaminemos de passagem os varios tipos de mu~ 
Ihi.'II·: fracassadas. 
I I \ 1\ IlERREADA 
a seguinte quadrinha: 
pior das voca~6es
 
demo foi criada
 
tremenda voca<;ao
 
titia aperreada." 
pOl'em. as titias aperreadas? Todas 
Nfio. nao! Ja vimos que muitas mu~ 
plenamente como solteiras subli~ 
11l1'1l;lI\do~se Maes espiritualmente dos 
:ll'lIS alunos. de todos aqueles que 
,.ll'inhos maternais. 
31 
Titias aperreadas sao as que ficando solteiras 
contra vontade. em vez de superar a situac;ao pela 
virtude, pela dedicac;ao, trancam~se no seu egoismo, 
insatisfeitas, inconformadas. 
Querem a t6da f6rc;a parecer jovens. Escon­
dem as vezes ridiculamente a idade. correm de quando 
em quando, inquietas, nervosas ao instituto de beleza, 
pintam-se, maquilam-se, enfeitam~se, etc. etc. 
Arrancam furiosas 0 primeiro cabelo branco en­
contrado na cabec;a. 
Nao perdem festas nem bailes. Quando algum 
rapaz, mesmo crianc;ola, lhes da confianc;a, atiram-se 
contra ele semiloucas,. furiosas, ridiculas. 
Outras procuram um derivativo na Religiao,
 
aquilo e forc;ado. CoraC;;ao egoista nao tem
 
para os sentimentos sublimes do Cristianismo.
 
Ainda que exteriormente se dediquem a causa 
de Deus continuam mesquinhas, teimosas, maledicen­
tes, invejosas, ciumentas, irritadic;as, autoritarias, 
rancorosas, perigosas, desedificantes. 
IMPERIA E D. JOAO 
Conheceram-se num baile de carnaval. Amaram-s
 
De principio Imperia amou D. Joao com
 
ingenuo de donzela inexperiente e pura.
 
Amou-o depois com amor ardente, louco. 
D. Joao depois de possui-la desprezou-a. 
rou com ela a vergonha das sarjetas. 
() golpe foi medonho. 0 maior que urn corac;ao 
feminino pode receber neste mundo. 
Passados alguns meses, Imperia tentou recupe~ 
rar-se. 
Afinal de contas, ainda era jovem e formosa. 
No corac;ao ferido ainda the ficaram algumas gotas de 
;1l110r. Derramou-as s6bre outro amante. Novo aban~ 
de)Uo cortou-lhe em breve tada a esperanc;a de ser 
.1I',:lda e apagou-lhe no corac;ao infeliz as uItimas cen~ 
t,.Jltas de amor. Oh! alma enlameada que lutando 
.,.1"/1 libertar-se cada 'vez mais se afundaJ22 
Desilusao ...
 
NEio creria mais nos homens. Ama-los? Jamais!
 
:;j'lI corac;ao, sua alma de mulher tinham morri~
 
I' .1.1 as doc;uras do amor. Restava-lhe contudo, 
I" I, '.1 fisica. 
,. ... ... 
.1I10S depois. 
III "lIvclhecida, mendiga, enferma, a procura 
saira breve para 0 terceiro plano 
.1.-,1;,,11' iiI' lima rua. a miseravel encontrou D. 
I II" P. I..hills pas urn grande poeta esta quadra 
33 
32 
I" pt"lrto ... 
1111· com 
I ':\.1 
IIIP" ,I' 
Hi" I 
1'01 
1111.-"1 
lin,. Iflll'lItl:: 
mulheres 
por 
profunda 
desiIu­
etern 
"6 desgra.;ada Imperia!
 
Quem me diria outrora
 
Que eu tinha de te vel' csta misel'ia,
 
Em que te encontro agora?"
 
Num rieto de odio impotente e imenso. responde
Imperia: 
"POI' ti, D. J0<30, abandonamos tudo!
 
A flor da primavera, as gra.;as matinais,
 
As alegrias do amor, doccs COmo veludo,
 
Partiu-se-nos da fe 0 cristalino escudo.
 
Dcixamos para sempre os leitos virginais,
 
Por ti, D. J050, abandonamos tudo.
 
Dos teus olhos febris as doces plinhaJadas,
 
Mataram-nos da alma os sonhos cristalinos.
 
Andamos pelo mundo exaustas, desgrenhadas,
 
Lan.;ando no abandono, a beira dos caminhos,
 
Do teu It:iorico amor os frlltos pcqueninos.
 
Maldito sejas tu, pOl' tada a eternidade,
 
Em nome da jllsti.;a, em nome da orfandade'.
 
Em nome da miseria, em nome da inocencia,
 
Em nome de Jesus, do Ceu, da Providencia
 
Maldito sejas tu POI' tada a eternidade." 23
 
Mas quem e Imperia? Sao todas as
 
traidas no seu amor pela volupia do homem e
 
sua propria leviandade. Dali por diante,
 
mente infe1izes, impotentemente revoltadas,
 
didas, aguardando a morte prematura e 0
 
esquecimento num tumulo sem cruz, sem nome.
 
23 Guerra Junqueiro, A MO?·te de D. Joao. 
34 
E D. JOao? 
E todo homem capaz de zombar da mulher que 
excessivamente conEia nele. 
13 0 seu namorado ou 0 seu noivo que Ihe falta 
com 0 respeito no cinema, no banco do jardim ... 
Se voce cometeu nesse terreno as primeiras levian­
dades, e tempo de recuar. Depois talvez seja tarde 
demais. 
{VIAL CASADAS 
o born casamento e urn porto contra os ternporais 
1.1	 vida. Porern, 0 mali casamento e uma tempestade 
O.	 Alice Pontes e professora. Casou-se ha doze 
funcioniuio publiCO. 
se arrependeu. Afirma sempre que toda mu­
nrrepende de ter casado. Para ela 0 casa­
lima fortaleza de guerra: quem esta fora quer 
quem	 esta dentro quer sair. 
";Isa e uma antecamara do inferno. S6 tive­
1'1I1Ios, Jairo e Neli. Pobres crian~as! 
I i.dl1lente falando nada Ihes falta. Mas ia 
h<tstante a desventura dos pais. Presen­
discuss6es cheias de fel. Reconhe­
'" II l'l!timo la<;o que ainda traz amarrado 0 
I, /:1 come<;aram a sofrer. Sua forma<;;ao 
I ;J'Ufilf: I i,la. 
.1<* 
35 
Sao numerosas as Dona Alice. Os advogados, 
os medicos e os Sacerdotes freqiientemente ouvem as 
queixas tardias das esposas arrependidas.infelizes. 
Das que abandonaram 0 marido; das que foram por 
ele abandonadas; das que vivem com ele sem amor, 
presas somente por motivos economicos. convenien~ 
cias sociais ou pelos filhos. 
Gra~as as conquistas da tecnica, apesar da crise 
de habitac;ao das cidades grandes, mais que outrora 
se consegue hoje conforto material nos lares. 
Mas adianta 0 bem~estar externo quando por 
dentro fervem os corar;6es7 
* * * 
Sempre houve casamentos infeHzes. 
...
Inegavelmente, porem, 0 mal cresceu em nossos 
dias tumultuosos. A filosofia burguesa da vida subs~ 
tituiu 0 amor pelo contato ardente de duas epidermes. 
o gozo dos sentidos tornou-se a grande lei da vida. 
Brutificou~se 0 amor. 0 hedonismo, divulgado por 
mil modos, invadiu todos os setores da atividade hu~ 
mana. privada e social. 
Esqueceu~se a ideia de pecado, 
Freud reduziu 0 homem a um poc;o de libido, a
 
vida humana a uma luta pela consecu<;ao do praze
 
sensual, 0 amor humane a pura carnalidade.
 
Ainda nao bastava ao delirio sensual deste secul,
 
libidinoso. A Franr;a nos deu a rnais requintad
 
expressao do sensualismo burgues: 0 existencialisrno. 
Nada e imoraI. desde que de prazer. Para Sartre so 
tern valor 0 fato. Homens e mulheres sendo fim de si 
mesmos podem buscar 0 prazer do modo que enten~ 
derem. 
Mas a sociedade burguesa cobre essa podridao 
"om 0 manto dourado de um belo eufemismo: 
IIlllclernismo. 
E a torrente ululante vai diariamente acachoando 
1111': inditosos lares preparados e fundados sob a ban~ 
Ira escarlate do rnodernismo. 
J)ai 0 aumento surpreendente dos rnaus casarnen~ 
dos dramas conjugais, das tragedias amorosas. 
\1'" rimes passionais. I 
V()d~, leitora. e jovern. tem na,sua fronte 0 facho 
e no corac;ao 0 fogo do entusiasmo, as 
amor. 
V[I extingui~los na masmorra fria de um 
I "'IIIIlI('nto. 
I 1II,'lrim6nio infeliz tern duas portas: a rna pre~ 
ilia escolha. 
11111"1 Incalizar e examinar estas portas para 
""'l'IlIl(l~as. voce fUja ainda a tempo da cor~ 
1.11i1 .I,. IITII matrimonio frustrado. 
31 
36 
MA PREPARA~AO 
- Percorramos POl' miudo as fontes perigosas, doude 
nasce para a mulher todo fracasso do amor. 
a drama cia solteirona inconformada e as tra~ 
gedias passionais sitllam~se quase sempre na falsa pre~ 
.para<;ao para 0 casamento. 
POl' sua vez, os matrimonios desastrosos dependem 
geralmente da rna prepara<;;ao e (como depois vere~ 
mos). da ma escolha. 
Parece exagero. Se, porem, se considera que 
a preparac;ao ao matrimonio cleve iniciar~se, quand 
nao mais cedo, pelo menos no momento em que a ado 
lescente comec;a a experimental' atra<;;ao pelo outr 
sexo, entao se compreendera 0 sentido que damos 
palavra preparac;ao ao casamento, e 0 alcance espilll 
toso do ccmportamento de muitas mocinhas. 
Alguns romances (nem sempre aconselhaveis 
mocidade) ministram as jovens inexperientes li<;;5es fa 
midaveis. Ali pOl' vezes se pinta muito ao vivo a t 
gicomedia da burguesia. Semelhante ao Tantalo 
fabula, a familia aburguesada em vao procura saciar 
nos prazeres fiiteis, tornando~se cada vez mais i 
tisfeita, mais infeiiz. 
a amor e 0 grande mutilado na derrocada moral 
a que assistimos. A mulher, a primeira vitima do sen~ 
sualismo desenfreado. 
Passemos, agora, ao exame pormenorizado de 
tlguns erros femininos conducentes ao fracasso do 
Imor. 
• III(;ULHOSAS 
"Mulheres, obedecei a vossos maridos." E 0 con~ 
11Il) de Sao Paulo. 
:; muito facil obedecer ao noivo. Depois do casa~ 
\l'\li", Hnda a lua~de~meI, muda~se 0 quadro. Aquela 
II 1\l1I1('C do noivo diminuiu muito. Tornou-se ele 
i!l,"k. A mulher orgulhosa, altiva, n130 se conforma 
fII jl ,il'il'ude dele. 
N,l romec;o n.3o era nada. Mas 0 orgulho da 
lilt I 11;10 se curvou. Brigaram. Poi a primeira 
I I incendio nao tardou. Depois a separa<;ao. 
pcrigos se exp5e a m6c;a orgulhosa. As~ 
!I';lr "jill llm rapaz mais altamente colocado que 
I. ,,1,.ldo sera sempre desastroso. Mal casada 
II till 01 , I r;Il,;3ssada sempre. 
11111111 ,'label' se voce e orgulhosa? Examine 
'", III,,':, sellS devaneios, seus atos. abe~ 
11.11111111,' aOi; pais? Como trata as domes~ 
'!I'll [1,,,111,'1, os rapazes <:Ie condi<;;ao mais 
11.1' Cede facilmente a urn parecer 
I JII,IIlOO contrariada, volta logo ao 
38 39
 
normal ou permanece horas e ate dias melindrada, 
amuada? Procura ser amiga e indulgente para seus 
irmaos ou nao sabe sllportar as grosserias naturais 
deles? 
A estes qllesitos voce pode juntar muitos outros 
e fazer freqiientes exames de cOl1sciencia para fugir do 
orgulho que the pode assassinar 0 corac;;ao. 
EGOfSTAS E AMBICIOSAS 
Sao outras infelizes, S6 pensam em si
 
Nos seus divertimentos, nas suas j6ias,
 
vestidos.
 
Ninguem espere delas um POlACO de dedicac;;ao. 
Nunca lhes sobra tempo para sair de seu narcisismo; 
o bem da comunidade social nao lhes interessa. 
Nao lhes falte dinheiro para seus caprichos
 
pouco se importam que 0 pobre nao tenha pao; qu
 
as pr6prias domesticas a seu servic;;o passem fom
 
Nada disto cabe no mesquinho ambito de suas pre,
 
cupac;;6es. :E:sse tipo de moc;a ve 0 casamento ta
 
somente sob 0 prisma da ambiC;ao. 
Uma delas namora simultaneamente dois mo
 
Queria, naturalmente, um s6, Tarcisio e mais c
 
cado. Ate um pouco idealista, Mais atraente, en
 
Roberto tem 0 rosto estragado por espinhas; 
semblante marcado pelo vicio. COl1versas levia 
palestra incomparavelmente inferior a de Tarcisio. 
Mas Roberto traja com mais elegfmcia. 
dos dois 0 mais rico? 
Certa noite parou a porta de Alice deslumbrante 
Cadillac. Era de Roberto. Comprara~o naquele dia. 
Vinha convida~la para 0 cinema. 
Estava decidida a escolha. Alice rompeu no dia 
l'Huinte com Tarcisio, na esperanc;a de casar com 
Illlnerto. Mas nao casou. Coitada! 
E quando esse tipo de mulher se casa, que des~ 
1.1<;<1 irremediavel! Sao inimigas dos sagrados deveres 
Mite e de dona de casa. Se encontram um marido 
1101 imagem, mergulham os dois no mesmo inferno 
I vitia. Em pouco tempo brigam, separam~se. Pior 
Id" lJuando quem cai na armadilha e um homem 
I I pie antevia no casamento uma vida de amor e 
0\ .lIll', 
dol olllolescente normal e sonhadora. E ate urn 
Jl.lU(30 com que se entregam aos romances, 
,I" radio, Sao distrac;6es aparentemente 
11101', cujas conseqiiencias podem ser fatais. 
lIIales nesse jogo perigoso; 1) Os 
ou das novelas sao imaginarios, 
111,1111 Modelos falsos, portanto. 2) A 
I ,'I've ali tambem e geralmente falsa. 
II.lhndo de romances da vida real. 
I'IJI'IHIl de focalizarem~se quadros nao 
Iii :, l'lI'III;I(,;ao da donze!a. 3) Carica~ 
41 40 
tUfa do amor. Chegamos ao principal escolho do 
romance e da novela. 
Nada mais perigoso na forma\=ao da mocidade! 
que a mutila\=ao, a falsifica\=ao do amor. Ora, a maioria 
dos romances trucida 0 amor, reduzindo-o a mere sen­
sualismo, Oll a exalta\=oes passionais. 
Muitos deles encerram trai\=oes, adulterios, dra­
mas c-onjugais, desquites, nao raro doirados pela fan 
tasia do escritor, de modo a impressionar fortemente 
e mesmo, a entusiasmar pelo erro uma jovem inteli 
gente mas pouco avisada. "Dize-me com que 
andas e te direi quem es." Ha muita verdade ness 
proverbio. Ora, os personagens dos romances e d 
novelas nem sempre servem de modelo a juventud 
A mo\=a ledora habitual de romance e a ouvinte ap 
xonada de nove)as de radio COlTem 0 risco de viv 
psicologicamente na companhia de homens e mulhe
 
pouco recomendaveis.
 
Acresce que nem sempre 0 autor do romance
 
novela tem criterio filos6fico e moral segura. Don
 
pode acontecer que 0 conjuge infiel seja apresent
 
aos olhos, aos ouvidos e a inteligencia da jovem c
 
her6i, ou martir envolvido num halo de simpatia c
 
de verdadeiro fascinio. 
A novela de radio oferece mais um 
vozmeliflua dos locutores, a tonalidade 
inflamam a fantasia feminina, contribuem para 
a moc;:a num muncIo imaginario, ficticio, desvia 
da prepara\=ao para as realidades serias do amor. 
A esta altura voce ja interrompeu a leitura para 
replicar: Mas entao seremos crianc,;as? Nao sabe~ 
remos distinguir 0 bem do mal? Nao teremos con­
I role? 
Calma. senhorita. Crianc,;a nas coisas do amor 
I'llc!emos ser todos n6s, pois nesses dominios quem 
11I,lllda 0 mais das vezes e 0 corac,;ao; e este menino 
I, v,ldo jamais cria juizo. 
Controle, se voce de fato 0 possui, use dele para 
q rn r suas leituras, seu programa de radio. Dis­
1l1',I"ir 0 bem do mal e muito facil quando a coisa nao 
" 1I11'eressa. Mas se 0 cora\=ao apaixonado, a ima~ 
11,1I"Il) incendiada, abrem caminho, os mais experi~ 
'1",los fracasslm, tomam por bem 0 mal. E hoje 
,I., dllvida que 0 nosso comportamento, nossa men~ 
!llll,', e em boa parte condicionada por imagens 
110 inconsciente. De la, do fundo escuro do 
l'I', onde nao chega a luz da razao, 0 faroi 
11'10 1I'llcia, aquelas imagens nos impelem, arras~ 
" 1111 j l1am nossos pontos de vista, nossos gostos, 
,I II 11. IS, nossa interpretac;:ao da vida. 
III que cenas e personagens do romance e 
Ill, "Illlipletamente esquecidos influem na sua 
I·ul.. 1I11 slIa conquista do Principe encantado. 
J'O,J~'I' dl: imita\=ao cia adolescencia? E a forc;a 
" ,j" l'.~clllplo? 
II(lO se conformam com a condi<;;ao 
111111 I:, lllllas inferiores. So 0 homem 
43 
42 
tudo pode, so no homem nada pega. Por que nos 
mulheres nao temos os mesmos direitos do homem?'" 
Reflita mais, menina! Conhece a historia dos 
membros que se revoltam contra 0 estomago? 
Certa vez, nos diz Menemio Agripa, os mem~ 
bros do corpo come~aram a considerar: Nos t1'a 
balhamos, cansamo-nos a busca dos alimentos, en 
quanto 0 est6mago vive a nossa custa, ocioso. inert 
Fizeram greve. Por tres dias nao deram nada a, 
estomago. No fim do terceiro dia estavam os membra 
desfalecidos. Compreenderam: eram todos, estomago 
membros, orgaos do mesmo corpo. Cada quaL pore 
com fun<;ao diversa. 
Fato analogo se passa em rela<;ao aos direitos 
homem e da mulher. 
Voces nao sao inferiores a nos homens. Nem e 
si mesmas. nem perante a lei no Direito ocidental 
demo. Se a sociedade paganizada afirma que 
homem, em rela<;ao ao outro sexo, tern rnais direi 
que a mulher, e tao~somente para encobrir as fraqu 
do sexo forte. A sa filosofia, porem, combateu sem 
semelhante monstruosidade. 
Mas homem e homem e mulher e mulher. 
qual com os mesmos direitos mas gozando~os de 
neira diversa. 0 homem nasceu para ser 0 chef, 
familia, 0 dirigente das empresas. Cooperador, 
Providencia. complemento do homem, a mulher 
gra<;a, a beleza, a espiritualizadora da familia, 0 c' 
clos lares, 0 amor personificado. 
Se 0 homem e um mundo abreviaclo. disse um poe~ 
ta, a mulher e 0 ceu deste mundo. Nos metais grossei~ 
ros e menos chocante a mancha da ferrugem. A j6ia 
mareada perde 0 vale!.'. 0 homem e ferro, a mulher e 
j6ia preciosa e cobi<;ada. 0 homem sabe disto. 
Negando-se a mulher certas pseudo~regalias, 
t\'lll~Se apenas em vista preservar~lhe 0 valor. 
A final de contas voces sao muito poderosas. 
kncar nao errou quando escreveu na sua Guerra 
,I'; Mascates: "Ha quem pense que nada se move 
""'11'1.: mundo sem licen<;a da mulber. Do mais nao 
f, mas de guerra posso afirmar que nunca as houve, 
\"111 ... possivel haver quando nElO 0 queira a soberana 
11.1 
() mal entrou no mundo pela porta de uma mulher. 
)).I1'a consolo de voces, foi pe1a mulher que en~ 
11.1 terra a salva<;ao. 
NIHl", pois, de pessimismos. Voces valem tanto 
11111 II homem, podem tanto quanto ele. Mas cada 
I Ill' "l: II terreno. 
45 
44 
A PROCURA DE UM NOIVO 
Nao ha exagero em resumir as grandes causas 
dos disparates, das loucuras, mesmo das desgrac;as de 
muitas moc;as nessas duas: 
a) Procura de urn noivo. 
b) Medo de perde~lo, se encontrado. 
Moc;a que namora, quer casar, diz 0 adagio. 
~ ate urn direito da moc;a, que sente vocaC;ao para 
o casamento, tomar medidas conducentes a descoberta 
do noivo. Nao ha mal nisto. 0 mal esta no caminh 
errado e perigoso que muitas seguem procurando urn 
noivo. Terminam por nao acha~lo jamais. 
Perlustremos esse caminho, suas encruzilhadas 
seus precipicios. 
SEDE DE AGRADAR 
Quando a meninota comec;a a trocar os brinqued 
pelos adornos e sinai que Cupido ja acordou. Qu 
parecer sedutora aos olhos dos moc;os. Comec;a 
sentir vergonha deles, fica verme1ha a certas alus 
que pouco antes Ihe eram indiferentes. 
Em breve sentir~se-a dominada peio desejo 
agradar, de conquistar os rapazes. Nada de mal nilll 
E somente urn aviso da natureza. 
Muito diversas as reac;6es das moc;as a esse 
desejo natural. 
RECLAMOS MODERNOS 
Ha tempos conhecida revista brasileira publicava 
iuteress2nte serie de retratos de trajo de banho de 
I~50 a nossos dias. 
A involUl;;ao das roupas de banho e impressionante. 
1';lltretanto, ultimamente, 0 "nudismo" das praias e 
p,·,tinas vai se tornando tao comum que parece em 
•.. :; de plena aceitac;ao. 
, 
Ja nao causa aquele espanto de alguns anos atnls. 
I' 1I11'smo possivel (e as casas multiplicam-se) moc;as 
'oIpoIzes bern formados freqiientarem as mais ruidosas 
I" 1101'; sem prejuizo moral mormente se os rapa::es 
1',lhituados aqUila e as mo~as se comportam decen~ 
1'1110' . 
11111 vestido indecente na rua, na Igreja au numa 
i, Ilode causar mais pecados que 0 maio na praia 
1111' "holt em lugares de veraneio. 
I I" I' que pode e deve haver mesmo na prai.a 
,,' ,do que a moc;a ajuizada sabe guardar e 0 
Ih:;fo apreciar. Como tambem htl muita atitude 
i I (jIll' escandaliza os rapazes e Ihes diminui a 
ii i ,:;('irna que a moc;a honesta Ihes inspira. 
ill, III '" aluno de uma Escola rv'Iilitar escre~ 
II"i irmao rnais velho se exprimiu assim: 
,I,	 III .1 Praia de Copacabana, onde multidoes 
I, f'l1Ctoradas exp6em suas carnes na espe­
47 
46 
Ian<;a de com semelhante rec1ame conseguirem uma 
uniao que certamente sera efemera." E pena que as 
mo<;as ignorem os sentimentos de muitos jovens neste 
particular! 
Nao e s6 nas praias essa exposi<;ao provocante 
·de corpos. l'/Ias nos gramados das piscinas, no footing 
noturno, nas festas familiares, nos teatros, nas boites. 
nos c1ubes, ate nas igrejas.24 
Tais moc;as desconhecem a psicologia do homem. 
o rapaz bern intencionado nao se fascina com corpos 
impudicos, vistos por todo mundo. Embora seja psico~ 
16gicamente certo que no principio 0 corpo possa servir 
de caminho para 0 encontro das almas, a verdade e que 
a exposi<;ao l1ibrica do corpo feminino nao desperta 
no moc;o verdadeiro amor capaz de se concretizar num 
matrimonio ditoso. 
Em geral 0 nudismo feminino repele 0 amor 
provoca 0 sensualismo. Pobres 10ucas! Servem d 
pasto a sensualidade baixa dos homens, ofendem 
moral, semeiam por toda parte a morte do espirito, 
para mais tarde se aniquilarem nas "bombas" do am 
fracassado. 
CORPOS SEM ALMA 
Ja foi superada a ideia de que 0 esporte nao c
 
vinha a mulher. Hoje as verdadeiras educadoras en
 
24 Teve repercussao nacional a Circular do 
Divisao de E. Fisica do Rio, proibindo os trajes 
nas paradas civicas, em face do escandalo das 
na. parada de 7-9-953. 
48 
lieas 0 promovem entre as alunas. Recentemente 
colegios de Irmas aderiram a olimpiada dos estudantes 
secundarios. 
Pela sua pr6pria psicologia a mocinha tende ao 
cxagero. Neste caso, esquece que nem todo 0 exer~ 
cicio que os moc;os praticam convern as mo<;as. 
Demos a palavra a maior autoridade brasileira 
110 assunto: 
"Prega~se ainda, infelizmente, a perigosa teoria 
dol igualdade dos sexos. Nada mais falso. E pOl' ela 
'1"" as mocinhas se atiram a tudo 0 que fazem os rapa,.. 
como seos direitos fossem iguais, como se os 
1I11dliismos fossem identicos. Claro que nao falamos 
I" ponto de vista moral. Neste sao perfeitamente 
"~I 11I1,;,(;moS os direitos. 0 que pode fazer um rapaz, 
IIlIh"'1I1 0 pode a m6<;a; e se esta nao puder e 
"' I.llilbem aquele nao pode. Em face da lei moral 
" lll('('iramente iguais. 0 mesmo nao se da Hsio­
I" .1I11ente. Ja vimos que ha uma diferenc;a tao pro~ 
11.111	 "lItre homem e mulher que atinge a todo 0 
jillll·.llIO, a cada celula. 
( .•I,b tim tern de se tratar de acordo com a pr6~ 
"'IIIII'I'UI, sem reforma-la. Dissemos acima, que 
IIIIII!! nu funcionfuia precisa, em rigor, de 4 a 5 
11"l'i;ls todos os meses. Ninguem ira dizer a 
III:!! dos homens, porque 0 seu organismo e 
I ':111 face da fisiologia nao e apenas ridiculo 
'1" 1)'.11'01' os sexos, e perigosissimo. Precisa~ 
II' ,'1' Jisto as nossas meninas e m6<;as. Sao 
insensatas neste particular que difi,.. 
49
 
------
cultam fun<;6es caracteristicas da mulher. E se quei­
xam depois! 
Sendo a mu1her menos resistente que 0 homem, 
os seus exercicios tomarao isto em considera<;ao. Os 
excessos fa,zem nao apenas mal a saude, mas tambem 
a be1eza feminina. A mulher com formas de atleta e 
detestavel. 0 esporte feminino nao ira ate 0 atle­
tismo, mas ficara nos intuitos do desenvolvimento 
harmonico do corpo, da higiene, e da estetica. "25 
o que a pedagogia cat61ica afirma sobre,a coedu­
ca<;.3o, aplica-se perfeitamente ao caso presente: 0 
esporte s6 serve a forma<;ao da mo<;a enquanto visa 
ajuda-1a a ser mu1her. A mo<;a masculinizada e tao 
repugnante ao rapaz como 0 rapaz efeminado a mo<;a. 
o que 0 mo<;o deseja vel' em voces e urn comple­
mento fisico e psicol6gico a personalidade dele. Quanto 
mais brilharem na jovem as caracteristicas femininas, 
tanto mais fascinio ela exercera sobre 0 rapaz. A 
mascu1iniza<;ao tern efeito contrario ao objetivo de tais 
mo\.as. Em 1ugar de agradar, repele os jovens bern 
intencionados. 
Termino repetindo a pa1avra do grande luminar 
da pedagogia brasileira: 
"A mu1her com formas d 
atleta e detestavel." 
BAILARINAS 
Atingimos um ponto cruda! do problema
 
mo<;a. A juventude de1ira com a danc;;a. Ja ouvi
 
25 Fe. Alvaro NegI'omonte, A Educat;;ao Sexu,al. 
50 
'lens da A<;ao Cat6lica julgarem absurda a conde­
na<;ao indiscriminada do baile. POl' outre lado, a 
moral manda distinguir-se entre a dan<;a desonesta 
condenavel em si mesma e considera licita a danc;;a 
honesta. 
Ferreres afil'ma que nao se deve condenar a dan<;a 
honesta. A dificuldade pratica esta em se saber, de 
(',lS0 para caso, qual e a dan<;a honesta. 
Rachel de Queiroz que nao fala em nome da 
II11)ra1 cat6lica, escrevia ha tempos, que 80% do con­
11'lIdo psicol6gico da dan<;a e de carateI' sexual. 
De novo com a palavra 0 p.e Negromonte: "E 
II' ,,: bailes que naufragam muitos jovens de ambos os 
, "S. Ate se arruinam ou preparam a ruina que nao 
",Lira. Neguem os que tiverem interesse em 
1,1 '\0: esta e a verdade. Nao nos 'lenham dizer 
11 11 ~';fio Tomas de AqUino reputa os hailes indife­
til ';, podendo, portanto tornar-se ate bons, segundo 
III"'llr;;5es, nem que Sao Francisco de Sales auto­
I .,': .bn<;as, desde que nao sejam mas. Creio-me 
III illlOl'mado das doutrinas da Igreja. Duvido cntre­
'I'"' os Santos Doutores pudessem autorizar os 
III"dcrnos, em concreto, tais quais realmente sao. 
I", femininos, a musica, 0 ambiente, as conver­
.IS inten<;6es fazem dos bailes verdadeiros 
1""111': d;:IS almas e da dan<;a, "verdadeiros atos 
1111111'.111", na frase um tanto forte de Laurent. 
III 'II WI'Il (itar Santos Padres. Cito homens do 
Vill'l' Margeretto, que deve ser muito conhe­
01 111,',1 desmol'alizadora, 0 tango, 0 foxtrote, 
51 
eis ~o que pan~ce, a preocupa~ao das m6s;as modernas. 
Este sonho na realidade nao passa de urn precoce 
desvirginamento". Maurois, num dos seus livros,26 
chama as dan~as: "Urn artificio da conserva<;ao da 
especie." Isto di·z muito a quem souber entender ... 
Os que quiserem saber ate onde pode chegar a des~ 
truis;ao moral dos bailes. leiam 0 que diz Jeanel num 
escrito objetivo do ponto de vista hist6rico~moral. 
s6bre a maior degrada<;;ao dos homens e das mulheresP 
"As excitas;6es ali vao alem do que conseguem 
as leituras. as conversas e os cinemas. Nao impres~ 
sionam apenas a imaginas;ao, nao criam somente fan~ 
tasmas, mas atingem diretamente os sentidos com 
provocac;6es da sensualidade. "28 
Inditosas m6~as! Inquietas, pressurosas em busca 
de urn noivo, vao procura~lo exatamente onde nao 0 
encontram. Nos bailes. na fabrica espantosa de fra~ 
cassadas no amor. 
o m6~0 bern intencionado, em geral nao casa 
Com dan<;adeira. Rui Barbosa dizia que uma m6~a 
depois de dan<;ar uma noite com urn rapaz, no dia 
seguinte s6 era digna de casar com ele. 
Claro que tudo isto nao pode ser rigorosamect
 
tornado ao pe cia letra. 0 ambiente. a formaS;ao d
 
rapaz com quem voce dan~a, a sua firmeza de mulhe
 
seu recato de m6<;;a podem tornar '0 baile moderad
 
mente freqiientado. para voce, dan<;a honesta.
 
26 L'Art de Vivre.
 
27 J. Jeanel, La Prostitution.
 
28 Pe. Negromonte, op. cit.
 
52 
Eis por que nao se poderia de modo absoluto con~ 
denar indistintamente a freqi.iencia moderada e modesta 
de uma jovem moderna aos bailes atuais apesar dos 
inegitveis perigos que eles oferecern a juventude. 
Seu caso pessoal. estude~o com 0 confessor ou 0 
diretor de sua consciencia. 
MERCADORIA DE VITRINA 
Pitagoras. hit vinte e cinco seculos, aconselhava 
m6<;;as usarem de tal modo os seus encantos que 
Illpre ficasse alguma cousa por descobrir. 
Ainda conservam aquelas palavras a mesma 
111'&;.1. 0 jovem moderno. como a antigo, gosta de ir 
11-'11 obrindo pouco a pouco as gra~as femininas da 
11.1<1.,. Quando determinada m6s;a, por sua falta de 
lin, da~lhe a impressao de coisa corriqueira, ele 
II'· lima especie de desilusao. entedia~se, afasta~se. 
1\ vida moderna abriu a mulher as portas da casa. 
l,m,1 os principais divertimentos eram os saraus 
IIlh.III·S. Hoje 0 cinema, a piscina, a praia, a baite, 
I,ll Of!, () footing, arrastam as jovens para 0 meio dos 
lit' It, 
Ilil.l:; descambam no exagero. 0 lar domestico, 
I. II I, II I'dno da mulher, nao lhes oferece encanto. 
II IIIO:l(".rar~se constantemente aos homens na 
I·.t ",. descobrirem 0 seu. 
,llIlIr'lIlcnte falaremos na competic;;a.o das mulhe­
10""11'11:1 no trabalho. 
53 
Coitadas! Nao sabem que a atrac;ao da moc;a 
s6bre 0 homem diminui a medida em que ela se oferece 
mostrando~se "facil". 
'0 FL~RTE 
Esse barbarismo pode signiEicar uma procura, urn 
encontro de olhares que ajuda a verificar se existe 
atra<;ao especial de urn rapaz por uma moc;a. Nada 
de mal. contanto que se fac;a com prudencia, modes~ 
tia e moderac;ao. 
Flerte significa tambem namorico, Galanteios a 
torto e a direito, ora com urn ora com outro, 
de brinquedo arriscado. 
E certamente a esse tipo de galanteio que se 
refere Lamair: "Amarrotando a estima mutua, como 
as petalas aveludadas da rosa se amarrotam a um 
contacto indelicado, 0 flerte contemporaneo, carica 
tura irris6ria do verdadeiro amor, despoja do brilh 
do respeito a afeic;ao do homem pela mulher ... 
.. " 0 flerte americano desenvolve 110 home 
uma predisposic;ao para.estimar menos e entao a am 
menos aquela que sera a companheira de sua vidn 
Sabre os perigos do flerte na adolescencia, esc]' 
o p.e Negromonte em seu imenso livro A Educil~' 
Sexual: "Enganam~se os que reputam esses Herr 
inofensivos, como os que os tern na conta de inevitfl 
nesta idade. Precisamente por serem nessa idade c 
serem flertes sao interditos e perigosos." 
Para as mocinhas 0 flerte e perigoso.
 
moc;as e perigoso e ridiculo.
 
Uma dessas mariposas viajava de onibus, viu urnpassageiro jovem, flertou~o e entabulou animada con~ 
versa. Os demais passageiros gozavam aquela comedia. 
Moravam em bairros diferentes, na mesma cidade. 
Ao se separarem, ele deixou~lhe 0 enderec;o. Na 
Illesma tarde ela foi sozinha a casa dele. Ali chegando, 
,.Ie, que ja prevenira a esp6sa, escondeu~se. A mulher 
II'cebeu a leviana que a tomara por irma do "brotinho". 
Ii s6 depois de troc;ar bastante de semelhante estul~ 
11< 1.:, declarou~se casada com ele. 
o flerte, com homens casados, tern levado aos 
I',\lltanos da luxuria e da perdic;ao milhares de m6c;as 
III1J 11'lldentes. E com solteiros tambem. Muitas gostam 
11''',1110	 de variar. Gabam~se de conquistadoras, namo~ 
Illdo dois ou tres moc;os ao mesmo tempo. 
II'fio chorar lagrimas inuteis mais tarde. 
II",LA 
fI wande sonho de t6da moc;a. Suspirando por 
Illlild;1, a moc;a julga que a beleza fisica e condic;ao 
I II f dun fo no amor. 
11'11111'111 de experiencia, afirma Afranio Peixoto 
1"'1'." :icmpre as feias sao as mais amaveis, pois as 
.II "Ie, sabem mais amar e isto e sempre a 
I 'lIIdi\;£io para ser amada.30 
\'11 1.1111'1> nao ha mal em procurar a moc;a casa~ 
1",,\ i1parencia. 0 erro esta sempre nos 
'I ·1111"8 - 0 poeta e 0 poe7l~a. 
55 54 
excessos, nos meios inadequados, na ansia doentia de 
parecer bonita a custa de artificios, de indec6ro, nas 
modas. 
A pintura discreta, mormente para as palidas e, 
mesmo no conceito de muitos jovens, necessaria. Ex~ 
cessiva, e ridiculo, Num inquerito entre rapazes 80%' 
detestaram os supercilios rapados, A seminudez do 
trajo diverte a lubricidade masculina, mas nao seduz 0: 
m6~0 que ande a procura da futura esp6sa, 
Nao se enganem as mocinhas: a sedu~ao, 0 fas 
cinio de voces esta num conjunto de fat6res fisicos 
psiquicos e espirituais que podem existir sem grand, 
beleza fisica. Por outro lado, pode a m6~a boni 
ser destituida de atrativos reais para os rapazes. 
Noutro lugar, veremos que a verdadeira bel 
feminina esta na Virtude. Em todo caso, a mulh 
que levar ao casamento como principal dote a be1ez, 
em breve sera detestada. 
o PASSARO NO AL<;APJ\O 
Sob 0 calao de urn titulo vulgar: Agarre Seu 
I/omem, divulgou~se ha anos entre n6s urn livro para 
11Ilheres. Teve saida surpreendente. E natural que 
IIlulher procure conservar em seu poder 0 homem a 
1It'IIl ama. A mulher casada deve preocupar~se em 
'linter, intensificar 0 amor do marido. Claro, porem, 
11l.lIldo os verdadeiros meios. 
Falando, porem, a m6~as, s6 nos ocuparemos dessa 
IIIrMcia feminina, em rela~ao ao namorado e ao noivo. 
/\traves de palestras, em congressos, inqueritos, 
II. "'lIcias epistolares e orais, tenho ouvido sob este 
iii 111.11' muitos jovens de quase todo 0 Brasil: 
r-hll;os das nossas principais capitais, de cidades 
It'·' c pequenas, dos lugarejos do interior de 
I·:·ifndos. 
desses jovens afirma que as m6~as 
1111 intimidades torpes, contatos indecorosos, 
qnl'ixam de que se quiserem manter~se nos 
.1,\ decencia, a namorada os despreza e vai 
oI"h':; com outros. 
I que nao raro estas decIara~6es deles sao 
Mas as tenho ouvido muito de 
57 56 
jovens serios, que sucumbem entre os brac;os da moci~ 
nha elegante. 
Ontem mesmo urn rapazinho serio declarou que 
foi coagido a cortar rela~6es com uma jovem bonita 
erica, pelo constante perigo daqueles encontros 
levianos. 
Para muitas leitoras este assunto e velharia corri~ 
queira. Elas estao plenamente convencidas que este 
e 0 grande meio de la<;ar 0 rapaz e conquistar urn 
noivo. 
Algumas lerao isto durante 0 dia e 
se entregar a Iubricidade do namorado. 
para elas. 
E nao sao apenas m6c;as criadas em 
amorais, nao! 
Filhas de familias catolicas, ex~alunas (e aluna 
tambem) de ..colegios de F reira", cometem sem 
lhantes atentados contra a propria homa, a proprl 
felicidade. Nao lhes Faria mal meditar estas palav r 
de Mauriac: "0 amor fortifica-se nos obstacul 
que se op5em ao desejo. Mas quantos rapazes 
que nem mesmo tern a oportunidade de desejar 
sentir sua sede! Habituam~se a desprezar aquilo 
encontram no chao, apenas ao se abaixarem."31 
PSICOLOGIA DOS SEXOS 
Como explicar que m6~as suspirosas pelo 
mento se tornem as assassinas do proprio cor. 
31 Apud Desmarais, 0 Amor na Era At6mica. 
58 
Nao e urn contra-senso naufragarem na procura de um 
casamento exatamente aquelas que tanto se preocupam 
com ele? 
A estas se aplica 0 que Seneca dizia a respeito 
da felicidade: 
"Com quanto maior afa correm atras do "seu 
Hoivo" mais se distanciam dele. E que erraram 0 cami~ 
nho, seguem no sentido inverso." 32 
Ricardo de S. Vitor colocava a ignorancia como 
II primeiro dos males que afligem a humanidade. 33 
Penso que a ignorancia da psicologia do sexo 
IIoI.'icuJino e a causa principal dessa escandalosa im~ 
111I,II'ncia de muita m6~a. 
, 11111'0 Sexual 
1\ m6~a 0 experimenta mas the desconhece a natu~ 
Antes, pois, de entrarmos pormenorizadamente 
1'\'ri!'Jos a que elas se expoem, urgem Iigeiras con­
esse poderoso movel do atrativo entre 
Il.~tinto sexualcompreende tres tendencias 
tcndencia fisica, desejo de executar 0 ate 
Il'ndencia da alma. ou seja desejo de ser 
I'll., pessoa amada; e finalmente 0 desejo de 
II Illite. 
II'" 'I. nit B"evidade da Vida.
 
"1".1,, tl/ts Excursoes.
 
59 
Deixemos de lade a tendencia a reproduzir~se 
nos filhos. Ao nosso estudo s6 as outras duas 
importam. 
A Moc;a: Na moc;a principalmente enquanto 
pura, predomina a tendencia da alma. Sao os afetos. 
"Toda vida de mulher, disse Irvins, e a historia dos 
seus afetos". Ha mesmo ainda em nossos dias casos 
de m6c;as atravessarem 0 noivado e chegarem ao casa.... 
mento ignorando as realidades do sexo. 
o Rapaz: Muito diversas as manifestac;;6es desse 
instinto no rapaz. Nele predomina a tendencia fisica, 
o desejo de posse. 
Nao 0 satisfazem as caricias da namorada. 
pulsos formidaveis de sua nature·za. do seu propri 
organismo, 0 impelem a satisfac;ao completa. Mesm 
rapazes de boas intenc;6es experimentam perante cert 
intimidades inocentes para a m6c;a, cIamorosa inve 
tida de f6rc;as instintivas. 
o resultado. 0 mais das vezes imediato de simpJ 
"pegar na mao". costuma ser tal. que nao se p 
mencionar num livro escrito para m6c;as. 0 delega 
o medico, 0 Sacerdote ja ouviram deles apos alg 
desastres. comec;ados por urn "pegar na mao": 
nao pretendia ir tao longe". Mas foi. 
E que dizer das liberdades. quando sabemos 
a maioria dos rapazes sao mal-intencionados? 
Muitas m6c;;as ao lerem isto encolhem os om 
dao urn mux6xo. Nao creem ou nao temem. 
0S milh6es de vitimas do sensualismo. essas in 
a quem as "intimidades" desgrac;;aram. essas 
Conduamos este paragrafo com a mais terrive1 
das oposic;6es psicologicas entre 0 rapaz e a moc;;a: 
"A mulher, depois de fisicamente possuida, ama louca~ 
mente 0 homem que a possuiu. No homem costuma 
dar~se inteiramente 0 contrario. A atrac;;ao diminui, 
rostuma ate desaparecer depois da posse."34 
D. Joao lamenta-se angustiado ante as recusas da 
.Imante esquiva: 
"Eu a adoro. talvez pOl' nao tel' sido rninha.
 
Porque ainda nao provei corn doido desejo
 
o calor de seus litbios e 0 g6sto de Se'U beijo'" 35 
Voce, leitora, ja pensou que, ap6s 0 desastre, no 
lI,d n moc;a perde para sempre a virgindade, 0 rapaz 
procurar uma noiva pura. enquanto a pobrezinha 
I II definhar e aniquilar~se na solidao desiludida? 
'·I·:speranc;a. ventura. Iibel'dade.
 
IllItrrgou-lhe ern vao... nao se fartou.
 
Iii. CJuis rnais... Fatal voracidade!
 
I'tll dentes, rneu arnor despedac;ou.
 
,\1 tl'iste que sou vencida.
 
I I'" vale tel' corac;ac?!" 36
 
Ilhll:)MO E AMERICANISMO 
,I cnpa esburacada com que muitas moC;;as 
III Ill'lt!tar seus descalabros. Na linguagem 
Dr. Hortensio de' Medeiros, Psicologia dOB 
lId Picchia. Angustia

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