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"Admoestador, confidente, amigo. conse Iheiro e guia tern sido 0 Padre Casennro Campos para milhares de jovens. em sua vida de educador, conferencista e diretor espiritual. A Iida com essas almas m6r;as Ihe ensinou 0 segredo do corar;ao da juventude. o que ele escreveu aqui. ensinou centenas de vezes na sua vida de missionario da mo cidade. Fala com a autoridade da experi encia. o Iivro foi escrito para fazer 0 bern. Ve-se que nao tern outro fito nem outros cuidados. 0 autor escreve COil' os olhos nas almas. Os seus leitores 0 compre·enderao. porque sentem que sao compreendidos. Oeste reciproco entendimento vira na certa 0 exito deste livro - 0 bern espiritual. 0 lar feliz, unico alvo a que ele- visa." (Do prefacio do Mons. A. Negromonte.) * ~~t.,;; ,".'~ /v-~' ;1.' ,~l "JJ \I_ __ \,,);'-rJ ~lY V' '1J" rv :A. ESPERA DO NOIVO 1 OBRAS DO A UTOR : EDUCAQAO SEXUAL HIST6RIAS PARA SEU LAR UM BRASILEIRO NA EUROPA Publicadas pela EditOra "0 Lutador" '* LIVRARIA JOSf; OLYMPIO EDIT6RA ES~'ADO DA GUANABARA: Av. Nilo Peganha, 12, 6.° and., RIO DE .JANEIRo Filiais: SAO PAULO: Rua dos Gusmoes, 100, SAO PAULO PERNAMBUCO: Rua do Hosp!cio, 155, RECIFE MINAS GERAIS: Rua Sao Paulo, 684, BELa HORIZONTE RIO GRANDE DO SUL: Rua dos Andradas, 717, P{)RTO ALEGRE P.E CASEMIRO CAMPOS, S. D. N. """' A ESPERA DO NOIVO PREFAcIO DE Mons. Alvaro Negromonte LIVllARIA JOSE: OLYMPIO EDIT6RA .l;HO DE JANEIRO - 1960 NIHIL OBSTAT Manhumirim, Mo Go, poe Paschoal Rangel, Censor 20/8/59 SoDoNo * Imprimatur Manhumirim, Mo Go, 20/8/59 'f Jose Eugenio Dispo Diocesano COMO PREFACIO Vida flagrante - espont£mea, natu~ ral, refrataria a artificios, porque quoti~ diana e diuturna - 0 lar revela os carac~ teres com forfa insuperavel. Nao he.. mascaras que the resistam. Resistem aos encontros fortuitos, mas caem fulminadas na convivencia diaria. Ai nos manifesta~ mos como somos, em fidelissimos retratos d'alma, sem retoques e aformoseamentos outros, alem dos que nos legou a natureza ou nos acrescentou a educaf;ao. POI' isso, deve vir de mais longe a preparafao do lar feliz. Sugam~na as crian~ cinhas no leite materno, gravam~na as reti~ nas inocentes dos pequeninos, sentem~na os filhos nas doces e tolerante·s atitudes dos pais. Como tudo na educafao, rebenta de fundas raizes escondidas no berfo: de mo~ destos cuidados na formafao de habitos: de solicitudes impondere..veis como graos de areia, que, como ele·s, se ligam para 0 ali~ cerce e 0 revestimento do edificio domestico. v Na criancinha voluntariosa. ditatorial ou caprichosa. ja podemos divisar 0 ma~ rido autoritario ou a esposa exigente e im~ perativa. Ambos talhados para a infeli~ cidade conjugal. Mais do que na adolescencia ou na mocidade. e no jardim~de~infancia e na mamadeira que se aprende a boa convi~ vencia domestica. que. afinal. e mere fruto da boa educa~ao. Sabe~o muito bem 0 Padre Casemiro Campos. que e um educador. Mas sabe igualmente que nao e possivel abandonar os que ai estao enfrentando os problemas preparatorios do matrimonio. sem 0 neces~ sario equipamento. Adolescentes que sen~ tem os primeiros apelos do sexo ou moros que escolhem 0 futuro conjuge reclamam uma palavra de alerta. um grito de adver~ tencia. urn conselho de prudencia. uma atitude compreensiva e amiga. em que eles confiem e que possam seguir com seguranc;a. Admoestador. confidente. amigo. con~ selheiro e guia tem sido 0 Padre Casemiro Campos para milhares de jovens.em sua vida de educador. conferencista e diretor espiritual. A lida com essas almas mo(;as lhe ensinou 0 segredo do COrafaO da juven~ tude. 0 que €le escr.eveu aqui. ensinou VI centenas de vezes na sua vida de missiona~ rio da mocidade. Fala com a autoridade da experiencia. o livro fOi escrito para fazer 0 bem. Ve~se que nao tem outro fito nem outros cuidados. 0 autor escrelJe com os olhos nas almas. Os seus leitores 0 compreenderao. porque sentem que sao compreendidos. Deste reciproco entendimento vira na certa o exito deste litJro - 0 bem espiritual. 0 lar feliz. iinico alvo a que ele visa. d-k~ VII JOVEM LEITORA: o fato de voce abrir este livro prova talvez que seu cora~ao ja despertou para os misterios inquietantes do amor. Se voce ja se perturba na presen~a real ou ima~ ginada de um jovem: se 0 seu coras:ao ja escolheu dentre os mo~os de suas relafoes 0 eleito de seus sonhos: se voce ja ama ou deseja amar, e para voce que esse livro foi escrito. Nao e propriamente um livro de formas:ao da jovem. Nem mesmo uma orien~ tafao completa sobre 0 amor. NEw, nao foi e·sta a pretensao do autor. o alvo destas paginas e antes de' tudo indicar ao barquinho trefego de seu coras:ao alguns rochedos quase- a flor dagua onde 0 seu amor poderia naufragar. Por isto mesmo alguns paragrafos sao antes negativos que positivos. Deu~se· de proposito muifa atens:ao aos "perigos do amor". T alvez porque quem escreveu estas paginas nao e um homem de gabinete. S alguem que freqiientou, por muitos anos, os meios juvenis, os divertimentos juvenis. VIII o que ai vai escrito sabre as naufragios do amor e os meios de evita-los nao foi bebido nos fivros mas na vida real. Se alguma vez 0 autor the parecer um pouco rigoroso, mormente ao tratar do "beijo", do "flerte", do namaro, etc., veja nisto ape-nas a sinceri~ dade, 0 desejo de ver seu coras:ao singrar 0 mar arriscado do amor sem a derrota de um naufragio. Voce, menina, como adiante diremos, nao pode mudar a psicologia dos rapaze'S. Mas pode "ensina los" a se contmlar, a respeitar 0 amor. tisse· livro quer ajuda~la. 0 fivro e seu. DC , A ESPERA DO NOIVO SONHOS DE M6<;A Abrigada entre montanhas. a vila solitaria vivia bern sossegada. Ali nao chegara ainda 0 trope! da civiliza<;ao. promovendo 0 progresso. ampliando am~ bi<;6es. No fundo do vale passava 0 corrego. As aguas limpas de:sciam em busca do mar, gemendo mon6tonas na boca de pedra das cascatas. Urn dia. fez~se uma represa, captou~se a energia do c6rrego. montou~se uma usina eletrica. Tudo ali mudou. A. placidez antiga suceden 0 bulicio ofegante, a vida tumultuosa das cidades civi~ lizadas. Aquela cidade e voce, jovem leitora. Anos atriis i'ieu cora<;ao dormia. Sua alma sonhava sonhos infan~ tis que nao the turbavam a qUietude intima. For<;as llcultas invadiram, Iii pelos 14: anos, todas as ce1ulas til' seu corpo, com ressonancias poderosas em sua alma de adolescente. Sao os hormonios.1 Glandulas. illativas na infancia. segregam, a partir da adoles I hH'ia as subsUincias hormonicas. Elas condicionam .. IwrKidem a transforma.;;ao da menina em mo<;a, e 111.1" II dramatismo psicol6gico dessa quadra da exis IId,1 fcminina. 1 '("'fltnmos apenas dos hormonios determinantes dos O...I'llll" ~(lxuais secundarios e estimulantes das fungoes '" II vIt" iL procriagao. 1 As mulheres. disse alguem, gostarn dos extremos. Particularmente a mocinha. Em certos momentos, otimista, corajosa, euf6rica. Outras horas, sem saber por que, abatida. desanimada. triste, pessimista. On~ tern meiga, hoje, uma pilha eletrica. Nao se admire. nao desanime. It assim mesmo. ,. ,. '* "Do teu principe' ali te respondiam As mem6rias que na alma Ihe moravam. De noite em doces sonhos que mentiam De dia em pensamentos que voavam." Voce pensa no seu principe, sonha com ele acordada ou dormindo. Engrandece~lo. sublima~lo. ama~lo e sentir~se amada por ele. "Voar, varrer 0 ceu com as asas poderosas S6-bre as nuvens correr 0 mar das nebulosas Os continentes de ouro, 0 fogo da amplidao." Voar, mascom ele. ao lado dele. E por isso que a mocinha delira com as novelas. Sua imagina~ao fantastica vive por vezes num mundo falso. inexis~ tente, sempre .prestes a desmoronar~se. sob os golpes da realidade. "Chegara a essa idade das quimeras, dos sonhos. dos enlevos os mais ternos. "2 Salvo as exce<;5es, e mais ou menos assim toda mocinha. 2 Guerra Junqueiro, Batismo do Amar. 2 AMOR A gruta era escura e fria. Mas alguem abriu uma clarab6ia no teto. 0 sol a pino inundou~a de luz e calor. A gruta trans£igurou~se de repente. Assim o coraC;;ao. a alma, todo 0 ser de uma jovem des~ lumbrada pelo seu primeiro amor. Uma seiva nova e fulgurante a envolve. Refolhos d'alma ate entao ignorados surgem a tona da consciencia como bando alvissareiro de passaros chilreantes e inquietos. Ela se sente transportada ao Ceu, consoante a frase de Geibel: "0 amor e a escada de aura por onde 0 cora<;;ao se eleva ao Ceu". Cuidado. menina, que esta escada costuma quebrar~se pelo meio antes de se atingir 0 topo! Ei~lo, 0 principe encantado com quem ela so~ nhava dormindo e sonhava acordada. 0 cinzel da i Illagina<;ao 0 talhou de acordo com seus sonhos de .1I11or. Mais que llunca, na adolescencia feminina e vl'rdade que, visto com alTIor, 0 corvo e branco. 1!l1 '1'1': AMO 1':lllevada, delirante de ventura, ouve, a vez pri~ 1111 II.,. ;1 jovenzinha estas palavras dos labios "ange~ IJ'WI" do amado: "AMORI A que abismos nao 1'1' 111'11.1:: () cora<;;ao humano"!3 V1!'lllllo. 3 Na sua inexperiencia candida, quase infan til. jamais suspeita a mocinha que aquelas palavras talvez sejam mentiras. QUE 'f: 0 AMOR? Nao podemos entrar em profundezas filos6ficas sabre a natureza do amor, 0 que em geral interessa a mac;a nao e a teoria exaustiva do amor, mas tao~ somente 0 sentido emocional. seu aspecto pratico, suas pOSSibilidades, Todo amor e. em ultima analise, uma incIina~ c;ao daquele que ama para 0 que e amado. Pode~se amar a si mesmo, amar outras pessoas ou coisas, amar a Deus. Nosso objetivo nao comporta amplas considera~ c;6es sabre as multifarias tendencias e manifestac;6es da grande paixao humana. Limitemo~nos, pois, a tres facetas do amor, 0 bastante para analisarmos e penetrarmos bern 0 sen tido da inclinac;ao de urn sexo para 0 outro, tendencia natural, querida por Deus, mas espantosamente degra dada pelo sensualismo burgues. TRBS AM6RES: a) Amor sexual b) Amor espiritual c) Amor cristao i a) Amor sexual e aquele que busca no parceiro apenas a satisfac;ao carnal, do desejo meramente sensual, visando tao~s6mente 0 pmzer. Ama~se a outra pessoa enquanto ela proporcionar gazo er6tico, prazer meramente animal. Cessada a esperanc;a desse prazer, ou saciado 0 desejo da posse, 0 amor sexual esfria, e morre. Nao raro, se transforma em 6dio. Sao diarios as casas de urn rapaz transpor ceus e terra par "amor" de uma donzela e depois de pos~ sui~la, abandona~la, despreza~la, odia~la. 0 amor sexual, e, pois, a morte do amor, a animalizac;ao 00 homem, a degradac;ao da pessoa humana. Sao do Dr. Carnot estas reflex6es: "Quando d '!10: eu gosto de carneiro, quero dizer apenas que 1111' aurada 0 prazer que me da ao paladar a carne de •drlll'iro. Na realidade, e de mim que gosto. A prova t' 'Ji"' aceito que a carneiro seja degolado para me 11I1l1'Ilrdonar este prazer." IlIh'(izmente a literatura moderna, "alta" e 1I.,I~.", "dcntifica" e popular; os divertimentos mun !tIll..... "111 suma. todos os centros de interesse da 11''I"lIllldl' I'stilo saturados da ideia de que amor e sexo I 11'1'11111:. I:quivalentes. l.dll".lI(o a reac;ao construtora de luminares da lit lIloi l' .1;1 Psicologia, de livl'OS como os do p.e II 111111 1111 Il . .II' JLilia Payot, Dr. Carnot, Dr. Irineu I • 1111 • .-liI'I, 1'1'1:. etc., as mac;as nao tenham ilus6es. I 11111111/ 1.1 dl' I1()SSOS rapazes, estudantes e ope~ Ill ... , 4' pllil/·l'~;. ignorantes e letrados, amar e II,m.,iII. "Isto nao e amor, e paixao. s ,ltl'" "I"" ''', Ii ',ollll 1111 Nao atinge os cora~5es ~ fica nos instintos. Nao estreita as almas ~ une apenas os corpos. Nao e isto amor. Se isto Fosse amor, os bichos tambem se amariam. Mas nao se amam ... "4 o mo<;;o a quem voce tern dado confian<;a, permi~ tindo intimidades que recusaria em presenc;;a de pes~ soas serias, e talvez urn desses animalizadores da mulher e do homem. urn caricaturista do amor. Se voce, leitora, conhecesse melhor os resultados tragicos das falsificac;;5es do amor, saberia ao certo que muitas vezes: Eu te amo, significa: eu te odeio. Enamorar~se nao significa amar. Pode alguem ena~ morar-se e odiar. Quantas infelizes, hoje desiJu~ didas, ouviram de labios sorridentes. entre promessas e juras de amor eterno, a expressao: eu te amo. Se pudessem voltar a vida feliz de moc;;a, para elas eter~ namente perdida, com que prudencia se aproximariam dos homens! Voce leva consigo urn tesouro. Sua candura de virgem vale mais que a prata e 0 ouro. Sua pureza e dote natural que the possibilita a conquista de urn Hmor que the alcance a ventura com que voce vive a sonhar. Nao esquec;;a que muitas vezes 0 tumulo do amor e da felicidade foi a doce ilusao de que' aquela paixao momentanea seria eterna. b) Amor espirituaJ (na definic;;ao de Lortie, na sua F'iloso[ia Cristiana) enquanto natural. e aquela incIina<;ao que procura 0 amado de modo raciona1. .,.....4 Pe. Negromonte. Noiv08 e Esposos, 6 Procurar 0 amado "de modo radonal" e busca~lo, nao para saciar instintos tao~somente, mas para realizar com ele uma troca de bens, como no caso de amizade, au ainda para dar~se totalmente urn ao outro, como no matrimonio verdadeiro. E buscar no amado urn <:omplemento de si, dar~se a ele para completa~lo, sem egoismo, sem calculos mesquinhos. :Este amor pode chef:jar aos mais belos desprendimentos, levando 0 amante a buscar apenas 0 bern do amado. com renun~ cia de troca. como no caso do amor materno. Amar e querer bern. Urn ~JTande amor: Foi na revolu<;ao de trinta. Susana e l'v'Iario estavam noivos. Mario foi para 0 )'I'llllt. Meses depois, voltava. Susana que 0 esperava IIII'ssurosa foi~lhe ao encontro. Do jovem garboso 'jill' p,ll'tira, nada quase restava. Vinha cego de urn \1111'. () rosto deformado por urn estilhac;;o de granada, HIli"1.1 Jo bra<,;o direito e da perna esquerda. Suas lilllllliJ'.ls palavras ao ver Susana foram: Desfeito 0 i'l. "II11ivado. Sou apenas uma ruina de homem. I)L< I" ,de casar com outro. '11'1.111.1 respondeu: Eu era noiva de urn simples 111I11'1I1 Iloj(' sou noiva e serei esp6sa de urn heroi. \'lIlj1rcstou-lhe suas asas. cairam todos os 'iI'lIl if tao longe. encontramos em toda III II nil i:0I110 anonimo de vidas ocuItas, ver~ "111,1/, .II' esp6sas e noivas capazes de espan~ Ilf -11• .111 .Ill :.\Iundo, ""4'IIt,u.t', 11"01,/ot. 7 "Amar. define Carnot, e querer nao a propria satisfac:.;ao. .. nem mesmo 0 prazer ou satisfac;ao de outrem. E querer 0 bern do ser que amamos, sem renuncia a reciprocidade. Portanto 0 verdadeiro amor tende a doac;ao de si. Nesta acepc;ao de amor, eu te amo. significa: quero a tua felicidade, como desejo que queiras a minha; quero unir~me a ti, quero dar-te tudo 0 que htl de born em mim; dar~me a ti para engrandecer-te, para fazer~te feliz, definitivamente feli'z. Quero que possamos juntos transmitir a vida a outros e realizar a nossa missao na familia; quero que possamos juntos exercer nossa influencia s6bre os que nos cercam e realizar a nossa missao na sociedade. "6 Aplica~se a este amor a Palavra do Santo Padre Pio XI: "Urn amor fundado, nao ja somente na incli nac;ao dos sentidos, que em breve se desvanece. nem tambem so nas palavras afetuosas, mas nointimo afeto da alma, manifestado ainda exteriormente, por que 0 amor prova-se com obras."7 c) Amor cristao. "0 erro basico do genero hu mano foi considerar que apenas dois elementos saO necessarios ao amor: tu e eu, a humanidade e eu. Na verdade, sao necessarios tres elementos: a pessoa, o proximo e Deus; tu. eu e Deus."8 No amor sensual ho3 somente urn objeto amado: 0 sujeito egoista que procurando no parceiro a propria satisfac;ao, ama-se apenas a si mesmo. No arnor na 6 A Servi90 do Antol'. Edic;ao Feminina. 7 Enciclica Casti Conubii. 8 Fulton Sheen, Mistth'io 'lo AmOl·. 8 tural sao dois os seres arnados. Duas pessoas se amam. uma e objeto do amor da outra. Mas 0 amor tern asas para subir aos ceus e fir mar-se em Deus. Fonte de todo amor. "Deus e 0 ver dadeiro objeto do corac;ao humano."9 Eis 0 amor cristao. E aquele que tern por objeto o proprio Deus. Deus pode ser amado diretamente em si mesmo ou indiretamente nas criaturas. Os esposos cristaos ;lInam a Deus atraves de si mesmos sem deixarem de m~ amar urn ao outro. Urn ve no outro uma do3diva do Ceu. urn meio de realizar sua voca<;ao crista. No /II.1I'l'imonio cristao 0 amor se torna triplice, sao tres os I'I',·S amados: 0 esposo ama a esp6sa, ela ama 0 Plll;(), os dois amam a Deus atraves de si mesmos. I;, 'd :lSCenSao do amor humano, longe de limito3-!o, \',11 .d,ll'qar-lhe os horizontes, solidifico3-lo e eternizo3-lo. ;,,11,1 ( :i1rlota dizia ao rnarido: "Amei-te com a mais 1.'1 !LI .I rl'iC50 possivel s6bre a terra, pois 0 meu amor .11 Ill" ,'ristao e eterno." I 111111"111'(: 0 amor cristao. "forte como a morte" IlIp.IVido a certos embates da desventura. A 1\.. , '1111' vb em seu noivo apenas urn complemento 101 11l"",·iollnlidade. urn born companheiro, sera ,.I'lllltll'llto enquanto €Je corresponder a sua Itll lVII, (J 1I:1I1do, porem. 0 que e tao freqilente, dl"\'I'!/'Il's, 0 corac;;ao esfria, definha e morre 1\1" 1 "II ('I','II'io, a esp6sa crista que ama a h- .'11, Id"n~. 9 Deus no marido. continua a ama~lo na desventura. mesmo sabendo~se traida pOl' ele. ela responde com o poeta: "Quando se ama, ha que sacrificar~se a proprio amor." "Se em meio a adversidade. Persevera 0 corac;ao Sereno, alegre e feliz: Isto e amor. outro naOo" 10 VOCES SE AMAM? Muitas vezes uma jovem sena. depois de varios encontros com 0 mo<;;o, come<;;a a duvidar se de fato existe amor entre os dois. Outras vezes eIa ja esta apaixonada pOl' ele, mas duvida se e realmente corres~ pondida. E urn momento perigoso. talvez decisivo. Cuidado! Quando amamos, pensamos e julgamos com 0 corac;ao e nao com a cabe<;a. Ora. 0 cora<;3.o, disse Alencar. e sempre crian<;a. mesmo debaixo da casa dos oitenta anos. Crian<;;a nao tern juizo. E de Shakespeare este conselho de auro: "Nao tomes por verdadeiro fogo esses cIar6es que dao mais luz que calor. Eles perdem ao mesmo tempo calor e lu,z, apa gam-se tao rapidos como nasceram." l1 Algumas refIex6es muito simples. mas que podem ser nestes casas excelente guia: a) A convivencia de voces e moralmente boa? 10 Santa Teresa. 11 Hamlet. 10 Voce acha que os dois se ajudam mutuamente na pratica da virtude. e se tornam melhores? Reflita neste pensamento de Cervantes: "Onde falta 0 desejo do melhor nao ha amor mas ape,hte sem freio." Se tal namoro esta sendo ocasiao de pecado: se nos encon~ tros de voces tern havido palavras ou ac;oes de que se envergcnhariam ou de que voces tern remorsos. cui~ dado! Amor que nao e casto e desatino comec;;ado. '. luxuria, nao e amor. E a "luxuria separada do amor. diz Chesterton, perecera". b) Existe entre voces uma base genuina de I "IIcordia 7 o amor se funda numa harmoniosa concordancia d,· dl.l<ls almas. Concordancia que pOl' sua vez requer IhpIIII:l semeIhan<;;a; nos gostos, pontos de vista. aspi t ol,.tll';I. etc. Noutras palavras: 0 motivo pelo qual '"t' I ~I()!;t.am de estar juntos e alguma reaIi dade capaz Ii- 1"101 los pOl' verdadeira amizade? Se for apenas a h. I. ,I ti,) rosto. a eIegancia do porte, ou de maneiras, II! ~'" dlJIIlT outro predicado passageiro, podem ser os ';11,,,' 111~I:lnosos de que fala Shakespeare, jamais. "'11 \. 1',J:II1"iro amor. ,"','S dois sao capazes de sacrificio urn pdo Illlhhcs quando escreveu: "Amar e sentiI' 'Ii',' :, cternidade impoe a vida." E que I .Ill ~i;lcrjficio". inl,,,, III,. l/\Inndo voce ne'da a ele alguma nd.' 1,1." ,!I.· ,'~abe renunciar? 11 E muito claro que estas normas nao sao absolutas. Nem e possivel em pouco tempo a m6<;a descobrir t6das estas qualidades, nos seus encontros com um rapaz. Sao, porem, excelentes avisos. Em materia de amor. mais que noutro qualquer terreno, e melhor pre venir que curar. TRIUNFOS DO AMOR Pelo amor procuramos fora de nos um comple mento a nossa pessoa. Podemos busca-lo num ser I\Il1al a nos. numa troca de bens que nao atinge 0 corpo: c' a amizade. Por uma entrega mutua, abrangendo "'lpirito e corpo, temos 0 amor conjugal. Finalmente, podemos busca~lo em Deus. Reali~ limos entao a caridade que e 0 grau mais elevado do llllor. 12 II III SUBLIMADO N.ill pretendemos dar a esta expressao apenas 0 Illldll "streito que the atribui Freud. Sublimar uma 11111'111 101 C realiza~la. satisfaze-la. dando~lhe urn III 111011:1 clevado. Sublimar 0 arnor. na acep<;ao d.lIl\os a palavra, e arnar nao apenas uma IIlo1~1 sair das criaturas ao Criador e de 103 1111'01: dl' amar t6das as criaturas. II Illllllr :H1blimado. uma assimila<;ao amorosa ao "d( )f~. "Todos os discipulos e esp6sas de .1" .".,11':1111 n estado de virgindade. di·z Sao poll.1 ...1(' conformarem com Cristo, seu '1111'111 II 1I11'1i1l10 estado torna as virgens seme~ 13 Virgem no seculo matrimonio (como veremos adiante), coloca a virgin dade acima do casamento; "A virgem cuida das coisas que sao do Senhor, para ser santa no corpo e no espi rito. lYlas a que e casada cuida das coisas que sao do mundo (como agradar 0 marido) ",13 "Aquele que casa sua filha. faz hem. Quem nao a casa faz melhor" .14 15 :14. :111, II \ II Com sua autoridade de Vigario de J. Cristo assim I I'xprime 0 Santo Padre Pio XII: "Apraz-nos con5i ,11'1'.11' especialmente que 0 fruto mais suave da virgin 01 It I.· esta em as virgens manifestarem. s6 pela sua exis I {III. 1,1, a virgindade perfeita da mae delas, a Igreja, I ·,.anhdade da uniao intima que tem com Cristo. I" loi'l rIa consagraC;ao das virgens. 0 Bispo pede a III II.:.. "lJue haja almas mais elevadas a quem nao III I " al'rativo das relac;6es carnais, mas aspirem " lI,j I nin que elas representam. nao imitando 0 que 1"I".a 110 matrimonio mas amando 0 que ele sig 1\ lU;lior g16ria das virgens esta em serem Itli I' " 11': vivas da perfeita integridade que une a I' ''''" " 'a'u Esposo Divino; e esta sociedade fun illll ('II/-ilo alegra-se 0 mais possivel ao ver que II "" I " :;jual maravilhoso da sua santidade e espiritual, como escreve tao bem II,U, ":;.10 fIor nascida da Igreja, be:leza e Se os sacerdotes. as religiosas e os religiosos. se todos aqueles que dum modo ou de outro se consa gram ao servic;o de Deus. observam a castidade per feita, e afinal porque 0 Divino Mestre foi virgem ate a morte. 12 "Sponsa Christi" 12 Pia XI, Enciclica 8acm, Virginitas. A virgem que renuncia ao matrimonio para dar se a Deus na abnegac;ao do Convento pratica urn ato de amor muito mais elevado do que aquele da virgem que se casa. Cresce 0 objeto do amor que entao e Deus, diretamente Deus, com desapego da criatura. No matrimonio, mesmo cristao, ha uma posse que humanamente falando compensa 0 despo jamento da entrega. Na virgindade, e Deus 0 tinico objeto do corac;aodesapegado dos atrativos do sexo. Por isso cresce tambem em si mesma a doac;ao. pois a integridade virginal firmada pelo voto representa uma entrega pessoal, um despojamento maior que 0 do matrimonio. Na pratica, marido e filhos exigem mais sacrificios da casada que 0 Senhor reclama de suas Esposas. Mas ninguem afirmaria seriamente que uma nolva se aproxime das nupcias com 0 mesmo espirito de doac;ao com que uma novic;a se apresenta a profissao religiosa. Os Santos tem feito os mais entusiasticos encomi05 as virgens do Senhor. E S. Paulo. um entusiasta do 14 -esplendor da gra<;a espiritual, alegria da natureza. obra perfeita e merecedora de toda ahoma e louvor. imagem divina em que se reflete a santidade do Se~ nhor. a mais ilustre por<;ao do rebanho de Cristo. Compraz~se nelas a Igreja e nelas floresce exuberante a sua gloriosa fecundidade; de modo que. quanta mais aumenta 0 ntimero de virgens, tanto mais cresce a alegria da mae." Colocando~se a Virgindade acima do matrimonio, nao se considera apenas a vida do claustro. A pri mazia da virgindade abrange tambem as mo<;as que. sem se fazerem religiosas. vivem na sociedade. con servando voluntariamente 0 seu estado de virgem. IguaImente estas podem sublimar 0 amor. Como? Ser mae e a grande missao da mulher. A mater.. nidade nao eXclui nenhuma jovem. A voca<;ao a vir gindade. quer no claustro. quer no seculo. fecha as portas a maternidade fisica. biol6gica, mas nao des.. tr6i na alma feminina a capacidade para a maternidade psicol6gica. espiritual. Ate pelo contrario. A inte.. gridade virginal amplia 0 espirito. dilata 0 cora<;ao. A maternidade espiritual e. pois, a escada luminosa por onde a virgem sublima 0 amor. Ela se torna Mae 'espiritualmente quando suas a~6es se exercem no sen" tido maternal. de abnega<;ao. de entrega ao servi<;o do pr6ximo no exercicio da caridade. nas obras de apos tolado. na pratica da virtude. na imita<;ao da Rainha das Virgens. Maria Santissirna.ls A mo<;a que nao casa so tern dois carninhos a esco lher: ou imitar a pureza e caridade da Virgem, fazen~ do-se Mae de rnuitos filhos espirituais. ou aniquilar~se I'smagada pela virgindade for<;ada. condenando-se a llIna vida inutil, fracassada, infeliz. Voce tern dtivida sobre sua voca<;ao? Feche este hvl'o. Nao foi escrito para voce. Leia Na Escolha do h,I///'o do p.e Geraldo Pires. Sente~se atraida pela virgindade? Seu livro deve 1'1' /\ Virgem Crista, escrito por Maria Luiza Chaveut. J;, conhece a Enciclica do Santo Padre Pio XII. ,III,' n Sacra Virgindade? Nnise momentoso docurnento 0 Papa eleva as rnais Illollllll'" alturas 0 estado de Virgindade: "A Sagrada Illpllcl,lI!c e a perfeita castidade consagrada ao ser~ IllI ,h' Delis contam~se sem dtivida entre os mais I 111'111" h':,oiros deixados como heran<;a a Igreja pelo hlluLllle)r," III'AI.IZADO .. Uma simples mulher existe. que pela .I,. 'WII 11III or. tern um pouco de Deus; e pela .I., ·,lId dcdica<;;ao. tem muito de anjo; que 'lI"lI'W 1'c)1l10 uma ancia. e sendo velha age 111.111,'1 da juventude. flit j'II11111 IlIoI':lldo, A M1tlher no Seculo XX. 17 16 Quando ignorante. melhor que qualquer sabio. desvenda os segredos da vida. e, quando sabia, assume a simplicidade das crianc;as. Pobre, sabe enrique~ eer-se com a felicidade dos que ama, e, rica. entre~ tanto se alteia com a bravura dos le6es. Viva. nao Ihe sabemos dar valor porque a sua sombra todas as dores se apagam; e morta, tudo 0 que somos, e tudo 0 que ternos dariamos para ve~la de novo e dela receber urn aperto de seus bracos, uma palavra de seus labios. Nao exijam de mim que diga 0 nome desta mulher se nao quiserem que ensope de lagrimas 0 papel; por~ que eu a vi passar pe10 meu caminho. MINHA MAE."16 A func;ao primordial da mulher. diz 0 Santo Padre Pio XII. a sua inclina<;ao mais inata e a mater~ nidade. Sonhcs de Alzira Adolescente ainda. Alzira sentiu desejo de amar I ,",1,': III 11.\ It,llllt:\--Se '1"'- , _1111111' I e ser amada. Durante anos. sonhou com 0 seu prin~ eipe encantado. Numa tarde de domingo encontra-se com Teofilo. jovem congregado mariano. modesto eomerciante. em Belo Horizonte. Amaram-se. noivaram. Durante urn ana de noi vado fizeram atraves de boas leituras e sob a dire(;)io de urn sacerdote, verdadeiro curso de preparac;ao a 16 Don Ramon Angel, num album. 18 Matrimonio. Aprenderam que somente vinculado pelo amor de Deus, pode 0 amor humano ser eterno; que 0 amor dos esposos so resiste aos embates da vida, se f6r amparado peio amor divino. Compreenderam que a missao de cada urn deles era ajudar 0 outre a rea~ lizar sua vocac;;ao crista, sua ascensao do amor fin ito ,to Amor infinito. Aproximaram-se do Matrimonio com aquele afeto ,lIhlimado, que sobe "ao impulso de suas asas, da terra "' t'imo da montanha, para perder-se em Deus". Em todos os domingos daquele ano de sonhos e IWI':tIl<;;as, comungavam, na companhia de uma das 11111.1'1 de Teofilo. (';':('imulado pela presenc;a de Alzira em sua vida, ,1,1, I I Il'sdobrou seus esforc;;os, ampliou os neg6cios, '111'111 'I", em breve economicamente independente. I 11'1.1 l'i1l1l-se, faz 19 anos. Comec;;am quase a enve sell amor nao envelhece. Amam-se ainda 11I:I-de-mel porque sua afeic;;ao baseada no nas renuncias, torna-se mais forte a IH: rorpos enfraquecem. I):tseado s6 na carne e freigH e corruti 1"1'lll'ia carne. 0 amor espiritual participa IIld,,1I1I:\dt: do espirito!" S6 ele merece 0 I I 1'"11'1l tudo consome. I, .Ill l'I'dra ° lctreiro, I II III \JlIlll'iI neln consome t I ,,""" ,/11,· e vcrdadeiro." 19 Tiveram oito filhos. o mais veiho, congregado mariano, cursa atualmente o terceiro ano cientifico no Colegio Arnaldo, Duas mocinhas, brilhantes alunas do Colegio Scnta Maria. sao membros entusiastas da J. E. C. F. o ca<;ula tern seis anos. E 0 unico membro da familia que nao comunga todos os domingos. Os outros cinco sao estudantes, alegres, aplicados, felizes, Sempre se adaptando as circunstancias, e mais ou menos este 0 horario da casa de Teofilo: As badaladas matinais dos Angelus ja encontram quase todos de pet Ate que 0 ultimo dos filhos saia para 0 colegio, e grande a luta em casa. Tudo, porem, num ambiente de serenidade sob 0 contrale energico e bondoso da dona cia casa. Ao meio~dia, todos de volta, sentam~se a mesa presidida pelo pai, mineiro da gema, bondoso, sorri~ dente. falando pouco mas sempre pronto a uma res~ posta bondosa as perguntas da meninada. Entre eles, anjo do lar, alma viva de tacias' as alegrias de famJ!ia D. Alzira a todos atende, como uma especie de divindade presente em todos e em cad urn. "A mulher faz a casa", Ali se concretiza a palavra do Espirito Santo: "Tua esposa sera a parreira carregada no interior d tua casa. Teus filhos como mudas de oliveiras, esta rao ao redor de tua mesa." E seu marido e feliz, poi "ditoso aquele que vive com uma mulher de bo senso."17 17 Eel. XXVII. 20 Aos domingos, tada familia vai a Missa das sete. ' na Igreja paroquial. Ali no sacramento da unidade apertam-se, a medida que os filhos vao crescendo, os elos de amor de todos os membros daquela faml1ia ditosa. De volta da Missa os mocinhos vao para 0 l'rimpo de esporte, para a pisdna. As meninas Hearn ('Ill casa ajudando a mae nos arranjos domesticos. 1,/1 para uma hora serve~se 0 alm6~0. apos 0 qual os IIIh05 maiores vao a reuniao das Associar;6es a que 111 Ill'ncem, as menores vao a rna tine se a cota<;;ao moral I 111 a e boa. J.\. noitinha, os maiores vao a primeira .10 do cinema. as menores quase sempre ficam III (d::a com 0 pal ou a mae, a nao ser que uma festa I.lIl1ilin os leve a todos a alguma casa amiga.Em r,d .I't nove horas tada a familia reza 0 terr;o diante l '''l'oIl,;C>es de Jesus e de Maria. Aquele lar e uma ... tI,· paraiso terrestre. urn pequeno reino de paz '111111'01. Teda a familia ama, porquanto 0 pri~ I tllolli 10 de felicidade domestica e 0 amor do Lar. I, 1111\.1 " felicidade. I' a doce rainha, anjo da guarda de almas felizes. Amada pelo espaso, pI h,'. filhos, ela se sente agora plenamente l""''''IIf'llIlll.l. ,Ill:; sacrlficios de espesa e Mae. i~1r jl " plcnamente feliz. Seus sonhos de I, ilii I: Il'iI compreendem por feliz expe l' .Il,.lll para 0 casamento e uma voca~ , lllli I'd i~.lda atraves da piedade e da 21 Ser Mae! Eis 0 sentido profundo desse tumuItuar de vozes, que regurgitam numa alma de m6<;a. Voce, leitora, sente por vezes, palpita<;6es miste~ riosas em presen<;;a de urn jovem que the parece atraente, fascinante! o mar que, enquanto escrevo, ruge fremente aos beijos frios do vento suI, nao e mais impetuoso que 0 seu cora<;ao de m6<;a em certos momentos. Outras ve·zes 0 amor the penetra todo 0 ser feminino com a suavidade das brisas matinais. Porem sua grande finalidade e sempre il mesma: preparar essa criatura divinal que chamamos: Mamae. A mulher e tacla, corpo e alma, feita para 0 dom de si mesma, para 0 amor. 0 instinto maternal lhe envolve 0 ser e transfigura a intensidade misteriosa. "A maternidade e 0 rnais alto titulo da mulher."18 18 Mantegazza. RELIGIAO E AMOR o Evangelho nao veio aniquilar as paix6es do til II;,io humano, mas ao inves, dirigi-las, sublima~las, ,'Illbia~las para a conquista da verdadeira liberdade, I Ir!iddade humana. A revolu<;ao do Evangelho foi pn I.dmente profunda e benefica no que toea ao amor Id 1IllIlher. d'Jlldes seculos medonhos que precederam a .10 (:risto. a mulher foi somente urn joguete das It ,I,) horn em. 111'\ entre os povos de mais requintada civili~ 011'1', t):i cgipcios e babil6nios. gregos e romanos, 'hri ' ""'~ pnssava de escrava do hornem, Na ,. Mlbia, os fil6sofos duvidavam que a I .lIl1ln. a mulher. Deu-lhe em Hi' III «1:; Illesmos direitos. Deu~lhe tambem 1111011' I II I !\lr!I\HLl 11I'!;';o;l!ll1ente participar de uma 23 22 "0 Matrimonio foi instituido por Deus no paraiso terrestre, quando abenc;;oou nossos piimeiros pais e lhes conferiu a sagrada missao de perpetuarem o genero humano sobre a terra, educando seus filhos para a vida presente e para a gl6ria eterna."19 Mas 0 pecado original. transtornando tudo, vul~ nerou 0 amor, degradou a uniao do homem e da mulher. destruiu a sacralidade da familia, Cristo veio reabilitar a humanidade. reformar tudo 0 que 0 pecado arruinara. 0 amor fora talvez a maior vitima do pecado. o Salvador 0 remiu elevando 0 matrimonio sublime dignidade de sacramento, Ao se casarem, os esposos cristaos recebem grac;a do sacramento, Esta grac;;a tern duas func;;6es a) Santifica 0 amor conjugal. tornando merit6rios atos de si naturais; abenc;;oa os conjuges, fazendo~ cooperadores de Deus na propagac;;ao e santificac; da especie humana; b) Da forc;;as especiais que aj darao os casados a serem fieis ao compromisso fei a suportarem mtituamente os defeitos, a cumpri fielmente a grande missao de cooperadores de D o Matrimonio Sacramento e, pois, a consagrat; o amparo. a garantia d0 amor. 19 Ritual Romano, A SANTA IGREJA E 0 AMOR CONJUGAL E~tado de Perfeir;ao Vimos linhas atras que a virgindade em si mesma :;llperior ao estado matrimonial. A integridade da "'1"111, ao mesmo tempo que simboliza a perfeic;;ao, .Idol a entrega total a Deus. Aquela que e casada, \1 I':spirito Santo, cuida de como agradar 0 esposo. "'\II'm s6 se preocupa em como agradar a Deus. "lII' isso a Santa Igreja exige a virgindade abso~ \ 1'"1'.1 ('\s esposas do Senhor. as religiosas. S6 1"III'I'ss6es especiais certas Congregac;;6es rece~ nao inclui nenhum menosprezo ao iiI f,11I1J)OUCO sup6e a Santa Igreja que uma 1'..111 l.d·o de ser virgem, no seculo ou no .. /.1 IlInis santa que outra casada. Sera 111,11 dllil-mio urn estado de perfeic;;ao? 1'"l1d,' () Padre Kelley. S, ], Deus nao II \ I ',I', Quando Cristo ordena: Sede 1"'1 r!'ito C 0 vosso Pai Celeste, nao 'I', I, hI lTistao, em razao do Batismo, d.. 'W II VI liver. na pratica das virtudes nil' ,,\, :lill'ltidade depositada em sua 1I_III.d Noutras palavras: Somos '" Batismo, 0 que equivale a 24 25 Ora, se (} mesmo EvangeIho quer que todos se~ jam perfeitos e quer tambem 0 matrimonio. e 'muito claro que embora sejam 0 Episcopado e a vida reli~ giosa Estados de perfeic;ao POl' excelencia, 0 Matri~ monio e tambem urn Estado de Perfei<;:ao.20 e 20a Grande e este Misterio Falando do matrimonio. S. Paulo disse aos Efe~ sios: .. Grande e este Misterio: digo-o em vista da relac;:ao com Cristo e a Igreja," No pensamento paulino a uniao dos esposos simboliza a uniao de Cristo com a Igreja. A vocac;ao ao Matrimonio e urn convite . colaborac;ao na grande obra de Deus. As crianc;as devem nascer, 0 paraiso cleve voar-se, os assuntos terrestres devem continual' curso. Mas e aos casados que Deus entrega a espan tosa e sublime tarefa de preparar cidadaos para patria e eleitos para 0 Ceu. Grande e, pois, este misterio Urge portanto pensar nele com seriedade. co responsabilidade. 20 Confira Pe. Geraldo Kelley, J'uvent1~de) 'Sexo e 1'1111 20-a Em Direito Canonico a expressao "estados de p feigao" tern urn sentido tecnico e se refere somente ao (, copado e a vida religiosa. Aqui nao empregamos a eXJl sao com este sentido tecnico. 0 que queremos dizer e o matrimonio nao se op6e aG,uela perfeigao que 0 Pa.l Ceu quer para todos os seus fUllos. 26 A Missa Nupcial Para garantir a felicidade dos esposos e dos Filhos, a Santa Igreja cercou 0 matrimonio de leis pl'otetoras. Leis que salvaguardam 0 arnor contra .I tirania dos instintos. Reservou em sua liturgia uma missa especial para a, llllpcias. o Concilio plen{Hio brasiIeiro exige que 0 casa~ 1111'111'0 seja celebrado pela manha, e que recebam os Illl:;W5 a Benc;ao solene da Missa N upciaI. Esta IIII','.d come<;:a peIas palavras: "0 Deus de Israel rea~ 'Illisa uniao:' '\ ',:;istindo a IV'Iissa e comungando nela. os nuben~ II II1f's1l10 tempo que renovam sua entrega batismal ,1,1" entregam-se urn ao outro em Cristo. "Con~ i III Christo:' pilrticularidade digna de nota. A ben<;ao dol II1i5sa nupcial refere~se particularmente a 11 '111110 se a Santa Igreja afirmasse que a mu~ lillI, .linda que 0 homem e beneficiada pelo 11',11" ,. que ela mais que 0 homem deve areal' III " .Ill matrimonio que etimologicamente 1"1 \ I'!' lit' Mile: "0 Deus, pOl' quem a mulher I 1\111111'111, olhai para esta vossa serva que, II I I' 11I:1I11'("io marital. implora 0 socorro de ( ;110;\' e1a os dons do amor e cia paz; I 1,111'\' n matrimonio em Cristo e imite .I111'.lS mulheres; seja amavel para 27 com seu marido, Como Raquel, prudente como Rebeca; longeva e fiel como Sara. 0 autor da prevarica~ao nao tenha poder algum nela enos seus atos. Encon~ tre ela na fe enos mandamentos constante arrimo; unida a seu marido. fUja de todo comercio carnal ili~ cito. Fortalec;a a sua fraqueza com 0 vigor da disci~ plina. Seja grave pela sua modestia. veneravel pelo seu pudor. instruida na doutrina do Ceu. fecunda na prole, honrada e inocente. e alcance a paz dos bem~ aventurados e 0 gazo do Reino Celestial. "21 Benc;ao do leita nupcial A uniao dos esposos numa s6 carne, sendo que~ rida por Deus. DaO e apenas permitida. tambem pela Igreja. A Santa Igreja acompanha os jovens esposos ao novo lar. Reserva uma benc;;ao particular para 0 leito: nupcial: "Aben~oai,6 Deus. este leito. a fim de qu aqueles que nele vao deitar-se possam reintegrar~ na vossa paz e perseverar na VOssa Vontade. possa envelhecer e multiplicar~se por muitos anos. e alcan~ o reino dos ceus." Quando 0 amor santificado pela gra~a do mat manio transforma os esposos em colaboradores Deus a Igreja vern ao encontro da Mae crista, com ben<;;ao da mulher gravida: "Senhor. Deus. Autor universo. poderoso e temivel. justo e misericordio. 21 Ritual Romano, Bengiio NupciaJ. 28 V6s que livrastes a Israel do erro, tornando os nossos antepassados dignos de V6s e santificando~os pela mao do Espirito Santo, V6s que, com a colaborac;ao do Espirito Santo preparastes 0 corpo e alma da glo~. riosa Virgem Maria. a Eim de que se tornasse urn tabernaculo digno de vosso Filho; V6s que inspirastes ;1 Joao Batista com 0 E. Santo e 0 fizestes exultar Ill) ventre de sua Mae, aceitai 0 oferecimento de um "I'ac;ao contrito e a prece ardente de vossa serva (1IIhma) que humildemente vos implora pela vida do 11I1I1l que concebeu por vossa Vontade. Protegei~o 1101 hma da provac;ao e defendei~o contra os ataques II) lIIimigo trai~oeiro, Com 0 auxilio da vossa mise~ 1'111'.1 ia possa 0 seu filho ver a luz do dia na ale~ 1,.. ", lima vez renascido pelo Santo Batismo pro~ IIf,11' p~rpetuamente os vossos caminhos e aIcanc;ar ,,1.1 dc-rna. Pelo mesmo Jesus Cristo que vive e 1,\ 11111Vll~CO em uniao com 0 Espirito Santo. Deus, fH.1.1 "cternidade. Amem," "/,,,'1 0 parto I. pnrto, se a venturosa mae se apresenta '.11111111" 110 templo. ainda a Igreja a abenc;oa I.. 11111" \!\;rimania que termina por esta prece: 1.""'...."1'1111',,1"1111' C Eterno. que pelo parto da Bem~ Ihflflll'ld" \'1''.)1'111 Maria. transformastes em alegria IUIII1,:I",; IJIIC se tornam Maes. olhai vossa III .I,ll' VllS gra~a no Templo sagrado e 29 .1111 "A Pclo E a Da 11.\ no Norte fazei que. pelos meritos e intercessao da Bem~Aven turada Virgem. merec;a ap6s esta vida. chegar com seus filhos as alegrias celestes. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amem." Longe. portanto, de ser contra 0 amor humano, a Santa Igreja 0 cerca de todo carinho e' amparo. Suas exigencias juridicas em relac;ao ao matrimonio tern por fim nao apenas as observancias das leis divi~ nas. mas tambem defender a mulher contra a volupia do homem, e salvaguardar os direitos sagrados do amor. 30 FRACASSO DO AMOR o amor e a maior das paixoes humanas. Guiado pl'1as luzes da razao e da fe, ele enobrece, eleva e .llitifica. Mas quando posto a servic;o das paixoes 1I11'.'l'iores, deixa de ser amor, degrada e aniquila a I'! . ill;1 humana. E 0 fracasso. I':xaminemos de passagem os varios tipos de mu~ Ihi.'II·: fracassadas. I I \ 1\ IlERREADA a seguinte quadrinha: pior das voca~6es demo foi criada tremenda voca<;ao titia aperreada." pOl'em. as titias aperreadas? Todas Nfio. nao! Ja vimos que muitas mu~ plenamente como solteiras subli~ 11l1'1l;lI\do~se Maes espiritualmente dos :ll'lIS alunos. de todos aqueles que ,.ll'inhos maternais. 31 Titias aperreadas sao as que ficando solteiras contra vontade. em vez de superar a situac;ao pela virtude, pela dedicac;ao, trancam~se no seu egoismo, insatisfeitas, inconformadas. Querem a t6da f6rc;a parecer jovens. Escon dem as vezes ridiculamente a idade. correm de quando em quando, inquietas, nervosas ao instituto de beleza, pintam-se, maquilam-se, enfeitam~se, etc. etc. Arrancam furiosas 0 primeiro cabelo branco en contrado na cabec;a. Nao perdem festas nem bailes. Quando algum rapaz, mesmo crianc;ola, lhes da confianc;a, atiram-se contra ele semiloucas,. furiosas, ridiculas. Outras procuram um derivativo na Religiao, aquilo e forc;ado. CoraC;;ao egoista nao tem para os sentimentos sublimes do Cristianismo. Ainda que exteriormente se dediquem a causa de Deus continuam mesquinhas, teimosas, maledicen tes, invejosas, ciumentas, irritadic;as, autoritarias, rancorosas, perigosas, desedificantes. IMPERIA E D. JOAO Conheceram-se num baile de carnaval. Amaram-s De principio Imperia amou D. Joao com ingenuo de donzela inexperiente e pura. Amou-o depois com amor ardente, louco. D. Joao depois de possui-la desprezou-a. rou com ela a vergonha das sarjetas. () golpe foi medonho. 0 maior que urn corac;ao feminino pode receber neste mundo. Passados alguns meses, Imperia tentou recupe~ rar-se. Afinal de contas, ainda era jovem e formosa. No corac;ao ferido ainda the ficaram algumas gotas de ;1l110r. Derramou-as s6bre outro amante. Novo aban~ de)Uo cortou-lhe em breve tada a esperanc;a de ser .1I',:lda e apagou-lhe no corac;ao infeliz as uItimas cen~ t,.Jltas de amor. Oh! alma enlameada que lutando .,.1"/1 libertar-se cada 'vez mais se afundaJ22 Desilusao ... NEio creria mais nos homens. Ama-los? Jamais! :;j'lI corac;ao, sua alma de mulher tinham morri~ I' .1.1 as doc;uras do amor. Restava-lhe contudo, I" I, '.1 fisica. ,. ... ... .1I10S depois. III "lIvclhecida, mendiga, enferma, a procura saira breve para 0 terceiro plano .1.-,1;,,11' iiI' lima rua. a miseravel encontrou D. I II" P. I..hills pas urn grande poeta esta quadra 33 32 I" pt"lrto ... 1111· com I ':\.1 IIIP" ,I' Hi" I 1'01 1111.-"1 lin,. Iflll'lItl:: mulheres por profunda desiIu etern "6 desgra.;ada Imperia! Quem me diria outrora Que eu tinha de te vel' csta misel'ia, Em que te encontro agora?" Num rieto de odio impotente e imenso. responde Imperia: "POI' ti, D. J0<30, abandonamos tudo! A flor da primavera, as gra.;as matinais, As alegrias do amor, doccs COmo veludo, Partiu-se-nos da fe 0 cristalino escudo. Dcixamos para sempre os leitos virginais, Por ti, D. J050, abandonamos tudo. Dos teus olhos febris as doces plinhaJadas, Mataram-nos da alma os sonhos cristalinos. Andamos pelo mundo exaustas, desgrenhadas, Lan.;ando no abandono, a beira dos caminhos, Do teu It:iorico amor os frlltos pcqueninos. Maldito sejas tu, pOl' tada a eternidade, Em nome da jllsti.;a, em nome da orfandade'. Em nome da miseria, em nome da inocencia, Em nome de Jesus, do Ceu, da Providencia Maldito sejas tu POI' tada a eternidade." 23 Mas quem e Imperia? Sao todas as traidas no seu amor pela volupia do homem e sua propria leviandade. Dali por diante, mente infe1izes, impotentemente revoltadas, didas, aguardando a morte prematura e 0 esquecimento num tumulo sem cruz, sem nome. 23 Guerra Junqueiro, A MO?·te de D. Joao. 34 E D. JOao? E todo homem capaz de zombar da mulher que excessivamente conEia nele. 13 0 seu namorado ou 0 seu noivo que Ihe falta com 0 respeito no cinema, no banco do jardim ... Se voce cometeu nesse terreno as primeiras levian dades, e tempo de recuar. Depois talvez seja tarde demais. {VIAL CASADAS o born casamento e urn porto contra os ternporais 1.1 vida. Porern, 0 mali casamento e uma tempestade O. Alice Pontes e professora. Casou-se ha doze funcioniuio publiCO. se arrependeu. Afirma sempre que toda mu nrrepende de ter casado. Para ela 0 casa lima fortaleza de guerra: quem esta fora quer quem esta dentro quer sair. ";Isa e uma antecamara do inferno. S6 tive 1'1I1Ios, Jairo e Neli. Pobres crian~as! I i.dl1lente falando nada Ihes falta. Mas ia h<tstante a desventura dos pais. Presen discuss6es cheias de fel. Reconhe '" II l'l!timo la<;o que ainda traz amarrado 0 I, /:1 come<;aram a sofrer. Sua forma<;;ao I ;J'Ufilf: I i,la. .1<* 35 Sao numerosas as Dona Alice. Os advogados, os medicos e os Sacerdotes freqiientemente ouvem as queixas tardias das esposas arrependidas.infelizes. Das que abandonaram 0 marido; das que foram por ele abandonadas; das que vivem com ele sem amor, presas somente por motivos economicos. convenien~ cias sociais ou pelos filhos. Gra~as as conquistas da tecnica, apesar da crise de habitac;ao das cidades grandes, mais que outrora se consegue hoje conforto material nos lares. Mas adianta 0 bem~estar externo quando por dentro fervem os corar;6es7 * * * Sempre houve casamentos infeHzes. ... Inegavelmente, porem, 0 mal cresceu em nossos dias tumultuosos. A filosofia burguesa da vida subs~ tituiu 0 amor pelo contato ardente de duas epidermes. o gozo dos sentidos tornou-se a grande lei da vida. Brutificou~se 0 amor. 0 hedonismo, divulgado por mil modos, invadiu todos os setores da atividade hu~ mana. privada e social. Esqueceu~se a ideia de pecado, Freud reduziu 0 homem a um poc;o de libido, a vida humana a uma luta pela consecu<;ao do praze sensual, 0 amor humane a pura carnalidade. Ainda nao bastava ao delirio sensual deste secul, libidinoso. A Franr;a nos deu a rnais requintad expressao do sensualismo burgues: 0 existencialisrno. Nada e imoraI. desde que de prazer. Para Sartre so tern valor 0 fato. Homens e mulheres sendo fim de si mesmos podem buscar 0 prazer do modo que enten~ derem. Mas a sociedade burguesa cobre essa podridao "om 0 manto dourado de um belo eufemismo: IIlllclernismo. E a torrente ululante vai diariamente acachoando 1111': inditosos lares preparados e fundados sob a ban~ Ira escarlate do rnodernismo. J)ai 0 aumento surpreendente dos rnaus casarnen~ dos dramas conjugais, das tragedias amorosas. \1'" rimes passionais. I V()d~, leitora. e jovern. tem na,sua fronte 0 facho e no corac;ao 0 fogo do entusiasmo, as amor. V[I extingui~los na masmorra fria de um I "'IIIIlI('nto. I 1II,'lrim6nio infeliz tern duas portas: a rna pre~ ilia escolha. 11111"1 Incalizar e examinar estas portas para ""'l'IlIl(l~as. voce fUja ainda a tempo da cor~ 1.11i1 .I,. IITII matrimonio frustrado. 31 36 MA PREPARA~AO - Percorramos POl' miudo as fontes perigosas, doude nasce para a mulher todo fracasso do amor. a drama cia solteirona inconformada e as tra~ gedias passionais sitllam~se quase sempre na falsa pre~ .para<;ao para 0 casamento. POl' sua vez, os matrimonios desastrosos dependem geralmente da rna prepara<;;ao e (como depois vere~ mos). da ma escolha. Parece exagero. Se, porem, se considera que a preparac;ao ao matrimonio cleve iniciar~se, quand nao mais cedo, pelo menos no momento em que a ado lescente comec;a a experimental' atra<;;ao pelo outr sexo, entao se compreendera 0 sentido que damos palavra preparac;ao ao casamento, e 0 alcance espilll toso do ccmportamento de muitas mocinhas. Alguns romances (nem sempre aconselhaveis mocidade) ministram as jovens inexperientes li<;;5es fa midaveis. Ali pOl' vezes se pinta muito ao vivo a t gicomedia da burguesia. Semelhante ao Tantalo fabula, a familia aburguesada em vao procura saciar nos prazeres fiiteis, tornando~se cada vez mais i tisfeita, mais infeiiz. a amor e 0 grande mutilado na derrocada moral a que assistimos. A mulher, a primeira vitima do sen~ sualismo desenfreado. Passemos, agora, ao exame pormenorizado de tlguns erros femininos conducentes ao fracasso do Imor. • III(;ULHOSAS "Mulheres, obedecei a vossos maridos." E 0 con~ 11Il) de Sao Paulo. :; muito facil obedecer ao noivo. Depois do casa~ \l'\li", Hnda a lua~de~meI, muda~se 0 quadro. Aquela II 1\l1I1('C do noivo diminuiu muito. Tornou-se ele i!l,"k. A mulher orgulhosa, altiva, n130 se conforma fII jl ,il'il'ude dele. N,l romec;o n.3o era nada. Mas 0 orgulho da lilt I 11;10 se curvou. Brigaram. Poi a primeira I I incendio nao tardou. Depois a separa<;ao. pcrigos se exp5e a m6c;a orgulhosa. As~ !I';lr "jill llm rapaz mais altamente colocado que I. ,,1,.ldo sera sempre desastroso. Mal casada II till 01 , I r;Il,;3ssada sempre. 11111111 ,'label' se voce e orgulhosa? Examine '", III,,':, sellS devaneios, seus atos. abe~ 11.11111111,' aOi; pais? Como trata as domes~ '!I'll [1,,,111,'1, os rapazes <:Ie condi<;;ao mais 11.1' Cede facilmente a urn parecer I JII,IIlOO contrariada, volta logo ao 38 39 normal ou permanece horas e ate dias melindrada, amuada? Procura ser amiga e indulgente para seus irmaos ou nao sabe sllportar as grosserias naturais deles? A estes qllesitos voce pode juntar muitos outros e fazer freqiientes exames de cOl1sciencia para fugir do orgulho que the pode assassinar 0 corac;;ao. EGOfSTAS E AMBICIOSAS Sao outras infelizes, S6 pensam em si Nos seus divertimentos, nas suas j6ias, vestidos. Ninguem espere delas um POlACO de dedicac;;ao. Nunca lhes sobra tempo para sair de seu narcisismo; o bem da comunidade social nao lhes interessa. Nao lhes falte dinheiro para seus caprichos pouco se importam que 0 pobre nao tenha pao; qu as pr6prias domesticas a seu servic;;o passem fom Nada disto cabe no mesquinho ambito de suas pre, cupac;;6es. :E:sse tipo de moc;a ve 0 casamento ta somente sob 0 prisma da ambiC;ao. Uma delas namora simultaneamente dois mo Queria, naturalmente, um s6, Tarcisio e mais c cado. Ate um pouco idealista, Mais atraente, en Roberto tem 0 rosto estragado por espinhas; semblante marcado pelo vicio. COl1versas levia palestra incomparavelmente inferior a de Tarcisio. Mas Roberto traja com mais elegfmcia. dos dois 0 mais rico? Certa noite parou a porta de Alice deslumbrante Cadillac. Era de Roberto. Comprara~o naquele dia. Vinha convida~la para 0 cinema. Estava decidida a escolha. Alice rompeu no dia l'Huinte com Tarcisio, na esperanc;a de casar com Illlnerto. Mas nao casou. Coitada! E quando esse tipo de mulher se casa, que des~ 1.1<;<1 irremediavel! Sao inimigas dos sagrados deveres Mite e de dona de casa. Se encontram um marido 1101 imagem, mergulham os dois no mesmo inferno I vitia. Em pouco tempo brigam, separam~se. Pior Id" lJuando quem cai na armadilha e um homem I I pie antevia no casamento uma vida de amor e 0\ .lIll', dol olllolescente normal e sonhadora. E ate urn Jl.lU(30 com que se entregam aos romances, ,I" radio, Sao distrac;6es aparentemente 11101', cujas conseqiiencias podem ser fatais. lIIales nesse jogo perigoso; 1) Os ou das novelas sao imaginarios, 111,1111 Modelos falsos, portanto. 2) A I ,'I've ali tambem e geralmente falsa. II.lhndo de romances da vida real. I'IJI'IHIl de focalizarem~se quadros nao Iii :, l'lI'III;I(,;ao da donze!a. 3) Carica~ 41 40 tUfa do amor. Chegamos ao principal escolho do romance e da novela. Nada mais perigoso na forma\=ao da mocidade! que a mutila\=ao, a falsifica\=ao do amor. Ora, a maioria dos romances trucida 0 amor, reduzindo-o a mere sen sualismo, Oll a exalta\=oes passionais. Muitos deles encerram trai\=oes, adulterios, dra mas c-onjugais, desquites, nao raro doirados pela fan tasia do escritor, de modo a impressionar fortemente e mesmo, a entusiasmar pelo erro uma jovem inteli gente mas pouco avisada. "Dize-me com que andas e te direi quem es." Ha muita verdade ness proverbio. Ora, os personagens dos romances e d novelas nem sempre servem de modelo a juventud A mo\=a ledora habitual de romance e a ouvinte ap xonada de nove)as de radio COlTem 0 risco de viv psicologicamente na companhia de homens e mulhe pouco recomendaveis. Acresce que nem sempre 0 autor do romance novela tem criterio filos6fico e moral segura. Don pode acontecer que 0 conjuge infiel seja apresent aos olhos, aos ouvidos e a inteligencia da jovem c her6i, ou martir envolvido num halo de simpatia c de verdadeiro fascinio. A novela de radio oferece mais um vozmeliflua dos locutores, a tonalidade inflamam a fantasia feminina, contribuem para a moc;:a num muncIo imaginario, ficticio, desvia da prepara\=ao para as realidades serias do amor. A esta altura voce ja interrompeu a leitura para replicar: Mas entao seremos crianc,;as? Nao sabe~ remos distinguir 0 bem do mal? Nao teremos con I role? Calma. senhorita. Crianc,;a nas coisas do amor I'llc!emos ser todos n6s, pois nesses dominios quem 11I,lllda 0 mais das vezes e 0 corac,;ao; e este menino I, v,ldo jamais cria juizo. Controle, se voce de fato 0 possui, use dele para q rn r suas leituras, seu programa de radio. Dis 1l1',I"ir 0 bem do mal e muito facil quando a coisa nao " 1I11'eressa. Mas se 0 cora\=ao apaixonado, a ima~ 11,1I"Il) incendiada, abrem caminho, os mais experi~ '1",los fracasslm, tomam por bem 0 mal. E hoje ,I., dllvida que 0 nosso comportamento, nossa men~ !llll,', e em boa parte condicionada por imagens 110 inconsciente. De la, do fundo escuro do l'I', onde nao chega a luz da razao, 0 faroi 11'10 1I'llcia, aquelas imagens nos impelem, arras~ " 1111 j l1am nossos pontos de vista, nossos gostos, ,I II 11. IS, nossa interpretac;:ao da vida. III que cenas e personagens do romance e Ill, "Illlipletamente esquecidos influem na sua I·ul.. 1I11 slIa conquista do Principe encantado. J'O,J~'I' dl: imita\=ao cia adolescencia? E a forc;a " ,j" l'.~clllplo? II(lO se conformam com a condi<;;ao 111111 I:, lllllas inferiores. So 0 homem 43 42 tudo pode, so no homem nada pega. Por que nos mulheres nao temos os mesmos direitos do homem?'" Reflita mais, menina! Conhece a historia dos membros que se revoltam contra 0 estomago? Certa vez, nos diz Menemio Agripa, os mem~ bros do corpo come~aram a considerar: Nos t1'a balhamos, cansamo-nos a busca dos alimentos, en quanto 0 est6mago vive a nossa custa, ocioso. inert Fizeram greve. Por tres dias nao deram nada a, estomago. No fim do terceiro dia estavam os membra desfalecidos. Compreenderam: eram todos, estomago membros, orgaos do mesmo corpo. Cada quaL pore com fun<;ao diversa. Fato analogo se passa em rela<;ao aos direitos homem e da mulher. Voces nao sao inferiores a nos homens. Nem e si mesmas. nem perante a lei no Direito ocidental demo. Se a sociedade paganizada afirma que homem, em rela<;ao ao outro sexo, tern rnais direi que a mulher, e tao~somente para encobrir as fraqu do sexo forte. A sa filosofia, porem, combateu sem semelhante monstruosidade. Mas homem e homem e mulher e mulher. qual com os mesmos direitos mas gozando~os de neira diversa. 0 homem nasceu para ser 0 chef, familia, 0 dirigente das empresas. Cooperador, Providencia. complemento do homem, a mulher gra<;a, a beleza, a espiritualizadora da familia, 0 c' clos lares, 0 amor personificado. Se 0 homem e um mundo abreviaclo. disse um poe~ ta, a mulher e 0 ceu deste mundo. Nos metais grossei~ ros e menos chocante a mancha da ferrugem. A j6ia mareada perde 0 vale!.'. 0 homem e ferro, a mulher e j6ia preciosa e cobi<;ada. 0 homem sabe disto. Negando-se a mulher certas pseudo~regalias, t\'lll~Se apenas em vista preservar~lhe 0 valor. A final de contas voces sao muito poderosas. kncar nao errou quando escreveu na sua Guerra ,I'; Mascates: "Ha quem pense que nada se move ""'11'1.: mundo sem licen<;a da mulber. Do mais nao f, mas de guerra posso afirmar que nunca as houve, \"111 ... possivel haver quando nElO 0 queira a soberana 11.1 () mal entrou no mundo pela porta de uma mulher. )).I1'a consolo de voces, foi pe1a mulher que en~ 11.1 terra a salva<;ao. NIHl", pois, de pessimismos. Voces valem tanto 11111 II homem, podem tanto quanto ele. Mas cada I Ill' "l: II terreno. 45 44 A PROCURA DE UM NOIVO Nao ha exagero em resumir as grandes causas dos disparates, das loucuras, mesmo das desgrac;as de muitas moc;as nessas duas: a) Procura de urn noivo. b) Medo de perde~lo, se encontrado. Moc;a que namora, quer casar, diz 0 adagio. ~ ate urn direito da moc;a, que sente vocaC;ao para o casamento, tomar medidas conducentes a descoberta do noivo. Nao ha mal nisto. 0 mal esta no caminh errado e perigoso que muitas seguem procurando urn noivo. Terminam por nao acha~lo jamais. Perlustremos esse caminho, suas encruzilhadas seus precipicios. SEDE DE AGRADAR Quando a meninota comec;a a trocar os brinqued pelos adornos e sinai que Cupido ja acordou. Qu parecer sedutora aos olhos dos moc;os. Comec;a sentir vergonha deles, fica verme1ha a certas alus que pouco antes Ihe eram indiferentes. Em breve sentir~se-a dominada peio desejo agradar, de conquistar os rapazes. Nada de mal nilll E somente urn aviso da natureza. Muito diversas as reac;6es das moc;as a esse desejo natural. RECLAMOS MODERNOS Ha tempos conhecida revista brasileira publicava iuteress2nte serie de retratos de trajo de banho de I~50 a nossos dias. A involUl;;ao das roupas de banho e impressionante. 1';lltretanto, ultimamente, 0 "nudismo" das praias e p,·,tinas vai se tornando tao comum que parece em •.. :; de plena aceitac;ao. , Ja nao causa aquele espanto de alguns anos atnls. I' 1I11'smo possivel (e as casas multiplicam-se) moc;as 'oIpoIzes bern formados freqiientarem as mais ruidosas I" 1101'; sem prejuizo moral mormente se os rapa::es 1',lhituados aqUila e as mo~as se comportam decen~ 1'1110' . 11111 vestido indecente na rua, na Igreja au numa i, Ilode causar mais pecados que 0 maio na praia 1111' "holt em lugares de veraneio. I I" I' que pode e deve haver mesmo na prai.a ,,' ,do que a moc;a ajuizada sabe guardar e 0 Ih:;fo apreciar. Como tambem htl muita atitude i I (jIll' escandaliza os rapazes e Ihes diminui a ii i ,:;('irna que a moc;a honesta Ihes inspira. ill, III '" aluno de uma Escola rv'Iilitar escre~ II"i irmao rnais velho se exprimiu assim: ,I, III .1 Praia de Copacabana, onde multidoes I, f'l1Ctoradas exp6em suas carnes na espe 47 46 Ian<;a de com semelhante rec1ame conseguirem uma uniao que certamente sera efemera." E pena que as mo<;as ignorem os sentimentos de muitos jovens neste particular! Nao e s6 nas praias essa exposi<;ao provocante ·de corpos. l'/Ias nos gramados das piscinas, no footing noturno, nas festas familiares, nos teatros, nas boites. nos c1ubes, ate nas igrejas.24 Tais moc;as desconhecem a psicologia do homem. o rapaz bern intencionado nao se fascina com corpos impudicos, vistos por todo mundo. Embora seja psico~ 16gicamente certo que no principio 0 corpo possa servir de caminho para 0 encontro das almas, a verdade e que a exposi<;ao l1ibrica do corpo feminino nao desperta no moc;o verdadeiro amor capaz de se concretizar num matrimonio ditoso. Em geral 0 nudismo feminino repele 0 amor provoca 0 sensualismo. Pobres 10ucas! Servem d pasto a sensualidade baixa dos homens, ofendem moral, semeiam por toda parte a morte do espirito, para mais tarde se aniquilarem nas "bombas" do am fracassado. CORPOS SEM ALMA Ja foi superada a ideia de que 0 esporte nao c vinha a mulher. Hoje as verdadeiras educadoras en 24 Teve repercussao nacional a Circular do Divisao de E. Fisica do Rio, proibindo os trajes nas paradas civicas, em face do escandalo das na. parada de 7-9-953. 48 lieas 0 promovem entre as alunas. Recentemente colegios de Irmas aderiram a olimpiada dos estudantes secundarios. Pela sua pr6pria psicologia a mocinha tende ao cxagero. Neste caso, esquece que nem todo 0 exer~ cicio que os moc;os praticam convern as mo<;as. Demos a palavra a maior autoridade brasileira 110 assunto: "Prega~se ainda, infelizmente, a perigosa teoria dol igualdade dos sexos. Nada mais falso. E pOl' ela '1"" as mocinhas se atiram a tudo 0 que fazem os rapa,.. como seos direitos fossem iguais, como se os 1I11dliismos fossem identicos. Claro que nao falamos I" ponto de vista moral. Neste sao perfeitamente "~I 11I1,;,(;moS os direitos. 0 que pode fazer um rapaz, IIlIh"'1I1 0 pode a m6<;a; e se esta nao puder e "' I.llilbem aquele nao pode. Em face da lei moral " lll('('iramente iguais. 0 mesmo nao se da Hsio I" .1I11ente. Ja vimos que ha uma diferenc;a tao pro~ 11.111 "lItre homem e mulher que atinge a todo 0 jillll·.llIO, a cada celula. ( .•I,b tim tern de se tratar de acordo com a pr6~ "'IIIII'I'UI, sem reforma-la. Dissemos acima, que IIIIII!! nu funcionfuia precisa, em rigor, de 4 a 5 11"l'i;ls todos os meses. Ninguem ira dizer a III:!! dos homens, porque 0 seu organismo e I ':111 face da fisiologia nao e apenas ridiculo '1" 1)'.11'01' os sexos, e perigosissimo. Precisa~ II' ,'1' Jisto as nossas meninas e m6<;as. Sao insensatas neste particular que difi,.. 49 ------ cultam fun<;6es caracteristicas da mulher. E se quei xam depois! Sendo a mu1her menos resistente que 0 homem, os seus exercicios tomarao isto em considera<;ao. Os excessos fa,zem nao apenas mal a saude, mas tambem a be1eza feminina. A mulher com formas de atleta e detestavel. 0 esporte feminino nao ira ate 0 atle tismo, mas ficara nos intuitos do desenvolvimento harmonico do corpo, da higiene, e da estetica. "25 o que a pedagogia cat61ica afirma sobre,a coedu ca<;.3o, aplica-se perfeitamente ao caso presente: 0 esporte s6 serve a forma<;ao da mo<;a enquanto visa ajuda-1a a ser mu1her. A mo<;a masculinizada e tao repugnante ao rapaz como 0 rapaz efeminado a mo<;a. o que 0 mo<;o deseja vel' em voces e urn comple mento fisico e psicol6gico a personalidade dele. Quanto mais brilharem na jovem as caracteristicas femininas, tanto mais fascinio ela exercera sobre 0 rapaz. A mascu1iniza<;ao tern efeito contrario ao objetivo de tais mo\.as. Em 1ugar de agradar, repele os jovens bern intencionados. Termino repetindo a pa1avra do grande luminar da pedagogia brasileira: "A mu1her com formas d atleta e detestavel." BAILARINAS Atingimos um ponto cruda! do problema mo<;a. A juventude de1ira com a danc;;a. Ja ouvi 25 Fe. Alvaro NegI'omonte, A Educat;;ao Sexu,al. 50 'lens da A<;ao Cat6lica julgarem absurda a conde na<;ao indiscriminada do baile. POl' outre lado, a moral manda distinguir-se entre a dan<;a desonesta condenavel em si mesma e considera licita a danc;;a honesta. Ferreres afil'ma que nao se deve condenar a dan<;a honesta. A dificuldade pratica esta em se saber, de (',lS0 para caso, qual e a dan<;a honesta. Rachel de Queiroz que nao fala em nome da II11)ra1 cat6lica, escrevia ha tempos, que 80% do con 11'lIdo psicol6gico da dan<;a e de carateI' sexual. De novo com a palavra 0 p.e Negromonte: "E II' ,,: bailes que naufragam muitos jovens de ambos os , "S. Ate se arruinam ou preparam a ruina que nao ",Lira. Neguem os que tiverem interesse em 1,1 '\0: esta e a verdade. Nao nos 'lenham dizer 11 11 ~';fio Tomas de AqUino reputa os hailes indife til ';, podendo, portanto tornar-se ate bons, segundo III"'llr;;5es, nem que Sao Francisco de Sales auto I .,': .bn<;as, desde que nao sejam mas. Creio-me III illlOl'mado das doutrinas da Igreja. Duvido cntre 'I'"' os Santos Doutores pudessem autorizar os III"dcrnos, em concreto, tais quais realmente sao. I", femininos, a musica, 0 ambiente, as conver .IS inten<;6es fazem dos bailes verdadeiros 1""111': d;:IS almas e da dan<;a, "verdadeiros atos 1111111'.111", na frase um tanto forte de Laurent. III 'II WI'Il (itar Santos Padres. Cito homens do Vill'l' Margeretto, que deve ser muito conhe 01 111,',1 desmol'alizadora, 0 tango, 0 foxtrote, 51 eis ~o que pan~ce, a preocupa~ao das m6s;as modernas. Este sonho na realidade nao passa de urn precoce desvirginamento". Maurois, num dos seus livros,26 chama as dan~as: "Urn artificio da conserva<;ao da especie." Isto di·z muito a quem souber entender ... Os que quiserem saber ate onde pode chegar a des~ truis;ao moral dos bailes. leiam 0 que diz Jeanel num escrito objetivo do ponto de vista hist6rico~moral. s6bre a maior degrada<;;ao dos homens e das mulheresP "As excitas;6es ali vao alem do que conseguem as leituras. as conversas e os cinemas. Nao impres~ sionam apenas a imaginas;ao, nao criam somente fan~ tasmas, mas atingem diretamente os sentidos com provocac;6es da sensualidade. "28 Inditosas m6~as! Inquietas, pressurosas em busca de urn noivo, vao procura~lo exatamente onde nao 0 encontram. Nos bailes. na fabrica espantosa de fra~ cassadas no amor. o m6~0 bern intencionado, em geral nao casa Com dan<;adeira. Rui Barbosa dizia que uma m6~a depois de dan<;ar uma noite com urn rapaz, no dia seguinte s6 era digna de casar com ele. Claro que tudo isto nao pode ser rigorosamect tornado ao pe cia letra. 0 ambiente. a formaS;ao d rapaz com quem voce dan~a, a sua firmeza de mulhe seu recato de m6<;;a podem tornar '0 baile moderad mente freqiientado. para voce, dan<;a honesta. 26 L'Art de Vivre. 27 J. Jeanel, La Prostitution. 28 Pe. Negromonte, op. cit. 52 Eis por que nao se poderia de modo absoluto con~ denar indistintamente a freqi.iencia moderada e modesta de uma jovem moderna aos bailes atuais apesar dos inegitveis perigos que eles oferecern a juventude. Seu caso pessoal. estude~o com 0 confessor ou 0 diretor de sua consciencia. MERCADORIA DE VITRINA Pitagoras. hit vinte e cinco seculos, aconselhava m6<;;as usarem de tal modo os seus encantos que Illpre ficasse alguma cousa por descobrir. Ainda conservam aquelas palavras a mesma 111'&;.1. 0 jovem moderno. como a antigo, gosta de ir 11-'11 obrindo pouco a pouco as gra~as femininas da 11.1<1.,. Quando determinada m6s;a, por sua falta de lin, da~lhe a impressao de coisa corriqueira, ele II'· lima especie de desilusao. entedia~se, afasta~se. 1\ vida moderna abriu a mulher as portas da casa. l,m,1 os principais divertimentos eram os saraus IIlh.III·S. Hoje 0 cinema, a piscina, a praia, a baite, I,ll Of!, () footing, arrastam as jovens para 0 meio dos lit' It, Ilil.l:; descambam no exagero. 0 lar domestico, I. II I, II I'dno da mulher, nao lhes oferece encanto. II IIIO:l(".rar~se constantemente aos homens na I·.t ",. descobrirem 0 seu. ,llIlIr'lIlcnte falaremos na competic;;a.o das mulhe 10""11'11:1 no trabalho. 53 Coitadas! Nao sabem que a atrac;ao da moc;a s6bre 0 homem diminui a medida em que ela se oferece mostrando~se "facil". '0 FL~RTE Esse barbarismo pode signiEicar uma procura, urn encontro de olhares que ajuda a verificar se existe atra<;ao especial de urn rapaz por uma moc;a. Nada de mal. contanto que se fac;a com prudencia, modes~ tia e moderac;ao. Flerte significa tambem namorico, Galanteios a torto e a direito, ora com urn ora com outro, de brinquedo arriscado. E certamente a esse tipo de galanteio que se refere Lamair: "Amarrotando a estima mutua, como as petalas aveludadas da rosa se amarrotam a um contacto indelicado, 0 flerte contemporaneo, carica tura irris6ria do verdadeiro amor, despoja do brilh do respeito a afeic;ao do homem pela mulher ... .. " 0 flerte americano desenvolve 110 home uma predisposic;ao para.estimar menos e entao a am menos aquela que sera a companheira de sua vidn Sabre os perigos do flerte na adolescencia, esc]' o p.e Negromonte em seu imenso livro A Educil~' Sexual: "Enganam~se os que reputam esses Herr inofensivos, como os que os tern na conta de inevitfl nesta idade. Precisamente por serem nessa idade c serem flertes sao interditos e perigosos." Para as mocinhas 0 flerte e perigoso. moc;as e perigoso e ridiculo. Uma dessas mariposas viajava de onibus, viu urnpassageiro jovem, flertou~o e entabulou animada con~ versa. Os demais passageiros gozavam aquela comedia. Moravam em bairros diferentes, na mesma cidade. Ao se separarem, ele deixou~lhe 0 enderec;o. Na Illesma tarde ela foi sozinha a casa dele. Ali chegando, ,.Ie, que ja prevenira a esp6sa, escondeu~se. A mulher II'cebeu a leviana que a tomara por irma do "brotinho". Ii s6 depois de troc;ar bastante de semelhante estul~ 11< 1.:, declarou~se casada com ele. o flerte, com homens casados, tern levado aos I',\lltanos da luxuria e da perdic;ao milhares de m6c;as III1J 11'lldentes. E com solteiros tambem. Muitas gostam 11''',1110 de variar. Gabam~se de conquistadoras, namo~ Illdo dois ou tres moc;os ao mesmo tempo. II'fio chorar lagrimas inuteis mais tarde. II",LA fI wande sonho de t6da moc;a. Suspirando por Illlild;1, a moc;a julga que a beleza fisica e condic;ao I II f dun fo no amor. 11'11111'111 de experiencia, afirma Afranio Peixoto 1"'1'." :icmpre as feias sao as mais amaveis, pois as .II "Ie, sabem mais amar e isto e sempre a I 'lIIdi\;£io para ser amada.30 \'11 1.1111'1> nao ha mal em procurar a moc;a casa~ 1",,\ i1parencia. 0 erro esta sempre nos 'I ·1111"8 - 0 poeta e 0 poe7l~a. 55 54 excessos, nos meios inadequados, na ansia doentia de parecer bonita a custa de artificios, de indec6ro, nas modas. A pintura discreta, mormente para as palidas e, mesmo no conceito de muitos jovens, necessaria. Ex~ cessiva, e ridiculo, Num inquerito entre rapazes 80%' detestaram os supercilios rapados, A seminudez do trajo diverte a lubricidade masculina, mas nao seduz 0: m6~0 que ande a procura da futura esp6sa, Nao se enganem as mocinhas: a sedu~ao, 0 fas cinio de voces esta num conjunto de fat6res fisicos psiquicos e espirituais que podem existir sem grand, beleza fisica. Por outro lado, pode a m6~a boni ser destituida de atrativos reais para os rapazes. Noutro lugar, veremos que a verdadeira bel feminina esta na Virtude. Em todo caso, a mulh que levar ao casamento como principal dote a be1ez, em breve sera detestada. o PASSARO NO AL<;APJ\O Sob 0 calao de urn titulo vulgar: Agarre Seu I/omem, divulgou~se ha anos entre n6s urn livro para 11Ilheres. Teve saida surpreendente. E natural que IIlulher procure conservar em seu poder 0 homem a 1It'IIl ama. A mulher casada deve preocupar~se em 'linter, intensificar 0 amor do marido. Claro, porem, 11l.lIldo os verdadeiros meios. Falando, porem, a m6~as, s6 nos ocuparemos dessa IIIrMcia feminina, em rela~ao ao namorado e ao noivo. /\traves de palestras, em congressos, inqueritos, II. "'lIcias epistolares e orais, tenho ouvido sob este iii 111.11' muitos jovens de quase todo 0 Brasil: r-hll;os das nossas principais capitais, de cidades It'·' c pequenas, dos lugarejos do interior de I·:·ifndos. desses jovens afirma que as m6~as 1111 intimidades torpes, contatos indecorosos, qnl'ixam de que se quiserem manter~se nos .1,\ decencia, a namorada os despreza e vai oI"h':; com outros. I que nao raro estas decIara~6es deles sao Mas as tenho ouvido muito de 57 56 jovens serios, que sucumbem entre os brac;os da moci~ nha elegante. Ontem mesmo urn rapazinho serio declarou que foi coagido a cortar rela~6es com uma jovem bonita erica, pelo constante perigo daqueles encontros levianos. Para muitas leitoras este assunto e velharia corri~ queira. Elas estao plenamente convencidas que este e 0 grande meio de la<;ar 0 rapaz e conquistar urn noivo. Algumas lerao isto durante 0 dia e se entregar a Iubricidade do namorado. para elas. E nao sao apenas m6c;as criadas em amorais, nao! Filhas de familias catolicas, ex~alunas (e aluna tambem) de ..colegios de F reira", cometem sem lhantes atentados contra a propria homa, a proprl felicidade. Nao lhes Faria mal meditar estas palav r de Mauriac: "0 amor fortifica-se nos obstacul que se op5em ao desejo. Mas quantos rapazes que nem mesmo tern a oportunidade de desejar sentir sua sede! Habituam~se a desprezar aquilo encontram no chao, apenas ao se abaixarem."31 PSICOLOGIA DOS SEXOS Como explicar que m6~as suspirosas pelo mento se tornem as assassinas do proprio cor. 31 Apud Desmarais, 0 Amor na Era At6mica. 58 Nao e urn contra-senso naufragarem na procura de um casamento exatamente aquelas que tanto se preocupam com ele? A estas se aplica 0 que Seneca dizia a respeito da felicidade: "Com quanto maior afa correm atras do "seu Hoivo" mais se distanciam dele. E que erraram 0 cami~ nho, seguem no sentido inverso." 32 Ricardo de S. Vitor colocava a ignorancia como II primeiro dos males que afligem a humanidade. 33 Penso que a ignorancia da psicologia do sexo IIoI.'icuJino e a causa principal dessa escandalosa im~ 111I,II'ncia de muita m6~a. , 11111'0 Sexual 1\ m6~a 0 experimenta mas the desconhece a natu~ Antes, pois, de entrarmos pormenorizadamente 1'\'ri!'Jos a que elas se expoem, urgem Iigeiras con esse poderoso movel do atrativo entre Il.~tinto sexualcompreende tres tendencias tcndencia fisica, desejo de executar 0 ate Il'ndencia da alma. ou seja desejo de ser I'll., pessoa amada; e finalmente 0 desejo de II Illite. II'" 'I. nit B"evidade da Vida. "1".1,, tl/ts Excursoes. 59 Deixemos de lade a tendencia a reproduzir~se nos filhos. Ao nosso estudo s6 as outras duas importam. A Moc;a: Na moc;a principalmente enquanto pura, predomina a tendencia da alma. Sao os afetos. "Toda vida de mulher, disse Irvins, e a historia dos seus afetos". Ha mesmo ainda em nossos dias casos de m6c;as atravessarem 0 noivado e chegarem ao casa.... mento ignorando as realidades do sexo. o Rapaz: Muito diversas as manifestac;;6es desse instinto no rapaz. Nele predomina a tendencia fisica, o desejo de posse. Nao 0 satisfazem as caricias da namorada. pulsos formidaveis de sua nature·za. do seu propri organismo, 0 impelem a satisfac;ao completa. Mesm rapazes de boas intenc;6es experimentam perante cert intimidades inocentes para a m6c;a, cIamorosa inve tida de f6rc;as instintivas. o resultado. 0 mais das vezes imediato de simpJ "pegar na mao". costuma ser tal. que nao se p mencionar num livro escrito para m6c;as. 0 delega o medico, 0 Sacerdote ja ouviram deles apos alg desastres. comec;ados por urn "pegar na mao": nao pretendia ir tao longe". Mas foi. E que dizer das liberdades. quando sabemos a maioria dos rapazes sao mal-intencionados? Muitas m6c;;as ao lerem isto encolhem os om dao urn mux6xo. Nao creem ou nao temem. 0S milh6es de vitimas do sensualismo. essas in a quem as "intimidades" desgrac;;aram. essas Conduamos este paragrafo com a mais terrive1 das oposic;6es psicologicas entre 0 rapaz e a moc;;a: "A mulher, depois de fisicamente possuida, ama louca~ mente 0 homem que a possuiu. No homem costuma dar~se inteiramente 0 contrario. A atrac;;ao diminui, rostuma ate desaparecer depois da posse."34 D. Joao lamenta-se angustiado ante as recusas da .Imante esquiva: "Eu a adoro. talvez pOl' nao tel' sido rninha. Porque ainda nao provei corn doido desejo o calor de seus litbios e 0 g6sto de Se'U beijo'" 35 Voce, leitora, ja pensou que, ap6s 0 desastre, no lI,d n moc;a perde para sempre a virgindade, 0 rapaz procurar uma noiva pura. enquanto a pobrezinha I II definhar e aniquilar~se na solidao desiludida? '·I·:speranc;a. ventura. Iibel'dade. IllItrrgou-lhe ern vao... nao se fartou. Iii. CJuis rnais... Fatal voracidade! I'tll dentes, rneu arnor despedac;ou. ,\1 tl'iste que sou vencida. I I'" vale tel' corac;ac?!" 36 Ilhll:)MO E AMERICANISMO ,I cnpa esburacada com que muitas moC;;as III Ill'lt!tar seus descalabros. Na linguagem Dr. Hortensio de' Medeiros, Psicologia dOB lId Picchia. Angustia
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