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Criminologia - Prof Monica Gamboa

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CRIMINOLOGIA
Prof. Mônica Gamboa
1. Parte Histórica – Evolução da Pena:
É uma ciência que nasceu do direito penal. Antes, ela fazia parte de um dos capítulos do Direito Penal, e que, posteriormente, passou a ser uma Ciência Autônoma, independente do Direito Penal.
Temos diferenças quanto a metodologia de estudo, e a finalidade do mesmo;
O Direito Penal tem uma metodologia dedutiva. É uma metodologia de hipóteses, de deduções, sendo uma ciência dogmática, baseada em normas. A finalidade do Direito Penal, é repressiva, coercitiva, onde quer-se punir o infrator.
Enquanto que a Criminologia tem uma metodologia empírica, de experimentação, comprovação científica, análise e observação para chegar a uma conclusão científica sobre determinado assunto, sendo uma ciência zetética. A criminologia tem uma finalidade preventiva, onde quer-se tratar o criminoso, quer saber porque o criminoso cometeu o crime, e irá tratar para que não pratique mais crimes;
1.1. Período da Vingança:
Perdurou do Século XV ao XVI, em um período de Monarquia Absolta, sistemática de Governo imposto, outorgado, imposto por um monarca através de uma dinastia;
Tinhamos uma sistemática penal caótica, arbitrária e cruel, porque a regra era a pena de morte. Eram comuns as multilações, as marcas de brasa na pele do indivíduo.
Foi um período tripartido, com a titularidade do direito de punir variando de um período para o outro, senão vejamos:
a) Vingança Privada – O titular do direito de punir era a vítima;
b) Vingança Divina – O titular era a Igreja;
c) Vingança Pública – O titular era o Estado, na figura do Rei/Imperador;
1.1.1. Período de Vingança Privada:
Vigorava a Lei de Talião, modelo ideológico de comportamento, onde havia uma filosofia de “olho por olho, dente por dente”;
A vítima é quem era a titular do direito de punir (protagonista) porque ela era a titular do bem jurídico violado. Não existia a figura do Estado para representá-la, como é hoje em dia;
Podemos dizer que existia uma “justiça pelas próprias mãos”, o que hoje está posto como crime de “exercício arbitrário das próprias razões”;
O Código de Hamurabi, ele incorporava essa filosofia de Talião, modo de se pensar, ideologia, regra de pensamento. O Código de Hamurábi colocava esse pensamento em prática;
1.1.2. Período de Vingança Divina:
O Titular do direito de punir mudou, saindo da mão da vítima, deixando a lei de talião de existir, onde a Igreja passou a possuir esse direito;
Obs.: O fogo foi considerado um elemento purificador da alma, e essa fase de vingança foi chamada de fase mitológica, porque as pessoas estavam pautadas na crença.
Tivemos a santa inquisição, que era um dos poderes do Estado, onde somente a igreja possuia a chance de dialogar perante o rei. O fogo, como elemento purificador da alma, “purificava” a alma dos pecadores, sendo utilizadas muitas fogueiras;
A metodologia do “Juizo de Deus” aferia a culpabilidade: Quem era contra os ensinamentos católicos, era considerado bruxo, devendo ser queimado na fogueira;
Existiam as Ordálias – Mecanismos processuais de aferição de culpabilidade pela igreja, que em regra utilizavam o fogo, como elemento purificador da alma;
1.1.3. Período da Vingança Pública:
Foi apelidado de “Ciclo do Terror”, porque era isso que acontecia: Os cidadãos ficavam completamente vulneráveis nas mãos do Rei, onde somente ele possuia a titularidade de punir (Titularidade do Estado);
Intimidação do acusado, penas perpétuas, mutilações, confiscos de bens, dentre outras, era o que se pautava neste período de vingança pública. Não havia uma justificativa para a aplicação da pena.
1.2. Período Humanista/Humanitário:
Criminilogia Tradicional, a partir da Escola Clássica;
Se deu a partir de uma Revolução, com rompimento de um período histórico, iniciando-se a partir do Estado Liberal: Revolução do Movimento Iluminista, filosofia das luzes ( Manifestação popular, rebelião por parte dos cidadãos, com o fito de dar fim à arbitrariedade no período da vingança, formando uma estrutura que derrubou a monarquia, com o surgimento do Estado Liberal, liberdade do Estado das mãos da monarquia;
Isso significou a substituição da arbitraridade, pela idéia de Justiça. Substituição da emoção pela razão;
a) J. J. Rousseau – “O Contrato Social” – As relações entre os indivíduos, são relações contratuais, desde uma relação de emprego, até uma relação contratual afetiva, chamada casamento;
As relação entre as pessoas e o Estado, desta forma, seria um Contrato Social, onde consegue-se uma igualdade entre os indivíduos;
b) Monstesquieu – “Sistema dos Freios e Contrapesos” – Criado por Aristóteles, e colocado em prática por Montesquieu, que, enquanto tivermos apenas um governante, irá haver arbitrariedade. Para alcançar um modelo de justiça, devemos ter uma pluralidade de poderes, trazendo o sistema da Tripartição de Funções;
1.2.1. Escola Clássica ou Criminologia Tradicional:
Também chamada de Escola Retribucionista do Direito Penal, porque ela acreditava no caráter retributivo da pena, ou seja, a pena funcionando como um castigo;
Começou-se a analisar o instituto do Crime, querendo definir o que era, como a pena funcionaria, etc. Dentro desta estrutura, passou a estudar de uma forma dogmática, normativa o instituto do Crime;
Logo, é uma sistemática dedutiva, hipotética, pois não tem-se certeza do quanto exposto;
O Livre Arbítrio é um instituto da Escola Clássica, e é a faculdade de escolha, poder de decisão, faz-se de acordo com a consciência, com o querer, com o livre arbítrio. O livre arbítrio tinha um sinônimo de imputabilidade, ou seja, o indivíduo viola uma norma de acordo com o seu livre arbítrio, sendo, por isso, considerado imputável;
É considerada uma etapa pré-científica da criminologia, porque era uma metodologia dogmática, dedutiva, chamada de apriorística de estudo (é achismo, suposição, hipóteses). Sendo assim, Metodologia Apriorística ( Metodologia dedutivo-dogmática, baseadas em hipóteses, suposições, sem comprovação científica;
Tivemos alguns filósofos e pensadores que começaram a estudar o crime de determinada forma: tudo isso era uma pseudociência (sem comprovação científica).
1.2.1.1. César Bonesana – Marquês de Beccaria:
Um dos representantes da Escola Clássica, sendo um dos maiores expoentes dessa fase da criminologia.
Autor do livro “Dos Delitos e das Penas”, trazendo uma visão do crime completamrnte antagônica do que o Direito Penal pregava;
Ele dizia que era preferível prevenir o delito, a puní-lo, trazendo a proporcionalidade entre os delitos e as penas – Uma mesma conduta de agredir alguém, pode ser caracterizadas de três formas: Vias de fato, lesão corporal e homicídio;
Ele tratou também da relação Crime X Castigo: Deve-se saber o motivo pelo qual está com a sua liberdade cerceada, ou seja, o porque ela está presa. Antigamente, não sabia-se ao certo porque estava-se preso, o que exatamente o infrator tinha feito para estar sofrendo a sanção do Estado, havendo muita arbitrariedade.
Obs.: O Cesare Becaria teve como seguidor, importante de ser lembrado nessa fase, o Francesco Carrara.
ATENÇÃO! A Escola Clássica pode ser dividida em períodos:
a) Período Filosófico ou Teórico (Marquês de Beccaria);
b) Período Jurídico ou Prático (Francesco Carrara).
1.2.1.2. Penologia - John Howard:
Veio dentro da escola clássica, e estuda o sistema penitenciário, o que chamamos hoje de direitos do preso;
John Howard foi o percussor, e defendia a melhoria das prisões e uma lei de execução penal, para acompanhar o cumprimento da pena. A sua obra foi “O Estado das Prisões”.
1.2.1.3. Frenologia - Franz Joseph Gall:
Defendida por Franz Joseph Gall, médico e fisiologista, que através do exame de cranioscospia (apalpação do crânio), estudou o mapeamento do crânio;
Ele dividiu o crânio em zonas de criminalidade. Não tem comprovação, sendo uma pseudo-ciência, da Escola Clássica;1.2.1.4. Fisiognomia: Della Porta/Lavater
Estudo da aparência externa do indivíduo, relacionando o somático (estrutura corporal) com o psíquico (estrutura intelectual). Tinha duas vertentes: Estudava a beleza ou feiura do indivíduo.
Édito de Valério – “Quando houvesse dúvida entre dois indivíduos presumivelmente culpados, haveria de ser condenado o mais feio” (Imperador romano Valério, o qual reinou no séc. IV).
Marquês de Moscardi, Juiz Napolitano, foi um dos que aplicavam essa vertente da fisionomia, e nas suas sentenças, dizia: “interrogado o réu, ouvido as testemunhas, feita a análise do crânio e analisada a feiura do indivíduo, condeno-o a (...)”.
1.2.1.5. Metoscopia:
Pseudociência que analisava a linhas de expressão da testa, posicionando com os planetas, e interpretando astrologicamente uma vinculação com a criminalidade;
1.3. Período Científico:
Tivemos o surgimento da Escola Positiva, consagrado como Criminologia Moderna. Teve início no Século XIX, e persiste até os dias atuais. O seu método de estudo é o de indução/empírico.
Nesse período histórico, a ciência e a medicina estavam em intenso crescimento, grande avanço científico em termos de pesquisa: muitos estudiosos queriam comprovar os fatos;
Com a criminalidade, não foi diferente: queria-se provar a delinquência através de determinados fatores;
Obs.: Determinismo Biológico e Sociológico – Crime desencadeado ora por fatores biológicos, ora por fatores sociológicos (biológicos e mesológicos);
A Escola Positiva, ou Determinsta, do direito penal, possui três fases:
a) Fase Antropológica: Representado por Cesare Lombroso;
b) Fase Sociológica: Representado por Enrico Ferri;
c) Fase Jurídica: Representado por Rafael Garófalo;
1.3.1. Escola Cartográfica (ou de Estatística Moral) - Adolphe Quetelet:
Surgiu entre o período da Escola Clássica e Positivista. Fazia uma oposição ao pensamento abstrato da Escola Clássica.
Estuda-se o mapeamente do crime, por meio de estatísticas. Considera-se o Crime um fenômeno concreto, que somente pode ser comprovado e estudado pelo método estatístico;
Principais representantes: Adolphe Quetelet (matemático Belga), e Guerry (Advogado Francês);
A importância desse estudo, foi no sentido de que além de refletir determinada situação social, é imprescindível para calcular os índices de criminalidade futura, cujo resultado obtido será submetido ao crivo da política criminal para posterior adoção de medidas de cunho prevecionista.
Quetelet criou a leis térmicas da criminalidade, e a curva agregada da idade;
a) Leis Térmicas da Criminalidade: Estudo se pautando pelas Estações do Ano. Percebeu-se que no(a):
Inverno: Crimes contra o patrimônio – vigilância é dimunuída, as pessoas ficam em casa muito cedo, diminuindo a fiscalização.
Privamera: Crimes contra o costume (crimes contra a dignidade sexual) – Segundo Quetelet, a primavera é a melhor estação do ano, onde a libido das pessoas está completamente aflorada.
Verão: Crimes contra a pessoa – No verão o calor é muito intenso, onde a agressividade fica mais aflorada, pela perda da paciência. O consumo de bebidas alcoolicas também contribui demais, potencializando a prática de crimes contra a pessoa.
Outono: Não foi identificado um crime latente nessa época.
b) Curva Agregada da Idade: Justificando o ápice na carreira criminal;
Em uma linha do tempo, observa-se uma curva, onde tem-se o seu ápice e um declive;
Esse ápice é por volta dos 25 anos de idade (dando uma tolerância para menos, para as mulheres, e para mais, para os homens).
ATENÇÃO! Quetelet idealizou o “homem médio”. Representa o indivíduo mediano, aquele que está no meio dos dois opostos – máximo e mínimo. É uma pessoa moderada e comedida, cujas características são razoáveis e proporcionais. É uma espécie de parâmetro direto e objetivo que serve para comparar as condutas e características das pessoas, podendo considerá-lo a “unidade de medida do comportamento humano”. É um ser ideal nem alto, nem baixo, nem magro, nem gordo, nem branco, nem negro, nem sábio, nem tolo. O homem médio é uma abstração jurídica, um exemplo de humano fictício, parâmetro para a conduta dos demais membros de uma sociedade.
1.3.2. Escola Positiva:
1.3.2.1. Césare Lombroso: Nascimento	6 de novembro de 1835
Verona, Itália - Morte	19 de outubro de 1909 (73 anos) Turim, Itália
César Lombroso, considerado o pai da criminologia, onde a sua obra, “O homem deliquente”, é o marco para o estudo da criminologia (a certidão de nascimento da criminologia). O seu livro possuiu 5 edições, inicialmente com um formato mais tímido (300 páginas), e terminando com mais de mil páginas!
Criou a Teoria da Delinquência Nata, onde Lombroso passou a vida inteira tentando comprovar a sua tese, onde a delinquência possuia um fundo nato;
Ele defendia o estudo através de um método indutivo-experimental, rechassando outros fatores criminológicos diversos do biológico;
Não foi uma tese que conseguiu ser comprovada, onde após 20 anos de pesquisa, não foi conseguida comprovação desta tese;
Foi o pai da criminologia, onde o livro dele foi importante na ótica de estudo, através de um método indutivo-experimental, que é o Método Empírico;
A “falha” de Lombroso foi a generalização, em razão da crença apenas dos fatores biológicos como os criminológicos, ou seja, ele mantia a tese de que apenas fatores biológicos contribuiam para a realização do crime, enquanto que, na verdade, deveriam haver fatores biológicos e mesológicos (sociais).
1.3.2.1.1. Postulados Lombrosianos (“a”, “b” e “c” é chamado de Tríptico Lombrosiano):
a) Atavismo – Retorno a uma etapa anterior e primitiva da evolução humana;
b) Delinquência Nata – Variedade especial de homo sapiens caracterizada por estigmas físicos e psíquicos (estigma de degeneração);
c) Epilepsia Atrelada a Insanidade Moral – Eplético é doido, ou seja, a epilepsia estava atrelada ao ser dotado de uma doença mental;
d) Fatores Sociais* – Como influenciadores das taxas de criminalidade, reconhecida somente em 1906, três anos antes de morrer;
	ESTIGMAS FÍSICOS
Delinquente Nato
	ESTIGMAS PSÍQUICOS
Delinquente Nato
	Protuberância Occipital
	Insensibilidade a dor
	Testa Fugídia
	Crueldade
	Orbitas Oculares grandes
	Instabilidade de Humor
	Lábios Grossos
	Aversão ao trabalho
	Polidactia
	Preguiça
	Extremidades Alongadas
	Carater impulsivo
	Deformidade Sexual
	Degeneração psíquica
1.3.2.1.2. Raimundo Nina Rodrigues:
“Lombroso dos Trópicos”. Foi um médico pernambucano, com estudos em Salvador, na Escola de Medicina da UFBA;
Médico legista, psiquiatra e antropólogo, trouxe os estudos lombrosianos para o Brasil, com a obra “As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil” (1894). Introduziu a Antropologia, antropometria e a frenologia.
1.3.2.2. Enrico Ferri: 1856-1929 – Itália - Milão.
Era advogado e Professor, responsável pela fase sociológica da criminologia;
A sua obra foi a “Sociologia Criminal” publicação em 1884, onde dizia que devíamos ter menos justiça penal, e mais justiça social, objetivando ressocializar o delinquante. Foi um verdadeiro visionário, no sentido de que enxergou coisas, tal qual o Beccaria, que trouxe muitos institutos interessantes para o estudo da criminologia;
Trouxe como postulados, Fatores criminógenos biológicos/sociais; autor da lei da Saturação criminal (atribuindo ao meio ambiente, os entornos físicos, aos fatores mesológicos as causas da criminalidade).
Assim como também trouxe fatores criminógenos de ordem física, fatores advindos do solo e da natureza, como o clima, a temperatura, as condições meteorológicas, as estações do ano ( Fatores Telúricos ou Fìsicos que influenciam a criminalidade.
Estudou também fatores antropológicos, como sexo, a idade e a raça do indivíduo como condicionantes à prática criminal.
Teoria dos Substitutivos Penais de Ferri ( Refere-se às providênciasde caráter educativo, econômico, político e jurídico a serem aplicadas aos delinquentes inofensivos – que não oferecem perigo. Para Ferri, são estes os primeiros e principais meios de prevenção da criminalidade.
Ainda classificou os delinquentes em categorias: Habituais, Ocasionais, Passionais, Louco.
Obs.: Ferri rechaçava o postulado da Escola Clássica, em relação ao livre-arbítrio. Ferri dizia que o livre-arbítrio era um postulado insuficiente para representar a imputabilidade. Para Ferri, a delinquência seria gerada, não só pelo livre-arbítrio, mas por outros fatores criminológicos (estudo da criminogênese) ( Livre-Arbítrio + Criminogênese.
ATENÇÃO! Ferri é o pai da Sociologia Criminal;
Determininismo – É um sistema científico-explicativo que busca demonstrar a relação de causalidade entre os acontecimentos por influência de fatores diversos, em específico, os advindos da vida em sociedade ou do entorno físico que cerca o pretenso criminoso. Seu idealizador foi o positivista Enrico Ferri em questionamento ao livre-arbítrio, amplamente defendido pelos clássicos. Nos ensinamentos de Ferri, “para cada fato há razões que o determinam”. A conduta delitiva, então, é determinada pela influência de fatores criminógenos de natureza biológica, física, psicológica e social (Fatores Biopsicossociais).
1.3.2.3. Rafael Garófalo: Magistrado nascido em 1852 - 1934 - Itália.
É a vertente jurídica do positivismo jurídico. Foi um Juiz de Direito, que colaborou com a obra “Criminologia”;
A primeira obra com essa terminologia, foi do Rafael Garófalo, no ano de 1885, sendo o grande difusor da ciência criminológica; mas dizem que quem usou a expressão pela primeira vez foi PAUL TOPINARD.
A criminologia nasceu com o Beccaria, foi consagrada cientificamente com o Lombroso, e foi divulgada e reconhecida internacionalmente com o Garófalo;
Trouxe como legado, que o “Crime é sintoma de uma anomalia moral ou psíquica do indivíduo”;
Ele defendia a Pena de Morte, que deveria ser aplicada para os delinquentes irrecuperáveis. Defendia também o instituto do Delito Natural (falha moral de caráter que compromete os sentimentos altruístas de um determinado indivíduo: o delinquente nato).
Rechaçava o Estudo do direito penal apenas por juristas. O direito deveria abrir precedentes para outras carreiras, como a psicologia, a medicina, etc.
Criminologia:
1. Conceito:
“É a ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, que trata de subministrar uma informação válida e constratada sobre a gênese, dinâmica e variáveis do crime, contemplando este como problema individual e como problema social, buscando programas de prevenção eficaz e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito” (Antonio García-Pablos de Molina);
Em resumo, é a ciência empírica e interdisciplinar, que estuda o crime, criminoso, a vítima e o controle social, buscando compreender as causas que impulsionam a delinquência (etiologia criminal). Sua finalidade principal é a prevenção delitiva;
2. Ciência ou Disciplina?
É uma ciência. A sua metodologia específica de estudo e a sua finalidade, próprias, fazem com que a criminologia seja uma ciência através do estudo empírico, e com finalidade de prevenção delitiva;
3. Criminogênese:
É o estudo da gene do delito, isto é, suas causas e motivações;
É expressão sinônima da etiologia criminal, vale dizer, estudo das causas motivadoras do delito, as causas que desencadeiam o comportamento criminal/delitivo;
ATENÇÃO! A criminologia não esgota a sua tarefa na coleta de dados, uma vez que esta coleta é a primeira etapa do estudo criminológico;
O profissional da criminológia é chamado de Cri​minólogo. Criminalista é a pessoa que se especializa em ciências criminais, enquanto que o estudioso da criminologia é um criminólogo;
4. Variáveis da Criminologia:
4.1. Criminologia Geral:
Consiste no estudo sistemático da criminologia, isto é, uma visão ampla abordando os seus princiais aspectos;
4.2. Criminologia Clínica:
É o estudo criminológico direcionado ao preso durante o cumprimento da pena. É realizado por meio da laborterapia prisional (trabalho do preso), consistindo numa modalidade de prevenção delitiva terciária;
Também chamada de microcriminologia;
Concentra seu estudo no tratamento dos detentos durante o cumprimento da pena, neutralizando os efeitos negativos do cárcere, promovendo a saúde mental do recluso, preparando o interno para o retorno à liberdade alçando sua efetiva ressocialização e reintegração social e familiar.
4.3. Criminologia Acadêmica:
Consiste no estudo criminológico com fins pedagógicos e didáticos (fins de ensino). O fato de um concurso público exigir a matéria criminologia dentro do edital, é uma manobra de criminologia acadêmica.
4.4. Criminologia Aplicada:
Se configura pelo desenvolvimento da criminologia científica por meio do empirismo e sua aplicação pelos profissionais do sistema penal, como juristas, funcionários e profissionais da carreira criminal.
4.5. Criminologia Radical: (Teoria conflitiva)
É o trabalho criminológico desempenhado pela Escola Crítica ou Radical, a qual atribui ao capitalismo o fator gerador da delinquência, pois são sociedades consumistas, geradoras de desigualdades sociais, geradoras da delinquência.
4.6. Criminalística:
É uma disciplina auxiliar das ciências criminais, que estuda os vestígios deixados pelo crime, através de exames periciais. O profissional que realiza a criminalística é o Perito Criminal.
5. Metodologia de Estudo:
A criminologia tem dois pilares: Método Empírico e a Interdisiplinaridade.
5.1. Empirismo:
É consagrado como método científico, e é o processo indutivo que se baseia na experiência, análise e observação de dados, para só então concluí-los através da indução.
Obs.: Indução é diferente de dedução. Dedução é achismo;
ATENÇÃO! A experimentação não é a única técnica, mas apenas uma das técnicas de estudo.
5.1.1. Informe de Autodenúncia (“Self-Reporter”):
São questionários e formulários dirigidos à população em geral, com a finalidade de descobrir quantos dos entrevistados já se envolveram em situação criminal, ou seja, técnica de coleta de dados e informações, com finalidade de elaborar uma técnica preventiva do delito.
Obs.: Em geral, é de caráter anônimo, sob pena de prejuízo de análise da informação.
5.1.2. Técnicas Empíricas de Investigação: Na cadeia de análise dos fenômenos que desencadeiam o crime, primeiramente devemos averiguar os fatos. O resultado desse trabalho investigativo embasará futuras sentenças judiciais, tornando efetivo o jus puniendi do Estado, evitando erros na apuração das provas, na impunidade do crime ou mesmo na condenação de um inocente.
Investigação Extensiva – É a investigação baseada em amostragem em locais com populalção vasta, permitindo o conhecimento em extensão dos fenômenos criminais. Logo, ela é mais quantitativa do que qualitativa.
Investigação Intensiva – Baseia-se no estudo do caso particular, ou seja, do caso individualmente considerado, permitindo o conhecimento profundo e detalhado do caso individualmente analisado. Logo, ela é mais qualitativa do que quantitativa.
Investigação-Ação – Consiste na participação do examinador no caso concreto, ou seja, o examinador vai participar da experiência in loco. Em outras palavras, consiste na intervenção direta dos estudiosos da criminalidade em determinada pesquisa, com a função de compreender o contexto real do analisado por meio da efetiva participação na pesquisa.
Técnica dos Testes Projetivos – São técnicas de averiguação da personalidade e do perfil do examinado através de estímulos que provocam reações e respostas passíveis de interpretação pelo examinando, geralmente um psicólogo.
Engloba três sistemas (programas):
d.1) Testede Rorschach – Consiste na submissão do examinado à analise de lâminas contendo figuras abstratas e simétricas, buscando sua interpretação através de sua afetividade e valores morais.
d.2) Teste do Desenho – Teste do HTP (House, Tree, Person), e vai se basear nos desenhos de Casa, Árvore e Pessoa.
É muito utilizado para fins de concurso público, e em escolas.
d.3) Teste de Inteligência – Famoso teste do QI.
5.2. Interdisciplinariedade:
É a junção de ciências diversas no estudo e investigação do fenômeno criminal, contribuindo cada uma delas com seus métodos de trabaho.
Vai fazer com que a criminologia se torne uma ciência plural. Para um estudo ser considerado plural, ele deve necessariamente ser interdisciplinar. Sendo assim, a criminologia é uma ciência dependente de outras disciplimas, em que pese ela ser autônoma.
É diferente da Multidisciplinaridade: É um conceito dentro da interdisciplinariedade, sendo um trabalho do estilo “linha de produção”, ou seja, não há comprometimento entre as ciências, não havendo um liame, uma ligação entre elas.
6. Objetos de Estudo da Criminologia:
Atualmente, no período da criminologia moderna, chegou-se a 04 objetos de estudos, senão vejamos:
6.1. Crime:
Na escola clássica, tinhamos apenas o crime como objeto da criminologia;
a) Direito Penal – Pode ser definido, adotando a teoria finalista da ação, como um fato típico e antijurídico.
b) Sociologia – O crime é toda conduta desviada, é todo comportamento fora do padrão do homem médio (quetelet), englobando o que é injusto e o que é ilícito.
c) Criminologia – Crime é um problema social e comunitário.
Comunitário porque nasce na comunidade, no seio da comunidade, deve ser solucionado pela comunidade, e nela cessar.
É um problema Social, em termos políticos, sociológicos da coisa, justamente pela presença de dois requisitos: Incidência massiva na população (problema de massas), e causa insegurança, temor, gera instabilidade na nossa sociedade.
	c.1) Escola Clássica – De acordo com Francesco Carrara, o Crime é um ente jurídico violador da norma penal;
	c.2) Escola Positiva – Crime era um fato humano, individual e social.
	c.3) Escola Técnico-Jurídica – Á luz da escola técnica-jurídica de Arturo Rocco, em realçao à corrente positivista, propõe uma reorganização do direito penal considerando o crime pura relação jurídica de conteúdo individual e social em que a pena constitui uma reação e uma consequência do crime (tutela jurídica) com função preventiva geral e especial. Por fim, refuta o emprego da filosofia no campo penal.
Atualmente, é o comportamento desviado, onde a pessoa baseada no seu livre arbítrio opta por praticar aquela conduta desviada ou não.
6.2. Criminoso:
Pode vir na prova como delinquente, infrator, desviado. É a pessoa que pratica o crime, o sujeito ativo. Com a escola positiva, foi englobado o criminoso juntamente com o estudo do crime;
No período da escola clássica, o criminoso era definido como um pecador que optou pelo mal (lembrando do livre arbítrio);
Já no período positivista, da escola moderna/positiva, o criminoso era o escravo da carga hereditária, nascia predestinado a ser criminoso, a partir de características do gene;
Atualmente, no conceito atual, o criminoso pode ser definido como um cidadão comum, dotado de livre arbítrio, que sofre influência dos fatores criminógenos que o levam a delinquir;
6.3. Vítima:
Na década de 50, a vítima passou a ser outro objeto de estudo, dentro ainda da escola positiva;
É o ofendido, sujeito passivo do crime, aquele que sofre a ação delitiva, a pessoa que é vitimizada;
Ela passou ao longo do tempo, por três períodos. Hoje ela tem uma condição privilegiada, principalmente no Brasil:
a) Protagonismo – Período da Vingança privada, onde a vítima possuía a pretensão punitiva em relação ao criminoso.
b) Neutralização – A vítima foi esquecida, onde o Estado não dava importância para ela, sendo, no máximo, uma testemunha de segundo escalão dentro do processo.
c) Redescobrimento da Vítima – Passando a ter garantias, vindo com a vitimologia (com Benjamin Mendelson).
6.4. Controle Social:
A partir de década de 80, de modo que hoje em dia, a criminologia possui 04 objetos de estudo.
6.4.1. Conceito:
É o último e mais importante no momento, objeto de estudo da criminologia. Pode ser definido como o conjunto de instituições e estratégias que submetem o indivíduo a normas e regras de comportamento. É concretizado por meio dos agentes de controle, e possui a finalidade de manter a ordem pública através da disciplina social.
6.4.2. Agentes de Controle:
Esse controle pode ter Agentes de Controle:
a) Informais – Com caráter educativo, começando na nossa família, escola, amigos, igreja, locais de lazer, etc, que fazem com que o sujeito respeite, desde o início da vida, as regras de convivência social.
Caso esses agentes falhem, precisaremos de algo mais severo: os agentes formais de controle.
b) Formais – Com caráter punitivo, onde estes agentes são a Polícia, da Justiça, da Administração Penitenciária.
6.4.3. Policiamento Comunitário:
Parceira existente entre a polícia de determinado local, e os cidadãos, vale dizer, a proximidade da polícia de determinados locais, não só com fins de repressão, mas sensação de segurança. Ex.: UPP’s (unidades de polícia pacificadora), Bases Móveis da PM em São Paulo.
6.4.4. Relação da eficácia do controle social e os Custos Sociais:
Considerando que o próprio mecanismo responsável pela disciplina social do Estado (agentes formais – polícia, justiça e administração penitenciária) também pelo alto custo social que a sua atuação gera para a sociedade (valor per capita dos presidiários), se faz necessária a adoção de uma “economia política do crime”, um novo modelo de justiça penal de caráter integrador pautado na conciliação ou reparação do dano.
Dessa forma, fortalecido o controle informal, certamente não será necessária a atuação do controle formal, procastinando o alto custo social gerado com seu efeito coercitivo.
Em outras palavras, supondo que seja necessário lançar mãos de agentes formais de controle social, o custo social será muito grande, onde o Estado deve planejar o gasto com os agentes informais, para posteriormente não ser necessário o custo financeiro com os agentes formais.
13/04/16	04/05/16
7. Finalidade da Criminologia:
Existem três finalidades principais do estudo criminológico:
a) Prevenção do Delito – Finalidade mais importante.
b) Ressarcimento da Vítima.
c) Ressocialização do Delinquente.
PREVENÇÃO DELITIVA:
É a finalidade principal dessa ciência. Prevenção criminal é todo ato ou conduta que visa inibir ou até mesmo impedir o cometimento de crime. Pode ser, ainda, um conjunto de estratégias ou programas destinados a implementar medidas de precaução para evitar a prática do delito. É classificada em primária, secundária e terciária.
1. Primária:
Trabalho de conscientização coletiva. Busca neutralizar o delito antes que ele ocorra. É a mais eficaz das três modalidades de prevenção do delito;
Ela atua de médio a longo prazo;
Composta por ações dirigidas ao meio ambiente físico e/ou social, com foco prioritário nos fatores de risco e/ou de proteção ao meio ambiente urbano, no qual ocorre a criminalidade e a violência.
Ressalta a educação, a habitação, o trabalho, a inserção do homem no meio social e a qualidade de vida como elementos essenciais para a prevenção do crime.
Ex.: Campanha do desarmamento, com o propósito de conscientizar as pessoas de que, ter uma arma dentro de casa, não é um bom negócio, haja vista o risco de um acidente fatal ser muito maior.
2. Secundária:
Segunda modalidade. Ela atua posteriormente, ou seja, quando o crime já tiver ocorrido. É uma prevenção que é efetivada a curto e médio prazo, englobando política legislativa penal assim como a ação policial, ouseja, manobras utilizadas pelo Estado para tentar recuperar aquele indivíduo vulnerável ou considerado de risco; CESPE – Policiamento Comunitário!
3. Terciária:
Única que possui um público alvo: O recluso, uma vez que possui o objetivo certo de evitar a reincidência;
Atua com forte caráter punitivo, embora a sua intervenção seja parcial, tardia e insuficiente;
Composta por ações dirigidas a pessoas que já praticaram crimes e violências, visando evitar a reincidência, e a promover o seu tratamento, reabilitação e reintegração familiar, profissional e social.
Visa evitar a repetição da vitimização e promover o seu tratamento, reabilitação e reintegração familiar. Prevenção do crime e da violência pode ser realizada por distribuição de ações em algumas áreas específicas, como comunidade, família, escola, trabalho e geração de renda, polícia, justiça criminal, sistema prisional e saúde.
É a mais ineficiente das prevenções.
ATENÇÃO! Conforme já estudado acima, é também sinônimo de Microcriminologia ou ainda Criminologia Clínica – em síntese, é a vertente criminológica voltada para o tratamento do preso durante a execução da pena.
4. Técnicas de Prevenção Situacional:
Modalidade preventiva que cuida de diminuição das oportunidade que influenciam a vontade delitiva difucultando a prática do crime.
4.1. Técnica do Esforço:
É a alteração do cenário criminal, buscando dificultar o ingresso do criminoso, através de barreiras físicas (cadeados, cercas elétricas, alarmes), obstáculos materiais (muros, portas e grades) e obstáculos pessoais (porteiros, vigilantes, recepcionistas, etc).
4.2. Técnica do Risco:
Controle de entradas e saídas, através de dispositivos de segurança (alarmes) utilizados por estabelecimentos comerciais nos produtos expostos à venda, por exemplo.
São procedimentos convenionais, por exemplo, na alfândega e imigração, através de video-vigilância.
4.3. Técnica da Recompensa:
Redução dos ganhos ou recompensas com a prática do delito. Tem a função de desestimular a prática delitiva, mostrando que a recompensa não vale a pena, que a redução dos ganhos não vale a pena.
Ex.: Inutilização das cédulas em dinheiro; cartões magnéticos; número de série, etc.
4.4. Técnica do Sentimento de Culpa:
Busca conscientizar o criminoso, onde o comportamento dele pode trazer prejuízos à outras pessoas.
É o reforço da condenação moral de sua conduta, com campanhas de sensibilização, medidas que reforcem positivamente comportamento nos moldes das regras, normas de conduta incentivando comportamento pró-social do indivíduo.
5. Política de Segurança Pública X Política Pública de Segurança:
Política de Segurança Pública refere-se às atividades policiais e judiciais exercidas pelo Estado com a finalidade de promover e proteger os direitos humanos. Política Pública de Segurança são todas as políticas que, de forma complementar e não policial, sejam efetivamente capazes de prevenir a violência e a criminalidade, visando alterar as condições propiciatórias imediatas, isto é, as condições diretamente ligadas às práticas que se deseja combater.
6. Programa de Prevenção sobre Determinadas Áreas Geográficas:
Originário da Escola de Chicago envolve uma inspiração de ordem ecológica com influência em um determinado espaço onde a criminalidade se apresenta com excessiva frequência em áreas consideradas deterioradas e com deficiência estrutural devido à desorganização social presente na região.
É o que ocorre, por exemplo, na região central de São Paulo, conhecida como “Cracolândia”, onde o tráfico de drogas e a prostituição (principalmente infantojuvenil) se proliferam em decorrência da dependência química pelo “crack”. Carecem de tais locais de um programa prevencionista dotado de espírito reformista e comunitário, onde somente por meio da reestruturação física ou urbanização seria possível neutralizar o risco criminógeno ou vitimário.
Assim, melhorias na infraestrutura, nas condições básicas de saneamentom bem como a revitalização de alguns centros urbanos, a reordenação das vias públicas de acesso às residências ou ao local de trabalho, iluminação, sistema de transporte público e a criação de pontos de observação ou vigilâncias funcionariam como espécies de “barreiras ao crime”, o que dificultaria o acesso e incrementaria o risco para o infrator portencial.
18/03/15	30/03/15
TRÍADE DAS CIÊNCIAS CRIMINAIS ou TRÍPLICE ALCANCE DA CRIMINOLOGIA:
Baseada nas três doutrinas:
1. Criminologia:
É a ciência que reunirá informações válidas e confiáveis sobre o problema criminal, buscando conhecer a realidade para interpretá-la (Etapa explicativa). Reúne o substrato empírico a ser estudado, que será posteriormente encaminhada à política criminal.
Obs.: Polícia Judiciária X Criminologia:
A polícia judiciária atua de forma repressiva através da polícia de segurança do Estado após a ocorrência da infração penal. Entretanto, necessita de medidas de cunho criminológico e caráter prevencionista para coibir e controlar o aumento da criminalidade.
2. Política Criminal:
É uma disciplina auxiliar das ciências criminais. Transforma a experiência criminológica em estratégias cientificas, assumíveis pelo poder púbico, relacionando as causas do crime e os efeitos da pena (Etapa Decisiva).
É definida como o conjunto sistemático de princípios e estratégias, utilizados pelo Estado na luta contra o delito, com a finalidade de conter os alarmantes índices da criminalidade. Como disciplina auxiliar das ciências criminais, a política criminal confere um conteúdo jurídico-político ao estudo trazido pela criminologia, orientando o legislador na construção dos tipos penais.
3. Direito Penal:
Converte em proposições jurídicas, gerais e obrigatórias, o saber criminilógico/esgrimado pela Política Criminal, com estrito respeito às garantias individuais constitucionais (Etapa Instrumental ou Operacional).
POLÍTICA CRIMINAL – FRANZ VON LIZST:
1. Conceito:
É o conjunto sistemático de princípios e estratégias, segundo as quais o Estado luta contra o delito.
2. Finalidade:
Tem a finalidade de conter os alarmantes índices de criminalidade, tendo como patrono Franz Von Lizst, o qual publicou em 1889, a obra “Princípios de Política Criminal”.
Ex.: SURSIS, livramento condicional, inimputabilidade aos menores de 18 anos, INFOCRIM, Asfaltar um Bairro, Melhorar a Iluminação de uma rua, etc.
	DIREITO PENAL
	CRIMINOLOGIA
	- Proteção de bens essenciais ao convívio em sociedade através das sanções penais
	- Prevenção do delito é um de seus principais objetivos
	- Não dá o diagnóstico do fenômeno criminal
	- Faz o diagnóstico do crime e a tipologia do criminoso, analisando o meio em que vive, seus antecedentes emocionais, motivações do crime...
	- Preocupa-se unicamente com a dogmática, isto é, com o crime enquanto fato descrito na norma legal, para descobrir sua adequação típica
	- Busca conhecer a realidade para a interpretá-la, e criar soluções para prevenir o delito visando o progresso.
	- É a ciência normativa do “DEVER SER”, porque se baseia em situações, hipóteses, suposições
	- É a ciência empírica do “SER”
CLASSIFICAÇÃO DOS DELINQUENTES:
A classificação dos criminosos para a criminologia importa no auxílio da metodização do tratamento a ser ministrado ao criminoso, no prognóstico criminológico e na orientação das medidas preventivas de combate à criminalidade a serem aplicadas.
1. Classificação de Cândido Motta: HOLIF
a) Habitual – Profissional do crime, aquela pessoa que vive da prática delitiva de forma costumaz, rotineira.
b) Ocasional – Pessoa que pratica crime eventualmente, de acordo com a oportunidade surgida. “A ocasião faz o ladrão”.
c) Impetuoso – Pratica crime impulsionada por um sentimento, não sendo amor somente, mas sentimento em sentido lato. Ex.: Paixão (crime passional), Vingança, Raiva, Assédio, Bulling, Briga no Trânsito, Briga de torcida organizada,Vitriolagem.
d) Fronteiriço – Está na linha limítrofe entre a sanidade e a insanidade mental. É aquela pessoa que é acometida de surtos. Ex.: Psicopata.
e) Louco – É o indivíduo que é inimputável. Aquele que não sofre nem a reprimenda da pena, mas sim da medida de segurança. Não tem discernimento da sua conduta.
2. Classificação de Hilário Veiga de Carvalho: Trabalha com a influência de determinados fatores na condução do crime. Escalonamento entre a influência biológica e mesológica nos criminosos:
a) Biocriminoso Puro – Pessoa que tem a influência 100% biológica no seu comportamento, sendo equiparado ao louco ou ao semi-imputável.
São CRIMINALÓIDES ou pseudocriminoso, ou seja, falso criminoso, porque não têm discernimento para a prática do delito, não podendo sofrer reprimenda, sendo inimputável. Necessita de acompanhamento psiquiátrico em manicômio judiciário, estando sujeito a medida de segurança.
b) Biocriminoso Preponderante – Influência um pouco menor do que no anterior, agindo 70% motivado por um fato biológico, e 30% baseado num fator social. Ex.: Infanticídio, onde o Estado Puerperal é determinante.
Sua correção é difícil, e a reincidência, uma característica potencial.
c) Mesobiocriminoso – Influência tanto biológica quanto mesológica na mesma proporção. Sua correção é possível e a reincidência, ocasional. Constitui grande percentual da população carcerária.
d) Mesocriminoso Puro – 100% de influência social/mesológica, sendo aquela pessoa que pratica crime motivado por alguma cultura, algum dogma, de acordo com a sua criação. Ex.: Índio andar semi-nú.
São CRIMINALÓIDES ou pseudocriminoso, ou seja, falso criminoso, porque não têm discernimento para a prática do delito, não podendo sofrer reprimenda, sendo inimputável.
e) Mesocriminoso Preponderante - Influência um pouco menor do que no anterior, agindo 70% motivado por um fato social/mesológico, e 30% baseado num fator biológico. Ex.: Pessoa que pratica furto de um objeto que está na moda.
Sua correção é esperada na medida em que houver mudança no ambiente de convívio social, bem como uma reestruturação de suas companhias e valores. É uma pessoa altamente influenciável.
	LOMBROSO
	FERRI
	GARÓFALO
	ODON RAMOS MARANHÃO
	Nato
	Nato
	Assassino
	Ocasional
	Louco
	Louco
	Violento
	Sintomático
	Ocasião
	Habitual
	Ladrão
	Caracterológico
	Paixão
	Ocasional
	Lascivo
	
	
	Passional
	
	
09/04/15
ETIOLOGIA CRIMINAL - PROGNOSE CRIMINOLÓGICA: 
1. Fatores Criminógenos:
São as causas que podem levar à delinquência, que ensejam o comportamento delitivo. Pode aparecer na prova como:
- Fator condicionante da criminalidade;
- Fator desencadeante da criminalidade;
- Fator Impulsionanente da criminalidade;
Fatores que são de natureza biopsicosocial. São:
1.1. Fatores Psicológicos:
São aqueles fatores que interferem no comportamento do indivídio. É a Psicocriminogênese. Consiste num distúrbio comportamental, por influência de certas situações, e temos alguns como:
a) Ego Fraco: Ou abulomania, consiste na dificuldade do indivíduo em tomar decisões, fator este que contribui para que seja altamente influenciável.
Popularmente, são conhecidos como “maria vai com as outras”, ou seja, o indivíduo portador da abulomania, é o que se deixa influencia pela vontade de terceiros, pessoa que não sabe dizer não, e não sabe se posicionar frente a uma situação criminosa.
b) Mimetismo: Consiste na arte da imitação, cujo imitador se espelha num estilo de vida criminoso, delinquente, e o adota para si.
O indivíduo se espelha nesse comportamente, por achar aquilo bacana, começando na adolescência, onde ele gosta daquele estilo de vida. O criminoso neste fator, é considerado como um ídolo.
c) Desejo de Lucro Imediato: Caracterizado pelo indivíduos ganaciosos e ambiciosos, os quais não suportam a espera para atingir o seu intento, ou alcançar o seu objetivo.
d) Necessidade de Status: Ou notoriedade. Consiste na necessidade do indivíduo em estar em evidência. Chamar atenção dos outros, é essencial para a satisfação do ego. O fato gerador desse comportamento é a baixa autoestima, criando a necessidade individual de aprovação social e respeito por seus pares. Ex.: delinquentes juvenis, autores de bullying e assédio moral.
A chamada “Pirâmide de Maslow” que estuda o comportamento motivacional do indivíduo, e diz que nós temos algumas prioridades básicas essenciais. Prescreve que as necessidades do ser humano obedecem a uma hierarquia, isto é, há uma escala de valores a serem transpostos. Isto significa que, no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios, (ainda que criminosos) para satisfazê-las.
- Base da Pirâmide: Necessidades Fisiológicas;
- Seguranças: Trabalho, moradia, estabilidade afetiva;
- Necessidades Sociais: Vínculo de amizade, lazer, entretenimento;
- Autoconfiança: Sentimento de segurança;
- Topo de Pirâmide: Autorealização, algo relacionado ao poder, à necessidade de status.
e) Insensibilidade Moral: São indivíduos desprovidos de sentimentos altruístas, como a compaixão, e a piedade com o próximo. Ex.: Perversidade com animais, atos agressivos relacionados à homofobia, autoaborto, políticos corruptos.
Obs.: Para Garófalo, são criminosos irrecuperáveis, devido à falha moral de caráter.
f) Espírito de Rebeldia: É a discrepância entre a maturidade psicológica e a idade biológica.
São chamados também de “anômicos”, por terem dificuldade em respeitar a lei (anomia). Um de seus desdobramentos, é a “síndrome de peter pan”, isto é, amadurecimento biológico, porém, imaturação psicológica. Ex.: Adultos pichadores, competidores de racha ou usuários de entorpecentes acompanhados de menores de idade.
1.2. Psicopatia:
Personalidade psicopática ou antissocial. Não é uma doença, mas sim um transtorno de personalidade, caracterizado por algumas características negativas e peculiares que o indivíduo ostenta, o qual apresenta total desprezo às normas sociais e indiferença aos direitos e sentimentos alheios.
Possuem dificuldade em se socializar, entretanto, não são loucos, tampouco doentes, mas sim, pessoas diferenciadas.
É uma formação diferenciada de personalidade cujos portadores são indivíduos de nata má índole. Não havendo cura para a psicopatia, os criminosos são mais perigosos por serem irrecuperáveis.
É um indivíduo que possui um conjunto de qualidades negativas, senão vejamos:
a) Pobreza afetiva: É a falta de sentimento, carência de sentimento. Pessoa que é fria, desprovida de sentimentos morais.
b) Não aprendem com a experiência: É aquele cabeça dura, porque tem uma personalidade diferenciada, e não aprende, por exemplo, com a ressocialização.
c) Narcisistas: Se idolatra, se achando sempre o melhor.
d) Egocêntrigos: Egoístas.
e) Comportamento Egossintônico: Não enxerga nada de errado na sua conduta, aceitando a sua conduta como a correta.
f) Manipuladores: Características mais marcante do psicopata, tendo um poder de persuasão muito forte, por ser atraente e inteligente.
g) Atraentes.
h) Inteligência Potencial.
ATENÇÃO! Não existe cura, pois não são loucos, não adiatando remédio, e tampouco tratamento.
1.3. Fatores Psiquiátricos:
São aqueles surgidos a partir de uma enfermidade mental comprometedora, em regra, do discernimento. Indivíduos nesta condição necessitam de tratamento, sendo inócua a repreensão penal. São caracterizados pelos transtornos mentais, pela patologia, pertubação mental. Temos seis trantornos mais evidentes, que compromentem o comportamento criminoso, senão vejamos:
a) Esquizofrenia e Transtorno Psicótico: Consiste no trantorno de realidade, cujo portador vive e interaje com o mundo real e o mundo imaginário. Tem uma síndrome de perseguição, sendo um dos principais sintomas (e em regra), a perseguição policial.
b) Transtorno de Ânimo e Humor: Caracterizado como uma doença bifásica(fase maníaca/eufórica e fase bulcólica/depressiva). Denominada, também, de bipolaridade. É uma Doença Mental fásica, porque a pessoa oscila entre a euforia e a depressão, sendo em nível leve, moderado e grave. Pratica, durante a crise eufórica, crimes sexuais e assassinatos, geralmente. Já durante a fase depressiva, pratica incêndios, tentativas de autolesões e suicídio.
Obs.: Delírio Niilista – É a descrença absoluta que acomete o indivíduo depressivo, provocando o falso sentimento de que o mundo, as outras pessoas ou a própria pessoa não existem.
c) Transtorno de Ansiedade (Neuroses): Chamado também de “neurose”, consiste numa pertubação leve, desencadeada por algum vício ou fanatismo. Vai desde comportamentos fanáticos criminosos, a não criminosos. Ex.: Roer unha, hipocondria, síndrome do esquecimento (pensa que deixou o gás aberto), TOC (transtorno obsessivo compulsivo), fanatismo ideológico (Hitler).
d) Toxicômanos: Consiste no grupo dos indivíduo dependente químico ou alcoólico, os quais se encontram num estado avançado de dependência, sendo considerados semi- imputáveis, ou inimputáveis.
ATENÇÃO! Necessitam de tratamento, e não de reprimenda jurídica.
Obs.: Síndromes Amotivacional – É a falta de motivação para realizar atos cotidianos simples. Caracterizada por apatia, redução dos impulsos, falta de concentração e isolamento social do indivíduo. Desenvolve-se principalmente em usuários crônicos de maconha.
Obs.2: Crimes no Momento de Abstinência – Geralmente a prática de crime pelo viciado ocorre num momento prévio à crise de abstinência, denominado síndrome amotivacional, em que o comportamento do viciado é voltado à obtenção da droga. Durante a crise de abstinência, propriamente dita, não é frequente a prática de crimes pelo viciado, dado seu estado de apatia. Caso ocorra, não é premeditada.
e) Transtorno Sexual: Caracterizado pela parafilia, isto é, os fetiches sexuais criminosos.
Fetiche todo mundo tem, faz parte da vida. Só que tem fetiches que são criminosos, e ganham o nome de “parafilias”, ou seja, transtorno psiquiátrico de cunho sexual. Ex.: Pedofilia.
Questão: Qual o papel do complexo de Édipo na teoria criminológica?
O complexo de Édipo explica a paixão do filho pela mãe, que chega a sentir ciúmes do próprio pai. Já no complexo de Electra fala da paixão exarcebada da filha pelo pai. Para explicar o parricídio e o matricídio, Sigmund Freud explica que o sentimento de culpa é anterior à prática do crime, sendo responsável por incitar o sujeito a praticar o delito.
Entende-se, portanto, a síndrome da mulher de Potifar, como figura criminológica da mulher que, sendo rejeitada, imputa falsamente - contra quem a rejeitou - conduta criminosa, relacionada a dignidade sexual.
f) Transtorno de Impulso: Se caracterizam pela dificuldade do indivíduo em conter um desejo impulsivo, uma tentação involuntária em praticar determinada conduta, ainda que constitua ato criminoso prejudicial a si ou a terceiros. As compulsões de origem criminosa, são:
f.1) Cleptomania – Compulsão por furtar. Não objetiva o aumento patrimonial.
f.2) Piromania – Compulsão por promover incêndio, incendiar.
f.3) Ludopatia – Compulsão por jogar.
f.4) Oneomania - Compulsão por comprar.
1.4. Fatores Biológicos:
Pode aparecer na prova como “biocriminogênese”, vale dizer, o estudo das causas biológicas dos fatores criminológicos. Pode aparecer também, como “Fator Somático” da criminalidade, ou “Fator Físico” ou ainda como “Fator Endógeno” da criminalidade.
Temos um problema na estrutura física do indivíduo, e temos 6 fatores mais habituais, senão vejamos:
a) Antropometria: Conjunto de medidas corporais que, associado a fotografia do indivíduo preso, serve como instrumento de identificação criminal, técnica esta denominada de “Bertilonagem”, em homenagem a Alphonse Bertillon, seu criador.
b) Antropologia Criminal: Consiste no estudo da evolução do homem delinquente, em regra, através das pesquisas lombrosianas.
Para José Maria Marlet (Perito da Polícia Civil de São Paulo), a idade, o sexo e a raça do indivíduo, também são considerados fatores antropológicos que estimulam a criminalidade.
c) Biotipologia: É o estudo dos tipos constitutivos (esteriótipo físico, relacionando tais estruturas como o temperamento e a agressividade).
Temos três tipos constitutivos: Endomorfo, Mesomorfo e o Ectomorfo, sendo chamada de Tipologia de Sheldon.
Temos uma segunda classificação do Krectschmer, dando outros nomes (na mesma sequência da classificação acima): Picnico, Atlético e Leptossomático.
	SHELDON
	KRECTSCHMER
	Endomorfo (gordo) – Não é agressivo
	Pícnico
	Mesomorfo (normal) – É um pouco agressivo
	Atlético
	Ectomorfo (magro) – Extremamente agressivo
	Leptossomático
d) Neurofisiologia: É o estudo do ritmo cerebral, com a finalidade de mensurar a atividade elétrica do cérebro. É feito por meio do exame chamado eletroencefalograma (EEG).
É um estudo muito seguro e científico para comprovação de causas biológicas desencadeantes da criminalidade. Permitem demonstrar certa correlação entre determinadas disfunções cerebrais e a conduta humana, especificamente, a delitiva.
e) Endocrinologia Criminal: Consiste no estudo da relação da disfunção hormonal, com o temperamento e caráter do indivíduo, através da produção escassa ou excessiva de hormônios.
Obs.: Estudos científicos demonstram a forte relação que certos desajustes hormonais típicos da menstruação provocam no comportamento e no temperamento da mulher, tornando-a agressiva e irritadiça, como no caso da tensão pré-menstrual. Por essa razão, há relato de que no Estado do Rio Grande do Sul certo magistrado reconheceu o privilégio em crime de homicídio movido por fator desta natureza, ancorado em notícia pretérita de violência doméstica sofrida pela autora.
f) Genética Criminal: Relaciona a influência da carga hereditária do indivíduo em seu comportamento.
Estudos demonstram que a transferência genética relacionada à criminalidade, existe na mesma proporção que a transferência de gens vinculados às características físicas do indivíduo.
1.5. Fatores Sociais:
Talvez o fator de maior relevância nos dias de hoje. Também chamada de “Sociocriminogênese”, pode aparecer na prova com outros nomes:
- Fator ambiental;
- Fator de Entorno físico;
- Fator Mesológico;
- Fator Exógeno;
a) Desorganização Familiar: Consiste na desorganização social evidenciada na falta de estrutura das relações intrafamiliares. Fator altamente criminógeno, por comprometer a formação e o desenvolvimento da personalidade.
b) Reenculturação: Trata da dificuldade de adaptação do indivíduo a uma cultura diversa da sua, geralmente ocorre nos processos de migração, isto é, com a mudança do indivíduo de sua cidade natal para outro local onde seus valores muitas vezes são considerados criminosos.
c) Promiscuidade: É a perda dos valores éticos-morais, tornando mais fácil o ingresso do indivíduo na criminalidade, em decorrência da ausência de probridade e honestidade em seu meio social.
Ex.: Políticos Corruptos, Prostituição (drogas, violência), Festas Rave.
d) Analfabetismo: É a carência educacional, fator altamente criminógeno que por vezes diminui a oportunidade lícita de trabalho, haja vista a forte concorrência em termos de mão de obra qualificada.
Observar que o indivíduo sem estudo é indivíduo discriminado e sem oportunidades no mercado de trabalho.
e) Fator Econômico: A riqueza e a pobreza são considerados fatores criminógenos de mesma relevância, ou seja, não há prevalência de um sobre o outro.
Na primeira hipótese (riqueza), o criminoso se deixa levar pela ganância e ambição em manter um alto padrão de vida. Na pobreza, cede à criminaliade como forma de subsistência, ou ainda por desestruturação social.
Obs.: O primeiro autor a relacionar a probreza com a criminalidade, foi Adolph Quetelet, através de estudos convertidos em estatíticas criminais que demonstravamhaver relação de proximidade entre a probreza e a criminalidade.
2. Violência X Agressividade:
Qual a diferença entre violência e agressividade?
Nos ensinamentos do psiquiatra americano Friedrick Hacker, “a agressividade é própria da natureza animal, incluída a espécie humana. Denota o nosso espírito de sobrevivência. Frente a determinadas circunstâncias, cada um é agressivo a seu modo: através da ironia, do humor, da astúcia, do desprezo, da presunção, etc”. Violência é o rompimento da barreira da alteridade, onde a força física do mais forte se impõe sobre o mais frágil ou indefeso. O melhor exemplo de agressividade sem violência é o esporte.
07/04/15	20/04/16	11/05/16
ESCOLAS SOCIOLÓGICAS:
Divididas em duas teorias, sendo uma consensual e outra conflitiva, analisam aspectos que influenciam no comportamento delitivo ou criticam o modelo penal e econômico adotado em determinado ordenamento jurídico.
A) Teorias Consensuais:
Escola de Chicago.
Teoria da Anomia.
Teoria da Associação Diferencial.
Teoria da Subcultura Deliquente.
B) Teorias Conflitivas:
Teoria do Etiquetamento.
Teoria Marxista (Crítica ou Radical).
Cada uma dessas escolas estuda a criminalidade em um determinado aspecto, em um determinado foco;
1. Teorias Consensuais:
1.1. Teoria da Anomia:
Representada por Èmile Durkhein/Robert Merton (1938);
Obras: Temos três obras de autoria do Durkhein: Da divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico (1895) e O suicídio (1897);
Anomia significa Crise. Perda de efetividade e desmoronamento das normas e valores de uma sociedade, consequentes do rápido e acelerado desenvolvimento econômico e social. Surgiu nos EUA na década de 1930.
O crime é um fenômeno normal e previsível em toda sociedade. Sociedade sem crime, é sociedade pouco desenvolvida. Já o criminoso é aquele que deixou de obedecer a lei do Estado. Comportamento desviante é um fator necessário e útil para o desenvolvimento e equilíbrio sociocultural: Não o reprovamos porque é crime, mas é um crime porque o reprovamos. É a consciência coletiva ( O fato é punido porque a sociedade entende que ele deve ser punido como um crime (adequação social).
Ex.: Ataques do PCC, em 2006, houve uma instabilidade institucional, onde o crime organizado tentou se impor sobre o Estado (Ver o Filme “Salve Geral”).
Robert Merton propõe a Filosofia do Sonho Americano: Sociedade de bem estar fundada na real igualdade de oportunidades (um mundo ideal).
A adaptação individual (do indivíduo) é classificada da seguinte forma:
a) Conformidade: Adaptação às normas. A pessoa se adapta perfeitamente.
b) Inovação: Atalho ilícito em busca da ascensão. A pessoa que não se mantém conformista, irá modificar aquilo, inovando, saindo da mesmice.
c) Ritualismo: Conformismo com os costumes e renúncia ao sonho de ascensão. O sujeito irá acatar o ritual. Para o conformista está tudo bom, se adaptando àquela situação.
d) Retraimento: Não adaptação às normas institucionais.
e) Rebelião: Inconformismo e revolta com o sistema social, saindo às ruas, brigando, reinvindicando.
Para Merton, a filosofia do sonho americano, isto é, a realização individual, social e financeira rumo ao status social, aliados a sua impossibilidade de conquista, são fatores altamente criminógenos.
1.2. Escola de Chicago:
Talvez a mais importante das escolas sociológicas. Surgiu no início de 1910, por meio de pesquisadores da própria universidade de Chigado.
Aparece com os nomes de Teoria da Ecologia Criminal ou Desorganização Social. Estuda a “sociologia das grandes cidades”.
Explosão do crescimento da cidade em círculos.
Desaparecimento do controle social informal, na medida em que a sociedade vai crescendo, o controle social vai desaparecendo.
Criminalidade: Produto da superpopulação (n° de pessoas X infraestutura = Favelas). Pode aparecer com o nome de Sllum (cortiço). A Escola de Chicago faz um estudo comparativo entre o crescimento da criminalidade frente ao desenvolvimento das cidades (como no estilo da Revolução Industrial). Há uma desorganização social.
Temos também o Hot Spot, vale dizer, local de alta criminalidade, local desorganizado, sendo foco da criminalidade. São áreas de concentração de delinquência. Locais onde a criminalidade é evidente e latente. Ex.: Cracolândia, Feira do rolo, clínica de aborto, feira clandestina de venda de animais, Lugar onde tem tráfico de drogas, prostituição, etc.
Utilização dos Social Surveys, vale dizer, inquéritos sociais (como se fosse uma pesquisa censitária).
Dividiu-se em duas teorias:
Teoria Ecológica: Robert Park/Ernest Burguess;
- Obra: “The City” (1925);
Foi criada em 1915, sob o legado de que o progresso traz criminalidade às grandes metrópoles. Aludida teoria faz um paralelo entre o desenvolvimento das grandes urbes e o consequente aumento da criminalidade em virtude do desaparecimento do controle social informal.
Sua proposta é o melhor aproveitamento do espaço urbano em desfavor das ganglands, ou seja, dos locais com alta concentração da criminalidade. Para Robert Park, a ecologia humana é, fundamentalmente, uma tentativa de investigação dos processos pelos quais o equilíbrio biótico e o equilíbrio social se mantém.
Teoria Espacial: Oscar Newman;
- Obra: “Defensible Space”;
Criada na década de 1940, estuda a reestruturação arquitetônica e urbanística das grandes cidades como medida preventiva da criminalidade. O arquiteto Oscar Newman, em sua obra “Defensible space”, propõe modelos adequados de construção como forma de prevenção situacional do delito em que o espaço defensável seria aquele que permite uma maior vigilância pelas pessoas, além de desenvolver mecanismos de autodefesa por meio do uso de barreiras reais e simbólicas que desestimulem a ação criminosa por aumentar os riscos para o infrator (prevenção situacional do risco).
Newman identificou quatro aspectos do design dos espaços e prédios que encorajam o desenvolvimento do controle social: (1) territorialidade (os espaços deveriam ser definidos de forma a fomentar a ação protetora dos próprios residentes e a desencorajar o ingresso de estranhos), (2) vigilância (os prédios deveriam ser construídos para facilitar a vigilância por seus moradores), (3) imagem (os espaços deveriam apresentar uma imagem de força e proteção e não de vulnerabilidade), (4) ambiente (criar áreas de segurança nas adjecências das residências).
1.2.1. Tolerância Zero:
Se desenvolveu na década de 1980, onde o prefeito Nova Yorquino, Rudolf Giuliani, instaurou essa política da tolerância zero, para combater a criminalidade em Nova Yorque.
Instaurou-se o Movimento de Lei e Ordem: É a repressão Estatal ao menor delito praticado. Não tem conversa, onde o bixo pega, o coro come, o Estado se faz presente, chamando à responsabilidade os infratores.
1.2.2. Teoria das Janelas Quebradas (“broken windows”):
Começou por meio de um estudo, colocando dois veículos, um em um bairro nobre da Califórnia, como que abandonado estivesse, e outro no bairro do Bronks (Nova Yorque), do mesmo jeito.
O carro do Bronks foi depenado em menos de 72 horas, enquanto que o carro do bairro nobre da Califórnia ficou intacto.
Porteriormente, quebrou-se o vidro do carro no bairro nobre, e 48 horas depois, foi vagarosamente sendo depenado, de forma mais tímida.
Desta forma, provou-se que o pessoal do bairro do Bronks, não tinha medo do Estado, enquanto que o pessoal do bairro nobre da califórnia, temia o Estado.
Atrelada diretamente à Escola de Chicago, esta teoria norte-americana propõe a repressão dos menores delitos para inibir os mais graves, fazendo surgir a política de tolerância zero implementada pelo ex-prefeito nova-iorquino Rudolph Giuliani naquela cidade. Seu objetivo é promover a redução dos índices de criminalidade e evitar que um determinado local se torne uma zona de concentração da criminalidade (hot spot).
1.2.3. Lei “Cidade Limpa” – GilbertoKassab/SP:
Pode ser objeto de estudo da criminologia, sendo o extermínio da poluição visual uma forma de revitalização do espaço urbano.
1.3. Associação Diferencial:
Desenvolvida por Edwin Sutherland, em 1930. Vai estudar uma associação diferencial dos criminosos, estudar a criminalidade com outros olhos.
Conduta Delitiva é o conhecimento técnico + habilidade. Exige-se um processo de aprendizagem, comunicação.
Forma-se uma organização criminosa do tipo empresarial, que utilizam a sua condição social, a sua profissão de forma nociva. É conhecimento técnico, profissionalização. É fruto de uma socialização incorreta!
Crime do Colarinho Branco: Crime cometido por pessoas respeitáveis com elevado status social, praticado no exercício da profissão ocorrido com violação de confiança, em regra. Remete-se a ideia do executivo engravatado.
Obs.: A doutrina chama esse tipo de criminalidade, de Criminalidade Dourada.
1.4. Subcultura Delinquente:
Foi consagrada por Albert Cohen/Gabriel Tarde, na década de 1950, a partir do estudo da delinquência infanto-juvenil. Obra: “Dellinquent Boys” (1955).
Cohen explicou que todo agrupamento humano possui subculturas, sejam elas provenientes de seu gueto ou filosofia de vida, em que cada um se comporta de acordo com as regras do grupo, as quais não correspondem com a regra da cultura geral.
Foi constatado que o crime serve como sinal de protesto, como opção de grupo, como reinvindicação.
1.4.1. Ideais Fundamentais:
a) Caráter Pluralista da norma: Temos dois valores: o valor linear, oficial; e o valor paralelo, vale dizer, valor do subgrupo;
b) Aceitação da conduta desviada: “Vestir a camisa” do grupo desviante;
c) Semelhança estrutural: Identificação dos componentes do grupo;
1.4.2. Características do Delinquente:
a) Não utilitarismo da ação: Em regra, o comportamento desviado não tem um propósito;
b) Malícia da conduta: Malandragem típica desses subgrupos, a gíria que eles usam, o cumprimento que eles possuem, etc;
c) Negativismo: Pensamento de que aquele comportamento é contra o sistema;
2. Teorias Conflitivas: criticam o modelo penal e econômico adotado em determinado ordenamento jurídico.
2.1. Teoria do Etiquetamento:
Pode vir no concurso com outros nomes: Labelling Approach; Rotulação; Reação Social; Interacionista.
Seus representantes são Erving Goffman/Houward Becker, e surgiu na década de 1960, nos EUA.
O crime é uma resposta social a algo supostamente feito. O criminoso é o indivíduo que por sua conduta, a sociedade atribui o rótulo de criminoso.
Seu foco está na reação social frente ao crime, vale dizer, nos que os outros irão achar. O estigma que a sociedade faz em relação aos criminosos, que fica marcado com um verdadeiro “X” nas costas, e essa teoria é contra isso.
O nosso sistema é um sistema que não recupera ninguém, pois ele fica marcado, nunca mais sendo considerado um indivíduo “normal”, carregando a roupagem de ex-presidiário. Essa teoria é contra essa reação social, acreditando que a justiça é cega, devendo avaliar somente o fato, e não a pessoa, o “ouvir dizer”, devendo-se comprovar.
Sustenta que é mais fácil ser tido como criminoso pelo que se é e não pelo que se faz, sendo o raio da rotulação. Suposições socialmente adequadas ao caso.
Veda a estigatização ao delinquente (outsiders).
Índice de marginalização: alto e baixo.
Estigma: É a depreciação no valor social de alguém.
A pena (cárcere) tem uma função reprodutora, uma verdadeira “ladeira escorregadia”, o indivíduo ingresso no sistema carcerário, entra para uma “ladeira escorregadia”, tornando-se um criminoso altamente perigoso, se aperfeiçoando no crime.
São contra as cerimônias degradantes, isto é, julgamento informal e precipitado do infrator pela sociedade e principalmente pela mídia. Ex.: Acusação falsa de abuso sexual dos alunos na Escola Base, em São Paulo, onde foi apenas um boato.
“O desvio não está no ato cometido, nem tampouco naquele que o comete, mas que o desvio é a consequência visível da reação social a um dado comportamento”. H. Becker.
ATENÇÃO! Defendem o Minimalismo Penal e a aplicação de penas alternativas ( Modelo de Justiça Restaurativa. Ex.: NECRIM, no âmbito da Polícia Civil de SP.
2.2. Teoria Radical:
Representada pelo Berkeley/I. Taylor. Aparece com os nomes: Teoria Crítica, Marxista ou Nova Criminologia.
Defende a construção de sociedade mais justa, igualitária, fraterna e menos consumista, onde o socialismo é a solução. Surgiu na década de 1960, baseando-se na análise marxista da ordem social.
O crime é um problema típico e insolúvel das sociedades capitalistas. Quem não tem um determinado produto, irá atrás desses produtos, não importa como, roubando, furtando, contrabandeando, etc.
Esse modelo criminológico propõe a abolição da desigualdade social, estabelecendo medidas de caráter abolicionista e/ou minimalista, persistindo seu foco na responsabilização do modelo econômico capitalista como principal fator gerador da criminalidade.
2.2.1. Abolicionismo Penal:
A proposta abolicionista defende a extinção do modelo penal de resolução de conflitos, propondo sua substituição por métodos conciliatórios e preventivos da criminalidade, desprezando a prisão como modelo ideal de punição. Por fim, sugere que, sendo necessária a intervenção estatal, seja feita por outros ramos do direito que não pelo direito penal (subsidiariedade).
2.2.2. Minimalismo Penal:
Nos ensinamentos de Alessando Baratta, o direito penal mínimo propugna por um modelo de direito penal em que se tenha “mínima intervenção, com máximas garantias”. Trata-se de redução do âmbito de aplicação do direito penal, sobretudo no que tange a novas criminalizações, propondo amplo processo de despenalização dos crimes de menor gravame, restringindo a intervenção estatal às situações efetivamente necessárias.
25/03/15	15/06/16
VITIMOLOGIA:
É a disciplina que estuda a vítima enquanto sujeito passivo de crime, sua participação no crime, os fatores de vulnerabilidade e sua consequente vitimização.
É uma disciplina auxiliar das ciências criminais, uma vertente da criminologia. Não é uma ciência autônoma.
A pobreza é um fator de vulnerabilidade, pois a vítima é facilmente aliciada para a criminalidade. A riqueza também é um fator de vulnerabilidade, para crimes de sequestro, por exemplo.
A vitimização, é o ato ou efeito de alguém se tornar vítima, dela própria, de terceiros e de ação da natureza. É uma consequência do sofrimento da vítima. Iremos estudar as modalidades de vitimização.
ATENÇÃO! A vitimologia surgiu na fase de redescobrimento da vítima. Seu patrono é Benjamim Mendelsohn, porque na década de 1950, promoveu um congresso/encontro/simpósio, na cidade de Bucareste, dos estudiosos da criminologia, tendo como a seguinte abordagem: “Um horizonte novo na ciência biopsicossocial: A vitimologia”. Promoveu uma conscientização coletiva daqueles estudiosos, sobre o estudo da vítima dentro da criminologia, ante as barbáries havidas nos anos anteriores com judeus, ciganos, homossexuais e civis em geral.
Mendelsohn é de Jerusalem (Israelense), professor Universitário das Ciências Criminais, porém esse simpósio foi promovido na Romênia, na cidade de Bucareste. Em 1953 ele publicou a obra “Vitimologia”, primeira obra de vitimologia.
No ano de 1985, a ONU também se manifestou em prol das vítimas, abraçando essa idéia inicialmente de Mendelsohn, criando uma Resolução chamada Declaração Universal de Direitos da Vítima (Resolução 40/34/1985).
Aqui no Brasil, foi desenvolvido por Armida Miotto, na década de 1970, pesquisadora da USP. Edgard de Moura Bittencourt foi o responsável pelo desenvolvimento da primeira obra de vitimologia no Brasil, datada de 1974 (Ele era Desembargador em Ribeirão Preto).
Existe, hoje, documento oficial de proteção às vítimas. Em 1985, a Organização das Nações Unidas – ONU, em Assembléia Geral, por meio da Resolução 40/1934, regulamentouos direitos das vítimas em documento de âmbito internacional.
1. Classificação:
1.1. Benjamim Mendelsohn:
Critério baseado na participação da vítima no delito. O Juiz, quando vai fixar a dosimetria da pena, tem que se fixar nos critérios do artigo 59 do Código Penal, o qual aborda a participação da vítima no delito, servindo justamente para a fixação da dosimetria da pena do criminoso:
Inocente – É aquela que não colabora de nenhum modo para a ocorrência do delito. É chamada também de vítima ideal. Logo, a punição do criminoso deve ser em grau máximo.
Menos Culpada (que o criminoso) – É aquela que, com comportamento inadequado, provoca ou instiga o criminoso, desencadeando a perigosidade vitimal, isto é, a primeira etapa da vitimização. É identificada também como vítima nata.
Tão Culpada Quanto (o criminoso) – É aquela que colabora para o delito na mesma proporção que o criminoso, acarretando o equilíbrio da dupla penal (o agressor/criminoso e a vítima).
Ex.: Crime de Rixa (lesão corporal recíproca), como as brigas em estádio de futebol; Crime de Estelionato; Crime de Aborto consentido.
Mais Culpada (pseudo) que o Criminoso – São vítimas de crime privilegiado cujo autor terá sua pena reduzida por tê-lo praticado sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima; ou em defesa de valores morais ou sociais.
Ex.: Pai que mata o estuprador da filha.
Única Culpada – São vítimas de crimes acobertados pela excludente de ilicitude da legítima defesa, haja vista terem reagido a uma injusta agressão.
ATENÇÃO! Vitmodogmática – É o estudo da contribuição da vítima na ocorrência do delito e a influência dessa participação na dosimetria da pena. Alicerçado no princípio da “autorresponsabilidade”, pode acarretar desde a atenuação da reprimenda (vítima mais culpada que o criminoso), como ocorre nos crimes considerados privilegiados, até a isenção de pena do autor (vítima exclusivamente culpada), nos casos de legítima defesa.
1.2. Outras Classificações:
a) Potencial – ou Latente, são aquelas que ostentam um alto grau de vulnerabiliade, como por exemplo, mulher grávida, deficiente físico, o grande empresário, etc.
b) Indefesa – São aquelas restringidas de defesa por medo de represália. Ex.: Pessoa que sofre violência doméstica e não quer ir às autoridades públicas para denunciar; 
 
c) Falsa – São aquelas dissimuladas que forjam uma situação criminosa para tirar proveito, para se beneficiar. É caracterizada no crime de estelionato, na modalidade fraude contra o seguro.
d) Simbólica – São aquelas que representam, marcam um determinado período histórico. Ex.: Jesus Cristo; Vítimas do WTC; Vítimas do Maníaco do Parque; Isabele Nardoni; etc.
e) Intrafamiliar – São aquelas que sofrem abusos, maus-tratos e injustiças dentro das relações familiares.
f) Política Social – São os cidadãos pagadores de impostos, vitimizados pela improbidade administrativa dos governantes, e a má utilização do dinheiro público.
g) Atuante – São aquelas que reinvidicam seus direitos, denunciando o crime, contratando assistentes técnicos, bem como se socorrendo da imprensa para dar maior publicidade ao fato. Ex.: Vítimas do médico em biogenética, em SP, Roger Abdelmassih.
h) Omissa – São aquelas que permanecem silentes frente a um crime, deixando de denunciá-los por vergonha, medo de represália ou por descrédito com a polícia e com a justiça. Obs.: Colaboram para o aumento das “Cifras Negras”.
i) Coletiva – São grupos de pessoas vitimizadas pelo mesmo fato. Ex.: Na relação de consumo, em que um produto sai com um erro em série;
2. Vitimização:
É o ato ou efeito de alguém se tornar vítima;
2.1. Primária:
É a consequência natural do crime, seus efeitos, o prejuízo patromonial, físico ou psicológico causado à vítima como consequência do crime. Ex.: Crime de roubo, é a perda do partimônio; Crime de Homicídio é a morte de alguém; Crime de Estupro é a violência sexual, etc;
2.2. Secundária (Sobrevitimização):
Denominada também de Sobrevitimização, é a mais severa das vitimizações, consistindo no sofrimento adicional à vitimização primária, gerado pelo poder público e pela imprensa. O Estado promove essa vitimização secundária, burocratizando o serviço, como por exemplo, nos crimes sexuais, acarretando considerável aumento dos índices de crifras ocultas (Cifras Negras).
2.3. Terciária:
É a segregação da vítima pela sua família, a qual a discrimina após o crime, ou seja, a vítima sendo segregada pelos familiares. É, por exemplo, o irmão atormentando a vida do outro irmão, porque ele foi vitimado.
É também considerado pela doutrina, como a falta de assistência do Estado em relação à vítima, ou seja, o Estado abandona a vítima.
2.4. Indireta:
É o contrário da terciária, onde temos o sofrimento dos familiares da vítima, os quais se compadecem vendo a situação do ente querido. Em outras palavras, é o sofrimento de pessoas intimamente ligadas à vítima de um crime. Aquela que, embora não tenha sido vitimizada diretamente pelo criminoso, sofre com o sofrimento do ente querido ou amigo.
2.5. Heterogênea:
Também chamada de Heterovitimização. É a autoculpabilização da vítima pelo crime ocorrido, buscando razões que, possivelmente tornaram-na responsável pelo delito.
3. Participação:
Crimes com participação ativa das vítimas;
3.1. Rixa;
3.2. Estelionato;
3.3. Aborto;
3.4. Corrupção;
3.5. Homicídio Privilegiado;
4. Leis de Proteção às Vítimas:
Observar que todas elas são depois de 1985, ou seja, após o início dos estudos criminológicos da vitimologia no Brasil.
4.1. Lei 9807/99 – Proteção Vítima e Testemunhas:
Promove uma séria de coisas, como por exemplo, condição de vítima ou testemunha protegida, ou seja, não é identificada.
Temos a questão da delação premiada, proteção ao réu que vem a colaborar.
Abrigo, proteção, moradia para a pessoa que está sendo perseguida, assim como mudança do nome, etc.
4.2. Lei 9503/97 – Código Brasileiro de Trânsito:
Temos o seguro obrigatório, como o DPVAT, como também temos a multa reparatória, no caso de morte, e por conta dos prejuízos.
4.3. Lei 9605/98 – Lei Ambiental:
Autoriza o pagamento imediato de indenização à vítima de crime ambiental, como poluição de uma plantação por uma fábrica, ou a pixação.
4.4. Lei 8078/90 – Código de Defesa do Consumidor:
4.5. Lei 9.099/90 – Juizado Especial:
Protege fazendo o ressarcimento, através da transação penal, da composição civil dos danos.
5. “ITER VITIMAE”:
Trata-se do caminho percorrido pela vítima, para ela se proteger contra o criminoso.
Há relação com o iter criminis (caminho do crime), pois, toda vez que o iter vitimae se consumar, o crime será tentado necessariamente, ou seja, o iter criminis não se concretizou;
São as etapas do iter vitimae:
a) Intuição;
b) Atos preparatórios (conatus remotus);
c) Início da execução (conatus proximus);
d) Execução;
e) Consumação;
5.1. Intuição:
Momento em que a vítima suscita/pensa na possibilidade de ser vitimizada. Não excede à esfera de pensamento. É o pressentimento que a vítima tem de que pode ser vitimizada por um crime.
5.2. Atos Preparatórios (Conatus Remotus):
Momento em que a vítima passa a pesquisar um mecanismo de defesa. É o primeiro momento em que ela coloca em prática aquela intuição (pesquisa meios de defesa, realiza orçamentos, como por exemplo, na blindagem de um veículo ou cercar a casa com cerca elétrica).
5.3. Início da Execução (Conatus Proximus):
Momento em que a vítima adquire mecanismo de proteção almejado, ou seja, ela contrata o serviço, e está protegida (ela blinda o carro ou instala a cerca elétrica).
5.4. Execução:
Momento em que o mecanismo de defesa é acionado, em virtude de uma lesão ou tentativa de lesão, contra um bem da vítima (sendo ou não efetivo na defesa).
5.5. Consumação:
Ocorre com a tentativa de crime, ou seja, com a

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