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TJMG 2012 Atos de Oficio

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TJ MG 
Atos de Ofício 1 
OFICIAL JUDICIÁRIO 
Atos de Ofício 
 
Processos: conceito, espécies, tipos de procedimento; 
distribuição, autuação e registro; protocolo; petição inici-
al; numeração e rubrica das folhas nos autos; guarda, 
conservação e restauração dos autos; exame em cartó-
rio, manifestação e vista; retirada dos autos pelo advo-
gado; carga, baixa, conclusão, recebimento, remessa, 
assentada, juntada e publicação; lavratura de autos e 
certidões em geral; traslado; contestação. 
Termos processuais cíveis e criminais e autos: conceitos, 
conteúdo, forma e tipos. 
Atos do Juiz: sentença, decisão interlocutória e despa-
cho; acórdão. 
Atos processuais: forma, nulidade, classificação e publi-
cidade; processos que correm em segredo de justiça. 
Citação e intimação: conceito, requisitos, modalidades de 
citação: via postal, mandado, por edital; cartas precató-
ria, rogatória e de ordem. Intimação na Capital e nas 
comarcas do interior; intimação do Ministério Público; 
contagem do prazo de intimação. 
Prazos: conceito, curso dos prazos, prazos das partes, 
do juiz e do servidor, processos que correm nas férias. 
Apensamento de autos: procedimento; requisitos da 
carta de sentença. 
Autos suplementares: quando são obrigatórios, peças 
que devem conter; sua guarda. 
Cumprimento de Sentença e Processo de Execução: 
citação, intimação, penhora, arresto, avaliação, impug-
nação e embargos à execução. 
 
1) Processos: conceito, espécies, tipos de procedi-
mento; distribuição, autuação e registro; protocolo; 
petição inicial; numeração e rubrica das folhas nos 
autos; guarda, conservação e restauração dos autos; 
exame em cartório, manifestação e vista; retirada dos 
autos pelo advogado; carga, baixa, conclusão, rece-
bimento, remessa, assentada, juntada e publicação; 
lavratura de autos e certidões em geral; traslado; 
contestação. 
 
Processos 
 Conceito 
Para ser efetiva, a lei precisa ir além da determinação 
dos direitos e obrigações das pessoas físicas e jurídicas: 
deve estabelecer também o conjunto de normas por 
meio das quais os tribunais julgarão esses direitos e 
deveres. Esse conjunto de normas, ou processo judicial, 
é a forma de garantir solução justa e eficaz para as nu-
merosas disputas que surgem numa sociedade comple-
xa. 
Processo, em sentido amplo, é uma sequência de a-
tos que se estabelecem entre as partes e os órgãos 
jurisdicionais do estado, configurando uma relação de 
direito, com o objetivo de administrar justiça. Em lingua-
gem jurídica, processo é o conjunto de atos praticados 
(pelo autor, réu, juiz, testemunhas, peritos, escrivães 
etc.) para tornar efetiva a prestação jurisdicional, isto é, o 
ato pelo qual o estado faz valer o direito objetivo, a nor-
ma jurídica e eventualmente protege direitos subjetivos. 
Há tantas classes de processos como ramos do direi-
to substantivo, e por isso se distingue entre processo 
civil, relativo aos direitos em geral, e processo penal, que 
se realiza na esfera da justiça criminal. A palavra proces-
so designa também as atividades judiciais especiais e a 
ação das autoridades administrativas em assuntos espe-
cíficos e atividades públicas determinadas: processo 
militar, processo trabalhista, processo eleitoral, processo 
administrativo e processo fiscal. Nesse ponto, o processo 
se entrosa com variada legislação lateral, como a traba-
lhista, militar, eleitoral e outras, além das leis estaduais 
referentes à organização judiciária e ao ministério públi-
co. No que se refere ao processo civil e penal, o conjunto 
é ainda denominado direito judiciário. 
Processo civil 
O processo civil moderno deriva da fusão das tradi-
ções romana e germânica. No direito romano, o juiz, no 
exercício da função pública, emitia o veredito de acordo 
com a opinião que formava a partir da apreciação das 
provas fornecidas pelas partes em litígio. A validade do 
julgamento, portanto, se aplicava a cada caso específico. 
Por essa característica, o processo romano era pouco 
formalista e privilegiava a expressão oral. No processo 
civil germânico, pelo contrário, o julgamento se adequava 
a princípios solidamente estabelecidos de antemão. O 
juiz se limitava a conduzir o processo e a decisão final 
tinha caráter de satisfação da vontade divina. 
São princípios fundamentais do processo civil: (1) o 
de que é o instrumento ou meio de provocação do poder 
judiciário no que entende com a tutela do direito e a 
atuação da lei, limitada a autodefesa privada a poucos 
institutos; (2) o de que a realização do direito importa a 
faculdade de recorrer ao judiciário por meio de ações 
competentes e na forma da lei processual; (3) o de que 
ninguém deve ser condenado sem ser chamado à justiça 
para ser ouvido e apresentar a defesa que tiver; (4) o 
princípio político, ou seja, o de assegurar a máxima ga-
rantia dos direitos com um mínimo de sacrifício da liber-
dade; (5) o princípio lógico da escolha de meios mais 
seguros e rápidos para a revelação da verdade; (6) o 
princípio jurídico da igualdade dos litigantes, destinado a 
garantir a imparcialidade da decisão; (7) o princípio eco-
nômico, no sentido de evitar o desnecessário encareci-
mento das demandas, assegurando o benefício da justi-
ça gratuita à parte que não estiver em condições de 
pagar as custas do processo. 
Quanto aos princípios específicos do processo, des-
tacam-se: (1) o de garantir, por meio de arguições espe-
ciais, a impugnação de leis inconstitucionais; (2) o de 
assegurar os direitos subjetivos mediante ações adequa-
das, de rito disciplinado na lei processual; (3) o de defesa 
garantida por meio de citação regular, prazos certos e 
possibilidade de opor exceções com base em erro no 
procedimento; (4) o da admissibilidade da defesa de 
direito próprio em processo alheio, por meio dos institu-
tos do litisconsórcio ativo ou passivo, da oposição e dos 
embargos de terceiros, inclusive interposição de recursos 
por interessado alheio à demanda; (5) de duplo grau de 
jurisdição, salvo processos de alçada, de pequeno valor, 
admitido o recurso extraordinário ao Supremo Tribunal 
Federal, em certos casos; (6) o do livre convencimento 
do juiz, vedada a decisão além ou fora do pedido; (7) o 
da execução das decisões, inclusive a título provisório, 
se o recurso não tem efeito suspensivo; (8) o da impug-
nabilidade da sentença nula por via de embargos à exe-
cução ou ação rescisória; (9) o da apuração da verdade 
real, admitida por exceção à verdade formal; (10) o da 
segurança formal do processo, com proferição de despa-
cho saneador, intermédio, expurgador de defeitos e fa-
lhas; (11) o da supervisão da autoridade do juiz, a quem 
TJ MG 
Atos de Ofício 2 
cabe dirigir o processo e velar pelo bom andamento da 
causa; (12) o da imediatez e da concentração, importan-
do contato do juiz com as partes e presença nas provas; 
(13) o da oralidade, com fixação pelo juiz do objeto da 
demanda e dos pontos em que se manifestou a diver-
gência, a fim de evitar surpresas e o risco de longos 
arrazoados, travando-se os debates e proferindo-se a 
sentença em audiência. 
O código do processo civil brasileiro regula, em suas 
disposições gerais, os atos e termos judiciais, o valor das 
causas, sua distribuição e registro, as despesas judiciais, 
custas e honorários advocatícios, o benefício da justiça 
gratuita, a representação das partes e sua capacidade 
processual e a intervenção de terceiros na demanda, 
além de disciplinar a atividade e competência dos juízes, 
serventuários e peritos, e de tratar do processo em geral. 
Este se desdobra pela instância, com o petitório, exposi-
ção inicial em que a parte, chamada autor, qualifica a si e 
ao réu contra quem formula o pedido, indica os funda-
mentos jurídicos deste e os fatos em que estriba; se-
guem-se a citação, por mandado, com hora certa, poredital, precatória ou rogatória, e a defesa, por via direta 
(contestação), indireta (exceções de incompetência do 
juízo, suspeição, litispendência e coisa julgada), ou por 
via inversa (reconvenção, isto é, a contrapretensão for-
mulada pelo réu ao autor). São reguladas, ainda, a sus-
pensão, absolvição e a cessação de instância, a prova e 
os respectivos incidentes. Trata das nulidades, fixando o 
princípio de que não devem ser pronunciadas quando 
não tiver havido prejuízo para as partes, e do julgamento 
e sua eficácia. 
Chama-se processo ordinário o processo comum es-
tabelecido para as ações sem rito especial prescrito no 
código, sendo certo, contudo, que a contestação, em 
muitos casos, faz cair a ação no rito ordinário. Têm pro-
cessos especiais as ações executivas, cominatórias, de 
consignação em pagamento, de nulidade de patente, de 
recuperação de título ao portador, de reserva de domí-
nio, de despejo, de renovação de contrato de locação, 
possessórias, de divisão e de demarcação de terras e 
várias outras, bem como os chamados processos admi-
nistrativos, como os de inventário e partilha, e os acessó-
rios. 
Processo penal 
Entende-se por direito penal o conjunto de procedi-
mentos por meio dos quais se apura a responsabilidade 
criminal de um indivíduo, com a finalidade de puni-lo. 
Historicamente, o processo penal obedeceu a duas mo-
dalidades gerais: o processo acusatório e o processo 
inquisitório. O primeiro identifica-se com o processo 
penal romano, fundado na igualdade entre acusador e 
acusado. A apresentação de provas e a argumentação 
da defesa se realizavam publicamente, com acusador e 
juiz perfeitamente separados. O processo inquisitório, 
próprio dos regimes autoritários, vigorou por exemplo 
durante a Idade Média e constituiu o instrumento de 
administração da justiça do Santo Ofício. Nele, a instru-
ção do processo e o julgamento são secretos, a pessoa 
do juiz se confunde com a do acusador e a relação de 
poder entre acusador e acusado é desequilibrada em 
favor do primeiro. Modernamente, adota-se em geral um 
sistema misto entre esses dois tipos de processo, com 
instrução secreta e debates públicos. 
O processo penal visa à estrutura da ação penal, em 
termos de assegurar poder punitivo do estado, com se-
gurança dos direitos e garantias que a constituição con-
fere aos indivíduos, no referente à liberdade e à dignida-
de. Além do que for aplicável, quanto aos princípios já 
referidos, ao processo penal se aplicam os da: (1) legali-
dade, importando a obrigatoriedade da ação, sua indis-
cricionalidade e seu oficialismo; (2) unidade e indivisibili-
dade; (3) publicidade, banidos os processos secretos, 
restrita a incomunicabilidade dos réus e obrigatória a 
comunicação da prisão ao juiz; (4) solidariedade, possibi-
litada a intervenção do ofendido e até, em certos casos, 
a privatividade da ação. 
A ação penal é irrevogável, irrenunciável, oficial e pú-
blica, iniciando-se pela denúncia ou queixa exercida pelo 
ofendido ou seu substituto legal. O processo exige cita-
ção do réu ou sua apresentação, quando preso, para a 
defesa e assistência dos atos processuais, possibilitada 
a fiança, em casos de menor gravidade, e a produção de 
prova. Na primeira instância, o processo é o comum, o 
do júri e os especiais, para os crimes de falência, res-
ponsabilidade dos funcionários públicos, calúnia e injúria 
e dos crimes contra a propriedade imaterial, além do 
processo sumário, para as contravenções, e o da compe-
tência dos tribunais, para os delitos comuns e funcionais 
cujo julgamento lhes caiba. Tal como no civil, no proces-
so penal nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade 
não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa, 
ou que não houver influído na apuração da verdade 
substancial ou na decisão da causa, e a incompetência 
do juízo anula somente os atos decisórios. Além dos 
recursos, o código do processo penal regula as conces-
sões do habeas-corpus e a execução das penas e das 
medidas de segurança. 
Espécies de Processos 
A legislação processual civil contempla três espécies 
de processo: processo de conhecimento (ou de cogni-
ção), processo de execução e processo cautelar. 
Processo de conhecimento é aquele que tem por ob-
jetivo obter do Estado, através de um juiz, o reconheci-
mento de um direito que está sendo resistido por alguém. 
É a pretensão levada ao Poder Judiciário a fim de que 
este, considerando as provas produzidas, possa declará-
lo como um direito líquido e certo, ou seja, que deve ser 
respeitado. 
Quando alguém propõe um processo de conhecimen-
to, o seu direito exposto ao juiz ainda é duvidoso. A parte 
contrária, ou seja, aquela contra quem é movido o pro-
cesso, precisa se manifestar sobre o pedido do autor 
(contraditório) e, depois de cumpridas as demais formali-
dades legais atinentes ao processo, o juiz profere uma 
sentença, julgado a ação procedente ou improcedente. 
Caso julgue procedente o pedido do autor, seu direito 
passa de duvidoso para uma categoria de um direito 
concreto, certo e exigível, por força da sentença judicial 
transitada em julgado. 
A título de exemplo, podemos mencionar uma ação 
de indenização movida por Paulo Henrique contra Ricar-
do Antonio, visando uma indenização porque este, em 
um programa de rádio, lhe fez acusações inverídicas, 
caluniosas, injuriosas e difamatórias. O pedido de Paulo 
Henrique será encaminhado ao juiz através de uma peti-
ção inicial (requerimento). 
Se no decorrer do processo ficar provado que ele, Ri-
cardo Antonio, de fato, lhe fez acusações infundadas, e o 
juiz julgar procedente a ação, o direito de Paulo Henrique 
que até então era duvidoso passou a ser um direito líqui-
TJ MG 
Atos de Ofício 3 
do, certo e exigível, por força do título executivo judicial 
representado pela sentença transitada em julgado. O 
processo inicialmente movido por Paulo Henrique (ação 
de indenização) é exemplo de um processo de conheci-
mento, pois, inicialmente, o seu direito era duvidoso. 
Agora, com a sentença proferida pelo juiz, reconhecendo 
o seu direito, passou a ser um direito líquido e certo. 
Processo de execução – Esse tipo de processo vem 
logo após o término do processo de conhecimento. Este, 
como se sabe, termina com uma sentença de mérito, isto 
é, uma decisão judicial pondo fim ao processo. Se tal 
sentença transitar em julgado, inicia-se, portanto, o pro-
cesso de execução. 
O processo de execução tem por objetivo fazer com 
que o Estado obrigue o devedor de uma obrigação a 
cumpri-la, sob pena de uma sanção. A obrigação aqui 
referida pode ser decorrente de uma sentença judicial 
transitada em julgado, que equivale a um título executivo 
judicial, ou através de títulos de crédito ou documentos 
que preencham certas formalidades apontadas em lei, 
chamadas também de títulos executivos extrajudiciais. 
Assim como a sentença judicial transitada em julgado 
equivale a um título judicial, são considerados títulos 
extrajudiciais que representam um direito líquido e certo 
de recebimento de quem os possui o cheque, a nota 
promissória, a duplicada, a letra de câmbio, a escritura 
pública ou outro documento público assinado pelo deve-
dor; o documento particular assinado pelo devedor e por 
duas testemunhas, bem como aqueles outros indicados 
no art. 585 do Código de Processo Civil. 
Enfim, o processo de execução deve ser utilizado 
quando o credor tiver certeza prévia do seu direito e a 
lide se firmar apenas na inércia do devedor de cumprir 
sua obrigação. 
Processo cautelar – é aquele utilizado em caráter 
emergencial, para, em caráter provisório e com base no 
periculum in mora (perigo da demora) e no fumus boni 
iuris (fumaça do bom direito), pedir ao juiz providências a 
fim de que o direito que está sendo discutido ou que 
ainda será submetido ao Poder Judiciário,seja preserva-
do, isto é, não desapareça, pois, se tal fato ocorrer, irá 
comprometer o pedido formulado na ação principal que 
está tramitando em juízo ou que esteja na iminência de 
ser ajuizada. Portanto, o processo cautelar é uma medi-
da de urgência, que deve ser proposta se observados os 
requisitos acima indicados. 
http://blogdodpc1.blogspot.com/ 
Processo e procedimento 
 
Processo é uma sequência de atos interdependentes, 
destinados a solucionar um litígio, com a vinculação do 
juiz e das partes a uma série de direitos e obrigações. 
 
Procedimento é o modo pelo qual o processo anda, 
ou a maneira pela qual se encadeiam os atos do proces-
so. É o rito, ou o andamento do processo. Os procedi-
mentos são comuns ou especiais, conforme sigam um 
padrão geral ou uma variante. 
 
O procedimento comum divide-se em ordinário e su-
mário. 
Autuação e registro 
Ao receber a petição inicial de qualquer processo, o 
escrivão a autuará, mencionando o juízo, a natureza do 
feito, o número de seu registro, os nomes das partes e a 
data do seu início; e procederá do mesmo modo quanto 
aos volumes que se forem formando. 
O escrivão numerará e rubricará todas as folhas dos 
autos, procedendo da mesma forma quanto aos suple-
mentares. 
Às partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério 
Público, aos peritos e às testemunhas é facultado rubri-
car as folhas correspondentes aos atos em que intervie-
ram. 
Os termos de juntada, vista, conclusão e outros se-
melhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo 
escrivão. 
Os atos e termos do processo serão datilografados 
ou escritos com tinta escura e indelével ou digitalizadas, 
assinando-os as pessoas que neles intervieram. Quando 
estas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão 
certificará, nos autos, a ocorrência. 
É vedado usar abreviaturas. 
Quando se tratar de processo total ou parcialmente 
eletrônico, os atos processuais praticados na presença 
do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo 
integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na 
forma da lei, mediante registro em termo que será assi-
nado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de 
secretaria, bem como pelos advogados das partes. 
É vedado usar abreviaturas. 
Não se admitem, nos atos e termos, espaços em 
branco, bem como entrelinhas, emendas ou rasuras, 
salvo se aqueles forem inutilizados e estas expressa-
mente ressalvadas. 
Autuação 
A autuação, também chamada formação de proces-
so, obedecerá a seguinte rotina: 
a) Prender a capa, juntamente com toda a documen-
tação, com colchetes, obedecendo a ordem cronológica 
do mais antigo para o mais recente, isto é, os mais anti-
gos serão os primeiros do conjunto; 
b) Apor, na capa do processo, a etiqueta com o res-
pectivo número de protocolo; 
c) Apor, na primeira folha do processo, outra etiqueta 
com o mesmo número de protocolo; 
d) Numerar as folhas, apondo o respectivo carimbo 
(órgão, número da folha e rubrica do servidor que estiver 
numerando o processo); 
e) Ler o documento, a fim de extrair o assunto, de 
forma sucinta, clara e objetiva; 
f) Identificar, na capa, a unidade para a qual o pro-
cesso será encaminhado; 
g) Registrar, em sistema próprio, identificando as 
principais características do documento, a fim de permitir 
sua recuperação. Ex.: espécie, nº, data, procedência, 
interessado, assunto e outras informações julgadas im-
portantes, respeitando as peculiaridades de cada órgão 
ou entidade; 
h) Conferir o registro e a numeração das folhas; 
TJ MG 
Atos de Ofício 4 
i) Encaminhar, fisicamente, o processo autuado e re-
gistrado para a unidade específica correspondente, do 
órgão ou entidade; 
j) O envelope encaminhando a correspondência não 
será peça do processo, devendo ser descartado, ano-
tando-se as informações necessárias, referentes ao 
endereço do remetente. 
A correspondência não autuada seguirá as regras 
desta norma para ser registrada em sistema próprio e 
encaminhada à unidade de destino. 
A autuação de documentos classificados como ―SE-
CRETO‖, ―CONFIDENCIAL‖ ou ―RESERVADO‖ será 
processada por servidor com competência para tal, da 
mesma forma que os demais documentos, devendo, no 
entanto, as unidades de protocolo central ou setorial, 
após a autuação, lacrarem o envelope do processo, 
apondo o número do processo, o órgão de destino e o 
carimbo correspondente ao grau de sigilo. 
As mensagens e documentos resultantes de trans-
missão via fax não poderão se constituir em peças de 
processo. 
Numeração de Folhas e de Peças 
As folhas dos processos serão numeradas em ordem 
crescente, sem rasuras, devendo ser utilizado carimbo 
próprio para colocação do número, aposto no canto su-
perior direito da página, recebendo, a primeira folha, o 
número 1. 
O documento não encadernado receberá numeração 
em sequência cronológica e individual para cada peça 
que o constituir. 
A numeração das peças do processo é iniciada no 
protocolo central ou setorial da unidade correspondente, 
conforme faixa numérica de autuação. As peças subse-
quentes serão numeradas pelas unidades que as adicio-
narem; a capa do processo não será numerada. 
Nenhum processo poderá ter duas peças com a 
mesma numeração, não sendo admitido diferenciar pelas 
letras ―A‖ e ―B‖, nem rasurar. 
Fls. ................... 
Rubrica ............ 
Fls. ................... 
Rubrica ............ 
Nos casos em que a peça do processo estiver em 
tamanho reduzido, será colada em folha de papel bran-
co, apondo-se o carimbo da numeração de peças de tal 
forma que o canto superior direito do documento seja 
atingido pelo referido carimbo. 
Quando, por falha ou omissão, for constatada a ne-
cessidade da correção de numeração de qualquer folha 
dos autos, inutilizar a anterior, apondo um ―X‖ sobre o 
carimbo a inutilizar, renumerando as folhas seguintes, 
sem rasuras, certificando-se da ocorrência. 
Petição inicial 
Petição inicial é a peça processual que instaura o 
processo jurídico, levando ao Juiz-Estado os fatos 
constitutivos do direito, também chamada de causa de 
pedir, os fundamentos jurídicos e o pedido. 
Nas formas de Estado onde o particular não pode 
realizar a autocomposição de seus conflitos por não 
deter o monopólio da força, como é o caso das 
democracias, o indivíduo precisará da intervenção do 
Estado nos conflitos que não se resolvam pela via 
negocial. 
A petição inicial é a forma como o indivíduo retira o 
Poder Judiciário de sua inércia e o convoca para atuar 
no caso concreto, causando a substituição da vontade 
das partes pela vontade de um julgador imparcial e 
equidistante. 
As seguintes expressões são sinônimos de petição 
inicial: Peça vestibular, peça autoral, peça prefacial, peça 
pré-ambular, peça exordial, peça isagógica, peça 
introdutória, petitório inaugural. 
 O Direito de Agir 
O Direito de ação deve ser exercido pelo próprio 
interessado, sendo que, no Direito Brasileiro, os 
relativamente incapazes serão assistidos e os totalmente 
incapazes serão representados. Apenas em casos 
excepcionalíssimos a lei permite a substituição 
processual, ou seja, a capacidade de terceiro pleitear em 
Juízo direito alheio. 
O direito de agir, geral e abstrato, formaliza-se na 
invocação da tutela jurisdicional do Estado, por 
intermédio de uma petição endereçada ao juiz ou 
tribunal. 
 A petição inicial no Processo Civil Brasileiro 
O Código de Processo Civil brasileiro estabelece os 
critérios para que uma petição inicial seja considerada 
apta. Ela deverá indicar, além dos fatos e fundamentos 
jurídicos do pedido, o Juiz ou Tribunal a que se dirige o 
Autor; os nomes, prenomes, estado civil, profissão, 
domicílio e residência do autor e do réu; requerer a 
prestação jurisdicional, detalhando o pedidoe declinar o 
valor da causa; e, por fim, deve requerer a citação do réu 
para que, não apresentando defesa, ocorram os efeitos 
da revelia. 
O CPC, em seu art. 2o, afirma que "nenhum juiz 
prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte a 
requerer nos casos as formas legais", tornando a petição 
inicial no único instrumento válido para a atuação estatal 
nos litígios instaurados nas relações interpessoais. 
 Partes da petição inicial 
Autor: requerente, justificante, suplicante, arrolante 
Réu: o termo "Réu" deixou de ser utilizado nos 
últimos tempos, por remeter a uma ideia pejorativa, já 
que tal termo é designado à pessoa do condenado. Com 
frequência utilizam-se outra expressões para designar o 
Réu, tais como requerido, suplicado, executado, etc. 
 Fatos e fundamentos do pedido 
Toda peça inaugural deve trazer os fundamentos 
fáticos e jurídicos do pedido. Equivale à descrição dos 
fatos que geraram a incidência da norma jurídica ao caso 
concreto. 
Todo direito subjetivo nasce de um fato. O fato é 
aquilo que leva o autor a reclamar a prestação 
jurisdicional. 
Fundamento jurídico é a natureza do Direito que o 
autor reclama em juízo. 
TJ MG 
Atos de Ofício 5 
Ao postular a prestação jurisdicional, o autor indica o 
direito subjetivo que pretende exercitar contra o réu e 
aponta o fato de onde ele provém. 
A causa de pedir deve ser decorrência lógica dos 
fatos e fundamentos anteriormente narrados. 
 O pedido 
O pedido consiste naquilo que o autor pretende com 
a tutela reclamada. 
Dependendo da natureza da tutela requerida, o 
pedido pode ser condenatório, declaratório ou 
acautelatório, conforme se requeria um bem da vida, 
uma declaração (constitutiva ou desconstitutiva) ou se o 
que se busca é garantir uma tutela jurisdicional futura, 
respectivamente. 
Do Processo Eletrônico 
Art. 8
o
 Os órgãos do Poder Judiciário poderão de-
senvolver sistemas eletrônicos de processamento de 
ações judiciais por meio de autos total ou parcialmente 
digitais, utilizando, preferencialmente, a rede mundial de 
computadores e acesso por meio de redes internas e 
externas. 
Parágrafo único. Todos os atos processuais do pro-
cesso eletrônico serão assinados eletronicamente na 
forma estabelecida nesta Lei. 
Art. 9
o
 No processo eletrônico, todas as citações, in-
timações e notificações, inclusive da Fazenda Pública, 
serão feitas por meio eletrônico, na forma desta Lei. 
§ 1
o
 As citações, intimações, notificações e remes-
sas que viabilizem o acesso à íntegra do processo cor-
respondente serão consideradas vista pessoal do inte-
ressado para todos os efeitos legais. 
§ 2
o
 Quando, por motivo técnico, for inviável o uso 
do meio eletrônico para a realização de citação, intima-
ção ou notificação, esses atos processuais poderão ser 
praticados segundo as regras ordinárias, digitalizando-se 
o documento físico, que deverá ser posteriormente des-
truído. 
Art. 10. A distribuição da petição inicial e a juntada 
da contestação, dos recursos e das petições em geral, 
todos em formato digital, nos autos de processo eletrôni-
co, podem ser feitas diretamente pelos advogados públi-
cos e privados, sem necessidade da intervenção do 
cartório ou secretaria judicial, situação em que a autua-
ção deverá se dar de forma automática, fornecendo-se 
recibo eletrônico de protocolo. 
§ 1
o
 Quando o ato processual tiver que ser praticado 
em determinado prazo, por meio de petição eletrônica, 
serão considerados tempestivos os efetivados até as 24 
(vinte e quatro) horas do último dia. 
§ 2
o
 No caso do § 1
o
 deste artigo, se o Sistema do 
Poder Judiciário se tornar indisponível por motivo técni-
co, o prazo fica automaticamente prorrogado para o 
primeiro dia útil seguinte à resolução do problema. 
§ 3
o
 Os órgãos do Poder Judiciário deverão manter 
equipamentos de digitalização e de acesso à rede mun-
dial de computadores à disposição dos interessados para 
distribuição de peças processuais. 
Art. 11. Os documentos produzidos eletronicamente 
e juntados aos processos eletrônicos com garantia da 
origem e de seu signatário, na forma estabelecida nesta 
Lei, serão considerados originais para todos os efeitos 
legais. 
§ 1
o
 Os extratos digitais e os documentos digitaliza-
dos e juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus 
auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas 
procuradorias, pelas autoridades policiais, pelas reparti-
ções públicas em geral e por advogados públicos e pri-
vados têm a mesma força probante dos originais, ressal-
vada a alegação motivada e fundamentada de adultera-
ção antes ou durante o processo de digitalização. 
§ 2
o
 A arguição de falsidade do documento original 
será processada eletronicamente na forma da lei proces-
sual em vigor. 
§ 3
o
 Os originais dos documentos digitalizados, 
mencionados no § 2
o
 deste artigo, deverão ser preserva-
dos pelo seu detentor até o trânsito em julgado da sen-
tença ou, quando admitida, até o final do prazo para 
interposição de ação rescisória. 
§ 4
o
 (VETADO) 
§ 5
o
 Os documentos cuja digitalização seja tecnica-
mente inviável devido ao grande volume ou por motivo 
de ilegibilidade deverão ser apresentados ao cartório ou 
secretaria no prazo de 10 (dez) dias contados do envio 
de petição eletrônica comunicando o fato, os quais serão 
devolvidos à parte após o trânsito em julgado. 
§ 6
o
 Os documentos digitalizados juntados em pro-
cesso eletrônico somente estarão disponíveis para aces-
so por meio da rede externa para suas respectivas par-
tes processuais e para o Ministério Público, respeitado o 
disposto em lei para as situações de sigilo e de segredo 
de justiça. 
Art. 12. A conservação dos autos do processo pode-
rá ser efetuada total ou parcialmente por meio eletrônico. 
§ 1
o
 Os autos dos processos eletrônicos deverão ser 
protegidos por meio de sistemas de segurança de aces-
so e armazenados em meio que garanta a preservação e 
integridade dos dados, sendo dispensada a formação de 
autos suplementares. 
§ 2
o
 Os autos de processos eletrônicos que tiverem 
de ser remetidos a outro juízo ou instância superior que 
não disponham de sistema compatível deverão ser im-
pressos em papel, autuados na forma dos arts. 166 a 
168 da Lei n
o
 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código 
de Processo Civil, ainda que de natureza criminal ou 
trabalhista, ou pertinentes a juizado especial. 
§ 3
o
 No caso do § 2
o
 deste artigo, o escrivão ou o 
chefe de secretaria certificará os autores ou a origem dos 
documentos produzidos nos autos, acrescentando, res-
salvada a hipótese de existir segredo de justiça, a forma 
pela qual o banco de dados poderá ser acessado para 
aferir a autenticidade das peças e das respectivas assi-
naturas digitais. 
§ 4
o
 Feita a autuação na forma estabelecida no § 2
o
 
deste artigo, o processo seguirá a tramitação legalmente 
estabelecida para os processos físicos. 
§ 5
o
 A digitalização de autos em mídia não digital, 
em tramitação ou já arquivados, será precedida de publi-
cação de editais de intimações ou da intimação pessoal 
das partes e de seus procuradores, para que, no prazo 
preclusivo de 30 (trinta) dias, se manifestem sobre o 
TJ MG 
Atos de Ofício 6 
desejo de manterem pessoalmente a guarda de algum 
dos documentos originais. 
Art. 13. O magistrado poderá determinar que sejam 
realizados por meio eletrônico a exibição e o envio de 
dados e de documentos necessários à instrução do pro-
cesso. 
§ 1
o
 Consideram-se cadastros públicos, para os efei-
tos deste artigo, dentre outros existentes ou que venham 
a ser criados, ainda que mantidos por concessionáriasde serviço público ou empresas privadas, os que conte-
nham informações indispensáveis ao exercício da função 
judicante. 
§ 2
o
 O acesso de que trata este artigo dar-se-á por 
qualquer meio tecnológico disponível, preferentemente o 
de menor custo, considerada sua eficiência. 
Processo eletrônico em MG 
Em Minas, o Sistema CNJ de processo judicial ele-
trônico (anteriormente denominado Projudi), foi lançado 
como projeto-piloto no Juizado Especial da UFMG, em 
agosto de 2007, durante a Semana da Tecnologia, 
Justiça e Cidadania, marcando a entrada do TJ na era 
do processo eletrônico. 
Ao longo de 2008, o processo judicial eletrônico foi 
implantado nos outros quatro Juizados Especiais de 
Belo Horizonte (Juizados Especiais Cíveis do Barreiro 
(em 04 de abril), do Gutierrez (em 29 de julho) e das 
Relações de Consumo (em 01 de setembro) e nas 
Turmas Recursais da Unidade UFMG (6ª, 7ª e 9ª Tur-
mas em 09 de abril). 
O processo eletrônico foi implantado, também, na 
Justiça Comum de 1ª Instância, na Vara de Registros 
Públicos do Fórum Lafayette. Atualmente, já está sen-
do usado para tramitar eletronicamente todas as habili-
tações de casamentos feitas na capital mineira. A ho-
mologação de casamentos responde por 50% dos pro-
cessos da Vara de Registros Públicos de Belo Horizon-
te, onde são homologados 2 mil casamentos por mês, 
em média. 
Em 2009, o Sistema CNJ já foi instalado nas 5ª, 8ª 
e 10ª Turmas Recursais Cíveis do Grupo Jurisdicional 
de Belo Horizonte (portaria 007/2009). 
Distribuição 
A lei determina a livre distribuição dos processos, nos 
locais em que existam mais de um órgão jurisdicional 
com idêntica competência de foro. Isso significa que, se 
a região possui mais de um juiz cível de primeiro grau, 
todos estes juízes seriam igualmente competentes para 
decidir sobre as mesmas causas e as partes poderiam 
propor suas ações diretamente aos juízes que lhes con-
viessem. 
O legislador preocupou-se em evitar esta prática, que 
seria determinantemente lesiva ao princípio do Juiz Natu-
ral. 
Para tanto, foram fixados no Código de Processo Ci-
vil preceitos – artigos 251 e 252 – a fim de obrigar a 
distribuição livre dos processos em comarcas que pos-
suam mais de um juiz com competência para julgar uma 
causa. Tais preceitos impedem que as partes possam 
dispor livremente a respeito do juízo que pretendem para 
julgar suas demandas. 
Para George Marmelstein Lima, a livre distribuição é 
o ―corolário do princípio constitucional do juiz natural.‖ 
E para José Frederico Marques, A competência de ju-
ízo não pode ser substituída por convenção das partes: 
não há eleição de juízo (só existe eleição de foro), pelo 
que não será permitida a escolha de vara ou juízo do 
foro competente (inclusive no foro de eleição), para ali 
ser ajuizada a ação e correr o processo. 
Não convém se analisar um por um dos diversos pro-
cedimentos de distribuição determinados pelos tribunais 
de todo o Brasil, porque não importando o quanto dife-
rente possam ser, todos necessariamente devem obser-
var uma ressalva que a lei orienta: devem impedir a 
escolha do juízo pela parte. Nenhum cidadão pode pre-
tender escolher deliberadamente o seu juiz, sob pena de 
lesão irreparável ao princípio do Juiz Natural. 
Art. 251. Todos os processos estão sujeitos a regis-
tro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um 
juiz ou mais de um escrivão. 
Art. 252. Será alternada a distribuição entre juízes e 
escrivães, obedecendo a rigorosa igualdade. 
Art. 253. Distribuir-se-ão por dependência as causas 
de qualquer natureza: 
I - quando se relacionarem, por conexão ou continên-
cia, com outra já ajuizada; 
II - quando, tendo sido extinto o processo, sem jul-
gamento de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em 
litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcial-
mente alterados os réus da demanda; 
III - quando houver ajuizamento de ações idênticas, 
ao juízo prevento. 
Parágrafo único. Havendo reconvenção ou interven-
ção de terceiro, o juiz, de ofício, mandará proceder à 
respectiva anotação pelo distribuidor. 
Art. 254. É defeso distribuir a petição não acompa-
nhada do instrumento do mandato, salvo: 
I - se o requerente postular em causa própria; 
II - se a procuração estiver junta aos autos principais; 
III - no caso previsto no art. 37. 
Art. 255. O juiz, de ofício ou a requerimento do inte-
ressado, corrigirá o erro ou a falta de distribuição, com-
pensando-a. 
Art. 256. A distribuição poderá ser fiscalizada pela 
parte ou por seu procurador. 
Art. 257. Será cancelada a distribuição do feito que, 
em 30 (trinta) dias, não for preparado no cartório em que 
deu entrada. 
Extravio de processo 
Havendo desaparecimento ou extravio de processo, o 
servidor que primeiro tomar conhecimento do fato comu-
nicará, à sua chefia, o ocorrido. 
A autoridade administrativa que tiver ciência do fato 
promoverá a sua apuração imediata, mediante sindicân-
cia ou processo administrativo disciplinar. 
Independentemente das ações adotadas anterior-
mente, o servidor responsável pela reconstituição do 
processo observará o seguinte procedimento: 
TJ MG 
Atos de Ofício 7 
a) Ordenar a documentação que caracterize a busca 
de localização do processo dentro de uma capa, junta-
mente com o documento, pelo qual foi dado conhecimen-
to à chefia, do desaparecimento ou extravio do processo; 
b) Fazer representação ao chefe da unidade a que 
estiver jurisdicionado, a quem compete autorizar a re-
constituição do processo; 
c) Reconstituir o processo, resgatando as suas infor-
mações e obtendo cópias de documentos que o constitu-
íam; 
Restauração de autos 
O Código de Processo Civil insere a restauração de 
autos entre os processos de jurisdição contenciosa, 
regulando-a nos artigos 1.063 a 1.069. 
Diz a Lei que, ―verificado o desaparecimento dos au-
tos, pode qualquer das partes promover-lhe a restaura-
ção‖ (art. 1.063). A parte contrária é citada para contestar 
o pedido. Concordando, lavra-se auto que, homologado 
pelo juiz, supre o processo desaparecido. Revel, presu-
mem-se verdadeiros os fatos alegados pelo requerente 
(art. 1.065 e parágrafos). Se for o caso, reinquirem-se as 
testemunhas e renova-se a perícia (art. 1.066). Julgada a 
restauração, seguirá o processo os seus termos (art. 
1.067). Responde pelas custas da restauração e honorá-
rios de advogado quem houver dado causa ao desapa-
recimento dos autos (art. 1.069). Eis aí, resumidamente, 
as disposições que regem a matéria. 
Pode o juiz agir de ofício? A legitimação ativa e pas-
siva é exclusivamente das partes? Pode ser condenado 
nas custas e em honorários o juiz, o escrivão ou o advo-
gado que haja dado causa ao desaparecimento, ainda 
que não seja parte? 
Para responder, começamos determinando o signifi-
cado da sentença a ser proferida, em outras palavras, 
qual o significado de ―julgar restaurados os autos‖. 
Eles documentam o desenvolvimento da relação pro-
cessual, desde o ato que a constituiu até o seu estágio 
atual. Neles se inserem os documentos da causa que, 
perdidos juntamente com os autos, são reconstituídos 
―mediante cópias e, na falta, pelos meios ordinários de 
prova‖. 
Evidentemente, ao julgar restaurados os autos, não 
estará o juiz a declarar que foram reconstituídos tais 
como se achavam no estado em que desapareceram. 
Documentos terão sido irremediavelmente perdidos, sem 
possibilidade de reconstituição. As testemunhas, reinqui-
ridas, não terão reproduzido exatamente suas declara-
ções anteriores. A nova perícia terá encontrado uma 
situação de fato que, pelo decurso do tempo, já não será 
a mesma da perícia anterior. Poderá haver controvérsia, 
que o juiz haja de dirimir, uma das partes afirmando, por 
exemplo, que a cópia da petição inicial ou da contesta-
ção, apresentadapela outra, não corresponde ao origi-
nal. 
Ao julgar a restauração, o juiz profere uma declara-
ção de fato: afirma que os autos da restauração corres-
pondem, na medida possível, aos autos desaparecidos, 
dirimindo eventual controvérsia sobre o conteúdo de 
documentos ou declarações duvidosamente reconstituí-
dos. 
A Lei concebe a restauração de autos como ação de 
uma das partes contra a outra, com condenação nas 
custas e em honorários daquela que haja dado causa ao 
desaparecimento. É uma ação declaratória de fato, ne-
cessária, porque indispensável sentença para que a 
restauração produza seus efeitos próprios, permitindo o 
prosseguimento do processo, como previsto no artigo 
1.067. 
Constitui exercício de direito público subjetivo, mais 
do que em outras ações, porque o pedido somente pode 
ser atendido pelo juiz. O réu, embora deva colaborar, 
exibindo as cópias, contrafés e mais reproduções dos 
atos e documentos que estiverem em seu poder (art. 
1.065), não tem obrigação alguma em face do autor. 
Trata-se de pura ação, porque através dela não se veicu-
la qualquer direito subjetivo do autor contra o réu, mas 
apenas um direito contra o Estado-juiz, este sim obrigado 
a proceder à restauração dos autos. 
Determina a Lei que, na sentença, o juiz condene nas 
custas e honorários a parte que deu causa ao desapare-
cimento (art. 1.069. Pode ocorrer, pois, condenação do 
autor nos ônus da sucumbência, embora acolhido seu 
pedido, por se haver constatado que ele próprio, ou seu 
procurador, deu causa ao desaparecimento dos autos. 
Quem paga as custas do processo e os honorários 
de advogado, não se apurando quem deu causa ao de-
saparecimento ou constatando-se que a culpa foi de 
terceiro? Não se pode condenar o réu, porque ―vencido‖, 
porque expressamente afastado o princípio da sucum-
bência pelo artigo 1.069. O mais razoável é que suporte 
cada parte os honorários de seu patrono e metade das 
custas. 
A concepção da restauração de autos como processo 
de jurisdição contenciosa, de ação proposta por uma das 
partes, não contra mas em face da outra, atende ao caso 
mais comum: aquele em que uma delas tem mais inte-
resse do que a outra no prosseguimento do processo 
principal. 
Não se deve excluir, porém, a possibilidade de as 
partes, de comum acordo, requererem a restauração dos 
autos, quiçá oferecendo desde logo as cópias que cada 
uma tinha em seu poder, pedindo ao juiz que julgue 
restaurados os autos. O procedimento, nesse caso, será 
de jurisdição voluntária, à semelhança do que ocorre na 
separação e no divórcio, que podem ter natureza con-
tenciosa ou voluntária, conforme haja ou não acordo 
entre as partes. Observe-se que, em qualquer dos casos, 
a vontade das partes é insuficiente, sendo necessária 
sentença do juiz, ainda que meramente homologatória. 
Há que se analisar, ainda, uma terceira hipótese, a 
de o juiz determinar, de ofício, a restauração de autos, 
no exercício de uma atividade que teria natureza admi-
nistrativa. Por documentarem o desenvolvimento de uma 
relação processual, necessariamente pública, os autos 
têm a natureza de documento público. Constituem ins-
trumento para o exercício da jurisdição. O juiz precisa 
dos autos até mesmo para decretar a extinção do pro-
cesso. Não se poderia, por isso, negar ao juiz o poder de 
determinar a restauração, ainda que, e especialmente 
se, ele próprio deu causa ao desaparecimento dos autos. 
Mas o juiz não poderia julgar restaurados os autos sem 
citação das partes. Haveria, assim, um processo iniciado 
de ofício, contra o que dispõe o artigo 1.063 do Código 
de Processo Civil e, especialmente, contra o disposto em 
seu artigo 2º: ―Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional 
senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos 
casos e formas legais‖. O processo moderno não com-
TJ MG 
Atos de Ofício 8 
porta iniciativa judicial. O interesse público é atendido por 
outra forma, qual seja, pela atribuição do poder de agir 
ao Ministério Público. A natureza pública dos autos deve, 
pois, levar, não à afirmação da possibilidade da iniciativa 
judicial, mas da legitimidade do Ministério Público, qual-
quer que seja a natureza da ação a que se refiram os 
autos que se devam restaurar. 
Segue-se, como corolário, que a propositura da ação 
de restauração de autos não compete apenas às partes, 
mas a qualquer interessado, ou seja, a quem quer que 
possa ter algum direito dependente do processo princi-
pal, como o credor com penhora no rosto dos autos ex-
traviados. 
A sentença que julga restaurados os autos, ainda que 
proferida em processo de jurisdição contenciosa, não faz 
coisa julgada, pois ―aparecendo os autos originais, nes-
tes se prosseguirá‖. 
Da sentença cabe apelação, com efeito suspensivo. 
O responsável pelo desaparecimento dos autos, seja 
uma das partes, seja o juiz, o escrivão ou um terceiro, 
responde por perdas e danos, como decorre do artigo 
1.069, mas em ação própria, inconfundível com a de 
restauração de autos.http://www.tex.pro.br 
DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS 
Art. 1.063. Verificado o desaparecimento dos autos, 
pode qualquer das partes promover-lhes a restauração. 
Parágrafo único. Havendo autos suplementares, nes-
tes prosseguirá o processo. 
Art. 1.064. Na petição inicial declarará a parte o esta-
do da causa ao tempo do desaparecimento dos autos, 
oferecendo: 
I - certidões dos atos constantes do protocolo de au-
diências do cartório por onde haja corrido o processo; 
II - cópia dos requerimentos que dirigiu ao juiz; 
III - quaisquer outros documentos que facilitem a res-
tauração. 
Art. 1.065. A parte contrária será citada para contes-
tar o pedido no prazo de 5 (cinco) dias, cabendo-lhe 
exibir as cópias, contrafés e mais reproduções dos atos e 
documentos que estiverem em seu poder. 
§ 1
o
 Se a parte concordar com a restauração, lavrar-
se-á o respectivo auto que, assinado pelas partes e ho-
mologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido. 
§ 2
o
 Se a parte não contestar ou se a concordância 
for parcial, observar-se-á o disposto no art. 803. 
Art. 1.066. Se o desaparecimento dos autos tiver o-
corrido depois da produção das provas em audiência, o 
juiz mandará repeti-las. 
§ 1
o
 Serão reinquiridas as mesmas testemunhas; 
mas se estas tiverem falecido ou se acharem impossibili-
tadas de depor e não houver meio de comprovar de 
outra forma o depoimento, poderão ser substituídas. 
§ 2
o
 Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-
á nova perícia, sempre que for possível e de preferência 
pelo mesmo perito. 
§ 3
o
 Não havendo certidão de documentos, estes se-
rão reconstituídos mediante cópias e, na falta, pelos 
meios ordinários de prova. 
§ 4
o
 Os serventuários e auxiliares da justiça não po-
dem eximir-se de depor como testemunhas a respeito de 
atos que tenham praticado ou assistido. 
§ 5
o
 Se o juiz houver proferido sentença da qual pos-
sua cópia, esta será junta aos autos e terá a mesma 
autoridade da original. 
Art. 1.067. Julgada a restauração, seguirá o processo 
os seus termos. 
§ 1
o
 Aparecendo os autos originais, nestes se pros-
seguirá sendo-lhes apensados os autos da restauração. 
§ 2
o
 Os autos suplementares serão restituídos ao car-
tório, deles se extraindo certidões de todos os atos e 
termos a fim de completar os autos originais. 
Art. 1.068. Se o desaparecimento dos autos tiver o-
corrido no tribunal, a ação será distribuída, sempre que 
possível, ao relator do processo. 
§ 1
o
 A restauração far-se-á no juízo de origem quanto 
aos atos que neste se tenham realizado. 
§ 2
o
 Remetidos os autos ao tribunal, aí se completará 
a restauração e se procederá ao julgamento. 
Art. 1.069. Quem houver dado causa ao desapareci-
mento dos autos responderá pelas custas da restauração 
e honoráriosde advogado, sem prejuízo da responsabili-
dade civil ou penal em que incorrer. 
Termos utilizados referentes ao processo 
 AUTUAR - Lavrar um auto contra alguém; reunir em 
forma de processo (a petição e documentos apresenta-
dos em juízo); processar. 
 
 DESAPENSAÇÃO - É a separação física de proces-
sos apensados. 
 
 DISTRIBUIÇÃO - Escolha do juiz ou relator do pro-
cesso, por sorteio. Pode acontecer também por preven-
ção, ou seja, o processo é distribuído para um juiz ou 
ministro que já seja relator da causa ou de processo 
conexo. No caso de um juiz ou ministro declarar-se im-
pedido é feito novo sorteio. Far-se-á a distribuição de 
acordo com o regimento interno do tribunal, observando-
se os princípios da publicidade, da alternatividade e do 
sorteio. 
FOLHA DO PROCESSO – São as duas faces de 
uma página do processo. 
JUNTADA - É a união de um processo a outro, ou de 
um documento a um processo; realiza-se por Anexação 
ou Apensação. 
JUNTADA POR ANEXAÇÃO - É a união definitiva e 
irreversível de 01 (um) ou mais proces-
so(s)/documento(s), a 01 (um) outro processo (conside-
rado principal), desde que pertencentes a um mesmo 
interessado e que contenham o mesmo assunto. 
NUMERAÇÃO DE PEÇAS – É a numeração atribuída 
às partes integrantes do processo. 
PÁGINA DO PROCESSO – É cada uma das faces de 
uma folha de papel do processo. 
PEÇA DO PROCESSO – É o documento que, sob di-
versas formas, integra o processo. Ex: Folha, folha de 
talão de cheque, passagem aérea, brochura, termo de 
convênio, contrato, fita de vídeo, nota fiscal, entre outros. 
TJ MG 
Atos de Ofício 9 
 PETIÇÃO - De forma geral, é um pedido escrito diri-
gido ao Tribunal. A Petição Inicial é o pedido para que se 
comece um processo. Outras petições podem ser apre-
sentadas durante o processo para requerer o que é de 
interesse ou de direito das partes. No Supremo, a Peti-
ção (PET) é um processo. 
PROCEDÊNCIA – A instituição que originou o docu-
mento. 
PROCESSO – É o documento ou o conjunto de do-
cumentos que exige um estudo mais detalhado, bem 
como procedimentos expressados por despachos, pare-
ceres técnicos, anexos ou, ainda, instruções para paga-
mento de despesas; assim, o documento é protocolado e 
autuado pelos órgãos autorizados a executar tais proce-
dimentos. 
PROCESSO ACESSÓRIO - É o processo que apre-
senta matéria indispensável à instrução do processo 
principal. 
PROCESSO PRINCIPAL – É o processo que, pela 
natureza de sua matéria, poderá exigir a anexação de 
um ou mais processos como complemento à sua deci-
são. 
PROTOCOLO CENTRAL – É a unidade junto ao ór-
gão ou entidade, encarregada dos procedimentos com 
relação às rotinas de recebimento e expedição de docu-
mentos. 
PROTOCOLO SETORIAL – É a unidade localizada 
junto aos setores específicos dos órgãos ou entidades, 
encarregada de dar suporte às atividades de recebimen-
to e expedição de documentos no âmbito da área a qual 
se vincula; tem a finalidade de descentralizar as ativida-
des do protocolo central. 
REGISTRO - É a reprodução dos dados do documen-
to, feita em sistema próprio, destinado a controlar a mo-
vimentação da correspondência e do processo e fornecer 
dados de suas características fundamentais, aos interes-
sados. 
TERMO DE DESENTRANHAMENTO DE PEÇAS – É 
uma nota utilizada para informar sobre a retirada de 
peça(s) de um processo; pode ser por intermédio de 
carimbo específico. 
TERMO DE DESAPENSAÇÃO – É uma nota utiliza-
da para registrar a separação física de dois ou mais 
processos apensados; pode ser por intermédio de carim-
bo específico. 
TERMO DE ENCERRAMENTO – É uma nota utiliza-
da para registrar o encerramento do processo; pode ser 
por intermédio de carimbo específico. 
TERMO DE JUNTADA DE FOLHA OU PEÇA – É 
uma nota utilizada para registrar a juntada de folha(s) ou 
peça(s) ao processo; pode ser por intermédio de carimbo 
específico. 
TERMO DE RETIRADA DE FOLHA OU PEÇA – É 
uma nota utilizada para registrar a retirada de folha(s) ou 
peça(s) do processo; pode ser por intermédio de carimbo 
específico. 
TERMO DE RESSALVA – É uma nota utilizada para 
informar que uma peça foi retirada do processo quando 
do ato da anexação, isto é, ao proceder a anexação foi 
constatada a ausência de uma peça; pode ser por inter-
médio de carimbo específico. 
TRAMITAÇÃO - É a movimentação do processo de 
uma unidade à outra, interna ou externa, através de 
sistema próprio. 
Da carga de autos pelo advogado 
A Lei nº 11.969, de 06 de julho de 2009, alterou a re-
dação do § 2º do art. 40 do CPC para permitir ao advo-
gado retirar autos mediante carga pelo prazo de uma 
hora com o propósito de reproduzir peças processuais. A 
regra, como explicita o art. 1º da lei, aplica-se aos casos 
de retirada durante a fluência de prazo comum. 
Art. 40. O advogado tem direito de: 
I - examinar, em cartório de justiça e secretaria de tri-
bunal, autos de qualquer processo, salvo o disposto no 
art. 155; 
II - requerer, como procurador, vista dos autos de 
qualquer processo pelo prazo de 5 (cinco) dias; 
III - retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo 
prazo legal, sempre que Ihe competir falar neles por 
determinação do juiz, nos casos previstos em lei. 
§ 1
o
 Ao receber os autos, o advogado assinará carga 
no livro competente. 
§ 2
o
 Sendo comum às partes o prazo, só em conjun-
to ou mediante prévio ajuste por petição nos autos, pode-
rão os seus procuradores retirar os autos, ressalvada a 
obtenção de cópias para a qual cada procurador poderá 
retirá-los pelo prazo de 1 (uma) hora independentemente 
de ajuste. (Redação dada pela Lei nº 11.969, de 2009) 
A finalidade da lei é permitir aos patronos - quando 
houver vista em comum - a obtenção de cópia de peças 
necessárias ao estudo do processo e manifestação sem 
que precisem se ajustar na partilha do prazo, circunstân-
cia muito difícil em grandes comarcas ou mesmo quando 
os procuradores têm sua base em localidades distintas. 
Mas servirá, também, didaticamente, para que os cartó-
rios não façam carga ordinária aos profissionais que sem 
parcimônia retiram os autos para reproduzir peças e 
culminam prejudicando o exercício da Advocacia pelo 
patrono adverso, circunstância não rara e que resulta no 
pedido de garantia e reabertura de prazos, além de novas 
publicações. 
A primeira crítica a fluir é que o legislador, ao fixar o 
prazo de uma hora, deve ter pensado no ´Doctor Flash, 
um advogado dotado de super poder para receber os 
autos e cumprir o seu desiderato em carga relâmpago; ou 
imaginado que o Estado mantivesse serviço de fotocó-
pias em todos os ambientes forenses, ou que nestes, a 
partir do elevador, não houvesse filas para atendimento 
aos seus usuários, incluídos aqueles referidos na Consti-
tuição Federal como imprescindíveis à administração da 
Justiça. 
E , não se diga que uma hora é benesse quando 
comparada aos 45 minutos antes conferidos pelos provi-
mentos da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho. 
Por outro lado, embora a fotocopiadora, em tempo 
próximo, vá tornar-se obsoleta e venha a dar lugar total 
às peças digitalizadas pelo escâner, haverá necessidade 
de regulamentar-se a retirada dos autos, pois em caso 
contrário a carga terá que ser procurada ao final do ex-
pediente da repartição para que o prazo de devolução 
termine no início do turno subsequente. 
Noutro enfoque é preciso lembrar que a retirada de 
autos em carga regulada no CPC há muito se constitui 
em problema à Advocacia, primeiro porque quando o 
TJ MG 
Atos de Ofício 10 
advogado não tem procuração somente pode examinar 
os autos em cartório ou secretaria; e quando a tem, me-
diante petição deferida pelo juízo ou intimação de vista 
exclusiva ou em prazo comum, como disposto nos incisosI, II e III do art. 40 do CPC. A terceira hipótese a lei antes 
referida tentou resolver com 60 minutos; e a segunda 
resolveu-se indiretamente quando a Lei nº 8.952/94 a-
crescentou o § 4º ao art. 162 do CPC para autorizar a 
escrivania a realizar de ofício atos ordinatórios, implícito o 
de pronta juntada do instrumento procuratório e a subse-
quente carga ao patrono da parte. 
Aquela primeira hipótese, entretanto, ainda não foi 
adequadamente enfrentada pelo legislador, nem mesmo 
no inciso XIII do art. 7º da Lei nº 8.906/94 que assegura a 
obtenção de cópias sem a confiança dos autos. E, neste 
caso, quando o advogado precisa reproduzir peças de 
um processo para decidir se aceita a causa, para instruir 
outro feito ou simplesmente para alcançá-las ao colega 
de outra comarca, provavelmente terá que continuar 
sujeitando-se a fazê-lo acompanhado por um servidor, se 
aquelas modificações não forem estendidas à hipótese. 
João Moreno Pomar 
 Contestação 
A contestação é a peça que comporta a toda a defe-
sa do réu. É neste instrumento que o réu deve rebater 
todos os argumentos do autor, demonstrando, claramen-
te, a impossibilidade de sucesso da demanda. 
Na contestação, o réu poderá se manifestar sobre 
aspectos formais, e materiais. 
Os argumentos de origem formal se relacionam à au-
sência de alguma formalidade processual exigida, e que 
não fora cumprida pelo autor em sua peça inicial. 
Esses argumentos, dependendo da gravidade, po-
dem ocasionar fim do processo antes mesmo do magis-
trado apreciar o conteúdo do direito pretendido. A imper-
feição apontada pelo réu retiraria do autor a possibilidade 
de seguir adiante, ou retardaria o procedimento até que 
seja sanada a imperfeição. Essa é a chamada defesa 
indireta. 
Já os aspectos materiais se relacionam ao conteúdo 
do direito que o autor reivindica; é mérito da causa. É a 
chamada defesa direta ou de mérito, na qual o réu ataca 
o fato gerador do direito do autor, ou as consequências 
jurídicas que o autor pretende. O art. 300 do CPC dispõe 
acerca da contestação: 
Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, to-
da a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de 
direito, com que impugna o pedido do autor e especifi-
cando as provas que pretende produzir. 
O princípio da concentração (ou princípio da eventua-
lidade) determina que o réu deve, em sede de contesta-
ção, alegar toda a matéria de defesa, tanto processual, 
quanto de mérito. 
Não há possibilidade, como ocorre no processo pe-
nal, de aguardar um momento mais propício para expor 
as teses de defesa. No processo civil é necessário que o 
réu deduza todas as matérias de defesa que serão utili-
zadas na própria contestação. 
Dessa forma, ressalta-se a grande importância da 
contestação para a defesa do réu, pois este é o momen-
to oportuno para que o mesmo possa alegar todas as 
suas razões, sob pena de não poder mais se utilizar de 
determinados argumentos de defesa que não foram 
alegados em sede de contestação. www.jurisway.org.br. 
Trata-se da modalidade processual de resposta mais 
comum, pois é através da contestação que o réu 
impugna o pedido formulado pelo autor da ação, 
defendendo-se no plano do mérito. Essa defesa pode ser 
(i) direta (quando o fato constitutivo do direito alegado 
pelo autor ou os efeitos jurídicos por ele produzidos são 
negados) ou (ii) indireta (quando o réu argúi um novo 
fato, modificativo, impeditivo ou extintivo do direito 
alegado pelo autor). 
É portanto uma das modalidades de resposta, junto 
com a reconvenção e as exceções. No entanto, é através 
da contestação que o réu apresentará defesa sobre o 
próprio mérito da ação, razão pela qual, caso não 
apresentada, tornar-se-á revel o réu naquela ação. 
Assim, caso a contestação não seja apresentada no 
prazo legal, ocorrerá a revelia, presumindo-se 
verdadeiros (presunção relativa) os fatos alegados pelo 
autor na petição inicial. 
Prazo 
O prazo para que o réu ofereça contestação ao pleito 
autoral é, em regra, de 15 dias a contar da juntada aos 
autos do mandado de citação cumprido. Assim, após o 
réu ser citado, o mandado de citação será juntado aos 
autos do processo e, a partir dessa data, começará a 
correr o prazo para apresentação de contestação. 
Reconvenção 
Reconvenção é um instituto de direito processual, 
pelo qual o réu formula uma pretensão contra o autor da 
ação. 
No processo de rito ordinário o réu pode, dentro do 
prazo para contestar, formular uma pretensão contra o 
autor da ação. 
Nos processos que seguem o rito sumário, ou 
sumaríssimo (Juizados Especiais, Lei nº 9.099/95) não 
há reconvenção. Nestes casos, a pretensão do réu se da 
na própria ação, por meio de pedido contraposto. 
Ou seja, a reconvenção ocorre quando o réu 
processa o autor,no prazo de defesa. 
Conceito e justificação sistemática 
Reconvenção é a demanda de tutela jurisdicional pro-
posta pelo réu em face do autor, no processo pendente 
entre ambos e fora dos limites da demanda inicial. Com 
ela, o réu introduz no processo uma nova pretensão, a 
ser julgada em conjunto com a do autor. Menos tecnica-
mente, diz-se também que ela seria uma ação dentro da 
ação; e realmente a reconvenção é ato de exercício do 
direito de demandar, dentro do mesmo processo em que 
o autor vem exercendo o seu próprio. 
Ela e a demanda inicial reúnem-se em um processo 
só, cujo objeto se alarga em virtude do pedido do réu, 
sem que se forme um novo processo. No processo com 
reconvenção ocorre um dos possíveis casos de objeto do 
processo composto, em que duas pretensões se põem 
perante o juiz para que ele se pronuncie afinal sobre 
ambas, concedendo ou não a tutela jurisdicional pedida 
pelo autor e concedendo ou não a pedida pelo réu que 
reconveio. A estrutura complexa do objeto não compro-
mete a unidade do processo, o qual prossegue sendo um 
só, ampliado quanto ao objeto. 
TJ MG 
Atos de Ofício 11 
Eis, em síntese, os elementos da definição: a) nova 
demanda, proposta pelo réu; b) objeto distinto do objeto 
da demanda do autor; c) consequente alargamento do 
objeto do processo; c) unidade do processo e não pro-
cesso novo. 
A reconvenção é uma das técnicas com que o legisla-
dor procura otimizar a eficiência do processo como ins-
trumento para a tutela jurisdicional - porque, em vez de 
preparar e produzir uma só tutela, esse processo se dis-
põe a produzir duas, com maior proveito útil. Nada impe-
de o réu de propor sua demanda em separado, dando 
então origem a um novo processo, mas pela via da re-
convenção ele o faz de modo mais econômico, evitando a 
duplicação de atos instrutórios; mais rápido, porque não 
lhe serão impostas as demoras do segundo processo; e 
mais seguro, evitando o risco de decisões conflitantes 
porque, à luz de uma só instrução, as duas demandas 
serão julgadas em uma sentença só (art. 318). 
A reconvenção e um instituto que em si mesmo cons-
titui repúdio à perniciosa ideia do processo civil do autor, 
que é a postura metodológica consistente em direcionar 
todo o processo e realizar todos os seus atos com vista à 
satisfação deste - como se o autor tivesse sempre razão 
e suas razões de pressa ou urgência fossem sempre 
mais dignas que as do réu. 
Ela impõe àquele uma espera um pouco maior e pode 
criar embaraços à sua pretensão, mas isso é feito em 
nome da maior eficiência da Justiça e da dignidade do 
sistema processual. A reconvenção potencia o resultado 
social de pacificação a ser obtido mediante o processo, o 
que é seguro fator de sua legitimidade entre as institui-
ções do processo civil de resultados. 
A reconvenção como resposta e como demanda 
A reconvenção e uma das possíveis respostas do réu 
à demanda inicial e como tal arrolada no art. 297 do Có-
digo de Processo Civil. Seu conteúdoe finalidade são os 
de uma demanda de provimento jurisdicional, cuja apre-
sentação em juízo repercute depois no conteúdo da sen-
tença de mérito a ser proferida, a qual lhe dedicará um 
capítulo específico e relativamente autônomo em relação 
ao que decide sobre a demanda do autor. A disciplina e o 
correto entendimento da reconvenção giram em torno 
desse binômio que a caracteriza, sendo ela ao mesmo 
tempo uma resposta e uma demanda. 
Eis por que, sem conceitos maduramente definidos, a 
doutrina mais antiga referia-se a ela como uma ação 
dentro da ação e também a punha em confronto com a 
demanda inicial, falando de um suposto binômio ação e 
reconvenção. Ação dentro da ação é um absurdo termi-
nológico, porque um poder de agir não pode estar dentro 
de outro poder de agir; ela é uma demanda dentro do 
processo pendente, colocada ao lado de uma outra de-
manda já proposta antes. 
Distinguir entre ação e reconvenção é igualmente im-
próprio porque, tanto quanto a inicial do autor, também a 
reconvenção é uma ação (ou, mais corretamente, uma 
demanda). Nem é adequado contrapor a reconvenção à 
ação principal, porque ela é autônoma e não acessória à 
inicial. Mas o próprio Código de Processo Civil incorre 
nessas imprecisões, tolhido por maus costumes verbais 
que prejudicam o bom entendimento do instituto (arts. 
315, 317 e 318). 
Como resposta, a reconvenção é uma das possíveis 
reações do réu ao estímulo externo consistente na pro-
positura da demanda inicial pelo autor, cujo conhecimen-
to lhe chegou mediante a citação. Ela é urna resposta 
sem finalidade defensiva, mas sempre uma resposta; é 
um contra-ataque, não uma defesa. O réu que responde 
reconvindo já se faz atuante no processo, exercendo 
faculdades e poderes inerentes à condição de parte; 
parte ele já era desde a citação, mas ao reconvir toma-se 
uma parte participante do contraditório (ainda quando não 
haja oferecido contestação). Ao demandante que recon-
vém dá-se o nome de réu-reconvinte, chamando-se au-
tor-reconvindo o seu adversário. 
Corno demanda, a reconvenção terá a natureza que 
seu conteúdo lhe atribuir. Mediante ela pode-se trazer ao 
juízo a pretensão a uma sentença de qualquer espécie - 
constitutiva, condenatória ou meramente declaratória - 
sem que haja uma necessária correlação entre a nature-
za da sentença pedida em reconvenção e a que o autor 
pedira na inicial (mas é necessária alguma conexidade: 
art. 315). A própria ação declaratória incidental, quando 
proposta pelo réu, chega ao juízo pela via da reconven-
ção. 
Sendo a reconvenção uma demanda, dela pode o 
réu-reconvinte desistir, seja integralmente, seja para 
excluir apenas algum dos reconvindos; a desistência 
dependerá sempre da anuência do excluído ou de todos, 
conforme o caso. 
Assim colocada, a reconvenção é mera faculdade que 
o sistema processual oferece ao réu, podendo ele propor 
sua demanda em termos de resposta ou omitir-se naque-
le momento, caso prefira propô-la depois, fora do proces-
so em que foi citado - sem que com isso fique prejudica-
do seu direito de ação e, muito menos, o direito que ti-
vesse ao bem da vida pretendido. 
Pressupostos gerais e especiais 
A reconvenção é regida por requisitos de duas or-
dens, referentes às duas faces de sua conceituação. 
Como exercício do direito de demandar em juízo e direito 
ao processo, sujeita-se aos pressupostos gerais de ad-
missibilidade da tutela jurisdicional; como espécie de 
resposta do réu, ela se rege por requisitos próprios, refe-
rentes (a) às hipóteses em que se admite inserir no pro-
cesso a demanda do réu e (b) às circunstâncias formais 
desse ato. 
Em resumo, são pressupostos da reconvenção (I) as 
condições da ação e os normais requisitos exigidos para 
a correta propositura da demanda e (u) os requisitos 
próprios a esse modo de demandar em juízo, os quais 
serão relacionados (a) com a possibilidade de propor a 
demanda em via reconvencional e (b) com os aspectos 
formais dessa propositura. Depois, no curso do processo 
é indispensável que se realizem os atos normais de dis-
cussão em contraditório, que a prova seja produzida 
segundo as regras ordinárias etc., só sendo admissível o 
julgamento da reconvenção, pelo mérito, se estiverem 
presentes todos os pressupostos a que ele é ordinaria-
mente condicionado. 
Pressupostos gerais 
Logo ao deduzir sua reconvenção no processo, é in-
dispensável que o réu-reconvinte esteja amparado pelo 
dúplice requisito das condições da ação e dos pressupos-
tos processuais relacionados com sua capacidade e 
correta representação por advogado. 
TJ MG 
Atos de Ofício 12 
A demanda reconvencional deve ser redigida segundo 
as exigências do art. 282 do Código de Processo Civil e 
estar acompanhada dos documentos indispensáveis (art. 
283) etc. - enfim, como demanda de tutela jurisdicional 
que é, a reconvenção deve vir amparada por todos os 
requisitos referentes à correta propositura da demanda e 
demais pressupostos ordinariamente exigidos em relação 
à demanda inicial do processo. As condições da ação 
reconvencional medem-se segundo os metros ordinários 
e sempre em relação à nova causa proposta por essa via, 
sem qualquer influência da mera circunstância de essa 
demanda ser trazida como resposta. 
A demanda do réu-reconvinte deve ser juridicamente 
possível, o provimento jurisdicional pedido deve ser po-
tencialmente apto a proporcionar uma efetiva melhora em 
sua esfera de direitos (interesse de agir) e tanto ele como 
o autor-reconvindo precisam estar em urna legítima rela-
ção de adequação com a causa proposta (legitimidade ad 
causam ativa e passiva). 
Todos esses pressupostos são os mesmos a que o 
réu-reconvinte estaria sujeito se houvesse optado por 
ajuizar sua demanda separadamente, em caráter autô-
nomo, fora do processo em que foi citado (e não como 
resposta à citação). Faltando algum pressuposto proces-
sual, a propositura da demanda reconvencional não está 
correta e, tanto quanto a petição inicial do processo, 
sujeita-se ao indeferimento. Idem, se faltar alguma condi-
ção da ação. Não indeferida a petição que reconvém, 
ainda assim o juiz continua fiscalizando a presença dos 
pressupostos para o julgamento do mérito, excluindo do 
processo o objeto da reconvenção quando for o caso (art. 
267). 
Pressupostos especiais: a conexidade 
O mais destacado pressuposto específico da deman-
da reconvencional é sua conexidade com a demanda 
inicial ou com os fundamentos da defesa que o próprio 
réu-reconvinte formula em contestação ("o réu pode re-
convir ao autor no mesmo processo, toda vez que a re-
convenção seja conexa com a ação principal ou com o 
fundamento da defesa": art. 315 CPC). 
A conexidade com a inicial, como a mais ampla das 
modalidades das relações entre demandas, poderá ser 
em razão do pedido ou da causa de pedir (art. 103), mas 
nem uma nem outra deve ser levada a extremos de exi-
gência, sob pena de inviabilizar-se o próprio instituto da 
reconvenção. 
"Deve ter-se por suficiente para satisfazer o requisito 
do art. 315 o vínculo, ainda que mais tênue, existente 
entre as duas causas" (Barbosa Moreira). 
O petitum deduzido em reconvenção precisa inserir-
se no mesmo contexto jurídico-substancial em que se 
situa o do autor, como será o do marido, réu em processo 
de anulação de casamento, que reconvém para pedir a 
separação judicial; ou o do comprador que, em reconven-
ção a um pedido de condenação pelo preço, pede a anu-
lação do contrato de compra-e-venda. 
O pedido reconvencional não será o contraposto do 
pedido formulado pelo autor, porque para tanto não seria 
necessária a reconvenção - sabendo-se que a rejeição da 
demanda (improcedência) já é em si mesma concessão 
de tutela jurisdicional plena ao réu; não se admite, p.ex., 
reconvir em ação de investigação de paternidade, para 
pedir a declaraçãode que o réu não é filho do autor. Mas 
a reconvenção é admissível quando a improcedência da 
demanda do autor não for suficiente para propiciar ao réu 
o bem a que ele aspira - p.ex., reconvir em ação de sepa-
ração judicial, para pedir a mesma separação que em 
contestação o réu repele (mas por fundamentos distintos, 
obviamente). No último caso figurado, há pura conexida-
de por identidade de pedidos. 
A conexidade pela causa petendi, quer para o fim da 
reconvenção ou para outro qualquer, jamais se exige tão 
intensa que as duas demandas estejam rigorosamente 
amparadas pelos mesmos fundamentos, sem qualquer 
diferença. Basta a parcial identidade de títulos, seja para 
provocar a prorrogação da competência, autorizar a for-
mação do litisconsórcio etc., seja para tornar possível a 
reconvenção; considera-se satisfatoriamente configurada 
a hipótese de comunhão de causas de pedir, para qual-
quer desses efeitos, quando o juiz, para decidir sobre as 
duas ou várias demandas propostas, tiver de formar con-
vicção única sobre os fundamentos de ambas, ou de 
todas. 
O grau de convergência dos fundamentos é ainda 
menos intenso quando se trata de reconvenção, bastan-
do alguma razoável ligação entre as duas causas para 
que o juiz, ao julgar o pedido reconvencional, sinta-se de 
algum modo influenciado pelo julgamento da demanda 
inicial ou vice-versa. Se o autor pediu a condenação do 
réu a cumprir uma cláusula contratual, a reconvenção do 
réu será satisfatoriamente conexa com a demanda inicial 
se trouxer o pedido de condenação daquele a cumprir 
uma obrigação posta a seu cargo pelo mesmo contrato. 
A conexidade com os fundamentos da defesa é mais 
íntima do que a conexidade com os da demanda inicial, 
chegando quase ao ponto de uma coincidência completa, 
porque de uma só alegação o réu extrai duas conse-
quências jurídicas - uma defensiva e outra, reconvencio-
nal. O réu de uma demanda de condenação a pagar 
dinheiro defende-se em contestação, alegando compen-
sação do suposto crédito do autor com outro seu, tam-
bém positivo e líquido (CC, art. 1.009);' enquanto ele se 
limitasse a opor esse fato apenas em defesa, o máximo 
que poderia postular seria a improcedência da demanda 
do autor, mas, reconvindo, ele pedirá a condenação des-
te a pagar-lhe o saldo que afirme existir a seu favor. Os 
fundamentos chegam a ser praticamente idênticos na 
contestação e na reconvenção, mas as conclusões, dife-
rentes. 
O mesmo fato alegado como extintivo na contestação 
em que o réu afirma não mais existir o direito do autor, na 
reconvenção pode ser fato constitutivo do direito afirmado 
pelo réu. Essa é apenas uma das combinações possí-
veis, todas apoiadas na premissa de que nenhum fato é 
por sua própria natureza constitutivo, impeditivo, modifi-
cativo ou extintivo de direitos - dependendo sempre do 
modo como ele é invocado em cada caso concreto (Mi-
cheli). 
Requisitos formais específicos 
Como resposta à demanda inicial, a reconvenção é 
sujeita à propositura no prazo de quinze dias a contar da 
citação consumada (art. 297), observados os preceitos 
contidos nos incisos do art. 241 do Código de Processo 
Civil. Esse prazo é elevado ao quádruplo para o Ministé-
rio Público e Fazenda Pública, embora o art. 188 seja 
explícito somente na concessão desse grande beneficio 
para contestar (interpret. STJ); e conta-se em dobro para 
os litisconsortes passivos representados pelo mesmo 
advogado e para os beneficiários da assistência judiciá-
TJ MG 
Atos de Ofício 13 
ria, quando defendidos por uma defensoria pública ou 
órgão assemelhado (CPC, art. 191; lei n. 1.060, de 
5.2.50, art. 5
o
, § 5
o
). 
A petição inicial da reconvenção é dirigida ao juiz da 
causa em que o réu foi citado (art. 282, inc. I), o qual é 
funcionalmente competente para a reconvenção. Ela 
deve ser redigida em peça separada da contestação, 
como dispõe o art. 297 do Código de Processo Civil e é 
de toda conveniência para maior clareza e evitar tumul-
tos; mas a inobservância dessa exigência constitui mera 
irregularidade formal que não prejudica nem conduz à 
nulidade do ato (art. 250) - sempre que não dê causa a 
mal-entendidos (é preciso deixar claro onde termina uma 
resposta e principia a outra). 
Espécies de processos e tipos de procedimento 
A reconvenção, como demanda de tutela jurisdicional 
mediante sentença, é ato específico do processo de co-
nhecimento de jurisdição contenciosa. Não se admite no 
executivo nem no monitório, onde sentença de mérito não 
existe, nem no cautelar, que não tem a finalidade de 
propiciar diretamente a tutela jurisdicional plena (meras 
medidas de apoio ao processo principal); nem é admissí-
vel nos processos de jurisdição voluntária, que não têm 
por objeto uma pretensão a ser satisfeita mediante sacri-
fício de interesse alheio. 
Admite-se a reconvenção em ação rescisória, desde 
que ela também contenha um pedido de rescisão da 
mesma sentença ou acórdão (capítulo de sentença diver-
so daquele impugnado pelo autor da primeira rescisória). 
Não se admite no processo de liquidação de sentença, 
que com ela ou sem ela terminará com a declaração do 
quantum devido, sem a menor necessidade de reconvir; 
nem nos embargos à execução, porque eles se limitam a 
discutir a própria execução, o título executivo ou o crédito 
em sua aptidão a proporcionar a tutela executiva. Tam-
bém não se reconvém nos processos das chamadas 
ações dúplices, onde por via mais singela se obtém o 
mesmo resultado da reconvenção. "É admissível recon-
venção em ação declaratória" (Súmula 258 STF). 
Seu campo mais propício é o procedimento ordinário, 
sendo a reconvenção vedada no sumário (art. 278, § 1
o
) 
e nos processos perante os juizados especiais cíveis 
(LJE, art. 31). 
Na enorme casuística existente na jurisprudência atu-
al sobre a admissibilidade da reconvenção (Theotônio 
Negrão) não está mais presente, como no passado, a 
pura e simples negativa em relação aos procedimentos 
especiais, só porque especiais. É legítimo excluí-Ia quan-
do houver incompatibilidade entre ela e a estrutura do 
procedimento (falência, inventário), quando ela for inócua 
em virtude da admissibilidade de pedido contraposto ou 
quando a natureza substancial da causa não comportar a 
contra-ação do réu (conversão da separação judicial em 
divórcio: lei n. 6.515, de 26.12.77, art. 36); mas, salvo 
essas situações, a tendência dos tribunais é admitir a 
reconvenção mesmo em processos especiais.-Não há 
qualquer incompatibilidade procedimental nos procedi-
mentos que se convertem em ordinário a partir da respos-
ta. 
Ações dúplices 
Em algumas espécies de litígios ou tipos de procedi-
mento a lei permite que o réu, em contestação, formule 
pedido contraposto ao do autor, destinado a obter para si 
urna tutela jurisdicional fora dos limites do pedido feito 
por este. Tais são os chamados judicia duplicia, nos 
quais a própria contestação amplia o objeto do processo 
e torna absolutamente inócua eventual reconvenção - a 
qual, nessas causas, só terá utilidade quando veicular 
pedido de declaração incidente. 
Não existe qualquer diferença funcional entre o pedi-
do contraposto e a reconvenção. A diferença que existe é 
meramente formal e pouco mais que nominal, porque o 
resultado a que ambos conduzem é o mesmo: ampliação 
do objeto do processo pela introdução de mais um pedi-
do, necessidade de dar ao autor oportunidade para im-
pugnar o novo pedido, instrução conjunta, sentença úni-
ca. A razão da inadmissibilidade da reconvenção nesses 
processos é sua absoluta incapacidade de proporcionar 
ao réu algum beneficio maior do que aquele que pode ser 
obtido mediante aquela iniciativa mais simples e menos 
formal, afirmada pela lei corno adequada e admissível em 
alguns casos bem identificados (falta o interesse-
necessidade). 
A ideia

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