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Resumo de Direito Administrativo – Prof. Nathaly R. Ritter Kowalski
Improbidade Administrativa
1 – Introdução
A improbidade administrativa possui sua base no art. 37, §4º da Constituição Federal, sendo regulamentada pela Lei 8.429/92.
Art. 37, § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Improbidade administrativa é o ato ilegal ou contrário aos princípios básicos da Administração Pública no Brasil, cometido por agente público, durante o exercício de função pública ou decorrente desta.
2 – Sujeitos dos Atos de Improbidade Administrativa
a)	Sujeitos Ativos
São aqueles que podem patricar um ato de improbidade administrativa, e assim, ficar submetidas às penalidades prevista em lei.
I – Qualquer Agente Público:
Conceito em sentido amplo, sendo toda pessoa que desempenha atividade administrativa, temporária ou não, com ou sem remuneração. Assim, alcança a aqueles que exercem mandato, cargo, emprego ou função. São chamados de sujeitos ativos próprios.
II – Particulares:
Serão os sujeitos ativos impróprios. Poderá ser enquadrado na lei, qualquer pessoa que, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie (direta ou indiretamente). Esta pessoa, deve estar em concurso com o agente público na ação.
OBS: Os agentes políticos, que são aqueles que exercem mandato, estão sujeitos a essa lei. Com exceção do Presidente da República, que é julgado com base na lei dos crimes de responsabilidade.
b)	Sujeitos Passivos
São as pessoas (entidades) contra quem pode ser praticado um ato de improbidade administrativa.
I – Administração Direta (MEDU) de qualquer dos três Poderes da República e Indireta (FASE).
II – Empresa incorporada ao patrimônio público (Estatização).
III – Entidade que para criação, ou custeio, o Estado haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual.
IV – Entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgãos públicos ou aquelas que para criação, ou custeio, o Estado haja concorrido ou concorra com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual, quando o ato for praticado contra seu patrimônio.
OBS: Nos casos do tópico IV, a sanção patrimonial estará limitada sobre a contribuição dos cofres públicos.
3 - Dos atos de improbidade administrativa
a)	Enriquecimento ilícito
Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício da atividade administrativa.
b)	Prejuízo ao Erário
Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres.
c)	Atos que atentam contra os Princípios Constitucionais
Qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições.
d)	Concessão ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário
Qualquer ação ou omissão que tenha por escopo conceder, aplicar ou manter benefício relacionado ao ISS (imposto sobre serviços) se isso implicar em uma alíquota inferior a 2%;
4 – Sanções por Improbidade Administrativa
As sanções por Improbidade Administrativa serão aplicadas independentemente das sanções civis, penais e administrativas. Trata-se então de um acrescimento de sanção, e não substituição destas. As sanções poderão ser aplicadas isoladas ou cumulativamente, a depender da gravidade do fato praticado.
a)	Penalidades
I – Perda da função pública – após a sentença transitada em julgado.
II – Suspensão dos Direitos Políticos – após a sentença transitada em julgado.
III – Indisponilidade da Bens – É medida cautelar para garantir a aplicação da penalidade.
IV – Ressarcimento ao erário – Quando haver danos ao erário.
V – Perda de bens e valores – acrescidos ilicitamente ao patrimônio do agente público.
VI – Multa Civil
VII – Proibição de Contratar com a Administração e de receber benefícios ou incentivos.
	Suspensão dos Direitos Políticos
	Multa
	Proibição de contratar
	
	Enriquecimento Ilícito
	8 – 10 anos
	Até 3 vezes o valor acrescido
	10 anos
	Prejuízo ao Erário
	5 – 8 anos
	Até 2 vezes o dano causado
	5 anos
	Atentar contra os Princípios
	3 – 5 anos
	Até 100 vezes o valor da remuneração
	3 anos
	Concessão Indevida
	5 – 8 anos
	Até 3 vezes o valor acrescido não possui essa penalidade.
	
b)	Fixação e aplicação da Pena
Levará em conta a extensão do dano causado e o proveito patrimonial adquirido.
A aplicação da penalidade independe da efetiva ocorrência de dano, com exceção a penalidade de ressarcimento de prejuízo ao erário.
Observação: Nos casos de dispensa indevida de licitação, onde ninguém é beneficiário (não houve um pagamento para que se efetuasse a dispensa) e que a licitação esteja dentro do valor de mercado, entende-se que não configura ato de improbidade, não deixando o agente de responder por outras vias.
Independe também a aplicação das penalidades da Aprovação ou Rejeição das contas feita pelo órgão de controle interno ou pelos tribunais de conta.
Observações:
•	Quando o ato praticado resultar em Lesão ao patrimônio Público acarreta em INTEGRAL ressarcimento do dano causado.
Ex: Agente público recebe 100 mil reais para fraudar uma licitação, que ao final, gera uma lesão ao patrimônio público de 1 milhão de reais. Neste caso ele terá de ressarcir 1 milhão de reais e não apenas o que recebeu para fraudar o processo.
•	Sempre que houver Enriquecimento ilícito haverá a perda de bens e valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio.
Ex: Agente público recebe 100 mil reais para fraudar uma licitação, que ao final, gera uma lesão ao patrimônio público de 1 milhão de reais. Neste caso o agente além de ressarcir 1 milhão de reais, terá também o perdimento do valor recebido para realizar a fraude (100 mil reais).
•	Sempre que houver lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao MP, para a indisponibilidade de bens do indiciado. Esta ação visa assegurar o integral ressarcimento do dano causado, mas também o desfazimento do acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito. Veja que a representação pela autoridade administrativa é feita MP, porém somente quem pode decretar a indisponibilidade de bens é o juiz.
Ex: Agente público recebe 100 mil reais para fraudar uma licitação, que ao final, gera uma lesão ao patrimônio público de 1 milhão de reais. Neste caso o agente além de ressarcir 1 milhão de reais, terá também o perdimento do valor recebido para realizar a fraude (100 mil reais). Para evitar o perdimento do valor recebido, tenta se desfazer do valor, comprando um imóvel e colocando em nome de terceiro. Antes que consiga efetuar a compra, tem seus bens (móveis, imóveis, contas bancárias) congelados.
•	O sucessor do agente público está sujeito as cominações da lei até o limite do valor da herança.
5 – Declaração de Bens
É apresentada ao entrar no serviço público, no ato da posse, e será atualizada anualmente, sendo apresentada também ao deixar o exercício do cargo.
Caso o agente se recuse a apresentar esta declaração ou apresente uma declaração falsa, acarretará em demissão a bem do serviço público.
Poderá ser apresentado cópia da declaração do Imposto de Renda.
6 – Procedimento Administrativo
a)	Representação
Acontece na esfera administrativa, podendo ser escrita ou verbal, neste caso, porém, deverá ser reduzida a termo.
Poderá ser feita por qualquer pessoa, mas esta deverá ser qualificada, sendo vedada assim a denúncia anônima.
A representação indicará os fatos, possíveis autorias e as provas.
b)	Procedimento
A comissão, ao verificar indícios da existência do atode improbidade, dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas respectivo.
Bem como, representar ao MP pela indisponibilidade de bens, nos casos de prejuízo ao erário ou enriquecimento ilícito.
7 - Processo Judicial
a)	Ação Principal
A Ação de Improbidade Administrativa seguirá pelo rito ordinário e deverá ser interposta no máximo até 30 dias da efetivação da medida cautelar de indisponibilidade de bens.
OBS: A ação de improbidade administrativa não possui foro por prerrogativa de função, pois é uma ação que tramita no juízo civil, assim, as sanções possuem natureza político administrativa.
b)	Parte legitimadas para ingressar com a ação
•	Ministério Público
•	Pessoa Jurídica Interessada
OBS: A presença do Ministério Público é obrigatória. Estará presente como parte ou nos casos em que não for parte estará presente como fiscal da lei. Caso o MP não participe do processo, acarretará a nulidade deste.
c)	Representação indevida
A denúncia falsa de ato de improbidade administrativa é crime e acarreta em penalidades de detenção de 6 a 10 anos, multa e indenização.
d)	Afastamento temporário
Pode ser determinado pela autoridade judicial ou administrativa a fim de que o agente não influencia na apuração dos atos de improbidade, porém, será sem perda da remuneração, haja vista não ser uma penalidade e sim uma medida.
8 – Prescrição
Trata-se do prazo para promover a ação de improbidade administrativa.
•	5 anos – do término do Mandato, Cargos em Comissão ou Funções de confiança.
•	5 anos – da data da prestação de contas para as entidades com participação de MENOS de 50% do dinheiro público.
•	Prazo de lei específica - mesmo prazo prescricional da demissão para ocupantes de cargos efetivos.
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