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Apostila de Direito Penal

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1 - O DIREITO PENAL
O direito penal é um ramo do direito público que se dedica a estudar as normas que emanam do Estado para prevenir e reprimir delitos e imputar as respectivas sanções. 
O direito penal é considerado um ramo do direito público porque envolve a tutela do Estado, como pessoa jurídica de direito público, sobre a segurança jurídica dos seus cidadãos.
Por ser um ramo do direito público, o direito penal regula relações existentes entre os homens e o Estado. 
Contudo, o que realmente distingue o direito penal dos demais ramos do direito é a COERÇÃO PENAL. O direito penal é o único ramo do direito que se vale da coerção penal, a qual se distingue das demais formas de coerção por seu caráter preventivo ou reparador.
Veja como esse tema foi cobrado em provas anteriores:
(FUNCAB/2016/SEGEP-MA/Cargo: Agente penitenciário) Assinale a alternativa que corretamente indica uma das missões do direito penal.
a) Aplicar a pena com o escopo único de retribuir ao criminoso o mal causado, pois a pena é intrinsecamente justa.
b) Aplacar o clamor popular através de instrumentos simbólicos de punição.
c) Manter a ordem política através da seletividade nas incriminações.
d) Estimar a vingança privada nas hipóteses previstas em lei, como, por exemplo, na legítima defesa.
e) Servir como instrumento de garantias para o criminoso.
Gabarito: Letra E
Comentários: A doutrina afirma que o direito penal tem uma missão mediata, também chamada de indireta e uma missão mediata, também chamada de indireta. A missão mediata do direito penal seria promover o controle social e limitar o poder de punir, o que justifica o gabarito da questão. Já a missão imediata seria proteger os bens jurídicos indispensáveis ao homem para uma convivência social harmônica.
2 - FONTES DO DIREITO PENAL
Fonte do direito é tudo aquilo que impulsiona o surgimento da norma jurídica.
Eugenio Raul Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, em seu Manual de Direito Penal Brasileiro dividem as fontes do direito penal entre fontes de produção da legislação penal, fontes de cognição da legislação penal, fontes de conhecimento do saber-jurídico penal e fontes de informação do saber-jurídico penal. Nesse sentido, a fonte de produção do direito penal brasileiro seria a União, pois o artigo 22, I, da Constituição Federal lhe atribui competência privativa para legislar sobre direito penal, senão vejamos:[1: Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral/ Eugenio Raul Zaffaroni, Jose Henrique Pierangelli, -- 11. Ed. rev. e atual.. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.]
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
Já as fontes de cognição da legislação penal são representadas pela própria legislação penal.
	As fontes de conhecimento do saber jurídico-penal são aquelas empregadas para a elaboração de conceitos importantes para o direito penal, o que inclui a jurisprudência.
	Por fim, as fontes de informação do saber jurídico-penal envolveriam obras, monografias e artigos. 
	Uma classificação recorrente em provas de concursos públicos distingue as fontes do direito penal entre fontes materiais e fontes formais.
FONTES FORMAIS ≠ FONTES MATERIAIS
↓		 ↓Podem ser imediatas ou mediatas. São exemplos de fonte formal imediata a lei complementar, a lei delegada, a medida provisória e a emenda à constituição. São exemplos de fontes formais mediatas o costume, os princípios gerais de direito e o ato administrativo.
Estão relacionadas à produção da norma penal. É a manifestação do próprio Estado, por meio da União, detentora da competência constitucional em relação à matéria.
O costume é uma conduta repetida diversas vezes pela sociedade, de modo constante e uniforme. Embora seja considerado como uma fonte formal mediata, o costume não pode criar novos crimes, cominar penas ou revogar leis. Nos termos do art. 2º da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, uma lei só pode vir a ser revogada por outra lei.
É a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, uma norma sobre normas, aplicável a todos os ramos do direito, que estabelece também a possibilidade de o juiz decidir valendo-se dos princípios quando se encontrar diante de uma omissão legal.
Nos termos do art. 4º da LINDB, “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”
PARA PRATICAR – QUESTÕES SOBRE O TEMA
1) (PC-SP/2012/PC-SP/Cargo: Delegado de Polícia) Com relação às fontes do Direito Penal, é correto dizer que as fontes formais são classificadas em:
a) materiais e de cognição.
b) imediata e substancial
c) mediata e de produção
d) mediata e imediata
e) exclusivamente de cognição.
2)(CESPE/2014/Câmara dos Deputados/ Cargo: Analista Legislativo) Com referência a fundamentos e noções gerais aplicadas ao direito penal, julgue o próximo item. 
Em matéria penal, os tratados e as convenções internacionais, após serem referendados pelo Congresso Nacional, constituem fontes imediatas do direito penal e têm eficácia erga omnes.
3) (MPDFT/2013/MPDFT/Cargo: Promotor de Justiça) Indique a alternativa CORRETA:
a) São fontes formais diretas ou imediatas do Direito Penal: costumes, princípios gerais de direito e analogia in bonam partem. 
b) A revogação do complemento da lei penal em branco, em sentido estrito, importa a revogação do tipo penal incriminador. 
c) O Código Penal e o Código Penal Militar brasileiros acolheram, em relação ao tempo do crime, a teoria da ubiquidade. 
d) A lei penal brasileira não se aplica a fatos ocorridos no exterior, pois o Código Penal pátrio acolheu os princípios da territorialidade e da soberania. 
e) O princípio da territorialidade regula a aplicação da lei penal brasileira ao crime praticado no interior de navio de guerra de bandeira pátria, quando em porto estrangeiro.
GABARITO: 1- d; 2-certo; 3-e
.
3 - PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
Os princípios são responsáveis por auxiliar o juiz a preencher as lacunas existentes na legislação a fim de decidir os casos concretos que lhe são apresentados.
O renomado jurista Robert Alexy define os princípios como mandamentos de otimização, assim caracterizados pelo fato de a medida ordenada de seu cumprimento depender não só das possibilidades fáticas, mas também das jurídicas.[2: ALEXY, Robert. Constitucionalismo Discursivo. Livraria do Advogado. p. 123 APUD ABOUD, Alexandre. Princípio da supremacia do interesse público sobre o privado: destruição, reconstrução ou assimilação? Revista Jurídica Consulex. Ano XXII. Nº 267. Ano 2008. p. 63.]
Os princípios do direito penal podem ser subdivididos em quatro grandes grupos:
GRUPO 1) PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL: 
Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos
Princípio da insignificância
Princípio da intervenção mínima
GRUPO 2) PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE:
Princípio da exteriorização ou materialização do fato
Princípio da legalidade
Princípio da ofensividade/lesividade
GRUPO 3) PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO:
Princípio da responsabilidade pessoal
Princípio da responsabilidade subjetiva
Princípio da culpabilidade
Princípio da isonomia
Princípio da presunção de inocência
GRUPO 4) PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A PENA:
Princípio da dignidade da pessoa humana
Princípio da individualização da pena
Princípio da proporcionalidade
Princípio da pessoalidade
Princípio da vedação ao “bis in idem”.
O primeiro princípio que compõe o bloco daqueles relacionados com a missão fundamental do direito penal é o princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos. Esse princípio transmite a ideia de que o direito penal não se presta a tutelar quaisquer bens jurídicos, mas dedica-se à proteçãode bens jurídicos relevantes.
O princípio da insignificância, também chamado de princípio da bagatela, é muito recorrente em provas de concursos públicos. Trata-se de um princípio limitador do direito penal. Segundo o referido princípio, o direito penal é demasiado gravoso para tutelar determinados bens jurídicos, sendo desproporcional a sua aplicação a fatos de importância mínima ou insignificante. 
	O princípio da insignificância tem natureza jurídica de causa supralegal de exclusão da tipicidade material. 
	Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, o princípio da insignificância deve ser aplicado nas circunstâncias em que se identificar a mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, grau reduzido de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada.
ATENÇÃO: O princípio da insignificância não é aplicável aos crimes praticados mediante violência ou grave ameaça.
	Além disso, o crime de moeda falsa não admite a aplicação do princípio da insignificância, uma vez que o bem jurídico tutelado, qual seja, a fé pública, merece uma atenção especial do Estado. 
	O entendimento que prevalece no Supremo Tribunal Federal é no sentido de que também não se aplica o princípio da insignificância ao crime de tráfico de drogas.
	O candidato em provas de concursos públicos deve estar atento para não confundir o princípio da insignificância com o princípio da adequação social. Embora ambos sejam princípios limitadores do direito penal, eles não se confundem. O primeiro está relacionado à irrelevância da lesão ao bem jurídico tutelado, enquanto o segundo prevê que, apesar de uma conduta se ajustar a um tipo penal, ela não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida. O princípio da adequação social está ligado à ideia de aceitação da conduta pela sociedade.
	O terceiro princípio que compõe o bloco dos princípios relacionados com a missão fundamental do direito penal é o princípio da intervenção mínima. Segundo tal princípio, o direito penal é seletivo e, por isso, sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle da sociedade.
	No segundo bloco, entre os princípios relacionados com o fato do agente, encontra-se o princípio da exteriorização ou materialização do fato. Ele indica que o Estado só pode criminalizar condutas que se exteriorizem por uma ação ou omissão do agente. Significa dizer que os pensamentos ou aquilo que é cogitado pelo agente não constitui crime e tampouco interessa ao direito penal.
	O segundo princípio relacionado com o fato do agente é o princípio da legalidade, um dos mais cobrados em provas de concursos públicos. Ele possui previsão expressa no art. 1º do Código Penal:
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
	Porém, o princípio da legalidade não se restringe ao referido artigo do Código Penal. Ele está também previsto no art. 5º, II, da Constituição da República Federativa do Brasil e no art. 5º, XXXIX, também da Carta Magna.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
	O princípio da legalidade é a real limitação ao poder estatal de interferir na esfera das liberdades individuais. É um princípio com fundamento político, vinculando o Poder Executivo e o Poder Judiciário às leis editadas. 
	Existem alguns desdobramentos do princípio da legalidade, também comumente chamado de princípio da reserva legal. O primeiro deles é o de que não se admite analogia para fundamentar ou agravar a pena. O segundo desdobramento consiste na inadmissibilidade do costume incriminador. No entanto, entende-se que é possível que o costume figure como método interpretativo do direito penal. O terceiro desdobramento é a taxatividade da lei penal, exigindo-se clareza do tipo. Por fim, o quarto desdobramento é a anterioridade da lei penal, segundo a qual a lei que institui o crime e a pena deve ser anterior ao fato que se quer punir.
	O entendimento que prevalece atualmente é o de que as contravenções penais e as medidas de segurança estão abrangidas pelo princípio da legalidade. 
	Há uma parcela da doutrina que classifica a legalidade entre legalidade formal e legalidade material. A legalidade formal significa obediência ao devido processo legislativo, enquanto que a legalidade material significa respeito aos direitos e garantias do cidadão.
	O princípio da ofensividade ou lesividade é aquele segundo o qual não há crime sem ofensa a um determinado bem jurídico. Ademais, é preciso que o bem jurídico tutelado pela norma penal pertença à outra pessoa que não ao próprio agente, ou seja, é preciso que a conduta praticada transcenda a esfera individual do agente. Por essa razão não são puníveis no direito penal brasileiro a autolesão e a própria tentativa de suicídio.
	Quanto aos princípios relacionados com o agente do fato, o primeiro deles é o princípio da responsabilidade pessoal. Esse princípio determina que o sujeito não será punido por fato alheio, isto é, por fato praticado por uma outra pessoa. 
	Por outro lado, o princípio da responsabilidade subjetiva prevê que, para que haja punição na esfera penal, é necessário a presença dos elementos dolo ou culpa. Não se admite mais a responsabilidade penal objetiva. Esse princípio está consagrado no art. 19 do Código Penal:
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
O princípio da culpabilidade informa que a severidade da pena aplicada ao agente será proporcional à reprovabilidade da conduta.
O princípio da isonomia é de grande importância, não só no estudo do direito penal, mas como de toda a ciência jurídica. A ideia principal que o princípio transmite é a de que todos são iguais perante a lei. 
Outro princípio importante é o princípio da presunção de inocência, também muito recorrente em provas de concursos públicos e importante para entender outros conceitos dentro da disciplina. Ele tem previsão constitucional no art. 5º, LVII, segundo o qual “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. A regra que se estabelece é a de que o agente acusado da prática de determinada infração penal só pode ser preso após o trânsito em julgado de sentença condenatória proferida em processo penal.
Ocorre que, recentemente, com o julgamento do HC 126.292, em março de 2016, pelo Supremo Tribunal Federal, surgiram uma série de debates sobre o afastamento do referido princípio. Isso porque, na referida decisão, o Supremo Tribunal Federal admitiu, por maioria de votos, a execução da pena depois da confirmação da sentença pela 2ª instância e antes do trânsito em julgado. Uma considerável parte da doutrina acredita que, com a referida decisão, o STF cometeu um erro, resultante de “malabarismo hermenêutico”, já que a decisão contraria o texto expresso da Constituição Federal. De qualquer forma, é importante que o candidato a concursos públicos conheça esse julgado.
O quarto grupo abrange os princípios relacionados com a pena. O primeiro deles é o relevantíssimo princípio da dignidade da pessoa humana. A partir desse princípio estão proscritas as penas cruéis, de morte, perpétuas, de banimento e de trabalhos forçados. Eugenio Raul Zaffaroni e José Henrique Pierangeli explicam que esse princípio dita a inconstitucionalidade de qualquer pena ou consequência do delito que crie um impedimento físico permanente como também qualquer consequência jurídica indelével do delito. [3: Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral/ Eugenio Raul Zaffaroni, Jose Henrique Pierangelli, -- 11. Ed.rev. e atual.. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.]
O princípio da individualização da pena também possui previsão constitucional. Ele está inserido no art. 5º, XLVI, da Constituição da Republica Federativa do Brasil, segundo o qual 
“A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) prestação social alternativa; d) suspensão ou interdição de direitos”.
O supracitado princípio se desdobra em três momentos distintos. Primeiramente, no momento que em o legislador cria a norma penal. Depois, há a individualização realizada pelo juiz ao aplicar a lei ao caso concreto. Por fim, o terceiro momento de aplicação do princípio é durante a fase de execução da pena.
No bloco dos princípios relacionados com a pena, encontra-se ainda o princípio da proporcionalidade que funciona como um verdadeiro mandamento de proibição de excessos por parte do Estado. A fim de identificar se a sanção aplicada é proporcional ao delito cometido, é preciso avaliar três aspectos: a) se a norma é adequada; b) se a norma é necessária; c) se a norma é proporcional em sentido estrito, isto é, se o meio utilizado para alcançar a finalidade da sanção é proporcional à finalidade que se pretende alcançar.
O princípio da pessoalidade informa que a pena não pode transcender a pessoa que é autora ou partícipe do delito. Em decorrência desse princípio, deve-se evitar qualquer tipo de consequência da sanção penal que possa atingir ou afetar terceiros a quem não há imputação de um fato típico, ilícito e culpável.
Por fim, o último princípio que rege o direito penal é denominado princípio da vedação ao “bis in idem”. Esse renomado princípio é de extrema relevância para provas de concursos públicos e merece especial atenção dos candidatos. O princípio proíbe que uma pessoa seja processada, julgada e condenada mais de uma vez pela mesma conduta. Pablo Rodrigo Alflen ensina que “O princípio ne bis in idem, que vem do direito romano e faz parte da tradição democrática do direito penal, nada mais é do que corolário do ideal de justiça, uma vez que determina que jamais alguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato.”[4: SILVA, Pablo Rodrigo Alflen da. Inconstitucionalidade do art. 40, inciso VII, da lei de drogas por inobservância ao ne bis in idem e violação à proibição de excesso. BDJur, Brasília, DF, 29 jul. 2009.]
PARA PRATICAR – QUESTÕES SOBRE O TEMA
1) (FCC/2017/DPE-PR/Cargo:Defensor Público) O princípio da intervenção mínima no Direito Penal encontra reflexo:
a) no princípio da fragmentariedade e na teoria da imputação objetiva.
b) no princípio da subsidiariedade e na teoria da imputação objetiva.
c) nos princípios da subsidiariedade e da fragmentariedade.
d) no princípio da fragmentariedade e na proposta funcionalista sistêmica.
e) na teoria da imputação objetiva e na proposta funcionalista sistêmica
2)(FCC/2016/SEGEP-MA/Cargo: Auditor fiscal da Receita Estadual) O princípio do direito penal que possui claro sentido de garantia fundamental da pessoa, impedindo que alguém possa ser punido por fato que, ao tempo do seu cometimento, não constituía delito é:
a) atipicidade
b) reserva legal
c) punibilidade.
d) analogia.
e) territorialidade.
3) (UFMT/2016/DPE-RS/Cargo:Defensor Público) O princípio da insignificância ou da bagatela exclui a
a) punibilidade. 
b) executividade
c) tipicidade material.
d) ilicitude formal.
e) culpabilidade
4) (FUNCAB/2016/SEGEP-MA/Cargo: Agente penitenciário) O direito penal não admite analogias incriminadoras. Essa afirmativa é uma decorrência do princípio da:
a) adequação social.
b) responsabilidade penal pessoal
c) individualização das penas.
d) legalidade.
e) responsabilidade penal subjetiva
5) (FUNCAB/2016/PC-PA/Cargo: Delegado de Policia Civil) Expressiva parcela da doutrina sustenta a inadequação do crime de escrito ou objeto obsceno (art. 234 do CP) para com os princípios que instruem o direito penal democrático. Um dos focos dessa inadequação reside na indevida alocação do sentimento público de pudor como objeto da tutela jurídica. Isso representa, em tese, violação ao princípio da:
a) intranscendência.
b) culpabilidade.
c) taxatividade.
d) ofensividade.
e) insignificância.
6) (CESPE/2016/DPU/Cargo: Analista – Técnico Administrativo) Considerando a situação hipotética descrita, julgue o item a seguir.
João, aproveitando-se de distração de Marcos, juiz de direito, subtraiu para si uma sacola de roupas usadas a ele pertencentes. Marcos pretendia doá-las a instituição de caridade. João foi perseguido e preso em flagrante delito por policiais que presenciaram o ato. Instaurado e concluído o inquérito policial, o Ministério Público não ofereceu denúncia nem praticou qualquer ato no prazo legal.
7) (CESPE/2015/TCE-RN/Cargo: Inspetor) Acerca do concurso de pessoas e dos princípios de direito penal, julgue o item seguinte.
Segundo o princípio da intervenção mínima, o direito penal somente deverá cuidar da proteção dos bens mais relevantes e imprescindíveis à vida social.Parte superior do formulário
8) (FCC/2015/DPE-MA/Cargo: Defensor Público) A proscrição de penas cruéis e infamantes, a proibição de tortura e maus-tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar sua infraestrutura carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação e a dessocialização dos condenados são desdobramentos do princípio da:
a) proporcionalidade.
b) intervenção mínima do Estado.
c) fragmentariedade do Direito Penal.
d) humanidade.
e) adequação social.
9) (FCC/2015/TCM-RJ/Cargo: Auditor-Substituto de Conselheiro) Determinada lei dispõe: “Subtrair objetos de arte. Pena: a ser fixada livremente pelo juiz de acordo com as circunstâncias do fato". 
Para um fato cometido após a sua vigência, é correto afirmar que a referida lei
a) fere o princípio da legalidade
b) fere o princípio da anterioridade
c) fere os princípios da legalidade e da anterioridade
d) não fere os princípios da anterioridade e da legalidade
e) é uma norma penal em branco
10) (VUNESP/2014/TJ-PA/Cargo: Auxiliar Judiciário) Artigo 1.º do Código Penal Brasileiro: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” O dispositivo legal ora transcrito explicita, dentre outros, o princípio
a) da insignificância.
b) da intervenção mínima
c) da taxatividade
d) da culpabilidade
e) da proporcionalidade
GABARITO: 1-c; 2-b; 3-c; 4-d; 5-d; 6-errado; 7-certo; 8-d;9-a;10-c.
4 - APLICAÇÃO DA LEI PENAL
 
4.1 - APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO
A norma penal, para que seja elaborada, passa por um tramite de elaboração. Após o momento em que se completa a sua edição, há um espaço de tempo entre a data em que a norma é publicada e a data em que passa a efetivamente produzir efeitos. Esse espaço de tempo recebe o nome de vacatio legis.
A vacatio legis existe para possibilitar que a norma se torne conhecida antes de começar a produzir efeitos e tornar-se obrigatória. Além disso, o período de vacatio legis permite que as autoridades e as pessoas a quem a lei é endereçada se organizem para a sua aplicação.
O prazo de duração da vacatio legis é, em regra, de 45 dias, conforme determina a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Todavia, esse prazo pode ser ampliado ou reduzido, conforme a vontade do legislador, desde que haja cláusula expressa nesse sentido na própria lei.
No direito penal vigora o princípio da legalidade, o qual protege o cidadão contra arbitrariedades do Estado, ao afirmar que o agente não poderá ser punido por um fato que, ao tempo da conduta, não era previsto em lei como crime. A regra, portanto, é aplicar a lei vigente ao tempo do fato.
O principal princípio que rege a aplicação da lei penal no tempo é o princípio do tempus regit actum, segundo o qual a regra é que alei penal não retroaja, tampouco se aplique a fatos ocorridos após o término de sua vigência.
O fenômeno que envolve a movimentação da lei penal no tempo é denominado de extra-atividade da lei penal e se subdivide entre ultra-atividade e retroatividade.
Há, no entanto, um importantíssimo princípio que excepciona a regra geral. Trata-se do princípio da retroatividade benéfica. Ele é também conhecido como extra-atividade da lei mais benigna (lex mitior).
Eugenio Raul Zaffaroni e José Henrique Pierangeli ensinam que lei penal mais benigna não é somente aquela que descriminaliza uma conduta ou que estabelece uma pena menor. Segundo os autores, quando se fala em lei penal mais benigna é possível referir-se também à criação de uma nova causa de justificação, de uma nova causa de exclusão da culpabilidade, de uma causa impeditiva da operatividade da pena, entre outras. [5: Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral/ Eugenio Raul Zaffaroni, Jose Henrique Pierangelli, -- 11. Ed. rev. e atual.. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.]
A averiguação quanto ao fato de ser uma norma mais ou menos benéfica só pode se dar diante do caso concreto, uma vez que muitos são os elementos envolvidos nesse juízo.
É importante destacar que o princípio da retroatividade da lei mais benéfica inclui também as normas intermediárias, de modo que deve ser aplicada a lei mais benigna dentre todas as que vigoraram desde a realização do delito até o final do cumprimento de eventual pena aplicada.
Ultra-atividade: A lei revogada continua a ser
aplicada para fatos praticados na sua vigência.
EXTRA-ATIVIDADE 
DA LEI PENAL 
Retroatividade: Permite que lei anterior mais benéfica alcance fatos pretéritos.
	A abolitio criminis é um fenômeno por meio do qual um fato típico se torna atípico. O tipo penal é revogado por uma lei posterior que deixa de considerar determinada conduta como típica. Trata-se de um desdobramento do princípio da intervenção mínima, o qual orienta quais as situações que merecem a interferência do direito penal.
	A abolitio criminis nada mais é, portanto, do que a supressão da conduta criminosa. Ela faz inclusive com que cesse a execução da pena, o que significa que a lei penal abolicionista não respeita sequer a coisa julgada. Além disso, a abolitio criminis faz cessar os efeitos penais da condenação, sendo mantidos tão somente os efeitos extra-penais previstos nos artigos 91 e 92 do Código Penal.
	O candidato em provas de concursos públicos, especialmente aquele que se prepara para as carreiras jurídicas, deve ter em mente o teor da Súmula 611 do Supremo Tribunal Federal, que assim dispõe: “Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação da lei mais benigna”.
	A abolitio criminis está prevista no caput do art. 2º do Código Penal, enquanto a novatio legis in mellius tem previsão no parágrafo único do mesmo artigo.
 Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
A novatio legis in mellius é um fenômeno que se dá quando a lei posterior de qualquer modo favorece o agente e retroage. Na novatio legis in mellius, diferentemente do que ocorre com a abolitio criminis, a incriminação do fato é mantida, mas de alguma forma a situação do réu passa a ser menos gravosa. A novatio legis in mellius é um fenômeno que também não respeita a coisa julgada. 
O art. 3º do Código Penal faz referência à lei excepcional ou temporária em sentido estrito:
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
	Lei excepcional é aquela cuja vigência é limitada por um tempo incerto, determinado apenas pela ocorrência de um determinado evento ou circunstância, como uma epidemia ou uma guerra, por exemplo. 
	Por outro lado, a lei temporária é aquela que consagra, em seu próprio texto, o tempo pelo qual estará vigente. A lei temporária vige, portanto, durante um tempo certo e determinado. Estarão expressas no texto da lei temporária expressões como “essa lei vigorará pelo prazo de 6 meses” ou “essa lei vigorará até o dia 31 de dezembro de 2020”.
	As leis temporárias e excepcionais não se sujeitam aos efeitos da abolitio criminis, salvo se houver lei expressa em sentido contrário. 
	Sobre o momento do crime, existem três teorias no direito penal. 
A primeira delas é chamada teoria da atividade, também conhecida como teoria da ação ou teoria da conduta. Para os teóricos que a defendem, o tempo do crime é aquele em que ocorreu a ação ou a omissão do agente.
A segunda teoria é a teoria do resultado, que também recebe o nome de teoria do evento ou teoria do efeito. Para essa teoria, o tempo do crime é aquele em que se produz o resultado. 
A terceira e última teoria é a teoria mista ou da ubiquidade, cujos teóricos defendem que o tempo do crime pode ser tanto o momento em que se pratica a conduta ou em que se omite como ainda o tempo em que se produz o resultado.
O Código Penal Brasileiro adotou a teoria da atividade em seu art. 4º:
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
	Segundo Eugenio Raul Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, o critério adotado pelo art. 4º é de que um delito é cometido quando se realiza a atividade voluntária e não quando é produzido o resultado típico. [6: Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral/ Eugenio Raul Zaffaroni, Jose Henrique Pierangelli, -- 11. Ed. rev. e atual.. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.]
	Em relação aos crimes continuados e aos crimes permanentes, o Supremo Tribunal Federal sumulou o entendimento de que a lei penal mais grave será aplicada a tais crimes se a sua vigência for anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
4.2 - APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO
A aplicação da lei penal no espaço no direito brasileiro é regida por cinco princípios básicos, quais sejam, territorialidade, nacionalidade, defesa, justiça penal universal e representação.
O princípio da territorialidade determina que a lei penal só é aplicável no Estado que a aprovou, não sendo relevante a nacionalidade do agente a quem a conduta prevista em lei como crime é imputada, tampouco a titularidade do bem jurídico ofendido.
O princípio da territorialidade possui algumas exceções, razão pela qual se fala em territorialidade temperada. Excepcionalmente, a lei estrangeira poderá ser aplicada aos delitos cometidos em território nacional, quando assim determinar tratado ou convenção internacional.
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
	Já o princípio da nacionalidade, comumente chamado também de princípio da personalidade, prevê que se aplica a lei penal do Estado aos seus cidadãos, onde quer que eles se encontrem. 
	Segundo o princípio da defesa, a lei penal brasileira deve ser aplicada sempre que o fato criminoso, cometido noestrangeiro, lesar interesse nacional.
	Para o princípio da justiça penal universal, que também pode aparecer em provas como princípio da justiça penal cosmopolita, deve ser aplicada a lei penal do país em que se encontrar o criminoso. Esse princípio se fundamenta no dever de solidariedade na repressão de delitos graves aos quais todos os povos estão interessados em aplicar punição.
	Finalmente, para o princípio da representação, também conhecido como princípio da substituição ou da bandeira, a lei penal de um determinado país deverá ser aplicada nas situações em que os delitos forem cometidos em embarcações e aeronaves privadas no estrangeiro e lá não sejam processados ou julgados.
	Em relação ao lugar do crime, existem três teorias, de forma análoga ao que ocorre com o estudo do tempo do crime. A primeira delas, chamada de teoria da atividade, considera como lugar do crime aquele em que se pratica a conduta. A segunda, teoria do resultado, considera como lugar do crime aquele em que se produz o resultado. Por fim, a teoria da ubiquidade, também chamada de teoria mista ou unitária, considerada como sendo o lugar do crime qualquer dos momentos do iter procedimental, ou seja, tanto o lugar em que foram praticados os atos executórios, como o lugar em que se consumou o crime.
O Código Penal Brasileiro adotou a teoria da ubiquidade em seu art. 6º:
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
	 
DICA PARA NÃO ESQUECER AS TEORIAS ADOTADAS PELO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO:
LUTA
LUGAR DO CRIME: UBIQUIDADE
TEMPO DO CRIME: ATIVIDADE
	 
	A extraterritorialidade é a aplicação da lei brasileira a crimes que foram praticados fora do território brasileiro. A extraterritorialidade pode ser condicionada ou incondicionada. 
	As hipóteses de extraterritorialidade incondicionada estão previstas no art. 7º, I do Código Penal:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I – os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; e 
 c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
	Nesses casos, fala-se que há extraterritorialidade incondicionada porque sua aplicação independe do preenchimento de requisitos, o que se dá em razão da importância dos bens jurídicos tutelados.
	Para a extraterritorialidade condicionada, por outro lado, exige-se a ocorrência de algumas condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
	As hipóteses de extraterritorialidade condicionada estão previstas no art. 7º, II do Código Penal.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
4.3 - CONFLITO APARENTE ENTRE NORMAS
O direito penal é um sistema complexo e, para evitar que suas normas conflitem entre si, existem mecanismos para prevenir a competição.
O primeiro deles é a aplicação do princípio da especialidade, segundo o qual uma lei especial derroga uma lei geral. Esse postulado é aplicado quando dois dispositivos distintos fazem referência ao mesmo fato, mas um deles o trata de forma mais específica. 
A lei especial é aquela que contém todos os elementos da lei geral e acrescenta outros, chamados pela doutrina de elementos especializantes.
O segundo princípio que rege o conflito aparente entre normas é o princípio da subsidiariedade. O referido princípio ensina que a norma que prevê uma ofensa maior a um determinado bem jurídico exclui a aplicação da norma que prevê uma ofensa menor àquele mesmo bem jurídico. A subsidiariedade pode ser expressa ou tácita.
O princípio da consunção, também chamado de princípio da absorção, determina que um fato definido por uma norma incriminadora, quando mais amplo e mais grave, absorve outros fatos, menos amplos e menos graves. Um exemplo é o crime de falsidade material de documento público, previsto no art. 297 do Código Penal e que pode ser absorvido pelo crime de estelionato, previsto no art. 171 do mesmo diploma.
PARA PRATICAR – QUESTÕES SOBRE O TEMA
1) (VUNESP/2017/TJM-SP/Cargo: Escrevente Técnico Judiciário) Nos termos previstos no Código Penal, é correto afirmar que
a) se considera praticado o crime no momento do resultado.
b) a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, salvo se decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
c) o dia do começo deve ser excluído no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
d) o funcionário público que se apropria, por negligência, de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou o desvia, em proveito próprio, comete o crime de peculato-culposo.
e) exigir, para outrem, indiretamente, fora da função mas em razão dela, vantagem indevida caracteriza o crime de concussão.
	
	
2) (CESPE/2015/TJ-DFT/Cargo: Técnico Judiciário – Área Administrativa) Acerca do crime e da aplicação da lei penal no tempo e no espaço, julgue o item que se segue.
A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da sentença — em decorrência do fenômeno da ultratividade — mesmo já tendo sido revogada a lei que vigia no momento da consumação do crime.
3) (FGV/2015/TJ-RO/Cargo: Técnico Judiciário) Henrique, não aceitando o fim do relacionamento, decide matar Paola, sua ex-namorada. Para tanto, aguardou na rua a saída da vítima do trabalho e, após, desferiu-lhe diversas facadas na barriga, sendo estas lesões a causa eficiente de sua morte. Foi identificado por câmeras de segurança, porém, e denunciado pela prática de homicídio consumado. Em relação ao crime de lesão corporal, é correto afirmar que Henrique não foi denunciado com base no princípio da:
a) especialidade;
b) subsidiariedade expressa;
c) alternatividade;
d) subsidiariedade tácita;
e) consunção.
4) (FUNIVERSA/2015/SEAP-DF/Cargo: Agente de atividades penitenciárias) Segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante acerca do direito penal, julgue o item subsequente. 
Segundo o disposto no Código Penal (CP), a lei posterior que, de qualquer modo, favorecer o agente se aplica aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Trata-se do princípio da novatio legis in mellius.
5) (FCC/2014/TJ-AP/Cargo: Técnico Judiciário – Área judiciária) Com relação à aplicação da lei penal, é INCORRETO afirmar:
a) Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
b) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
c) Pode-se ser punido por fato que lei posterior deixe de considerar crime, se já houver sentença penal definitiva.
d) A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
e) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento deseu resultado.
6) (CONSULPLAN/2017/TRF-2ª REGIÃO/Cargo: Oficial de Justiça Avaliador Federal) Sobre a aplicação da lei penal, analise as afirmativas a seguir.
I. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
II. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
III. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
Estão corretas as afirmativas:
a) I, II e III
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
7) (MPE-SC/2015/MPE-SC/Cargo: Promotor de Justiça) No tocante ao princípio da extra-atividade da lei penal, em se tratando de crimes continuados ou permanentes, aplica-se a legislação mais grave se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
8) (CESPE/2013/DPF/Cargos: Todos) Julgue o item subsequente, relativo à aplicação da lei penal e seus princípios.
No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicação da lei apenas durante o seu período de vigência; a exceção é a extra-atividade da lei penal mais benéfica, que comporta duas espécies: a retroatividade e a ultra-atividade.
9) (CESPE/2013/MPU/Analista Direito) Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue os próximos itens. A homologação de sentença estrangeira para obrigar condenado à reparação de dano requer a existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença.
GABARITO: 1-e; 2-certo; 3-e; 4- certo; 5-c; 6-a; 7-certo; 8- certo; 9-errado.
5 - TEORIA GERAL DO DELITO
A teoria do delito é a parte do direito penal com a missão de explicar quais são as características dos delitos.
O delito é uma conduta:
TÍPICA 
ANTIJURÍDICA e
CULPÁVEL
A conduta é um movimento voluntário. Por isso, são causas de exclusão da conduta: Caso fortuito e força maior. Também excluem a conduta a involuntariedade (ausência de capacidade de dirigir a conduta de acordo com uma finalidade), o que pode ocorrer por estado de inconsciência completa ou movimento reflexo. O sonâmbulo, por exemplo, age em estado de inconsciência completa. Além disso, excluem a conduta a coação física irresistível, ou seja, as situações em que o coagido é impossibilitado de determinar seus movimentos de acordo com sua vontade.
Ademais, quanto à voluntariedade da conduta, o crime poderá se classificar como doloso ou culposo. O art. 18 do Código Penal apresenta a distinção:
Art. 18 - Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
O parágrafo único do artigo 18 do Código Penal apresenta o que se denomina princípio da excepcionalidade do crime culposo. 
O dolo é, portanto, a vontade consciente dirigida a realização ou aceitação de uma conduta previamente descrita em um tipo penal. A vontade e a consciência são, desse modo, dois elementos essenciais para a existência do dolo.
O Brasil adotou duas teorias no que diz respeito à definição de crime doloso. A primeira delas, teoria da vontade, considera o crime como doloso quando o agente quis o resultado. Nesse caso, fala-se em dolo direto. A segunda teoria diz que há crime doloso quando o agente assumiu o risco de produzir o resultado. Trata-se da teoria do consentimento. Nesse último caso, fala-se em dolo eventual.
O dolo direto também pode aparecer na prova como dolo determinado, dolo imediato ou dolo incondicionado. É preciso estar atento aos sinônimos, comumente usados pelo examinador para confundir os candidatos.
Outra classificação doutrinária divide o dolo entre dolo antecedente, dolo concomitante e dolo subsequente. O dolo antecedente é aquele que antecede a conduta. O dolo concomitante é aquele que existe no momento da conduta. Por fim, o dolo subsequente é aquele posterior à conduta. Ao direito penal, no entanto, só interessa, de fato, o dolo presente no momento da conduta.
ATENÇÃO:
DOLO ≠ CULPA
No dolo a vontade é dirigida à realização de um resultado ilícito.
Na culpa a vontade é dirigida à realização de um resultado lícito, diverso daquele que efetivamente se produz.
A culpa pode se dar mediante três diferentes formas de violação do cuidado objetivo. São elas: imprudência, negligência e imperícia.
A imprudência está ligada à ideia de precipitação. O sujeito age de forma afoita.
A negligência, por outro lado, está associada à ausência de precaução, ou seja, o sujeito não toma as medidas necessárias para evitar a ocorrência do dano.
A imperícia, por sua vez, se caracteriza pela falta de aptidão técnica. O exemplo mais comum é quando um médico cirurgião causa dano ao seu paciente por não possuir a habilidade técnica necessária para desempenhar a cirurgia.
Há culpa consciente quando o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evita-lo. 
Fala-se em culpa inconsciente quando o agente não prevê o resultado que, entretanto, era previsível por qualquer homem médio.
A culpa imprópria ou culpa por equiparação é aquela em que o agente, por erro evitável, imagina uma certa situação de fato que, se estivesse presente, excluiria a ilicitude. Nesse caso, o agente provoca de modo intencional o resultado típico, mas responde apenas por culpa, por razões de política criminal. 
Nesse sentido é o artigo 20 do Código Penal:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
O Supremo Tribunal Federal possui o entendimento de que a embriaguez ao volante com resultado morte deve ser interpretada como homicídio culposo na modalidade culpa consciente.
O artigo 19 do Código Penal prevê o crime preterdoloso:
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
O crime preterdoloso é o crime doloso agravado ou qualificado pela culpa. 
A primeira característica que se exige de uma conduta humana a fim de que ela possa ser considerada um delito é a tipicidade. Conforme ensinam Eugenio Raul Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, tipos são elementos da lei penal que servem para individualizar a conduta que se proíbe com relevância penal. A conduta típica é aquela que se amolda a um tipo, ou seja, é típica a conduta que está descrita em um tipo penal. [7: Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral/ Eugenio Raul Zaffaroni, Jose Henrique Pierangelli, -- 11. Ed. rev. e atual.. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.]
A segunda característica indispensável para que uma conduta seja considerada como um delito é a antijuridicidade. Para que a conduta se configure como um delito, é preciso que se trate de um mal injusto, isto é, que ela não esteja amparada por uma proteção ou permissão legal. No artigo 23, por exemplo, o Código Penal prevê três hipóteses em que a conduta não será considerada antijurídica. São elas: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito.
A culpabilidade, por fim, expressa a exigência de que a conduta seja também reprovável, além de típica e antijurídica, para se configurar como um delito. A reprovabilidade envolve a imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa, a potencial consciência da ilicitude e a necessidade da pena.
Vale ressaltar que existe uma corrente doutrinária que defende o conceito bipartido de crime, segundo o qual seriam elementos apenas o fato típico e a ilicitude (antijuridicidade).
A infração penal é gênero que tem como espécieso crime e a contravenção penal. Por adotar essa tese, o Brasil se diz adepto do sistema dualista ou binário. Na doutrina, a contravenção penal é também comumente chamada de “crime anão”, “crime vagabundo” e delito liliputiano.
Segundo o conceito formal, infração penal é aquilo que assim está rotulado em uma norma penal incriminadora, sob ameaça de pena. Por outro lado, segundo o conceito material, infração penal é o comportamento humano causador de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal. 
O conceito analítico leva em consideração os elementos estruturais que compõem a infração penal, quais sejam, fato típico, ilícito e culpável.
A distinção que existe entre crime e contravenção não é de natureza ontológica, mas de natureza deontológica, isto é, está ligada ao valor. Os fatos mais graves devem ser rotulados como crimes, enquanto os menos graves serão rotulados como contravenções penais. Trata-se de uma opção política do legislador.
Mas quais são, afinal, as diferenças existentes entre contravenção e crime?
Quanto à pena privativa de liberdade imposta: Aos crimes serão aplicadas penas de reclusão ou de detenção. Às contravenções penais será aplicada sempre a pena de prisão simples, a qual se caracteriza por ser menos rigorosa.
Quanto à espécie de ação penal: Os crimes poderão ser processados e julgados mediante ação penal pública condicionada ou incondicionada ou por ação penal de iniciativa privada. As contravenções, por outro lado, só se processam mediante ação penal pública incondicionada. A única exceção é a hipótese de queixa subsidiária, por se tratar de garantia constitucional.
Quanto à admissibilidade da tentativa: Em relação aos crimes, a tentativa é, em regra, punível. Nos casos de contravenção, porém, a tentativa não é punível.
Quanto à extraterritorialidade da lei penal brasileira: Os crimes admitem a extraterritorialidade da lei penal, enquanto as contravenções não a admitem.
Quanto à competência para processo e julgamento: Em se tratando de crime, o julgamento pode ser feito pela Justiça Estadual ou pela Justiça Federal. As contravenções penais, por outro lado, só podem ser processadas e julgadas pela Justiça Estadual. A única possibilidade em que se admite o processamento de contravenção pela Justiça Federal se dá quando o contraventor for detentor de foro por prerrogativa de função em Tribunal Federal.
Quanto ao limite das penas: Para os crimes, as penas terão duração máxima de 30 anos, conforme estabelece o artigo 75 do Código Penal. Para as contravenções penais, a pena fica limitada a 5 anos.
5.1 - SUJEITO ATIVO
Sujeito ativo do crime é a pessoa que pratica a infração penal. Qualquer pessoa física e com 18 anos completos pode ser sujeito ativo de crime.
O artigo 225, § 3º da Constituição Federal permite que pessoas jurídicas figurem como sujeito ativo de crimes.
O Supremo Tribunal Federal possui o entendimento de que a responsabilidade penal da pessoa jurídica independe da responsabilidade penal de uma pessoa física, ou seja, o STF não exige a ocorrência de dupla imputação.
Sobre a possibilidade de responsabilidade penal da pessoa jurídica de direito público, embora existam divergências doutrinárias, prevalece o entendimento de que é inviável a responsabilização penal da pessoa jurídica de direito público, porque ela age em favor da coletividade e admitir a sua responsabilização seria como admitir que o Estado punisse a si mesmo.
	
5.2 - SUJEITO PASSIVO
O sujeito passivo é a pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. Qualquer pessoa física ou jurídica e até mesmo um ente indeterminado pode figurar como sujeito passivo de infração penal.
	O sujeito passivo constante também pode ser chamado em provas de concursos públicos de sujeito passivo mediato, formal ou genérico. Já o sujeito passivo eventual pode aparecer como sujeito passivo imediato, sujeito passivo material, particular ou acidental.
É possível que o Estado figure também como sujeito passivo eventual, como ocorre nos crimes contra a Administração Pública, por exemplo.
Crimes de dupla subjetividade são aqueles que possuem, obrigatoriamente, pluralidade passiva ou pluralidade de vítimas. Um exemplo desse tipo de crime está no artigo 151 do Código Penal que prevê o crime de violação de correspondência no qual o destinatário e o remetente são vítimas.
O morto, por não ser titular de direitos, não pode ser vítima de crime. 
Do mesmo modo, os animais não podem ser vítimas, embora possam figurar como objeto material do delito. A vítima, normalmente, nos crimes que envolvem animais, é o proprietário do animal ou a coletividade.
5.3 - OBJETO DO CRIME
Objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. 
É importante ressaltar, porém, que não são todas as infrações penais que possuem um objeto material. Existem crimes que se denominam crimes de mera conduta e que não possuem objeto material, como é o caso da omissão de socorro.
Segundo Flávio Monteiro de Barros, os crimes formais podem ou não ter objeto material.
A ausência ou a impropriedade do crime material faz surgir a figura do crime impossível, prevista no artigo 17 do Código Penal:
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
	Atenção: Embora seja possível a existência de crimes sem objeto material, não se admite a existência de crime sem objeto jurídico. O objeto jurídico revela o interesse tutelado pela norma e o Direito Penal tem a missão imediata de tutelar bens jurídicos indispensáveis à boa convivência entre os homens.
PARA PRATICAR – QUESTÕES SOBRE O TEMA
(CONSULPLAN/2017/TRF 2a REGIÃO/ Cargo: Técnico Judiciário – Segurança e transporte) O sonambulismo exclui o seguinte elemento do crime:
Fato típico
Punibilidade
Culpabilidade
Antijuridicidade
(UFTM/2016/TJ-MT/ Cargo: Técnico judiciário) Segundo o Decreto Lei 2.848 de 7 de dezembro de 1940, Código Penal, começa a imputabilidade penal aos:
Dezesseis anos
Dezoito anos
Quatorze anos
Doze anos
(CESPE/2015/ TJ-DFT/ Cargo: Técnico Judiciário – Área administrativa) Acerca da imputabilidade penal, julgue o item a seguir.
A embriaguez completa, culposa por imprudência ou negligência — aquela que resulta na perda da capacidade do agente de entender o caráter ilícito de sua conduta —, no momento da prática delituosa, não afasta a culpabilidade.
(CESPE/2015/TJ-DFT/Cargo: Técnico Judiciário – Área administrativa) Acerca da imputabilidade penal, julgue o item a seguir.
A doença mental e o desenvolvimento mental incompleto ou retardado, por si só, afastam por completo a responsabilidade penal do agente.
5) (FCC/2015/TRT 9ª REGIÃO/ Cargo: Técnico Judiciário – Área administrativa – Segurança) São causas de inimputabilidade previstas no Código Penal, além de doença mental e desenvolvimento mental incompleto ou retardado:
a) emoção e paixão; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior; idade inferior a 18 anos.
b) idade inferior a 16 anos; embriaguez voluntária; coação irresistível.
c) idade inferior a 18 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior.
d) idade inferior a 21 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força maior; legítima defesa.
e) emoção e paixão; idade inferior a 18 anos; embriaguez preordenada.
6) (IPAD/2014/Prefeitura de Recife-PE/ Cargo: Agente de segurança municipal – guarda municipal) A respeito da tentativa, e correto afirmar que Beltrano que efetuou disparos de arma de fogo contra Ciclano, sem contudo atingi-lo, incorre:
a) No crime de homicídio consumado, visto que a intenção de Beltrano era ceifar a vida de Ciclano
b) Ameaça, visto que os disparos de arma de fogo não atingiram Ciclano.
c) No crime de disparo de arma de fogo em via pública.
d) A conduta e atipica, visto que Ciclano não foi atingido.
e) Em tentativa de homicídio.
7) (VUNESP/2014/PC-SP/Cargo:Atendente de necrotério policial) Aquele que antes de praticar o fato até hipotetiza que ele pode ocorrer, mas acredita, sinceramente, que o resultado não se verificará e, portanto, não admite previamente a possibilidade de o resultado advir, comete crime:
a) premeditado
b) doloso
c) tentado
d) intencional
e) culposo
	
8) (CESPE/2014/TJ-SE/Cargo: Técnico judiciário – Área judiciária) A respeito do princípio da legalidade, da relação de causalidade, dos crimes consumados e tentados e da imputabilidade penal, julgue os itens seguintes.
Considere que Alfredo, logo depois de ter ingerido veneno com a intenção de suicidar-se, tenha sido alvejado por disparos de arma de fogo desferidos por Paulo, que desejava matá-lo. Considere, ainda, que Alfredo tenha morrido em razão da ingestão do veneno. Nessa situação, o resultado morte não pode ser imputado a Paulo.
9) (VUNESP/2014/PC-SP/Cargo:Investigador de polícia) Nos termos do Código Penal, “entende-se em _____. ______ quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”.
Assinale a alternativa que completa corretamente a afirmação.
a) estado de necessidade
b) estrito cumprimento do dever legal
c) legítima defesa
d) exercício regular de direito
e) coação irresistível
10) (CESPE/2014/Câmara dos Deputados/Cargo: Técnico Legislativo) Com relação ao disposto na parte geral do Código Penal, ao inquérito policial, à prisão em flagrante e à prisão preventiva, julgue os itens a seguir. 
Haverá isenção de pena se o agente praticar o fato em estrito cumprimento de dever legal.
11) (CESPE/2014/Câmara dos Deputados/Cargo: Técnico Legislativo) Com relação ao disposto na parte geral do Código Penal, ao inquérito policial, à prisão em flagrante e à prisão preventiva, julgue os itens a seguir. 
Denomina-se arrependimento eficaz a reparação do dano ou a restituição voluntária da coisa antes do recebimento da denúncia, o que possibilita a redução da pena, em se tratando de crimes contra o patrimônio.
12) (CESPE/2014/TJ-SE/Cargo: Técnico judiciário – Área judiciária) A respeito do princípio da legalidade, da relação de causalidade, dos crimes consumados e tentados e da imputabilidade penal, julgue os itens seguintes.
É isento de pena o agente que, por embriaguez voluntária completa, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.
É isento de pena o agente que, por embriaguez voluntária completa, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.
13) (IESES/2014/APSFS/ Cargo: Agente de guarda portuária) É o crime que acontece quando o agente quer o resultado ou assumi o risco de produzi-lo:
a) culposo
b) doloso
c) permanente
d) hediondo
14) (FCC/2013/TRT -15ª região/Cargo: Técnico judiciário – Segurança) A “capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento” e “a contradição entre uma conduta e o ordenamento jurídico” são, respectivamente, conceitos da
a) imputabilidade e da tipicidade.
b) culpabilidade e da tipicidade.
c) imputabilidade e da ilicitude.
d) culpabilidade e da ilicitude.
e) culpabilidade e da imputabilidade.
15) (FEPESE/2013/SJC-SC/Cargo: Agente penitenciário) Assinale a alternativa correta em relação à legítima defesa.
a) exige o uso moderado dos meios.
b) Não admite seu uso para defesa de direito de terceiros.
c) Pode ser usado como forma de repulsa a ato sofrido no passado.
d) Pode ser utilizada contra servidor público no exercício legal da função.
e) Eventual excesso na sua utilização não poderá ser reprovado.
16) (CESPE/2013/PC-DF/Cargo: Escrivão de polícia) Julgue os itens seguintes, relativos à teoria da norma penal, sua aplicação temporal e espacial, ao conflito aparente de normas e à pena cumprida no estrangeiro. Na definição de lugar do crime, para os efeitos de aplicação da lei penal brasileira, a expressão “onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado” diz respeito, respectivamente, à consumação e à tentativa.
GABARITO: 1-A; 2-B; 3-CERTO; 4-ERRADO; 5- CERTO; 6-E; 7-E; 8-CERTO; 9-D; 10-ERRADO; 12 –ERRADO; 13-B; 14-C; 15-A; 16-CERTO.
6 - CONCURSO DE PESSOAS
Os crimes podem ser cometidos por uma única pessoa ou por várias pessoas em conjunto ou sem que haja entre elas prévio ajuste. Para regular as relações entre as pessoas que praticam o crime, o Código Penal traz algumas regras.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
	O concurso de pessoas é o cometimento de uma mesma infração penal por dois ou mais indivíduos. 
Sobre o tema, Eugenio Raul Zaffaroni e José Henrique Pierangeli ensinam que “os conceitos de autor, cúmplice e instigador não são conceitos criados pelo direito penal, e sim tomados da vida cotidiana, da realidade, do ôntico. Numa conduta de escrever um livro o conceito de autor não se distingue, fundamentalmente, do conceito de autor na conduta de escrever uma carta injuriosa. Chamamos cúmplice ao que coopera com o autor, ao que lhe presta ajuda, e o conceito de cúmplice no direito penal não é distinto do que usamos quando nos referimos aos colaboradores em um prólogo e lhes agradecemos a ajuda. Tampouco aquele que nos incentiva com o conselho oportuno, ou com o oferecimento de dinheiro, para o empreendimento de uma obra, como conceito, se distingue do que nos incentiva a cometer um [8: Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral/ Eugenio Raul Zaffaroni, Jose Henrique Pierangelli, -- 11. Ed. rev. e atual.. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.]
delito. Aqueles que nos ajudam e os que dirigem nossa vontade a uma empresa qualquer são designados de cúmplice e de instigador, respectivamente, quando se trata de uma empresa criminosa”.
Uma classificação importante para entender o concurso de pessoas é a que distingue os crimes entre monossubjetivos e plurissubjetivos.
Crimes monossubjetivos: São aqueles que podem ser praticados por apenas uma pessoa
Crimes plurissubjetivos: São aqueles em que o próprio tipo penal exige a pluralidade de agentes.
	O Código Penal Brasileiro adota a teoria restritiva em relação ao conceito de autor. Segundo tal teoria, há distinção entre as figuras de autor e partícipe. Autor seria aquele que realiza todos ou alguns elementos do tipo penal, enquanto o partícipe seria aquele sujeito que contribui para a realização do tipo penal sem efetivamente realizar quaisquer dos elementos do tipo.
	As pessoas que concorrem para um crime podem ser chamadas de autor, coautor ou partícipe, conforme o modo pelo qual concorram.
	É importante observar que em algumas situações, embora existam mais de dois sujeitos, não se fala em concurso de pessoas. Na autoria imediata, embora haja pluralidade de sujeitos, o entendimento dominante é de que não há concurso de pessoas, uma vez que o executor do crime figura como instrumento para praticar o desejo de outra pessoa. 
	A autoria colateral ocorre quando duas ou mais pessoas, ainda que sem conhecer a conduta uma da outra, praticam condutas tendo em vista a obtenção de um mesmo resultado. Tal resultado, porém, ocorreem função do comportamento de apenas uma delas. Aqui também não se fala em concurso de pessoas e cada indivíduo responderá pela conduta que houver praticado.
	Há autoria incerta quando em um cenário de autoria colateral não se souber qual dos agentes que praticaram condutas visando o mesmo resultado efetivamente deu causa a ele. A solução é encontrada pela aplicação do princípio do in dubio pro reo. 
	Passemos então à participação. Ela consiste em contribuir para a conduta criminosa do autor ou do coautor, mediante a prática de atos que não configuram diretamente a conduta prevista no tipo penal. O partícipe não possui o domínio final do fato, ele não realiza a conduta típica, apenas concorre mediante induzimento, auxílio ou instigação.
	O induzimento consiste em agir sobre a vontade do autor de modo a fazer surgir o propósito de cometer um delito.
	A instigação consiste em reforçar uma ideia que já está presente na mente do autor ou do coautor. Aquele que instiga não faz surgir a vontade do autor, pois, nesse caso, ela é preexistente. Quem instiga reforça a vontade ou estimula uma ideia criminosa que já foi criada pelo autor.
	O auxílio, por outro lado, está ligado à ideia de participação material na realização do crime.
	É importante saber que a participação ocorre antes da consumação do crime. A contribuição que é prestada após a consumação de um crime não configura participação, mas pode, na verdade, configurar outros crimes previstos no Código Penal.
	O Superior Tribunal de Justiça possui o entendimento, exarado no HC 39.732/RJ com julgamento em 26/06/2007, de que há uma hipótese excepcional em que se admite a participação ou coautoria após a consumação do crime, qual seja, quando existe prévio ajuste entre os sujeitos.
	O Código Penal prevê que, nos casos em que a participação for de menor importância, a pena poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3. 
	O concurso de pessoas também pode aparecer nas provas com o nome concurso de agentes. Existem alguns requisitos para que ele se configure e o candidato em provas de concurso públicas deve ter esses requisitos na ponta de língua.
	Veja quais são eles:REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS:
Pluralidade de condutas
Liame subjetivo entre os agentes
Relevância causal e jurídica de cada uma das ações
É preciso, portanto, que existam duas ou mais pessoas realizando a conduta descrita em um tipo penal ou de algum modo concorrendo para que alguém realize tal conduta. É preciso ainda que todos os sujeitos estejam dispostos a colaborar para o mesmo crime. Por fim, é preciso que exista uma relação de causa e efeito entre cada conduta e o resultado. 
PARA PRATICAR – QUESTÕES SOBRE O TEMA
1) (IBADE/2017/PC-AC/Cargo: Agente de Polícia Civil) São elementos caracterizadores do concurso de pessoas (coautoria e participação em sentido estrito), entre outros:
acordo de vontades entre os agentes e relevância causal das condutas.
pluralidade de agentes e acordo de vontades entre os agentes.
liame subjetivo e pluralidade de infrações penais.
pluralidade de agentes e pluralidade de infrações penais.
liame subjetivo e relevância causal das condutas.
2) (CESPE/2014/Câmara dos Deputados/Cargo: Técnico Legislativo) Paulo e João foram surpreendidos nas dependências da Câmara dos Deputados quando subtraíam carteiras e celulares dos casacos e bolsas de pessoas que ali transitavam. Paulo tem dezessete anos e teve acesso ao local por intermédio de João, que é servidor da Casa.
Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
O fato de Paulo ser inimputável impede que se reconheça o concurso de pessoas no caso narrado.
3) (CESPE/2013/PC-DF/Cargo: Escrivão de Polícia) Acerca do direito penal, julgue os itens subsecutivos. 
É possível, do ponto de vista jurídico-penal, participação por omissão em crime comissivo.
4) (CESPE/2013/PC-BA/Cargo: Investigador de polícia) Acerca do concurso de crimes, do concurso de pessoas e das causas de exclusão da ilicitude, julgue o item que se segue.
No concurso de pessoas, a caracterização da coautoria fica condicionada, entre outros requisitos, ao prévio ajuste entre os agentes e à necessidade da prática de idêntico ato executivo e crime.
5) (UEG/2013/PC-GO/Cargo: Escrivão de Polícia Civil) Para que ocorra o concurso de pessoas, são indispensáveis:
a) autoria
b) pluralidade de condutas, relevância causal de cada uma das ações
c) participação e coautoria
d) coautoria e autoria
6) (FUNCAB/2016/PC-PA/Cargo: Escrivão de Polícia Civil) Sobre a participação em sentido estrito, é correto afirmar que:
a) adota-se, no Brasil, a teoria da acessoriedade máxima.
b) o auxílio material é ato de participação em sentido estrito, ao passo em que a instigação é conduta de autor.
c) assume a condição de participe aquele que executa o crime, salvo quando adotada a teoria subjetiva.
d) não há participação culposa em crime doloso.
e) na teoria do domínio do fato, partícipe é a figura central do acontecer típico.
7) (IBEG/2016/Prefeitura de Teixeira de Freitas/BA/Cargo: Procurador Municipal) A co-autoria é impossível nos crimes:
a) comissivos
b) omissivos
c) próprios
d) de mão própria
e) culposos
8) (CESPE/2015/TCE-RN/Cargo: Inspetor) Acerca do concurso de pessoas e dos princípios de direito penal, julgue o item seguinte.
No concurso de pessoas, o auxílio prestado ao agente, quando não iniciada a execução do crime, é passível de punição.
9) (CESPE/2015/TJ-PB/Juiz Substituto) Assinale a opção correta no que se refere ao concurso de pessoas.
a) Inexiste previsão legal referente ao desvio subjetivo de conduta.
b) Segundo a teoria da acessoriedade mínima, uma ação justificada para o autor não constitui crime para o partícipe.
c) Será considerado cúmplice aquele que incutir na mente do autor principal o propósito criminoso.
Parte superior do formulário
d) A coautoria pressupõe acordo prévio, o que a doutrina denomina de pactum sceleris.
e) O crime omissivo admite a participação por meio de comissão.
10) (DPE-PE/2015/DPE-PE/Cargo: Estagiário de Direito) Partícipe de um crime é o sujeito que 
a) pratica a conduta descrita no tipo penal, juntamente com seu comparsa.
b) executa o comportamento que a lei define como crime.
c) auxilia autor de crime a subtrair-se à ação de autoridade pública.
d) induz, instiga ou auxilia na prática do crime, embora não pratique conduta típica.
e) pratica a conduta descrita no tipo penal em legítima defesa
GABARITO: 1-E; 2-CERTO; 3-CERTO; 4-ERRADO; 5-B; 6-D; 7-D; 8-ERRADO; 9-E; 10-D.
7 - PENAS
A pena é uma espécie do gênero sanção penal. A outra espécie do gênero são as medidas de segurança.
As penas estão reguladas pelo título V do Código Penal Brasileiro. 
São espécies de pena: 
Penas privativas de liberdade;
Penas restritivas de direitos;
Penas de multa.
A lei poderá determinar que a pena privativa de liberdade seja aplicada de forma isolada ou conjuntamente com outra espécie de pena prevista no ordenamento. A cominação pode conjugar a pena privativa de liberdade com a pena de multa, como ocorre, por exemplo, em relação ao crime de furto.
As penas possuem algumas finalidades. Para explicar a finalidade da pena, existem duas teorias mais renomadas. A primeira delas é a teoria absoluta, segundo a qual a pena funcionaria como uma forma de retribuir o réu pelo crime cometido. Já para a teoria relativa, a pena funcionaria como um meio para prevenir a ocorrência de novos crimes. Sendo assim, para a teoria absoluta, a pena tem finalidade retributiva, enquanto que, para a teoria relativa, a pena tem finalidade preventiva.
Existe ainda uma teoria mista, também chamada de teoria unitária ou eclética. Essa teoria, adotada pelo Código Penal Brasileiro, defende que a pena tem, simultaneamente, finalidade preventiva e retributiva.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime,bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
A Constituição Federal veda a aplicação de pena de morte em tempo de paz, ressalvando a possibilidade da aplicação da pena de morte apenas no caso de guerra declarada. Além disso, são vedadas as penas cruéis, de banimento, de trabalho forçado e de caráter perpétuo, tudo conforme estabelece o artigo 5º, XLVII.
No direito penal brasileiro, existem alguns princípios que regem a aplicação da pena. Vale a pena ter esses princípios em mente ao estudar para provas de concurso público. 
O primeiro deles é o princípio da anterioridade, segundo o qual ninguém poderá ser punido por fatos praticados antes da vigência da lei penal. 
Há ainda o princípio da individualização da pena, o qual prevê que existem três momentos para individualização da pena, quais sejam: o momento em que se fixa a pena abstrata, o momento em que se aplica a pena de acordo com as circunstâncias do caso concreto, levando em considerando características do agente e da vítima e o terceiro é o momento da execução da pena.
O princípio da humanidade veda a aplicação de penas infamantes, que exponham o réu ao ridículo ou que ofendam a sua dignidade.
O princípio da suficiência da pena é aquele segundo o qual a pena deve ser aplicada de tal forma que seja suficiente e necessária para a reprovação do crime, bem como para a sua prevenção.
No direito penal existe um instituto denominado detração penal. É a possibilidade de o indivíduo condenado à pena privativa de liberdade ou à medida de segurança descontar do tempo de pena aquele tempo ao qual foi submetido à prisão provisória, prisão administrativa ou internação. Para os fins da detração penal é indiferente que a prisão provisória, a prisão administrativa ou a internação tenham ocorrido dentro ou fora do território brasileiro.
Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. 
	A lei autoriza que se compute como detração também o tempo que o preso remiu pelo trabalho. O indivíduo irá remir um dia de pena por cada três dias de trabalho.
Em relação à duração da pena, o Código Penal Brasileiro estabeleceu uma limitação no artigo 75.
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos.
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.
	A limitação prevista nesse artigo existe para evitar a aplicação de uma pena perpétua a partir da soma das penas de diversas condutas criminosas.
7.1 - PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
A execução das penas privativas de liberdade se rege por princípios previstos no Código Penal, mas também por regras concretas estabelecidas na Lei de Execução Penal (7.210/1984). 
São três os regimes de execução das penas privativas de liberdade previstos no Código Penal.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
	Conforme prevê o dispositivo legal, a pena de reclusão poderá ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto, enquanto a pena de detenção, menos gravosa, poderá ser cumprida em regime semi-aberto ou aberto.
	A detenção poderá ser cumprida em regime fechado se o detento tem um mau comportamento, regressando no regime progressivo de tal modo que se torne necessária essa transferência.
	A pena no regime fechado será cumprida em estabelecimentos de segurança máxima ou média.
	O juiz, para fixar o regime inicial de cumprimento da pena, observará os critérios de quantidade e espécie de pena, reincidência e análise das circunstanciais judiciais.
	Os doutrinadores Eugenio Raul Zaffaroni e José Henrique Pierangeli ensinam que a possibilidade de substituição de uma privativa de liberdade por uma restritiva de direitos é limitada, e só pode ser realizada em duas hipóteses: a) quando, nos crimes dolosos, a pena aplicada não supere os quatro anos e não tenha o agente empregado violência física ou moral; b) quando se tratar de crime culposo, qualquer que seja a pena aplicada.[9: Manual de Direito Penal Brasileiro: parte geral/ Eugenio Raul Zaffaroni, Jose Henrique Pierangelli, -- 11. Ed. rev. e atual.. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.]
	A pena no regime aberto será cumprida em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
	Por fim, a pena em regime aberto será cumprida em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
	Existem algumas súmulas dos Tribunais Superiores que tratam sobre as penas privativas de liberdade e que merecem especial atenção do candidato em provas de concursos públicos:SÚMULA 718 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.”
SÚMULA 440 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.
SÚMULA 269 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.”
SÚMULA 719 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: “A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.”
Ainda em relação ao regime inicial de cumprimento da pena, é importante advertir que, a despeito do que prevê o Código Penal Brasileiro, a Lei 11.464/2007 que regula os crimes hediondos e equiparados traz previsão diversa. Em verdade, antes da referida lei, o regime inicial para os crimes hediondos poderia ser diverso do fechado. Desde a entrada em vigor da referida lei, o regime inicial

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