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Elementos do Direito Penal e Processual

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ELEMENTOS DO DIREITO PENAL E 
PROCESSUAL 
APRESENTAÇÃO 
Prof. Ma. Raiza Eloa Brambilla Catanio 
● Mestre em Ciências Jurídicas pela UniCesumar (Universidade 
Cesumar); 
● Bacharel em Direito (UniCesumar); 
● Especialista em Docência no Ensino Superior (Uniasselvi); 
● Pós-graduanda em Ciências Penais (UEM); 
● Assessora de Magistrado no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná 
(TJPR). 
#CURRÍCULO LATTES# 
 
Link: http://lattes.cnpq.br/6265742338541943. 
 
 
 
 
Olá, aluno (a)! Tudo bem? 
Seja muito bem- vindo (a)! 
Nesta Unidade do Curso, estudaremos juntos, os Elementos do Direito 
Penal e Processual e, antes de qualquer conteúdo, quero me apresentar a vocês, 
explicando um pouquinho da minha trajetória profissional. 
Sou a profa. Raiza, graduada em Direito, Mestra em Ciências Jurídicas, 
Especialista em Docência no Ensino Superior e pós-graduanda em Ciências 
Penais. No ano de 2016, ainda durante a graduação, fui contratada como 
estagiária voluntária junto àa Secretaria da 7ª Vara Cível de Maringá, local onde 
atuei com analistas e técnicos por quase um ano, aprendendo sobre as funções, 
andamentos de processos e atendimento ao público. 
No ano seguinte, em 2017, fui aprovada em processo seletivo para vaga 
de estágio remunerado junto ao Gabinete da 4ª Vara Criminal de Maringá, onde 
permaneci até concluir minha graduação, em 2018, aprendendo sobre as 
atividades do magistrado, bem como as atividades de assessoramento. 
Em 2019, após a terminar a graduação, já estava aprovada como Bolsista 
CAPES no programa de Mestrado da UniCesumar, em Ciências Jurídicas, 
mesmo ano em que fui convidada pelo Magistrado Titular do Gabinete da 4ª Vara 
Criminal, para desempenhar a função de sua assessora de gabinete. 
Desde então, ocupo esse cargo e atuo como servidora comissionada no 
Tribunal de Justiça do Paraná, razão pela qual, tenho muito conteúdo e 
conhecimento a oferecer. Espero que nossa jornada aqui seja de muito sucesso. 
E, prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta 
disciplina, esse já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a 
partir de agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre 
a disciplina do Elementos do Direito Penal e Processual, abordando conceitos 
fundamentais sobre as temáticas. Além de conhecer seus principais conceitos e 
definições, vamos explorar os vários assuntos que compõem esta área do 
Direito, bem como seus requisitos, deveres, garantias e legislações pertinentes. 
Na unidade I, começaremos a nossa jornada a partir de uma breve 
conceituação geral sobre o que é o Direito e Processo Penal, seus conteúdos, 
evolução e formas, conceituando-a e contextualizando. Ao estudarmos a norma 
penal, discutiremos seus conceitos, princípios e fontes. 
Já na unidade II, vamos ampliar nossos conhecimentos e passaremos a 
compreender as Teorias da Pena e do Delito, conceituando-as e 
contextualizando-as. Na sequência, estudaremos sobre o concurso de pessoas 
e de crimes e suas particularidades. 
A III unidade, é destinada ao estudo do Direito Processual Penal, que é a 
parte que instrumentaliza o direito penal material dentro do processo jurídico. É 
uma matéria ampla, extensa e com muitas nuances e relevância, na medida que 
a área penal infere diretamente na liberdade do indivíduo e, por assim ser, deve 
estar permeada de cuidados e garantias que não permitam qualquer ilegalidade 
ou excesso no exercício da jurisdição. 
E, por fim, na última unidade, trataremos especificamente sobre o 
Inquérito Policial, que nada mais é que um procedimento preparatório da ação 
penal, que possui administrativo, é conduzido pela polícia judiciária e se volta 
para a colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal 
(materialidade e autoria). Finalizaremos ndo esta unidade com o estudo da ação 
penal, diferenciando a ação penal pública incondicionada, da ação pública 
condicionada e da ação privada. 
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer 
esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos 
assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu 
crescimento pessoal e profissional. 
 
Muito obrigada e bom estudo! 
 
 
Muito obrigado e bom estudo! 
 
 
UNIDADE I 
DAS ILAÇÕES INICIAIS SOBRE DIREITO PENAL 
Prof. Ma. Raiza Eloa Brambilla Catanio1 
 
 
Plano de Estudo: 
 
● Dos Conceitos Iniciais Fundamentais; 
● Dos Princípios Constitucionais do Direito Penal; 
● Das Fontes do Direito Penal; 
● Da Interpretação e Integração das Leis Penais. 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
 
Prezado (a) aluno (a), esta primeira Unidade acerca do estudo do Direito Penal e 
Processual Penal será dividida nos 04 tópicos, sendo eles: 
 
● Dos conceitos iniciais fundamentais; 
● Dos princípios constitucionais do direito penal; 
● Das fontes do direito penal; 
● Da interpretação e integração das leis penais. 
 
Neste material, abordaremos o conteúdo introdutório desta disciplina, iniciando 
com o estudo dos conceitos e princípios que norteiam as Garantias Penais; já na 
sequência, serão desenvolvidas explicações sobre as fontes penais e a Interpretação e 
Integração das Leis Penais, assuntos estes que são de extrema relevância e 
imprescindibilidade. 
 
1 Mestra em Ciências Jurídicas pela Universidade Cesumar – UniCesumar, Especialista em Docência no 
Ensino Superior – Uniasselvi, Pós-graduanda em Ciências Penais – UEM. Assessora Jurídica no Tribunal 
de Justiça do Estado do Paraná – TJPR. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6265742338541943. E-mail: 
raizaeloa@hotmail.com. 
 
Desta forma, por meio da compreensão desta disciplina, serão expostos 
relevantes conceitos sobre o tema e, por consequência, a importância do Direito Penal 
e Processual Penal para o ordenamento jurídico brasileiro, na medida em confere maior 
segurança aos cidadãos, sempre respeitando a dignidade da pessoa humana e os 
direitos fundamentais constitucionais. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caro (a) aluno (a), nesta Primeira Unidade, sobre o Direito e Processo Penal 
interpretaremos est a disciplina, seu conteúdo, evolução e formas, conceituando-a e 
contextualizando-a. Ao estudarmos a norma penal, discutiremos seus conceitos, 
princípios e fontes e, desta forma, por meio do ensino, estabelecer a importância 
dessa área para o sistema judiciário, legislativo e executivo brasileiro, assim como 
contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. 
Então, vamos lá! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 DOS CONCEITOS INICIAIS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
Fonte: 1703880322 
 
Conceito de Direito Penal 
 
Por Direito Penal, entende-se como o ramo do ordenamento jurídico que define 
crimes, comina penas e prevê medidas de segurança aplicáveis aos autores das 
condutas incriminadas. Também pode ser visualizado sob a ótica protetiva, ou seja, 
como instrumento de garantia dos indivíduos contra a arbitrariedade do Estado. 
Podemos dizer que o Direito Penal, busca ordenar a boa convivência em 
sociedade e delimita em seu corpo normativo condutas que são consideradas criminosas 
e proibidas, que são penalizadas. 
Asúa, citado por Mirabete (2012) conceitua o Direito Penal como: 
 
Direito Penal é o conjunto de normas e disposições jurídicas que regulam o 
exercício do poder sancionador e preventivo do Estado, estabelecendo o 
conceito de crime como pressuposto da ação estatal, assim como a 
responsabilidade do sujeito ativo, e associado à infração da norma uma pena 
finalista ou uma medida de segurança. (ASÚA apud MIRABETE, 2012, p.23). 
 
 
O Direito Penal é um ramo do Direito público e é chamado do “direito das condutas 
ilícitas” e se divide em Direito Penal Objetivo e Direito Penal Subjetivo, sendo que este é 
a aplicação da punição penal pelo Estado, enquanto que aquele se refere à letrada lei, 
a legislação (JESUS, 1999). 
O Código Penal é nossa principal fonte, ou seja, é dele que emanam os comandos 
necessários para que ocorra a repressão aos crimes. 
O Código Penal é dividido em duas partes: 
a) Parte Geral: Não trata de crimes. Aqui estão previstas as regras de como 
os crimes irão se portar de acordo com a conduta de quem os praticou. Essa parte vai 
do Art. 1º ao Art. 120º. 
b) Parte Especial: Aqui estão previstos os crimes em espécie e as normas 
explicativas, bem como outros institutos que iremos trabalhar. A parte especial está 
prevista no Art. 121 ao Art. 359. 
 
A infração penal é o gênero que comporta duas espécies, ou seja, crime e 
contravenção penal. Em um primeiro plano, devemos ter em mente que a infração penal 
é uma divisão “dicotômica”, ou seja, o gênero só comporta duas espécies. 
No ordenamento jurídico brasileiro, crime é sinônimo de delito. Os crimes estão 
previstos na parte especial do Código Penal (Art. 121 ao Art. 359) e também na legislação 
especial (extravagante). 
As contravenções penais, por sua vez, estão previstas no Código das 
Contravenções Penais. É interessante notar que não podemos confundir as 
contravenções penais com os crimes de pequeno potencial ofensivo, pois estes últimos 
são crimes tratados na Lei especial 9.099/95. 
Alguns autores classificam a contravenção penal como sendo um “crime anão”. 
Lembrando que esta última nada tem a ver com crime, que é uma espécie diferenciada. 
Os crimes e as contravenções penais se diferem em sua essência pela gravidade 
das condutas descritas na lei. Os crimes (delitos) são mais graves devido às suas penas, 
ou seja, as penas aqui determinadas são de reclusão e detenção e, nas contravenções 
penais, as penas são de prisão simples e multa. 
 
Um ponto fundamental é termos em mente que todo crime gera um resultado, que 
pode se comportar de duas formas: 
a) Resultado jurídico: Todos os crimes geram resultados jurídicos, por esse 
motivo os crimes podem ser punidos em sua forma tentada. 
b) Resultado naturalístico: Somente os crimes materiais possuem esse tipo 
de resultado, mas isso veremos em outro tópico. 
 
Para que um indivíduo tenha a real capacidade de cometer uma infração penal, é 
importante entender alguns conceitos básicos: 
a) Deve existir uma conduta humana, ou seja, somente seres humanos 
possuem a capacidade de agredir; seres irracionais (animais) somente atacam. Contudo, 
caso um animal seja utilizado para o fim de atacar por uma pessoa, esta estará 
cometendo um crime. Exemplo: Homem que atiça seu cão contra um inimigo. 
b) O ser humano deve ter consciência do que está fazendo, por esse motivo 
quem comete o fato, estando em sonambulismo ou hipnose, não poderá responder pelo 
fato. 
c) A ação ou omissão deve ser voluntária, por esse motivo, os casos de 
coação física (exclui o crime) e coação moral irresistível (isenta de pena) não são punidos 
pelo ordenamento jurídico penal. 
d) A conduta deve ser propositada ou descuidada. Esses conceitos veremos 
no artigo 18 do Código Penal (CP), que trata especificamente do dolo e da culpa. 
 
É possível afirmar que o Direito Penal possui, ao menos, duas finalidades bem 
definidas, sendo elas: prevenção e retribuição. 
 
a) Finalidade Preventiva: teoria relativa - impedir a prática de novos delitos. E 
se subdivide em geral (ao ser aplicado o Direito Penal, a comunidade observa que a 
prática do ilícito gera a persecução penal com o consequente desincentivo à conduta 
semelhante) e especial (ao ser aplicado o Direito Penal, o agente infrator sofre a pena 
prevista no Direito Penal, servindo, portanto, como desincentivo à repetição da conduta 
reprimida penalmente). 
 
b) Finalidade Retributiva: teoria absoluta - a pena do Direito Penal seria 
apenas um castigo ao agente infrator, ou seja, não há outra finalidade que não seja impor 
sofrimento àquele que praticou uma conduta ilícita. 
 
 Ainda, sendo a doutrina majoritária, o Direito Penal Positivo, é: 
 
a) Finalista: tem como objetivo a proteção de bens jurídicos, eficazmente 
protegidos pela lei penal. 
b) Valorativo: os bens jurídicos devem ser relevantes, sendo que existe uma 
ordem de valores que valora os fatos conforme sua gravidade, ou seja, quanto maior a 
gravidade do fato, maior a pena. Ex: a pena do delito de homicídio é maior que a pena 
do delito de roubo, pois a tutela da vida humana é mais relevante que a tutela do 
patrimônio. 
c) Sancionador: há um reforço quanto à tutela jurídica dos bens regidos pela 
legislação extrapenal. 
 
 Veja os ensinamentos de Magalhães Noronha (1991, p. 5) sobre o assunto: 
 
 O Direito Penal é ciência cultural normativa, valorativa e finalista. Na divisão 
de ciência natural e cultural, pertence ele a esta classe, ou seja, à das ciências 
do dever ser e não o à do ser [...]. É ciência normativa, pois se tem por objeto o 
estudo da norma [...], é também Direito Penal valorativo [no sentido que] o direito 
valoriza suas normas, que se dispõe em escalas hierárquicas [...]. Outro caráter 
seu é ser finalista, [...] tem o direito um escopo que se resume na proteção do 
bem ou interesse jurídico. (grifo do autor) 
 
 
Função do Direito Penal 
 
Para a maioria da doutrina, o Brasil adotou como função do Direito Penal a 
proteção de bens jurídicos, corrente criada e defendida por Claus Roxin (2006, p. 51): 
 
Na Alemanha, a finalidade do direito penal aqui exposta, da qual já derivam na 
maior parte dos casos os seus limites, é caracterizada como "proteção 
subsidiária de bens jurídicos". São chamados bens jurídicos todos os dados que 
são pressupostos de um convívio pacífico entre os homens, fundado na 
liberdade e na igualdade; e subsidiariedade significa a preferência a medidas 
sócio-políticas menos gravosas. De maneira substancialmente análoga diz-se 
também que o direito penal tem a finalidade de impedir danos sociais, que não 
 
podem ser evitados com outros meios, menos gravosos. Proteção de bens 
jurídicos significa, assim, impedir danos sociais. 
 
Bens jurídicos se referem aos valores/interesses do indivíduo que determinada 
sociedade entende como fundamentais e que, por tal razão, devem ser objeto de 
especial proteção do Estado. Ex.: vida, liberdade, honra, imagem etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL 
 
 
Fonte: 243122509 
 
Como dito anteriormente, o Direito Penal é um importante instrumento de 
preservação dos direitos e garantias do indivíduo em face do Estado Punidor. É neste 
contexto que se verifica a relevância dos princípios do Direito Penal, que servem como 
limitadores do poder punitivo estatal. 
Diante da importância do tema, os princípios mais relevantes para o Direito Penal 
e, consequentemente, para os concursos públicos serão comentados a partir de agora. 
Princípio da Legalidade: é a exigência de lei, em sentido estrito, para a criação 
de crimes ou contravenções e cominação de penas. Tal princípio é previsto no Art. 1º do 
Código Penal, que dispõe que não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena 
sem prévia cominação legal”. 
E o que é lei em sentido estrito? Lei em sentido estrito é a espécie normativa que 
atenda, cumulativamente, ao critério material (conteúdo) e critério formal (processo 
legislativo) de lei. 
 
Princípio da Presunção de Inocência: está previsto no art. 5º, LVIII, da CF 
(Constituição Federal) e determina que: “Ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. 
Princípio do Devido Processo Legal: “Ninguém será privado de sua liberdade 
ou de seus bens sem o devido processo legal” (art. 5º, LIV e LV da CF). 
Princípio da Intransmissibilidade da Pena: elencado no art. 5º, XLV, da CF, 
dispõe que: “Nenhuma pena passará da pessoa do condenado”. A pena não passará da 
pessoa do condenado, ou seja, uma vez que o agente infratormorra, as penas à ele 
aplicadas não podem ser estendidas aos seus sucessores. 
Há muita confusão entre os efeitos penais e cíveis da condenação penal. Por 
exemplo, um efeito penal seria o condenado deixar de ser considerado primário 
(reincidência), por outro lado, um efeito cível seria o dever do criminoso de reparar os 
danos causados à vítima. Segundo o princípio da intranscendência da pena, apenas o 
efeito penal se restringe à pessoa do condenado (morre com ele), ao passo que o efeito 
cível pode ser estendido aos sucessores, desde que no limite do valor da herança. 
Princípio da Individualidade da Pena: “As penas devem ser individualizadas, ou 
seja, devem ser aplicadas caso a caso” (art. 5º, XLVI, da CF). A sanção penal deve levar 
em consideração as circunstâncias pessoais do agente. 
Princípio da Intervenção Mínima: a aplicação do Direito Penal só será legítima 
quando a criminalização de um fato se constitui meio indispensável à proteção de 
determinado bem jurídico. Subprincípios: 
Princípio da Subsidiariedade - A atuação do Direito Penal é cabível unicamente 
quando os outros ramos do Direito e os demais meios estatais de controle social tiverem 
se revelado impotentes para o controle da ordem pública. 
Princípio da Fragmentariedade - Nem todos os ilícitos configuram infrações 
penais, mas apenas os que atentam contra valores fundamentais da sociedade. 
Princípio da Ofensividade: não há infração penal quando a conduta não tiver 
oferecido ao menos perigo de lesão ao bem jurídico (MASSON, 2017, p. 53). Trata-se 
de uma classificação que leva em conta a existência de efetiva lesão ao bem jurídico ou 
a exposição deste a uma situação de perigo (concreto ou abstrato). 
 
Crime de Lesão - É aquele cuja consumação somente se produz com a efetiva 
lesão ao bem jurídico. Ex: homicídio (CP, Art. 121). 
Crime de Perigo Abstrato - É aquele cuja consumação ocorre pela prática da 
conduta descrita no tipo penal, independentemente de lesão ao bem jurídico. Ex.: porte 
ilegal de arma de fogo (Lei nº 10.826/03, Art. 14). 
Crime de Perigo Concreto - É aquele cuja consumação exige a efetiva 
comprovação, no caso concreto, da ocorrência da situação de perigo. Ex.: direção 
perigosa (CTB, Art. 311). 
Princípio do Contraditório: “Todas as partes serão consideradas da mesma 
forma no processo, tendo as mesmas possibilidades e oportunidades durante o mesmo” 
(art. 5º, LV, da CF). 
Princípio da Ampla Defesa: “As partes podem utilizar, no processo, todos os 
meios de defesa não proibidos pela lei” (art. 5º, LV, da CF). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 DAS FONTES DO DIREITO PENAL 
 
 
Fonte: 633750290 
 
O Direito Penal possui os seguintes tipos de fontes: 
Fonte Material: fatos sociais (Moral, Economia, Sociologia). Ex: violência 
doméstica. 
Fontes Formais: trata-se da fonte pela qual o direito se manifesta, é a norma 
jurídica propriamente dita. As fontes formais do Direito Penal se subdividem em mediatas 
e imediatas. 
 A Fonte Formal Imediata do Direito Penal é a lei, pois somente a lei pode dizer 
o que é crime e definir sua punição. As Fontes Formais Mediatas são os costumes, os 
princípios gerais do direito, a analogia e a equidade. 
O Direito Penal incriminador admite apenas a lei como fonte (princípio da 
legalidade), o não-incriminador admite todas as outras fontes. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Medidas Provisórias podem tratar sobre Direito Penal? 
A ideia é simples: não se podem criar crimes ou cominar penas (agravar a situação 
do réu) por meio de medida provisória. Contudo, caso a medida provisória, que disciplina 
matéria de Direito Penal, seja benéfica do ponto de vista do réu, nada impede sua 
utilização. Ex.: prorrogação da abolitio criminis temporária para a posse ilegal de arma 
de fogo de uso permitido. Em suma, medida provisória in bonam partem, ou seja, 
benéfica, é permitida. 
 
Fonte: Emenda Constitucional de n. 32. 
 
# SAIBA MAIS # 
 
Analogia 
 
Espécie de integração legislativa, cuja sua finalidade é preencher as lacunas 
legislativas. A lógica a ser aplicada é a mesma em relação à medida provisória, portanto, 
é possível a utilização da analogia em benefício do réu (in bonam partem). 
 
Quadro 1: 
 
In Malam Partem 
É aplicada analogia em desfavor do réu, 
sua aplicação é proibida no Direito Penal 
brasileiro. Ex.: furto de sinal de TV a cabo 
(Art. 155, §3º, do CP) 
 
 
In Bonan Partem 
É aplicada em benefício do réu, sua 
aplicação é admitida no Direito Penal 
brasileiro. Ex.: aborto sentimental (CP, Art. 
128, II) no estupro de vulnerável (CP, Art. 
217-A). 
Fonte: 
Recentemente, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela criminalização da 
homofobia (Info 944) com base no Art. 20 da Lei nº 7.716/89 “Art. 20. Praticar, induzir ou 
 
incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência 
nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa”. 
Da leitura do dispositivo legal, verifica-se que não consta a discriminação em 
relação à orientação sexual. Dessa forma, ao criminalizar a homofobia ao arrepio do 
princípio da taxatividade, o STF decidiu com aplicação da analogia in malam partem. 
Não há dúvidas de que o tema vai ser abordado nos concursos públicos, contudo, 
em uma questão do tipo certo/errado, sugiro que assinalem o entendimento clássico, ou 
seja, a analogia é aplicada apenas em benefício do acusado. Entretanto, caso o 
enunciado seja específico e trate do julgamento acima, a resposta deverá ser aquela de 
acordo com a decisão do STF. 
 
Costumes 
 
Os costumes são fontes informais do Direito Penal, trata-se de condutas 
reiteradas cuja obrigatoriedade é acrescida aos indivíduos. 
É possível a atipicidade com fundamento nos costumes? 
A resposta é NÃO. Se a criação do tipo penal (crime) exige uma lei em sentido 
estrito, da mesma forma, a revogação deverá obedecer ao mesmo meio, tudo isso, em 
respeito ao princípio da simetria. 
Por exemplo, apesar de ser muito comum, até tolerada pelo Poder Público, o 
comércio de DVDs piratas, tal conduta continua a ser típica (criminosa) e, portanto, deve 
sofrer a repressão do Direito Penal. 
Por tal princípio, não é possível a revogação de um tipo penal por meio de costume 
jurídico, ou seja, não é possível alegar a adequação social como circunstância apta a 
não tipificar o crime/contravenção. 
 
Jurisprudência 
 
Refere-se ao conjunto de decisões sobre interpretações de leis, feita pelos 
tribunais de determinada jurisdição e poderá ser observada na falta ou omissão de lei, 
e ser contrária à lei. 
 
 
Equidade 
 
Trata-se da adaptação de regra existente sobre situação concreta que prioriza 
critérios de justiça e igualdade. É a adaptação da lei e da própria justiça a cada caso. 
Tércio Ferraz Sampaio Júnior (2008, p. 185) exemplifica a questão quando 
aborda a questão do furto de energia: 
O furto de energia elétrica que, quando passou a representar um problema para 
a ordem jurídica, não era configurado por nenhum tipo penal (que falava em furtar 
coisa móvel, não se enquadrando energia elétrica como tal, devendo, então, por 
força do princípio nullun crimin nulla poena sine lege, ser admitido como 
comportamento penalmente admissível). 
Todavia, deve-se ter cuidado, uma vez que o Direito Penal possui como máxima 
o princípio do in dubio pro reo, que traduzido, dispõe que em casos de dúvida, deve-se 
beneficiar o réu (MAXIMILIANO, 2011, p. 265). Assim, a equidade, bem como a analogia 
não podem ser utilizadas de forma desmedida e descabida. 
 
Doutrina 
 
Produção feita por pensadores, juristas e filósofos do direito, que estudam a 
temática e tecem considerações e interpretações sobre o assunto, podem clarear a 
aplicabilidade do direito e sua compreensão no caso concreto. 
 
 
 
 
Das normas penais 
 
A lei penal é a única fonte formal direta do Direito Penal. No Brasil, ela é 
constituída pelo Código Penal, pela Lei de ContravençõesPenais, Código Penal Militar, 
 
Lei de Segurança Nacional e pelos dispositivos referentes à matéria na Lei de Imprensa, 
economia popular, tóxicos, falência, alimentos etc. 
 
 
Quadro 2: Estrutura Lógica da Norma Penal: 
Hipótese legal, previsão fática ou 
antecedente (PRÓTASE) 
CONDUTA HUMANA 
Consequência jurídica, efeito ou 
estatuição (APÓDOSE) 
SANÇÃO PENAL 
Fonte: 
 
Normas Penais em Branco 
 
Trata-se de uma norma incompleta que, para ter sentido, exige uma 
complementação por meio de lei ou outro ato normativo. É uma técnica bastante 
interessante para evitar a ineficácia prática de dispositivos legais que regulam matérias 
sujeitas à rápida evolução/alteração. 
É o que ocorre, por exemplo, com o Art. 33, caput, da Lei de Drogas: 
 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, 
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, 
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 
500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
 
Percebe-se que o dispositivo legal tipifica o tráfico de drogas, mas sem informar 
quais substâncias poderiam ser classificadas como tais. Diante disso, coube a uma 
portaria editada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) trazer o rol 
dessas substâncias. 
A razão é simples: é muito mais célere a alteração de uma portaria para fazer 
incluir uma nova substância entorpecente do que ser obrigado a deflagrar o processo 
legislativo, caso o conceito de droga constasse em lei. 
 
 
Classificação da Norma Penal em Branco 
 
O tema é bastante recorrente em provas de concurso público, razão pela qual é 
importante o aluno se atentar às diversas classificações da norma penal em branco. 
 
Norma Penal em Branco Homogênea (Imprópria) 
 
A norma penal em branco homogênea é aquela cujo complemento se dá por meio 
da mesma espécie normativa, no caso, a lei. Tal espécie se subdivide em: 
HOMOVITELÍNEA ou HETEROVITELÍNEA. 
A Norma Penal em Branco Homogênea Homovitelínea é aquela cujo 
complemento se dá por meio da mesma lei da norma incompleta. Por exemplo, é o Art. 
312, caput, do Código Penal (peculato): 
 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro 
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou 
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e 
multa. 
 
O conceito de funcionário público consta no Art. 327 do Código Penal, ou seja, 
mesmo diploma legal do tipo penal incompleto. 
Por outro lado, a Norma Penal em Branco Homogênea Heterovitelínea é aquela 
cujo complemento se dá por meio de uma lei diferente. É o que ocorre com o Art. 237 do 
Código Penal, que é mostrado que: “Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a 
existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: Pena - detenção, de três 
meses a um ano”. 
As causas de impedimento para o casamento encontram-se elencadas no Art. 
1.521 do Código Civil, ou seja, em diploma legal diverso do Código Penal. 
 
Norma Penal em Branco Heterogênea (Própria) 
 
A Norma Penal em Branco Heterogênea é aquela que o complemento se dá por 
meio de espécie normativa diversa da norma penal incompleta, por exemplo, por meio 
 
de um decreto ou portaria. É o que ocorre com o Art. 33 da Lei de Drogas, já mencionada 
anteriormente. 
 
Norma Penal em Branco ao Avesso (Invertida) 
 
Em regra, a complementação da norma penal em branco ocorre no preceito 
primário (descrição do tipo penal). 
Contudo, quando a necessidade de complemento se dá no preceito secundário 
(pena), tem-se a norma penal em branco ao avesso. 
Por exemplo, é o que ocorre no crime de genocídio (Lei nº 2.889/56): 
 
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, 
étnico, racial ou religioso, como tal: (Vide Lei nº 7.960, de 1989) 
a) matar membros do grupo; 
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; 
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de 
ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; 
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo; 
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo; 
Será punido: 
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a; 
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; 
Com as penas do art. 270, no caso da letra c; 
Com as penas do art. 125, no caso da letra d; 
Com as penas do art. 148, no caso da letra e. 
 
 
Norma Penal em Branco ao Quadrado 
 
A Norma Penal em Branco ao Quadrado é aquela que ocorre quando a lei penal 
exige um complemento normativo para sua compreensão e este complemento faz 
referência a outro ato normativo. 
Por exemplo, o Art. 38 da Lei 9.605/98 tipifica a conduta de destruir ou danificar 
florestas de preservação permanente. Ao seu turno, o conceito de área de preservação 
permanente é dado pelo Código Florestal. 
Por fim, dentre as hipóteses constantes no Código Florestal, há aquela que pode 
ser declarada por ato normativo do Chefe do Poder Executivo. 
 
 
 
REFLITA 
 
O fato do complemento da norma penal não se dar por meio de lei em sentido 
estrito violaria o princípio da legalidade? A resposta é NÃO. Segundo a jurisprudência 
dos Tribunais Superiores, ainda que o complemento da norma penal em branco não seja 
lei em sentido estrito (por exemplo, portaria), tal circunstância não viola o princípio da 
legalidade. Dito de outra forma, é admissível a técnica da norma penal em branco, desde 
que a norma incompleta tenha densidade suficiente para satisfazer o princípio da 
taxatividade, deixando para o complemento apenas a função de complementar os 
elementos essenciais do tipo penal. 
 
Fonte: Supremo Tribunal Federal e Resolução nº. 104/00. 
 
# REFLITA # 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 DA INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DAS LEIS PENAIS 
 
 
Fonte: 1029430792 
 
 
A palavra interpretação não pertence exclusivamente aos estudiosos do direito. 
Ao contrário, é empregada com frequência nos múltiplos ramos do conhecimento e na 
própria vida comum. Há sempre alguém que traduz o pensamento de seus pares, de 
seus companheiros. E os homens parecem gostar da interpretação, porque mexe com o 
raciocínio, quebra a monotonia, empolga. 
É fácil, pois, compreender que o significado trivial do termo não sofreria radicais 
transformações no campo do direito. Interpretar é explicar, é precisar, é revelar o sentido. 
E outra coisa não se faz ao se interpretar um preceito legal como medida 
indiscutivelmente útil e necessária. Em suma, é a atividade que consiste em extrair da 
norma penal seu exato alcance e real significado, buscando assim a “vontade da lei”, 
associada a todo o contexto jurídico. 
Interpretar um texto normativo significa captar sua essência, compreendê-lo, 
esclarecendo e fixando seu sentido e alcance. Deve ser a lei, primeiramente, objeto de 
 
interpretação, para, em seguida, ser devidamente aplicada ao caso que se busca 
solucionar (interpretação aplicação). 
A atividade interpretativa não pode ser desvinculada do ordenamento jurídico e 
do contexto histórico-cultural e social em que se encontra imersa (ex. Estado de Direito). 
Hermenêutica, interpretação e aplicação do Direito são termos estreitamente 
relacionados. A Hermenêutica, denominada ciência da interpretação, tem por objeto a 
investigação sistemática dos princípios e leis que disciplinam a apuração do conteúdo, 
do sentido e dos fins das normas jurídicas, com vistas à sua aplicação. A interpretação, 
de seu turno, procura realizar, praticamente, os princípios e regras hermenêuticos. A 
aplicação das normas jurídicas consiste na técnicada adaptação dos preceitos nelas 
contidos às situações de fato concretas. 
 
Métodos de Interpretação 
 
O Método Filológico ou Literal consiste na reconstrução do pensamento 
legislativo através das palavras da lei, em suas conexões linguísticas e estilísticas. 
A Interpretação Filológica ou Literal, porém, é apenas a primeira etapa do 
processo interpretativo, pois as palavras podem ser equívocas ou deficientes. Ex: art. 
141, IV, CP (aumento de pena nos crimes contra a honra - várias pessoas são quantas 
pessoas? 3 ou mais), art. 157, §2º, II (duas ou mais pessoas). 
Método Teleológico: Junto ao momento lógico, deve-se levar em conta a 
finalidade da norma penal – a ratio legis, que determina o seu valor normativo (proteção 
de bens jurídicos). Ex: art. 159, CP. 
A interpretação teleológica busca a vontade da lei (voluntas legis) e não a vontade 
do legislador (voluntas legislatoris). 
Investiga-se a vontade atual da lei, e não a vontade do momento de seu 
surgimento. Ex: razões da condição do sexo feminino no feminicídio (art. 121, §2º-A, CP). 
A Interpretação Sistemática considera o sistema formado pelas leis, além da 
norma interpretada. Ex: art. 218-B, §2º, I combinado com art. 217-A, CP. 
A Interpretação Histórica justifica-se pela ligação entre o Direito vigente e a sua 
origem (projetos de lei, discussões das comissões, Exposição de Motivos do Código 
 
Penal). Ex: art. 121, §1º (Eutanásia – motivo de relevante valor moral). Ratio legis (razão 
da lei) + Occasio legis (ocasião do surgimento da lei). 
 
Interpretação quanto ao seu Autor 
 
A Interpretação Autêntica consiste na explicitação do conteúdo de um preceito 
legal por parte do próprio órgão do qual emana. O legislador edita uma nova lei com o 
objetivo de aclarar o sentido e o alcance de uma disposição já existente. Exemplos: art. 
150, §§3º e 4º (conceito de “casa”); art. 121, §2º-A (Feminicídio), art. 327 (conceito penal 
de funcionário público). 
A Interpretação Judicial é aquela levada a cabo pelos órgãos jurisdicionais com 
o intuito de aplicar a lei de acordo com a vontade nela insculpida. 
Embora os magistrados e tribunais não criem a lei, podem dar lugar a novas 
possibilidades ao adaptarem o sentido da lei à realidade, exercendo, desse modo, uma 
função “criadora”, mas não válida para normas incriminadoras, apenas para 
descriminalizar. Exemplo: Súmulas vinculantes (EC 45/04), Súmula 11 – uso de 
algemas. 
A Interpretação Doutrinária consiste na exposição do conteúdo do Direito 
(normas e institutos jurídicos) pelos jurisconsultos (doutrinadores, professores de Direito, 
pareceristas etc.). Não é cogente (=obrigatória), mas tem grande valor científico, 
podendo se tornar lei quando aceita pelo legislador ou acatada pela jurisprudência. 
Interpretação quanto ao Resultado 
 
A Interpretação Declarativa declara o sentido linguístico (concordância entre o 
resultado da interpretação gramatical e o da sistemática). Ex: criminalização da 
homofobia como “racismo” – STF; cena de nudez (art. 216-B) – não abarca áudios nem 
roupas íntimas. 
Na Interpretação Restritiva, a conclusão é de que o legislador se exprimiu de 
forma ampliativa, foi além de seu pensamento. Ex: art. 217-A, §1º (estupro de vulnerável) 
 
A Interpretação Extensiva se destina a corrigir uma fórmula legal muito estreita. 
Ex: bigamia abarca poligamia (art. 235), serviço ferroviário e também de metrô (art. 260, 
CP). 
Ambas as formas de interpretação, extensiva e restritiva, podem ser reunidas sob 
a denominação comum de interpretação corretiva, pois se trata de ajustar os resultados 
da interpretação sistemática e gramatical. 
 
Integração das Leis Penais 
 
O processo de integração do ordenamento, com vistas a suprir as lacunas 
jurídicas, pode-se dar, segundo Carnelutti (1986, p.116), através do processo de 
autointegração ou de heterointegração. 
A Autointegração opera-se através do recurso à analogia e aos princípios gerais 
do Direito. Ex: Feminicídio. Através de tais recursos, o legislador presume que a solução 
para as lacunas deve ser encontrada no próprio âmbito das leis vigentes, sem recorrer a 
outros ordenamentos ou a fontes diversas da lei. 
Heterointegração significa o recurso a outras fontes normativas para a solução 
da lacuna e assume três formas: o recurso ao costume como fonte subsidiária da lei; o 
recurso à jurisprudência ou Direito judiciário, que apela ao poder criativo do juiz e à sua 
capacidade de emitir juízos de equidade; e, finalmente, a opinião dos juristas, ou o Direito 
científico (doutrina). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Nesta Unidade, pudemos adentrar no estudo do Direito Penal e compreender um 
pouco mais sobre essa matéria que integra o Direito Público brasileiro e se constitui como 
um elemento indispensável para a vida em sociedade. 
Como bem salientado no início de nossos estudos, o Direito Penal possui duas 
finalidades, uma preventiva, que objetiva impedir a prática de novos delitos e uma 
retributiva, que entende o direito penal como um castigo ao agente infrator. 
É importante entendermos a temática e tudo mais que a compõem, visto que por 
ser um direito codificado que impõe deveres e penalidades em casos de 
descumprimentos, é de fundamental relevância entender os pormenores desta área e 
garantir a aplicabilidade do direito nos termos da justiça, não se permitindo que qualquer 
ilegalidade ou afronta a direitos fundamentais do homem se constituam e integrem a 
sociedade brasileira, que é pautada em princípios democráticos e justos. 
Em nossos tópicos, desta unidade, pudemos adentrar no estudo deste ramo e 
iniciar nossa compreensão sobre o assunto, abordando conceitos, princípios e 
aplicabilidades desta área. 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
Título: Introdução crítica ao direito penal brasileiro 
Autor: Nilo Batista 
Editora: Revam 
Sinopse: Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro entrega ao leitor as chaves 
necessárias para desarticular criticamente um direito penal com ênfase no enfoque lesa-
majestade, fornecendo a possibilidade de reconstrução de um verdadeiro direito penal 
das garantias. 
 
 
LIVRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Título: Direito Penal 
Autor: Cleber Massom 
Editora: Metodo 
Sinopse: Este primeiro volume da coleção Direito Penal apresenta a análise completa 
dos Títulos I a VIII da Parte Geral do Código Penal (arts. 1º a 120), e está estruturado 
 
em três unidades principais: Teoria Geral do Direito Penal, Teoria Geral do Crime e 
Teoria Geral da Pena.O livro engloba temas como escolas penais e evolução doutrinária 
da disciplina; conceito e classificação do crime; erro de tipo; tentativa, desistência e 
arrependimento; concurso de pessoas; concurso de crimes; espécies de penas; ação 
penal; extinção da punibilidade, entre tantos outros. A Coleção Direito Penal abrange as 
mais diversas questões inerentes a essa disciplina, razão pela qual é indicada ao público 
universitário, a quem se prepara para provas e concursos públicos em geral e aos 
operadores do Direito Penal.Com a utilização de recursos didáticos, Cleber Masson alia 
a abordagem da doutrina clássica com as mais recentes ideias penais, surgidas tanto no 
Brasil como no Direito Comparado, e examina minuciosamente a jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
 
FILME/DOCUMENTÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Documentário: JUSTIÇA 
Direção e Roteiro: Maria A. Ramos 
Data de Lançamento: 2004 
Sinopse: Este documentário (disponível no YouTube) expõe o dia a dia do Tribunal de 
Justiça do Rio de Janeiro e todos seus personagens (servidores públicos, réus, 
familiares, etc.) e oferece ao público uma reflexão sobre o sistema judicial brasileiro e as 
estruturas de poder vigentes no país. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
ANVISA. Resolução 104, de 06 de dezembro de 2000. 
BRASIL.Constituição (1988). Emenda constitucional nº 32, de 11 de setembro de 
2001. 
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial 
da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 
BRASIL. Lei 2.889, de 01 de outubro de 1956. Define e pune o crime de genocídio. 
Brasília, 1956. 
BRASIL. Lei 7.716, de 05 de janeiro de 1989, Brasília, 1989. 
BRASIL. Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras 
providências. Brasília, 1998. 
BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de Políticas 
Públicas sobre Drogas – Sisnad e dá outras providências. Brasília, 2006. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 
CARNELUTTI, Francesco. Sistema di diritto processuale civile, v. I, 1986, p. 116. 
FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, 
dominação. São Paulo: Atlas. 2008, p. 185. 
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 23 ed. v. 01. São Paulo: Saraiva, 1999. 
MASSON, Cleber. Direito Penal. V. 1, 2017. 
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 20. ed. Rio de Janeiro: 
Forense. 2011, p. 265. 
MIRABETE, Júlio Fabbrini Mirabete - Manual de Direito Penal - Parte Geral - (pág. 01 
a 157). São Paulo Ed Atlas- 2012. 
NORONHA, E. Magalhães (1906-1982). Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 1991. 
ROXIN, Claus. Estudos de Direito Penal. Rio de Janeiro: RE Novar, 2006. 
Tradução de Luís Greco. Disponível em: 
http://arquimedes.adv.br/livros100/Estudos%20de%20Direito%20Penal%20-
%20Claus%20Roxin.pdf. Acesso em: 09 set. 2021. 
 
 
 
UNIDADE II 
DA TEORIA DA PENA E DO DELITO 
Prof. Ma. Raiza Eloa Brambilla Catanio1 
 
 
Plano de Estudo: 
 
● Da Aplicabilidade da Lei Penal no tempo e no espaço; 
● Das penas: teorias, princípios e execução provisória da pena; 
● Da teoria dos crimes: crime e contravenção penal, classificação e tipos de crimes; 
● Do concurso de pessoas e de crimes. 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
 
Prezado (a) aluno (a), esta Segunda Unidade acerca do estudo do Direito Penal 
e Processual Penal será dividida nos 04 tópicos, sendo eles: 
 
● Da aplicabilidade da lei penal no tempo e no espaço; 
● Das penas: teorias, princípios e execução provisória da pena; 
● Da teoria dos crimes: crime e contravenção penal, classificação e tipos de crimes; 
● Do concurso de pessoas e de crimes. 
 
Neste material, após o conteúdo introdutório da unidade anterior, passaremos ao 
estudo da Teoria da Pena e do Delito, conceituando os tópicos acima elencados e seus 
respectivos desdobramentos. 
Desta forma, por meio da compreensão desta disciplina, serão expostos 
relevantes conceitos sobre o tema e, por consequência, a importância do Direito Penal 
e Processual Penal para o ordenamento jurídico brasileiro, na medida em confere maior 
 
1 Mestra em Ciências Jurídicas pela Universidade Cesumar – UniCesumar, Especialista em Docência no 
Ensino Superior – Uniasselvi, Pós-graduanda em Ciências Penais – UEM. Assessora Jurídica no Tribunal 
de Justiça do Estado do Paraná – TJPR. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6265742338541943. E-mail: 
raizaeloa@hotmail.com. 
 
segurança aos cidadãos, sempre respeitando a dignidade da pessoa humana e os 
direitos fundamentais constitucionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caro (a) aluno (a), nesta Segunda Unidade, sobre o Direito e Processo Penal 
estudaremos o conteúdo com um pouco de especificidade, uma vez que passaremos a 
compreender as Teorias da Pena e do Delito, conceituando-a e contextualizando-a. Ao 
 
estudarmos a norma penal, discutiremos seus conceitos, princípios e fontes e, desta 
forma, por meio do ensino, estabelecer a importância desta área para o sistema 
judiciário, legislativo e executivo brasileiro, assim como contribuir para seu crescimento 
pessoal e profissional. 
Então vamos lá! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 DA APLICABILIDADE DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO 
 
 
 
Fonte: 258602471 
 
Tempo do Crime 
 
De acordo com o art. 4º do CP (Código Penal) é mostrado que “Considera-se 
praticado o crime no MOMENTO DA AÇÃO OU OMISSÃO, ainda que outro seja o 
momento do resultado”. 
Para determinar o tempo do crime, a doutrina criminal tem apresentado três 
teorias, quais sejam, a teoria da atividade, do resultado e da ubiquidade (mista). 
 Teoria da Atividade: O crime ocorre no momento em que foi praticada a ação 
ou omissão, ou seja, a conduta criminosa. Ex.: o crime de homicídio é praticado no 
momento em que o agente dispara a arma de fogo com a intenção de matar a vítima; 
Teoria do Resultado: O crime ocorre no momento em que ocorreu o resultado. 
Ex.: o crime de homicídio é praticado no momento em que a vítima morreu, ainda que 
outro tenha sido o momento da ação; 
Teoria da Ubiquidade: Também conhecida por teoria mista, já que para esta 
teoria o crime ocorre tanto no momento em que foi praticada a ação ou omissão 
(atividade) como quando se produziu, ou deveria se produzir o resultado (resultado). 
 
O Código Penal adota claramente, em seu artigo 4º, a Teoria da Atividade para 
determinar o tempo do crime. 
A adoção da teoria da atividade para a determinação do tempo do crime apresenta 
algumas consequências: 
 
a) Aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se a do tempo do 
resultado for mais benéfica. 
b) Apura-se a imputabilidade NO MOMENTO DA CONDUTA. 
c) Nos crimes permanentes, enquanto perdura a ofensa ao bem jurídico 
(Exemplo: extorsão mediante sequestro), o tempo do crime se dilatará pelo período de 
permanência. Assim, se o autor, menor, durante a fase de execução do crime vier a 
atingir a maioridade, responderá segundo o Código Penal e não segundo o Estatuto da 
Criança e do Adolescente — ECA (Lei n. 8.069/90). 
d) Nos crimes continuados em que os fatos anteriores eram punidos por uma 
lei, operando-se o aumento da pena por lei nova, aplica-se esta última a toda unidade 
delitiva, desde que sob a sua vigência continue a ser praticado, “Súmula 711, STF - a 
lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua 
vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.” 
e) No Crime Habitual em que haja sucessão de leis, deve ser aplicada a nova, 
ainda que mais severa, se o agente insistir em reiterar a conduta criminosa. 
 
 
Lugar do Crime 
 
Foi visto que, em relação à lei penal no tempo, é aplicada a Teoria da Atividade, 
ou seja, considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, 
independente do momento do resultado. 
O mesmo não acontece com o lugar do crime. A teoria adotada aqui é a da 
Ubiquidade Ou Mista, a qual afirma que é considerado local de crime tanto o local em 
que ocorrer a ação ou a omissão quanto o local que produziu ou que deveria se produzir 
o resultado, como é dito: “Art. 6º – Considera-se praticado o crime no lugar em que 
 
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado”. 
Vale dizer que o Art. 6º do CP só se aplica aos crimes à distância, crimes em que 
parte do crime acontece no Brasil, outra parte ocorre no estrangeiro. Diferente nos crimes 
plurilocais, em que a ação/omissão e resultado acontecem sempre no Brasil, aqui, 
portanto a regra não será mais a de definir o lugar do crime, uma vez que este já foi 
definido como o Brasil. 
No entanto, há um conflito de competência a ser resolvido pelo art. 70 do Código 
de Processo Penal (CPP) e que, por sinal, adota outra teoria: a do resultado: "Art. 70. A 
competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, 
no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticadoo último ato de execução”. 
 
 
Lei Penal no Tempo (artigos 2º e 3º do CP) 
 
A Lei Penal, assim como qualquer outro dispositivo legal, passa por um processo 
legislativo, ingressa no nosso ordenamento jurídico e vigora até a sua revogação, que 
nada mais é do que a retirada da vigência de uma lei. 
A regra geral no Direito Penal é a da prevalência da lei que se encontrava em 
vigor quando da prática do fato, ou seja, aplica-se a LEI VIGENTE quando da prática da 
conduta – Princípio do “tempus regit actum” – TEORIA DA ATIVIDADE (não confunda 
com a Teoria da Atividade para definição do momento do crime, já que, além de mesmo 
nome, uma define a atividade do AGENTE (momento da conduta ou atividade), a outra 
define a atividade da LEI (tempo de sua atividade ou validade / eficácia / vigência). 
Sendo assim, devemos sempre lembrar que: 
- REGRA GERAL: a lei penal incide sobre fatos ocorridos durante a sua 
vigência (tempus regit actum). 
 
Conflito de Lei Penal no Tempo 
 
 
Importante salientar que pode haver conflito no tempo sobre a aplicação da 
correta lei ao caso concreto, já que as leis se sucedem no tempo e podem 
(aparentemente) incidir de forma concomitante. 
Vejamos estas hipóteses: 
 
a) Novatio Legis Incriminadora: ocorre quando um indiferente penal (conduta 
considerada lícita frente à legislação penal) passa a ser considerado crime pela lei 
posterior. Neste caso, a lei que incrimina novos fatos é IRRETROATIVA, uma vez que 
prejudica o sujeito, aja visto no Art. 5° que “Art. 5º [...] XL – a lei penal não retroagirá, 
salvo para beneficiar o réu”; 
b) Lei Penal mais Grave – Lex Gravior: Aqui não temos a tipificação de uma 
conduta antes descriminalizada, mas a aplicação de tratamento mais rigoroso a um fato 
já constante como delito. Para esta situação também não há que se falar em 
retroatividade. 
c) Abolitio Criminis: O instituto da abolitio criminis ocorre quando uma lei nova 
trata como lícito fato anteriormente tido como criminoso, ou melhor, quando a lei nova 
descriminaliza fato que era considerado infração penal. Encontra embasamento no artigo 
2º do Código Penal, que dispõe da seguinte forma: "Art. 2º – Ninguém pode ser punido 
por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução 
e os efeitos penais da sentença condenatória”. 
Não se confunde a descriminalização com a despenalização, haja vista a primeira 
delas (descriminalização) retirar o caráter ilícito do fato, enquanto que a outra é o 
conjunto de medidas que visam eliminar ou suavizar a pena de prisão. Assim, na 
despenalização a conduta ainda é considerada um crime. 
Segundo os princípios que regem a Lei Penal no Tempo, a Lei Abolicionista É 
NORMA PENAL RETROATIVA, atingindo fatos pretéritos, ainda que acobertados pelo 
manto da coisa julgada. Isto porque o respeito à coisa julgada é uma garantia do cidadão 
em face do Estado. Logo, a lei posterior só não pode retroagir se for prejudicial ao réu. 
Entende a maioria da doutrina, inclusive o Supremo Tribunal Federal, que é 
perfeitamente possível abolitio criminis por meio de medida provisória. Cite-se como 
exemplo o seguinte julgado do STF: 
 
Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal – extraída pela 
doutrina consensual – da interpretação sistemática da Constituição – , não 
compreende a de normas penais benéficas, assim, as que abolem crimes ou lhes 
restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de 
isenção de pena ou de extinção de punibilidade. STF – AI 680.361/SC – DJ 
9.03.2010: 
 
d) Lei Penal mais Benéfica: O artigo 2º do Código Penal dispõe que “Art. 2º[...] 
Parágrafo único – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se 
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em 
julgado”. 
 
A retroatividade é automática, dispensa cláusula expressa e alcança inclusive os 
fatos definitivamente julgados! 
 
Somente podemos falar em RETROATIVIDADE quando lei posterior for mais 
benéfica ao agente, em comparação àquela que estava em vigor quando o crime foi 
praticado. 
Um delito que é praticado durante a vigência de uma lei que posteriormente é 
revogada por outra prejudicial ao agente, ocorrerá a ULTRATIVIDADE da lei. 
Quando se diz que uma Lei Penal é dotada de ultratividade, quer-se afirmar que 
ela, apesar de não mais vigente, continua a vincular os fatos anteriores à sua saída do 
sistema. 
Do exposto, podemos resumir: RETROATIVIDADE: Fenômeno jurídico em que se 
aplica uma norma a fato ocorrido antes do início da vigência da nova lei. 
ULTRATIVIDADE: Fenômeno jurídico pelo qual há a aplicação da norma após a sua 
revogação. 
 
Lei Penal Excepcional e Temporária (art. 3º do CP) 
 
Como é mencionado no art. 3º do CP (Código Penal), é dito que “A lei excepcional 
ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. 
 
 
Leis Temporárias: são aquelas que trazem em seu texto o tempo determinado 
de sua validade. 
Leis Excepcionais: são as que têm sua eficácia vinculada a um acontecimento 
do mundo fático, como, por exemplo, uma guerra. 
As leis excepcionais e temporárias são auto-revogáveis, ou seja, não há 
necessidade da edição de outra lei para retirá-las do ordenamento jurídico. É suficiente 
para tal o decurso do prazo ou mesmo o término de determinada situação. Para que sua 
aplicabilidade seja plena, o legislador percebeu ser necessária a manutenção de seus 
efeitos punitivos após sua vigência aos que afrontaram a norma quando vigorava. 
Desta forma, podemos afirmar que as Leis Excepcionais e Temporárias 
possuem Ultratividade, pois, conforme exposto, aplicam-se sempre ao fato praticado 
durante sua vigência. 
O fundamento da ultra-atividade é claro e a explicação está prevista na Exposição 
de Motivos do Código Penal, nos seguintes termos: 
 
É especialmente decidida a hipótese da lei excepcional ou temporária, 
reconhecendo-se a sua ultra-atividade. Esta ressalva visa impedir que, tratando-
se de leis previamente limitadas no tempo, possam ser frustradas as suas 
sanções por expedientes astuciosos no sentido do retardamento dos processos 
penais. 
 
 
Lei Penal no Espaço (artigos. 5º e 7º do CP) 
 
O Código Penal trata de maneira detalhada da aplicação da Lei Penal no espaço 
e, assim, torna claro para a sociedade onde as normas definidas pelo Legislador 
Brasileiro serão aplicadas. 
A regra para dirimir conflitos e dúvidas é a utilização do princípio da 
territorialidade, ou seja, aplica-se a Lei Penal aos crimes cometidos em território nacional. 
Tal preceito encontra-se no Código Penal, cujo é dito no Art. 5° que: “Art. 5º – Aplica-se 
a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, 
ao crime cometido no território nacional. 
 
Há exceções que ocorrem quando o brasileiro pratica crime no exterior ou um 
estrangeiro comete delito no Brasil. Fala-se, assim, que o Código Penal adotou o 
princípio da Territorialidade Temperada ou Mitigada. 
Princípio De Territorialidade: em termos jurídicos, território é o espaço em que 
o Estado exerce sua soberania política. 
 
Art. 5º [...] 
§ 1º – Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional 
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do 
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as 
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto mar. 
§ 2º – É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados abordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se 
aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
Considera-seterritório brasileiro a porção geográfica, mais aquilo que se entende 
por território por extensão 
 
a) Porção Geográfica: compreende o espaço terrestre, aéreo, subsolo e até 
12 milhas marítimas mar adentro; 
b) Porção por Extensão: compreende as embarcações e aeronaves públicas 
fora do território. Ainda se considera território por extensão as 
embarcações privadas a serviço do Brasil em território estrangeiro ou 
embarcações privadas em “mar de ninguém”. 
 
A embaixada estrangeira no Brasil NÃO é considerada território estrangeiro! 
Assim, se ocorrer um homicídio dentro dessa repartição, quem investigará ou julgará o 
caso será o Brasil, salvo em se tratando de autoridade com imunidade. 
Excepcionalmente, poderá ser aplicada a lei estrangeira em território brasileiro, 
como no caso de Tratado Internacional previsto entre países. É o que acontece quando 
o presidente norte americano vem ao Brasil e aqui bate em um brasileiro. 
Nesse caso, aplica-se a lei norte-americana ao presidente estadunidense. Isso é 
chamado de intraterritorialidade. 
 
O princípio da passagem inocente versa que se um fato é cometido a bordo de 
um navio ou avião estrangeiro de propriedade privada, que esteja apenas de passagem 
pelo território brasileiro, não será aplicado a lei brasileira, se o crime não afetar em nada 
interesses brasileiros. 
Princípio da Extraterritorialidade: O artigo 7ª do CP (Código Penal) inaugura o 
que se chama de extraterritorialidade da Lei Penal (aplicada apenas a crimes, 
contravenções nunca), a qual consiste na aplicação da Lei Penal fora do Brasil 
obedecidas algumas hipóteses. 
Assim, o Inciso I apresenta algumas situações em que sempre haverá aplicação 
da Lei Brasileira, independente se o agente foi absolvido ou cumpriu pena no estrangeiro. 
Por isso, o Inciso I do art. 7ª é chamado de extraterritorialidade incondicionada. 
 
Art. 7º – Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
i – os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do presidente da república; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, 
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
 
 
O Inciso II, parágrafos 1º e 2º do CP apresenta a chamada Extraterritorialidade 
condicionada. Para aplicar esse inciso, é preciso o agente do crime obedecer algumas 
situações. São elas: 
 
II – os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1º – Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda 
que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
§ 2º – Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso 
das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 
 
ATENÇÃO - Aplicam-se as cinco condições cumulativamente! 
Por fim, ainda é preciso estudar outra hipótese de extraterritorialidade da Lei Penal 
Brasileira, tal qual chamada pela doutrina de hipercondicionada. 
Essa última hipótese se utiliza do princípio da nacionalidade passiva e deve ser 
aplicada ao estrangeiro que comete crime contra o brasileiro fora do Brasil, logo, há 
possibilidade de punir o estrangeiro caso sejam obedecidas as condições da 
Extraterritorialidade condicionada associada ao parágrafo 3º: 
 
§ 3º – A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo 
anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 DAS PENAS: TEORIAS, PRINCÍPIOS E EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA 
 
Fonte: 258602471 
 
 
O que é pena? 
 
 Basicamente, podemos conceituar a pena como a resposta do Estado a 
determinado indivíduo, tal qual consequência de uma infração penal praticada. Trata-se 
do exercício do ius puniendi. 
 Outrora, as penas são restritas ao tipo penal e não são de aplicação automática 
e desmedida. O julgador deve fazer a análise do fato ao tipo e se manter atento às 
disposições legais. 
Como já dito anteriormente, o Direito Penal é um importante instrumento de 
preservação dos direitos e garantias do indivíduo em face do Estado Punidor. É nesse 
contexto que se verifica a relevância dos princípios do Direito Penal, que servem como 
limitadores do poder punitivo estatal. 
 
Diante da importância do tema, os princípios mais relevantes para o Direito Penal 
e para a Teoria da Pena serão comentados a partir de agora. 
Princípio da Legalidade: é a exigência de lei, em sentido estrito, para a criação 
de crimes ou contravenções e cominação de penas. Tal princípio é previsto no Art. 1º do 
Código Penal, que dispõe que não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena 
sem prévia cominação legal”. 
E o que é Lei em sentido estrito? Lei em Sentido Estrito é a espécie normativa 
que atenda, cumulativamente, ao critério material (conteúdo) e critério formal (processo 
legislativo) de lei. 
Princípio da Intransmissibilidade da Pena: elencado no art. 5º, XLV, da CF 
(Constituição Federal), dispõe que: “Nenhuma pena passará da pessoa do condenado”. 
A pena não passará da pessoa do condenado, ou seja, uma vez que o agente infrator 
morra, as penas aplicadas não podem ser estendidas aos seus sucessores. 
Há muita confusão entre os efeitos penais e cíveis da condenação penal. Por 
exemplo, um efeito penal seria o condenado deixar de ser considerado primário 
(reincidência), por outro lado, um efeito cível seria o dever do criminoso de reparar os 
danos causados à vítima. Segundo o princípio da intranscendência da pena, apenas o 
efeito penal se restringe à pessoa do condenado (morre com ele), ao passo que o efeito 
cível pode ser estendido aos sucessores, desde que no limite do valor da herança. 
Princípio da Individualidade da Pena: “As penas devem ser individualizadas, ou 
seja, devem ser aplicadas caso a caso” (art. 5º, XLVI, da CF). A sanção penal deve levar 
em consideração as circunstâncias pessoais do agente. 
Princípio da Proporcionalidade: o agir do Estado deve ser proporcional, ou seja, 
devem ser observados os meios empregados e os fins que se deseja alcançar. Não 
devem existir excessos injustificados na pena. 
Princípio da Inderrogabilidade ou Inevitabilidade da Pena: a pena deve ser 
aplicada e cumprida de modo fiel ao que está previsto na legislação de cada tipo penal. 
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: trata-se de valor supremo garantido 
pela CF/88 em seu art. 1º, III. E no que diz respeito à pena, leva à interpretação de que 
nenhuma pena imposta deve se constituir como uma ofensa à integridade e dignidade 
da pessoa, sendo vedado reprimendas cruéis, degradantes e desumanas. 
 
 
Teorias da Pena 
 
 Existem várias teorias que buscam estudar e compreender a finalidade da pena, 
seguindo óticas distintas, mas todas relevantes ao conteúdo. Vejamos. 
 Teoria Agnóstica da Pena: segundo esta teoria desenvolvida pelo jurista 
argentino Eugenio Raúl Zaffaroni (2015), a pena cumpre apenas a função de degenerar 
as pessoas que vierem a cometer alguma infração penal, pois, conforme os argumentosdo autor, existem estudos que comprovariam a impossibilidade de ressocialização do 
apenado. Para Zaffaroni, a pena não teria as funções preventivas e retributivas, que 
foram estudadas na unidade anterior, e se constitui como mero ato de poder político. 
 Teoria Absoluta ou Retributiva da Pena: para esta teoria, o agente que cometer 
o delito deverá ser punido exclusivamente por ter delinquido. Essa teoria entende que a 
pena tem como objetivo retribuir o agente pela prática do crime. Seria uma resposta ao 
mal causado. É uma consequência do descumprimento da lei e não leva em 
consideração políticas criminais de ressocialização e recuperação do apenado (GRECO, 
2016, p. 585). 
 Teoria Relativa da Pena: ao contrário da teoria anterior, que possui caráter 
retributivo, essa teoria é preventiva e compreende que a imposição de uma pena busca 
prevenir que novos fatos criminosos venham a ser praticados (reincidência). Essa teoria 
da pena possui uma função além da punição pelo delito, ela tem um viés de 
ressocialização (BITENCOURT, 2013, p. 143). 
 Teoria Mista ou Unificadora da Pena: esta teoria apresenta um conjunto dos 
interesses da Teoria Absoluta e da Teoria Relativa da Pena. É um misto dess as duas 
teorias cujo objetivo e finalidade são retribuir o indivíduo pelo mal causado com o 
cometimento do delito e, também, prevenir a prática de delitos futuros, não deixando de 
se atentar às políticas criminais e ressocialização do indivíduo. É a teoria que mais se 
amolda ao sistema adotado no Brasil. 
 
Execução Provisória da Pena 
 
 
 A Execução Provisória da Pena nada mais é que o réu cumprir a pena imposta 
em uma decisão, mesmo que não haja o trânsito em julgado daquela decisão. 
Todavia, tal Execução Provisória da Pena viola o princípio da presunção de 
inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF/88, que diz que “LVII - ninguém será 
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. 
No decorrer dos anos, vários foram os entendimentos do STF (Supremo Tribunal 
Federal) a respeito do assunto, contudo, em 07 de novembro de 2017, o STF, ao julgar 
as ADCs (Ações Declaratórias de Constitucionalidade) 43, 44 e 54 (Rel. Min. Marco 
Aurélio), firmou o entendimento de que, o cumprimento da pena somente pode ter início 
com o esgotamento de todos os recursos previstos no ordenamento jurídico e aplicáveis 
à situação, sendo proibida a Execução Provisória da Pena. 
Ademais, o artigo 283 do Código de Processo Penal, prevê o trânsito em julgado 
— quando todos os recursos jurídicos são esgotados — como necessário para 
estabelecer as condições da prisão. 
Partindo desse entendimento, a prisão antecipada fere a presunção de inocência 
do indivíduo, sobretudo diante do contido no inciso LVII, do art. 5º, da CF/88. Não é 
demais esclarecer que, se o CPP (Código de Processo Penal) nos oferece uma gama 
de recursos e instâncias, como antecipar a execução sem esgotar as possibilidades? 
Para legitimar uma prisão em 2º instância, seria necessário alterar o artigo 283 CPP. 
 
 
 
3 DA TEORIA DOS CRIMES 
 
 
 
Fonte: shutterstock 
 
 
Conceitos de Crime 
 
O crime pode ser conceituado levando em conta quatro aspectos. Vamos 
conhecê-los. 
a) Critério Material (Substancial): Crime segundo o Critério Material é toda 
ação ou omissão humana que lesa ou expõe a perigo bens jurídicos tutelados pelo 
direito. Segundo esse conceito, não basta a lei dispor sobre uma conduta ilícita, mas 
também, há que ser verificada a relevância do mal produzido pelo ato. É preciso, 
simplesmente, que o ato criminalizado apresente relevância jurídico-penal, mediante a 
provocação de dano ou, ao menos, exposição à situação de perigo em relação a bens 
jurídicos penalmente relevantes. Seus defeitos são definidos desta maneira por 
Machado: 
 
 
É evidente que, pela sua amplitude conceitual, a definição material de crime tem 
sabor pré – legislativo, de orientação e parâmetro à liberdade legislativa de 
criação de delitos... Não presta à formulação dogmática pela sua volatilidade e 
insegurança conceituais. (MACHADO, 1987, p. 78) 
 
 
 
b) Critério Legal: Segue exatamente a definição apresentada pelo legislador 
no art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal. O art. 1º considera-se crime a infração 
penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer 
alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a 
que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. 
alternativa ou cumulativamente. O legislador achou por bem criar dois dispositivos 
diferenciados para tratar dos crimes e das contravenções. Os crimes estão definidos no 
Código Penal, enquanto as contravenções, na Lei de Contravenções Penais. Em termos 
práticos, a diferença entre crimes e contravenções é a gravidade que o legislador atribui 
à conduta e, consequentemente, à penalização. 
c) Critério Formal: Infração Penal é um comportamento previsto em uma 
norma penal incriminadora, sob ameaça de sanção penal. 
d) Critério Análitico: Esse critério de conceituação do crime tem o foco 
principal nos elementos (caracteres) que vão compor a estrutura do delito e aqui surge 
uma grande divergência doutrinária, talvez a maior da teoria geral do crime. De forma 
bem objetiva, o que acontece é o seguinte: Os autores definiram alguns elementos que 
podem compor o conceito de crime segundo o Critério Analítico e, a partir da combinação 
de dois ou mais desSes caracteres, criaram suas teorias. 
 
Os seguintes elementos compõem as teorias que em seguida veremos: 
● TIPICIDADE; 
● ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE); 
● CULPABILIDADE; 
● PUNIBILIDADE. 
 
 
 
Teoria Quadripartida 
 
Esta teoria considera que o crime é composto pelo FATO TÍPICO + ILICITUDE + 
CULPABILIDADE + PUNIBILIDADE. 
 
É adotada pela doutrina minoritária e, hoje, não encontra aplicabilidade prática. 
ATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL + PUNÍVEL 
 
Teoria Tripartida ou Clássica da Ação 
 
Para esta teoria o crime é um FATO TÍPICO + ILÍCITO E CULPÁVEL, não sendo 
necessário que seja punível. É majoritariamente adotada. 
 
FATO TÍPICO + ILÍCITO + CULPÁVEL 
 
Observação: 
 
Teoria Causalista: o crime é fato típico + ilicitude + culpabilidade, sendo que o 
dolo e a culpa se encontram dentro da culpabilidade; 
Teoria Finalista: o crime é fato típico + ilicitude + culpabilidade, sendo que o dolo 
e a culpa integram a tipicidade do fato. Essa é a teoria adotada pelo Brasil. 
 
A prática de Infração Penal acarreta uma Sanção Penal, a qual é gênero, 
comportando duas espécies: pena e medida de segurança. A pena (privativa de 
liberdade, restritiva de direito ou multa) sempre é aplicada sobre imputável ou semi-
imputável (desenvolvimento mental incompleto ou retardado), enquanto a medida de 
segurança (internação ou tratamento ambulatorial) é aplicada aos inimputáveis. 
O art. 98 do CP afirma que também é possível aplicar aos semi-imputáveis medida 
de segurança em substituição à pena. Esse é o Sistema Vicariante de sanção penal, tal 
qual não se admite a aplicação de pena e medida de segurança cumulativamente. 
 
Teoria Bipartida ou Finalista da Ação 
 
Considera-se crime o FATO TÍPICO E ILÍCITO. Nessa teoria, para a configuração 
do delito bastam o fato típico e a ilicitude, ao passo que a presença ou não da 
 
culpabilidade/punibilidade importará somente na possibilidade ou não da pena ser 
imposta. 
 FATO TÍPICO + ILÍCITO 
 
Elementos do Crime 
 
É Importante, neste momento, você se deparar com alguns elementos ou 
institutos que te acompanharão durante toda a estrada do estudo do Direito Penal, tais 
como os que chamamos de Sujeitos do Crime, os quais serão descritos abaixo. 
 
Sujeito Ativo: É quem pratica a figura típica descrita na norma penal 
incriminadora. Somente o ser humano, isoladamente ou associado a outros, possui 
capacidadepara delinquir (autoria ou coautoria). Aqui temos que definir importantes 
conceitos: 
 
a) AUTOR: toda a pessoa que pratica o núcleo do tipo penal. Pessoa Física 
imputável (maior de 18 anos) e Pessoa Jurídica (crimes ambientais) 
b) COAUTOR: pode ser entendido como aquele agente que mais se aproxima 
do núcleo do tipo penal, juntamente com o autor principal, podendo sua participação ser 
parcial ou direta. 
c) PARTÍCIPE: é aquele indivíduo que não participa dos atos de execução, 
mas auxilia o autor (ou coautor) na realização do fato típico esta participação pode ser 
moral ou material. 
 
Sujeito Passivo: É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado. Nada impede 
que, em um determinado delito, dois ou mais sujeitos passivos existam, desde que estes 
tenham sido lesados ou ameaçados em seus bens jurídicos definidos no tipo penal. 
Pode ser denominado de vítima ou de ofendido e divide-se em duas espécies: 
 
 
a) SUJEITO PASSIVO FORMAL OU MEDIATO: O Estado é o Sujeito Passivo 
Mediato, pois, por ser o titular do mandamento proibitivo não observado pelo sujeito ativo, 
é sempre lesado pela conduta do sujeito ativo; 
b) SUJEITO PASSIVO MATERIAL OU IMEDIATO: É o titular do interesse 
penalmente protegido. É aquele que sofre a lesão do bem jurídico de que é titular (vida, 
integridade física, honra etc.). Podem ser sujeito passivo material: 
 
1) As pessoas físicas. Ex.: Homicídio: Art. 121. Matar alguém: Pena – 
reclusão, de seis a vinte anos. 
2) O Estado. Ex.: Crimes contra a Administração Pública: Art. 312 – Apropriar-
se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou 
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou 
alheio; 
3) A Pessoa Jurídica. Ex.: A companhia de seguro, como pessoa jurídica (art. 
171, § 2º, V, CP – fraude para o recebimento de indenização ou valor de seguro – 
Estelionato). 
4) A coletividade. (art. 286, CP – incitação ao crime). Art. 286 – Incitar, 
publicamente, a prática de crime: Pena – detenção, de três a seis meses, ou multa. 
 
O incapaz pode ser sujeito passivo de delitos, pois é também titular de direitos, 
como a vida e a liberdade (entre outros). Há delitos em que somente podem figurar como 
sujeitos passivos os incapazes. Ex.: recém-nascido ser vítima de infanticídio (art. 123, 
CP); menor de idade ser sujeito passivo de abandono intelectual (art. 246, CP). 
O ser humano morto não pode ser Sujeito Passivo de nenhum delito, pois não é 
titular de direitos, podendo ser simplesmente o objeto material do delito. Caso seja 
praticada alguma conduta atentatória contra eles, restará configurado um crime contra o 
respeito aos mortos (arts. 209 a 212, CP) e a vítima, neste caso, será sua família ou a 
coletividade, e não o morto em si. 
O nascituro pode ser sujeito passivo, pois o feto tem direito à vida, sendo esta 
protegida pela punição do aborto. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Os animais e as coisas não são vítimas de crime, figurando apenas como objeto 
material. Daí resulta que em caso de lesão a coisas ou animais, os Sujeitos Passivos 
são os seus proprietários ou a coletividade. Mas e nos crimes contra a fauna? Como já 
disse, é a coletividade que figura como vítima. De fato, ela é a titular do interesse de ver 
preservado todo o patrimônio ambiental. 
 
Fonte: CONSTANTINO, Carlos Ernani. Delitos ecológicos: a lei ambiental comentada. São Paulo, Atlas, 
2001, p.119. 
 
# SAIBA MAIS # 
 
Objetos do Crime 
 
É o bem ou objeto contra o qual se dirige a conduta criminosa. Pode ser: 
 
a) JURÍDICO: O objeto jurídico do crime é o interesse protegido pela lei penal. 
b) MATERIAL: já o objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual 
recai a conduta criminosa, ou seja, aquilo que a ação delituosa atinge. Esteja ele direta 
ou indiretamente indicado na figura penal. Assim, “alguém” (o ser humano) é objeto 
material do crime de homicídio (art. 121), a “coisa alheia móvel" é dos delitos de furto 
(art. 155) e roubo (art. 157) etc. 
 
Não há crime sem objeto jurídico, pois qualquer crime viola uma lei. Entretanto, é 
possível um delito sem objeto material. Exemplo: ato obsceno (artigo 233 do código 
penal). 
Ademais, não confunda objeto do crime com instrumento ou meio para o crime. 
Ex.: Matar alguém com uma arma de fogo – Alguém (ser humano) seria o objeto material 
do crime (e a vida seria o objeto ou bem jurídico). Já a arma de fogo seria o instrumento 
do crime ou o meio usado para consecução do intento. 
 
 
Classificação dos Crimes 
 
A classificação dos crimes se subdivide em: Legal e Doutrinária. Legal é a 
qualificação, ou seja, o nome atribuído ao delito pela Lei Penal. Na Parte Especial do 
Código Penal, todo crime é acompanhado por sua denominação legal (nomen iuris). Ex: 
Homicídio simples – Nomen Iuris 
Art. 121. Matar alguém: – Preceito primário 
Pena – reclusão, de seis a vinte anos. – Preceito secundário 
 
Já a classificação Doutrinária é o nome dado por estudiosos do direito a 
determinadas espécies de crime. 
 
Quanto ao Sujeito Ativo: 
 
a) CRIMES COMUNS são os delitos que podem ser praticados por qualquer 
pessoa, sem exigência de qualquer condição ou qualidade. Exemplo: Homicídio (art. 121 
do CP), Furto (art. 155 do CP);. 
b) CRIMES PRÓPRIOS são aqueles que exigem ser o agente portador de 
capacidade especial. Obs.: Admite COAUTORIA e PARTICIPAÇÃO Exemplo: Peculato 
(art. 312 do CP – só pode ser praticado por funcionário público); 
c) CRIMES DE MÃO PRÓPRIA são passíveis de serem cometidos por 
qualquer pessoa, mas se exige uma qualidade ou condição específica também. Não 
podem ser praticados por intermédio de outrem, ou seja, tais crimes não admitem 
coautoria (e para alguns nem autoria MEDIATA), mas apenas a participação. Exemplo: 
Falso testemunho (art. 342 do CP). 
 
Quanto ao momento consumativo: 
 
a) CRIME INSTANTÂNEO é aquele que, quando consumado, encerra-se. A 
consumação ocorre em determinado momento e não mais se prossegue. Exemplo: Furto 
(art. 155 do CP) 
 
b) CRIME PERMANENTE existe quando a consumação se prolonga no 
tempo, dependente da ação ou omissão do sujeito ativo. Não se admite a tentativa. 
Exemplo: Cárcere Privado (art. 148 do CP) 
c) DELITO INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES é aquele em que 
a permanência do efeito não depende do prolongamento da ação do sujeito ativo, ou 
seja, ocorre quando, consumada a infração em dado momento, os efeitos permanecem, 
independentemente da vontade do sujeito. Exemplo: Crime de bigamia previsto no artigo 
235 do CP. 
 
 
Quanto à conduta: 
 
a) CRIMES COMISSIVOS são os que exigem, segundo o tipo penal objetivo 
(descrição abstrata de um comportamento), em princípio, uma atividade positiva do 
agente, ou seja, uma ação. Exemplo: Roubo (art. 157 do CP) 
b) CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS OU PUROS são os que objetivamente 
são descritos com uma conduta negativa, ou seja, de não fazer o que a lei determina, 
consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica. É a omissão do autor quando 
deve (e pode) agir – MAS FALAMOS DE UM DEVER GENÉRICO que cabe a todos num 
“dever” de solidariedade a todos imposto. Obs.: Para sua consumação, a lei dispensa 
qualquer ocorrência de resultado naturalístico. Exemplo: Omissão de socorro (art. 135 
do CP) Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao 
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da 
autoridade pública. 
c) CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVOS POR OMISSÃO 
existem quando a omissão consiste na transgressão do dever jurídico (ESPECÍFICO) de 
impedir o resultado, praticando-se o crime que, abstratamente, é comissivo. Nesses 
casos, a lei descreve uma conduta de fazer, mas o agente se nega a cumprir o dever de 
agir. A obrigação jurídica de agir deve existir,

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