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NEUROFISIOLOGIA

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO .................................................. 3 
1.1 Sistema Nervoso – Divisão Anatômica................................................. 4 
1.2 Neurônios ............................................................................................. 6 
2 TIPOS DE NEURÔNIOS ............................................................................. 8 
3 TIPOS DE SINAPSE ................................................................................. 10 
4 ESTRUTURA BÁSICA DE UM NEURÔNIO ............................................. 11 
4.1 Classificação dos neurônios ............................................................... 12 
5 FENÔMENOS FUNDAMENTAIS DA NEUROFISIOLOGIA ...................... 14 
5.1 Comunicar, adaptar, sustentar e compreender .................................. 14 
5.2 A transmissão de sinais ...................................................................... 14 
5.3 A plasticidade neural .......................................................................... 15 
5.4 A produção do líquor .......................................................................... 15 
5.5 O pensamento .................................................................................... 15 
6 SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO ........................................................... 16 
7 NOÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO ONTOGENÉTICO E 
FILOGENÉTICO DO SISTEMA NERVOSO .............................................................. 19 
7.1 Considerações sobre a evolução filogenética inicial do SNC ............. 22 
7.2 Neurotransmissores ........................................................................... 28 
8 NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL ....................................................... 32 
8.1 Plasticidade e Desenvolvimento ......................................................... 33 
8.2 Neuroplasticidade e Aprendizagem .................................................... 34 
8.3 Processos envolvidos na aprendizagem ............................................ 35 
9 DOENÇAS DEGENERATIVAS DO CÉREBRO ........................................ 42 
9.1 Alzheimer ........................................................................................... 43 
9.2 Parkinson ........................................................................................... 43 
9.3 Huntington .......................................................................................... 44 
 
 
9.4 Esclerose Múltipla .............................................................................. 45 
9.5 Acidente Vascular Cerebral (AVC) ..................................................... 46 
9.6 Epilepsia ............................................................................................. 46 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 50 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO1 
 
Fonte:www.portalsaofrancisco.com.br 
O sistema nervoso é o que nos permite perceber e interagir com o nosso am-
biente. O encéfalo regula a função voluntária e involuntária, permite-nos estar atentos 
e receptivos e possibilita que respondamos física e emocionalmente ao mundo. A fun-
ção cerebral é o que nos torna a pessoa que somos. 
O sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso central (SNC), com-
posto pelo encéfalo e pela medula espinal, e sistema nervoso periférico (SNP), com-
posto de todos os nervos e seus componentes fora do SNC. 
 
1 Texto original extraído do link: http://www.larpsi.com.br/media/mconnect_uploadfiles/c/a/cap_014o.pdf 
 
 
 Sistema Nervoso – Divisão Anatômica 
 
Fonte:descomplica.com.br 
Bilhões de células nervosas (neurônios), captam informações do interior e exterior. 
•SNC: cavidades –craniana e coluna vertebral. 
•SNP: as fibras nervosas agrupam-se em feixes, dando origem aos nervos. 
•Nervos fazem a união do SNC com os órgãos periféricos. 
Se a união se faz no encéfalo = nervos cranianos, se ocorre na medula = ner-
vos espinhais. 
Sistema Nervoso Central (SNC) 
É aquele que se localiza dentro das cavidades craniana (crânio) e da coluna 
vertebral. Assim, o SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. O encéfalo 
é dividido em cérebro, cerebelo e tronco encefálico. 
Sistema Nervoso periférico (SNP) 
O sistema nervoso periférico, às vezes chamado simplesmente de SNP, é a 
parte do sistema nervoso que se encontra fora do sistema nervoso central (SNC). É 
constituído basicamente pelos nervos cranianos, nervos raquidianos e fibras e gân-
glios nervosos. 
 
 
Sistema Nervoso – O tecido nervoso 
O tecido nervoso é composto por dois tipos de célula: 
 Neurônios 
 Neuroglias ou glias. 
 
 
Fonte:www.infoescola.com 
As células do sistema nervoso são a base construtora para as complexas fun-
ções que ele desempenha. Mais de 100 milhões de neurônios preenchem o sistema 
nervoso humano. Cada neurônio tem contato com mais de mil outros neurônios. 
Os contatos neuronais são organizados em circuitos ou redes que se comuni-
cam para o processamento de todas as informações conscientes e inconscientes do 
encéfalo e da medula espinal. A segunda população de células, as chamadas células 
gliais, tem a função de apoiar e proteger os neurônios. As células gliais, ou glia, têm 
processos mais curtos e são mais numerosas que os neurônios, em uma proporção 
de 10:1. A função da glia vai além de um simples papel de apoio. 
 
 
 
Fonte:pt.slideshare.net 
As células gliais também participam da atividade neuronal, formam um reser-
vatório de células-tronco no interior do sistema nervoso e propiciam a resposta imu-
nológica a inflamações e lesões. 
 Neurônios 
Os neurônios são as células excitáveis do sistema nervoso. Os sinais são pro-
pagados por meio de potenciais de ação, ou impulsos elétricos, ao longo da superfície 
neuronal. 
Os neurônios comunicam-se uns com os outros por sinapses, formando redes 
funcionais para o processamento e armazenamento das informações. Uma sinapse 
tem três componentes: o terminal axonal de uma célula, o dendrito da célula receptora 
e um processo de célula glial. A fenda sináptica é o espaço entre esses componentes. 
Organização funcional dos neurônios: 
Há muitos tipos de neurônios no interior do sistema nervoso, mas todos têm 
componentes estruturais que lhes permitem processar a informação. 
Todos os neurônios têm um corpo celular, ou soma (também chamado de pe-
ricário), que contém o núcleo da célula, onde são produzidos todos os hormônios, as 
 
 
proteínas e os neurotransmissores. Um halo de retículo endoplasmático (RE) pode 
ser encontrado ao redor do núcleo, atestando a alta taxa metabólica dos neurônios. 
Esse RE colore-se intensamente de azul na coloração de Nissl e é comumente cha-
mado de substância de Nissl. Moléculas produzidas no soma são transportadas para 
as sinapses periféricas por uma rede de micro túbulos. 
 
 
Fonte: www.colegiovascodagama.pt 
O transporte do pericário ao longo do axônio até a sinapse é denominado trans-
porte anterógrado, pelo qual são transportados os neurotransmissores necessários à 
sinapse. O transporte ao longo dos micro túbulos também pode se dar do terminal 
sináptico ao pericário, o que se chama de transporte retrógrado. Ele é essencial para 
o vaivém dos fatores tróficos, em especial a neurotrofina do neurônio-alvo na periferia 
para o soma. 
Os neurônios dependem das substâncias tróficas fornecidas por seus alvos pe-
riféricos para a sobrevivência. É uma espécie de mecanismo de retroalimentação que 
informa ao neurônio que ele está inervando um “alvo vivo”. Alguns vírus que infectamneurônios, como o do herpes, também aproveitam esse mecanismo de transporte re-
trógrado. 
Depois que são apanhados pela terminação nervosa, são levados por trans-
porte retrógrado ao pericário, onde podem permanecer dormente até serem ativados. 
O input sináptico para um neurônio ocorre principalmente nos dendritos. Nesse local, 
 
 
as pequenas espinhas dendríticas são saliências onde ocorrem os contatos sinápticos 
com os axônios. 
 
 
Fonte:saude.hsw.uol.com.br 
As densidades pós-sinápticas nas espinhas dendríticas servem como o an-
daime que mantém e organiza os receptores de neurotransmissores e os canais de 
íons. Além disso, cada neurônio tem um axônio, cujas terminações fazem contatos 
sinápticos com outros neurônios. 
Esses processos cilíndricos surgem de uma área especializada chamada cone 
axonal ou segmento inicial e podem estar envoltos por uma camada protetora cha-
mada mielina. O cone axonal de um axônio é o local onde se somam todos os inputs 
de um neurônio, tanto excitatórios quanto inibitórios, e onde se toma a decisão de 
propagar um potencial de ação para a próxima sinapse. 
 
2 TIPOS DE NEURÔNIOS 
Existem diversos tipos de neurônios no SNC. Podem ser classificados de 
acordo com seu tamanho, sua morfologia ou conforme os neurotransmissores que 
utilizam. 
 
 
 
Fonte:brasilescola.uol.com.br 
 Neurônios multipolares: Tipo mais abundante no sistema nervoso central; 
são encontrados no encéfalo e na medula espinal. Os dendritos ramificam-se 
diretamente do corpo celular, e um axônio único surge a partir do cone axonal. 
 Neurônios pseudounipolares: Os neurônios pseudounipolares são encon-
trados sobretudo nos gânglios espinais. Apresentam um ramo periférico do 
axônio que recebe a informação sensorial da periferia e a envia para a medula 
espinal, sem passar pelo corpo celular. Os neurônios pseudounipolares re-
transmitem a informação sensorial de um receptor periférico ao SNC sem mo-
dificar o sinal. Contudo, os neurônios bipolares na retina e no epitélio olfatório 
integram múltiplos inputs e, em seguida, passam essa informação modificada 
para o neurônio seguinte na cadeia. 
 Neurônios bipolares: Os neurônios bipolares são encontrados principalmente 
na retina e no epitélio olfatório. Apresentam um único dendrito principal, o qual 
recebe o input sináptico, que, por sua vez, é transportado para o corpo da 
célula e daí para a camada de células seguinte, via axônio. A diferença entre 
um neurônio pseudounipolar e um bipolar é a quantidade de processamento 
que ocorre em cada um deles. 
 Neurônios unipolares: possuem um corpo celular e um axônio. Não são 
muito frequentes e constituem, por exemplo, as células sensoriais da retina e 
mucosa olfatória. 
 
 
3 TIPOS DE SINAPSE 
Uma sinapse é o contato entre duas células neuronais. Os potenciais de ação 
codificam a informação, que é processada no sistema nervoso central; e é por meio 
das sinapses que essa informação é transmitida de um neurônio para outro. 
 
 
Fonte:pt.slideshare.net 
 Sinapses axodendríticas: Os contatos sinápticos mais comuns no SNC 
ocorrem entre um axônio e um dendrito, as chamadas sinapses axodendríti-
cas. A árvore dendrítica de um dado neurônio multipolar receberá milhares de 
inputs de sinapses axodendríticas, o que fará com que esse neurônio alcance 
o limiar e gere um sinal elétrico, ou potencial de ação. A arquitetura da árvore 
dendrítica é um fator-chave no cálculo da convergência de sinais elétricos no 
tempo e no espaço (chamado de somação temporoespacial). 
 Sinapses axossomáticas: Um axônio também pode contatar outro neurônio 
diretamente na soma da célula, o que é chamado de sinapse axossomática. 
Esse tipo de sinapse é muito menos comum no sistema nervoso central e é 
um poderoso sinal muito mais próximo do cone axonal, no qual um novo po-
tencial de ação pode se originar. 
 Sinapses axoaxônicas: Quando um axônio contata outro, ocorre a chamada 
sinapse axoaxônica. Essas sinapses muitas vezes acontecem no cone axonal 
 
 
ou próximo a ele, onde podem causar efeitos muito poderosos, inclusive pro-
duzir um potencial de ação ou inibir um que, de outra forma, teria sido desen-
cadeado. 
4 ESTRUTURA BÁSICA DE UM NEURÔNIO 
 
Fonte:nossabio.blogspot.com.br 
 Corpo celular, pericário ou soma - representa o centro trófico da célula, ca-
paz de receber estímulos. 
 Axônio - essa projeção da célula, longa e semelhante a um cabo, transporta a 
mensagem eletroquímica (impulso nervoso ou potencial de ação) pela exten-
são da célula; dependendo do tipo do neurônio, os axônios podem ser cobertos 
por uma fina camada de substância lipídica, conhecida como bainha de mielina, 
como um fio elétrico com isolamento. A mielina é feita de gordura e ajuda a 
acelerar a transmissão de um impulso nervoso através de um axônio longo. Os 
neurônios com mielina costumam ser encontrados nos nervos periféricos (neu-
rônios sensoriais e motores), ao passo que os neurônios sem mielina são en-
contrados no cérebro e na medula espinhal. 
 Dendritos ou terminações nervosas - essas projeções pequenas e seme-
lhantes a galhos realizam as conexões com outras células e permitem que o 
neurônio se comunique com outras células ou perceba o ambiente a seu redor. 
Os dendritos podem se localizar em uma ou nas duas terminações da célula. 
 
 
 Nódulo de Ranvier - é o espaçamento isento de bainha de mielina no axônio. 
Tal espaçamento permite a chamada condução saltatória e consequentemente 
um impulso nervoso mais rápido. 
 Classificação dos neurônios 
Segundo a função: como explicado na parte de sistema nervoso periférico, os 
neurônios se dividem em: 
 Aferente: recebe as informações da pele ou outros órgãos sensoriais e leva 
para o SNC. 
 Eferente: traz informações do SNC para os músculos e glândulas. 
Interneurônios: recebem as informações dos neurônios aferentes e se comu-
nicam entre si com os neurônios motores. 
 
Segundo a estrutura: Com base em como os neurônios são estruturados, 
eles podem se dividir em: 
 
 Unipolar: apresenta um único processo(axônio). São raros, exceto no embrião. 
Bipolar: apresentam dois processos (um axônio e um dendrito). Encontrado na 
retina e no epitélio olfatório. 
 Multipolar: formado por axônio e vários dendritos (a maioria, encontrado no 
SNC). 
 Pseudounipolar: Apresenta um único processo que se divide em dois. Uma 
parte vai para a periferia e a outra para o SNC. 
 
Neuroglias ou glias: 
As neuroglias são células não neuronais que fazem parte do sistema nervoso 
e tem um papel importante para o funcionamento do sistema nervoso. Elas são su-
portes para os neurônios e a sua ausência prejudica na transferência de impulsos 
entre os neurônios. Embora menores em tamanho que os neurônios a sua proporção 
populacional é bem maior. 
 
 
 
Fonte:nadhayogi.blogspot.com.br 
Cada neurônio tem pelo menos 10 glias auxiliando. Longe de ser apenas a “cola 
de neurônios”, sabemos agora que as células gliais são um componente essencial da 
função do SNC. As oligodendroglias e as células de Schwann ajudam a dispor a bai-
nha de mielina em torno dos axônios no SNC e SNP, respectivamente. Os astrócitos 
estão envolvidos na homeostase de íons e nas funções nutritivas. 
A glia também tem funções únicas de sinalização e modificação de sinal. As 
células NG2 (polidendrócitos) são outro tipo de célula glial que constitui a reserva de 
células tronco do SNC, com a capacidade de gerar tanto células gliais quanto neurô-
nios novos. Por fim, as microglias são as células imunológicas do encéfalo, porque a 
barreira hematencefálica separa o encéfalo das células imunes dosangue. 
 
 
5 FENÔMENOS FUNDAMENTAIS DA NEUROFISIOLOGIA 
 
Fonte:blog.doctuo.net 
 Comunicar, adaptar, sustentar e compreender 
Mais representativos da funcionalidade do sistema nervoso, os fenôme-
nos mentais, psíquicos ou neurológicos, se preferir, ocorrem como parte de sua fisio-
logia natural. Desde a produção do líquor, ao fenômeno da excitabilidade neuro-
nal propriamente dito, o pensamento, a plasticidade neural, as emoções, como raiva, 
medo, agressividade e afetividade, os fenômenos cognitivos, os vários aspectos 
do comportamento, como um músculo do corpo que se contrai respeitando uma or-
dem do pensamento. Os fenômenos neurológicos são inúmeros e quatro deles, fun-
damentais, serão apresentados 
 A transmissão de sinais 
Quando um neurônio recebe um estímulo, se este é “forte” o suficiente, produ-
zirá um impulso nervoso. O impulso nervoso corresponde a uma corrente elétrica que 
percorre o axônio até os botões sinápticos. O impulso nervoso precisa encontrar 
a membrana numa condição denominada potencial de repouso (-70 mV); uma vez ini-
ciado, se auto propagará. Os potenciais capazes de gerar tal transmissão de sinal 
 
 
são denominados potenciais de ação (> 15 mV). Os sinais elétricos que percor-
rem neurônios, sinapses, órgãos receptores e efetores constituem a base da comuni-
cação, em todas as suas instâncias. 
 A plasticidade neural 
Esta é definida como a capacidade que o sistema nervoso tem de mudar 
em resposta às exigências do ambiente em que se encontra. É um fenômeno que 
depende de mudanças micro estruturais nos próprios neurônios, morfológicas e fisio-
lógicas. O termo também pode ser definido, quando ocorre nas sinapses, de plastici-
dade sináptica. Especialmente as sinapses ao sofrerem o fenômeno plástico, ou ficam 
“fortalecidas”, reforçadas pelo fenômeno de potenciação, ou se desfazem pela retra-
ção e protrusão dendríticas. Sem a plasticidade neural, não aprendemos, simples-
mente não nos adaptamos. 
 A produção do líquor 
O liquor sustenta e protege o cérebro contra eventuais choques mecânicos. 
Além disso, também desempenha um papel imunológico, servindo como veículo 
para nutrientes e agentes de defesa contra infecções. O liquor é produzido pelo plexo 
coroide e, após circular pelo interior do cérebro, é absorvido pelo sistema de drena-
gem venoso. Cerca de 100-150 ml são produzidos diariamente. Durante séculos se 
acreditou que o sistema ventricular era onde a alma estava alojada. O estudo do sis-
tema ventricular e da neurofisiologia do liquor, tão importante para o sistema nervoso 
central, prova que a absorção de impactos e a proteção são básicas para qualquer 
processo, por mais complexo que ele seja. 
 O pensamento 
Segundo Jolivet, o pensamento é a capacidade que tem o ser de, através de 
três operações mentais distintas, a formação de ideias, o juízo sobre as relações 
de conveniência entre essas ideias e o raciocínio, que estabelece relações entre os 
juízos, compreender o significado das coisas concretas e das abstrações, bem como 
 
 
das relações que elas guardam entre si. Filosofias à parte, é através do pensamento 
que o ser humano dá conta de sua existência e do seu papel social. 
6 SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO 
 
Fonte:saude.culturamix.com 
O sistema nervoso somático é uma pequena parte do sistema nervoso. O sis-
tema somático basicamente é composto pelos nervos e neurônios, que atuam como 
receptores das ordens enviadas pelo cérebro e transmitidas pela medula, realizando 
todas as atividades chamadas voluntárias pelo sistema nervoso, como mexer os bra-
ços ou pernas, piscar os olhos, dentre outras que realizamos conscientemente. As 
ações promovidas pelos cinco sentidos (audição, visão, olfato, paladar e tato) também 
são decorrentes do sistema nervoso somático. 
Para realizar suas funções corretamente, o sistema nervoso somático divide as 
áreas do cérebro em dois grandes grupos, com o intuito de organizar as funções do 
sistema, sendo denominados aferente e eferente. O componente aferente do sistema 
nervoso somático tem a função de enviar informações ao sistema nervoso central so-
bre o ambiente em torno da pessoa, usando principalmente os cinco sentidos para 
 
 
esta tarefa. Já o componente eferente cuida dos movimentos voluntários do ser hu-
mano, recebe as ordens do cérebro por meio dos neurônios e estimula os músculos e 
ossos para realizar os movimentos. 
 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Os dois grupos do sistema nervoso somático também fazem relação com outra 
parte do sistema nervoso, o visceral. Este sistema em particular faz o controle e inter-
venção nas vísceras, que por sua vez controlam as ações de boa parte dos órgãos 
internos. No componente aferente, o sistema nervoso visceral conduz os impulsos 
enviados das vísceras até áreas específicas do sistema nervoso, enquanto o compo-
nente eferente realiza o caminho oposto. Esta função, em especial do componente 
eferente, o classifica como sistema nervoso autônomo, o que cuida das ações invo-
luntárias do organismo, como o funcionamento dos órgãos internos e o controle emo-
cional. 
Com o sistema nervoso somático é possível o indivíduo realizar todo o tipo de 
contato com o ambiente. Através dos sentidos, o ser humano consegue captar todas 
as informações que precisa para manter o bom funcionamento do corpo. Além dos 
sentidos, é possível perceber através do sistema somático a temperatura e a pressão 
arterial quando estas apresentam sinais impróprios, alertando todo o organismo de 
 
 
que há alguma coisa errada. Até mesmo em problemas relacionados ao sistema ner-
voso autônomo, como a respiração, batimentos cardíacos e outras funções, é possível 
reparar as alterações pelo sistema somático, sendo que a pessoa interpreta da ma-
neira mais cabível aos seus conhecimentos. 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
Não há doenças conhecidas que afetem diretamente o sistema nervoso somá-
tico. Existem, contudo, doenças que afetam todo o sistema nervoso, como a Leucemia 
e o Alzheimer, cujos tratamentos são complicados, com pouca ou nenhuma chance 
de cura. 
Talvez o único mal que afete diretamente o sistema nervoso somático seja o 
desmaio, em que a vítima perde o controle de todos os sentidos, mas isto decorre de 
outros problemas, como falta de alimentação e queda brusca na pressão arterial. 
 
 
7 NOÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO ONTOGENÉTICO E FILOGENÉ-
TICO DO SISTEMA NERVOSO2 
 
Fonte: www.youtube.com 
Para Sarnat, do ponto de vista anatômico, há três maneiras básicas de se es-
tudar o sistema nervoso central (SNC). A primeira consiste em estudar a simples dis-
posição espacial das suas estruturas já desenvolvidas, campo de estudo denominado 
neuroanatomia; a segunda, em estudar o seu desenvolvimento ontogenético; e a ter-
ceira, em estudar o seu desenvolvimento filogenético- ocorrido ao longo da chamada 
evolução das espécies, o que é feito principalmente através da paleontologia e da 
anatomia comparada. 
Para a discussão de considerações de ordem anatômica pertinentes a ques-
tões comportamentais, paralelamente às relevantes contribuições experimentais em 
animais e às observações clínicas em seres humanos, a análise dos conhecimentos 
existentes sobre a evolução filogenética das estruturas nervosas nos parece ser par-
ticularmente útil, uma vez que ela nos possibilita fazer especulações sobre o apareci-
mento, o desenvolvimento e o embricamento dessas estruturas e as possíveis carac-
terísticas e comportamentos dos seus respectivos elementos evolutivos. 
 
2 Texto original extraído do link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462006000400015Ao propiciar uma visão progressiva das complexidades nervosa e comporta-
mental ao longo da evolução, a análise filogenética também acarreta, a cada passo, 
questionamentos sobre a própria conceituação de termos como consciência e psi-
quismo, entre outros, principalmente por propiciar especulações sobre os possíveis 
paralelos comportamentais existentes entre as diferentes espécies e o próprio ser hu-
mano. 
 
 
Fonte: portal2013br.wordpress.com 
Em relação ao processo evolutivo, é importante lembrar que este diz respeito a 
mudanças que ocorreram por força de fatores principalmente ambientais que influen-
ciaram todos os seres vivos, e não através de simples adições terminais de novas 
estruturas. Os processos evolutivos têm como principais denominadores comuns a 
adaptação, a expansão da diversidade e o aumento da complexidade. 
Do ponto de vista evolutivo, o que nós, seres humanos, temos em comum com 
outros animais é apenas o fato de que nos originamos de elementos ancestrais co-
muns hoje extintos e que deram origem a diferentes espécies que, por sua vez, sofre-
ram as suas próprias evoluções. Enquanto, por exemplo, os vertebrados mais primiti-
vos não possuíam qualquer córtex, hoje mesmo os animais menos complexos apre-
sentam algum manto cortical, uma vez que eles também são produtos de uma longa 
 
 
evolução; portanto, o que mais distingue o cérebro humano não é a simples existência 
da nossa chamada camada neocortical, mas sim a sua dimensão e, principalmente, a 
sua organização. 
 
Fonte: www.todamateria.com.br 
Ao longo de milhões de anos, o SNC dos vertebrados se desenvolveu até atin-
gir a complexidade do SNC humano, e é particularmente interessante e intrigante 
como o desenvolvimento embrionário e fetal do SNC humano refaz grosseiramente 
este mesmo curso, conforme será discutido adiante. 
As maiores dificuldades dos estudos filogenéticos evidentemente se devem à escas-
sez de informações sobre os elementos já extintos, ao longo tempo necessário para 
observação de quaisquer mudanças evolutivas naturais ou experimentais e à veraci-
dade das inferências sugeridas pelos estudos de anatomia comparada. O desenvolvi-
mento de técnicas de sequenciamento do DNA seguramente propiciará avanços neste 
campo, dadas as suas possibilidades de comparar genomas de diferentes espécies e 
mesmo de espécies extintas. 
 
 
 Considerações sobre a evolução filogenética inicial do SNC 
 
Fonte: profaerica-ciencias.blogspot.com.br 
O nível de organização a seguir atingido pelas chamadas células eucarióticas 
as tornou capazes de se dividir e se reproduzir; a ocorrência de mecanismos de sim-
biose fez surgir os primeiros organismos multicelulares há cerca de 700 milhões de 
anos. Esses organismos logo invadiram o meio marinho, onde encontraram condições 
mais estáveis para a sua evolução, vindo a dar origem a peixes primitivos com esque-
letos mineralizados há aproximadamente 570 milhões de anos. 
Desde os seres vivos mais primitivos, a principal função do sistema nervoso é 
propiciar a adaptação ao meio ambiente e, para tanto, se fazem necessárias três pro-
priedades importantes: irritabilidade, condutibilidade e contratilidade. Assim, um ser 
unicelular, como uma ameba, ao ser estimulado, afasta-se de onde foi tocado, eviden-
ciando que o sistema nervoso nestes seres vivos corresponde às próprias estruturas 
da sua superfície. 
Com a evolução dos seres vivos, as suas funções evidentemente foram se tor-
nando mais complexas, surgindo células especializadas para cada função e desen-
volvendo-se uma orquestrada coordenação entre o controle da vida de relação com o 
meio externo e o próprio controle da economia interna destes organismos. 
 
 
Nas esponjas, os receptores de superfície passaram a transformar os diferen-
tes estímulos físicos e químicos em impulsos nervosos, como verdadeiros órgãos de 
sensibilidade, e os músculos e glândulas se desenvolveram como órgãos efeto-
res. Nos metazoários mais diferenciados, as células musculares passaram a se loca-
lizar mais profundamente e, nas suas superfícies, as células se diferenciaram para 
discriminar os diferentes estímulos do meio ambiente. Nos celenterados, as células 
especializadas em irritabilidade e condutibilidade passaram a se caracterizar como 
células nervosas propriamente ditas. Nas anêmonas do mar já existem células nervo-
sas unipolares com prolongamentos que fazem contato com as células musculares 
situadas profundamente. Admite-se, assim, que redes de neurônios propriamente di-
tos tenham surgido há cerca de 700 milhões de anos em seres marinhos ainda inver-
tebrados. 
Paralelamente ao aprofundamento dos músculos e ao desenvolvimento de di-
ferentes receptores sensitivos, nos platelmintos e anelídios o sistema de coordena-
ção, antes difuso, passa também a se agrupar, caracterizando a centralização do sis-
tema nervoso. Esta centralização aparentemente foi consequente às forças da sele-
ção natural, dada a maior vulnerabilidade das estruturas superficiais e a necessidade 
de coordenação de respostas mais complexas. 
Nos anelídeos, além do neurônio sensitivo, já se encontram desenvolvidos neu-
rônios eferentes, cujos axônios se ligam ao músculo e desencadeiam a resposta mo-
tora. 
A conexão do neurônio sensitivo como o neurônio motor se faz através de si-
napse, caracterizando-se, assim, os elementos básicos de um arco reflexo simples, 
segmentar. O elemento mais simples que possui um sistema nervoso básico, porém 
completo, é a hidra. Ao contrário das esponjas, que são seres vivos que não se movi-
mentam, a hidra já se locomove. O seu corpo é constituído por uma camada externa 
(ectoderma) principalmente sensitiva, por uma camada interna (endoderma) respon-
sável pelos processos de digestão e de eliminação de detritos alimentares e por uma 
fina camada intermediária (mesoderma). 
 
 
 
Fonte: blogdabiossintese.blogspot.com.br 
Em seguida evolutivamente, apareceram os neurônios de associação, que pas-
saram a viabilizar a interação de um segmento com outro: o axônio do neurônio sen-
sitivo passou a fazer sinapse com o neurônio de associação que, por sua vez, ao fazer 
sinapse com o neurônio motor do segmento vizinho, viabilizou o arco reflexo interse-
gmentar. 
O conhecimento das conexões dos neurônios do sistema nervoso da minhoca, 
por exemplo, já nos permite entender algumas das conexões da medula espinhal dos 
vertebrados. 
A integração anatômica dos níveis segmentares e dos neurônios de associação 
intersegmentares passou a constituir a medula espinhal e, no seu topo, desenvolve-
ram-se centros nervosos que controlam o funcionamento do corpo e as suas reações 
ao meio externo. Esses agrupamentos neuronais desenvolvidos no topo medular pas-
saram a constituir os equivalentes dos futuros tronco encefálico e do hipotálamo e, em 
conjunto com a medula, compuseram o SNC mais básico e comum a todas as espé-
cies e já existente nos primeiros animais vertebrados, que foram os peixes mais pri-
mitivos que surgiram há cerca de 400 milhões de anos.Agregados neuronais dispostos 
centralmente e ao longo das porções mais superiores do segmento correspondente 
ao tronco encefálico vieram constituir a chamada formação reticular, que nos elemen-
tos mais primitivos é, principalmente, responsável por regulações posturais através de 
influências retículo-espinais e pelo controle de funções orgânicas em conjunção com 
o hipotálamo. Posteriormente, com o desenvolvimento de estruturas nervosas mais 
superiores, a formação reticular veio a ser também responsável pelo ciclo sono-vigília 
 
 
e por mecanismos relacionados com a atenção por meio da atuação do chamado sis-
tema reticular ativador ascendente.Fonte: pt.slideshare.net 
O conglomerado celular no hipotálamo provavelmente corresponde à porção 
filogeneticamente mais antiga do encéfalo e, desde os seus primórdios, exerceu o 
controle interno dos diferentes organismos através da sua atividade neurosecretória, 
sendo responsável pelo controle do metabolismo da água e eletrólitos, da termo regu-
lação, do sistema nervoso autônomo, do apetite e pelo controle endócrino propria-
mente dito já nos vertebrados mais primitivos. Nestes, a proeminência hipotalâmica 
basal, denominada tuber cinereum, que abriga os neurônios cujos axônios constituem 
a haste hipofisária, constitui a maior parte do hipotálamo. 
 
 
 
Fonte: souenfermagem.com.br 
Os elementos primordiais do cerebelo e dos tratos espinocerebelares também 
começam a se mostrar mais evidentes nos peixes primitivos, principalmente à medida 
que estes desenvolvem as suas musculaturas do tronco. O corpo constituído por estes 
conglomerados celulares cerebelares primitivos equivale ao vermis dos vertebrados 
mais evoluídos. 
Sobre esta constituição básica e fundamentalmente segmentar do SNC dos 
primeiros vertebrados, as forças evolutivas desencadearam a continuidade do desen-
volvimento nervoso em função dos eventos a que estes elementos e os seus descen-
dentes vieram a ser submetidos. Entre estes eventos, destacam-se a incursão terres-
tre que estes seres marinhos vieram a efetuar e o ulterior desenvolvimento dos ma-
míferos que culminou com o surgimento dos primatas e do ser humano. 
A existência de relações entre a filogênese (evolução filogenética das espécies) 
e a ontogênese (evolução embriológica, fetal e pós-natal do ser humano) constitui uma 
questão já aventada e discutida desde os tempos da Grécia antiga. Entre os filósofos 
pré-socráticos, Anaximandro, Anaxímenes e Demócritus conceberam o cosmos como 
se desenvolvendo circundado por um envelope que lembra a membrana amniótica. 
Anaximandro e Empédocles chegaram a comparar os estágios da embriologia hu-
mana com etapas prévias do ciclo cósmico por eles imaginado. 
 
 
 
Fonte: educarparacrescer.abril.com.br 
Aristóteles (384-322 a.C.), considerado pai da anatomia comparada, ao clas-
sificar os animais o fez conforme um critério progressivo de "perfeição". Ele acreditava 
que, durante o seu desenvolvimento, o embrião humano incorporava "almas" também 
progressivamente mais diferenciadas, por ele denominadas "nutritiva, sensitiva e ra-
cional." 
No entanto, coube a Ernest Haeckel (1834-1919) formular o conhecido dito de 
que a "ontogenia recapitula a filogenia", ao afirmar, a partir dos seus estudos, que "a 
rápida e breve ontogenia é uma sinopse condensada da longa e lenta história da filo-
gênese". Para Haeckel, cada etapa embriológica se caracterizaria como tendo carac-
terísticas semelhantes ao produto adulto final de cada ancestral correspondente 
àquela etapa, e que teriam sido realocadas nos estágios iniciais do desenvolvimento 
ontogenético humano por forças decorrentes da evolução da sua linhagem. 
Os chamados recapitulacionistas evolucionários que o seguiram se fundamen-
taram em dois mecanismos básicos para relacionar a evolução com a embriologia: 
1) a lei ou fenômeno de adição terminal, que explica as mudanças evolutivas 
como ocorrendo pela adição de novas etapas sobre o estágio final de cada respectivo 
ancestral; e 
2) a lei ou fenômeno de condensação, na qual os processos de desenvolvi-
mento evolucionário ocorrem e são acelerados pelo deslocamento de características 
ancestrais para fases mais precoces do desenvolvimento embrionário dos respectivos 
descendentes. 
 
 
Entre os autores que se opuseram às hipóteses de Haeckel, destaca-se o em-
briologista e antropologista alemão Karl Ernest von Baer (1792-1876), que refutou a 
concepção de estágios embrionários caracterizados por particularidades ancestrais 
adultas e sugeriu que estas etapas equivaliam simplesmente a estágios precoces co-
muns à ontogenia de todos os vertebrados. 
Stephen Jay Gould (1941-2002), professor de Zoologia da Universidade de 
Harvard e grande evolucionista da atualidade, ao tratar das relações entre a filogênese 
e a ontogênese humana, admite que as mudanças evolutivas se expressam na onto-
genia do homem e valoriza, em particular como mecanismo evolutivo, a importância 
da chamada heterocronia (ou variação temporal do aparecimento de características 
ontogenéticas) como determinante das mudanças filogenéticas. Portanto, para Gould, 
as mudanças de regulação dos genes por fim responsáveis pelas mutações evolutivas 
são, em grande parte, determinadas pelas mudanças dos momentos embriológicos 
de desenvolvimento de características comuns a ancestrais e descendente 
 Neurotransmissores 
 
Fonte: psiqweb.net 
 
 
Os neurotransmissores são moléculas liberadas pelos neurônios pré- sinápti-
cos e são o meio de comunicação em uma sinapse química. Eles se ligam a recepto-
res de neurotransmissores, podendo se acoplar a um canal iônico (receptores iono-
trópicos) ou a um processo de sinalização intracelular (receptores metabotrópicos). 
Os neurotransmissores são específicos para o receptor em que se ligam e pro-
vocam uma resposta específica nos neurônios pós-sinápticos, resultando em um sinal 
excitatório ou inibitório. 
 
1. Glutamato: O glutamato é o neurotransmissor excitatório mais comum no SNC. 
Ele pode se ligar a receptores ionotrópicos de glutamato, que incluem os receptores 
NMDA (N-metil-D-aspartato), receptores de AMPA (-amino-3-hidroxilo-5-metil-4-iso-
xazole-propionato) e receptores de cainato. Esses receptores são nomeados de 
acordo com os agonistas (além do glutamato) que se ligam especificamente a eles. 
Todos esses receptores causam um influxo de cátions (carga positiva) nos neurônios 
pós-sinápticos. O receptor de NMDA é um pouco diferente do AMPA e do cainato, 
pois seu poro é bloqueado por um íon Mg2, a menos que a membrana pós-sináptica 
seja despolarizada. Uma vez desbloqueado, o canal é permeável não só ao Na, mas 
também a grandes quantidades de Ca2. Um excesso de influxo de Ca2 pode resultar 
em uma cascata de eventos que pode levar à morte celular. O glutamato também 
pode se ligar a uma família de receptores metabotrópicos de glutamato (mGluRs), 
que iniciam a sinalização intracelular capaz de modular os canais iônicos pós-sináp-
ticos indiretamente. Isso costuma aumentar a excitabilidade dos neurônios pós-si-
nápticos. O glutamato é sintetizado nos neurônios pelos precursores da glutamina, 
a qual é fornecida pelos astrócitos, que a produzem a partir do glutamato captado na 
fenda sináptica. 
 
2. GABA e glicina: O ácido -aminobutírico (GABA) e a glicina são os neurotrans-
missores inibitórios mais importantes do SNC. Cerca de metade de todas as sinap-
ses inibitórias na medula espinal utiliza glicina. A glicina se liga a um receptor iono-
trópico, que permite o influxo de Cl. A maioria das outras sinapses inibitórias do SNC 
utiliza GABA. O GABA pode se ligar a receptores ionotrópicos GABA (GABAA e GA-
BAC), que induzem um influxo de Cl quando ativados. Esse influxo leva a um acú-
mulo de carga negativa, que afasta o potencial de membrana de seu limiar (ou seja, 
o neurônio é inibido). O GABAB (receptor metabotrópico do GABA) ativa os canais 
 
 
de K e bloqueia os de Ca2, resultando em perda líquida da carga positiva, o que 
também conduz à hiperpolarização da célula pós-sináptica. 
 
 
3. Acetilcolina: A acetilcolina (ACh) é o neurotransmissor utilizado no SNP (gân-
glios do sistema motor visceral) e SNC (cérebro). Também é utilizado na junção neu-
romuscular (ver Capítulo 3, “Visão Geral do Sistema Nervoso Periférico”). 
Existem dois tipos dereceptores de ACh: 
1) Os receptores nicotínicos de ACh são receptores ionotrópicos e estão acoplados 
a um canal de cátion não seletivo; 
2) Os receptores muscarínicos de ACh compreendem uma família de receptores me-
tabotrópicos ligada a vias mediadas pela proteína G. Não há mecanismo de recap-
tação de ACh pela fenda sináptica. Sua depuração depende da enzima acetilcolines-
terase, que hidrolisa o neurotransmissor e o desativa. 4. Aminas biogênicas: São um 
grupo de neurotransmissores com um grupo amina em sua estrutura. Compreendem 
as catecolaminas dopamina, noradrenalina e adrenalina, bem como a histamina e a 
serotonina. 
 
 
Fonte: www.psiquiatriageral.com.br 
 
 
4. Aminas biogênicas: São um grupo de neurotransmissores com um grupo amina 
em sua estrutura. Compreendem as catecolaminas dopamina, noradrenalina e adre-
nalina, bem como a histamina e a serotonina. 
 Dopamina: A dopamina está envolvida em muitos circuitos do cérebro 
associados a emoções, motivação e recompensa. Atua em receptores 
acoplados à proteína G; sua ação pode ser tanto excitatória (via recep-
tores D1) quanto inibitória (via receptores D2). 
 Noradrenalina: A noradrenalina (também conhecida como norepine-
frina) é um neurotransmissor essencial envolvido no estado de vigília e 
atenção. Atua nos receptores metabotrópicos -adrenérgicos e -adrenér-
gicos, ambos excitatórios. A adrenalina (também conhecida como epi-
nefrina) atua sobre os mesmos receptores, mas sua concentração no 
SNC é muito mais baixa que a de noradrenalina. 
 Histamina: A histamina se liga a um receptor metabotrópico excitatório. 
No SNC, está envolvida na vigília. d. Serotonina: A serotonina pode ter 
tanto efeitos excitatórios quanto inibitórios. Está envolvida em uma infi-
nidade de vias que regulam o humor, a emoção e várias vias homeostá-
ticas. A maioria dos receptores de serotonina é do tipo metabotrópica. 
Existe apenas um receptor ionotrópico, que é um canal de cátions não 
seletivo, sendo, portanto, excitatório. 
 
5. ATP: O ATP é mais conhecido como a fonte de energia dentro das células. 
Contudo, é também liberado pelos neurônios pré-sinápticos como um neurotrans-
missor. Por ser muitas vezes liberado junto com outros neurotransmissores, é cha-
mado de cotransmissor. Na fenda sináptica, o ATP pode ser quebrado em adeno-
sina, uma purina que se liga e ativa os mesmos receptores que o ATP. Esses recep-
tores purinérgicos podem ser tanto ionotrópicos (P2X) como metabotrópicos (P2Y). 
Os ionotrópicos são acoplados a canais catiônicos não específicos e são excitató-
rios, e os metabotrópicos agem em vias de sinalização acopladas à proteína G. O 
ATP e as purinas são neuromoduladores. Uma vez que são liberados junto com ou-
tros neurotransmissores, o grau de ativação do P2X ou P2Y modulará a resposta ao 
outro neurotransmissor secretado, aumentando sua ação ou inibindo-o. 
6. Neuropeptídeos: Os neuropeptídeos são um grupo de peptídeos envolvidos 
na neurotransmissão. Incluem as moléculas envolvidas na percepção e modulação 
 
 
da dor, como a substância P, as metencefalinas e os opióides. Outros neuropeptí-
deos estão envolvidos na resposta neural ao estresse, como o hormônio liberador 
da corticotrofina e o hormônio adrenocorticotrófico. 
8 NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL 
 
Fonte: www.namu.com.br 
A neuroplasticidade refere-se à capacidade do sistema nervoso de alterar al-
gumas das propriedades morfológicas e funcionais em resposta a alterações do am-
biente, é a adaptação e reorganização da dinâmica do sistema nervoso frente às al-
terações. A plasticidade nervosa não ocorre apenas em processos patológicos, mas 
assume também funções extremamente importantes no funcionamento normal do in-
divíduo. Graças a esta capacidade é que, crianças que sofreram acidentes, às vezes 
gravíssimos, com perda de massa encefálica, déficits motores, visuais, de fala e au-
dição, vão se recuperando gradativamente e podem chegar à idade adulta sem se-
quelas. 
Formas de plasticidade: 
 Regenerativa: consiste no recrescimento dos axônios lesados. É mais 
comum no sistema nervoso periférico. 
 Axônica: ou plasticidade ontogenética, ocorre de zero a 2 anos de idade, 
é a fase crítica, fundamental para desenvolvimento do SN. 
 
 
 Sináptica: Capacidade de alterar a sinapse entre as células nervosas. 
 Dendrítica: Alterações no número, no comprimento, na disposição espa-
cial e na densidade das espinhas dendríticas, ocorrem principalmente 
nas fases iniciais do desenvolvimento do indivíduo. 
 Somática: Capacidade de regular a proliferação ou morte de células 
nervosas. Somente o sistema nervoso embrionário é dotado dessa ca-
pacidade. 
 Plasticidade e Desenvolvimento 
 
Fonte: fisioterapiaalphaville.com 
O grau de plasticidade neural varia com a idade do indivíduo. Durante o desen-
volvimento o sistema nervoso é mais plástico, principalmente as fases denominadas 
de períodos críticos que é mais susceptível a transformações. Ao nascimento os ór-
gãos do sistema nervoso já estão praticamente formados anatomicamente, embora 
as sinapses não estejam estabelecidas. 
Daí a importância da maturação nervosa para a aprendizagem: aprender signi-
fica ativar sinapses normalmente não utilizadas. 
 
 
 Neuroplasticidade e Aprendizagem 
Por muitos anos os cientistas afirmaram que ao atingir determinada idade o 
cérebro perderia a capacidade de produção neural, que se o tecido cerebral fosse 
lesado em regiões específicas por conta de derrames, traumatismos ou doenças, essa 
região jamais se regeneraria causando no indivíduo uma perda total da função exer-
cida por ela. 
 
Fonte: enbmoficial.wordpress.com 
Atualmente sabemos, por meio dos resultados das pesquisas científicas, que 
embora o cérebro seja incapaz de se regenerar ele possui uma capacidade de se 
reorganizar, ou seja, de se adaptar, de modificar o processamento das informações e 
que essa capacidade de modificação e rearranjo das redes de neurônios formam no-
vas sinapses reforçadas. Assim múltiplas possibilidades de respostas ao ambiente 
tornam-se possíveis, pois o cérebro é altamente maleável e com os estímulos, ade-
quados e intensos, pode-se modificar a estrutura cerebral desenvolvendo habilidades. 
Segundo HOUZEL (2010) 
O que nós sabemos, no entanto, é que mesmo que o cérebro não consiga 
reconstruir o tecido afetado, o tecido que ele perdeu, ele é capaz de usar o 
que sobrou e modificar a maneira como essas regiões restantes do cérebro 
são usadas. E a base disso tudo é o uso. A reorganização funcional do cére-
bro acontece quando existe demanda, quando nós insistimos em resolver-
mos um problema. 
A descoberta da Neuroplasticidade, ou seja, da capacidade plástica do cérebro, 
da sua maleabilidade na qual ele se adapta às experiências e de que há uma rede de 
conexão neural muito ampla, portanto, de que algumas funções que anteriormente 
 
 
eram executadas por áreas cerebrais lesadas ou disfuncionais, podem ser assumidas 
por outras áreas fazendo com que ocorra uma reorganização e reestruturação das 
conexões neurais, desfez antigas crenças de que o cérebro só se modificava com a 
velhice.Assim como o cérebro das crianças -que apresenta uma neuroplasticidade 
mais intensa- o do adulto também apresenta essa plasticidade, que cria novas e cor-
retas conexões para que ele possa aprender a cada dia mais. 
As neurociências demonstraram por meio dos seus experimentos, como os re-
alizados em 2000 por cientistas britânicos com os taxistas de Londres que por exerci-
tarem diariamente a memorização de ruas e rotas da cidade estimularam e desenvol-
veram o hipocampo – região fundamental da memória espacial- mais queoutras pes-
soas e que a capacidade de memorização não declinou com o passar dos anos e sim 
ocorreu o contrário, pois a atividade mental contínua gerou novos neurônios que mi-
graram para a área mais utilizada pelos motoristas, que o exercício mental e o estí-
mulo, têm como consequência a produção de novas células nervosas. 
Essa descoberta abre possibilidades para a reabilitação de pessoas com lesões 
cerebrais e para que as crianças e adolescentes tenham novas esperanças para o 
tratamento dos distúrbios e transtornos de aprendizagem. 
 Processos envolvidos na aprendizagem 
 
Fonte: neurobusinessbrasil.blogspot.com.br 
 
 
Os processos envolvidos na aprendizagem são a sensação, em que os estí-
mulos incidem sobre os receptores; a atenção, pré-requisito para a aprendizagem é 
fundamental para a recepção da informação, pois precisamos ter atenção para focar 
no estímulo que queremos aprender; a concentração, decorrente da fixação da aten-
ção; a percepção, processo complexo em nível cortical responsável pela interpreta-
ção e codificação da informação e a memorização, retenção da informação pelas 
áreas da memória pelo córtex cerebral. 
Para a Neurociência Cognitiva (NC) a atenção é a porta para a aprendizagem 
e o seu desenvolvimento depende da interação entre as estruturas do tronco encefá-
lico e das suas conexões com o córtex frontal. É um processo complexo. 
 
 
Fonte: fontesdeluz.blogspot.com.br 
Nas escolas muitas crianças e adolescentes que são considerados desatentos 
apresentam baixo desempenho acadêmico. Pode ser que esses alunos não sejam 
realmente desatentos, mas sim ainda têm a atenção involuntária ou dividida e por este 
motivo não aprenderam a selecionar qual estímulo deve ser focado. Gazzaniga (2010) 
define a atenção como sendo um mecanismo cerebral cognitivo que possibilita pro-
cessar informações, pensamentos ou ações relevantes, enquanto ignora outros irre-
levantes ou dispersivos. 
 
 
Há vários tipos de atenção: a atenção involuntária ou passiva que é voltada 
para eventos externos ao indivíduo como os barulhos, uma porta que se abre, um 
cheiro, etc.; a atenção voluntária ou ativa que é a vigília; a atenção sustentada na 
qual o sujeito se mantém atento ao que está sendo tratado por um longo período; a 
atenção alternada ou dividida, quando se sai de um foco de atenção e a compartilha 
com outros estímulos e a atenção seletiva, que é o que fazemos com o que nos é 
significativo, ou seja, selecionamos aquilo que nos interessa. 
O nosso cérebro consegue prestar atenção em uma coisa de cada vez devido 
às próprias limitações e não porque vivemos em um mundo altamente distrativo. 
Quando pensamos que estamos atentos a vários estímulos do ambiente (como estu-
dar ouvindo música ou assistindo a TV ao mesmo tempo) na verdade estamos cap-
tando fragmentos de cada um desses estímulos e não estamos realmente atentos a 
nenhum deles. 
 
Fonte: neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br 
As teorias da seleção precoce versus tardia defendem que o sistema de pro-
cessamento de informação humano não pode processar simultaneamente múltiplos 
sinais de entrada se há uma alta carga de informação, de forma que o sistema deve 
tomar uma “decisão” difícil sobre o que processar a seguir – o cerne da seleção 
(GAZZANIGA, 2010 p.269). Para aprender é necessário focar em apenas um estí-
mulo. 
 
 
Estando atento a um estímulo o cérebro registra a informação na memória, que 
é a capacidade que temos de adquirir, formar, conservar informações e recuperá-las, 
de acordo com as nossas necessidades para poder utilizá-las no presente. Ela é uma 
das funções cognitivas mais utilizadas pelos seres humanos, pois faz a manutenção 
de todo material aprendido. É a persistência do aprendizado. 
Segundo Izquierdo (2002), 
Memória é aquisição, a formação, a conservação e a evocação de informa-
ções. A aquisição é também chamada de aprendizagem: só se 'grava' aquilo 
que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lem-
brança, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi 
aprendido (2002, p.9). 
A memória passa por estágios, desde a codificação (em sub-estágios de aqui-
sição e consolidação) na qual a pessoa recebe e transforma a entrada de informações 
sensoriais e físicas para reter essas informações; o armazenamento (criando e man-
tendo um registro) e a evocação (a lembrança, o acesso às informações) para a exe-
cução de um comportamento. 
 
Fonte: neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br 
Memória e aprendizagem são as estruturas básicas para os conhecimentos, 
habilidades e planejamentos, pois envolvem as orientações temporais, espaciais, ha-
bilidades mentais e intelectuais, permitindo aos indivíduos se situarem no presente e 
planejarem o seu futuro, considerando sempre o seu passado. Não há como dissociar 
a memória da aprendizagem, pois para que a aprendizagem ocorra é fundamental que 
as informações e os conhecimentos adquiridos se consolidem na memória. 
 
 
Como as memórias são processos neuronais relacionados ao hipocampo, 
amígdala, córtex frontal e são moduladas pelas emoções, pelo nível de consciência e 
pelos estados de ânimo (interesse, motivação, necessidade), podemos inferir que a 
integridade do processo neuronal, das principais áreas relacionadas a elas e como 
são moduladas é fundamental no processo de aprendizagem e da sua qualidade. 
Segundo Melo (2008) a memória responsável por armazenar e adquirir conhe-
cimento sobre o mundo, incluindo fatos, conceitos e vocabulários é chamada de me-
mória semântica. Esse tipo de memória é requerida para armazenar o aprendizado 
das disciplinas escolares e estas necessitam de repetição, pois não são processadas 
imediatamente.Muitos educadores ainda desconhecem como os seus alunos apren-
dem, ou seja, quais são os meios que eles utilizam para aprender. Desconhecem tam-
bém que algumas das dificuldades que os seus alunos encontram no processo de 
aprendizagem podem estar associadas a problemas com a integridade da sua memó-
ria. 
 
Fonte: cardapiopedagogico.blogspot.com.br 
Assim sendo, os alunos não conseguirão atingir os objetivos esperados para a 
sua turma, pois a aprendizagem não ocorrerá e qualquer das estratégias utilizadas 
pelos professores será ineficiente gerando um desgaste emocional em todos os en-
volvidos no processo. 
Nas salas de aula podemos encontrar crianças e adolescentes que sequer con-
seguem repetir uma frase que acabaram de ouvir. Os educadores concluem que isso 
 
 
ocorre por pura falta de atenção, mas não sabem que essa suposta "desatenção" 
pode ocorrer por conta de prejuízos numa das principais funções cognitivas utilizadas 
por nós, a memória. 
Como vimos anteriormente sobre os vários tipos de atenção é improvável que 
alguém seja "desatento". O que podemos considerar é que a pessoa em questão, ou 
nosso aluno, esteja utilizando sistematicamente um tipo específico de atenção, como 
a involuntária ou passiva. Os professores devem estar atentos à essa questão da de-
satenção dos seus alunos, pois estratégias podem ser utilizadas para direcionar o foco 
da atenção. 
 
Fonte: testobrasil.com.br 
Outro processo envolvido na aprendizagem é o Sistema de Recompensa (SR) 
que é o sistema cerebral ativado quando fazemos algo que nos dá prazer, nos mos-
trando que é bom repetir essa ação. Essa sensação prazerosa de satisfação, é resul-
tado da liberação da substância neuromoduladora dopamina que é fundamental para 
o processo de aprendizagem. 
Houzel (2010) define o sistema de recompensa como 
(…) o conjunto de estruturas que sinaliza para o restante do cérebro quando 
alguma coisa dá certo, seja ela algo que vocêdesejava ou algo que você 
estava tentando fazer e conseguiu, ou algo que aconteceu inesperadamente, 
mas é considerado bom, interessante pelo cérebro (2010, p.32). 
 
 
A ativação do Sistema de Recompensa (SR) é muito mais que uma resposta 
ao que deu certo, pois por meio das experiências anteriores o nosso cérebro cria ex-
pectativas sobre o que ainda pode vir a dar certo. Essa expectativa criada por anteci-
pação é a motivação. Quando o ensino é baseado em atividades criativas e repletas 
de novidades, ou que se disponibilize uma variedade de opções, formas de aprendi-
zagem sobre um conteúdo a ser trabalhado, promove-se a motivação que leva ao 
aprendizado. 
 
 
Fonte: blogdoaluno.utfpr.edu.br 
Para a Neurocientista, o retorno positivo que se dá ao aluno sobre o seu de-
sempenho nas atividades escolares, o apoio oferecido para que ele perceba os seus 
acertos e descobertas é fundamental e pode ser o que falta à ele para perceber que 
acertou, e isso acaba ativando o seu SR. As pessoas se sentem motivadas quando 
percebem que estão no caminho certo ou escolhido e quando acerta, tomando cons-
ciência de que acertou, pois assim procurará fazer novamente aquilo que lhe deu pra-
zer. 
Como o SR é ativado quando se aprende, na sala de aula os educadores po-
dem e devem lançar mão desse recurso, elogiando, encorajando e incentivando as 
atitudes corretas e o esforço dedicado dos seus alunos à resolução dos problemas 
postos à eles. Baseando-se no conceito de SR os educadores passam a avaliar os 
seus alunos com outro olhar, não para os seus erros, mas para o que eles ainda não 
aprenderam, ou seja, a avaliação deixa de ser um mero instrumento classificatório e 
passa a ser um norteador para os próximos passos em busca do aprender. 
 
 
9 DOENÇAS DEGENERATIVAS DO CÉREBRO 
 
Fonte: jornalggn.com.br 
As doenças cerebrais compreendem um grande problema de saúde da soci-
edade moderna, em consequência do crescente número de pessoas acometidas de 
forma direta ou indireta, e também, devido à inexistência de cura para estas patolo-
gias. 
Alguns pesquisadores consideram que a tendência dessas doenças é aumen-
tar, em decorrência do aumento da expectativa de vida da população, resultando em 
uma maior prevalência de doenças do cérebro, desde neurodegenerativas, como 
Alzheimer, Parkinson, Huntington e esclerose múltipla aos acidentes vasculares cere-
brais (AVC), neoplasias, epilepsia, ou disfunções psiquiátricas diversas, bem como 
outras diretamente ligadas ao envelhecimento, de origem genética ou traumática. 
As principais doenças do cérebro estão listadas abaixo: 
 
 
 Alzheimer 
 
Fonte: segredosdomundo.r7.com 
Define-se Alzheimer como uma doença neurodegenerativa, caracterizada por 
uma súbita perda das faculdades mentais. Esta é considera a primeira causa de de-
mência senil. 
Inicialmente, a perda de memória gera um desconforto. No entanto, numa fase 
mais adiantada deixa de ser um problema, pois o doente perda a capacidade de au-
tocritica. 
 Parkinson 
 
Fonte: www.tuasaude.com 
 
 
Esta também é uma doença neurodegenerativa, crônica e progressiva, que nor-
malmente afeta pessoas com idade avançada. É decorrente da perda de neurônios 
do sistema nervoso central (SNC) em uma área específica do cérebro, levando à re-
dução de dopamina, com consequente alteração dos movimentos não voluntários. 
 Huntington 
 
Fonte: www.indice.eu 
Esta doença, também conhecida como mal de Huntington ou coréia de Hun-
tington, é uma enfermidade neurodegenerativa hereditária, rara, que acomete de 3 a 
7 indivíduos a cada 100.000 habitantes. 
Clinicamente, caracteriza-se por movimentos, bruscos, rápidos e involuntários 
dos braços, pernas e face. 
 
 
 Esclerose Múltipla 
 
Fonte: ladobmodainclusiva.com.br 
Esta também é classificada como uma doença neurodegenerativa, que se ca-
racteriza por placas disseminadas de desmielinização em todo o SNC, levando a um 
quadro neurológico variado, certas vezes com remissão, e outras com exacerbação 
das manifestações clínicas. 
Costuma aparecer entre os 25 a 30 anos de idade, sendo mais comum em 
mulheres. 
Dentre os sintomas, podem estar presentes: sensibilidade, fraqueza muscular, 
perda da capacidade de locomoção, distúrbios emocionais, incontinência urinária, 
queda de pressão, intensa sudorese, diplopia (quando há acometimento do nervo óp-
tico), entre outros. 
 
 
 Acidente Vascular Cerebral (AVC) 
 
Fonte: medifoco.com.br 
Popularmente conhecido como derrame cerebral, é um problema neurológico 
decorrente de uma obstrução (isquemia) ou rompimento dos vasos sanguíneos cere-
brais (hemorragia). 
Inicia-se abruptamente, sendo que o paciente pode apresentar dificuldade de 
movimentação dos membros de um mesmo lado do corpo, dificuldade na fala ou arti-
culação das palavras e déficit visual súbito de uma parte do campo visual. Também 
pode evoluir com coma e outros sinais. 
 Epilepsia 
É definida como uma alteração na atividade elétrica do cérebro, temporária e 
reversível. 
Na verdade, a epilepsia não se trata de uma doença, e sim de um sintoma que 
pode aparecer em diferentes formas clínicas, podendo levar a manifestações motoras, 
sensitivas, sensoriais, psíquicas ou neurodegenerativas. Tem como etiologia fatores 
que podem lesar os neurônios ou a forma de comunicação entre eles, como: trauma-
tismos cranianos, resultantes de cicatrizes cerebrais; traumatismo de parto; algumas 
 
 
drogas e substâncias tóxicas; interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro decor-
rente de um AVC ou problemas cardiovasculares; doenças infecciosas ou tumores. 
 
Fonte: pt.slideshare.net 
9.6.1.1 Como prevenir as doenças neurodegenerativas? 
 
A investigação científica tem-nos dado também indicações sobre formas de 
manter o nosso cérebro saudável e prevenir ou controlar sintomas das doenças neu-
rodegenerativas. 
Os cientistas acreditam que estimular a mente e manter o cérebro ativo ao 
longo da vida pode retardar o aparecimento de doenças neurodegenerativas. 
A saúde do cérebro está, em grande parte, nas nossas mãos. Estimativas mos-
tram que apenas 30% do envelhecimento do cérebro está geneticamente programado. 
A outra parte relaciona-se com o impacto do ambiente ao longo do tempo que depende 
quase na totalidade de fatores que podemos controlar. 
Como todos os órgãos, o cérebro muda ao longo da vida com intensidade dife-
rente de indivíduo para indivíduo. De uma forma geral, encolhe ligeiramente, perde-
mos alguns neurónios e as ligações entre os neurónios que permanecem diminuem. 
A boa notícia é que em pessoas saudáveis estas mudanças têm pouco efeito na fun-
ção mental. 
 
 
A capacidade de adaptação do cérebro permanece ao longo da vida. Nunca é 
demasiado cedo ou demasiado tarde para contrariar o impacto do envelhecimento e 
começar a exercitar o cérebro. Até mesmo pessoas muito idosas podem beneficiar 
cognitivamente através da estimulação mental e interação social. Estudos científicos 
apontam para uma série atividades físicas e mentais no dia a dia que contribuem para 
a aptidão cognitiva e para a manutenção do funcionamento mental saudável, tais 
como: 
 
9.6.1.2 Exercício físico: manter-se ativo 
 
Incorporar a atividade física, especialmente aeróbica, no nosso dia a dia, 
mesmo que apenas 10 minutos de cada vez. Investigação recente indica que o exer-
cício ajuda a manter e a melhorar a memória e o humor porque aumenta o forneci-
mento de sangue ao cérebro o que estimula a função dos neurónios. Há evidências 
que o exercício físico diminui o risco para as doenças de Alzheimer e de Parkinson. 
Fazer uma caminhada diária,andar de bicicleta ou nadar são sugestões para manter 
um estilo de vida ativo. 
 
9.6.1.3 Exercitar a mente 
 
Estimular a nossa mente com atividades e experiências inovadoras que desa-
fiam o cérebro a ativam novas vias neurais; fazer exercícios mentais – puzzles, jogos, 
resolver problemas. Novas aprendizagens permitem novas ligações entre os neuró-
nios e mantêm os produtos químicos do cérebro a fluir. Redes neuronais mais ricas 
ajudam a criar uma “reserva mental” para preservar a função cerebral ao longo do 
tempo. Explorar terrenos desconhecidos como por exemplo a aprendizagem de uma 
língua estrangeira ou de um instrumento musical parecem ser uma ajuda importância 
em manter o cérebro saudável. 
 
9.6.1.4 Ser social 
 
Interagir com outras pessoas e participar em atividades sociais. Ter uma rede 
social forte está relacionado com a saúde geral e longevidade. Interagir com as pes-
soas, na sua variedade e imprevisibilidade, é um ótimo exercício mental. 
 
 
9.6.1.5 Perceção de autoestima e autoeficácia 
 
Investigações sugerem que a sensação de que a nossa vida tem um propósito 
e de que conseguimos fazer a diferença mantem as capacidades cognitivas. Para al-
gumas pessoas, atividades espirituais ou religiosas, ou estudar filosofia podem ajudar 
a promover uma vida com sentido. 
 
9.6.1.6 Alimentação saudável 
 
Ter uma alimentação equilibrada e reduzir fatores de risco cardiovasculares tais 
como a pressão arterial e o colesterol altos; o cérebro funciona melhor quando temos 
refeições equilibradas. Sem um equilíbrio de nutrientes o cérebro não funciona no seu 
pleno potencial. Podemos esquecer-nos das coisas, ficar excessivamente emocio-
nais, irritados, com a língua presa, ou com a cabeça leve. Um cérebro e sistema ner-
voso saudáveis exigem muitos tipos diferentes de matérias-primas. Essas matérias-
primas vêm de alimentos. 
 
9.6.1.7 STRESS E SONO 
 
Gerir o stress e encontrar formas saudáveis de lidar com períodos de maior 
tensão e dormir o número adequado de horas (cerca de 8h por dia) mantêm o cérebro 
bem alimentado e oxigenado; o sono não-REM, de ondas lentas, que geralmente 
ocorre no início da noite, é crucial para a aprendizagem. 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
ANDRADE, V.M.; SANTOS, F.H.; BUENO, 0. F.A (2004). Neuropsicologia Hoje. Artes 
Medicas, Sao Paulo. 
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BEAR, M.F., Connors, B.W. e Paradiso, M. A. Neurociências: Explorando o Cérebro, 
Artmed, Curitiba, 2002 
BEAR, M.F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: Desvendando o 
Sistema Nervoso. 3ª edição. Artmed. 
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Paulo: Companhia das Letras; 1997. p. 95-100. 
GUYTON, A. Fisiologia humana. 11ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 
HAINES, DUANE E. (2006) Neurociência fundamental para aplicações básicas e 
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Paulo: Ed. Atheneu, 2002. 
MINUCHIN, S. Família: funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 
1982.

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