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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO .................................................. 3 1.1 Sistema Nervoso – Divisão Anatômica................................................. 4 1.2 Neurônios ............................................................................................. 6 2 TIPOS DE NEURÔNIOS ............................................................................. 8 3 TIPOS DE SINAPSE ................................................................................. 10 4 ESTRUTURA BÁSICA DE UM NEURÔNIO ............................................. 11 4.1 Classificação dos neurônios ............................................................... 12 5 FENÔMENOS FUNDAMENTAIS DA NEUROFISIOLOGIA ...................... 14 5.1 Comunicar, adaptar, sustentar e compreender .................................. 14 5.2 A transmissão de sinais ...................................................................... 14 5.3 A plasticidade neural .......................................................................... 15 5.4 A produção do líquor .......................................................................... 15 5.5 O pensamento .................................................................................... 15 6 SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO ........................................................... 16 7 NOÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO ONTOGENÉTICO E FILOGENÉTICO DO SISTEMA NERVOSO .............................................................. 19 7.1 Considerações sobre a evolução filogenética inicial do SNC ............. 22 7.2 Neurotransmissores ........................................................................... 28 8 NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL ....................................................... 32 8.1 Plasticidade e Desenvolvimento ......................................................... 33 8.2 Neuroplasticidade e Aprendizagem .................................................... 34 8.3 Processos envolvidos na aprendizagem ............................................ 35 9 DOENÇAS DEGENERATIVAS DO CÉREBRO ........................................ 42 9.1 Alzheimer ........................................................................................... 43 9.2 Parkinson ........................................................................................... 43 9.3 Huntington .......................................................................................... 44 9.4 Esclerose Múltipla .............................................................................. 45 9.5 Acidente Vascular Cerebral (AVC) ..................................................... 46 9.6 Epilepsia ............................................................................................. 46 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 50 1 INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO1 Fonte:www.portalsaofrancisco.com.br O sistema nervoso é o que nos permite perceber e interagir com o nosso am- biente. O encéfalo regula a função voluntária e involuntária, permite-nos estar atentos e receptivos e possibilita que respondamos física e emocionalmente ao mundo. A fun- ção cerebral é o que nos torna a pessoa que somos. O sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso central (SNC), com- posto pelo encéfalo e pela medula espinal, e sistema nervoso periférico (SNP), com- posto de todos os nervos e seus componentes fora do SNC. 1 Texto original extraído do link: http://www.larpsi.com.br/media/mconnect_uploadfiles/c/a/cap_014o.pdf Sistema Nervoso – Divisão Anatômica Fonte:descomplica.com.br Bilhões de células nervosas (neurônios), captam informações do interior e exterior. •SNC: cavidades –craniana e coluna vertebral. •SNP: as fibras nervosas agrupam-se em feixes, dando origem aos nervos. •Nervos fazem a união do SNC com os órgãos periféricos. Se a união se faz no encéfalo = nervos cranianos, se ocorre na medula = ner- vos espinhais. Sistema Nervoso Central (SNC) É aquele que se localiza dentro das cavidades craniana (crânio) e da coluna vertebral. Assim, o SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. O encéfalo é dividido em cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Sistema Nervoso periférico (SNP) O sistema nervoso periférico, às vezes chamado simplesmente de SNP, é a parte do sistema nervoso que se encontra fora do sistema nervoso central (SNC). É constituído basicamente pelos nervos cranianos, nervos raquidianos e fibras e gân- glios nervosos. Sistema Nervoso – O tecido nervoso O tecido nervoso é composto por dois tipos de célula: Neurônios Neuroglias ou glias. Fonte:www.infoescola.com As células do sistema nervoso são a base construtora para as complexas fun- ções que ele desempenha. Mais de 100 milhões de neurônios preenchem o sistema nervoso humano. Cada neurônio tem contato com mais de mil outros neurônios. Os contatos neuronais são organizados em circuitos ou redes que se comuni- cam para o processamento de todas as informações conscientes e inconscientes do encéfalo e da medula espinal. A segunda população de células, as chamadas células gliais, tem a função de apoiar e proteger os neurônios. As células gliais, ou glia, têm processos mais curtos e são mais numerosas que os neurônios, em uma proporção de 10:1. A função da glia vai além de um simples papel de apoio. Fonte:pt.slideshare.net As células gliais também participam da atividade neuronal, formam um reser- vatório de células-tronco no interior do sistema nervoso e propiciam a resposta imu- nológica a inflamações e lesões. Neurônios Os neurônios são as células excitáveis do sistema nervoso. Os sinais são pro- pagados por meio de potenciais de ação, ou impulsos elétricos, ao longo da superfície neuronal. Os neurônios comunicam-se uns com os outros por sinapses, formando redes funcionais para o processamento e armazenamento das informações. Uma sinapse tem três componentes: o terminal axonal de uma célula, o dendrito da célula receptora e um processo de célula glial. A fenda sináptica é o espaço entre esses componentes. Organização funcional dos neurônios: Há muitos tipos de neurônios no interior do sistema nervoso, mas todos têm componentes estruturais que lhes permitem processar a informação. Todos os neurônios têm um corpo celular, ou soma (também chamado de pe- ricário), que contém o núcleo da célula, onde são produzidos todos os hormônios, as proteínas e os neurotransmissores. Um halo de retículo endoplasmático (RE) pode ser encontrado ao redor do núcleo, atestando a alta taxa metabólica dos neurônios. Esse RE colore-se intensamente de azul na coloração de Nissl e é comumente cha- mado de substância de Nissl. Moléculas produzidas no soma são transportadas para as sinapses periféricas por uma rede de micro túbulos. Fonte: www.colegiovascodagama.pt O transporte do pericário ao longo do axônio até a sinapse é denominado trans- porte anterógrado, pelo qual são transportados os neurotransmissores necessários à sinapse. O transporte ao longo dos micro túbulos também pode se dar do terminal sináptico ao pericário, o que se chama de transporte retrógrado. Ele é essencial para o vaivém dos fatores tróficos, em especial a neurotrofina do neurônio-alvo na periferia para o soma. Os neurônios dependem das substâncias tróficas fornecidas por seus alvos pe- riféricos para a sobrevivência. É uma espécie de mecanismo de retroalimentação que informa ao neurônio que ele está inervando um “alvo vivo”. Alguns vírus que infectamneurônios, como o do herpes, também aproveitam esse mecanismo de transporte re- trógrado. Depois que são apanhados pela terminação nervosa, são levados por trans- porte retrógrado ao pericário, onde podem permanecer dormente até serem ativados. O input sináptico para um neurônio ocorre principalmente nos dendritos. Nesse local, as pequenas espinhas dendríticas são saliências onde ocorrem os contatos sinápticos com os axônios. Fonte:saude.hsw.uol.com.br As densidades pós-sinápticas nas espinhas dendríticas servem como o an- daime que mantém e organiza os receptores de neurotransmissores e os canais de íons. Além disso, cada neurônio tem um axônio, cujas terminações fazem contatos sinápticos com outros neurônios. Esses processos cilíndricos surgem de uma área especializada chamada cone axonal ou segmento inicial e podem estar envoltos por uma camada protetora cha- mada mielina. O cone axonal de um axônio é o local onde se somam todos os inputs de um neurônio, tanto excitatórios quanto inibitórios, e onde se toma a decisão de propagar um potencial de ação para a próxima sinapse. 2 TIPOS DE NEURÔNIOS Existem diversos tipos de neurônios no SNC. Podem ser classificados de acordo com seu tamanho, sua morfologia ou conforme os neurotransmissores que utilizam. Fonte:brasilescola.uol.com.br Neurônios multipolares: Tipo mais abundante no sistema nervoso central; são encontrados no encéfalo e na medula espinal. Os dendritos ramificam-se diretamente do corpo celular, e um axônio único surge a partir do cone axonal. Neurônios pseudounipolares: Os neurônios pseudounipolares são encon- trados sobretudo nos gânglios espinais. Apresentam um ramo periférico do axônio que recebe a informação sensorial da periferia e a envia para a medula espinal, sem passar pelo corpo celular. Os neurônios pseudounipolares re- transmitem a informação sensorial de um receptor periférico ao SNC sem mo- dificar o sinal. Contudo, os neurônios bipolares na retina e no epitélio olfatório integram múltiplos inputs e, em seguida, passam essa informação modificada para o neurônio seguinte na cadeia. Neurônios bipolares: Os neurônios bipolares são encontrados principalmente na retina e no epitélio olfatório. Apresentam um único dendrito principal, o qual recebe o input sináptico, que, por sua vez, é transportado para o corpo da célula e daí para a camada de células seguinte, via axônio. A diferença entre um neurônio pseudounipolar e um bipolar é a quantidade de processamento que ocorre em cada um deles. Neurônios unipolares: possuem um corpo celular e um axônio. Não são muito frequentes e constituem, por exemplo, as células sensoriais da retina e mucosa olfatória. 3 TIPOS DE SINAPSE Uma sinapse é o contato entre duas células neuronais. Os potenciais de ação codificam a informação, que é processada no sistema nervoso central; e é por meio das sinapses que essa informação é transmitida de um neurônio para outro. Fonte:pt.slideshare.net Sinapses axodendríticas: Os contatos sinápticos mais comuns no SNC ocorrem entre um axônio e um dendrito, as chamadas sinapses axodendríti- cas. A árvore dendrítica de um dado neurônio multipolar receberá milhares de inputs de sinapses axodendríticas, o que fará com que esse neurônio alcance o limiar e gere um sinal elétrico, ou potencial de ação. A arquitetura da árvore dendrítica é um fator-chave no cálculo da convergência de sinais elétricos no tempo e no espaço (chamado de somação temporoespacial). Sinapses axossomáticas: Um axônio também pode contatar outro neurônio diretamente na soma da célula, o que é chamado de sinapse axossomática. Esse tipo de sinapse é muito menos comum no sistema nervoso central e é um poderoso sinal muito mais próximo do cone axonal, no qual um novo po- tencial de ação pode se originar. Sinapses axoaxônicas: Quando um axônio contata outro, ocorre a chamada sinapse axoaxônica. Essas sinapses muitas vezes acontecem no cone axonal ou próximo a ele, onde podem causar efeitos muito poderosos, inclusive pro- duzir um potencial de ação ou inibir um que, de outra forma, teria sido desen- cadeado. 4 ESTRUTURA BÁSICA DE UM NEURÔNIO Fonte:nossabio.blogspot.com.br Corpo celular, pericário ou soma - representa o centro trófico da célula, ca- paz de receber estímulos. Axônio - essa projeção da célula, longa e semelhante a um cabo, transporta a mensagem eletroquímica (impulso nervoso ou potencial de ação) pela exten- são da célula; dependendo do tipo do neurônio, os axônios podem ser cobertos por uma fina camada de substância lipídica, conhecida como bainha de mielina, como um fio elétrico com isolamento. A mielina é feita de gordura e ajuda a acelerar a transmissão de um impulso nervoso através de um axônio longo. Os neurônios com mielina costumam ser encontrados nos nervos periféricos (neu- rônios sensoriais e motores), ao passo que os neurônios sem mielina são en- contrados no cérebro e na medula espinhal. Dendritos ou terminações nervosas - essas projeções pequenas e seme- lhantes a galhos realizam as conexões com outras células e permitem que o neurônio se comunique com outras células ou perceba o ambiente a seu redor. Os dendritos podem se localizar em uma ou nas duas terminações da célula. Nódulo de Ranvier - é o espaçamento isento de bainha de mielina no axônio. Tal espaçamento permite a chamada condução saltatória e consequentemente um impulso nervoso mais rápido. Classificação dos neurônios Segundo a função: como explicado na parte de sistema nervoso periférico, os neurônios se dividem em: Aferente: recebe as informações da pele ou outros órgãos sensoriais e leva para o SNC. Eferente: traz informações do SNC para os músculos e glândulas. Interneurônios: recebem as informações dos neurônios aferentes e se comu- nicam entre si com os neurônios motores. Segundo a estrutura: Com base em como os neurônios são estruturados, eles podem se dividir em: Unipolar: apresenta um único processo(axônio). São raros, exceto no embrião. Bipolar: apresentam dois processos (um axônio e um dendrito). Encontrado na retina e no epitélio olfatório. Multipolar: formado por axônio e vários dendritos (a maioria, encontrado no SNC). Pseudounipolar: Apresenta um único processo que se divide em dois. Uma parte vai para a periferia e a outra para o SNC. Neuroglias ou glias: As neuroglias são células não neuronais que fazem parte do sistema nervoso e tem um papel importante para o funcionamento do sistema nervoso. Elas são su- portes para os neurônios e a sua ausência prejudica na transferência de impulsos entre os neurônios. Embora menores em tamanho que os neurônios a sua proporção populacional é bem maior. Fonte:nadhayogi.blogspot.com.br Cada neurônio tem pelo menos 10 glias auxiliando. Longe de ser apenas a “cola de neurônios”, sabemos agora que as células gliais são um componente essencial da função do SNC. As oligodendroglias e as células de Schwann ajudam a dispor a bai- nha de mielina em torno dos axônios no SNC e SNP, respectivamente. Os astrócitos estão envolvidos na homeostase de íons e nas funções nutritivas. A glia também tem funções únicas de sinalização e modificação de sinal. As células NG2 (polidendrócitos) são outro tipo de célula glial que constitui a reserva de células tronco do SNC, com a capacidade de gerar tanto células gliais quanto neurô- nios novos. Por fim, as microglias são as células imunológicas do encéfalo, porque a barreira hematencefálica separa o encéfalo das células imunes dosangue. 5 FENÔMENOS FUNDAMENTAIS DA NEUROFISIOLOGIA Fonte:blog.doctuo.net Comunicar, adaptar, sustentar e compreender Mais representativos da funcionalidade do sistema nervoso, os fenôme- nos mentais, psíquicos ou neurológicos, se preferir, ocorrem como parte de sua fisio- logia natural. Desde a produção do líquor, ao fenômeno da excitabilidade neuro- nal propriamente dito, o pensamento, a plasticidade neural, as emoções, como raiva, medo, agressividade e afetividade, os fenômenos cognitivos, os vários aspectos do comportamento, como um músculo do corpo que se contrai respeitando uma or- dem do pensamento. Os fenômenos neurológicos são inúmeros e quatro deles, fun- damentais, serão apresentados A transmissão de sinais Quando um neurônio recebe um estímulo, se este é “forte” o suficiente, produ- zirá um impulso nervoso. O impulso nervoso corresponde a uma corrente elétrica que percorre o axônio até os botões sinápticos. O impulso nervoso precisa encontrar a membrana numa condição denominada potencial de repouso (-70 mV); uma vez ini- ciado, se auto propagará. Os potenciais capazes de gerar tal transmissão de sinal são denominados potenciais de ação (> 15 mV). Os sinais elétricos que percor- rem neurônios, sinapses, órgãos receptores e efetores constituem a base da comuni- cação, em todas as suas instâncias. A plasticidade neural Esta é definida como a capacidade que o sistema nervoso tem de mudar em resposta às exigências do ambiente em que se encontra. É um fenômeno que depende de mudanças micro estruturais nos próprios neurônios, morfológicas e fisio- lógicas. O termo também pode ser definido, quando ocorre nas sinapses, de plastici- dade sináptica. Especialmente as sinapses ao sofrerem o fenômeno plástico, ou ficam “fortalecidas”, reforçadas pelo fenômeno de potenciação, ou se desfazem pela retra- ção e protrusão dendríticas. Sem a plasticidade neural, não aprendemos, simples- mente não nos adaptamos. A produção do líquor O liquor sustenta e protege o cérebro contra eventuais choques mecânicos. Além disso, também desempenha um papel imunológico, servindo como veículo para nutrientes e agentes de defesa contra infecções. O liquor é produzido pelo plexo coroide e, após circular pelo interior do cérebro, é absorvido pelo sistema de drena- gem venoso. Cerca de 100-150 ml são produzidos diariamente. Durante séculos se acreditou que o sistema ventricular era onde a alma estava alojada. O estudo do sis- tema ventricular e da neurofisiologia do liquor, tão importante para o sistema nervoso central, prova que a absorção de impactos e a proteção são básicas para qualquer processo, por mais complexo que ele seja. O pensamento Segundo Jolivet, o pensamento é a capacidade que tem o ser de, através de três operações mentais distintas, a formação de ideias, o juízo sobre as relações de conveniência entre essas ideias e o raciocínio, que estabelece relações entre os juízos, compreender o significado das coisas concretas e das abstrações, bem como das relações que elas guardam entre si. Filosofias à parte, é através do pensamento que o ser humano dá conta de sua existência e do seu papel social. 6 SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO Fonte:saude.culturamix.com O sistema nervoso somático é uma pequena parte do sistema nervoso. O sis- tema somático basicamente é composto pelos nervos e neurônios, que atuam como receptores das ordens enviadas pelo cérebro e transmitidas pela medula, realizando todas as atividades chamadas voluntárias pelo sistema nervoso, como mexer os bra- ços ou pernas, piscar os olhos, dentre outras que realizamos conscientemente. As ações promovidas pelos cinco sentidos (audição, visão, olfato, paladar e tato) também são decorrentes do sistema nervoso somático. Para realizar suas funções corretamente, o sistema nervoso somático divide as áreas do cérebro em dois grandes grupos, com o intuito de organizar as funções do sistema, sendo denominados aferente e eferente. O componente aferente do sistema nervoso somático tem a função de enviar informações ao sistema nervoso central so- bre o ambiente em torno da pessoa, usando principalmente os cinco sentidos para esta tarefa. Já o componente eferente cuida dos movimentos voluntários do ser hu- mano, recebe as ordens do cérebro por meio dos neurônios e estimula os músculos e ossos para realizar os movimentos. Fonte: slideplayer.com.br Os dois grupos do sistema nervoso somático também fazem relação com outra parte do sistema nervoso, o visceral. Este sistema em particular faz o controle e inter- venção nas vísceras, que por sua vez controlam as ações de boa parte dos órgãos internos. No componente aferente, o sistema nervoso visceral conduz os impulsos enviados das vísceras até áreas específicas do sistema nervoso, enquanto o compo- nente eferente realiza o caminho oposto. Esta função, em especial do componente eferente, o classifica como sistema nervoso autônomo, o que cuida das ações invo- luntárias do organismo, como o funcionamento dos órgãos internos e o controle emo- cional. Com o sistema nervoso somático é possível o indivíduo realizar todo o tipo de contato com o ambiente. Através dos sentidos, o ser humano consegue captar todas as informações que precisa para manter o bom funcionamento do corpo. Além dos sentidos, é possível perceber através do sistema somático a temperatura e a pressão arterial quando estas apresentam sinais impróprios, alertando todo o organismo de que há alguma coisa errada. Até mesmo em problemas relacionados ao sistema ner- voso autônomo, como a respiração, batimentos cardíacos e outras funções, é possível reparar as alterações pelo sistema somático, sendo que a pessoa interpreta da ma- neira mais cabível aos seus conhecimentos. Fonte: slideplayer.com.br Não há doenças conhecidas que afetem diretamente o sistema nervoso somá- tico. Existem, contudo, doenças que afetam todo o sistema nervoso, como a Leucemia e o Alzheimer, cujos tratamentos são complicados, com pouca ou nenhuma chance de cura. Talvez o único mal que afete diretamente o sistema nervoso somático seja o desmaio, em que a vítima perde o controle de todos os sentidos, mas isto decorre de outros problemas, como falta de alimentação e queda brusca na pressão arterial. 7 NOÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO ONTOGENÉTICO E FILOGENÉ- TICO DO SISTEMA NERVOSO2 Fonte: www.youtube.com Para Sarnat, do ponto de vista anatômico, há três maneiras básicas de se es- tudar o sistema nervoso central (SNC). A primeira consiste em estudar a simples dis- posição espacial das suas estruturas já desenvolvidas, campo de estudo denominado neuroanatomia; a segunda, em estudar o seu desenvolvimento ontogenético; e a ter- ceira, em estudar o seu desenvolvimento filogenético- ocorrido ao longo da chamada evolução das espécies, o que é feito principalmente através da paleontologia e da anatomia comparada. Para a discussão de considerações de ordem anatômica pertinentes a ques- tões comportamentais, paralelamente às relevantes contribuições experimentais em animais e às observações clínicas em seres humanos, a análise dos conhecimentos existentes sobre a evolução filogenética das estruturas nervosas nos parece ser par- ticularmente útil, uma vez que ela nos possibilita fazer especulações sobre o apareci- mento, o desenvolvimento e o embricamento dessas estruturas e as possíveis carac- terísticas e comportamentos dos seus respectivos elementos evolutivos. 2 Texto original extraído do link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462006000400015Ao propiciar uma visão progressiva das complexidades nervosa e comporta- mental ao longo da evolução, a análise filogenética também acarreta, a cada passo, questionamentos sobre a própria conceituação de termos como consciência e psi- quismo, entre outros, principalmente por propiciar especulações sobre os possíveis paralelos comportamentais existentes entre as diferentes espécies e o próprio ser hu- mano. Fonte: portal2013br.wordpress.com Em relação ao processo evolutivo, é importante lembrar que este diz respeito a mudanças que ocorreram por força de fatores principalmente ambientais que influen- ciaram todos os seres vivos, e não através de simples adições terminais de novas estruturas. Os processos evolutivos têm como principais denominadores comuns a adaptação, a expansão da diversidade e o aumento da complexidade. Do ponto de vista evolutivo, o que nós, seres humanos, temos em comum com outros animais é apenas o fato de que nos originamos de elementos ancestrais co- muns hoje extintos e que deram origem a diferentes espécies que, por sua vez, sofre- ram as suas próprias evoluções. Enquanto, por exemplo, os vertebrados mais primiti- vos não possuíam qualquer córtex, hoje mesmo os animais menos complexos apre- sentam algum manto cortical, uma vez que eles também são produtos de uma longa evolução; portanto, o que mais distingue o cérebro humano não é a simples existência da nossa chamada camada neocortical, mas sim a sua dimensão e, principalmente, a sua organização. Fonte: www.todamateria.com.br Ao longo de milhões de anos, o SNC dos vertebrados se desenvolveu até atin- gir a complexidade do SNC humano, e é particularmente interessante e intrigante como o desenvolvimento embrionário e fetal do SNC humano refaz grosseiramente este mesmo curso, conforme será discutido adiante. As maiores dificuldades dos estudos filogenéticos evidentemente se devem à escas- sez de informações sobre os elementos já extintos, ao longo tempo necessário para observação de quaisquer mudanças evolutivas naturais ou experimentais e à veraci- dade das inferências sugeridas pelos estudos de anatomia comparada. O desenvolvi- mento de técnicas de sequenciamento do DNA seguramente propiciará avanços neste campo, dadas as suas possibilidades de comparar genomas de diferentes espécies e mesmo de espécies extintas. Considerações sobre a evolução filogenética inicial do SNC Fonte: profaerica-ciencias.blogspot.com.br O nível de organização a seguir atingido pelas chamadas células eucarióticas as tornou capazes de se dividir e se reproduzir; a ocorrência de mecanismos de sim- biose fez surgir os primeiros organismos multicelulares há cerca de 700 milhões de anos. Esses organismos logo invadiram o meio marinho, onde encontraram condições mais estáveis para a sua evolução, vindo a dar origem a peixes primitivos com esque- letos mineralizados há aproximadamente 570 milhões de anos. Desde os seres vivos mais primitivos, a principal função do sistema nervoso é propiciar a adaptação ao meio ambiente e, para tanto, se fazem necessárias três pro- priedades importantes: irritabilidade, condutibilidade e contratilidade. Assim, um ser unicelular, como uma ameba, ao ser estimulado, afasta-se de onde foi tocado, eviden- ciando que o sistema nervoso nestes seres vivos corresponde às próprias estruturas da sua superfície. Com a evolução dos seres vivos, as suas funções evidentemente foram se tor- nando mais complexas, surgindo células especializadas para cada função e desen- volvendo-se uma orquestrada coordenação entre o controle da vida de relação com o meio externo e o próprio controle da economia interna destes organismos. Nas esponjas, os receptores de superfície passaram a transformar os diferen- tes estímulos físicos e químicos em impulsos nervosos, como verdadeiros órgãos de sensibilidade, e os músculos e glândulas se desenvolveram como órgãos efeto- res. Nos metazoários mais diferenciados, as células musculares passaram a se loca- lizar mais profundamente e, nas suas superfícies, as células se diferenciaram para discriminar os diferentes estímulos do meio ambiente. Nos celenterados, as células especializadas em irritabilidade e condutibilidade passaram a se caracterizar como células nervosas propriamente ditas. Nas anêmonas do mar já existem células nervo- sas unipolares com prolongamentos que fazem contato com as células musculares situadas profundamente. Admite-se, assim, que redes de neurônios propriamente di- tos tenham surgido há cerca de 700 milhões de anos em seres marinhos ainda inver- tebrados. Paralelamente ao aprofundamento dos músculos e ao desenvolvimento de di- ferentes receptores sensitivos, nos platelmintos e anelídios o sistema de coordena- ção, antes difuso, passa também a se agrupar, caracterizando a centralização do sis- tema nervoso. Esta centralização aparentemente foi consequente às forças da sele- ção natural, dada a maior vulnerabilidade das estruturas superficiais e a necessidade de coordenação de respostas mais complexas. Nos anelídeos, além do neurônio sensitivo, já se encontram desenvolvidos neu- rônios eferentes, cujos axônios se ligam ao músculo e desencadeiam a resposta mo- tora. A conexão do neurônio sensitivo como o neurônio motor se faz através de si- napse, caracterizando-se, assim, os elementos básicos de um arco reflexo simples, segmentar. O elemento mais simples que possui um sistema nervoso básico, porém completo, é a hidra. Ao contrário das esponjas, que são seres vivos que não se movi- mentam, a hidra já se locomove. O seu corpo é constituído por uma camada externa (ectoderma) principalmente sensitiva, por uma camada interna (endoderma) respon- sável pelos processos de digestão e de eliminação de detritos alimentares e por uma fina camada intermediária (mesoderma). Fonte: blogdabiossintese.blogspot.com.br Em seguida evolutivamente, apareceram os neurônios de associação, que pas- saram a viabilizar a interação de um segmento com outro: o axônio do neurônio sen- sitivo passou a fazer sinapse com o neurônio de associação que, por sua vez, ao fazer sinapse com o neurônio motor do segmento vizinho, viabilizou o arco reflexo interse- gmentar. O conhecimento das conexões dos neurônios do sistema nervoso da minhoca, por exemplo, já nos permite entender algumas das conexões da medula espinhal dos vertebrados. A integração anatômica dos níveis segmentares e dos neurônios de associação intersegmentares passou a constituir a medula espinhal e, no seu topo, desenvolve- ram-se centros nervosos que controlam o funcionamento do corpo e as suas reações ao meio externo. Esses agrupamentos neuronais desenvolvidos no topo medular pas- saram a constituir os equivalentes dos futuros tronco encefálico e do hipotálamo e, em conjunto com a medula, compuseram o SNC mais básico e comum a todas as espé- cies e já existente nos primeiros animais vertebrados, que foram os peixes mais pri- mitivos que surgiram há cerca de 400 milhões de anos.Agregados neuronais dispostos centralmente e ao longo das porções mais superiores do segmento correspondente ao tronco encefálico vieram constituir a chamada formação reticular, que nos elemen- tos mais primitivos é, principalmente, responsável por regulações posturais através de influências retículo-espinais e pelo controle de funções orgânicas em conjunção com o hipotálamo. Posteriormente, com o desenvolvimento de estruturas nervosas mais superiores, a formação reticular veio a ser também responsável pelo ciclo sono-vigília e por mecanismos relacionados com a atenção por meio da atuação do chamado sis- tema reticular ativador ascendente.Fonte: pt.slideshare.net O conglomerado celular no hipotálamo provavelmente corresponde à porção filogeneticamente mais antiga do encéfalo e, desde os seus primórdios, exerceu o controle interno dos diferentes organismos através da sua atividade neurosecretória, sendo responsável pelo controle do metabolismo da água e eletrólitos, da termo regu- lação, do sistema nervoso autônomo, do apetite e pelo controle endócrino propria- mente dito já nos vertebrados mais primitivos. Nestes, a proeminência hipotalâmica basal, denominada tuber cinereum, que abriga os neurônios cujos axônios constituem a haste hipofisária, constitui a maior parte do hipotálamo. Fonte: souenfermagem.com.br Os elementos primordiais do cerebelo e dos tratos espinocerebelares também começam a se mostrar mais evidentes nos peixes primitivos, principalmente à medida que estes desenvolvem as suas musculaturas do tronco. O corpo constituído por estes conglomerados celulares cerebelares primitivos equivale ao vermis dos vertebrados mais evoluídos. Sobre esta constituição básica e fundamentalmente segmentar do SNC dos primeiros vertebrados, as forças evolutivas desencadearam a continuidade do desen- volvimento nervoso em função dos eventos a que estes elementos e os seus descen- dentes vieram a ser submetidos. Entre estes eventos, destacam-se a incursão terres- tre que estes seres marinhos vieram a efetuar e o ulterior desenvolvimento dos ma- míferos que culminou com o surgimento dos primatas e do ser humano. A existência de relações entre a filogênese (evolução filogenética das espécies) e a ontogênese (evolução embriológica, fetal e pós-natal do ser humano) constitui uma questão já aventada e discutida desde os tempos da Grécia antiga. Entre os filósofos pré-socráticos, Anaximandro, Anaxímenes e Demócritus conceberam o cosmos como se desenvolvendo circundado por um envelope que lembra a membrana amniótica. Anaximandro e Empédocles chegaram a comparar os estágios da embriologia hu- mana com etapas prévias do ciclo cósmico por eles imaginado. Fonte: educarparacrescer.abril.com.br Aristóteles (384-322 a.C.), considerado pai da anatomia comparada, ao clas- sificar os animais o fez conforme um critério progressivo de "perfeição". Ele acreditava que, durante o seu desenvolvimento, o embrião humano incorporava "almas" também progressivamente mais diferenciadas, por ele denominadas "nutritiva, sensitiva e ra- cional." No entanto, coube a Ernest Haeckel (1834-1919) formular o conhecido dito de que a "ontogenia recapitula a filogenia", ao afirmar, a partir dos seus estudos, que "a rápida e breve ontogenia é uma sinopse condensada da longa e lenta história da filo- gênese". Para Haeckel, cada etapa embriológica se caracterizaria como tendo carac- terísticas semelhantes ao produto adulto final de cada ancestral correspondente àquela etapa, e que teriam sido realocadas nos estágios iniciais do desenvolvimento ontogenético humano por forças decorrentes da evolução da sua linhagem. Os chamados recapitulacionistas evolucionários que o seguiram se fundamen- taram em dois mecanismos básicos para relacionar a evolução com a embriologia: 1) a lei ou fenômeno de adição terminal, que explica as mudanças evolutivas como ocorrendo pela adição de novas etapas sobre o estágio final de cada respectivo ancestral; e 2) a lei ou fenômeno de condensação, na qual os processos de desenvolvi- mento evolucionário ocorrem e são acelerados pelo deslocamento de características ancestrais para fases mais precoces do desenvolvimento embrionário dos respectivos descendentes. Entre os autores que se opuseram às hipóteses de Haeckel, destaca-se o em- briologista e antropologista alemão Karl Ernest von Baer (1792-1876), que refutou a concepção de estágios embrionários caracterizados por particularidades ancestrais adultas e sugeriu que estas etapas equivaliam simplesmente a estágios precoces co- muns à ontogenia de todos os vertebrados. Stephen Jay Gould (1941-2002), professor de Zoologia da Universidade de Harvard e grande evolucionista da atualidade, ao tratar das relações entre a filogênese e a ontogênese humana, admite que as mudanças evolutivas se expressam na onto- genia do homem e valoriza, em particular como mecanismo evolutivo, a importância da chamada heterocronia (ou variação temporal do aparecimento de características ontogenéticas) como determinante das mudanças filogenéticas. Portanto, para Gould, as mudanças de regulação dos genes por fim responsáveis pelas mutações evolutivas são, em grande parte, determinadas pelas mudanças dos momentos embriológicos de desenvolvimento de características comuns a ancestrais e descendente Neurotransmissores Fonte: psiqweb.net Os neurotransmissores são moléculas liberadas pelos neurônios pré- sinápti- cos e são o meio de comunicação em uma sinapse química. Eles se ligam a recepto- res de neurotransmissores, podendo se acoplar a um canal iônico (receptores iono- trópicos) ou a um processo de sinalização intracelular (receptores metabotrópicos). Os neurotransmissores são específicos para o receptor em que se ligam e pro- vocam uma resposta específica nos neurônios pós-sinápticos, resultando em um sinal excitatório ou inibitório. 1. Glutamato: O glutamato é o neurotransmissor excitatório mais comum no SNC. Ele pode se ligar a receptores ionotrópicos de glutamato, que incluem os receptores NMDA (N-metil-D-aspartato), receptores de AMPA (-amino-3-hidroxilo-5-metil-4-iso- xazole-propionato) e receptores de cainato. Esses receptores são nomeados de acordo com os agonistas (além do glutamato) que se ligam especificamente a eles. Todos esses receptores causam um influxo de cátions (carga positiva) nos neurônios pós-sinápticos. O receptor de NMDA é um pouco diferente do AMPA e do cainato, pois seu poro é bloqueado por um íon Mg2, a menos que a membrana pós-sináptica seja despolarizada. Uma vez desbloqueado, o canal é permeável não só ao Na, mas também a grandes quantidades de Ca2. Um excesso de influxo de Ca2 pode resultar em uma cascata de eventos que pode levar à morte celular. O glutamato também pode se ligar a uma família de receptores metabotrópicos de glutamato (mGluRs), que iniciam a sinalização intracelular capaz de modular os canais iônicos pós-sináp- ticos indiretamente. Isso costuma aumentar a excitabilidade dos neurônios pós-si- nápticos. O glutamato é sintetizado nos neurônios pelos precursores da glutamina, a qual é fornecida pelos astrócitos, que a produzem a partir do glutamato captado na fenda sináptica. 2. GABA e glicina: O ácido -aminobutírico (GABA) e a glicina são os neurotrans- missores inibitórios mais importantes do SNC. Cerca de metade de todas as sinap- ses inibitórias na medula espinal utiliza glicina. A glicina se liga a um receptor iono- trópico, que permite o influxo de Cl. A maioria das outras sinapses inibitórias do SNC utiliza GABA. O GABA pode se ligar a receptores ionotrópicos GABA (GABAA e GA- BAC), que induzem um influxo de Cl quando ativados. Esse influxo leva a um acú- mulo de carga negativa, que afasta o potencial de membrana de seu limiar (ou seja, o neurônio é inibido). O GABAB (receptor metabotrópico do GABA) ativa os canais de K e bloqueia os de Ca2, resultando em perda líquida da carga positiva, o que também conduz à hiperpolarização da célula pós-sináptica. 3. Acetilcolina: A acetilcolina (ACh) é o neurotransmissor utilizado no SNP (gân- glios do sistema motor visceral) e SNC (cérebro). Também é utilizado na junção neu- romuscular (ver Capítulo 3, “Visão Geral do Sistema Nervoso Periférico”). Existem dois tipos dereceptores de ACh: 1) Os receptores nicotínicos de ACh são receptores ionotrópicos e estão acoplados a um canal de cátion não seletivo; 2) Os receptores muscarínicos de ACh compreendem uma família de receptores me- tabotrópicos ligada a vias mediadas pela proteína G. Não há mecanismo de recap- tação de ACh pela fenda sináptica. Sua depuração depende da enzima acetilcolines- terase, que hidrolisa o neurotransmissor e o desativa. 4. Aminas biogênicas: São um grupo de neurotransmissores com um grupo amina em sua estrutura. Compreendem as catecolaminas dopamina, noradrenalina e adrenalina, bem como a histamina e a serotonina. Fonte: www.psiquiatriageral.com.br 4. Aminas biogênicas: São um grupo de neurotransmissores com um grupo amina em sua estrutura. Compreendem as catecolaminas dopamina, noradrenalina e adre- nalina, bem como a histamina e a serotonina. Dopamina: A dopamina está envolvida em muitos circuitos do cérebro associados a emoções, motivação e recompensa. Atua em receptores acoplados à proteína G; sua ação pode ser tanto excitatória (via recep- tores D1) quanto inibitória (via receptores D2). Noradrenalina: A noradrenalina (também conhecida como norepine- frina) é um neurotransmissor essencial envolvido no estado de vigília e atenção. Atua nos receptores metabotrópicos -adrenérgicos e -adrenér- gicos, ambos excitatórios. A adrenalina (também conhecida como epi- nefrina) atua sobre os mesmos receptores, mas sua concentração no SNC é muito mais baixa que a de noradrenalina. Histamina: A histamina se liga a um receptor metabotrópico excitatório. No SNC, está envolvida na vigília. d. Serotonina: A serotonina pode ter tanto efeitos excitatórios quanto inibitórios. Está envolvida em uma infi- nidade de vias que regulam o humor, a emoção e várias vias homeostá- ticas. A maioria dos receptores de serotonina é do tipo metabotrópica. Existe apenas um receptor ionotrópico, que é um canal de cátions não seletivo, sendo, portanto, excitatório. 5. ATP: O ATP é mais conhecido como a fonte de energia dentro das células. Contudo, é também liberado pelos neurônios pré-sinápticos como um neurotrans- missor. Por ser muitas vezes liberado junto com outros neurotransmissores, é cha- mado de cotransmissor. Na fenda sináptica, o ATP pode ser quebrado em adeno- sina, uma purina que se liga e ativa os mesmos receptores que o ATP. Esses recep- tores purinérgicos podem ser tanto ionotrópicos (P2X) como metabotrópicos (P2Y). Os ionotrópicos são acoplados a canais catiônicos não específicos e são excitató- rios, e os metabotrópicos agem em vias de sinalização acopladas à proteína G. O ATP e as purinas são neuromoduladores. Uma vez que são liberados junto com ou- tros neurotransmissores, o grau de ativação do P2X ou P2Y modulará a resposta ao outro neurotransmissor secretado, aumentando sua ação ou inibindo-o. 6. Neuropeptídeos: Os neuropeptídeos são um grupo de peptídeos envolvidos na neurotransmissão. Incluem as moléculas envolvidas na percepção e modulação da dor, como a substância P, as metencefalinas e os opióides. Outros neuropeptí- deos estão envolvidos na resposta neural ao estresse, como o hormônio liberador da corticotrofina e o hormônio adrenocorticotrófico. 8 NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL Fonte: www.namu.com.br A neuroplasticidade refere-se à capacidade do sistema nervoso de alterar al- gumas das propriedades morfológicas e funcionais em resposta a alterações do am- biente, é a adaptação e reorganização da dinâmica do sistema nervoso frente às al- terações. A plasticidade nervosa não ocorre apenas em processos patológicos, mas assume também funções extremamente importantes no funcionamento normal do in- divíduo. Graças a esta capacidade é que, crianças que sofreram acidentes, às vezes gravíssimos, com perda de massa encefálica, déficits motores, visuais, de fala e au- dição, vão se recuperando gradativamente e podem chegar à idade adulta sem se- quelas. Formas de plasticidade: Regenerativa: consiste no recrescimento dos axônios lesados. É mais comum no sistema nervoso periférico. Axônica: ou plasticidade ontogenética, ocorre de zero a 2 anos de idade, é a fase crítica, fundamental para desenvolvimento do SN. Sináptica: Capacidade de alterar a sinapse entre as células nervosas. Dendrítica: Alterações no número, no comprimento, na disposição espa- cial e na densidade das espinhas dendríticas, ocorrem principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento do indivíduo. Somática: Capacidade de regular a proliferação ou morte de células nervosas. Somente o sistema nervoso embrionário é dotado dessa ca- pacidade. Plasticidade e Desenvolvimento Fonte: fisioterapiaalphaville.com O grau de plasticidade neural varia com a idade do indivíduo. Durante o desen- volvimento o sistema nervoso é mais plástico, principalmente as fases denominadas de períodos críticos que é mais susceptível a transformações. Ao nascimento os ór- gãos do sistema nervoso já estão praticamente formados anatomicamente, embora as sinapses não estejam estabelecidas. Daí a importância da maturação nervosa para a aprendizagem: aprender signi- fica ativar sinapses normalmente não utilizadas. Neuroplasticidade e Aprendizagem Por muitos anos os cientistas afirmaram que ao atingir determinada idade o cérebro perderia a capacidade de produção neural, que se o tecido cerebral fosse lesado em regiões específicas por conta de derrames, traumatismos ou doenças, essa região jamais se regeneraria causando no indivíduo uma perda total da função exer- cida por ela. Fonte: enbmoficial.wordpress.com Atualmente sabemos, por meio dos resultados das pesquisas científicas, que embora o cérebro seja incapaz de se regenerar ele possui uma capacidade de se reorganizar, ou seja, de se adaptar, de modificar o processamento das informações e que essa capacidade de modificação e rearranjo das redes de neurônios formam no- vas sinapses reforçadas. Assim múltiplas possibilidades de respostas ao ambiente tornam-se possíveis, pois o cérebro é altamente maleável e com os estímulos, ade- quados e intensos, pode-se modificar a estrutura cerebral desenvolvendo habilidades. Segundo HOUZEL (2010) O que nós sabemos, no entanto, é que mesmo que o cérebro não consiga reconstruir o tecido afetado, o tecido que ele perdeu, ele é capaz de usar o que sobrou e modificar a maneira como essas regiões restantes do cérebro são usadas. E a base disso tudo é o uso. A reorganização funcional do cére- bro acontece quando existe demanda, quando nós insistimos em resolver- mos um problema. A descoberta da Neuroplasticidade, ou seja, da capacidade plástica do cérebro, da sua maleabilidade na qual ele se adapta às experiências e de que há uma rede de conexão neural muito ampla, portanto, de que algumas funções que anteriormente eram executadas por áreas cerebrais lesadas ou disfuncionais, podem ser assumidas por outras áreas fazendo com que ocorra uma reorganização e reestruturação das conexões neurais, desfez antigas crenças de que o cérebro só se modificava com a velhice.Assim como o cérebro das crianças -que apresenta uma neuroplasticidade mais intensa- o do adulto também apresenta essa plasticidade, que cria novas e cor- retas conexões para que ele possa aprender a cada dia mais. As neurociências demonstraram por meio dos seus experimentos, como os re- alizados em 2000 por cientistas britânicos com os taxistas de Londres que por exerci- tarem diariamente a memorização de ruas e rotas da cidade estimularam e desenvol- veram o hipocampo – região fundamental da memória espacial- mais queoutras pes- soas e que a capacidade de memorização não declinou com o passar dos anos e sim ocorreu o contrário, pois a atividade mental contínua gerou novos neurônios que mi- graram para a área mais utilizada pelos motoristas, que o exercício mental e o estí- mulo, têm como consequência a produção de novas células nervosas. Essa descoberta abre possibilidades para a reabilitação de pessoas com lesões cerebrais e para que as crianças e adolescentes tenham novas esperanças para o tratamento dos distúrbios e transtornos de aprendizagem. Processos envolvidos na aprendizagem Fonte: neurobusinessbrasil.blogspot.com.br Os processos envolvidos na aprendizagem são a sensação, em que os estí- mulos incidem sobre os receptores; a atenção, pré-requisito para a aprendizagem é fundamental para a recepção da informação, pois precisamos ter atenção para focar no estímulo que queremos aprender; a concentração, decorrente da fixação da aten- ção; a percepção, processo complexo em nível cortical responsável pela interpreta- ção e codificação da informação e a memorização, retenção da informação pelas áreas da memória pelo córtex cerebral. Para a Neurociência Cognitiva (NC) a atenção é a porta para a aprendizagem e o seu desenvolvimento depende da interação entre as estruturas do tronco encefá- lico e das suas conexões com o córtex frontal. É um processo complexo. Fonte: fontesdeluz.blogspot.com.br Nas escolas muitas crianças e adolescentes que são considerados desatentos apresentam baixo desempenho acadêmico. Pode ser que esses alunos não sejam realmente desatentos, mas sim ainda têm a atenção involuntária ou dividida e por este motivo não aprenderam a selecionar qual estímulo deve ser focado. Gazzaniga (2010) define a atenção como sendo um mecanismo cerebral cognitivo que possibilita pro- cessar informações, pensamentos ou ações relevantes, enquanto ignora outros irre- levantes ou dispersivos. Há vários tipos de atenção: a atenção involuntária ou passiva que é voltada para eventos externos ao indivíduo como os barulhos, uma porta que se abre, um cheiro, etc.; a atenção voluntária ou ativa que é a vigília; a atenção sustentada na qual o sujeito se mantém atento ao que está sendo tratado por um longo período; a atenção alternada ou dividida, quando se sai de um foco de atenção e a compartilha com outros estímulos e a atenção seletiva, que é o que fazemos com o que nos é significativo, ou seja, selecionamos aquilo que nos interessa. O nosso cérebro consegue prestar atenção em uma coisa de cada vez devido às próprias limitações e não porque vivemos em um mundo altamente distrativo. Quando pensamos que estamos atentos a vários estímulos do ambiente (como estu- dar ouvindo música ou assistindo a TV ao mesmo tempo) na verdade estamos cap- tando fragmentos de cada um desses estímulos e não estamos realmente atentos a nenhum deles. Fonte: neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br As teorias da seleção precoce versus tardia defendem que o sistema de pro- cessamento de informação humano não pode processar simultaneamente múltiplos sinais de entrada se há uma alta carga de informação, de forma que o sistema deve tomar uma “decisão” difícil sobre o que processar a seguir – o cerne da seleção (GAZZANIGA, 2010 p.269). Para aprender é necessário focar em apenas um estí- mulo. Estando atento a um estímulo o cérebro registra a informação na memória, que é a capacidade que temos de adquirir, formar, conservar informações e recuperá-las, de acordo com as nossas necessidades para poder utilizá-las no presente. Ela é uma das funções cognitivas mais utilizadas pelos seres humanos, pois faz a manutenção de todo material aprendido. É a persistência do aprendizado. Segundo Izquierdo (2002), Memória é aquisição, a formação, a conservação e a evocação de informa- ções. A aquisição é também chamada de aprendizagem: só se 'grava' aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lem- brança, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido (2002, p.9). A memória passa por estágios, desde a codificação (em sub-estágios de aqui- sição e consolidação) na qual a pessoa recebe e transforma a entrada de informações sensoriais e físicas para reter essas informações; o armazenamento (criando e man- tendo um registro) e a evocação (a lembrança, o acesso às informações) para a exe- cução de um comportamento. Fonte: neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br Memória e aprendizagem são as estruturas básicas para os conhecimentos, habilidades e planejamentos, pois envolvem as orientações temporais, espaciais, ha- bilidades mentais e intelectuais, permitindo aos indivíduos se situarem no presente e planejarem o seu futuro, considerando sempre o seu passado. Não há como dissociar a memória da aprendizagem, pois para que a aprendizagem ocorra é fundamental que as informações e os conhecimentos adquiridos se consolidem na memória. Como as memórias são processos neuronais relacionados ao hipocampo, amígdala, córtex frontal e são moduladas pelas emoções, pelo nível de consciência e pelos estados de ânimo (interesse, motivação, necessidade), podemos inferir que a integridade do processo neuronal, das principais áreas relacionadas a elas e como são moduladas é fundamental no processo de aprendizagem e da sua qualidade. Segundo Melo (2008) a memória responsável por armazenar e adquirir conhe- cimento sobre o mundo, incluindo fatos, conceitos e vocabulários é chamada de me- mória semântica. Esse tipo de memória é requerida para armazenar o aprendizado das disciplinas escolares e estas necessitam de repetição, pois não são processadas imediatamente.Muitos educadores ainda desconhecem como os seus alunos apren- dem, ou seja, quais são os meios que eles utilizam para aprender. Desconhecem tam- bém que algumas das dificuldades que os seus alunos encontram no processo de aprendizagem podem estar associadas a problemas com a integridade da sua memó- ria. Fonte: cardapiopedagogico.blogspot.com.br Assim sendo, os alunos não conseguirão atingir os objetivos esperados para a sua turma, pois a aprendizagem não ocorrerá e qualquer das estratégias utilizadas pelos professores será ineficiente gerando um desgaste emocional em todos os en- volvidos no processo. Nas salas de aula podemos encontrar crianças e adolescentes que sequer con- seguem repetir uma frase que acabaram de ouvir. Os educadores concluem que isso ocorre por pura falta de atenção, mas não sabem que essa suposta "desatenção" pode ocorrer por conta de prejuízos numa das principais funções cognitivas utilizadas por nós, a memória. Como vimos anteriormente sobre os vários tipos de atenção é improvável que alguém seja "desatento". O que podemos considerar é que a pessoa em questão, ou nosso aluno, esteja utilizando sistematicamente um tipo específico de atenção, como a involuntária ou passiva. Os professores devem estar atentos à essa questão da de- satenção dos seus alunos, pois estratégias podem ser utilizadas para direcionar o foco da atenção. Fonte: testobrasil.com.br Outro processo envolvido na aprendizagem é o Sistema de Recompensa (SR) que é o sistema cerebral ativado quando fazemos algo que nos dá prazer, nos mos- trando que é bom repetir essa ação. Essa sensação prazerosa de satisfação, é resul- tado da liberação da substância neuromoduladora dopamina que é fundamental para o processo de aprendizagem. Houzel (2010) define o sistema de recompensa como (…) o conjunto de estruturas que sinaliza para o restante do cérebro quando alguma coisa dá certo, seja ela algo que vocêdesejava ou algo que você estava tentando fazer e conseguiu, ou algo que aconteceu inesperadamente, mas é considerado bom, interessante pelo cérebro (2010, p.32). A ativação do Sistema de Recompensa (SR) é muito mais que uma resposta ao que deu certo, pois por meio das experiências anteriores o nosso cérebro cria ex- pectativas sobre o que ainda pode vir a dar certo. Essa expectativa criada por anteci- pação é a motivação. Quando o ensino é baseado em atividades criativas e repletas de novidades, ou que se disponibilize uma variedade de opções, formas de aprendi- zagem sobre um conteúdo a ser trabalhado, promove-se a motivação que leva ao aprendizado. Fonte: blogdoaluno.utfpr.edu.br Para a Neurocientista, o retorno positivo que se dá ao aluno sobre o seu de- sempenho nas atividades escolares, o apoio oferecido para que ele perceba os seus acertos e descobertas é fundamental e pode ser o que falta à ele para perceber que acertou, e isso acaba ativando o seu SR. As pessoas se sentem motivadas quando percebem que estão no caminho certo ou escolhido e quando acerta, tomando cons- ciência de que acertou, pois assim procurará fazer novamente aquilo que lhe deu pra- zer. Como o SR é ativado quando se aprende, na sala de aula os educadores po- dem e devem lançar mão desse recurso, elogiando, encorajando e incentivando as atitudes corretas e o esforço dedicado dos seus alunos à resolução dos problemas postos à eles. Baseando-se no conceito de SR os educadores passam a avaliar os seus alunos com outro olhar, não para os seus erros, mas para o que eles ainda não aprenderam, ou seja, a avaliação deixa de ser um mero instrumento classificatório e passa a ser um norteador para os próximos passos em busca do aprender. 9 DOENÇAS DEGENERATIVAS DO CÉREBRO Fonte: jornalggn.com.br As doenças cerebrais compreendem um grande problema de saúde da soci- edade moderna, em consequência do crescente número de pessoas acometidas de forma direta ou indireta, e também, devido à inexistência de cura para estas patolo- gias. Alguns pesquisadores consideram que a tendência dessas doenças é aumen- tar, em decorrência do aumento da expectativa de vida da população, resultando em uma maior prevalência de doenças do cérebro, desde neurodegenerativas, como Alzheimer, Parkinson, Huntington e esclerose múltipla aos acidentes vasculares cere- brais (AVC), neoplasias, epilepsia, ou disfunções psiquiátricas diversas, bem como outras diretamente ligadas ao envelhecimento, de origem genética ou traumática. As principais doenças do cérebro estão listadas abaixo: Alzheimer Fonte: segredosdomundo.r7.com Define-se Alzheimer como uma doença neurodegenerativa, caracterizada por uma súbita perda das faculdades mentais. Esta é considera a primeira causa de de- mência senil. Inicialmente, a perda de memória gera um desconforto. No entanto, numa fase mais adiantada deixa de ser um problema, pois o doente perda a capacidade de au- tocritica. Parkinson Fonte: www.tuasaude.com Esta também é uma doença neurodegenerativa, crônica e progressiva, que nor- malmente afeta pessoas com idade avançada. É decorrente da perda de neurônios do sistema nervoso central (SNC) em uma área específica do cérebro, levando à re- dução de dopamina, com consequente alteração dos movimentos não voluntários. Huntington Fonte: www.indice.eu Esta doença, também conhecida como mal de Huntington ou coréia de Hun- tington, é uma enfermidade neurodegenerativa hereditária, rara, que acomete de 3 a 7 indivíduos a cada 100.000 habitantes. Clinicamente, caracteriza-se por movimentos, bruscos, rápidos e involuntários dos braços, pernas e face. Esclerose Múltipla Fonte: ladobmodainclusiva.com.br Esta também é classificada como uma doença neurodegenerativa, que se ca- racteriza por placas disseminadas de desmielinização em todo o SNC, levando a um quadro neurológico variado, certas vezes com remissão, e outras com exacerbação das manifestações clínicas. Costuma aparecer entre os 25 a 30 anos de idade, sendo mais comum em mulheres. Dentre os sintomas, podem estar presentes: sensibilidade, fraqueza muscular, perda da capacidade de locomoção, distúrbios emocionais, incontinência urinária, queda de pressão, intensa sudorese, diplopia (quando há acometimento do nervo óp- tico), entre outros. Acidente Vascular Cerebral (AVC) Fonte: medifoco.com.br Popularmente conhecido como derrame cerebral, é um problema neurológico decorrente de uma obstrução (isquemia) ou rompimento dos vasos sanguíneos cere- brais (hemorragia). Inicia-se abruptamente, sendo que o paciente pode apresentar dificuldade de movimentação dos membros de um mesmo lado do corpo, dificuldade na fala ou arti- culação das palavras e déficit visual súbito de uma parte do campo visual. Também pode evoluir com coma e outros sinais. Epilepsia É definida como uma alteração na atividade elétrica do cérebro, temporária e reversível. Na verdade, a epilepsia não se trata de uma doença, e sim de um sintoma que pode aparecer em diferentes formas clínicas, podendo levar a manifestações motoras, sensitivas, sensoriais, psíquicas ou neurodegenerativas. Tem como etiologia fatores que podem lesar os neurônios ou a forma de comunicação entre eles, como: trauma- tismos cranianos, resultantes de cicatrizes cerebrais; traumatismo de parto; algumas drogas e substâncias tóxicas; interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro decor- rente de um AVC ou problemas cardiovasculares; doenças infecciosas ou tumores. Fonte: pt.slideshare.net 9.6.1.1 Como prevenir as doenças neurodegenerativas? A investigação científica tem-nos dado também indicações sobre formas de manter o nosso cérebro saudável e prevenir ou controlar sintomas das doenças neu- rodegenerativas. Os cientistas acreditam que estimular a mente e manter o cérebro ativo ao longo da vida pode retardar o aparecimento de doenças neurodegenerativas. A saúde do cérebro está, em grande parte, nas nossas mãos. Estimativas mos- tram que apenas 30% do envelhecimento do cérebro está geneticamente programado. A outra parte relaciona-se com o impacto do ambiente ao longo do tempo que depende quase na totalidade de fatores que podemos controlar. Como todos os órgãos, o cérebro muda ao longo da vida com intensidade dife- rente de indivíduo para indivíduo. De uma forma geral, encolhe ligeiramente, perde- mos alguns neurónios e as ligações entre os neurónios que permanecem diminuem. A boa notícia é que em pessoas saudáveis estas mudanças têm pouco efeito na fun- ção mental. A capacidade de adaptação do cérebro permanece ao longo da vida. Nunca é demasiado cedo ou demasiado tarde para contrariar o impacto do envelhecimento e começar a exercitar o cérebro. Até mesmo pessoas muito idosas podem beneficiar cognitivamente através da estimulação mental e interação social. Estudos científicos apontam para uma série atividades físicas e mentais no dia a dia que contribuem para a aptidão cognitiva e para a manutenção do funcionamento mental saudável, tais como: 9.6.1.2 Exercício físico: manter-se ativo Incorporar a atividade física, especialmente aeróbica, no nosso dia a dia, mesmo que apenas 10 minutos de cada vez. Investigação recente indica que o exer- cício ajuda a manter e a melhorar a memória e o humor porque aumenta o forneci- mento de sangue ao cérebro o que estimula a função dos neurónios. Há evidências que o exercício físico diminui o risco para as doenças de Alzheimer e de Parkinson. Fazer uma caminhada diária,andar de bicicleta ou nadar são sugestões para manter um estilo de vida ativo. 9.6.1.3 Exercitar a mente Estimular a nossa mente com atividades e experiências inovadoras que desa- fiam o cérebro a ativam novas vias neurais; fazer exercícios mentais – puzzles, jogos, resolver problemas. Novas aprendizagens permitem novas ligações entre os neuró- nios e mantêm os produtos químicos do cérebro a fluir. Redes neuronais mais ricas ajudam a criar uma “reserva mental” para preservar a função cerebral ao longo do tempo. Explorar terrenos desconhecidos como por exemplo a aprendizagem de uma língua estrangeira ou de um instrumento musical parecem ser uma ajuda importância em manter o cérebro saudável. 9.6.1.4 Ser social Interagir com outras pessoas e participar em atividades sociais. Ter uma rede social forte está relacionado com a saúde geral e longevidade. Interagir com as pes- soas, na sua variedade e imprevisibilidade, é um ótimo exercício mental. 9.6.1.5 Perceção de autoestima e autoeficácia Investigações sugerem que a sensação de que a nossa vida tem um propósito e de que conseguimos fazer a diferença mantem as capacidades cognitivas. Para al- gumas pessoas, atividades espirituais ou religiosas, ou estudar filosofia podem ajudar a promover uma vida com sentido. 9.6.1.6 Alimentação saudável Ter uma alimentação equilibrada e reduzir fatores de risco cardiovasculares tais como a pressão arterial e o colesterol altos; o cérebro funciona melhor quando temos refeições equilibradas. Sem um equilíbrio de nutrientes o cérebro não funciona no seu pleno potencial. Podemos esquecer-nos das coisas, ficar excessivamente emocio- nais, irritados, com a língua presa, ou com a cabeça leve. Um cérebro e sistema ner- voso saudáveis exigem muitos tipos diferentes de matérias-primas. Essas matérias- primas vêm de alimentos. 9.6.1.7 STRESS E SONO Gerir o stress e encontrar formas saudáveis de lidar com períodos de maior tensão e dormir o número adequado de horas (cerca de 8h por dia) mantêm o cérebro bem alimentado e oxigenado; o sono não-REM, de ondas lentas, que geralmente ocorre no início da noite, é crucial para a aprendizagem. BIBLIOGRAFIA ANDRADE, V.M.; SANTOS, F.H.; BUENO, 0. F.A (2004). Neuropsicologia Hoje. Artes Medicas, Sao Paulo. A prática da neurociência: das sinapses aos sintomas. Burst, E., ed. Reichmann e Affonso, 2000. BEAR, M.F., Connors, B.W. e Paradiso, M. A. Neurociências: Explorando o Cérebro, Artmed, Curitiba, 2002 BEAR, M.F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso. 3ª edição. Artmed. BRANDÃO, M. L. Psicofisiologia. Rio de Janeiro: Atheneu, 1995. DARWIN C. A origem das espécies. São Paulo: Hemus; 1973. GOULD SJ. Três aspectos da evolução. In: Brockman J, Matson K, organizado- res. As coisas são assim: pequeno repertório científico do mundo que nos cerca. São Paulo: Companhia das Letras; 1997. p. 95-100. GUYTON, A. Fisiologia humana. 11ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. HAINES, DUANE E. (2006) Neurociência fundamental para aplicações básicas e clinicas. Elselvier, Rio de Janeiro. LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais da neurociência. São Paulo: Ed. Atheneu, 2002. MINUCHIN, S. Família: funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.
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