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APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Sumário PARTE GERAL - TEORIA DA PENA 11 CONCEITO DE PENA 11 Princípios Constitucionais aplicados à teoria da pena 11 ESPÉCIES DE PENA 12 DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 12 Conceito 12 Dos Regimes de Cumprimento de Pena Privativa de Liberdade 13 Regime Fechado 13 Regime Semiaberto 13 Regime Aberto 14 Regime Especial 14 Direitos do Preso 15 Trabalho do Preso 15 Progressão de Regime 16 DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 17 Conceito 17 Espécies 17 Características das Penas Restritivas de Direitos 19 Critérios para a substituição da Pena Privativa de Liberdade em Restritiva de Direito 20 Critérios para a Substituição da PPL em PRD 20 Condenado Reincidente e Conversão da PRD em PPL 21 DA PENA DE MULTA 21 Conceito 21 Valor do Dia Multa 21 Do pagamento da Multa 22 Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 2 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Critérios especiais da pena de multa 22 DA APLICAÇÃO DA PENA 22 Considerações Gerais 22 Circunstância Judiciais (Art. 59 do CP) 23 Circunstâncias Agravantes e Atenuantes 24 Considerações Gerais 24 Exasperação da Pena 24 Concurso de agravantes e atenuantes 25 Causas de Aumento e Diminuição 25 Suspensão Condicional da Pena 25 DO LIVRAMENTO CONDICIONAL 27 Conceito 27 Natureza Jurídica 27 Cabimento 27 Requisitos Necessários para a Concessão do Livramento Condicional 27 Revogação do Livramento Condicional 28 Extinção 28 EFEITOS DA CONDENAÇÃO 28 DA REABILITAÇÃO 29 Conceito 29 Cabimento 29 Prazo para Requerimento da Reabilitação 29 Requisitos para a Reabilitação 30 Revogação da Reabilitação 30 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 30 PRESCRIÇÃO 31 Conceito 31 Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 3 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Espécies 31 Prescrição da Pretensão Punitiva 32 Conceito 32 Prazos 32 Redução dos Prazos da Prescrição 32 Prazo Prescricional e Penas Restritivas de Direitos 33 Início do Prazo da Prescrição Punitiva 33 Interrupção do Prazo da Prescrição Punitiva 33 Prescrição da Pretensão Executória 34 Conceito 34 Prazos 34 Início do prazo da Pretensão Executória 34 Prescrição Intercorrente 34 Prescrição Retroativa 35 Prescrição Antecipada ou Virtual 35 PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A VIDA 36 Fundamento Constitucional e Internacional de Proteção do Bem Jurídico “Vida” 36 Titular do Direito à Vida 36 Dos Crimes em Espécie 36 PARTE ESPECIAL - DAS LESÕES CORPORAIS 45 Considerações Gerais 45 Conceito de Lesão Corporal 45 Núcleo do Tipo 46 Modalidades 46 Lesão Corporal Simples ou Leve (Art. 129, caput, do CP) 46 Lesão Corporal de Natureza Grave (Art. 129, § 1º, do CP) 46 Lesão Corporal de Natureza Gravíssima (Art. 129, § 2º, do CP) 47 Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 4 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Lesão corporal seguida de morte (Art. 129, § 3º , do CP) 47 Lesão corporal seguida de privilegiada (Art. 129, § § 4° e 5° , do CP) 48 Lesão Corporal Culposa (Art. 129, § 6º, do CP) 48 Lesão Corporal Majorada (Art. 129, § 7º, do CP) 48 Lesão Corporal praticada em contexto de Violência Doméstica (Art. 129, § 7º, do CP) 49 Majorantes da Lesão Corporal em Contexto de Violência Doméstica 49 Lesão Corporal Funcional (Art. 129, § 12 , do CP) 49 Sujeito Ativo 50 Sujeito Passivo 50 Consumação e Tentativa 50 PARTE ESPECIAL - DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 50 Furto (Art. 155 do CP) 50 Conceito 50 Modalidades de Furto 50 Sujeitos Crime 56 Objeto Material 56 Consumação e Tentativa 56 Roubo (Art. 157 do CP) 57 Conceito 57 Sujeito ativo 57 Sujeito passivo 57 Princípio da Insignificância 57 Elemento subjetivo 57 Espécies de roubo (art. 157 do CP) 58 Diferença entre roubo e extorsão 61 Extorsão 61 Conceito 61 Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 5 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Sujeitos ativo e passivo 61 Elemento subjetivo 62 Consumação e tentativa 62 Causa de aumento de pena 62 Extorsão qualificada pelo resultado 62 Sequestro relâmpago 62 Extorsão mediante sequestro 63 Conceito 63 Sujeitos ativo e passivo 63 Elemento subjetivo 63 Consumação e tentativa 63 Qualificadoras 64 Extorsão Indireta (Art. 160 do CP) 64 Crime de Dano 64 Conceito 64 Objeto Material 65 Sujeitos do Crime 65 Elemento Subjetivo 65 Exame Pericial 65 Consumação e Tentativa 65 Modalidades Qualificadas 66 Apropriação indébita 66 Conceito 66 Elementos Importantes 66 Convalidação da Posse 67 Sujeitos ativo e passivo 67 Elemento subjetivo 67 Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 6 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Consumação 67 Estelionato 68 Conceito 68 Análise das elementares do núcleo do tipo 68 Momentos do Crime de Estelionato 69 Sujeitos ativo e passivo 69 Elemento subjetivo 70 Falso e estelionato 70 Consumação 70 Espécies de Estelionato (figuras equiparadas) 70 Receptação 73 Conceito 74 Espécies 74 Sujeitos do Crime 75 Objeto Material 75 Elemento Subjetivo 75 Consumação e Tentativa 75 DISPOSIÇÕES GERAIS APLICÁVEIS AOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 75 Imunidade Penal 75 Conceito 75 Justificativa 76 Hipóteses de Incidência 76 Necessidade de representação 76 PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 76 Estupro 76 Conceito 76 Núcleo do Tipo Penal 76 Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 7 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Objeto Material 77 Meios de Execução 77 Pluralidade Típica 77 Objetividade jurídica 78 Sujeito ativo 78 Elemento subjetivo 78 Consumação e tentativa 78 Espécies 78 Importunação sexual 80 Contexto Social 80 Conceito 80 Bem Jurídico Tutelado 80 Sujeito Ativo e Passivo 80 Adequação Típica 80 Elemento Subjetivo 81 Consumação e Tentativa 81 Assédio Sexual 81 Conceito 81 Bem Jurídico Tutelado 81 Sujeito Ativo e Passivo 82 Adequação Típica 82 Elemento Subjetivo do Tipo 83 Consumação e Tentativa 84 Estupro de vulnerável 84 Conceito 84 Objeto Material 84 Figuras qualificadas 85 Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 8 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Sujeitos do Crime 85 Consumação e Tentativa 85 9. PARTE ESPECIAL – DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL 86 Conceito de Lenocínio 86 Principais Espécies Delitivas 86 10. PARTE ESPECIAL – CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA 87 Conceito de Crime contra a Fé Pública 87 Principais EspéciesDelitivas 87 11. PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA 90 Conceito de Paz Pública 90 Dos crimes contra a Paz Pública 90 12. PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 92 Dos crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral 92 Conceito de Funcionário Público 92 Funcionário Público Equiparado 92 Causa de Aumento de Pena 92 Dos Crimes em Espécie 93 DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 96 Dos Crimes em Espécie 96 DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 101 Considerações Gerais 101 Dos Crimes em Espécie 101 13 DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA 103 Conceito 103 Subdivisão 103 Dos crimes de perigo comum - Incêndio e Explosão 103 Bibliografia 104 Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 9 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. PARTE GERAL - TEORIA DA PENA CONCEITO DE PENA Com a prática do delito surge a pretensão punitiva estatal materializada na sanção penal, a pena e a medida de segurança são suas espécies. ● Pena = culpabilidade ● Medida de Segurança = periculosidade. De acordo com Guilherme de Souza Nucci, a pena é a sanção imposta pelo Estado, por meio de ação penal, ao criminoso como retribuição ao delito perpetrado e prevenção a novos crimes. Possui duas finalidades, quais sejam: ● Preventiva - visa evitar a prática de novas infrações penais. ❖ Prevenção Geral - destina-se a todos integrantes da sociedade ❖ Prevenção Especial - destina-se ao indivíduo infrator, visa que o mesmo não cometa novas infrações penais. ● Repressiva - visa a punição do autor do delito. Princípios Constitucionais aplicados à teoria da pena a) Princípio da pessoalidade da pena - Art. 5º, XLV, da CRFB/88 - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; b) Princípio da individualização da pena - todo indivíduo tem o direito de ter a pena a ele aplicada individualmente, consideradas todas as características e condições pessoais, além de se valorar o que efetivamente fez. c) Princípio da humanização da pena - A pena deve visar a ressocialização do apenado, sendo proibidas: ● de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; ● Obs.: CF X TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL - o entendimento de que o suposto conflito entre o texto do Estatuto de Roma e a Constituição brasileira era apenas aparente, tornando possível a sua vigência no ordenamento jurídico brasileiro sem qualquer necessidade de reforma constitucional - a disposição que veda a pena de prisão perpétua (art. 5º, XLVII, “b”, da CF/1988) encontra-se Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 10 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. direcionada ao legislador interno, tendo em vista os crimes domésticos, não cabendo restrições aos legisladores do Direito Internacional ● de caráter perpétuo; ● de trabalhos forçados; ● de banimento;e ● cruéis; d) Princípio da inderrogabilidade - a pena não pode deixar de ser aplicada sob nenhum fundamento. ESPÉCIES DE PENA Pena Privativa de Liberdade - são as penas de reclusão, detenção e prisão simples. É a mais grave, pressupõe a restrição da liberdade do condenado. Pena Restritiva de Direito - pressupõe a restrição de determinados direitos do condenado. Multa - é uma pena pecuniária. DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE Conceito Nas palavras de Ricardo Andreucci, nas penas privativas de liberdade há diminuição do direito à liberdade do criminoso, fazendo com que seja ele recolhido a estabelecimento prisional adequado, de acordo com a espécie e a quantidade de pena fixada. Se subdivide em: Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 11 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. ➔ Pena de Reclusão (regime fechado, semiaberto ou aberto) ➔ Pena de Detenção (somente nos regimes semiaberto e aberto) ➔ Pena de Prisão Simples (no caso das contravenções penais) Dos Regimes de Cumprimento de Pena Privativa de Liberdade Regime Fechado ● Local de Cumprimento de Pena - estabelecimento de segurança máxima ou média. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado. ● Quantum de Pena - o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado ou o condenado reincidente. ● Forma de Cumprimento - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno ● Trabalho Externo - O trabalho externo é admissível somente em serviços ou obras públicas. Regime Semiaberto ● Local de Cumprimento de Pena - colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. ● Quantum de Pena - poderá o condenado não reincidente, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito). ● Forma de Cumprimento - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. ● Trabalho Externo - O trabalho externo é admissível, bem como a frequência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. ● Saída Temporária ➔ Cabimento - é permitida nos casos de presos no regime semiaberto, justifica-se pelo fato de ser finalidade da pena a ressocialização do apenado. ➔ Súmula 520 do STJ - O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional. ➔ Requisitos ➢ Comportamento adequado; ➢ 1/6 da pena se for primário ➢ 1/4 da pena se for reincidente. ➢ Compatibilidade do benefício com os objetivos da pena. ➢ Obs.: Súmula 40 do STJ - Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo, considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 12 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. ➔ Duração - A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano. Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes. Regime Aberto ● Local de Cumprimento de Pena - casa de albergado ou estabelecimento adequado. ● Quantum de Pena - condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. ➢ Obs.: é cabível o cumprimento de pena no regime aberto para reincidentes quandoas circunstâncias favoráveis assim o permitir. ● Forma de Cumprimento - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. ● Trabalho Externo - é muito mais que um direito, constitui-se em um dever do condenado em trabalhar ou frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada. Regime Especial As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal. Regras Específicas ➔ No estabelecimento para mulheres somente se permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo quando se tratar de pessoal técnico especializado. ➔ A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal. ➔ Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. ➔ Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 13 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Direitos do Preso É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral (Art. 5.º, XLIX, da CF), bem como o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral (Art. 38 do CP). Trabalho do Preso O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social (Art. 39 do CP). Não se confunde com trabalho forçado, por conseguinte, constitui-se em uma forma ressocialização do preso. É possível com o trabalho a remição da pena imposta. A remição é o resgate da pena pelo trabalho ou estudo, permitindo-se o abatimento do montante da condenação, periodicamente, desde que se constate estar o preso em atividade laborativa ou estudando (Guilherme Nucci). Questionamentos Regras para a remição Quem poderá remir a execução da pena? - O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena (Art. 126 da LEP). - Não há falar em remição de pena pelo trabalho estando o condenado no regime aberto ou em livramento condicional, visto que nestes casos o trabalho é condição de ingresso e permanência (Renato Marcão) - É possível a remição para o condenado que cumpre pena em regime aberto pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional. A quem incumbe requerer a remição da pena? - Incumbe à Defensoria Pública ou advogado constituído requerer a remição da pena (Art. 81-B da LEP). - O MP também poderá requerer a remição, considerando que o mesmo atua como fiscal da lei. A quem incumbe decidir sobre a remição da pena? - Compete ao Juiz da execução decidir sobre a remição da pena (Art. 66 da LEP) Como se conta o tempo da remição? - Atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional ❖ 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 14 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. frequência escolar, divididas, no mínimo, em 3 (três) dias. ❖ O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação ● Trabalho ❖ 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. ❖ O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. Obs.: Admite-se a acumulação dos casos de remição (trabalho + estudo), desde que exista compatibilidade das horas diárias, e sendo assim, o preso que trabalhar e estudar regularmente e com atendimento à carga horária diária que a lei reclama para o trabalho e também para o estudo, poderá, a cada 3 (três) dias, reduzir 2 (dois) dias de sua pena (Renato Marcão) Quais as consequências da prática de falta grave na remição? Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. Progressão de Regime As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado. O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. Regras de Progressão de Regime ➔ 1/6 da pena para condenados em crimes comuns ➔ 2/5 da pena para condenados em crimes hediondos ➔ 3/5 da pena para condenados em crimes hediondos (reincidente) Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 15 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. ➔ o cumprimento da pena privativa de liberdade também contempla a possibilidade de regressão de regime quando: 1) Cometimento de Falta Grave 2) Unificação de penas Limite das penas ➔ Tempo Máximo da PPL - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. ➔ Pluralidade de Condenações - o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Conceito São penas alternativas às privativas de liberdade, expressamente previstas em lei, tendo por fim evitar o encarceramento de determinados criminosos, autores de infrações penais consideradas mais leves, promovendo-lhes a recuperação através de restrições a certos direitos (Guilherme Nucci). Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 16 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Espécies ● Prestação Pecuniária ➔ A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. ➔ O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. ● Perda de Bens e Valores➔ Destinação - A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional ➔ Valor - o que for maior: ✓ O montante do prejuízo causado ou; ✓ O provento obtido pelo agente ou; por terceiro, em conseqüência da prática do crime. ● Limitação de Fim de Semana ➔ A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. ● Prestação de Serviço à Comunidade ou a Entidades Públicas ➔ Cabimento - A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade. ➔ Atividades Desenvolvidas - A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 17 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. ➔ Local de Cumprimento - A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. ➔ Forma de Cumprimento - As atividades serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. ➔ Tempo de Cumprimento - Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada. ● Interdição Temporária de Direitos ➔ As penas de interdição temporária de direitos são: a) proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; b) proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; c) suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. d) proibição de freqüentar determinados lugares. e) proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos Características das Penas Restritivas de Direitos Substitutiva - São substitutivas porque derivam da permuta que se faz após a aplicação, na sentença condenatória, da pena privativa de liberdade. Não há tipos penais prevendo, no preceito secundário, pena restritiva de direito. Portanto, quando juiz aplicar uma pena privativa de liberdade, pode substituí-la por uma restritiva, pelo mesmo prazo da primeira (Nucci). Autonomia - São autônomas porque subsistem por si mesmas após a substituição. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 18 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Critérios para a substituição da Pena Privativa de Liberdade em Restritiva de Direito Critérios para a Substituição da PPL em PRD Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 19 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Condenado Reincidente e Conversão da PRD em PPL DA PENA DE MULTA Conceito A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. Valor do Dia Multa O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 20 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Do pagamento da Multa ● Prazo de Pagamento - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. ● Pagamento em Parcela - A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais. ● Desconto do Salário - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado quando: ➔ a) aplicada isoladamente; ➔ b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos; ➔ c) concedida a suspensão condicional da pena. ➔ Obs.: O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua família. ● Competência para Execução ➔ Posicionamento STJ - a pena pecuniária é considerada dívida de valor e, desse modo, possui caráter extrapenal, de forma que sua execução é de competência exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. ➔ Posicionamento STF - a multa é de natureza penal e precisa ser executada, preferencialmente, pelo Ministério Público. Critérios especiais da pena de multa Critério de Fixação - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu. A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. .Multa Substitutiva (Vicariante) - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa. DA APLICAÇÃO DA PENA Considerações Gerais Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 21 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. O Código Penal adotou o sistema trifásico de aplicação da pena, isto é, são três fases utilizadas para se chegar ao quantum de pena aplicada ao condenado, são elas: a) 1ª Fase - Circunstâncias Judiciais (Art. 59 do CP) b) 2ª Fase - Circunstâncias Agravantes e Atenuantes c) 3ª Fase - Causas de Aumento e Diminuição de Pena Fundamento - Princípio da Individualização da Pena. Circunstância Judiciais (Art. 59 do CP) Observações Importantes ❖ São 08 (oito) circunstâncias judiciais, são elas, culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos do crime, circunstâncias do crime, consequências do crime, bem como o comportamento da vítima. ❖ Para cada circunstância judicial seja utilizada a fração de 1/8, pois são oito circunstâncias no art. 59 do CP. ❖ A fração de 1/8 deve ser calculada sobre o resultado da subtração entre a pena máxima e a mínima do crime julgado. No delito de furto simples (art. 155, caput, do CP), em que a pena mínima é de um ano e a máxima é de quatro anos (4 - 1 = 3 anos), para cada circunstância judicial prejudicial, recrudesce-se em 1/8 de 3 anos. E esse quantum incidirá sobre a pena mínima para obter-se a pena-base. Circunstâncias Judiciais (Quadro esquematizado desenvolvido a partir das lições do professor Marcelo Misaka- Curso de Sentença Criminal) 1) Culpabilidade: Entende-se por culpabilidade a maior ou menor censurabilidade do crime. Quanto mais reprovável o delito, maior a culpabilidade. 2) Antecedentes: deverá ser avaliada a vida pregressa do agente, normalmente o seu envolvimento com episódios criminais antes daquele crime que se está a julgar. ➔ Obs.: Súmula 444 do STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base. ➔ Segundo o entendimento dessa súmula, maus antecedentes seriam as condenações criminais transitadas em julgado antes ou depois da prática do delito julgado, e que não caracterizem reincidência (art. 63 do CP). Exs.: aquelas fulminadas pelo período depurador da reincidência (art. 64, I, do CP), crimes militares e políticos (art. 64, II, do CP) ou a prática de anterior contravenção penal. 3) Conduta Social: Por Conduta Social deve-se entender o comportamento do réu na sua Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 22 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. comunidade (na família, no emprego, no bairro etc.). Deve ter elementos presentes no autos que atestem tal conduta. 4) Personalidade: é a índole do agente, o seu caráter, eventuais traumas da infância, a influência do meio social na formação do indivíduo 5) Motivo do Crime: Os motivos do crime são as influências internas e externas que levaram o sujeito a cometer o delito. Podem ser ou não mais reprováveis. 6) Circunstâncias do Crime : Nas circunstâncias do crime analisa-se o momento da prática do delito: a forma (meios utilizados, quantidade de agentes), o tempo (maior ou menor duração), o lugar etc., que demonstrem a necessidade de uma exasperação na pena-base. 7) Consequência do Crime: é a extensão dos danos provocados pelo crime. Em crimes formais, cujo resultado naturalístico é desnecessário à caracterização da infração penal, a ocorrência do resultado naturalístico poderá ser avaliada nesse tópico. Ex.: Num latrocínio em que a vítima deixa viúva e filhos desamparados, pois dependiam exclusivamente do salário do de cujus. Eventuais traumas psíquicos adquiridos pela vítima após o delito. 8) Comportamento da Vítima: contribuição da vítima para a ocorrência do crime, embora não tenha o condão de justificar ou excluir o crime, a contribuição da vítima pode tornar o delito menos reprovável, influenciando na fixação da pena-base. Circunstâncias Agravantes e Atenuantes Considerações Gerais Nas palavras de Marcelo Misaka, estabelecida a chamada pena-base, na fase seguinte serão perquiridas as circunstâncias agravantes e atenuantes. No Código Penal há um rol de agravantes (arts. 61 e 62) e atenuantes (arts. 65 e 66). Doutrina e jurisprudência predominante sustentam que, tal qual na fase anterior, o juiz está adstrito aos limites mínimos e máximos da pena. ● SÚMULA 231 do STJ - A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. Exasperação da Pena A jurisprudência tem entendido razoável a fração de 1/6 para cada agravante ou atenuante, limitados ao mínimo e máximo do preceito secundário. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 23 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Concurso de agravantes e atenuantes No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. Exemplo: presente a agravante do recurso que dificultou a defesa da vítima e a atenuante da prática do crime por relevante valor moral, esta deve prevalecer, já que atinente aos motivos do crime. Então, a pena deve ser atenuada e não agravada (Marcelo Misaka). Causas de Aumento e Diminuição No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. Ex.: o crime tentado, o arrependimento posterior, a semi-imputabilidade quando se opta pela prisão, o concurso formal e o crime continuado. Na parte especial do Código Penal, dependerá do crime analisado. Destaca-se: no homicídio privilegiado, no homicídio majorado, em lesões corporais majoradas, no furto privilegiado etc (Marcelo Misaka) Nessa fase o juiz não está confinado aos limites mínimos e máximos do preceito secundário. Suspensão Condicional da Pena Conceito - De acordo com Guilherme Nucci, trata-se de um instituto de política criminal, tendo por fim a suspensão da execução da pena privativa de liberdade, evitando o recolhimento ao cárcere do condenado não reincidente, cuja pena não é superior a dois anos (ou quatro, se septuagenário ou enfermo), sob determinadas condições, fixadas pelo juiz, bem como dentro de um período de prova predefinido. Cabimento ➔ Condenação em pena privativa de liberdade não superior a 2 (dois) anos. ➔ Condenação em pena privativa de liberdade não superior a 4 (quatro) anos, se o condenado for maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. Requisitos para a concessão do Sursis da Pena ➔ o condenado não pode reincidente em crime doloso Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 24 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. ➔ a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício ➔ Não seja indicada ou cabível a substituição da Pena Privativa de Liberdade em Pena Restritiva de Direito. Período de Prova ➔ Condenado em pena de até 02 (dois) anos (regra geral) - o período de prova será 2 (dois) a 4 (quatro) anos. ➔ Condenado em pena não superior a 04 (quatro) anos (condenado maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão) - o período de prova será de 4 (quatro) a 6 (seis) anos. Forma de Cumprimento ➔ Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. ➔ No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (Art. 46 do CP) ou submeter-se à limitação de fim de semana (Art. 48 do CP). Revogação Obrigatória A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: a) é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso. b) frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano. c) não presta serviços à comunidade ou se submete à limitação de fim de semana, no primeiro ano do prazo. Revogação Facultativa ➔ A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmentecondenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Prorrogação do período de prova ➔ Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. ➔ Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 25 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Cumprimento das Condições do Sursis da Pena ➔ Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. DO LIVRAMENTO CONDICIONAL Conceito Trata-se de um instituto de política criminal, destinado a permitir a redução do tempo de prisão com a concessão antecipada e provisória da liberdade do condenado, quando é cumprida pena privativa de liberdade, mediante o preenchimento de determinados requisitos e a aceitação de certas condições (Nucci). Natureza Jurídica é medida penal restritiva da liberdade de locomoção, que se constitui num benefício ao condenado e, portanto, faz parte de seu direito subjetivo, integrando um estágio do cumprimento da pena (Nucci). Cabimento O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos Requisitos Necessários para a Concessão do Livramento Condicional ➔ Cumprimento de mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; ➔ Cumprimento de mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; ➔ Comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; ➔ Reparação do dano causado pela infração, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo; ➔ Cumprimento de mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. Em suma: Condenado não reincidente em crime doloso - 1/3 da pena. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 26 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Condenado reincidente em crime doloso - mais da metade da pena. Condenado em crime hediondo - 2/3 da pena. Condenado em crime com violência ou grave ameaça a pessoa - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. Revogação do Livramento Condicional O livramento condicional será revogado quando: Se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liberdade, em sentença irrecorrível: a) por crime cometido durante a vigência do benefício b) por crime anterior. A revogação será facultativa se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade. Extinção Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. Havendo prática de crime durante o livramento condicional, o juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento. EFEITOS DA CONDENAÇÃO Constitui-se em efeito genérico da condenação: a) A obrigação de indenizar o dano causado pelo crime. b) A perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, dos instrumentos do crime (desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 27 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. ou detenção constitua fato ilícito) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. Constitui-se em efeito específico da condenação: a) a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública ou quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. b) incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado. c) a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. Obs.: Os efeitos específicos não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. DA REABILITAÇÃO Conceito Reabilitação é a declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas as penas impostas ao sentenciado, que assegura o sigilo dos registros sobre o processo e atinge os efeitos da condenação (Ricardo Andreucci). Cabimento A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação. Prazo para Requerimento da Reabilitação Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 28 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação. Requisitos para a Reabilitação a) domicílio no País b) demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado; c) ressarcimento do dano causado pelo crime ou demonstração da absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. Obs.: Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários. Revogação da Reabilitação A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE l Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 29 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Obs.: A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. Ex.: não é porque o furto prescreveu, extinguindo-se a punibilidade do agente, que a punibilidade da receptação sofrerá qualquer arranhão, ou porque a ameaça deixa de ser considerada delito que o roubo será afetado (Nucci). PRESCRIÇÃO Conceito Nas palavras de Ricardo Andreucci, prescrição é a perda do direito de punir do Estado pelo decurso do tempo. Esse instituto tem sua justificativa no desaparecimento do interesse estatal na repressão ao crime, em razão do tempo decorrido, já não havendo mais sentido na punição tardia. Espécies Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 30 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Prescrição da Pretensão Punitiva Conceito Ainda nas lições de Ricardo Andreucci, nesse tipo de prescrição, o decurso do tempo faz com que o Estado perca o jus puniendi (direito de punir), consubstanciado no direito de invocar o Poder Judiciário para aplicar a sanção ao autor do crime pelo fato cometido. Prazos A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime. PATAMAR MÁXIMO DA PPL TEMPO PARA PRESCRIÇÃO se o máximo da pena é superior a doze 20 (vinte) anos se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze 16 (dezesseis) anos se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito 12 (doze) anos se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro 08 (oito) anos se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; 04 (quatro) anos se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano 03 (três) anos Obs.: no concurso de crimes, seja material, seja formal, seja crime continuado, a prescrição incide sobre cada infração, isoladamente (Andreucci). Redução dos Prazos da Prescrição São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 31 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Prazo Prescricional e Penas Restritivas de Direitos Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade. Início do Prazo da Prescrição Punitiva Nos termos do Art.111 do CP, a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: a) do dia em que o crime se consumou b) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência d) nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido e) nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. Interrupção do Prazo da Prescrição Punitiva Interromper a prescrição significa recomeçar, por inteiro, o prazo prescricional. Ex.: se após o decurso de 2 anos do lapso prescricional, de um total de 4, houver a ocorrência de uma causa interruptiva, o prazo recomeça a correr integralmente (Guilherme Nucci). O rol de causas que interrompem a prescrição é taxativo, são elas: a) recebimento da denúncia ou da queixa b) decisão de pronúncia (tribunal do júri) c) decisão confirmatória da pronúncia (hipótese de o tribunal pronunciar o réu, anteriormente impronunciado ou absolvido sumariamente pelo juiz) d) publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis e) início ou continuação do cumprimento da pena f) reincidência Observações Importantes ➔ a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime, exceto nos casos de início ou continuação do cumprimento da pena ou reincidência. ➔ nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles (ex.: Homicídio e Porte Ilegal de Arma de Fogo, com a decisão de pronúncia do réu, a interrupção da prescrição atinge o crime principal, homicídio, bem como o crime conexo, Porte Ilegal de Arma de Fogo) Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 32 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. ➔ Com a interrupção da prescrição, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção, exceto no caso de início ou continuação do cumprimento da pena. Prescrição da Pretensão Executória Conceito Na prescrição da pretensão executória, o decurso do tempo sem o exercício do jus puniendi faz com que o Estado perca o direito de executar a sanção imposta pela sentença condenatória. ocorre após o trânsito em julgado da sentença condenatória (Ricardo Andreucci). Prazos A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados para a prescrição da pretensão punitiva, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. Assim sendo: Se Mévio (não reincidente) é condenado a 4 (quatro) anos pela prática de roubo simples o prazo prescricional será determinado pela pena imposta na sentença condenatória, atingindo o seu reconhecimento apenas o efeito principal da condenação (sanção) e não os efeitos secundários, nesse caso, o prazo prescricional será de 08 (oito) anos para executar a sentença condenatória. Início do prazo da Pretensão Executória Nos termos do art. 112 do CP, a prescrição começa a corre: a) do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional. b) do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena. Prescrição Intercorrente É a prescrição da pretensão punitiva, com base na pena aplicada, com trânsito em julgado para a acusação ou desde que improvido seu recurso, que ocorre entre a sentença condenatória e o trânsito em julgado desta (Guilherme Nucci). Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 33 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Prescrição Retroativa Para a verificação da prescrição retroativa, deve-se tomar a pena em concreto aplicada ao réu e, em seguida, adequá-la a um dos prazos estabelecidos nos incisos doart. 109. Encontrado o valor, deve-se tentar colocá-lo entre a data do recebimento da denúncia ou queixa e a data da publicação da sentença condenatória (Ricardo Andreucci) Prescrição da Pretensão Punitiva Prescrição Retroativa Prescrição Intercorrente Prescrição da Pretensão Executória Antes do Recebimento da Denúncia Regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade aplicado ao crime Do Recebimento da Denúncia até a Sentença Atinge a Pretensão Punitiva, ou seja, o Estado perde o direito de punir pelo decurso do tempo. Regula-se pela pena aplicada Ocorre entre a sentença condenatória e o trânsito em julgado desta. Atinge a Pretensão Punitiva, ou seja, o Estado perde o direito de punir pelo decurso do tempo. Regula-se pela pena aplicada Depois de transitar em julgado a sentença ou acórdão condenatório Atinge a Pretensão de Executar a pena, apesar do Estado ter exercido seu jus puniendi . Regula-se pela pena aplicada Prescrição Antecipada ou Virtual Nas palavras de Ricardo Andreucci, prescrição antecipada, também chamada de virtual, baseia-se na falta de interesse de agir do Estado e tem por escopo evitar que eventual condenação não tenha função al-guma, desprestigiando a Justiça Pública. Considera-se a pena que seria aplicada ao criminoso em vista das circunstâncias do caso concreto, pena esta que, após os trâmites processuais, já estaria prescrita. Obs.: Súmula 438 do Superior Tribunal de Justiça - É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 34 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. PARTE ESPECIAL – DOS CRIMES CONTRA A VIDA Fundamento Constitucional e Internacional de Proteção do Bem Jurídico “Vida” ➢ Constituição Federal de 1988 : Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida , à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...] ➢ Pacto de San José da Costa Rica - Art. 4º Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. ➢ Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 - Artigo 3º Todo o homem tem direito à vida , à liberdade e à segurança pessoal. Titular do Direito à Vida ➢ Pessoa Humana (Vida Extrauterina) - é toda pessoa que possui personalidade jurídica de acordo com a lei civil, nesse sentido, personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida (Art. 2º, 1ª parte, do Código Civil). ■ Crimes Aplicáveis ➔ Homicídio (Doloso e Culposo) ➔ Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio. ➔ Infanticídio. ➢ Nascituro (Vida Intrauterina) - é todo aquele que ainda que ainda não nasceu com vida, mas que está em desenvolvimento no útero materno, por conseguinte, a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (Art. 2º, 1ª parte, do Código Civil). ■ Crimes Aplicáveis ➢ Aborto Dos Crimes em Espécie 1) Homicídio (Art. 121 do CP) Conceito - De acordo com Celso Delmanto, o homicídio é a eliminação da vida de uma pessoa praticada por outra. Consiste no simples fato de matar (núcleo do tipo) alguém (objeto material). Modalidades Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 35 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Modalidades de Homicídio Observações Importantes Homicídio Simples (Art. 121, caput, do CP) ❏ é aquele em que não ocorrem as hipóteses privilegiadas do § 1º ou as qualificadas do § 2º (Caráter Subsidiário) ❏ Obs.: É hediondo o homicídio simples (art. 121, caput) quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio , ainda que cometido por um só agente. Homicídio Privilegiado (Art. 121, § 1º, do CP) Ocorre quando o agente comete o crime impelido (dominado) por: a) motivo de relevante valor social ou moral ➢ a.1) Valor Moral - diz respeito aos interesses pessoais do agente (ex.: o pai mata o agente que estuprou sua filha). ➢ a.2) Valor Social - diz respeito ao motivo nobre ligado a questões de interesse coletivo (ex.: matar alguém que tenha traído a pátria). b) sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. ➢ Fórmula = injusta provocação + emoção violenta + reação em seguida ➢ Violenta emoção - quando o sujeito está dominado pela excitação dos seus sentimentos (ódio, desejo de vingança, amor exacerbado, ciúme intenso) e foi injustamente provocado pela vítima, momentos antes de tirar-lhe a vida (Nucci). Homicídio Privilegiado X Atenuante genérica do art. 65, III, c, última parte, do CP (Guilherme Nucci) ➢ a) para o privilégio exige a lei que o agente esteja dominado pela violenta emoção e não meramente influenciado, como mencionado no caso da atenuante ➢ b) determina a causa de diminuição de pena que a reação à injusta provocação da vítima se dê logo em seguida, enquanto a atenuante nada menciona nesse sentido. Efeito ➢ o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Homicídio Qualificado (Art. Ocorre quando o homicídio é praticado: Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 36 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. 121, § 2°, do CP) ➢ mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; Mediante paga ou promessa de recompensa: é o chamado homicídio mercenário, que o agente pratica por motivo de pagamento (predomina o entendimento de que deve ter valor econômico). Motivo Torpe: Cuida-se do móvel abjeto, de razão soez, baixa, ignóbil, repugnante, tais como “o prazer do mal, o desenfreio da lascívia, a vaidade criminal, o despeito da imoralidade contrariada” (André Estefam) Ex.: homicídio cometido em razão da homossexualidade da vítima; falta de pagamento de dívida; para ficar com o dinheiro do seguro de vida e etc. ➢ por motivo fútil; Motivo Fútil: É fútil o homicídio praticado por motivo insignificante, sem importância, totalmente desproporcionado em relação ao crime, em vista de sua banalidade (Celso Delmanto). Ex.: um operário, na hora do almoço coletivo, matou seu companheiro de serviço porque este lhe furtara uma banana. ➢ com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; Veneno: É o chamado venefício, isto é, homicídio cometido com utilização de veneno. Entende-se por veneno, de acordo com André Estefam,qualquer substância química, animal ou vegetal que, uma vez ministrada no organismo, é apta a causar perigo à vida ou à saúde da vítima. Fogo: Como exemplo, cite-se o deitar combustível e atear fogo ao corpo da vítima. Explosivo: substância capaz de gerar explosão. Asfixia: Pode ser mecânica (ex.: enforcamento, afogamento etc.) ou tóxica (ex.: gás asfixiante) Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 37 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Tortura: É o suplício, que causa atroz e desnecessário padecimento (Celso Delmanto). Ainda nas lições de Celso Delmanto, a tortura geralmente, é física, mas também pode ser moral, desde que exacerba o sofrimento da vítima. Observe-se que o homicídio qualificado pelo emprego de tortura não se confunde com o crime de tortura do qual resulte morte (art. 1o, § 3o, da Lei no 9.455/97). Necessário verificar o dolo do agente. Outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: Meio Insidioso - É o meio dissimulado. Como exemplo, a armadilha mortífera, o meio fraudulento. Meio Cruel - é o meio que faz sofrer além do necessário. Meio que possa resultar de perigo comum - É aquele que pode alcançar indefinido número de pessoas . ➢ à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; Traição: É o ataque sorrateiro, praticado inesperadamente (traição física) ou quebra de confiança entre agente (traição moral). Emboscada: É a tocaia, com o agente escondido à espera da vítima. Dissimulação: o agente esconde ou disfarça o seu propósito, para atingir o ofendido desprevenido .Pode ser moral (quando o agente dá falsas mostras de amizade para captar a atenção da vítima) ou material (utilização de disfarce). ➢ para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime Homicídio Teleológico: As qualificadoras do inciso V trazem o Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 38 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. elemento subjetivo do tipo, constituído pelo especial fim de agir . Feminicídio (Art. 121, § 2°, VI, do CP) Também qualifica o homicídio quando praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: ❖ Violência doméstica e familiar; ❖ Menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Majorantes A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: ❖ durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; ❖ contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; ❖ na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; ❖ em descumprimento das medidas protetivas de urgência Praticados em Face de Agentes da Segurança Pública e Forças Armadas (Art. 121, § 2°, VII, do CP) Também qualifica o homicídio quando praticado contra contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. ❖ Forças Armadas: Constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica (Art. 142 da CF/88). ❖ Agentes da Segurança Pública: A segurança pública é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 39 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. ➢ Polícia federal; ➢ Polícia rodoviária federal; ➢ Polícia ferroviária federal; ➢ Polícias civis; ➢ Polícias militares ➢ Corpos de bombeiros militares. Objeto Material - É a vida humana extrauterina. Sujeito Ativo - Pode ser qualquer pessoa (crime comum). Sujeito Passivo - Qualquer ser humano com vida. Tipo Objetivo - Pode ser praticado mediante ação (modalidade comissiva) ou omissão (modalidade omissiva), nos casos em que há o dever jurídico de agir. Majorantes - a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. Consumação e Tentativa - Com o evento morte (crime instantâneo de efeitos permanentes). A morte ocorre com a cessação do funcionamento cerebral, circulatório e respiratório. É possível a tentativa (crime material) Homicídio Culposo - Admite-se a modalidade culposa. Majorante - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço): ❖ se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício. ❖ se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Obs.: De acordo com Celso Delmanto, as conseqüências podem ser físicas (ex.: ferimentos no agente) como morais (morte ou lesão em parentes, em pessoas ligadas ao agen- te por afinidade ou por laços de afeto, como amásio, noivo, namorado, amigo). 2) Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (Art. 122 do CP) Conceito - Consiste em induzir ou instigar (núcleo do tipo) alguém (objeto material) a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. Nas reflexões de Celso Delmanto, embora o suicídio não seja ilícito penal, a lei pune o comportamento de quem induz, instiga ou auxilia outrem a suicidar-se. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 40 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Das Penas ❖ Se o suicídio se consuma - pena de reclusão de dois a seis anos (não admite sursis processual) ❖ Se resulta em lesão corporal de natureza grave - pena de reclusão de um a três anos (admite sursis processual) Majorantes - A pena é duplicada: ❖ se o crime é praticado por motivo egoístico; ❖ se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. ✓ Obs.: Diminuída ≠ ausência - se a vítima não possuía qualquer capacidade de resistência (ausência) o delito será de homicídio. ✓ Nas lições de Celso Delmanto, poderá haver homicídio se a vítima é forçada a suicidar-se, ou não tem resistência alguma. Objeto Material- É a vida humana extrauterina. Sujeito Ativo - Pode ser qualquer pessoa (crime comum). Sujeito Passivo - Qualquer pessoa (desde que tenha discernimento, senão o crime poderá ser homicídio). Núcleos do Tipo ❖ Induzir - é o mesmo que incitar. ❖ Instigar - consiste em estimular ideia já existente. ❖ Auxiliar - consiste em ajudar materialmente. Consumação - Com a morte da vítima ou ocorrência de lesão corporal grave (crime material). Tentativa - Predomina o entendimento negativo, dado que o tipo penal condiciona a punibilidade do ato à ocorrência do resultado morte ou lesão corporal grave. Assim, se a pessoa sobreviver ao tresloucado ato e não sofrer lesões ou forem estas leves, o fato será penalmente atípico (André Estefam). 3) Infanticídio (Art. 123 do CP) Conceito - consiste em matar (núcleo do tipo), sob a influência do estado puerperal(elemento fisiopsicológico) , o próprio filho (Objeto Material), durante o parto ou logo após (elemento normativo temporal). Delmanto define como um crime semelhante ao homicídio, que recebe, porém, especial diminuição de pena por motivos fisiopsicológicos (influência do estado puerperal). Objeto Material - O bem juridicamente protegido é a vida do nascente ou do neonato. Sujeito Ativo - Só a mãe (crime próprio). Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 41 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Concurso de Pessoas é admissível? Sim!!! - HIPÓTESES (utilizando o raciocínio desenvolvido pelo professor Rogério Greco) ➢ a) a parturiente e o terceiro executam a conduta núcleo do tipo do art. 123, ou seja, ambos praticam comportamentos no sentido de causar a morte do recém-nascido ➢ b) somente a parturiente executa a conduta de matar o próprio filho, com a participação do terceiro ➢ c) somente o terceiro executa a conduta de matar o filho da parturiente, contando com o auxílio desta ➢ A gestante, que atua influenciada pelo estado puerperal, causando a morte do próprio filho logo após o parto, deverá ser responsabilizada pelo infanticídio. ➢ O terceiro, que também executa a ação de matar, da mesma forma, deverá responder pelo mesmo. Justificativa - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime (Art. 30 do CP). O Estado Puerperal se constitui elementar do crime do art. 122 do CP, por conseguinte, esta circunstância se comunica com eventual terceiro que pratique o crime, em concurso de pessoas, nas formas supramencionada. Estado Puerperal - Trata-se de confusão alucinatória que se dá em momento distante no nascimento da criança, embora esteja associada às alterações hormonais e emocionais decorrentes do parto (André Estefam). Obs.: Se a agente era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, será isento de pena. Consumação e Tentativa - Com a morte do nascente ou recém-nascido. É possível a tentativa. 4) Aborto (Art. 124 a 129 do CP) Conceito - Aborto, para efeitos penais, é a interrupção intencional do processo de gravidez, com a morte do feto (Celso Delmanto). Do começo da tutela penal da vida humana intrauterina - Entende-se pelo início da gravidez, por conseguinte, a proteção penal ocorre desde a fase em que as células germinais se fundem, com a resultante constituição do ovo, até aquela em que se inicia o processo de parto (Damásio de Jesus). Modalidades a) Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (Art. 124 do CP) ❖ a.1) Conceito: consiste no fato da gestante provocar aborto em si mesma (autoaborto) ou consentir que outrem lho provoque. ❖ a.2) Crime Duplo: De acordo com Celso Delmanto, a gestante que consente em que Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 42 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. outrem lhe pratique o aborto, incide no art. 124. Todavia, quem pratica os atos materiais do aborto incorre nas penas do art. 126 (aborto com consentimento da gestante ou consensual). ❖ Obs.: Ainda nas lições de Celso Delmanto, quem apenas auxilia a gestante, induzindo, indicando, instigando, acompanhando, pagando etc., será copartícipe do crime do art. 124 e não do art. 126 do CP. A coautoria do art. 126 deve ser reservada, apenas, a quem eventualmente auxilie o autor da execução material do aborto (exs.: enfermeira, anestesista etc.). b) Aborto provocado por terceiro (Art. 125 e 126 do CP) b.1) Sem o consentimento da Gestante (Art. 125 do CP) ❖ b.1.1) Conceito - consiste em provocar aborto, sem o consentimento da gestante. ❖ b.1.2) Formas - pode ser praticado por meio de violência real (violência, grave ameaça ou fraude) ou presumida (menor de 14 anos, alienada ou débil mental). b.2) Com o consentimento da Gestante (Art. 126 do CP) ❖ b.1.1) Conceito - consiste em provocar aborto, com o consentimento da gestante. ❖ Obs.: se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência, aplica-se a pena do crime de aborto praticado sem o consentimento da gestante (Art. 125 do CP) c) Aborto Majorado (Art. 127 do CP) ❖ c.1) As penas cominadas ao aborto provocado por terceiro, com ou sem o consentimento da gestante, são aumentadas de: ❏ um terço , se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; ❏ são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. d) Aborto Legal (Art. 128 do CP) Em duas hipóteses diferentes, o legislador declara lícito o aborto, excluin- do a sua antijuridicidade, quais sejam, o aborto necessário e o aborto sentimental. ❖ Aborto Necessário - é aquele realizado se se não há outro meio de salvar a vida da gestante. ❖ Aborto Sentimental - Trata-se do aborto também denominado ético ou huma- nitário, levando-se em consideração a saúde psíquica da mãe decorrente do trauma causado pelo crime sexual de que foi vítima (Celso Delmanto). ➢ Regras: ➢ se a gravidez resulta de estupro. ➢ o aborto deve ser precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Obs.: Devem ser realizados por MÉDICO. Rua Lauro Linhares, 2055, sala 707, Bloco Flora, Trindade, Fpolis/SC, CEP 88036-002 e-mail: atendimento@provadaordem.com.br 43 APOSTILA Direito Penal - Volume 2 | 3ª ed. Sujeito Ativo a) Gestante: No autoaborto (art. 124, primeira parte), ou no aborto consentido (art. 124, segunda parte). b) Terceiro: Nos crimes do arts. 125 e 126 do CP. Sujeito Passivo - é o nascituro. Objeto Material - a vida humana intrauterina. Consumação e Tentativa - Com a morte do nascituro. PARTE ESPECIAL - DAS LESÕES CORPORAIS Considerações Gerais Conceito de Lesão Corporal De acordo com Guilherme de Souza Nucci, as lesões corporais se constituem uma
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