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Influência da Mudança na Posição dos Continentes no Clima

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A mudança na posição dos continentes em toda a história da Terra influenciou decisivamente as condições
climáticas e biológicas, e, nesse sentido, quando se fala em clima, devem-se observar as tendências globais no
decorrer do tempo.
Por meio da paleoclimatologia pode-se compreender os ciclos glaciais, por exemplo, e encontrar evidências de
mudanças climáticas no registro geológico.
O clima do passado geológico não foi uniforme, tendo sofrido mudanças profundas de natureza cíclica,
provavelmente comandadas pelas variações seculares das taxas de radiação recebidas em função da mecânica
celeste. A órbita da Terra ao redor do Sol, bem como a orientação do seu eixo de rotação, sofreu variações espaciais
seculares em relação a um plano de referência fixo. Essas variações são devidas a perturbações gravitacionais
inerentes ao próprio sistema planetário. Entre os elementos a se considerar estão: excentricidade da órbita, longitude
do periélio e obliquidade da eclíptica.
Os principais elementos da órbita terrestre deslocam-se no espaço de acordo com ciclos mais ou menos
definidos. O Sol ora se aproxima, ora se afasta do centro da elipse, fazendo com que os valores da excentricidade
variem. O ângulo da obliquidade da eclíptica varia dentro de certos limites. O plano que contém esse ângulo gira no
espaço no sentido dos ponteiros do relógio. Os equinócios e solstícios deslocam-se com o tempo no sentido horário,
enquanto o periélio e o afélio movimentam-se no sentido anti-horário.
A parte oriental da América do Sul sofre ações principalmente da circulação das massas de ar do Sul, que são: os
anticiclones subtropicais do Atlântico e do Pacífico; o anticiclone migratório polar; e o centro de baixa pressão do
Chaco (Fig. 6.1).
O anticiclone do Pacífico, durante o inverno, aproxima-se do Sul reforçando a frente polar. O anticiclone do
Atlântico Sul dá origem aos ventos alísios, que sobem e incidem sobre o litoral do Brasil, avançando até o Norte
durante o inverno (Fig. 6.2). O anticiclone migratório polar surge do acúmulo do ar polar propagando-se em direção
ao norte sobre os oceanos e, ao adentrar o continente sul-americano, separa-se em dois grandes ramos a partir da
cordilheira andina orientada em uma faixa norte-sul. O ramo que sobe pelo Atlântico estende-se por quase todo o
Brasil. O outro ramo, ao passar pela depressão do Chaco, superaquecida no verão, leva calor para NW. A depressão
subpolar do Mar de Weddell exerce influência na circulação regional da porção meridional do Brasil, e quando é
forçada pela Frente Polar Atlântica, atrai sistemas intertropicais para a Região Sul.
Esses centros de ação atmosférica mudam de posição e variam de intensidade durante o ano. No inverno os
anticiclones possuem pressão mais elevada e mantêm uma posição mais setentrional. Nessa estação, o anticiclone do
Atlântico Sul é, muitas vezes, reativado por anticiclones frios migratórios, que se originam na região subantártica e
que estacionam no Sul do Brasil e no Uruguai. A baixa térmica do Chaco é mais desenvolvida no verão, diminuindo
consideravelmente no inverno.
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Além do anticiclone subtropical do Atlântico Sul existem outros centros móveis de alta pressão na região tropical
continental, que participam diretamente do quadro de circulação atmosférica do Brasil. As altas tropicais são
representadas por pequenas dorsais originadas nas baixas latitudes ao sul do Equador, principalmente em meados da
primavera até meados do outono, quando invadem o Sul do Brasil, vindas de NW.
As altas tropicais são muito móveis e trazem consigo correntes perturbadas provenientes da massa equatorial
continental, que tem seu centro de ação na Amazônia e importante papel nas precipitações pluviométricas.
Figura 6.1 Circulação das massas de ar que atuam na América do Sul.
Os centros de alta pressão geram massas de ar, cujos ventos de natureza anticiclônica ou divergentes
normalmente asseguram condições de tempo estável, ensolarado. Entre duas ou mais massas de alta pressão
encontram-se zonas de baixa pressão, designadas “descontinuidades”, para onde convergem os ventos das massas de
ar de alta pressão. Nessas descontinuidades, são por naturezas muito móveis e referidas como correntes de circulação
perturbada.
O anticiclone Polar origina-se na região polar da Antártica e imediações, da qual divergem os ventos que se
dirigem para a zona depressionária subantártica. Ali se formam as massas de ar polar, de onde partem os anticiclones
migratórios polares que periodicamente invadem o continente.
As “correntes perturbadas do Sul” são consequências da invasão do anticiclone Polar com sua descontinuidade
frontal. As propriedades de massa de ar dependem da origem e trajetória dos anticiclones migratórios polares. Estes,
em sua origem, possuem subsidência e forte inversão de temperatura, sendo o ar muito seco, frio e estável. Em seu
deslocamento para o Norte, absorvem progressivamente mais calor e umidade da superfície do mar, cada vez mais
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aquecida. Nas latitudes médias desaparece a inversão de pressão subtropical do Pacífico e do Atlântico Sul, onde
seguem duas trajetórias, uma a oeste e outra a leste dos Andes. No inverno, o ramo ocidental com maior energia
transpõe a cordilheira andina, avançando para NE e invadindo o Brasil, sem, contudo, ultrapassar o paralelo 15°,
para depois dissipar-se no Oceano Atlântico. Por sua vez, o anticiclone subtropical do Atlântico Sul restringe-se ao
oceano, produzindo expressivas chuvas.
O anticiclone do Atlântico Sul incide sobre o litoral brasileiro dentro do sistema de baixa pressão do núcleo frio,
produzindo ventos e chuvas fortes sobre o oceano. Em 2004, os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina
entraram em estado de emergência por causa da formação de um furacão, o Catarina, como foi chamado. Movendo-
se no sentido horário, produziu ventos que atingiram 180 km/h, causando enormes estragos. Foi um acontecimento
inédito, pois não há registros de fenômenos semelhantes no passado (Fig. 6.2). A trajetória do ramo oriental traz
fortes aguaceiros na Serra do Mar.
Figura 6.2 Ciclone extratropical “Catarina” no litoral de Santa Catarina. (Foto: NASA.)
El Niño pode ocorrer na primavera e persistir por quase todo o ano quando as correntes frias do Peru se movem
no oceano em direção ao Equador, juntando-se com a corrente Sul Equatorial, que tem seu fluxo para oeste.
Desenvolve-se quando as correntes marinhas de superfície se espalham pelo Pacífico Oriental no hemisfério sul.
Como as pressões mais elevadas dominam o Pacífico Ocidental e as menos elevadas dominam sobre a porção
oriental, os ventos alísios acabam se enfraquecendo e até mudando de direção, alterando a pressão e produzindo a
denominada “oscilação sul”.
Em consequência dessas alterações, as temperaturas da superfície do mar podem chegar a 8 °C acima do normal,
invertendo as temperaturas das águas normalmente frias e constituindo uma grande área superficial quente,
conhecida como El Niño.
Esses episódios, por vezes com ventos fortes, alteram o clima local e, por extensão, da Terra. Pesquisas revelam
que tais alterações podem ter certa ciclicidade e estar relacionadas com mudanças climáticas globais.
Por outro lado, quando as águas superficiais no leste do Pacífico resfriam mais que o normal (cerca de 0,4 °C),
são denominadas La Niña. Não há uma relação entre esses dois fenômenos.
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As variações seculares da insolação são mais pronunciadas nas regiões equatoriais; enquanto nas altas latitudes a
insolaçãosazonal é essencialmente influenciada pela obliquidade da eclíptica, nos trópicos depende
fundamentalmente da excentricidade da órbita e da longitude do periélio. Nos trópicos a insolação pode variar em
até 20 %, o que ocasiona importantes alterações nos regimes pluvial e termal (Bernard, 1967). As oscilações
regulares da obliquidade não só controlam o estado termal das altas latitudes como também influenciam as
flutuações da temperatura global da atmosfera.
Nas épocas interglaciais do Quaternário, quando a evaporação é maior em virtude de os oceanos serem mais
quentes, o ciclo geral do vapor de água (oceano – continente) é mais ativo. Consequentemente, o ciclo local das
chuvas de convecção (precipitação e reevaporação) é também mais ativo em virtude da maior insolação. As latitudes
com insolação equatorial possuem regime com fase pluvial bem distribuída (isopluvial). As latitudes com insolação
tropical e subtropical, por sua vez, apresentam regime pluvial com chuvas pesadas no verão e inverno seco
(displuvial).
Ao contrário, nas épocas glaciais a evaporação é menor nos oceanos (já mais frios), e as latitudes tropicais
tornam-se semiáridas. As glaciações coincidem com períodos de maior excentricidade, associados com períodos de
invernos longos no hemisfério norte. Desse modo, as glaciações alternar-se-iam em cada hemisfério a cada 20.000
anos (Bernard, 1967). Contudo, ao que parece, não existem evidências seguras a propósito das alternâncias dos
avanços de geleiras nos dois hemisférios.
As mudanças climáticas cíclicas do Quaternário brasileiro foram documentadas por Bigarella & Ab’Saber (1964)
e Bigarella & Andrade (1965), com base nos aspectos erosivos e sedimentares encontrados nas sequências das
diversas formas e níveis topográficos. Os autores citados concluíram que longas fases semiáridas alternaram-se com
fases úmidas, bem como que nelas ocorreram flutuações menores. As fases semiáridas, com formação de
pedimentos, corresponderam a nível marinho baixo, conforme atestam os depósitos correlativos atualmente situados
abaixo do nível do mar. Com esse critério, as fases semiáridas foram correlacionadas aos eventos glaciais
pleistocênicos. Durante os episódios de semiaridez, as florestas ficaram restritas aos refúgios onde as condições
ambientais permitiram sua sobrevivência. Nas fases úmidas, o intemperismo químico tornou-se generalizado e a
floresta atingiu sua máxima expansão. O manto de intemperismo formado sob condições climáticas úmidas é
grandemente removido pela erosão mecânica das fases semiáridas (Figs. 6.3 e 6.4).
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