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Musicalização nas Escolas Curso de Musicalização nas Escolas Módulo 1—A Diversidade da Cultura Musical Brasileira Musicalização nas Escolas 2 MÓDULO I: A DIVERSIDADE DA CULTURA MUSICAL BRASILEIRA BENEFÍCIOS DA MÚSICA PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO Assistimos na atualidade, uma busca por uma educa- ção mais humanizadora, que visa educar integralmente as crianças e os jovens nas dimensões cognitiva, afetiva, psíqui- ca, social, histórica, ética e reflexiva, com o objetivo de for- mar indivíduos críticos, ativos e participantes das transfor- mações da realidade, na qual estão inseridos. Um novo paradigma de educação vem exigindo novas atuações dos profissionais da educa- ção no espaço escolar e, particularmente, a educação musical que não ficou imune a essas exi- gências. Após a promulgação da LDB 9394/96, a música tornou-se conteúdo obrigatório no currículo das escolas, constituindo as linguagens artísticas da área de Arte ao lado da dança, artes visuais e teatro. Além disso, diversas áreas do conhecimento humano, tais como a Psicologia, a Neurociên- cia, a Sociologia da Infância, os Estudos Culturais e as Ciências da Educação atestam os benefícios da música para o desenvolvimento integral da criança. Podemos mencionar: A música, como linguagem expressiva, contribui para a formação de cidadãos criativos, reflexivos e críticos; Desenvolve o espírito colaborativo, o respeito Musicalização nas Escolas 3 por si próprio e pelo outro; Contribui para a formação do caráter, do senso ético e de responsabilidade; Propicia a cordialidade, o trabalho em equipe, a ami- zade e a cooperação; Promove a inclusão social e amplia a visão de mundo abrindo novas perspectivas; Melhora os aspectos cognitivos, como por exemplo, a memória, a discriminação, a noção temporal e espacial, o raciocínio lógico; Desenvolve a linguagem verbal, os aspectos psicomotores, emocionais e afetivos dos in- divíduos; Estabelece uma ponte entre a cognição e as emoções; Libera endorfina, amplia a capacidade respiratória, auxilia na regulação dos batimentos cardíacos e atenua o estresse de exercícios físicos; Expressa sentimentos profundos tais como luto e pesar, tristezas, perdas, desaponta- mentos, alegrias, exaltação, etc.; Combate a agressividade, a depressão e a ansiedade; Colabora na socialização e na interatividade de pessoas; Contribui nos processos de aprendizagem de conceitos e descobertas; Melhora o bem-estar geral e a autoestima das pessoas; Produz relaxamento em pacientes da área da saúde, em ambientes hospitalares, casas de repouso, clínicas odonto- lógicas, entre outros. Musicalização nas Escolas 4 A presença da música no espaço escolar não pode se res- tringir a um elemento festivo e ornamental da escola, à margem dos processos educacionais e projetos da escola, mas deve fazer parte dos currículos como uma área de co- nhecimento, em vista de tantos benefícios que ela oferece. As dimensões estéticas, criativas, estésicas, cognitivas, afe- tivas e sociais podem ser exploradas por meio de jogos sonoros, brincadeiras cantadas, formação de conjuntos instrumentais, bandinha rítmica, fanfarra, coro, entre outras práticas musicais cole- tivas. Por isso, é necessário lançar um novo olhar sobre o modo como os profissionais da educa- ção compreendem a presença da música em suas práticas. De um modo geral, a consideram co- mo área de entretenimento, momentos de recreação e de lazer no dia-a-dia escolar. Infelizmen- te, a maioria dos professores desconhece o seu valor educativo e quais são os conteúdos musicais que precisam ser trabalhados. Estas concepções são permeadas por uma visão utilitária da música, que a compreende co- mo uma atividade, uma prática, um recurso didático para o desenvolvimento de conteúdos de outras disciplinas inseridas no contexto escolar, salvo exceções. Ou seja, de um modo geral, os professores não especialistas utilizam a música como suporte es- tratégico de outras disciplinas ou como elemento de recreação no cotidiano da escola. Isto ocorre porque desconhecem as possibilida- des que a música oferece para a formação de alunos ouvintes, conscientes e críticos, além de introduzi-los na linguagem musical, por meio do aprendizado dos elementos constitutivos da música. Musicalização nas Escolas 5 Após a LDB 9394/96, os Parâmetros Curriculares Nacionais – Arte já exigiram novas concepções sobre o ensino de música nas escolas. Porém, infelizmente, a maioria das escolas de educação básica do nosso país ainda não reconhece a música como área de co- nhecimento e, por isso, não possuem uma aula espe- cífica de educação musical contemplada na matriz curricular. Muitas vezes, a música nem é mencionada no projeto político-pedagógico da escola. Por sua vez, a disciplina música, quando existe, não possui um programa específico para cada ano escolar, gradativo ou sequencial, resultando em um processo de ensino não sistematizado e desestrutura- do. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular - BNCC e o Currículo da Cidade de São Paulo, entende-se que ensinar Arte e, mais especificamente, a música “transcorre no âmbito de seus conhecimentos específicos e não como ilustração ou representação de estudos desenvolvi- dos em outras áreas” (SP, SME, 2019, p.66). Assim, som, silêncio, ritmo, melodia, harmonia, formas musicais, gêneros e conhecimento de reper- tório diversificado são alguns dos conteúdos da linguagem musical a se- rem trabalhados em sala de aula. Alguns professores enfatizam em suas práticas apenas a exploração so- nora do ambiente acústico e jogos de percepção auditiva; porém, na aula de música, pode-se ensinar muito além desses conteúdos musicais inici- as, trabalhando a compreensão estrutural e a exploração musical expres- siva dos elementos constitutivos da música. Musicalização nas Escolas 6 O uso da voz, de gestos, movimentos corporais, grafismos, desenhos, histórias, jingles, jogos auditivos, permitem ao aluno vivenciar, reconhecer e internalizar os conteúdos musicais durante os processos de ensino e aprendizagem. Certas competências e habilidades mentais estão envolvidas na aprendizagem musical, co- mo por exemplo, memorizar, discriminar, analisar, comparar, ordenar, classificar, criar, imaginar, representar, entre outras. Vejamos um pouco mais sobre o novo olhar para o ensino de música nas escolas, à luz da BNCC e do Currículo da Cidade. A MÚSICA NA BNCC E NO CURRÍCULO DA CIDADE A BNCC é um documento que esclarece o que todas as crian- ças e jovens têm direito a aprender nas escolas e os objetivos que precisam alcançar. Na Base Nacional Comum Curricular, o ensino de Arte abran- ge as linguagens da música, dança, teatro, artes visuais e como no- vidade, as artes integradas - articulação das diferentes linguagens e suas práticas, possibilitando também o uso das novas tecnologias de informação e comunicação. Na BNCC, o ensino de Arte e, particularmente, o ensino de música possui seis dimensões: criação, crítica, fruição, estesia, ex- pressão e reflexão, sendo novidades da Base, as três últimas. Vamos conhecer? Musicalização nas Escolas 7 Um dos aspectos mais relevantes diz respeito à criação, na qual as crianças e jovens devem ser estimulados não apenas a reproduzir músicas já existentes e conhecidas, mas também a criar as suas próprias músicas a partir de sentimentos, ideias e percepções sobre o mundo em que vi- vem. Outra questão a destacarestá no uso das tecnologias e da cultura digital: as músicas que os estudantes consomem e também produzem na web contribuem para a construção do repertório, ampliando a compreensão sobre usos e sentidos dessas produções musicais na contemporanei- dade. Criação Inventar sonorizações, criar melodias e produzir peças musicais, expressando ideias, sentimentos, emoções, desejos e representações. Crítica Contempla o estudo e a pesquisa de diversas experiências e manifestações musicais, articulando aspectos estéticos, políticos, históricos, filosóficos, sociais, econômicos e culturais relacionados a elas, visando a formação de um pensamento próprio. Fruição Sensibilizar-se ao participar de práticas musicais e culturais das mais diversas épocas, lugares e grupos sociais, gerando prazer, estranhamento, entre outras tantas sensa- ções. Estesia Articular a sensibilidade e a percepção musical, considerando o corpo em sua totalida- de como protagonista das experiências e vivências musicais, como forma de conhecer a si mesmo, o outro e o mundo. Expressão Exteriorizar criações subjetivas utilizando os elementos constitutivos da linguagem mu- sical, seu vocabulário e materialidades, por meio de procedimentos musicais, individual e coletivamente. Reflexão Desenvolver habilidades para analisar e interpretar as manifestações musicais e cons- truir um posicionamento sobre essas experiências e processos criativos musicais. PARA SABER MAIS: Veja alguns exemplos de aulas de música alinhadas à BNCC: https://novaescola.org.br/conteudo/6736/os-sons-do-cotidiano https://novaescola.org.br/conteudo/6648/musica-popular-e-musica-erudita https://novaescola.org.br/conteudo/6627/o-encantamento-pela-musica-erudita https://novaescola.org.br/conteudo/6595/nosso-hino-nossa-cara Musicalização nas Escolas 8 O Currículo da Cidade de São Paulo (2018) buscou alinhar as orienta- ções curriculares do munícipio de São Paulo ao processo de constru- ção da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para garantir os direi- tos de aprendizagem dos alunos. No Currículo da Cidade, a concepção de currículo reside em um con- junto de aprendizagens concomitantes e interconectadas. Neste sen- tido, a linguagem musical não poderá estar isolada das demais áreas do conhecimento, mas sim, em diálogo e em construção permanente com os demais componentes curriculares. ALém disso: O Currículo da Cidade orienta-se pela Educação Integral, entendida como aquela que promove o desenvolvimento dos estudantes em todas as suas dimensões (intelectual, física, social, emocional e cultural) e a sua formação como sujeitos de direito e deveres. Trata-se de uma abordagem peda- gógica voltada a desenvolver todo o potencial dos estudantes e prepará-los para se realizarem co- mo pessoas, profissionais e cidadãos comprometidos com o seu próprio bem-estar, com a humani- dade e com o planeta (SP, SME, 2019, p.19). Em relação ao Desenvolvimento Sustentável do Planeta, o Currículo da Cidade enfatiza di- versas competências e habilidades relacionadas, em consonância à proposta de Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) da UNESCO. A música pode contribuir para o aprendizado dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma vez que traduz o cuidado com as sonoridades da paisagem sonora e uma escuta de mundo sensível, crítica e consciente. Foram estabelecidos quatro campos conceituais no Currículo da Cidade - Arte, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular, sintetizados no quadro a seguir: Musicalização nas Escolas 9 Mas, para compreendermos as propostas atuais do Currículo da Cidade e da BNCC, é neces- sário revisitar um pouco da nossa história da educação musical, para pensarmos e refletirmos so- bre alguns questionamentos: A música fazia parte dos currículos nas escolas brasileiras anteriormente à LDB 9394/96? De que forma era seu ensino? Quem eram os professores? Por que a música esteve ausente das escolas por tantos anos? Quais foram os fatores responsáveis pelo retorno da música às escolas? CAMPOS CONCEITUAIS SIGNIFICADOS Processos de criação Referindo-se tanto ao fazer artístico do próprio aluno, como à pesquisa dos processos de criação, como ma- teriais, experimentos, imaginação etc. Linguagens artísticas Abrangendo as quatro linguagens artísticas e suas in- terfaces e hibridismos. Saberes e Fazeres Culturais Envolvendo o pensar e a reflexão sobre os artistas e objetos e produções artísticas. Experiências artísticas e estéticas Referindo-se à singularidade das experiências e vivên- cias com as linguagens artísticas. PARA SABER MAIS: Veja alguns exemplos de aulas de música alinhadas ao Currículo da Cidade: http://curriculo.prefeitura.sp.gov.br/sequencia/vibrando-com-o-som http://curriculo.prefeitura.sp.gov.br/atividade/vibrando-com-o-som/vibrando-o-som-no-telefone-de-copos Musicalização nas Escolas 10 LT1: Um pouco da nossa história... A presença da educação musical nas escolas brasileiras é uma tradição cultural desde os tempos do Brasil Colônia. Os primeiros jesuítas utilizaram a música com a finalidade de ca- tequizar os índios. No Brasil, a herança musical grega refletiu no ensino desses primeiros professores de música. Segundo Oliveira (2007, p.5), “o padre Antônio Rodrigues (1516-1568) pode ser considerado o patrono dos educadores musicais brasileiros, isto porque ele ensinou música europeia aos habi- tantes nativos e educação por meio da música desde 1556”. Foram criadas em muitas aldeias as escolas de cantar e tanger (dedilhar sobre as cordas), nas quais os índios aprendiam canto, cravo, viola e órgão para as rezas e benditos. Os padres adaptavam o cantochão ao idioma dos indígenas, ao mesmo tempo que lhes ensi- navam instrumentos europeus. Essa educação musical europeia dos jesuítas, iniciou-se vinculada ao aprendizado do canto ou de um instrumento musical e visava apenas à catequese, aliada aos interesses da Coroa portuguesa. O poder da Igreja atingia toda a sociedade colonial, funcionando como um instrumento de contro- le social. Cravo PARA SABER MAIS: Acesse o link: http://trocaodisco.com.br/2015/04/cravo-o-instrumento-que-cedeu-seu-lugar-ao-piano.html Reconstrução moderna da viela representada em várias pinturas de Hans Memling. Musicalização nas Escolas 11 ATENÇÃO A história do Hino Nacional é polêmica e controversa, não havendo ainda uma conclusão segura a respeito. Alguns historiadores afirmam que Francisco Manuel compôs a música para um texto de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, escrito em 1831 e cantado pela primeira vez no Tea- tro S. Pedro de Alcântara em 07 de abril daquele ano, recebendo grande aprovação popular. Ao que tudo indica, parece ter sido composta para a abdicação de D. Pedro I, da qual Francisco Manuel era partidário. Após diversas modificações, revisões e alterações do texto, o Hino Nacional só veio a ser oficializado no período republicano, pelo Decreto n. º 171 de 20 de janeiro de 1890. A letra atual, no entanto, foi elabo- rada em 1909, pelo poeta Osório Duque Estrada e oficializada pelo Decreto n. º 15 671 de 6 de setembro de 1922. No período da permanência de D. João VI no Brasil, um dos mais proe- minentes educadores musicais foi, sem dúvida, o padre José Maurício Nunes Garcia, nomeado mestre da Capela Real, fundou um Curso de Música que durou cerca de vinte e oito anos, tendo sido responsável pe- la formação das figuras mais ilustres do Rio de Janeiro, entre as quais Francisco Manuel da Silva, autor do Hino Nacional; Cândido Inácio da Silva, célebre compositor de modinhas; D. Pedro I, Imperadordo Brasil e Francisco da Luz Pinto, professor do futuro Colégio D. Pedro II. O curso do padre José Maurício foi o embrião da criação do futuro Conservatório Imperial, por iniciativa de Francisco Manuel da Silva, assim como o início do processo de profissio- nalização dos músicos. Com o falecimento do padre José Maurício em 1830, ocorre um período de estagnação da música sacra, como consequência do descaso das autoridades. Como exemplo, podemos citar a dispensa de vários músicos da Orquestra da Capela Real, cujo número de integrantes foi reduzido de cem para vinte e sete. Nesse cenário, surge a figura de Francisco Manuel da Silva, herdeiro do patrimônio musical do primeiro período e discípulo dos antigos mestres. Francisco Manuel da Silva é autor da música do nosso Hino Nacional. Detalhe do retrato do Padre José Maurício Nunes Garcia realizado por seu filho José Maurício Jr. Musicalização nas Escolas 12 Historiadores e musicólogos são unânimes em afirmar que o maior legado de Francisco Manuel foi a contribui- ção de seu trabalho no campo da educação musical. Ele compreendeu que, sem uma escola organizada em sólida base pedagógica, a música não teria um real desenvolvi- mento no país. Com a finalidade de sistematizar o ensino de música, ao lado da Sociedade Beneficente Mu- sical, encabeçou um pedido à Assembleia Legislativa para a concessão de loterias, a fim de esta- belecer, na capital do Império, um Conservatório compatível com o movimento artístico da cida- de. Devido ao seu empenho junto a D. Pedro II, foi aprovado o Decreto n. º 238 que autorizava a criação do primeiro Conservatório de Música - o Conservatório Imperial. Posteriormente, com o surgimento das primeiras escolas e conservatórios durante o Impé- rio, a educação musical esteve mais direcionada ao aprendizado de um instrumento, ao canto, à composição e à formação de conjuntos musicais. No século XX, a música foi instituída como disciplina obrigatória na escola, inicialmente nos cursos de professores normalistas e, posteriormente, com o projeto de Canto Orfeônico, do com- positor Villa-Lobos. As décadas de 1930 e 1940 repre- sentaram um dos momentos mais signi- ficativos da história da educação musical em nosso país, pois foram assinaladas por iniciativas e ações de educadores e dirigentes, com a finalidade de implan- tar o ensino de música nas escolas em âmbito nacional. O maestro Villa-Lobos e orquestra após concerto em Tel Aviv - 1952. Musicalização nas Escolas 13 Algumas dessas ações surgiram perpas- sando reformas municipais ou estaduais, anunciando as reformas nacionais que iriam acontecer nos anos seguintes. No ano de 1931, o grande compositor e músico brasileiro Villa-Lobos, após viagem à Europa, conheceu propostas de educação mu- sical do compositor húngaro Kódaly, retornou ao Brasil, resolvido a iniciar um movimento em prol da implantação da música nas escolas. Inicialmente, preocupado com a quase inexistência de uma “consciência musical brasileira”, realizou em mais de sessenta cidades do interior de São Paulo, “caravanas artísticas”, fazendo conferências e apresentações, com o objetivo de divulgar a música nacional. Em decorrência da repercussão e do êxito dessas atividades musicais, o músico foi convidado por Anísio Teixeira — Superintendente do Ensino Público do Distrito Federal —, a ocupar o cargo de Diretor do Ensino Artístico da Prefeitura do Distrito Federal. Inspirado nos ide- ais da Escola Nova, uma das propostas de Anísio Teixeira — discípulo de Dewey —, foi a de de- mocratizar o ensino da música nas escolas, tornando-o acessível a todos. Com Getúlio Vargas no poder, foi criado, em 1932, o Departamento de Educação Musical da Prefeitura do Distrito Federal - Superintendência de Educação Musical e Artística – SEMA, sendo Villa-Lobos seu primeiro diretor. Segundo o compositor, o ob- jetivo do SEMA era “planejar, orientar, cultivar e desenvolver o estudo da música nas escolas primárias, no ensino secundário e nos demais departamentos da municipalidade” (VILLA- LOBOS, 1937, p. 4). Entre outras atividades, a SEMA era res- ponsável por formar professores de música para as escolas, por meio do Curso de Pedagogia da Música e Canto Orfeônico. Musicalização nas Escolas 14 Posteriormente, em 1942, o Decreto Federal nº 9493 determina a criação do Conservatório Nacional de Canto Orfeônico - CNCO - com a fi- nalidade de preparar professores especializados em Canto Orfeônico para lecionar em escolas primárias e secundárias do país. Após a LDB 5692 de 1971, a aula de Educação Musical foi substituída pela disciplina Educação Artística, cuja maioria de professores possuía habilitação em artes plásti- cas. Os muitos obstáculos enfrentados pelo educador musical no espaço escolar ocasionaram o abandono da profissão pelos professores de música em exercício nas escolas públicas. Entre as diversas causas, podemos mencionar: a falta de condições de infraestrutura, a ausência de instru- mentos musicais e materiais específicos, as salas inadequadas, a falta de recursos didático- musicais, a dificuldade de equipamentos sonoros e discografias específicas, a desvalorização da música no ambiente escolar e os salários desestimulantes. Essas dificuldades fizeram com que muitos docentes deixassem de ministrar o ensino de música na escola pública, em detrimento das outras linguagens; enquanto que outros foram buscar novas oportunidades em espaços diversi- ficados no mercado de trabalho. Sendo assim, o ensino da música permaneceu ausente das escolas por um longo período. No ano de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394, em seu artigo 26, parágrafo 2º, determinou a obrigatoriedade do ensino de arte nas escolas brasileiras: § 2º. O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. Porém, o ensino artístico continuou mais direcionado para as artes plásticas. Entretanto, de- vido à atuação de entidades, músicos profissionais, educadores musicais, professores das escolas Musicalização nas Escolas 15 de música, dos conservatórios e artistas, a Lei Federal 11 769 / 08 foi promulgada em 2008, modificando o artigo 26 da LDB, tornando a música um conteúdo obrigatório nas escolas de educação básica: § 6º A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2º deste artigo. Entretanto, em muitas escolas, esta legislação nem saiu do papel. Muitos fatores contribuíram para que isso ocorresse: Insuficiência de professores especialistas em Música que possam atender à demanda esco- lar e ao despreparo da maioria existente para atuar nas escolas; Predominância das Artes Visuais nas escolas e de professores da área de Arte com esta es- pecialização; Carência de instrumentos musicais e infraestrutura adequada para uma aula de música; Salários baixos e pouco atraentes da profissão; Falta de material didático específico para o ensino da música nas escolas; O descompasso entre os antigos currículos das Licenciaturas em Educação Artística, com ha- bilitação em Música e a realidade sociocultural das escolas; Professores, diretores de escola e secretarias da educação mantêm a concepção polivalente do ensino de Arte; A expressão “ensino da arte” possui diferentes interpretações por parte das escolas e secre- tarias da educação; Os editais da maioria de os últimos concursos públicos para o magistério referiam-se aos professores de educação artística,não abrindo espaço para a inscrição dos licenciados em música. MÚSICA NA ESCOLA Musicalização nas Escolas 16 Destaca-se também, a questão da permanência gene- ralizada da concepção de ensino polivalente em Arte, devi- do a razões práticas ou econômico-financeiras de uma polí- tica educacional desinteressada em modificar esse quadro, como foi constatado em diversas pesquisas realizadas na área (Esperidião, 2011), contrariando as determinações da Lei Federal de Diretrizes e Bases Nacionais da Educação n.9394/96. Após oito anos, como exposto anteriormente, esta lei foi substituída pela Lei Federal 13.278 de 02 de maio de 2016, que alterou o parágrafo 6º do artigo 26 da LDB, inserindo as de- mais linguagens artísticas: 6º§ “As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular [Arte] de que trata o § 2o deste artigo” O retorno da música nas escolas tem chamado a atenção de muitas entidades, associa- ções, artistas, entre outros, promovendo discussões entre diversos profissionais da área. A entre- vista Roda de conversa sobre Música na Escola tem a participação dos principais educadores mu- sicais brasileiros da atualidade. Assista à entrevista no link indicado a seguir: ASSISTA: Acesse o link: http://www.youtube.com/watch?v=T2HSJX39Hdk PARA SABER MAIS: Acesse o link www.museuvillalobos.org.br Musicalização nas Escolas 17 LT2: Metodologia do Ensino da Música Musicalizar significa construir um conhecimento musical significativo para a criança, levando -se em conta três eixos significativos da educação musical: o apreciar, o fazer e o contextualizar. Diversos educadores já se conscientizaram do valor da música para a educação e, por essa razão, buscam novas formas de se trabalhar a música na escola. Os documentos - Referencial Curricular da Educação Infantil - RCN e os Parâmetros Curriculares – PCN orientam que a aprendizagem mu- sical deve se apoiar sobre esses eixos significativos para a criança: Apreciar – corresponde à escuta significativa Produzir – é o fazer musical que envolve criação, interpretação e execução. Contextualizar – são as informações, os saberes e conhecimentos referentes ao contexto social, histórico e cultural da obra musical. O processo de musicalização tem como objetivo fazer com que o aluno torne-se um ouvinte sensível à música, estimulando o desenvolvimento dos aspectos afetivo, social, cognitivo, sensori- al, emocional, físico, cultural e o imaginário da criança. Eixos significativos da Educação Musical Musicalização nas Escolas 18 Devemos enfatizar que a finalidade principal da educação musical é de- senvolver a musicalidade que há na criança, pois a música faz parte da cultura humana e está presente em nosso cotidiano. Apreciar promove o desenvolvimento da escuta sonora, ou nas pala- vras do educador musical canadense, Murray Schafer (1991), de um ou- vido pensante, isto é, de uma audição consciente e significativa dos sons e músicas do mundo. Produzir música refere-se ao fazer musical propriamente dito, devendo o educador oportu- nizar situações de criação, improvisação, execução e interpretação musicais para que sejam vi- venciadas pelos alunos, buscando desenvolver o senso musical, a sensibilidade, a expressão, o ritmo, a escuta consciente, inserindo a criança no mundo musical e sonoro. Contextualizar corresponde às informações sobre a história, o compositor, o período, a época, o local, a composição, forma e estrutura das produções musicais, os elementos constituti- vos da música, os movimentos musicais sociais e as reflexões e o pensar sobre as músicas que são trabalhadas em sala de aula. Todo o trabalho de musicalização precisa ser significativo para a criança, contextualizado no processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, aconselha-se que este processo ocorra em um contexto musical que tenha algum sentido para o educando. Como exemplo, podemos mencio- nar em uma atividade de escuta as vozes dos animais, que terão mais significado, se for apresentada durante a contação de uma história. Desse modo, não devemos considerar a musicalização como uma “educação pela música”, pois essa forma de concepção significa utilizar a música como suporte para desenvolver outras áreas do conhecimento escolar tais como: a alfabetização, o raciocínio lógico e matemático, a socialização, entre outras. Musicalização nas Escolas 19 A música é um conhecimento que possui conteúdos próprios, os quais devem ser trabalha- dos na escola. De acordo com Snyders (1994), a escola deve proporcionar, além de preparação para o futu- ro, alegria para o presente e esse é um dos papéis da música na escola. As crianças, quando brin- cam, usam sons espontaneamente criando músicas e essa atitude, se não for estimulada na esco- la, tende a desaparecer com o tempo. Bebês com menos de dois anos de idade também são capazes de apreender a lingua- gem musical. Por isso, ressaltamos que a mú- sica deve fazer parte do cotidiano escolar des- de a mais tenra idade, pois por meio de uma educação musical, a criança penetra em um universo sonoro, desenvolvendo a escuta de mundo e habilidades da percepção auditiva, tais como: discriminação, memória e análise- síntese auditivas. Para Brito (2003) “a educação musical não deve visar à formação de possíveis músicos do amanhã, mas sim à formação integral das crianças de hoje”. Acreditamos que musicalizar é, antes de tudo, educar a escuta do mundo e de si próprio. A seguir, você encontrará duas propostas de atividades práticas para serem realizadas com crianças em sala de aula, se você for professor. Essas atividades têm o objetivo de articular a teo- ria e a prática, uma vez que a música, por sua natureza, é um conhecimento prático. Musicalização nas Escolas 20 AP1 - ATIVIDADE MUSICAL PRÁTICA Objetivo: apreciar, produzir e contextualizar a música Sambalelê Material: Música Sambalelê (tradicional brasileiro) e duas cartolinas de cores diferentes Acesse o link http://www.youtube.com/watch?v=7DyA1O2OYkI&feature=related para obter uma versão da música Sambalelê. O que ensinar: A Canção é uma forma musical que possui duas partes: A e B Faixa etária: a partir de 6 anos Expectativas de aprendizagem: conhecer a estrutura musical da forma canção AB, identifi- car o ritmo do samba e o som dos instrumentos musicais típicos. APRECIAR Em uma sala espaçosa, dividir a turma em dois círculos – A e B, respectivamente. A brincadeira consiste em cada grupo sambar somente quando for a sua vez, de acordo com a seguinte regra: Grupo A - nas estrofes da música (Sambalelê tá doente, tá com a cabeça quebrada...) os alunos deverão se movimentar e sambar livremente, enquanto que as crianças do Grupo B permanece- rão paradas, imitando estátuas. Ao ouvirem o refrão (Samba, samba, samba, ó lelê...), inverte-se: o grupo B inicia a movimentação e o grupo A passa a imitar as estátuas. Para facilitar a compreen- são por parte das crianças, o educador poderá usar dois cartazes de cores diferentes correspon- dentes à estrofe (Parte A) e ao refrão (Parte B), indicando a movimentação das crianças. Posteri- ormente, elas deverão se movimentar sem o auxílio dos cartazes. Ensinar que Sambalelê é uma forma musical chamada canção e que possui duas partes: A e B. Procure identificar com seus alu- nos outras canções que seguem essa mesma estrutura musical AB. PRODUZIR Você poderá propor que cantem somente a melodia da música, sem a letra. Elas poderão utilizar diferentes sons silábicos: lalala/ tatata / mimimi / nonono / etc. e realizarem a mesma movimenta- ção da atividade anterior, apoiando-se somente na melodia. Em alguns países como na Colômbia, na Rússia e na Turquia, as colheres de madeira são usadas como instrumentos musicais para marcar o ritmo de músicas das suas respectivas culturas. Em um segundo momento dessa brinca- deira, sugerir às crianças que marquem o ritmo das palavras da canção Sambalelê, usando colhe- res de pau, que poderão ser decoradas com pinturas e enfeites e usadas também como um instru- mento musical. CONTEXTUALIZAR Informar aos alunos que a palavra samba teve origem nas palavras africanas Zamba (festa) e Semba (umbigada). Aproveite para explorar alguns conhecimentos sobre o continente africano, seus povos e sua diversidade cultural. Outra sugestão é conhecer a música “Pelo telefone”, dos compositores Donga e Mauro de Almeida, considerada o primeiro samba brasileiro, gravado no Rio de Janeiro, em 1917. Acesse o link para ouvir e saber um pouco mais: https://www.youtube.com/watch?v=yeB9oBsFLrU Para finalizar, apresente aos alunos alguns dos principais instrumentos musicais típicos do samba carnavalesco, tais como o pandeiro, o ganzá, a cuíca, o reco-reco, o surdo, o tamborim, o cavaqui- nho e o violão, explorando os sons de cada um através de um jogo sonoro. Alguns desses instru- mentos aparecem no vídeo indicado no link acima. Musicalização nas Escolas 21 AP2 - ATIVIDADE MUSICAL PRÁTICA Objetivo: apreciar, produzir e contextualizar a música Lugar Comum Material: Música Lugar Comum (1974) de João Donato e Gilberto Gil Acesse o link https://www.youtube.com/watch?v=V57iQqqehJI Outro link só instrumental: https://www.youtube.com/watch?v=AOfjSdSbpv0 O que ensinar: A Canção é uma forma musical que possui duas partes: A e B Faixa etária: a partir de 6 anos Expectativas de aprendizagem: conhecer a estrutura musical da forma Canção. Estrutura da música: AB (AA’BB’) A - Beira do mar / lugar comum / começo do caminhar / pra beira de outro lugar / A’- Beira do mar/ todo mar é um/ começo do caminhar/ prá adentro do fundo azul B – A água bateu / o vento soprou/ o fogo do sol / o sal do Senhor / B’ – Tudo isso vem / tudo isso vai / pro mesmo lugar/ de onde tudo sai. APRECIAR Ouvir a canção e ensinar a letra, verso por verso, formando-se uma roda com todas as crianças. Na primeira parte A da canção as crianças giram a roda em um sentido combinado, mudando o sentido da roda na repetição A’. Na segunda parte B e B’, as crianças fecham e abrem a roda a cada verso, imitando o vai e vem das ondas do mar. PRODUÇÃO Converse com seus alunos e pergunte se eles sabem produzir sons com o corpo. Peça para cada um inventar um som: palmas, bater os pés, gritos, vibrando os lábios, estalos, assobios, soprar, raspar, abanar, etc. Depois, destaque as palavras da música que evocam sons da natureza: mar, caminhar, água, vento, fogo, areia, fundo azul do mar. Explorar as sonoridades dessas palavras, com sons realizados pela voz, corpo, objetos sonoros e instrumentos musicais acompanhando a música. CONTEXTUALIZAÇÃO Informe aos alunos alguns conhecimentos sobre os compositores dessa música: João Donato e Gilberto Gil. Você sabia que João Donato, natural de Rio Branco, AC, costumava brincar de flauti- nhas de bambu e panelas quando criança? Para saber mais: Acesse o link: http://www2.uol.com.br/joaodonato/bio.html Apresente também a música A rã de João Donato e Caetano Veloso, composta especialmente para crianças, para que elas conheçam outras composições desses músicos brasileiros. Musicalização nas Escolas 22 FIQUE DE OLHO E REGISTRE SUAS OBSERVAÇÕES AO REALIZAR UMA DESSAS ATIVIDADES. LT3: BRASIL: um país musical Você já deve ter ouvido falar sobre a riqueza da cultura musical brasileira e também, sobre a musi- calidade do nosso povo, qualidades que são co- nhecidas no mundo todo, especialmente quando se trata de samba e de carnaval. Devemos essas características às nossas raízes histórico-musicais, particularmente, às influências das culturas indíge- na, africana e portuguesa, responsáveis pela nossa formação étnica. Conhecer as muitas músicas do Brasil implica em compreender o contexto histórico, social e cultural. A música propicia um diálogo entre os povos, aceitação das diferenças e contribui para ampliar a percepção do outro e de si mesmo. Vamos conhecer um pouco sobre as raízes da músi- ca brasileira. LT4 - Música Indígena Conhecer nossos indígenas tem um papel pre- ponderante na educação contemporânea, especial- mente no que se refere às questões de inclusão soci- al, discriminação e preconceitos racial e de etnias. No início da colonização, os indígenas já conheciam a “rabeca” – uma espécie de violino rudimentar — bem como possuíam um grande acervo de instru- mentos musicais feitos com ossos de crânios, cabaças, sementes e outros materiais da natureza. Musicalização nas Escolas 23 A musicalidade natural dos nativos e a facilidade com que apren- diam música foram reconhecidas assim que os jesuítas aqui desembar- caram, aproveitando-se a música como um dos principais recursos de catequese e colonização. Estima-se que a quantidade existente de tri- bos indígenas desse período era por volta de 1 400 tribos, todas com características culturais singulares e costumes e hábitos diferenciados. Dentre as inúmeras tribos, daremos destaque à cultura musical dos guaranis, por terem sido os primeiros a estabelecer contato com os portugueses colonizadores e também, por habitarem uma grande par- te das regiões de São Paulo. Nas aldeias guaranis, é costume ensinar música para as crianças desde a mais tenra idade, pois eles acreditam que as crianças se comunicam diretamente com as entidades divinas pelo canto. Ao anoitecer, “a dança do Xondaro” – uma espécie de arte marcial indígena -, é praticada todos os dias, com a finalidade de buscar agilidade, equilíbrio físico e espi- ritual e ainda, práticas de caça e de defesa territorial. Apesar da colonização, os guaranis conser- varam suas tradições musicais, por meio da transmissão oral de geração para geração e ainda ho- je, podemos escutar a riqueza das suas melodias e cantos. Índio Enáuenê-nauê tocando um instrumento de sopro e osten- tando completa ornamentação corporal. Principais características da música indígena As melodias se repetem de forma cíclica durante muito tempo, gerando um estado de transe hipnótico nas cerimônias ritualísticas. A marcação do ritmo é realizada geralmente pelos pés e pelos tocadores de instrumentos maracás. O timbre da voz é anasalado. O ritmo, em geral, é binário, ou seja, marcado em dois tempos, acentuando-se o 2º tempo (1, 2 / 1, 2 / etc.). Os instrumentos de percussão e de sopro são os mais usados. Musicalização nas Escolas 24 INFORMAÇÃO Maracás são chocalhos globulares feitos de cabaça, ovos de ema ou de jacaré, cerâmica, crânio de macaco, carapaça de tartaruga, etc. contendo em seu interior sementes ou pe- drinhas e adornados com penas e desenhos. Acredita-se que o som dos maracás pode expulsar os maus espíritos nas doenças, pois a maioria dos instrumentos musicais indíge- nas possui relação com sagrado. Esses instrumentos pertencem à família da percussão e são usados em diversas situações nas aldeias guaranis. Outra informação importante resi- de no uso da rabeca, uma espécie de violino rudimentar, que os índios já possuíam na época da colonização e ainda, nos dias atuais, a presença do violão para acompanhar as canções. Pulsação rítmica ou tempo musical: são as marcações ou batidas regulares e constantes, ao acompanharmos uma música com palmas, por exemplo, constituindoos pulsos ou tem- pos musicais. AP4 - ATIVIDADE MUSICAL PRÁTICA CONHECENDO A MÚSICA INDÍGENA Objetivos: Trabalhar o pulso do ritmo musical (pulsação rítmica ou tempo) Aprender sobre acentuação dos tempos fortes e fracos Material: Ñande Reko Arandu - Memória Viva Guarani. Acesse o link https://www.youtube.com/watch?v=ok-f1NX2B0o O que ensinar: Pulso rítmico, tempo forte e fraco. Faixa etária: a partir de 6 anos Expectativas de aprendizagem: marcar a pulsação rítmica de músicas variadas. Atividades APRECIAR Assista ao vídeo do link sugerido com seus alunos. Analise o ritmo mostrando a marcação dos maracás e, se possível, o clipe sugerido ao final, com a marcação do pulso rítmico nos pés, na dança que acompanha a música. Observe o canto anasalado, as entradas dos instrumentos, o número de repetições da melodia cantada, questionando seus alunos para que possam refletir sobre a música indígena. Ensinar que cada movimento dos maracás e batida dos pés chamam- se tempos ou pulsações rítmicas. Perceber que as batidas dos pés não são com a mesma inten- sidade, mas uma é forte e a outra é fraca, variando-se a acentuação dos tempos. Musicalização nas Escolas 25 PRODUZIR Você poderá propor para as crianças confeccionarem chocalhos com latinhas, potes de iogurte ou outro material reciclável, inserindo milho de pipoca ou feijão em seu interior, fechando bem o reci- piente e enfeitando com fita durex de várias cores e fitas coloridas, imitando os maracás. Tam- bém poderá confeccionar com as crianças uma pulseira ou tornozeleira de tampinhas de garrafa ou guizos costurados em uma fita de velcro. Dividir a turma em dois grupos: o primeiro, grupo irá bater os pés no tempo forte da música, agi- tando a pulseira ou tornozeleira; e o segundo grupo, marcará a pulsação com os chocalhos. Se quiser, ainda poderá elaborar com as crianças uma coreografia bem simples, imitando a dança indígena ou uma dramatização, levando-se em conta a letra da música selecionada para esta ati- vidade. CONTEXTUALIZAR Pesquise com seus alunos informações sobre a cultura indígena dos guaranis: onde eles vivem, seus hábitos e costumes, tipos de instrumentos musicais usados por eles, locais das aldeias exis- tentes e, se possível, organize uma excursão a um desses locais. Em SP, existem as aldeias lo- calizadas em Parelheiros e no Pico do Jaraguá. Também existe o Museu do índio, localizado no Rio de Janeiro, mas você poderá visitá -lo de for- ma virtual, acessando: http://www.museudoindio.gov.br. Assista ao clipe http://www.youtube.com/watch?v=ETg-_UgEjm4 e observe a instrumentação usa- da pelo grupo musical indígena. PARA FINALIZAR Você poderá ainda, utilizar em sala de aula, ao realizar a atividade AP4, informações sobre a vida e a música de várias tribos de índios do Brasil, no excelente livro Cantos da Floresta: inicia- ção ao universo musical indígena, das autoras Magda Pucci e Berenice de Almeida, lançado re- centemente em abril de 2018, pela editora Peirópolis. Este livro contém muitas propostas de ativi- dades sobre a cultura indígena para todas as idades. Acesse o link para obter muitas informações e propostas de atividades para a sala de aula: http:// www.cantosdafloresta.com.br LT5 - Música Portuguesa Outra influência na música brasileira deve-se aos portugueses, cuja música é diversificada, com ritmos e gêneros variados. Baladas, cantos de trabalho, cantos de pastoras natalinos, cantigas de roda, fado, modinhas, serestas, vira, entre outros, trazem como caráter marcante o uso dos adufes – pandeirões quadrados para marcação rítmica das melodias. Musicalização nas Escolas 26 A cidade portuguesa do Minho foi a que mais influenciou a cultura brasileira, ao herdar a cultura grega e árabe, além da música religiosa das sinagogas e igrejas. Principais características da música portuguesa As melodias portuguesas possuem uma quadratura estrófica, isto é, quadrinhas constituí- das de frases curtas e rimadas, como estão presentes em nossas parlendas, canções in- fantis, acalantos, modinhas e cantigas. Inúmeros folguedos e danças brasileiras originaram-se no folclore português. Como exem- plo, podemos citar o reisado, o fandango, o bumba-meu-boi, os pastoris, as marchinhas e outros. Diversas danças brasileiras receberam enorme influência portuguesa, como é o caso da ciranda e da quadrilha. Os instrumentos de cordas dedilhadas são os mais usados, tais como a viola, violão, cava- quinho, bandolim, acompanhados por percussão, especialmente os adufes e as caixas. Diversos exemplos de cantigas de roda e de acalantos brasileiros revelam traços musicais ibéricos na sua gênese, tais como Senhora Dona Sancha; A moda da Carranquinha; O cravo e a rosa; Nesta rua; A rolinha; Ciranda, cirandinha; cujas gravações são facilmente encontradas para se desenvolver um trabalho com essas melodias na aula de música. Existem diversas possibilidades de se considerar a aula de música como eixo gerador de projetos interdisciplinares, integrando-se outras disciplinas desenvolvendo conteúdos adequados à faixa etária dos alunos. Pode-se realizar um trabalho de pesquisa das relações culturais- portu- guesa e brasileira -, observando-se a pronúncia e o sotaque dos idiomas português e brasileiro nas letras das melodias. E também fazer um levantamento sobre os instrumentos portugueses de cordas e as tradições musicais brasileiras, pois irá ampliar o conhecimento sobre as influências portuguesas na música brasileira. Musicalização nas Escolas 27 Como ocorre em muitas culturas, o círculo tem grande importância nas atividades sociais: nele são conduzidas reuniões sociais, reuniões familiares, discussões de negócios, reuniões de tri- bos etc., possibilitando aos participantes uma condição de igualdade. Por isso, aconselha-se que todas as atividades musicais possam ser trabalhadas em círculo ou em semicírculo, pois as sonori- dades ressoam de modo mais acústico, além de facilitar a percepção e a integração do grupo. ASSISTA: Acesse o link: : http://www.letrasdemusicas.fm/mawaca/ciranda-indiana e assista a dança cir- cular Cirandeiro com o grupo musical Mawaca. Outro link de dança circular com a música folclórica Eu morava na areia, Sereia http:// www.youtube.com/watch?v=Jdx3kigK9vE&feature=related Você poderá aproveitar as cantigas de roda para trabalhar diversas “Danças Circulares”, pro- movendo maior interação entre os participantes. Existem muitas propostas em vídeos nos ca- nais do Youtube. PARA FINALIZAR Como trabalho interdisciplinar, você poderá aproveitar o estudo da música portuguesa e desen- volver o tema: “Descobrimento do Brasil”. Para as crianças, existe a música Pindorama que conta essa história de forma divertida. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=0ivhIfmtevc Ou ainda, a animação Os portugueses – raízes do Brasil no link: https://www.youtube.com/watch?v=HfaeWT6qZl0 PARA SABER MAIS: Material de apoio: Cd Cantigas de Roda e Canções do Brasil (Selo Palavra Cantada) e Grupo Cupuaçu – Centro de Pesquisa em Danças Brasileiras Acesse o link www.palavracantada.com.br, para baixar músicas pelo youtube oficial do grupo e assistir aos clipes sugeridos. Cd Pandalelê – Brinquedos Cantados: no link da Palavra Cantada, você terá acesso às várias gravações de cantigas tradicionais da cultura infantil brasileira, tais como: De abóbora faz melão, Tumbalacatumba, Eu entrei na roda, Meu anel de pedra verde, entre outras. Grupo Cupuaçu – Centro de Pesquisa em Danças Brasileiras O Grupo Cupuaçu em São Paulo, com sede no bairro do Butantã,é especializado no resgate de danças folclóricas como carimbó, bumba meu boi, coco de roda, ciranda de roda, entre outras. Acesse o link: www.grupocupuaçu.org.br, conheça o grupo e outras danças de influência portu- guesa, observando as características de cada uma. Musicalização nas Escolas 28 LT6 - Música Africana A colonização do Brasil seguiu um modelo de exploração econômica latifundiária e de monocultura de certos gê- neros que tinham alto valor lucrativo na Europa, como foi o caso da cana-de-açúcar, necessitando de mão de obra escrava em substituição à indígena. Entre os sécu- los XV e XVIII, Portugal mantinha o tráfico de escravos negros como uma das principais atividades lucrativas. No Brasil, os bantos, procedentes do sul da África, foram um dos principais grupos que se estabeleceram especial- mente no Rio de Janeiro, Minas Gerais e outras localida- des, para realizarem esse trabalho escravo que perdurou por vários séculos em nosso país. Para os africanos, a música é parte integrante da vida social, religiosa e do seu cotidiano. O instrumentista não apenas toca seu instrumento, mas também movimenta todo seu corpo, ex- pressando-se corporalmente e integrando movimento, ritmo, dança, fala e canto como um todo complexo. É interessante sabermos que não existe no idioma africano uma palavra que signifique música, como ocorre no ocidente, ou seja, no sentido de uma melodia cantada ou instrumental. Existem palavras para significar estilos, repertórios ou formas musicais. Todavia, por influência da cultura ocidental, houve a incorporação da palavra musique, do francês, ou music, do inglês, ao vocabulário africano. Em 09 de janeiro de 2003, foi sancionada a Lei Federal nº 10.639 que tornou obrigatório o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira. Sendo assim, o estudo da música africana articulada às demais disciplinas, poderá vir a ser um eixo gerador de projetos pedagógicos para cumprimen- to dessa exigência legal. Musicalização nas Escolas 29 Podemos identificar muitas manifestações culturais brasileiras que são heranças da cultura musical africana, tais como: o jongo, a capo- eira, o maracatu, o batuque, o bambelô, o samba de aboio, o tam- bor de crioula, o carimbó, o candomblé, a congada, o moçambique, entre outras. A contribuição musical do negro para a música brasilei- ra se deu, principalmente, em relação ao aspecto rítmico, pois a mú- sica africana privilegia o ritmo à melodia, em decorrência dos varia- dos idiomas monossilábicos falados pelos povos da África. A variedade musical do continente africano é muito rica, como acontece também em nosso país. Por isso, apresentaremos algumas características mais gerais da música africana, tendo o cuidado de não generalizarmos para todo o extenso continente africano. O Hino da África do Sul, desde o ano de 1997, é uma mistura de diversos hinos como, por exemplo, o hino do apartheid, o hino popular do Congresso Nacional Africano e de outros hinos regionais. Sua letra apresenta trechos em cinco línguas oficiais do país (zulu, xhosa, sesotho, afri- caner e inglês). PARA SABER MAIS: SANSA KROMA é uma canção folclórica africana que era cantada pelas mães sul -africanas durante o exílio, nos tempos do apartheid. O sansa kroma é um pássaro fantástico do imaginário de aldeias africanas, uma espécie de falcão. Contam que um dia ele estava voando alto no céu e avistou alguns pintinhos órfãos. Sansa kroma des- ceu e cuidou deles até que estivessem adultos. A mensagem da canção é que nas co- munidades, africanas sempre haverá alguém para cuidar das crianças. Acesse o link: http://www.letrasdemusicas.fm/mawaca/sansa-kroma Musicalização nas Escolas 30 Principais características da música africana Polirritmia – combinação de diferentes ritmos executados simultaneamente. Ritmo sincopado – os acentos das pulsações são deslocadas, presentes no samba, mara- catu e outros ritmos africanos. Canto responsorial – alternância entre solista e coro (corresponde ao cantor que exerce o papel de puxador do samba, como também nas toadas e folguedos brasileiros). O puxador é responsável por iniciar o canto da melodia, sendo seguido pelos demais, formando frases musicais na forma de perguntas e respostas. O costume de se cantar a duas vozes, em terças ou quartas sobrepostas, foi incorporado às canções e melodias brasileiras, a exemplo da música sertaneja. Fusão entre música e dança Predominância de variedade de instrumentos de percussão e alguns instrumentos melódi- cos, tais como o orocongo (ancestral do violino), o berimbau, a kalimba. AP5 - ATIVIDADE MUSICAL PRÁTICA: CONHECENDO A MÚSICA AFRICANA Objetivos: Trabalhar o pulso do ritmo musical (pulsação rítmica ou tempo). Aprender sobre acentuação dos tempos fortes e fracos Material: Música Escravos de Jó e copos de plástico ou tampinhas de garrafa pet, latas e bexigas de diversos tamanhos. O que ensinar: Pulso rítmico, tempo forte e fraco. Faixa etária: a partir de 6 anos Expectativas de aprendizagem: marcar a pulsação rítmica de músicas variadas. Atividades APRECIAR Escravos de Jó é um brinquedo tradicional brasileiro de origem africana, realizado pelas crianças da África com caixa de fósforos, pedrinhas ou sementes que são passadas de um em um. Pode- se brincar, inicialmente, formando uma roda de mãos dadas e marcando com os pés as sílabas fortes. No zigue zigue zá realizar pequenos saltos de vai e vem. Variação: Outro modo de brincar é sentar em roda e estender a palma da mão esquerda voltada para cima para o colega do lado esquerdo. Apoiar a palma da mão direita voltada para baixo em cima da mão do colega da direita. Ouvir e cantar a música marcando as sílabas fortes da melodia, batendo a mão direita na mão do colega, uma criança por vez. Musicalização nas Escolas 31 Outra sugestão: reproduzir a melodia africana Funga Alafia (Libéria) com as crianças, brincando de passar o copo ou a tampinha pet como em Escravos de Jó. Acesse o Link da cantora africana Nana Malaya: https://www.youtube.com/watch?v=GTegkMJq15M&list=RDGTegkMJq15M&index=1 PRODUZIR Confeccionar com seus alunos tambores africanos de vários tamanhos, feitos com latas e bexigas, e cantar e tocar a melodia tradicional sul africana Syahamba, conforme consta nos links: https://www.youtube.com/watch?v=PE0ZznTs620 https://www.youtube.com/watch?v=-bsFJNF-bMQ CONTEXTUALIZAR Pesquise com seus alunos informações sobre a cultura africana: localização geográfica do continen- te, hábitos e costumes, tipos de instrumentos musicais usados por eles, danças características afro- brasileiras e, se possível, organize uma visita ao Museu Afro-Brasileiro, localizado no Parque do Ibi- rapuera para conhecer de perto a arte africana. PARA FINALIZAR Cante a música África, da Palavra Cantada e interpretada pelas crianças do Coral do Rio de Janeiro, ao ar livre: https://www.youtube.com/watch?v=yGv47mv7874 https://www.youtube.com/watch?v=zRYF5f5nJQI Você ainda poderá realizar a brincadeira de palmas e mãos Roda Africana, como está no link: https://www.youtube.com/watch?v=QjlmRDk9ktI. Sobre a capoeira, um exemplo de projeto: http://www.abemeducacaomusical.com.br/revista_musica/ed7e8/Revista%20Musica%207_Ponso.pdf Sobre o Coco paraibano, um exemplo de projeto: <http://www.abemeducacaomusical.com.br/revista_musica/ed9/Revista%20Meb% 209_ARTIGO_Estudio%20Movel.pdf> Material de apoio: ALMEIDA, M. Berenice de; PUCCI, Magda Dourado. Outras terras, outros sons. São Paulo: Ed. Cal- lis, 2003 (acompanha Cd com músicas indígenas, portuguesase africanas e propostas de atividades musicais para a sala de aula). ________________. Cantos da Floresta: iniciação ao universo musical indígena. São Paulo: Peiró- polis, 2018. SODRÉ, Lilian Abreu. Música africana na sala de aula. São Paulo: Duna Dueto Editora, 2010. (acompanha Cd de músicas africanas e propostas de atividades). Musicalização nas Escolas 32 LT7 – RITMOS BRASILEIROS Para você conhecer a variedade de ritmos musicais que o Brasil possui, sugerimos alguns vídeos que irão ilustrar de forma mais didática e motivadora, os diversos ritmos da música brasi- leira. ASSISTA: Os vídeos: Curtos (de 1 a 4 minutos): https://www.youtube.com/watch?v=kmhk0DVhQ74 https://www.youtube.com/watch?v=yLRrPTMr7Sw https://www.youtube.com/watch?v=XaWHdksYSjE https://www.youtube.com/watch?v=lBw7bfsH1-U https://www.youtube.com/watch?v=hZDfzEbmVck Maior duração (até 15 minutos) https://www.youtube.com/watch?v=5FWKgUr2Xjk https://www.youtube.com/watch?v=qvklwdDMHas&t=9s Alguns documentários importantes (até 1h 30m): Paulinho da Viola https://www.youtube.com/watch?v=IwWCjaWRZfE&index=14&list=RDWO1Uwyn62v4 Chiquinha Gonzaga https://www.youtube.com/watch?v=xovks5pFOvs&list=RDWO1Uwyn62v4&index=30 História da Bossa Nova https://www.youtube.com/watch?v=n2pko5Q2ofg&index=30&list=RDWO1Uwyn62v4 A História da MPB que o Brasil não conhece https://www.youtube.com/watch?v=U7o-y3KbB_U&index=33&list=RDWO1Uwyn62v4 100 anos de Choro https://www.youtube.com/watch?v=GLLnfi5g9l8&list=RDWO1Uwyn62v4&index=30 Musicalização nas Escolas 33 Samba: as muitas batidas do samba https://www.youtube.com/watch?v=spjc6KhwZIo&index=29&list=RDWO1Uwyn62v4 Uma breve história do Samba - Cartola https://www.youtube.com/watch?v=9Jibd_qMTjs Dois documentários sobre Heitor Villa-Lobos https://www.youtube.com/watch?v=Ghs1re18cHw - Sobre o compositor Heitor Villa Lobos - documentário da TV Manchete https://www.youtube.com/watch?v=4JtlaVcEqXI - De batutas a batucadas - Documentário da TV Senado sobre Villa Lobos Após você ter estudado sobre a riqueza e a diversidade da cultura musical brasileira, no módulo II serão abordados alguns conteúdos mais específicos da educação musical. No século XX, a preocupação de profissionais da músi- ca, compositores e educadores com o ensino de música nas escolas de diversos países acabou por produzir várias pro- postas e modelos de musicalização nas escolas. Veremos como tais abordagens influenciaram o ensino de música em nosso país e de que modo poderemos aproveitar algumas dessas propostas para nossas práticas pedagógico-musicais em sala de aula. Além disso, iremos responder a um questionamento de muitos profissionais da educação, em relação ao ensino da música nas escolas: Será que é possível ensinar música nas escolas, trabalhando conteúdos exclusivamente mu- sicais, mesmo que o professor não saiba ler partituras ou tocar algum instrumento musical? Vamos conferir? Até o próximo módulo! Musicalização nas Escolas 34 CRÉDITO DAS IMAGENS Capa/ ícones da estrutura: Crédito de atribuição editorial: val lawless / Shutterstock.com Por SpeedKingz / Shutterstock.com Cabeçalho: Created by Freepik Ícone feito por Freepik de www.flaticon.com: https://www.flaticon.com/free-icon/ drum_480365 Módulo: Created by Asier_relampagoestudio - Freepik.com Created by Brgfx - Freepik.com www.publicdomainpictures.net/en/view-image.php?image=4860&picture=listening-to-music Free photo 2649093 © Mykola Velychko - Dreamstime.com www.publicdomainpictures.net/en/view-image.php?image=60821&picture=paper-birds-musical-notes CCO 1.0 Free photo 5051093 © Andrey Polichenko - Dreamstime.com Free photo 1073911 © Antti Karppinen - Dreamstime.com Free photo 5433854 © Johann Helgason - Dreamstime.com Free photo 4314915 © Redbaron - Dreamstime.com Created by Iconicbestiary - Freepik.com Created by Natanaelginting - Freepik.com Created by Pressfoto - Freepik.com www.publicdomainpictures.net/en/view-image.php?image=257376&picture=music-background-music-note-music CC0 1 www.publicdomainpictures.net/en/view-image.php?image=166196&picture=scrapbook-page-flower-music-sheet CCO 1 www.publicdomainpictures.net/en/view-image.php?image=117991&picture=music-notes CCO 1 www.publicdomainpictures.net/en/view-image.php?image=73299&picture=background-802 CCO 1 Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3574212 Inicialmente carregado por Mateuszica em Wikipédia em português - Transferido de pt.wikipedia para a wiki Commons por Econt., CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=3604980 Por http://veton.picq.fr - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=10055069 Por José Mauricio Nunes Garcia Júnior - Mattos, Cleofe Person de. José Maurício Nunes Garcia: biografia. Fundação Bibli- oteca Nacional, 1997, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=44994432 Por National Photo Collection [1] ,serial#-054817, photo code- D597-077, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=6695446 Por Ratigan (instrument et photo) - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php? curid=314543
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