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0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 Processo nº 0002019-50.2016.4.01.4301 Classe : AÇÃO ORDINÁRIA / OUTRAS Autor(a) : ALINE LOURENCO CUNHA, ALVACI DE JESUS PEREIRA SILVA, ELDER NARCISO FELTRIM, FABIANE RODRIGUES COSTA, JUSSARA DIAS QUEIROZ, LUCIANA ZENOBIO QUADRA VIEIRA DOS SANTOS, MILENE TIBURCIO NARENTI FERRADOZA, REINALDO MAGALHAES FERNANDES, SILVESTRE JULIO SOUZA DA SILVEIRA, STHEPANY FRAGOSO BORGES Réu/Ré : INSTITUTO DE EDUCACAO DE CIENCIAS HUMANAS E EXATAS LTDA - EPP, INSTITUTO EDUCACIONAL VANGUARD LTDA - ME, UNIAO Tipo : “A” (Resolução nº. 535 - CJF) SENTENÇA I – RELATÓRIO Trata-se de ação de obrigação de fazer c/c danos morais e materiais ajuizada por REINALDO MAGALHÃES FERNANDES e OUTROS em face do INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EXATAS LTDA – EPP (FACULDADE INTEGRADA DE GOIÁS – FIG), GRUPO EDUCACIONAL VANGUARD e UNIÃO. Relatam que a FIG ofertou o curso de Mestrado Profissional presencial em Araguaína, para o qual os requerentes foram aprovados, tendo celebrado contrato de prestação de serviço, mediante o pagamento de taxa de R$ 700,00. ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 1/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 Informam que as aulas iniciaram em 21/11/2014, com uma turma de 26 alunos, de um total de 47 aprovados, com aulas ministradas pelo Professor Daniel Sotelo, inicialmente no Hotel Araguatins, e, após, no Instituto Carlos Chagas. O docente, ao ser questionado sobre o reconhecimento do mestrado junto ao MEC, assegurou que todos os trâmites necessários à regularização do curso estavam sendo observados, tranquilizando os requerentes quanto ao recebimento do certificado ao final. Aduzem que questionaram os professores e representantes da FIG e do GRUPO VANGUARD sobre a validação do curso junto ao MEC, tendo obtido a informação de que o mestrado sequer foi incluso na plataforma Sucupira1, razão pela qual não seria recomendado pela CAPES. Destacam a ocorrência de diversos problemas durante o curso, como pagamentos realizados por meio de depósito direto na conta corrente do Diretor do Grupo Vanguard, falta de professores, ausência de aulas, deficiência nas informações repassadas aos alunos. Relatam a constante troca dos locais de aula, ausência de professores orientadores, envio de artigos que não foram publicados e inexistência de cumprimento da grade de créditos exigida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Informam que a FIG também marcava aulas com apenas 1 ou 2 semanas de antecedência, inviabilizando a alteração dos plantões para os quais os discentes, como profissionais da área de saúde, era escalados. Destacam que chegaram a fazer prova de proficiência em língua inglesa, mas, até o ajuizamento da ação, o curso de Mestrado Profissional em Saúde não teria sido cadastrado junto ao CAPES e não teria autorização para ser ministrado. 1 http://www.capes.gov.br/avaliacao/plataforma-sucupira ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 2/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 Defendem a responsabilidade da UNIÃO em decorrência do seu dever de supervisionar e fiscalizar a execução de cursos de pós-graduação stricto sensu ofertados pela iniciativa privada. Logo, deveria ter impedido a FIG de oferecer o curso em comento de forma irregular. Requereram, em sede de tutela de urgência que: a) a autorização do depósito em juízo das mensalidades do curso, no valor de R$ 925,00, com o objetivo de cessar os juros; b) a apresentação, pelos réus, de provas do registro ou da regularização do curso de Mestrado Profissional em Saúde junto à Plataforma Sucupira, MEC e CAPES; c) a informação, pelos requeridos, acerca do andamento da Revista FIG Científica e sua respectiva Qualis Capes; d) os dois primeiros requeridos apresentem os nomes dos professores orientadores, bem como suas linhas de pesquisa, no prazo de 30 (trinta) dias; e) a UNIÃO ateste a aprovação ou não do curso; f) o primeiro e segundo requeridos informem nos autos o andamento de todo o procedimento de cadastro junto ao MEC/CAPES/PLATAFORMA SUCUPIRA até a aprovação em definitivo dos mestrandos; g) os requeridos não incluam os nomes dos autores em qualquer órgão de proteção ao crédito; e, h) que os réus não suspendam o serviço contratado. Requerem, alternativamente, caso haja impossibilidade de regularização do curso junto ao MEC/CAPES, que transfiram os requerentes para outra instituição certificada dentro do território nacional para que recebam Diploma/Certificado de conclusão do curso de mestrado válido. Pleiteiam, também, alternativamente, no caso de não haver a possibilidade de o curso ser regularizado junto ao MEC/CAPES e de ser transferido, a condenação dos réus em danos morais e materiais, a serem calculados em liquidação de sentença. Os autores emendaram a inicial (fls. 236/239) juntando as procurações de ELDER ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 3/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 NARCISO FELTRIM e de STHEPANY FRAGOSO BORGES. Foi proferida a decisão de fls. 241/243 deferindo parcialmente o pedido de tutela provisória de urgência de natureza cautelar requerida em caráter incidente, nos termos do art. 300 do CPC/2015, para conceder aos autores o prazo de 5 (cinco) dias para realização do depósito dos valores das mensalidades em conta judicial vinculada aos presentes autos na Caixa Econômica Federal - CEF, Agência 0610. O pedido de decretação de segredo de justiça foi indeferido e ojuízo reservou-se a analisar os demais pedidos de tutela (item “d” da fl. 28) para após a apresentação das contestações. Os autores abriram a conta judicial nº 864.00009-7, operação 005, na Agência 0610, da Caixa Econômica Federal e juntaram os respectivos comprovantes de depósito (fls. 249/261). O INSTITUTO EDUCACIONAL VANGUARD LTDA foi citado e intimado (fl. 265). Petição dos autores (fls. 273/300): a) informando que os dois primeiros requeridos bloquearam o acesso dos alunos à “Plataforma Google Education”, após o deferimento da tutela por este juízo; b) que enviaram e-mails alertando-os de que, caso não houvesse o pagamento, seus nomes iriam ser inscritos em órgãos de proteção ao crédito; c) emendando a inicial incluindo BENITO ROLANDO GUTIERREZ MARTINEZ no polo ativo; d) informando novo endereço da FIG; e, e) juntando os depósitos judiciais do mês de julho de 2016. Foi proferida a Decisão de fls. 302/304 (publicada em 16/08/2016 – fl. 306): a) determinando que o INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EXATAS LTDA-EPP (Faculdades Integradas Goiás-FIG) e o INSTITUTO EDUCACIONAL VANGUARD LTDA-ME: a1) suspendam qualquer ato tendente à cobrança das ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 4/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 mensalidades depositadas em juízo, estando impedidas de proceder à negativação dos nomes dos demandantes nos órgãos de proteção ao crédito em relação às mesmas quantias; e, a2) continuem a oferecer todas as funcionalidades do curso aos demandantes, mormente o acesso às plataformas de ensino, assim como disponibilizem os nomes dos orientadores para fins de elaboração do trabalho de conclusão do curso, sob pena de imposição de multa diária no valor de R$500,00 (quinhentos reais), em caso de descumprimento. b) determinando a citação da UNIÃO e, novamente, à citação do INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EXATAS LTDA- EPP (Faculdades Integradas Goiás-FIG) no endereço Rua 90, 460, Quadra F44, Lote 60/64, Bairro Setor Sul, Goiânia- Goiás; c) indeferindo o pedido de emenda a inicial e, consequentemente, o ingresso de BENITO ROLANDO GUTIERRES MATINEZ no polo ativo desta demanda; e, d) determinando a intimação do advogado dos autores para acostar as procurações de ELDER NARCISO FELTRIM e STHEFANY FRAGOSO BORGES, sob pena de sob extinção do processo sem resolução do mérito em relação a esses autores. Petição dos autores informando que as procurações de ELDER NARCISO FELTRIM e STHEFANY FRAGOSO BORGES foram juntadas às fls. 236/237. O INSTITUTO EDUCACIONAL VANGUARD LTDA (fl. 316) foi intimado da decisão de fls. 302/304. Comprovantes de depósitos judiciais do mês de agosto de 2016 juntados às fls. 319/330 pelos autores. A UNIÃO apresentou contestação às fls. 332/334 arguindo, em preliminar, a sua ilegitimidade para figurar no polo passivo, tendo em vista que caberia a CAPES, que tem ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 5/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 personalidade jurídica própria, dispor sobre a regularidade dos cursos de pós-graduação. No mérito, pugnou pela improcedência do pedido por “ausência de sua responsabilidade por inexistência de ato a lhe ser imputado” (fl. 334). Foi juntada a certidão de citação e intimação da FIG acerca das decisões de fls. 241/243 e 302/304 (fl. 337). Réplica às fls. 342/387 requerendo a decretação da revelia do INSTITUTO VANGUARD. Informam, ainda, que as duas primeiras rés estão descumprindo a tutela de urgência, por continuarem impedindo os alunos que integram o polo ativo desta ação de acessarem as plataformas de ensino, bem como por não indicarem os nomes dos orientadores. Relatam que a FIG comunicou que quem estivesse depositando os valores em juízo não poderiam realizar a prova de reposição em proficiência em inglês (alunos que não tiveram nota suficiente ou que não a fizeram). Destacam, também, que a apresentação da Dissertação foi designada para o mês de fevereiro de 2017 tão somente para os alunos que não ingressaram em juízo. Noticiam que os réus FIG e Vanguarda interpuseram o Agravo de Instrumento nº 0041994-81.2016.4.01.000, contudo, não cumpriram o art. 1.018, §2º do CPC informando a este juízo a referida interposição. Requereram o revigoramento da decisão de fls. 302/304, que a FIG não obste a participação no curso, a exclusão da UNIÃO do polo passivo e a respectiva inclusão da CAPES. Decisão de fls. 389/391: ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 6/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 a) reconhecendo a legitimidade passiva da UNIÃO e ilegitimidade passiva da CAPES; b) determinando às requeridas ao pagamento de multa diária no valor de R$500,00 (quinhentos reais), a ser calculada, desde 17/08/2016, para o INSTITUTO VANGUARD LTDA-ME (fls. 315) e, desde 24/08/2016, para o INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EXATAS LTDA. (fls. 336), com termo final a data da prolação da referida decisão em 24/10/2016; c) intimando os réus para suspenderem qualquer ato tendente à cobrança das mensalidades depositadas em juízo, estando impedidos de proceder à negativação dos nomes dos demandantes nos órgãos de proteção ao crédito em relação às mesmas quantias e continuarem a oferecer todas as funcionalidades do curso aos demandantes, mormente o acesso às plataformas de ensino, assim como disponibilizarem os nomes dos orientadores para fins de elaboração do trabalho de conclusão do curso, comprovando essa última providência nos autos no prazo de 5 (cinco) dias da intimação desta decisão, sob pena de aplicação de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais); e, d) intimando o advogado dos autores paraacostar a procuração ORIGINAL de STHEPANY FRAGOSO BORGES, sob pena de sob extinção do processo sem resolução do mérito em relação a essa autora. O INSTITUTO VANGUARD foi intimado em 8/11/2016 (fl. 398) da decisão de fls. 389/391, enquanto que a FIG foi intimada em 02/12/2016 (fl. 401). Os autores compareceram nas fls. 404/444 informando que: a) a procuração original de STHEPANY encontra-se à fl. 347; ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 7/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 b) foi proferida decisão pelo juízo da 2ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás no processo nº 9391-28.2016.4.01.3500 determinando, em sede de tutela, a requerimento do MPF, que a FIG suspenda a oferta do Programa de Mestrado Profissional e a renovação de matrículas dos programas que já tenham iniciado, enquanto não obtida autorização legal; c) a FIG noticiou à turma de mestrandos, via e-mail, que o curso não foi recomendado pela CAPES por ter obtido pontuação 1 durante o processo de reconhecimento; e, d) Elisandro, ex-funcionário da FIG, encarregado de organizar e registrar o curso referiu-se ao NILTON, proprietário da FIG e da Vanguard, como “estelionatário” e com total descaso quanto ao curso oferecido. Na referida petição, os autores requerem o julgamento antecipado do mérito, bem como a suspensão dos depósitos. Intimada para manifestar sobre a petição de fls. 404/444, bem como para especificar provas, a UNIÃO relatou não possuir provas a produzir (fl. 446). Os autos vieram conclusos. Decido. II – FUNDAMENTAÇÃO II.1 – Do julgamento antecipado do mérito em razão da revelia e da urgência no julgamento Conforme relatado, em que pese o GRUPO EDUCACIONAL VANGUARD LTDA (fl. 265) e a FIG (fl. 337) terem sido citados, deixaram o prazo para apresentar contestação transcorrer in albis. ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 8/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 Sendo assim, decreto a revelia do GRUPO EDUCACIONAL VANGUARD LTDA (fl. 265) e da FIG (fl. 337), nos termos do art. 3442 do CPC, presumindo-se verdadeiras as alegações de fato formuladas pela parte autora. De outro lado, cumpre destacar que o inciso IX do art. 12 do CPC prevê a possibilidade de exceção à ordem preferencial de julgamento caso haja urgência. Assim, compulsando os autos, verifica-se haver prioridade no julgamento, vez que os requerentes estão depositando todo mês o valor relativo à mensalidade do mestrado, estando, portanto, preenchido o requisito previsto no aludido dispositivo legal. Da mesma forma, não se vislumbra a necessidade de se produzir outras provas, por tratar-se de ação que versa apenas sobre questão de direito, nos termos do art. 355, I, do CPC. Assim sendo, passo ao julgamento antecipado do mérito. II.2 – Do mérito II.2.1 – DA RESPONSABILIDADE DO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EXATAS LTDA – EPP (FACULDADE INTEGRADA DE GOIÁS – FIG) e DO GRUPO EDUCACIONAL VANGUARD O cerne da questão resume-se a saber se o curso de Mestrado Profissional em Saúde oferecido pelas duas primeiras requeridas, INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EXATAS LTDA – EPP (FACULDADE INTEGRADA DE GOIÁS – FIG) e GRUPO EDUCACIONAL VANGUARD, possui autorização e reconhecimento junto ao Ministério da Educação e se a prestação do serviço foi defeituosa. 2 Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor. ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 9/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 Pois bem. Os cursos de pós-graduação stricto sensu são sujeitos às exigências de autorização e reconhecimento previstas na Resolução CNE/CES nº 1/2001, obrigando as instituições de ensino superior formalizarem os pedidos de reconhecimento até, no máximo, 12 (doze) meses, após o funcionamento dos mesmos, senão vejamos: Art. 1º Os cursos de pós-graduação stricto sensu, compreendendo programas de mestrado e doutorado, são sujeitos às exigências de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento previstas na legislação. (...) § 4º As instituições de ensino superior que, nos termos da legislação em vigor, gozem de autonomia para a criação de cursos de pós-graduação devem formalizar os pedidos de reconhecimento dos novos cursos por elas criados até, no máximo, 12 (doze) meses após o início do funcionamento dos mesmos. A autorização é o ato legal concedido pelo Ministério da Educação que aprova o funcionamento de cursos pós-graduação stricto sensu, com prazo de validade, podendo ser renovado ou não, após processo regular de avaliação. Já o reconhecimento é o ato formal final que outorga validade e fé pública para um curso de pós-graduação stricto sensu, obtido após avaliação satisfatória, podendo a instituição emitir diplomas com validade nacional. É concedido pelo MEC, após homologar o parecer favorável emitido pela Câmara de Educação Superior do CNE/CES, isto, com fundamento nos resultados da avaliação realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior – CAPES, nos termos do §1º do art. 1° da Resolução CNE/CES nº 1/2001: §1º A autorização, o reconhecimento e a renovação de reconhecimento de cursos de pós-graduação stricto sensu são concedidos por prazo determinado, dependendo de parecer favorável da Câmara de Educação ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 10/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 30 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 Superior do Conselho Nacional de Educação, fundamentado nos resultados da avaliação realizada pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e homologado pelo Ministro de Estado da Educação. Pois bem. A Nota de Esclarecimento emitida Faculdade Integrada do Goiás -FIG em 25/07/2016 (fls. 178/180) evidencia, sem sombra de dúvida, que o programa de pós- graduação stricto sensu, na modalidade mestrado profissional, não detém autorização, nem reconhecimento, tendo havido apenas, supostamente, o encaminhamento de Proposta de Programa a CAPES, o que, por si só, não caracteriza a autorização/reconhecimento, senão vejamos: “Neste diapasão, atendendo o calendário APCN 2015, divulgado pela CAPES, a quem compete receber o pedido de autorização de curso de mestrado, seja ele acadêmico ou profissional, a FIG encaminhou Proposta de Programa cujo protocolo é o de número 320/2015, o que se fez possível, por óbvio, a partir da prévia criação dos grupos de estudo e sua consolidação.” De outro lado, consultando o sítio da CAPES3, extrai-se que os requeridos não possuem nenhum curso de mestrado reconhecido no Centro-Oeste e no Norte Ainda, deve-se consignar que a 2ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Goiás proferiu a decisão de fls. 427/440, em 10/11/2016, na ação civil pública nº 9391- 28.2016.4.01.3500, ajuizada pelo MPF, deferindo a tutela antecipada no sentido de determinar à FIG que suspendesse a oferta de Programa de Mestrado Profissional e a renovação de matrículas dos programas, que, eventualmente, já tenham sido iniciados, enquanto não obtida autorização legal. Extrai-se da referida decisão (fls. 437/438), que a FIG, sequer tinha protocolado proposta de reconhecimento/recomendação de curso de 3 http://www.capes.gov.br/avaliacao/dados-do-snpg/cursos-recomendados-reconhecidos ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 11/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 pós-graduação stricto sensu nos anos de 2014 a 2015. Da mesma forma, consta na fl. 405 e-mail enviado pela FIG à autora MILENE TIBURCIO NARENTI FERRADOZA noticiando que o Curso de Saúde obteve pontuação 1, ou seja, não seria recomendado pela CAPES: “Caros Alunos, Como é de conhecimento, o Curso de Saúde obteve pontuação 1, que significa que não será recomendado pela CAPES” Tal informação, à primeira vista, aparenta não ser condizente com a realidade, considerando uma possível inobservância do prazo de 12 (doze) meses previsto na Resolução CNE/CES nº 1/2001, já que o curso teve início em 21/11/2014, e, de acordo com decisão judicial proferida em ação civil pública (fls. 437/438), os requeridos sequer haviam protocolado pedido de reconhecimento/recomendação Diante da revelia das instituições de ensino e dos fatos aqui demonstrados acerca da falha na prestação dos serviços, constata-se a impossibilidade de os alunos obterem diplomas válidos. Sendo assim, inviável o acolhimento dos pedidos formulados em relação às rés FIG e VANGUARD relacionados a: a) provas do registro ou da regularização do curso de Mestrado Profissional em Saúde junto à Plataforma Sucupira, MEC e CAPES; b) o andamento da Revista FIG Científica e sua respectiva Qualis Capes; c) apresentação dos nomes dos professores orientadores, bem como suas linhas de pesquisa, no prazo de 30 (trinta) dias; d) informação acerca do andamento de todo o procedimento de cadastro junto ao MEC/CAPES/PLATAFORMA SUCUPIRA até a aprovação em definitivo dos mestrandos; e, h) manutenção do serviço contratado em relação aos requerentes. ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 12/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 Igualmente, não se vislumbra a possibilidade de acolhimento do pedido subsidiário4 de transferência para outra instituição certificada dentro do território nacional. Isso porque os programas de pós-graduação nem sempre aceitam os créditos provenientes de outras instituições de ensino e, quando o fazem, exigem a aprovação do CAPES, não sendo esta a hipótese dos autos5. Por esses motivos, outra solução não há a não ser analisar o pedido de condenação da FIG e VANGUARD em danos morais e materiais, bem como para que não incluam os nomes dos autores em qualquer órgão de proteção ao crédito. Ora, se as requeridas ofereceram a prestação de serviços educacionais (vide fls. 64/67), têm o dever de atender todas as exigências normativas em vigor no nosso ordenamento jurídico, obtendo, assim, a autorização e reconhecimento do curso de mestrado profissional em saúde, sob pena, por óbvio, de os alunos receberem um diploma de mestrado inválido. Isso porque as requeridas, na qualidade de Instituições de Ensino Superior, têm ciência das exigências legais a elas impostas pela legislação e, mesmo assim, criaram o curso de mestrado profissional em saúde e o ofertaram aos autores, sem a devida autorização e reconhecimento pelo Ministério da Educação. Presume-se, assim, que, as requeridas FIG e VANGUARD, tinham amplo 4 Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior. 5 Regimento Interno do Programa de Pós-Graduação da USP: http://www.leginf.usp.br/?resolucao=resolucao-no - 6542-de-18-de-abril-de-2013 Acesso em 25/08/2017; Regimento Interno do Programa de Pós-Graduação da UFBA: https://ppgms.ufba.br/sites/ppgms.ufba.br/files/regimento_interno_ppgms_-_2016_atualizado.pdf Acesso em 25/08/2017; Regimento Interno do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFPE: https://www.ufpe.br/documents/39682/244823/Regimento+Interno.pdf/483dcbf0-4e4b-4ae0-9521- 635a3fc17255 Acesso em 25/08/2017. ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 13/17 0 0 02 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 conhecimento de que os diplomas de seus alunos, caso viessem a ser emitidos, não teriam validade, o que frustraria a expectativa de obtenção dessa importante qualificação profissional, havendo, assim, falha na prestação do serviço, resultando em enormes prejuízos aos autores, e, por consequência, o dever de indenizar, nos termos do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor: Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. O dano material está configurado porque os requerentes tiveram que arcar com um curso que, em tese, além de difícil e extenso, será inútil para a atividade profissional, já que, diante do noticiado, receberiam diplomas não reconhecidos. Desse modo, entendo que os requerentes têm direito à reparação em dobro por toda a quantia efetivamente paga para a realização do curso do mestrado até o mês em que começaram a depositar em juízo (fls. 249/61), ante a evidente má-fé das requeridas na prestação de seus serviços, nos termos do art. 42, parágrafo único, do CDC. A quantia será definida em sede de liquidação de sentença. O dano moral está igualmente demonstrado, porque não houve mero transtorno ou incômodo, pois, conforme informado na inicial, os autores já estavam na fase final do curso, ou seja, no momento de escolha dos professores orientadores e de elaboração da dissertação final. Relativamente à quantia a ser fixada a título de danos morais, deve-se ponderar ainda sobre as condições socioculturais e econômicas dos envolvidos, o grau de ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 14/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 reprovabilidade da conduta ilícita, a gravidade do dano, bem como o caráter punitivo- pedagógico e as finalidades reparatório-retributivas da condenação, de tal forma que a quantia arbitrada não seja tão irrisória que sirva de desestímulo ao ofensor, nem tampouco exacerbada a ponto de implicar enriquecimento ilícito para a parte autora. Deve-se levar em conta também o tempo demandado pelos autores empregados para a realização do curso de Mestrado Profissional em Saúde, que teve seu início em 21/11 /2014, bem como eventuais perdas de crescimento profissional, já que se sabe que, em muitas carreiras, há previsão de aumento salarial decorrente de obtenção de diploma devidamente reconhecido pelo MEC. Assim, levando em conta as premissas acima especificadas, tenho que a quantia de R$ 30.000 (trinta mil reais) a título de indenização a cada autor se mostra razoável e adequada à reparação dos danos sofridos pelos demandantes. II.2.2 – Da responsabilidade da UNIÃO Os autores defendem a responsabilidade da UNIÃO em decorrência do seu dever de supervisionar e fiscalizar a execução de cursos de pós-graduação stricto sensu ofertados pela iniciativa privada, a qual deveria ter impedido a FIG de oferecer o curso em comento de forma irregular. Contudo, em que pese recair sobre a UNIÃO o dever de fiscalizar os cursos de pós-graduação, ostentando, portanto, legitimidade passiva ad causam, conforme asseverado pela decisão de fls. 389/391, não se vislumbra, no presente caso, qualquer conduta comissiva ou omissiva do referido ente, bem como o indispensável nexo causal, uma vez que compete à UNIÃO, por meio do Conselho Nacional de Educação, órgão de assessoramento vinculado ao MEC, tão somente verificar se a instituição de ensino ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 15/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 preenche os requisitos, e, em caso afirmativo, autorizar e reconhecer os cursos de pós- graduação stricto sensu (Resolução CNE/CES nº 1/2001). Como já registrado alhures, não há nos autos qualquer elemento que evidencie a existência de pedido de autorização/reconhecimento do curso de mestrado profissional formulado pelas requeridas. Ainda, não há notícia de denúncia formulada pelos autores em relação ao curso oferecido pela FIG e pelo GRUPO VANGUARD junto à UNIÃO. Logo, não há como se exigir da UNIÃO o conhecimento acerca da existência de todos os cursos de pós-graduação ofertados pela iniciativa privada sem que haja uma comunicação formal do seu oferecimento. O dever de supervisionar e fiscalizar somente tem início a partir deste momento. Nesse sentido, há de se reconhecer a ausência de responsabilidade da UNIÃO no presente caso. III – DISPOSITIVO Ante o exposto, julgo parcialmente procedente o pedido, extinguindo o processo, com resolução no mérito para condenar o INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EXATAS LTDA – EPP (FACULDADE INTEGRADA DE GOIÁS – FIG) e o GRUPO EDUCACIONAL VANGUARD: b1) em danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) devido a cada autor e em danos materiais equivalentes à restituição em dobro de todos os valores já pagos por cada um, os quais serão apurados e calculados em liquidação de sentença. Juros moratórios de 1% ao mês, contados a partir do evento danoso, ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 16/17 0 0 0 2 0 1 9 5 0 2 0 1 6 4 0 1 4 3 0 1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ARAGUAÍNA Processo N° 0002019-50.2016.4.01.4301 - 1ª VARA - ARAGUAÍNA Nº de registro e-CVD 00070.2017.00014301.2.00792/00128 e correção monetária desde a data do arbitramento (Súmula 362 do STJ), esta nos índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal; e, b3) para que não incluam os nomes dos autores em qualquer órgão de proteção ao crédito. Defiro a suspensão dos depósitos dos valores das mensalidades em juízo. Diante do decaimentomínimo dos autores em relação ao pedido formulado em face da UNIÃO (art. 86, §1º, do CPC), condeno o INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EXATAS LTDA – EPP (FACULDADE INTEGRADA DE GOIÁS – FIG) e o GRUPO EDUCACIONAL VANGUARD ao pagamento das custas finais e ao reembolso das custas iniciais recolhidas (fl. 40), além dos honorários advocatícios, estes incidentes sobre o valor da condenação, em percentual a ser definido quando da liquidação deste julgado, nos termos do art. 85, §4º, II do CPC. Ato judicial não sujeito à remessa necessária, nos termos do art. 496 do CPC. Sentença registrada eletronicamente. Publique-se. Intimem-se. Araguaína-TO, 25 de agosto de 2017. ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI Juíza Federal Substituta ________________________________________________________________________________________________________________________ Documento assinado digitalmente pelo(a) JUÍZA FEDERAL SUBSTITUTA ANA CAROLINA DE SÁ CAVALCANTI em 25/08/2017, com base na Lei 11.419 de 19/12/2006. A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 2929134301230. Pág. 17/17 Processo nº 0002019-50.2016.4.01.4301
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