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AO JUÍZO DE DIREITO DO 1º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE BELFORD ROXO – RJ Processo nº: 9403784-75.2018.8.19.0008 SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR ESTÁCIO DE SÁ LTDA., pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o nº 34.075.739/0001-84, com sede na Rua do Bispo, n° 83, Rio Comprido – Cidade do Rio de Janeiro/RJ – CEP 20261- 063, vem, por intermédio da sua advogada in fine assinado, respeitosamente, à presença de V.Exa., na ação judicial que lhe move ALESSANDRA MORAES DE ANDRADE, com fulcro no Art.30° da L.9099/95, apresentar a sua: CONTESTAÇÃO, Pelos motivos de fato e direito a seguir expostos Page 2 of 9 I. DAS ALEGAÇÕES AUTORAIS: Trata-se de ação indenizatória combinada com ação de obrigação de fazer, em que o autor alega ter se dirigido à Instituição, ora Ré, a fim de se matricular no último período da graduação de Biomedicina, entretanto, enfrentou dificuldades na inscrição de sua única matéria faltante. Argui, ainda, que a Universidade só liberou a matrícula do autor na referida matéria após a propositura de ação cível contra a Ré sob número 0800444- 39.2021.8.19.0008. Desta forma, pretende pela condenação da Ré ao pagamento de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a título de danos morais. Sendo assim, conforme restará amplamente demonstrado a seguir, a pretensão autoral há de ser rejeitada. II. DO MÉRITO De plano, como pode-se notar na exordial do aluno, a referida demanda tem, apenas, o intuito do dever de indenizar. Portanto, não há o que se falar em obrigação de fazer. Persevera-se, ainda, que o autor não se resta claro quanto “matéria” em que não pôde se matricular. Dentre os documentos acostados na inicial, observa-se algumas matérias “para cursar”, entretanto o autor não comprova quais foram as matriculadas, vez que, a altura do início desta demanda, já estava cursando as disciplinas. Page 3 of 9 É de suma importância esclarecer que o processo 0800444-39.2021.8.19.0008 proposto pelo requerente em janeiro de 2021 não teve a menor influência na formação da turma questionada. Elucida-se, veemente, que o a referida demanda foi extinta sem resolução do mérito em 28 de junho de 2021, por falta de apresentação de comprovante de residência pela parte autora, senão, vejamos: “Cuida de ação de conhecimento pelo procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95. Regularmente intimado a apresentar o comprovante de residência em seu nome através do despacho proferido ID. 2197571, o autor juntou um documento ao qual não é possível verificar o endereço. Diante do exposto, JULGO EXTINTO O PROCESSO, sem apreciação do mérito, com fulcro no art. 485, inciso IV da Lei nº 13.105/2015. Sem custas nem honorários, nos termos da lei de regência. P.R.I. Preclusas as vias impugnativas, dê-se baixa e arquivem- se.” Número do processo: 0800444-39.2021.8.19.0008 Órgão julgador: 1º Juizado Especial Cível da Comarca de Belford Roxo De certo, a primeira ação proposta tinha o intuito de matricular o autor, entretanto, perdeu o objeto e a intenção da presente é a indenização sem justa causa, uma vez que não só cursada a matéria, como também concluído o curso com aprovação e colação de grau. Page 4 of 9 Dessa maneira, afigura-se notória a inexistência de falha na prestação dos serviços pela Ré. Por todo o exposto, fica claro que requerer o instituto dos danos morais como figura indenizatória, neste caso, caracteriza-se como enriquecimento sem causa, na forma do art. 884 do Código Civil, na medida em que o serviço foi disponibilizado e prestado, pois o conteúdo pelo qual se está cobrando foi oferecido e disponibilizado integralmente à parte Autora. Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido. Em última análise, não faltou a Ré com a boa-fé objetiva do art.4º, III do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e da boa-fé contratual do art. 422 do Código Civil que preceitua os deveres de lealdade, informação, transparência e cooperação na perfeita execução do contrato, mantendo-se, sempre, à disposição da Reclamante para dirimir eventuais dúvidas, assim como apresentar soluções satisfatórias para os procedimentos acadêmicos adotados. Portanto, visto que as provas e indícios presentes nos autos não apontam para a caracterização da responsabilidade civil da parte ré, conclui-se que somente resta pela rejeição do pedido autoral, ante a comprovação de certeza, liquidez e exigibilidade dos serviços prestados pela parte ré, sendo medida que se impõe. Page 5 of 9 DA EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE CIVIL Diante do anteriormente rechaçado, a Empresa Ré agiu em conformidade com a legislação vigente, não havendo ato que implique no dever de indenizar por parte da contestante. Como se sabe, o dever de indenizar pressupõe a prévia verificação de três requisitos: (i) a existência do dano, (ii) uma conduta culposa e (iii) o nexo de causalidade entre o dano sofrido e essa conduta culposa. De certo e como se restou provado, não há existência de dano, uma vez que o Autor não só cursou a disciplina almejada, como concluiu sua graduação e colou grau aos 12 de julho de 2021. Elenca-se, ainda, que cabe a parte autora comprovar os fatos constitutivos de seu direito, em observância ao disposto no art. 373, I do CPC, confira-se: “Art. 373 – O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito.” Se finda a presente tese, ressaltando que só irá responder pelo dano aquele que concorre para sua produção, isto é, aquele que deu causa a sua existência. Assim, quando o indivíduo acaba por absorver a causalidade do dano para si, acaba por ser responsável pelo dano por ele mesmo produzido. Dessa forma, será configurada a sua culpa exclusiva, não havendo o que se falar em atitude arbitrária da Empresa Ré, uma vez que, não houve comprovação da responsabilidade desta no evento danoso. Page 6 of 9 DO DESCABIMENTO DA CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS: O dano moral somente ingressará no mundo jurídico, com a subsequente obrigação de indenizar, em havendo alguma grandeza no ato considerado ofensivo ao direito personalíssimo. Se o ato tido como gerador do dano extrapatrimonial não possui virtualidade para lesionar sentimentos ou causar dor e padecimento íntimo, não existiu dano moral passível de indenização. Dentro desse contexto, inquestionável, portanto, que para que haja a obrigação de indenizar, faz necessária a comprovação da conduta ilícita, do dano e do nexo de causalidade, requisitos estes, ausentes no caso em exame. Logo, só deve ser reputado como dano moral, a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem- estar. Quanto à mistificação do dano moral, vale citar o professor CALMON DE PASSOS: “Nada mais suscetível de subjetivar-se que a dor, NEM NADA MAIS FÁCIL DE SER OBJETO DE MISTIFICAÇÃO. (....). A possibilidade, inclusive, de retirarmos proveitos financeiros dessa nossa dor oculta, fez nos atores excepcionais e meliantes extremamente hábeis, quer com o vítimas, quer como advogados ou magistrados. (....) Não se indaga se aquele que se enche de furor ético porque teve recusado cheque de sua emissão teve, por força disso, permissividadese tolerância que apelidamos de ousadia empreendedora. Quando a moralidade é posta debaixo do tapete, esse lixo pode ser trazido para fora no momento em que bem nos convier. (....)” Nesse sentido, significa dizer que dentro de relações jurídicas é tolerável a existência de eventuais desconfortos e aborrecimentos, contudo, tal fato não é caracterizador, em hipótese alguma, do dever de indenizar, sob pena de flagrante violação ao princípio que veda o enriquecimento sem justo motivo. Page 7 of 9 Desta feita, o pedido de indenização por danos morais do autor deve ser julgado improcedente, já que, além de não ter ocorrido ato ilícito por parte da empresa Ré, não houve qualquer dano de natureza moral que possa redundar em indenização. Somente se presentes esses requisitos, impõe-se a reparação. Como já demonstrado, não foi cometido qualquer ato ilícito pela Estácio de Sá. A alegada lesão sofrida pela parte Autora não se deu em razão de ato praticado por esta Ré, que está totalmente alheia aos fatos ocorridos. Portanto, o alegado direito da parte Autora não se sustenta. Segundo o Desembargador Sergio Cavalieri Filho, em seu Programa de Responsabilidade Civil é certo que não há dano moral em razão de lesão de bem patrimonial, nem de mero inadimplemento contratual. Adverte, ainda, que para a configuração do dano moral cumpre ao juiz seguir a trilha da lógica do razoável, em busca da concepção ético-jurídica dominante na sociedade. Deve tomar por paradigma o cidadão que se coloca a igual distância do homem frio, insensível, e o homem de extremada sensibilidade e prossegue: “Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano moral, porquanto, além de fazerem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponte de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais aborrecimentos” (Malheiros Editores, 2ª edição, p. 75),. Page 8 of 9 In casu, a parte Autora não suportou qualquer tipo de dano em decorrência da conduta da Ré, razão pela qual não apresenta qualquer indício neste sentido, ou sequer faz um relato de circunstâncias concretas que pudessem fazer crer que este tivesse suportado um abalo psicológico suficientemente sério a ensejar o dever de indenizar. Desta forma, não há como se invocar o alegado caráter punitivo do dano moral, para se tentar condenar esta Ré a compensar um dano para o qual esta não deu causa ou é inexistente. Dar ao dano moral vertente punitiva, além de violar o disposto no referido artigo 944 do Código Civil, configuraria enriquecimento sem causa, hipótese esta vedada pelo artigo 884 do mesmo diploma legal. Por todos esses fundamentos, o dano moral pleiteado pela parte Autora deve ser julgado improcedente. III. CONCLUSÃO: Por todo o exposto, requer a Ré que: a) Diante do exposto, confia a Estácio em que serão julgados improcedentes os pedidos autorais, com a condenação da parte autora ao pagamento de custas e honorários advocatícios sucumbenciais, a serem fixados em percentual máximo. b) Seja afastada a condenação em danos morais, uma vez que a parte Autora fracassou em provar qualquer ocorrência de dano ou abalo psicológico em decorrência de conduta ilegítima praticada pela ré; c) Caso assim não se entenda, o que se admite apenas em atenção ao princípio da eventualidade, requer seja o montante a título de danos morais fixado de forma prudente, em patamar razoável e proporcional à extensão do abalo psicológico alegadamente sofrido pela parte autora. Page 9 of 9 Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial a prova documental e prova testemunhal, a serem especificadas em momento oportuno. Outrossim, requer, finalmente, que todas as citações, intimações, publicações em Diário Oficial e demais atos de comunicação processual sejam efetuadas, única e exclusivamente, em nome do patrono Líviah Moreira, inscrito na OAB/RJ sob o nº 365.810, com escritório na cidade do Rio de Janeiro/RJ, na rua Jorge Emilio Fontenelle, no Recreio dos Bandeirantes, nº 110, CEP: 22790-147, endereço eletrônico: moreiraaliviah@uva.br. E. Deferimento. Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2021. LÍVIAH MOREIRA DAS NEVES OAB/RJ 365.810 mailto:moreiraaliviah@uva.br AO JUÍZO DE DIREITO DO 1º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE VILA VELHA – ES GRERJ 456789123 Processo nº 1234567-85.2019.8.08.2598 SESES - SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR ESTÁCIO DE SÁ LTDA., nos autos da ação que lhe move ALFREDO ALVES, vem, tempestivamente, inconformado com a respeitável sentença de f ls., interpor o presente RECURSO INOMINADO, requerendo, após cumpridas as formalidades legais, sua remessa à Egrégia Turma Recursal, na forma do que dispõe o art. 41 da Lei 9.099/95, com as inclusas razões, onde espera e confia no seu provimento. E. Deferimento, Rio de Janeiro, 19 de agosto de 2021. Líviah Moreira das Neves OAB/RJ 365.810 EGRÉGIA TURMA: Page 2 of 8 I.DA SÍNTESE DA LIDE: Trata-se de ação de obrigação de fazer na qual a parte autora alega ter assinado contrato de prestação de serviços educacionais com a Ré e estabelecido que o pagamento se daria com 3 (três) mensalidades no valor de R$ 49,00 (quarenta e nove reais), e as de mais no valor aproximado de R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais). Ocorre, entretanto, que a primeira mensalidade após os R$ 49,00 totalizou o montante de R$ 240,00 (duzentos e quarenta reais). Razão pela qual, dias após o pagamento desse valor a autora requereu o cancelamento do curso. Salienta que da decorrência do pedido de rescisão contratual, foi lhe imposta multa de R$ 961,00 (novecentos e sessenta e um reais). Diante disso a autora requereu o cancelamento de todos os débitos, cancelamento do curso e abstenção por parte da Ré da inserção de seu nome nos cadastros restrit ivos de crédito. Contestado o feito, a Recorrente demonstrou a regularidade das cobranças em comento, tendo evidenciado que o valor cobrado após o requerimento de cancelamento da matrícula, diz respeito ao saldo do DIS (Diluição Solidária) a qual a autora anuiu ao se matricular na Instituição. Em que pese os argumentos produzidos em defesa , o i. magistrado sentenciante acabou julgando procedente em parte a pretensão autoral , nos seguintes termos: Page 3 of 8 “(...)Ante o exposto, e tudo mais que dos autos consta, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido da inicial, e a) DECLARAR inexistente os débitos assinalados nos autos. b) CONDENO a requerida SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR ESTÁCIO DE SÁ LTDA a proceder ao cancelamento do contrato bem como os débitos decorrentes, referente a matrícula 201908678933, assim, sem qualquer ônus para a parte autora. c) DETERMINO que a requerida se abstenha de cobrar a multa no valor de 961,00 (novecentos e sessenta e um reais), bem como se abstenha de negativar o nome da autora, ALFREDO ALVES, em relação aos débitos discutidos nesses atos. Caso tenha restrição no nome da requerente, DETERMINO que a requerida proceda junto aos Órgãos de Proteção ao Crédito, SPC/SERASA, para que retirem de forma imediata e definitiva, o nome/CPF da parte requerente de seus cadastroscom relação aos débitos objetos desta demanda, sob pena de multa diária que arbitro em R$ 200,00, em caso de descumprimento. Por consequência resolvo o mérito na forma do art. 487, I do CPC, declarando extinto o processo. (...)” Data máxima vênia , clama por reforma a respeitável sentença, uma vez que não tenha sido configurado nos autos qualquer ato i lícito passível de sanção pela Universidade, devendo ser modif icada a parte dispositiva no tocante a condenação em danos morais. II. DAS RAZÕES PARA PROVIMENTO DO PRESENTE RECURSO: ➢ DA VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO – INFORMAÇÃO CLARA E ADEQUADA NO ATO DE CONTRATAÇÃO – Page 4 of 8 DILUIÇÃO DE MENSALIDADES: De início, cumpre ressaltar que ao firmar contrato de prestação de serviços com a Universidade o estudante tomou conhecimento sobre todos os ditames contratuais existentes, especialmente no que se refere a possibilidade de diluição das primeiras mensalidades. No caso dos autos, verifica-se que a opção pela matrícula nada mais foi do que um ato volitivo por parte Recorrido, no pleno exercício da sua Autonomia de Vontade, sendo certo que, em momento algum o Contratante foi coagido a contratar, podendo, plenamente responder por seus atos, por se tratar de agente plenamente capaz nos exatos termos da lei. Do mesmo modo, o negócio jurídico entabulado entre as partes preenche a todos os requisitos de validade insculpidos no Art.104 CC/02, não padecendo de qualquer vício de vontade ou defeito capaz de ensejar na sua nulidade ou anulabilidade. Dessa forma, ao firmar contrato de prestação de serviços com a Universidade em 2019, como fora demonstrado, o Recorrido concordou com todas as obrigações e direitos inerentes a avença, sobretudo no que tange ao pagamento das mensalidades objeto de diluição, vez que se tratando de contraprestação intrínseca à disponibilização do conteúdo educacional. De acordo com a cláusula 4.1.1 o estudante poderá efetuar o pagamento do valor de R$49,00 (quarenta nove reais), e a diluição da diferença para o valor integral da mensalidade, em número de parcelas correspondente ao prazo de duração previsto para a matriz curricular mínima necessária para a regular conclusão do curso. Page 5 of 8 Caso o Contratante venha optar pelo distrato contratual antes mesmo da liquidação do débito, ensejará na possibilidade do vencimento antecipado dos valores objetos de diluição, conforme exegese a cláusula 5 esculpida no regulamento do DIS, vejamos: No caso em tela, a autora requereu o trancamento do curso aos 25 de setembro de 2019, ou seja, após o pagamento do boleto de mensalidade contendo a parcela do DIS. Certo é, assim como estabelecido previamente no contrato, o valor diluído foi antecipado. Page 6 of 8 Nota-se abaixo que a autora realizou o pagamento da mensalidade de outubro de 2019 no dia 09/10/2019 e, posteriormente, requereu o cancelamento do curso. Há de se salientar que, assim como determinado em juízo, o valor pendente da Diluição Solidária foi baixado da ficha financeira, entretanto a recorrente pleiteia pela consideração da devida cobrança, líquida e certa pela prestação dos serviços educacionais ofertados para aluna. A egrégia 3ª Turma Recursal já teve oportunidade de analisar o programa de diluição de mensalidades proposto pela ré, ao julgar recurso inominado interposto nos autos da ação 0002824-49.2019.8.19.0037: Ementa:¿Ação indenizatória proposta por ex-aluno da ré. Alegação de restrição indevida de crédito e cobrança indevida dado o desconhecimento quanto a natureza do desconto havido nos boletos de pagamento. Ausência de verossimilhança da alegação. Regras de experiência a apontar para a impossibilidade do engano do autor, considerando o valor irrisório da mensalidade que lhe fora cobrada, sua permanência no curso durante vários meses e a necessidade de adesão ao plano para desfrute do alegado ¿desconto¿. Plano de diluição das mensalidades que pressupõe a fidelização do aluno como condição ao benefício que, dada sua natureza, não é crível fosse inserido nas mensalidades do autor sem seu requerimento ou anuência. Conjunto da obra a indiciar a livre manifestação de vontade do autor para com a contratação do plano DIS. Validade Page 7 of 8 da cláusula que visa a manutenção do aluno e a facilitação do pagamento das primeiras mensalidades. Concessões recíprocas, pois. Abandono comprovado do curso que caracteriza o descumprimento da condição ao recebimento do benefício e a falta de colaboração e lealdade na condução do contrato, causando inequívoco prejuízo à prestadora do serviço. Abandono que, portanto, se insere nas hipóteses das cláusulas 3.6, 3.7, 3.8 e 3.9 do contrato ( v. fls. 32/33 ), sendo pois legítimas as cobranças e restrições havidas em nome do autor. Recurso a que se dá provimento para reforma da sentença e julgamento improcedentes dos pedidos. No mesmo sentido é o entendimento da 1ª Turma Recursal, em julgamento de recurso inominado de nº 0047389-12.2019.8.19.0001: Narra a parte autora que se matriculou no estabelecimento de ensino da ré, sob a promessa de que pagaria apenas R$49,00 nas primeiras quatro mensalidades. Afirma que, findos os quatro meses, a ré começou a cobrar, junto com a mensalidade regular, a diferença que deixara de cobrar nos primeiros quatro meses, sem respaldo no contrato. A ré afirmou que a autora aderiu à promoção intitulada “Diluição Solidária”, que consiste em cobranças menores nos primeiros meses com pagamento da diferença de forma diluída ao longo do restante do curso. A sentença julgou parcialmente procedentes os pedidos determinando o refaturamento dos boletos com as cobranças impugnadas, a devolução da quantia de R$1.098,72 e pagamento de indenização por danos morais no importe de R$3.500,00. A sentença merece reforma. Consultando-se o site da ré, percebe-se que esta possui mais de 25 campanhas em andamento, com mais de 50 regulamentos ali disponibilizados. Assim, não há como se exigir que conste no contrato principal com cada aluno as regras específicas dos benefícios dos quais aquele aluno irá usufruir. A cláusula 3.4 do contrato juntado pela autora (fls.41/50) diz claramente que o “pagamento das mensalidades, seja por diluição, parcelamento ou qualquer outra forma de facilitação no pagamento” se dará “na forma ajustada entre as partes através de contrato ou por regulamento que regule a campanha”. Logo, a autora sabia da existência de um regulamento, até porque o contrato não traz todas as informações das quais necessita. Demais, o autor não juntou aos autos qualquer regulamento em que constasse informação diversa da sustentada pela ré. Já os trechos do regulamento trazidos pela ré, bem como sua íntegra, disponível no site (já que a promoção existe até hoje), estão em conformidade com o que foi explicado na defesa. Pelo exposto, voto pelo conhecimento e provimento do recurso para JULGAR IMPROCEDENTES os pedidos autorais. Page 8 of 8 Com efeito, verifica-se com uma simples análise da inicial que não foram trazidos aos autos quaisquer documentos que fossem capazes de comprovar a suposta falha na prestação dos serviços. Registre-se que a Universidade Estácio de Sá sempre agiu de forma diligente e dentro dos preceitos legais no caso em comento, mantém-se à disposição da Reclamante para dirimir eventuais dúvidas em relação às cobranças, uma vez que tem interesse na manutenção de uma boa relação com os seus discentes, proporcionando o sonho da tão almejada graduação a milhares de estudantes. Do exposto, nota-se que o autor pretende, na verdade, se eximir do pagamento do valor de R$ 961,00 (novecentos e sessenta e um reais). Elucida-se, por fim, que a cobrança é totalmente devida. Logo, deve ser dado provimento ao presente recurso, para julgar improcedentes os pedidos autorais.III.EMINENTES JULGADORES São essas as razões pelas quais a Recorrente, invocando os áureos e doutos suplementos de Vossas Excelências, confia, espera e requer seja dado provimento ao presente Recurso Inominado, para que sejam julgados improcedentes os pedidos iniciais . Rio de Janeiro, 19 de agosto de 2021. Líviah Moreira das Neves OAB/RJ 365.810 EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ANGRA DOS REIS – RJ Processo n° 0023471-16.2020.8.19.0003 SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR ESTÁCIO DE SÁ LTDA. , vem apresentar suas CONTRARRAZÕES à apelação de f ls. 234/244 interposta por BERNARDO RUBENS DELIBERO, requerendo, após os trâmites legais, sejam os autos remetidos ao egrégio Tribunal de Justiça, onde espera seja mantida a sentença recorrida em sua integralidade. Nestes Termos, E. Deferimento. Rio de Janeiro, 06 de setembro de 2021. Líviah Moreira das Neves OAB/RJ 365.810 Page 2 of 8 EGRÉGIA TURMA RECURSAL: BREVE SÍNTESE DA LIDE Trata-se de ação indenizatória combinada com ação de obrigação de fazer, em que a Autora pleiteia por sua aprovação na disciplina “Estágio Supervisionado III” alegando ter cumprido com todos os requisitos necessários. Na exordial a Apelante informa que concluiu sua disc iplina e a Ré não considerou seu estágio na Secretaria de Habitação do Município de Angra dos Reis. Isto posto, requer a concessão de tutela de urgência para determinar a colação de grau da Autora e expedição do diploma, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) . Além de condenação de pagamento de R$ 85.000,00 (oitenta e cinco mil reais) a tí tulo de danos morais e verba indenizatória pela perda de chance empregatícia. A Recorrida, em defesa, demonstrou de forma inequívoca a inexistência de falha na prestação dos serviços e sua autonomia para avaliar a aluna. Certo é que não há o que se falar em desconsideração do estágio da apelante, mas sim, em ineficiência, vez que a autora foi reprovada por nota. Resta-se evidenciado, portanto, a culpa exclusiva do aluno. Neste sentido, a sentença a quo julgou parcialmente procedentes os pedidos autorais, nos seguintes termos: Diante do exposto, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos contidos na inicial e condeno a parte autora ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios, que Page 3 of 8 f ixo em 10% do valor da causa, nos termos do artigo 85, § 2º do Novo Código de Processo Civil, observado o disposto no artigo 98, § 3º do mesmo diploma legal. Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se. P. R. I . Conforme passa a demonstrar a Recorrida, não merece reforma a respeitável sentença. DAS RAZÕES PARA O DESPROVIMENTO DO RECURSO Como bem pode-se observar, não merece acolhimento a apelação interposta pela autora, como se demonstra. Impõe-se a integral manutenção da irretocável sentença do juízo a quo que bem analisou a matéria suscitada nos presentes autos e pelos jurídicos fundamentos, julgou improcedente veiculados na inicial. Torna-se visível que o recurso em questão não passa de tentativa da recorrente em protelar o término do processo. Elucida -se, inclusive, que a aluna tanto compreende sua falha, como se matriculou em 2020 .3 na discipl ina objeto da presente demanda que foi reprovada por nota. De certo a hipótese apresentada pela autora não é de manifesta ilegalidade em sua reprovação, mas sim a reinterpretação de ato acadêmico prát ico dentro do âmbito da autonomia didática da instituição de ensino ré. Page 4 of 8 Ocorre que a aluna realizou seu estágio junto à terceiros de forma autônoma, não tendo nenhum acompanhamento de professores ou coordenadores da inst ituição e nem se quer respeitando o calendário acadêmico. Não há qualquer prova ou indício mínimo de que a Estácio de Sá tenha cometido qualquer ilegalidade ou abuso ao reprovar a autora, sendo certo que o ocorrido se deu unicamente pelo mérito ou demérito da aluna. Salienta-se, ainda que o ato não pode ser revisto pelo judiciário, em respeito à autonomia didática das instituições de ensino. Veja-se, nesse sentido, a consolidada jurisprudência deste tribunal: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. O Autor relatou que a Ré lhe atribuiu nota "zero" em avaliação de disciplina no curso de graduação em medicina por suspeita de "cola", relatando que não lhe foi oportunizada a vista de prova e que a reprovação deu causa ao cancelamento do financiamento pelo FIES. Demandante se insurge contra a sentença de improcedência alegando cerceamento de defesa. Juízo que é o destinatário da prova e tem o poder discricionário de determinar a produção daquelas indispensáveis e necessárias à formação de seu livre convencimento, bem como de indeferir as diligências que considerar desnecessárias, como é o caso das provas pericial e oral na hipótese dos autos, na forma do disposto no artigo 370 do Código de Ritos. Pretensão inicial que implicaria na interferência do Estado, por meio do Poder Judiciário, na autonomia que é garantia às Universidades, como consta do artigo 207 da Carta Política. A conclusão da Ré sobre a existência ou não de similaridade entre as respostas que constam da avaliação do Autor e outros Page 5 of 8 colegas está inserida dentro da autonomia didático- científica e que não pode ser revista pelo Judiciário, não havendo que se falar na submissão da conclusão do corpo acadêmico quanto à ocorrência de "cola" à avaliação de perito judicial. Inexistência de garantia legal à vista de prova pelos alunos de Universidade, de modo que o Judiciário não pode determiná-la ou concluir que a negativa configure ato ilícito, ressaltando-se que o Autor não compareceu no horário da reunião marcada para tal fim e posteriormente logrou ter vista da prova. Autor que foi descredenciado do FIES mais de três Page 5 of 13 anos antes da reprovação na disciplina em questão. Manutenção da sentença de improcedência. RECURSO DESPROVIDO. (TJ-RJ - APL: 01936536620178190001, Relator: Des(a). LEILA MARIA RODRIGUES PINTO DE CARVALHO E ALBUQUERQUE, Data de Julgamento: 13/02/2019, VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL) APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - UNIVERSIDADE - AUTONOMIA DIDÁTICO-CIENTÍFICA - IMPOSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO DO JUDICIÁRIO NOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO. A autonomia universitária, reconhecida constitucionalmente e regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educacao Nacional, impede que o Poder Judiciário intervenha nas decisões envolvendo as funções precípuas das referidas instituições de ensino, salvo nas hipóteses de flagrante ilegalidade. (Apelação Cível nº 1.0024.12.248726-7/002, Rel. Arnaldo Maciel, 18ª Câm. Cível, j. 17/11/2015, p. 20/11/2015). APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - REPROVAÇÃO EM DISCIPLINA - REVISÃO DA NOTA ATRIBUÍDA A UMA Page 6 of 8 DAS AVALIAÇÕES - IMPOSSIBILIDADE - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA -AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS LEGAIS - RECURSO DESPROVIDO. Para que se condene alguém ao pagamento de indenização por dano moral, é preciso que se configurem os pressupostos ou requisitos da responsabilidade civil, que são o dano, a culpa do agente, em caso de responsabilização subjetiva e o nexo de causalidade entre a atuação deste e o prejuízo. Em que pese ser aplicável à hipótese dos autos os preceitos do Código de defesa do Consumidor, a nosso aviso, não se mostram presentes os pressupostosnecessários à inversão do ônus da prova. Mesmo que tenha sido exibido o trabalho realizado pelo requerente, não seria cabível a revisão da nota atribuída pelo professor que ministrou a matéria, por constituir manifesta interferência na autonomia dos critérios de avaliação da instituição de ensino, bem como nos parâmetros utilizados pelo docente para a referida avaliação. À hipótese dos autos, aplica-se, por analogia, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual, não cabe ao judiciário, em substituição às bancas de concurso público rever as questões formuladas e os critérios de correção. (...) Recurso desprovido. (Apelação Cível nº 1.0433.09.312349-8/001, Rel. Des. Eduardo Mariné da Cunha, 17ª Câm. Cível, j. 02/02/2012, p. 10/02/2012). Em se tratando dos pedidos de danos morais, é indispensável que seja o ato impugnado atentatório ao comportamento psicológico do homem médio, como bem ensina o Eminente Mestre e Desembargador Sérgio Cavalieri Fi lho, verbis : Page 7 of 8 CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL - A gravidade do dano – pondera Antunes Varela - há de medir-se por um padrão objet ivo (conquanto a apreciação deva ter em l inha de conta as circunstâncias de cada caso), e não à luz de fatores subjet ivos (de uma sensibi l idade particularmente embotada ou especialmente requintada). Por outro lado, a grav idade apreciar-se-á em função da tutela do direito: o dano deve ser de tal modo grave que just if ique a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao lesado' (Das Obrigações em Geral, 8ª ed., Coimbra, Almeida, p. 617)Nessa l inha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe af lições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irr itação ou sensibi l idade exacerbada estão fora da órbita do dano moral... (in Ob. Citada, pág. 77 e 78) (gr ifo nosso) A doutrina e a lei, na forma dos arts. 186 e 927 do Código Civi l, são contundentes ao estabelecerem o dever de indenizar o dano moral apenas quando os direitos integrantes da personalidade são impunemente atingidos, sendo necessário a coexistê ncia de três Page 8 of 8 pressupostos: - prát ica de ato i lícito; - dano, ofensa à honra ou à dignidade; - nexo de causalidade entre esses dois elementos. Somente se presentes esses requisitos, impõe-se a reparação. Como já demonstrado, não foi cometido qualquer a to ilícito pela Estácio de Sá. A alegada lesão sofrida pela parte Autora não se deu em razão de ato praticado por esta Ré, que está totalmente alheia aos fatos ocorridos. Portanto, o alegado direito da parte Autora não se sustenta. Não há qualquer fundamento trazido em sede de recurso que pudesse motivar a reforma da sentença. EMINENTES JULGADORES São essas as razões pelas quais a Recorrida, invocando os áureos e doutos suplementos de Vossas Excelências, f ia, espera e requer que seja desprovido o Recurso de Apelação, mantendo-se na íntegra a respeitável sentença recorrida, tudo por ser medida de Direito e JUSTIÇA. Rio de Janeiro, 06 de setembro de 2021. Líviah Moreira das Neves OAB/RJ 365.810 AO JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS DA COMARCA DE FEIRA DE SANTANA – BA Processo n° 1009431-10.2020.8.05.0080 FUFS - SOCIEDADE EMPRESARIAL DE ESTUDOS SUPERIORES E TECNOLÓGICOS SANT'ANA LTDA., já devidamente quali f icada nos autos desta ação, perante esse MM. Juizado, que lhe move MATHEUS BARBOSA RIBEIRO, vem, por seu advogado abaixo assinado, apresentar as suas CONTRARRAZÕES ao Recurso inominado interposto. Requer, cumpridas as formalidades legais, a remessa dos autos à e. Turma Recursal. Nestes Termos E. Deferimento. Rio de Janeiro, 20 de novembro de 2021; Líviah Moreira das Neves OAB/RJ 365.810 Page 2 of 8 EGRÉGIA TURMA DAS INTIMAÇÕES: Requer que todas as citações, int imações, publicações em Diário Oficial e demais atos de comunicação processual sejam efetuadas, única e exclusivamente, em nome do patrono Líviah Moreira , inscrito na OAB/RJ sob o nº 365.810 , com escritório na cidade do Rio de Janeiro/RJ, na rua Jorge Emilio Fontenelle, no Recreio dos Bandeirantes, n° 110, CEP:22790-147, endereço eletrônico: moreiraaliviah@uva.br. DA SÍNTESE DA LIDE Trata se de ação em que a autora alega ser beneficiária de bolsa de 50% (cinquenta por cento) de desconto e o benefício do FIES no percentual de 50% (cinquenta por cento) do valor do curso. Acreditando, desta forma, que não arcaria com nenhum custo das mensalidades. Certo é que mesmo não sendo bolsista integral, não reconhece as cobranças realizadas e requer o cancelamento de débitos, baixa em negativação e indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00. Em sede de contestação, a Ré informou que os benefícios da autora não são somados 50% + 50%, mas sim aplicados de forma distinta no valor da mensalidade. Restou esclarecido que o boleto de cobrança enviado mensalmente aos alunos esclarece que, sobre o valor integral da mensalidade, PRIMEIRO é calculado o desconto da bolsa oferecida, para apenas DEPOIS calcular a parcela que será paga por meio do FIES: mailto:moreiraaliviah@uva.br Page 3 of 8 Esclareceu-se, ainda, que a forma de aplicação dos benefícios estava expressa nas cláusulas contratuais. Assim, foi prolatada sentença julgando parcialmente procedentes os pedidos, nos seguintes termos: “Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS e extingo o feito com resolução do mérito (art. 487, inciso I, do CPC), apenas para: a) determinar à acionada que se abstenha de realizar cobranças quanto a débitos da em nome da acionante referentes a curso de nutrição; b) determinar à acionada que proceda à baixa dos débitos quanto ao aludido curso. JULGO IMPROCEDENTE o pedido de indenização por danos morais. Sem custas ou honorários nesta fase processual (art. 55 da Lei n.º 9.099/1995). Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Intime-se pessoalmente a acionada da obrigação de fazer (Súmula n.º 410 do STJ). Com o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos. Feira de Santana, BA, 04 de junho de 2021..” Data maxima venia, não merece reforma a sentença, como ora se passa a demonstrar. DAS RAZÕES PARA DESPROVIMENTO DO PRESENTE RECURSO Page 4 of 8 DA INEXISTÊNCIA DO DANO MORAL DA AUSÊNCIA DE LESÃO À DIGNIDADE OU ABALO PSICOLÓGICO Como se sabe, é indispensável que seja o ato impugnado atentatório ao comportamento psicológico do homem médio, como bem ensina o Eminente Mestre e Desembargador Sérgio Cavalieri Fi lho, verbis : CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL - A gravidade do dano – pondera Antunes Varela - há de medir-se por um padrão objet ivo (conquanto a apreciação deva ter em l inha de conta as circunstâncias de cada caso), e não à luz de fatores subjet ivos (de uma sensibil idade part icularmente embotada ou especialmente requintada). Por outro lado, a gravidade apreciar -se-á em função da tutela do direito: o dano deve ser de tal modo grave que just if ique a concessão de uma satisfação de ordem pecuniár ia ao lesado' (Das Obrigações em Geral, 8ª ed., Coimbra, Almeida, p. 617)Nessa l inha de princípio, só deve ser reputado como dano moral a dor, vexame, sofr imento ou humilhação que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando- lhe af l ições, angústia e desequi líbr io em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irr itaçãoou sensibil idade exacerbada estão fora da órbita do dano moral. . . ( in Ob. Citada, pág. 77 e 78) (grifo nosso) A doutrina e a lei, na forma dos arts. 186 e 927 do Código Civi l, são contundentes ao estabelecerem o dever de indenizar o dano moral apenas quando os direitos integrantes da personalidade são impunemente atingidos, sendo necessário a coexistência de três pressupostos: - prát ica de ato i lícito; - dano, ofensa à honra ou à dignidade; - nexo de causalidade entre esses dois elementos. Somente se presentes esses requisitos, impõe-se a reparação. Como já demonstrado, não foi cometido qualquer ato il ícito pe la Insti tuição de Ensino. A alegada lesão sofrida pela parte Autora não se deu em razão Page 5 of 8 de ato praticado por esta Ré, mas sim por desconhecimento das cláusulas aceitas no ato da matrícula . Portanto, o alegado direito da parte Autora não se sustenta. Nesse sentido, insta salientar que como consta dos documentos acrescidos nos autos e das informações trazidas pela Contestação da Ré, em nenhum momento foi comprovado pela Recorrente ter ocorrido constrangimento, dor, humilhação ou sofrimento capazes de lh e causar danos de ordem extrapatrimonial. Em outros termos, não há elementos que demonstrem lesão à dignidade ou abalos psicológicos relacionados ao evento. Não se pode atribuir à Ré a prát ica de qualquer i lícito e muito menos a obrigação de reparar supostos danos morais experimentados pela parte Autora em decorrência de atos prat icados por terceiros. Portanto, é patente a inexistência de conduta ilícita prat icada pela Recorrida, o que exclui o dever de indenizar, mostrando-se correta a decisão do Juízo a quo. Desta forma, conforme ficou demonstrado, a Recorrida não realizou qualquer ato que gerasse dano à Recorrente, devendo a r. sentença do juízo a quo ser mantida neste ponto. O suposto dano sofrido foi gerado pela própria recorrente. DA OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE NO ARBITRAMENTO DO DANO MORAL Ultrapassada a ausência de realidade do recurso interposto, o Recorrente não trouxe em seu recurso qualquer alegação ou fato que pudesse ensejar a modificação do dano moral, apenas reitera os fatos e motivos expostos na inicial, devendo, também por isso, s er mantida a r. sentença, data vênia . Page 6 of 8 No caso em tela se faz certo que a conduta da parte ré não violou os princípios basilares da relação consumerista como da boa -fé objetiva, lealdade, confiança, informação e cooperação, ao passo que a Recorrente se desincumbiu de apresentar meios de prova capazes de dar guarida as suas afirmações, não tendo vivenciado ne nhum tipo de situação desgastante na tentativa de solucionar o problema. Portanto, o Recorrente deixou de trazer em seu recurso o mínimo de alegação necessária que pudesse reformar a r. sentença e modificar qualquer valor a título de danos morais, mormente a instituição de ensino tenha se pautado exclusivamente nos termos do contrato celebrado. Além de não trazer alegações suficientes para a reforma da r. sentença, a parte autora se demonstra completamente desinteressada em relação ao contrato, visando, apenas, a condenação por danos morais desta recorrida. Há de se salientar que a recorrente, de forma dúbia, questiona o valor da bolsa e acusa de má-fé, senão vejamos: “A própria defesa apresentada pela Recorrida, ao afirmar que a Recorrente tinha direi to a desconto de 75% das mensalidades, já caracteriza desrespeito a norma consumerista, que, em seu artigo 6º, III, garante que são direitos básicos do consumidor a informação adequada e clara sobre os tributos e preços dos serviços prestados, tendo a Recorrida agido justamente na tentativa de ludibriar a Recorrente quanto a este ponto de seu direito como consumidora” Page 7 of 8 Quanto a este ponto, de forma alguma a parte ré age de forma a “ludibriar” algum dos seus discentes. Inclusive, é necessário evidenciar que a Universidade preza pelo melhor interesse de seus alunos e cumpre na letra do seu contrato, as cláusulas comuns acordadas no ato da matrícula. No tocante aos 75% (setenta e cinco por cento), há de se evidenciar que Ré na tentat iva de esclarecer, em juízo, de uma forma mais clara, comparou o somatório dos descontos da autora à uma bolsa de “cerca de 75%”. “Logo, para o cálculo correto da mensalidade da autora, era necessário aplicar a bolsa sobre o valor cheio da mensalidade e depois aplicar o FIES de 50% sobre o valor calculado com bolsa, o que resulta numa mensalidade de cerca de 75% do valor original.” Logo, por toda matéria fát ica exposta, merece ser desprovido o Recurso Inominado, mantendo-se a respeitável sentença por seus próprios fundamentos. EMINENTES JULGADORES São essas as razões pelas quais a Recorrida, invocando os áureos e doutos suplementos de Vossas Excelências, f ia, espera e requer seja negado provimento ao presente Recurso Inominado, para que seja mantida a sentença proferida pelo juízo a quo no tocante à ausência de danos morais no presente caso, julgando improcedente os pedidos. Nestes Termos E. Deferimento. Page 8 of 8 Rio de Janeiro, 20 de novembro de 2021. Líviah Moreira das Neves OAB/RJ 365.810 AO JUÍZO DE DIREITO DA 9ª UNIDADE JURISDICIONAL CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE – MG Processo n° 1300972-22.2021.8.13.0024 SESES - Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá LTDA., pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o nº 34.075.739/0001-84, com sede na Rua do Bispo, nº 83, Rio Comprido – Cidade do Rio de Janeiro/RJ – CEP: 20.261-063, vem, por intermédio do seu advogado in fine assinado, mui respeitosamente, à presença de V.Exa., na ação judicial que lhe move FERNANDA RIBEIRO, apresentar a sua: IMPUGNAÇÃO, Pelas razões de fato e direito que passa a expor Page 2 of 7 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO Trata-se de ação de obrigação de fazer combinada com ação indenizatória, em que a parte autora alega se estudante da Universidade com bolsa PROUNI e que atualmente encontra-se impedida de realizar o pedido de reconsideração de rendimento acadêmico. Aduz, para tanto, que a ré informou ter realizado de forma automática algumas reconsiderações, sem o consentimento da aluna. O que acarretou estranheza e danos, visto que quando precisou ficou sabendo que não poderia mais. Isto posto, requer, em sede de tutela antecipada, o pedido de reconsideração da bolsa junto ao PROUNI. Enseja, ainda, pela condenação de danos morais em valor a ser arbitrado em juízo. Sendo assim, conforme restará demonstrado a seguir, a pretensão autoral há de ser rejeitada e o pedido de tutela impugnado, desde logo. O PROUNI Destarte, há de se salientar que o Programa Universidade para Todos – ProUni, instituído pela Lei nº 11.096/2005, consiste em uma medida do Governo Federal com o objetivo de democratizar o acesso à universidade1, possibilitando o ingresso de estudantes de baixa renda em instituições privadas de ensino superior. Por meio desse programa de incentivo à educação, o Governo confere benefícios fiscais às instituições de ensino privada, que, em contrapartida, devem 1 Na exposição de motivos para a apresentação da Medida Provisória nº 213/2004, que culminou na Lei nº 11.096/2005, encontra-se expressamente discriminado que “o programa reteve, sem exceção, todas as suas preocupações iniciais, no sentido de regular a educação superior ofertada por entidades beneficentes de assistência social e democratizar o acesso à universidade”. Page 3 of 7 oferecer um número determinado de bolsas de estudo, as quais variam de 100% a 25%, de acordo como número de alunos matriculados na instituição de ensino (Lei nº 11.096/2005, art. 1º). Trata-se, portanto, de uma via de mão dupla: a instituição de ensino obtém benefícios tributários como forma de incentivo à educação; e, de sua parte, garante bolsas de estudo a um determinado número de alunos, dando-lhes a oportunidade de obter um diploma de curso superior.2 INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL Considerando-se que a controvérsia envolve instituição de ensino superior, que integra o sistema federal de ensino, e que se cinge às normas e às obrigações atinentes ao ProUni, organizado e fiscalizado pelo Ministério da Educação (cf. art. 2º, do Decreto nº 5493/05), vinculado ao Governo Federal, é forçoso o reconhecimento da competência da Justiça Federal para processar e julgar a presente demanda, em virtude do interesse manifesto da União (Constituição Federal, art. 109, I). Este, como não poderia deixar de ser, é o pacífico entendimento dos tribunais pátrios sobre o tema, como se confere dos exemplificativos julgados abaixo colacionados: APELAÇÃO – ATO ADMINISTRATIVO – PROUNI – UNIVERSIDADE PARTICULAR – Pleito de rematrícula como bolsista em curso universitário – Cancelamento da bolsa – Dirigente da entidade particular que age como representante do coordenador do Prouni, em exercício de função federal – Incompetência absoluta da Justiça Estadual – Recurso não conhecido, com determinação de remessa dos autos à Justiça Federal. (TJSP, AC nº 0002347-85.2010.8.26.0315, Rel. Des. Maurício Fiorito, 3ª Câmara de Direito Público, j. 28.04.2015) 22 “O tratamento fiscal diferenciado conferido às atividades relativas ao ensino superior não visa simplesmente a desonerar as mantenedoras de instituições de ensino superior, mas sim e precisamente reduzir o custo da mensalidade de cursos de graduação e seqüenciais de formação específica, ou seja, tem como meta desonerar o bolso do estudante, em especial, do estudante de baixa renda que, de outra forma, ficaria privado de formação educacional superior.” (Parágrafo 11 da exposição de motivos da Medida Provisória que resultou na Lei nº 11.096/2005). Page 4 of 7 Ação ordinária de obrigação de não fazer concessão de bolsa de estudos do programa PROUNI - Súmula 150 do Superior Tribunal de Justiça exclusão da União Federal do polo passivo matéria de competência da Justiça Federal remessa dos autos à Justiça Federal de Primeiro Grau incompetência da Justiça Estadual decretada. (TJSP, AI nº 2093437-71.2017.8.26.0000, Rel. Des. Coutinho Almeida, 16ª Câmara de Direito Privado, j. 14.11.2017) AGRAVO DE INSTRUMENTO. INDEFERIMENTO MATRÍCULA. CANCELAMENTO BOLSA PROUNI. REITOR INSTITUIÇÃO EM EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DELEGADA DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL - A competência cível da Justiça Federal é definida ratione personae, ou seja; leva em consideração a natureza das pessoas envolvidas na relação processual. - A autoridade de instituição privada no exercício de função federal delegada, sujeita-se ao crivo da Justiça Federal. (TJMG, AI nº 0883319-39.2013.8.13.0000, Rel. Des. Luiz Carlos Gomes da Mata, 13ª CC, j. 03.04.2014) ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ENSINO SUPERIOR. BOLSA DE ESTUDOS. PROUNI. LEGITIMIDADE DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. A jurisprudência deste Tribunal se orienta no sentido de que a União é parte legítima para figurar no pólo passivo de ações que envolvem a promoção de acesso ao ensino superior, sobretudo quando decorrente de programa federal. (TRF4, AI nº 5027711-86.2013.4.04.0000/RS, Rel. Des. Vivian Josete Pantaleão Caminha, j. 21.03.2014) Tanto é assim que, mesmo em caso de eventual decisão favorável aos interesses da parte autora, a instituição de ensino não teria sequer autonomia para promover quaisquer atos no portal do ProUni (SisProUni), gerido exclusivamente pelo ente público. Portanto, considerada a presença necessária da União, na figura do MEC no presente feito, confia a parte Ré em que será reconhecida a competência da Justiça Federal para processar e julgar esta demanda, com a remessa dos autos àquela Justiça, na forma do art. 64, §3º, do Código de Processo Civil. Page 5 of 7 Isto posto, há de se impugnar o pedido da autora, vez que a concessão a título de tutela antecipada, sem que, ao menos, o MEC tenha conhecimento da demanda é um ato atentatório. Assim como supracitado, há a necessidade do conhecimento do Ministério Educação tendo em vista que a responsabilidade não pode jamais ser imputada à Instituição de Ensino Privada que corrobora com o programa ProUni, na medida em que foge, por completo, de seu âmbito de atuação. Evidencia-se, ainda, que o cancelamento da matrícula do estudante junto ao ProUni é ato que compete ao Ministério da Educação no uso de suas atribuições. A instituição de ensino, por sua vez, não possui qualquer ingerência sobre esse ato, tendo em vista que a sua responsabilidade se restringe, nos termos da lei, ao simples envio de informações ao Ministério da Educação. De forma breve, entretanto, pode-se notar que o aluno apresenta insuficiência acadêmica desde 2017, sendo certo que tanto em 2017.11, como em 2017.2 o aluno teve rendimento inferior a 75% (setenta e cinco por cento) das disciplinas cursadas no período. Nesse sentido, é necessário elucidar que a Portaria Normativa n°19/2008 do Ministério da Educação estabelece que a bolsa deverá ser cancelada sempre que o bolsista não apresentar rendimento acadêmico suficiente: Art. 10: (...) § 1° Para efeitos do disposto no inciso V deste artigo considera-se rendimento acadêmico insuficiente a aprovação em menos de 75% (setenta e cinco por cento) das disciplinas cursadas em cada período letivo. Page 6 of 7 Tendo, portanto, configurado a insuficiência acadêmica junto ao ProUni, a IES deixa de ter competência sobre o assunto para solucionar a lide de forma direta e indiscriminada. Como supracitado, a Universidade informa ao Ministério da Educação e a este compete a decisão de cancelar ou não a bolsa de estudos do discente. PEDIDOS 1. Diante do exposto, confia a Ré que será acolhida o seu pedido de IMPUGNAÇÃO A TUTELA ANTECIPADA requerida pela parte autora, tendo em vista a necessidade de conhecimento da demanda pelo MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, tendo em vista que as diretrizes internas do ProUni comprovam que não compete à Instituição de Ensino da rede Privada a autonomia sobre o cancelamento do benefício ou matrícula dos beneficiados. 2. Requer, ainda, que seja reconhecida a competência da Justiça Federal para processar e julgar esta demanda, com a consequente remessa dos autos àquela Justiça, na forma do art. 64, §3º, do Código de Processo Civil. 3. Protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial pela produção de prova documental suplementar, se necessária for. 4. Requer, finalmente, que todas as citações, intimações, publicações em Diário Oficial e demais atos de comunicação processual sejam efetuadas, única e exclusivamente, em nome do patrono Líviah Moreira, inscrito na OAB/RJ sob o nº 365.810, com escritório na cidade do Rio de Janeiro/RJ, na rua Jorge Emilio Fontenelle, no Recreio dos Bandeirantes, n° 110, CEP: 22790-147, endereço eletrônico: moreiraaliviah@uva.br. mailto:moreiraaliviah@uva.br Page 7 of 7 E. Deferimento. Rio de Janeiro, 01 de setembro de 2021. Líviah Moreira das Neves OAB/RJ 365.810 AO JUÍZO DE DIREITO DA 9ª UNIDADE JURISDICIONAL CÍVEL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE – MG Processo n° 0009145-64.2021.8.13.0024 SESES - Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá LTDA., pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o nº 34.075.739/0001-84, com sede na Rua do Bispo, nº 83, Rio Comprido– Cidade do Rio de Janeiro/RJ – CEP: 20.261-063, vem, por intermédio do seu advogado in fine assinado, mui respeitosamente, à presença de V.Exa., na ação judicial que lhe move ANTÔNIO SOUZA, apresentar a sua: IMPUGNAÇÃO, Pelas razões de fato e direito que passa a expor Page 2 of 7 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO Trata-se de ação de obrigação de fazer combinada com ação indenizatória, em que a parte autora alega se estudante da Universidade com bolsa PROUNI e que atualmente encontra-se impedida de realizar o pedido de reconsideração de rendimento acadêmico. Aduz, para tanto, que a ré informou ter realizado de forma automática algumas reconsiderações, sem o consentimento da aluna. O que acarretou estranheza e danos, visto que quando precisou ficou sabendo que não poderia mais. Isto posto, requer, em sede de tutela antecipada, o pedido de reconsideração da bolsa junto ao PROUNI. Enseja, ainda, pela condenação de danos morais em valor a ser arbitrado em juízo. Sendo assim, conforme restará demonstrado a seguir, a pretensão autoral há de ser rejeitada e o pedido de tutela impugnado, desde logo. O PROUNI Destarte, há de se salientar que o Programa Universidade para Todos – ProUni, instituído pela Lei nº 11.096/2005, consiste em uma medida do Governo Federal com o objetivo de democratizar o acesso à universidade1, possibilitando o ingresso de estudantes de baixa renda em instituições privadas de ensino superior. Por meio desse programa de incentivo à educação, o Governo confere benefícios fiscais às instituições de ensino privada, que, em contrapartida, devem 1 Na exposição de motivos para a apresentação da Medida Provisória nº 213/2004, que culminou na Lei nº 11.096/2005, encontra-se expressamente discriminado que “o programa reteve, sem exceção, todas as suas preocupações iniciais, no sentido de regular a educação superior ofertada por entidades beneficentes de assistência social e democratizar o acesso à universidade”. Page 3 of 7 oferecer um número determinado de bolsas de estudo, as quais variam de 100% a 25%, de acordo com o número de alunos matriculados na instituição de ensino (Lei nº 11.096/2005, art. 1º). Trata-se, portanto, de uma via de mão dupla: a instituição de ensino obtém benefícios tributários como forma de incentivo à educação; e, de sua parte, garante bolsas de estudo a um determinado número de alunos, dando-lhes a oportunidade de obter um diploma de curso superior.2 INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL Considerando-se que a controvérsia envolve instituição de ensino superior, que integra o sistema federal de ensino, e que se cinge às normas e às obrigações atinentes ao ProUni, organizado e fiscalizado pelo Ministério da Educação (cf. art. 2º, do Decreto nº 5493/05), vinculado ao Governo Federal, é forçoso o reconhecimento da competência da Justiça Federal para processar e julgar a presente demanda, em virtude do interesse manifesto da União (Constituição Federal, art. 109, I). Este, como não poderia deixar de ser, é o pacífico entendimento dos tribunais pátrios sobre o tema, como se confere dos exemplificativos julgados abaixo colacionados: APELAÇÃO – ATO ADMINISTRATIVO – PROUNI – UNIVERSIDADE PARTICULAR – Pleito de rematrícula como bolsista em curso universitário – Cancelamento da bolsa – Dirigente da entidade particular que age como representante do coordenador do Prouni, em exercício de função federal – Incompetência absoluta da Justiça Estadual – Recurso não conhecido, com determinação de remessa dos autos à Justiça Federal. (TJSP, AC nº 0002347-85.2010.8.26.0315, Rel. Des. Maurício Fiorito, 3ª Câmara de Direito Público, j. 28.04.2015) 22 “O tratamento fiscal diferenciado conferido às atividades relativas ao ensino superior não visa simplesmente a desonerar as mantenedoras de instituições de ensino superior, mas sim e precisamente reduzir o custo da mensalidade de cursos de graduação e seqüenciais de formação específica, ou seja, tem como meta desonerar o bolso do estudante, em especial, do estudante de baixa renda que, de outra forma, ficaria privado de formação educacional superior.” (Parágrafo 11 da exposição de motivos da Medida Provisória que resultou na Lei nº 11.096/2005). Page 4 of 7 Ação ordinária de obrigação de não fazer concessão de bolsa de estudos do programa PROUNI - Súmula 150 do Superior Tribunal de Justiça exclusão da União Federal do polo passivo matéria de competência da Justiça Federal remessa dos autos à Justiça Federal de Primeiro Grau incompetência da Justiça Estadual decretada. (TJSP, AI nº 2093437-71.2017.8.26.0000, Rel. Des. Coutinho Almeida, 16ª Câmara de Direito Privado, j. 14.11.2017) AGRAVO DE INSTRUMENTO. INDEFERIMENTO MATRÍCULA. CANCELAMENTO BOLSA PROUNI. REITOR INSTITUIÇÃO EM EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DELEGADA DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL - A competência cível da Justiça Federal é definida ratione personae, ou seja; leva em consideração a natureza das pessoas envolvidas na relação processual. - A autoridade de instituição privada no exercício de função federal delegada, sujeita-se ao crivo da Justiça Federal. (TJMG, AI nº 0883319-39.2013.8.13.0000, Rel. Des. Luiz Carlos Gomes da Mata, 13ª CC, j. 03.04.2014) ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ENSINO SUPERIOR. BOLSA DE ESTUDOS. PROUNI. LEGITIMIDADE DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. A jurisprudência deste Tribunal se orienta no sentido de que a União é parte legítima para figurar no pólo passivo de ações que envolvem a promoção de acesso ao ensino superior, sobretudo quando decorrente de programa federal. (TRF4, AI nº 5027711-86.2013.4.04.0000/RS, Rel. Des. Vivian Josete Pantaleão Caminha, j. 21.03.2014) Tanto é assim que, mesmo em caso de eventual decisão favorável aos interesses da parte autora, a instituição de ensino não teria sequer autonomia para promover quaisquer atos no portal do ProUni (SisProUni), gerido exclusivamente pelo ente público. Portanto, considerada a presença necessária da União, na figura do MEC no presente feito, confia a parte Ré em que será reconhecida a competência da Justiça Federal para processar e julgar esta demanda, com a remessa dos autos àquela Justiça, na forma do art. 64, §3º, do Código de Processo Civil. Page 5 of 7 Isto posto, há de se impugnar o pedido da autora, vez que a concessão a título de tutela antecipada, sem que, ao menos, o MEC tenha conhecimento da demanda é um ato atentatório. Assim como supracitado, há a necessidade do conhecimento do Ministério Educação tendo em vista que a responsabilidade não pode jamais ser imputada à Instituição de Ensino Privada que corrobora com o programa ProUni, na medida em que foge, por completo, de seu âmbito de atuação. Evidencia-se, ainda, que o cancelamento da matrícula do estudante junto ao ProUni é ato que compete ao Ministério da Educação no uso de suas atribuições. A instituição de ensino, por sua vez, não possui qualquer ingerência sobre esse ato, tendo em vista que a sua responsabilidade se restringe, nos termos da lei, ao simples envio de informações ao Ministério da Educação. De forma breve, entretanto, pode-se notar que o aluno apresenta insuficiência acadêmica desde 2017, sendo certo que tanto em 2017.11, como em 2017.2 o aluno teve rendimento inferior a 75% (setenta e cinco por cento) das disciplinas cursadas no período. Nesse sentido, é necessário elucidar que a Portaria Normativa n°19/2008 do Ministério da Educação estabelece que a bolsa deverá ser cancelada sempre que o bolsista não apresentar rendimento acadêmico suficiente: Art. 10: (...) § 1° Para efeitos do disposto no inciso V deste artigo considera-se rendimento acadêmico insuficiente a aprovação em menos de 75% (setenta e cinco por cento) das disciplinascursadas em cada período letivo. Page 6 of 7 Tendo, portanto, configurado a insuficiência acadêmica junto ao ProUni, a IES deixa de ter competência sobre o assunto para solucionar a lide de forma direta e indiscriminada. Como supracitado, a Universidade informa ao Ministério da Educação e a este compete a decisão de cancelar ou não a bolsa de estudos do discente. PEDIDOS 1. Diante do exposto, confia a Ré que será acolhida o seu pedido de IMPUGNAÇÃO A TUTELA ANTECIPADA requerida pela parte autora, tendo em vista a necessidade de conhecimento da demanda pelo MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, tendo em vista que as diretrizes internas do ProUni comprovam que não compete à Instituição de Ensino da rede Privada a autonomia sobre o cancelamento do benefício ou matrícula dos beneficiados. 2. Requer, ainda, que seja reconhecida a competência da Justiça Federal para processar e julgar esta demanda, com a consequente remessa dos autos àquela Justiça, na forma do art. 64, §3º, do Código de Processo Civil. 3. Protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial pela produção de prova documental suplementar, se necessária for. 4. Outrossim, requer, finalmente, que todas as citações, intimações, publicações em Diário Oficial e demais atos de comunicação processual sejam efetuadas, única e exclusivamente, em nome do patrono Líviah Moreira, inscrito na OAB/RJ sob n° 365.810, com escritório na cidade do Rio de Janeiro/RJ, na rua Jorge Emilio Fontenelle, no Recreio dos Bandeirantes, n°110, CEP: 22790-147, endereço eletrônico: moreiraaliviah@uva.br. mailto:moreiraaliviah@uva.br Page 7 of 7 E. Deferimento. Rio de Janeiro, 25 de setembro de 2021. Líviah Moreira das Neves OAB/RJ 365.810 AO JUÍZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE NOVA FRIBURGO – RJ Processo nº: 7001324-28.2019.8.19.0037 SESES - Sociedade de Ensino Superior Estácio de Sá LTDA, já devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem, respeitosamente à presença de V. Exa., na ação que lhe move TAMIRES RODRIGUES DE ALMEIDA, requerer a dilação do prazo para cumprimento da sentença de fls. 138. Certo que não será possível o atendimento no prazo deferido, requer o prazo adicional de 15 dias (quinze dias) para comprovação do pagamento e garantia do juízo. Outrossim, requer, finalmente, que todas as citações, intimações, publicações em Diário Oficial e demais atos de comunicação processual sejam efetuadas, única e exclusivamente, em nome do patrono Líviah Moreira, inscrito na OAB/RJ sob n° 365.810, com escritório na cidade do Rio de Janeiro/RJ, na rua Jorge Emilio Fontenelle, no Recreio dos Bandeirantes, n° 110, CEP: 22790-147, endereço eletrônico: moreiraaliviah@uva.br. Informa, por oportuno, em cumprimento ao art. 106, I, do NCPC, a parte ré recebe intimações no endereço constante na lateral desta petição de rosto, endereço eletrônico: moreiraaliviah@uva.br. E. Deferimento. Rio de Janeiro, 20 de novembro de 2021. mailto:moreiraaliviah@uva.br mailto:moreiraaliviah@uva.br Page 2 of 2 Líviah Moreira das Neves OAB/RJ 365.810 MM. JUIZO DE DIREITO DA 8ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS DA COMARCA DE SALVADOR – BA GRERJ Nº 374000918 Processo nº 1354970-90.2020.8.05.0001 SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR ESTÁCIO DE SÁ LTDA, nos autos da AÇÃO INDENIZATÓRIA que lhe move FÁBIO GOUVÉIA DE MATTOS , vem, tempestivamente, inconformado com a respeitável sentença de fls., interpor o presente RECURSO INOMINADO, requerendo, cumpridas as formalidades legais, sua remessa à Egrégia Turma Recursal, na forma do que dispõe o art. 41 da Lei 9.099/95, com as inclusas razões. Nestes Termos, E. Deferimento Rio de Janeiro, 30 de setembro de 2021. Líviah Moreira das Neves OAB/RJ 365.810 EGRÉGIA TURMA: Page 2 of 19 DA TEMPESTIVIDADE: A sentença que deu provimento aos pedidos autorais, foi publicada aos 08.07.2021, tendo a int imação sido entregue aos 16.07.2021 (sexta - feira), assim como consta nos autos, evento nº 44. Desse modo, o início do prazo recursal deu-se no primeiro dia út il subsequente, qual seja, 19.07.2021 (segunda-feira). Assim, temos que o prazo final para interposição do presente recurso dar-se-á em 29.07.2021 (segunda-feira), motivo pelo qual é clara sua tempestividade. DA SÍNTESE DA LIDE: Trata-se de ação de obrigação de fazer combinada com ação indenizatória, em que a autora a lega o autor que realizou curso de pós- graduação em Engenharia de Segurança de trabalho e que após a conclusão do seu curso foi surpreendida por não poder se registrar no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado da Bahia – CREA-BA. Ocorre que, a autora se surpreendeu ao saber que o curso não era cadastrado no Conselho Regional e iniciou a presente demanda de ver sanada a lide. Contestado o feito, a Recorrente sustentou a não obrigatoriedade de cadastro no Conselho Regional, entretanto, que o curso é reconhecido e aprovado pelo MEC. Certo é que o currículo do curso de Page 3 of 19 especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho segue o Parecer CNE/CES nº 19/1987. Certo é que a única obrigator iedade da requerida é que o curso esteja cadastrado junto ao MEC e ao CREA no estado de domicílio da MANTENEDORA da inst ituição de ensino, qual seja, o CREA -RJ. O que ocorre é que os demais órgãos estaduais solicitam informações ao CREA-RJ e verif icam a veracidade do cadastro do curso, para que depois possam conferir os documentos e proceder com a anotação na carteira. Ato contínuo, após a fase de instrução foi prolatada sentença julgando parcialmente procedente o pedido autoral nos seguintes termos: “Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE EM PARTE os pedidos autorais para EXTINGUIR o processo, com resolução do mérito, com base no art. 487, I , e CONDENAR a Ré a: 1. Comprovar solicitação de regularização do curso de Pós - Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho da Instituição, junto ao CREA/BA, cumprindo todas as exigências trazidas pelo Conselho Profissional, para viabilizar o exercício pleno da profissão da Autora, prazo de 10(dez) dias, sob pena de conversão em perdas e danos; 2. INDENIZAR a parte autora, à t í tulo de DANOS MORAIS, no importe de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), acrescido de juros, de 1% ao mês, a part ir da citação, e correção monetár ia, a part ir do presente arbitramento. Advirto as partes que, eventuais embargos de declaração interpostos sem a estr ita observância das hipóteses de cabimento previstas no art. 1.022 do CPC/2015, ou para rediscut ir matéria já apreciada, será considerado manifestamente protelatór io, a parte embargante será sancionada nos termos do art. 1.026, § 2º, do CPC/15 e a interposição de qualquer recurso f icará condicionada ao depósito prévio do valor da multa (§ 3º, art. 1.026, CPC). Page 4 of 19 Decido, desde já, que havendo recurso hábi l, tempestivo e sufic ientemente preparado (se for o caso), f ica expressamente recebido no efeito devolut ivo (art. 43, Lei 9099/95). Neste caso, int ime-se a parte contrária para, querendo, apresentar contrarrazões no prazo legal e, decorrido o prazo, remetam -se os autos para distr ibuição a uma das Turmas Recursais, com as cautelas de praxe. Para f ins recursais, deverão ser recolhidas as custas, na forma legal, sob pena de deserção. E, em caso de requer imento de assistência judiciária gratuita, o seu defer imento f ica condicionado à apresentação de documentos que comprovem a insufic iência de recursos (contracheque, declaraçãode IR, dentre outros), os quais devem acompanhar a pet ição de interposição do recurso...” (Grifos nossos ) Data máxima vênia , a decisão agravada clama por reforma, ao passo em que (i) a justiça estadual não é competente para julgar a causa, em razão da necessidade do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia em integrar a lide; (i i) inexiste subsunção do curso fornecido pela Estácio de Sá à qualquer “exigência” realizada pelo CREA. DAS RAZÕES PARA PROVIMENTO DO PRESENTE RECURSO: Antes de adentrar no mérito da causa, se mostra necessário demonstrar a incompetência desta just iça comum, em razão da competência expressa da just iça federal para julgar causa que envolve ato de gestão de inst ituição de ensino superior. Apesar de a ré ser uma instituição privada de ensino, vale lembrar que o serviço educacional é prestado por DELEGAÇÃO constitucional, sendo ainda um serviço de interesse público. Desse modo, tanto a doutrina quanto a jurisprudência f ixaram o entendimento de que cabe à justiça comum julgar apenas as causas Page 5 of 19 relat ivas à forma em que o serviço educacional é prestado, ou seja, aquelas que tenham como objeto cobranças indevidas, inscrição indevida em cadastro restrit ivo de crédito, etc. Já aquelas causas que envolvem atos de gestão da inst ituição de ensino atraem a competência da justiça federal, justamente pelo fato de o prestador de serviço agir por delegação da competência federal para fornecer o ensino de nível superior. Por atos de gestão, entende-se aqueles atinentes ao estabelecimento da grade curricular dos cursos, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos, bem como colação de grau e emissão de diplomas e cert if icados. Como se sabe, o art. 9º, IX, da Lei de Diretr izes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/96) dispõe que incumbe à União “autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das inst ituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino”. No mesmo sentido, encontra -se a norma constante do art. 3º do Decreto nº 5.773/06, que atribui as funções de regulação, supervisão e avaliação dos cursos oferecidos pelas Instituições de Ensino Su perior ao “Ministério da Educação, pelo Conselho Nacional de Educação – CNE, pelo Inst ituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, e pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior – CONAES”; todos órgãos sabidamente vinculados à União. Observe-se o Art igo 109, inciso I, da CRFB/88, in verbis: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: Page 6 of 19 I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras , rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; Mais adiante, a Constituição estabelece a competência da União para organizar o sistema federal de ensino: Art. 211. A União, os Estados, o Distr ito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, f inanciará as inst ituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistr ibutiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distr ito Federal e aos Mun icípios; (...) Por sua vez, a Lei de Diretrizes e Bases estabelece, em seu art. 16, a composição do sistema federal de ensino: Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: I - as insti tuições de ensino mantidas pela União; II - as insti tuições de educação superior mantidas pela iniciativa privada; III - os órgãos federais de educação. Page 7 of 19 Além disso, a demanda originária envolve a análise da legalidade de ato administrativo prat icado por terceiro que sequer compõe a lide. Veja-se que, para julgar a demanda originária, será necessário não só analisar as provas produzidas e o direito alegado por autor e réu, mas também será imprescindível averiguar o motivo pelo qual o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia não aceita o curso reconhecido pelo MEC o qual a ré é a prestadora do serviço. Ora, para que seja possível julgar a validade de ato administrativo, é preponderante que o órgão responsável pelo ato em questão integre a lide, o que não se vê no presente caso. Além disso, como já dito, o ato cuja validade se questiona foi emanado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, órgão este que possui natureza autárquica federal, atraindo, portanto, a competência da just iça federal para julgamento da causa. Certo é, que eventual ato prat icado ou que venha a ser obrigada a praticar por meio de sentença da justiça comum, está intrinsicamente relacionado a sua autonomia universitária prat icada no exercício de função federal delegada pela União, estabelecendo -se, assim, a competência da Justiça Federal diante do notório interesse jurídico da União na pessoa do Ministério da Educação (MEC), a quem incumbe a função de fiscalização e aferição da qualidade dos cursos de ensino superior postos à disposição de toda a colet ividade. A propósito, observa-se que esse entendimento vem sendo observado em sucessivos precedentes de ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal. Nesse sentido, vale trazer à baila os seguintes precedentes judiciais das Cortes Excelsas, senão vejamos: Page 8 of 19 PROCESSUAL CIVIL. CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA. SENTENÇA PROFERIDA POR JUIZ ESTADUAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. ART. 109, I, CF/88. SENTENÇA ANULADA. REMESSA DOS AUTOS À JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. 1. O art. 109, I, da Constituição Federal atribui aos juízes federais a competência para julgar as causas em que entidade autárquica for parte. 2. Os conselhos de prof issão são entidade autárquica, por isso que just iça federal é competente para julgar as causas de que forem parte. 3. Sentença anulada, determinando-se a remessa dos autos à Subseção Judiciária de Juína/MT. 4. Prejudicado o exame do recurso de apelação interposto. (TRF-1 - AC: 00424164120154019199, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ AMILCAR MACHADO, Data de Julgamento: 06/02/2018, SÉTIMA TURMA, Data de Publicação: 06/04/2018) ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL. COMPETÊNCIA . JUSTIÇA FEDERAL.MPR-1642/97. ART-58 DA LEI-9649/98 . ART-109 INC-1 DA CF-88.1. O ART-58 da LEI-9649/98, em seu PAR -8 , é expresso em fixar a competência da Justiça Federal, para apreciar as controvérsias que envolvam os conselhos em questão.2. Não há falar em inconstitucionalidade desse parágrafo, pois este é concil iável com o ART - 109 INC-1 da CF-88, ao considerar-se que o legislador transformou os conselhos de fiscalização de prof issões , de autarquias especiais, em empresas públicas.3. Agravo provido. (TRF-4 - AG: 42834 PR 1998.04.01.042834-6, Relator: JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA, Data de Page 9 of 19 Julgamento: 13/10/1998, QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 25/11/1998 PÁGINA: 507) PROCESSUAL CIVIL. CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONSELHO REGIONAL. COMPETÊNCIA: JUSTIÇA FEDERAL. ARTIGO 58 DA LEI Nº 9.649/98. PRECEDENTE DO STF. LICITAÇÃO. EXIGÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO NÃO-PREVISTA NO EDITAL. DESCLASSIFICAÇÃO: ATO ILEGAL E ABUSIVO . 1. A Justiça Federal é competente para dir imir as controvérsias que envolvam os conselhos regionais. Precedente do STJ (AGRCC nº 25463/DF, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ 16-8-99, p. 39). 2. O Supremo Tribunal Federal suspendeu, até decisão final da respectiva
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