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MINI RELATÓRIO DE POLARIMETRIA 1. Resultados e Discussão Quando uma molécula possui um carbono ligado a quatro ligantes diferentes pode-se denominá-la de um composto quiral. Um composto quiral não possui plano de simetria, logo ele pode ser encontrado como enantiômeros: dois isômeros diferentes, onde um representa a imagem especular do outro(Figura 1). Figura 1. Compostos enantiômeros Através de um aparelho denominado polarímetro, que pode ser observado na Figura 1, é possível determinar a concentração em amostras, através da luz polarizada, de substâncias opticamente ativas. Nele é possível visualizar o ângulo de rotação óptica da luz polarizada passando por uma matéria. Figura 2. Polarímetro. No polarímetro, a luz incidida, geralmente de uma lâmpada de sódio, passa por um polarizador, que a transforma em luz polarizada e em seguida essa luz polarizada atravessa um tubo polimétrico, o qual contém a amostra, gerando um desvio no plano final da luz polarizada, o qual pode ser observado pelo operador. O esquema a seguir demonstra o sistema que compõe um polarímetro: Figura 2. Sistema que compõe um polarímetro. Quando uma luz polarizada, ou seja, um feixe de luz que oscila em um só plano, passa por uma amostra contendo um dos enantiômeros, seu plano de polarização incidente pode sofrer uma rotação tanto no sentido horário como anti-horário. Assim, cada um dos enantiômeros desviará a luz em um valor de mesmo ângulo: no entanto, enquanto um desvia para a direita (dextrogiro), o outro desviará para a esquerda (levogiro). Essa interação do composto com a luz é denominada atividade óptica e os enantiômeros são chamados de isômeros ópticos. Figura 3: polarização da luz A atividade óptica de cada substância é expressa como Rotação Específica, a qual pode ser calculada a partir do ângulo de rotação observado no polarímetro. Para isto, utiliza-se a seguinte expressão matemática: [α]tD = α . 100 / l . c Onde: [α]tD = rotação específica α = ângulo de rotação l = comprimento do tubo que contém a amostra em decímetro c = concentração da amostra em g/100mL de solução 1.1 Soluções de Sacarose Com o auxílio de um polarímetro, determinou-se os ângulos de rotação e a rotação específica de duas soluções de sacarose (C12H22O11), uma com concentração de 10% m/v e outra com concentração de 15% m/v. Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 1, a seguir: Tabela 1. Dados obtidos a partir da determinação do ângulo de desvio para amostras de sacarose. Solução Concentração Tamanho do tubo Ângulo de rotação (α) Rotação específica ([α]tD) (experimental) Rotação específica ([α]tD) (teórica) Sacarose 10 % 1 dm 6,80º (+) 68,0º (+) 66,5º 15 % 2 dm 20,20º (+) 67,3º (+) 66,5º Sabe-se que a sacarose, um dissacarídeo composto por uma molécula de glicose e uma de frutose, unidas entre si por uma ligação glicosídica, cuja a estrutura molecular encontra-se na Figura 3, consiste em uma espécie que apresenta carbonos quirais, ou seja, átomos de carbono que possuem quatro átomos ou grupos de átomos diferentes ligados a ele [2]. Figura 3. Fórmula estrutural da sacarose. As duas espécies que juntas formam a sacarose também possuem carbonos quirais; a glicose apresenta três centros quirais enquanto a frutose apresenta quatro. Entretanto, ao se ligarem, um dos carbonos de cada uma dessas moléculas adquire características quirais devido a ligação com o átomo de oxigênio. Dessa forma, as moléculas de sacarose apresentam um total de nove centros quirais, os quais estão identificados na Figura 4 através de números: Figura 4. Centros quirais presentes na sacarose Devido à presença de carbonos quirais em sua estrutura, quando expostas à luz plano polarizada, as moléculas de sacarose são capazes de interagir e desviar o plano de vibração da luz, que dá origem ao ângulo de rotação observado no polarímetro. Sendo assim, a sacarose pode ser considerada uma substância opticamente ativa. Além disso, o desvio da luz observado foi para a direita (+), possibilitando a caracterização do glicídio como dextrogiro [1]. O desvio da luz acontece porque ao interagir com as moléculas quirais, as mesmas são capazes de modificar a velocidade da luz. Qualquer luz polarizada pode ser desviada em duas partes, no sentido horário e anti-horário. As duas partes são combinadas e a luz mostra uma direção de polarização. Quando estas duas partes de luz passam por uma matéria quiral, uma vai mais rápida e a outra mais lenta. O resultado é justamente o desvio da luz [2]. Analisando os dados obtidos, nota-se que o ângulo de rotação observado foi maior na solução mais concentrada (15% m/v), pois a concentração das soluções influencia diretamente no ângulo de rotação, visto que esta é diretamente proporcional ao desvio. Quanto mais moléculas da espécie opticamente ativa estiverem no meio, haverá um maior contato e uma maior interação da luz plano polarizada com as moléculas que são capazes de desviar seu plano de polarização, o que dá origem a uma maior rotação. Por fim, também nota-se uma pequena diferença entre os valores experimentais e o valor teórico encontrado na literatura para a rotação específica da sacarose. Os dois valores encontram-se acima do valor esperado. Essa diferença pode ser justificada não só pela presença de possíveis impurezas no meio no qual encontravam-se as soluções, mas também por possíveis erros na leitura do ângulo de rotação no polarímetro. Outros fatores como temperatura e comprimento de onda também são capazes de interferir nos resultados, porém ambas as amostras estavam expostas à mesma temperatura e a mesma luz (luz de sódio), que apresenta um comprimento de onda específico. 1.2 Frutose No polarímetro, determinou-se os ângulos de rotação para duas soluções de frutose. A primeira solução tinha uma concentração de 5%, aplicada em um tubo de 2 dm, enquanto a segunda solução tinha uma concentração de 15%, aplicada a um tubo de 2dm. Os resultados obtidos podem ser visualizados na seguinte tabela: Tabela II: Dados obtidos a partir da determinação do ângulo de desvio para amostras de frutose. Solução Concentração Tamanho do tubo Ângulo de rotação Rotação específica ([α]t D) (experimental) Rotação específica ([α]t D) (teórica) Frutose 5% 2dm -9,2° 92,7° (-) 92,0° 15% 2dm -27,8° 92,0° (-) 92,0° Os valores encontrados para o ângulo de rotaçãno nas concentrações de 5 e 15% foram, respectivamente, -9,2° e -27,8°. O sinal negativo encontrados em ambas as grandezas condizem com o tipo de rotação da molécula da substância analisada. Isso porque a frutose é um monossacarídio que apresenta 3 carbonos quirais em sua estrutura(Figura x), sendo que tais carbonos lhe atribui uma propriedade levorrotatória, ou seja, quando lhe é incidido um feixe de luz polarizado, este tem sua direção desviada para a esquerda, representado pelo sinal negativo (BRUICE, 2006). Figura 5: estrutura e quiralidade da frutose O ângulo de rotação de uma amostra depende da concentração da molécula opticamente ativa, do caminho óptico da célula, do comprimento de onda da luz utilizada, do solvente e da temperatura (VOLLHADT & SCHORE,2004). Como foi utilizado um único solvente em duas amostras e um tubo de 2dm para ambos, sob umamesma temperatura e mesma incidência de luz, a distinção entre os dois valores encontrados para o ângulo de rotação nas duas soluções pode ser explicada pela diferença na diferença de suas concentrações. Quanto maior a concentração de uma determinada substância em uma solução de solvente aquiral, mais moléculas da substância haverá no meio, logo, maior será o desvio produzido, resultando em um ângulo de rotação maior. Tal fator condisse, portanto, com o resultado obtido, visto que a solução de frutose com concentração 15% m/v teve um ângulo de rotação maior que a de concentração 5% m/v (VOLLHADT & SCHORE,2004). Em relação à rotação específica, sabe-se que esta é única e exclusiva para uma determinada substância em determinada temperatura, independente da concentração da substância opticamente ativa em uma amostra. Analisando, então, os resultados obtidos, ao compará-los com o valor teórico tem-se que foram bem próximos, visto que para uma das amostras encontrou-se exatamente o mesmo valor do teórico (92,0 °) e, na outra amostra, o valor se aproximou bastante (92,7°). Essa diferença do segundo valor pode ter sido devido à possíveis falhas operacionais ou a impurezas presentes na solução utilizada (BRUICE, 2006). 2.Conclusão Portanto, através da utilização de um polarímetro, foi possível determinar o ângulo de desvio da luz polarizada de duas concentrações diferentes de soluções de sacarose e frutose, assim como de uma amostra desconhecida, podendo definir cada uma das moléculas destas substâncias como dextrógira ou levógira. Aplicando a fórmula da equação de Biot, foi ainda possível encontrar a rotação específica de cada substância analisada nas amostras. No entanto, para identificar o isômero óptico contido na amostra desconhecida foi necessário consultar na literatura o resultado obtido na prática. Assim, compreende-se através deste experimento, a importância da polarimetria para determinação da quiralidade de substâncias, assim como sua utilidade na identificação de enantiômeros. 3.Referências 1. BRUICE, Paula Yurkanis. Química orgânica. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. v.1 2.CARDOSO, Mayara. Sacarose. Disponível em: <https://www.infoescola.com/quimica/sacarose/>. Acesso em: 25 Fev. 2018. 3. VOLLHARDT, K. Peter C.; SCHORE, Neil E. Química orgânica: estrutura e função. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. 4.YEH, CHIN. How do chiral molecules rotate the planes of polarized light?. Disponível em: https://www.quora.com/How-do-chiral-molecules-rotate-the-plane-of-polarised-light. Acesso em: 25 de fevereiro de 2018
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