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SISTEMAS DE INFORM GERENCIAIS www.esab.edu.br 3 Sumário 0. Apresentação..........................................................................05 1. Conceitos Introdutórios à Legislação Tributária......................06 2. Obrigação Tributária e Fato Gerador .................................... 12 3. Princípios Tributários ............................................................. 17 4. Outros Conceitos e Regras Aplicados na Legislação Tributária .. ................................................................................................22 5. Imunidade Tributária...............................................................27 6. Isenção, Suspensão e Diferimento ....................................... 35 7. Responsabilidade tributária e Substituição Tributária ........... 41 8. Crédito Tributário....................................................................48 9. Formas de Suspensão e Exclusão do Crédito Tributário ...... 54 10. Resumo...................................................................................61 11. Diferenças entre Tributos Diretos e indiretos..........................62 12. Os tributos Indiretos e Sua Relação Com as Atividades Econômicas.................................................................... ....... 67 13. Tributos Indiretos e Suas Ligações Com Receitas das Atividades Econômicas e Referidos Tributos ........................ 73 14. Resumo..................................................................................79 15. ISSQN - Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza Parte I.. ............................................................................................... 80 16. ISSQN - Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza Parte II. ................................................................................................90 17. ICMS - Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (Parte I)...................................................................................97 18. ICMS - Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (Parte II)................................................................................103 www.esab.edu.br 4 19. ICMS - Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (Parte III)...............................................................110 22. ICMS - Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (Parte IV)...............................................................115 23. ICMS - Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (Parte V)................................................................121 24. IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados (Parte I).......126 25. IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados (Parte II)......133 26. IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados (Parte III).....141 27. IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados (Parte IV)....146 28.Resumo................................................................................152 28. PIS e COFINS ( Parte I)......................................................153 29. PIS e COFINS ( Parte II).....................................................159 30. PIS e COFINS ( Parte III)....................................................167 31.Resumo................................................................................172 32. Cálculo e Contabilização do ISS.........................................173 33. Cálculo e Contabilização do ICMS e IPI..............................179 34. Cálculo e Contabilização do PIS e COFINS Cumulativo.....186 35. Cálculo e Contabilização dos Tributos e sua Aplicação na Prática Contábil....................................................................192 36. GLOSSÁRIO........................................................................201 37.BIBLIOGRAFIA....................................................................208 www.esab.edu.br 5 Inicialmente iremos demonstrar os conceitos iniciais da legislação tributária, que influenciam direta e indiretamente a aplicação dos conceitos dos tributos, assim como verificar os pontos importantes para a incidência ou não dos tributos nas atividades empresariais. www.esab.edu.br 6 Financiamento do estado Em primeiro lugar é necessário entendermos para que servem os tributos. Eles são necessários para atendimento as necessidades da sociedade. O estado, como responsável pelos serviços de saúde (artigo 196 da CF), educação (artigos 205 e 208 da CF), assistência social aos necessitados (artigo 203 da CF) e assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos (artigo 5º, inciso LXXIV da CF), usa os tributos para atender essas necessidades. Para a iniciativa privada fica a parte de exercer atividades econômicas para movimentar a economia e gerar tributos (Artigo 173 da CF). A figura abaixo demonstra como o estado obtém receitas: através das receitas de ordinárias advindas do patrimônio público e de receitas tributarias, ou seja, os tributos recolhidos pela iniciativa privada. www.esab.edu.br 7 Estudar sobre os tributos, significa trata de um assunto de natureza multidisciplinar, pois pode ser pensando e tratado com expectativas diferentes: Economia: efeitos de crescimento econômico, política tributária e etc; Finanças: efeitos no valor das empresas, políticas de financiamento, decisões de investimentos, etc, e, Contabilidade: impactos nos resultados, e etc. Sistema Tributário Nacional O modelo federativo brasileiro é dividido em: Federal (União), Estado (e Distrito Federal) e Municipal. Trata-se de um conjunto de regras jurídicas que disciplina o exercício do poder de tributar pelas diversas entidades estatais, conforme prevê a Constituição Federal, assim como as normas gerais e especificas de cada tributo cobrado no país. A matriz do Sistema Tributário Nacional está na constituição, através dos artigos 145 a 162, com os seguintes requisitos e competências: • Atribuição de competência tributária; • Limitações ao poder de tributar; • Matriz normativa dos tributos; • Estruturação dos princípios tributários; • Relação das produções de normas tributárias. Para normatização, a legislação tributária respeita algumas regras hierárquicas, conforme pirâmide abaixo: A pirâmide demonstra que as regras contidas na constituição devem ser respeitadas pelo Código Tributário Nacional (CTN), assim como as leis complementares devem seguir o CTN, e assim sucessivamente. Abaixo a descrição explicativa, separadas por fontes principais e secundárias do direito tributário: www.esab.edu.br 8 Principais • CONSTITUIÇÃO: A lei maior prevista em nosso ordenamento jurídico. • EMENDAS DA COSTIUIÇÃO: Ato normativo. O estado não pode instituir nenhum tributo se não estiver na constituição. • LEIS COMPLEMENTARES: é uma lei que serve para complementar dispositivos da constituição. Existe regras específicas: deve ser aprovada por maioria absoluta. • LEI ORDINÁRIA: a diferença da lei ordinária para a lei complementar é que a LC tem que ter um dispositivo na CF dizendo que pode ter LC. O coro mínimo para aprovação de uma lei ordinária é a maioria relativas (maioria dos presentes mais um). • MEDIDA PROVISÓRIA: Uma exceção, é um ato normativo privativo do executivo. A MP ao ser editada, publicada, ela tem força de lei. Quando for convertida em lei ela se torna lei ordinária e não pode altera a lei complementar. É editada, tem 60 dias para ser apreciada, se não for apreciada esse prazo prorroga por mais 60 dias, se não for apreciada ela perde a eficácia. • DECRETO LEGISLATIVO: Em matéria tributária é um ato normativo privativo do congresso nacional para regular relações jurídicas em virtude da não apreciação de medida provisória. • RESOLUÇÕES DOSENADO: em matéria tributária é editada para estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, alíquotas máximas para resolver conflitos específicos que resolva interesses dos estados. • LEIS DELEGADAS: Trata-se da possibilidade de o poder executivo pedir ao poder legislativo delegação para legislar sobre determinada matéria. • TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS: ato normativo editado pelo presidente via decreto, será www.esab.edu.br 9 referendado pelo congresso nacional d o congresso legislativo. • DECRETOS: Ato privativo do executivo, tem como função regulamentar. Não pode inovar ou criar o que estiver previsto em lei. Secundárias: • ATOS NORMATIVOS: atos editados pelas autoridades administrativas, tendo como função complementar as leis ou decretos como objetivo de tornar mais fácil a publicação dos referidos atos legais, inclusive detalhado procedimentos e situações. • DECISÕES ADMINISTRATIVAS: decisões da própria administração, frente a casos concretos levados a julgamento, por defesa, impugnação ou recurso apresentado pelo contribuinte. As decisões administrativas não fazem coisa julgada contra o contribuinte. Isso significa que a decisão final desfavorável ao contribuinte poderá este socorrer ao poder judiciário. • PRÁTICAS REINTERADAS: Representam uma posição sedimentada pelo fisco na aplicação da legislação e, portanto, devem ser acatadas como interpretação da lei. • CONVENIO: Em matéria tributária os convênios ganham importância entre os estados quando da concessão de isenções ou outros benefícios fiscais apara o ICMS conforme isenções constitucionais. Conceito de Tributos Os tributos são também chamados de espécies tributárias, que tem com conceito, através do artigo 3º do Código Tributário Nacional: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de www.esab.edu.br 10 ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” Para melhor entendimento deste conceito tão amplo e complexo, desmembraremos abaixo: • Prestação pecuniária: somente liquidado em moeda corrente (nacional); • Compulsória: pagamento é obrigatório, pelo poder coercitivo do Estado, e independente da vontade do contribuinte; • Moeda ou expressão de valor: pode ser mensurado com confiabilidade; • Não constitua sanção por ato ilícito: somente de ato lícito; a “multa” por infração fiscal é considerada sanção pela prática de ato ilícito e, portanto, não é tributo; • Cobrada mediante atividade administrativa e plenamente vinculada: a lei vai delimitar e vincular o fato que vai gerar o tributo. Espécies Tributárias As espécies tributárias são: Impostos; Taxas; Contribuições de melhoria, Empréstimo Compulsório e Contribuições especiais, conforme descritos abaixo: • Impostos: Tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte (CTN, art. 16). • Taxas: Tributo que tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva e potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. (CTN, art. 77). • Contribuição de Melhoria: Tributo cobrado pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, no âmbito de suas atribuições, para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra a valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da www.esab.edu.br 11 obra resultar para cada imóvel beneficiado. (CTN, art. 81). • Empréstimo Compulsório: Somente pode ser criado diante de situações específicas (guerra externa ou sua iminência e calamidade pública, ou investimento público de caráter relevante), e a aplicação dos recursos provenientes de sua arrecadação é vinculada à despesas correspondente, que justificou sua instituição. (CF/88, art. 148 e 15 do CTN) • Contribuições Especiais: Os recursos obtidos com sua arrecadação devem ser necessariamente aplicados no atendimento da finalidade que justifica a sua cobrança. Podem ser sociais, de intervenção no domínio econômico, de interesse de categorias profissionais ou econômicas, de custeio da iluminação pública (ex.: CPMF, CIP, PIS, COFINS, CSLL, CRC, Sistemas S – SENAC – SENAI, etc). Artigo 149 da CF. Competência Tributária A competência tributária se baseia em qual ente tem poder de tributar sobre cada tipo de tributo especificamente. Abaixo demonstramos um resumo: UNIÃO ESTADOS / DF MUNICÍPIOS Impostos (artigo 153 da CF) Impostos (artigo 155 da CF) Impostos (artigo 156 da CF) Impostos extraordinários (artigo 154, II) Taxas Taxas Impostos residuais (artigo 154, I) Contribuições de melhoria Contribuições de melhoria Taxas Exemplo: ICMS, IPVA, etc. Exemplos: ISS, IPTU, etc. Contribuições de melhoria Empréstimos compulsórios Contribuições especiais Exemplos: IRPJ, IRRF, IPI, II, IOF, etc. www.esab.edu.br 12 Obrigação Tributária A obrigação tributária é a relação dos sujeitos com o recolhimento dos tributos. São divididas entre principal e acessória. A principal é o recolhimento dos tributos. A acessória são obrigações adicionais que se referem ou não aos tributos. Abaixo veremos uma separação sobre Obrigação Principal A obrigação principal é tratada como a relação jurídica mais importante do Direito Tributário, pois advém do recolhimento dos tributos. “§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente” (Art. 113, § 1º do CTN). Se instaura com a ocorrência do fato imponível (fato gerador) previsto na norma jurídica tributária (hipótese de incidência), conforme a prestação pecuniária (art. 3º CTN), que já vimos acima. É importante lembrar que a obrigação principal somente será extinta com o recolhimento do valor total devido, portanto, se for recolhido parcialmente, não se considera extinto. Obrigação Acessória A obrigação acessória não tem conteúdo pecuniário, ou seja, não prevê recolhimento. São prestações positivas ou negativas (fazer, não fazer ou tolerar que se faça) no interesse da www.esab.edu.br 13 fiscalização e arrecadação de tributos. Também pode ser considerada como obrigações de caráter instrumental “§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos” (Artigo 113, § 2º do CTN) É importante ressaltar que a obrigação acessória independe da obrigação principal, ou seja, podem existir independentemente das obrigações principais. No entanto, o paragrafo 3º do artigo 113, estabelece que a obrigação acessória pode ser convertida em obrigação principal quando trata-se de penalidade pecuniária. “§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.” Fato Gerador O fato gerador é a situação definida em lei que, uma vez ocorrida faz nascer a obrigação tributária. O CTN faz menção ao fato gerador, que podem ocorrer nas obrigações principais e acessórias, conforme os artigos 114 e 115: “Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. “Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.” Podemos considera-lo como uma situação ou fato que tenha previsãolegal, como passiva de gerar pagamento de tributo, que surge de fenômeno de natureza econômica, como circulação de mercadorias ou a prestação de um serviço por exemplo. Para melhor entendimento, podemos separar em alguns aspectos: • Aspecto material (o que?): quer dizer sobre “o quê” será tributado. www.esab.edu.br 14 • Aspecto temporal (quando?): quer dizer sobre “quando”, ou em que momento será tributado. • Aspecto espacial (onde?): sobre o espaço ou onde algo ou alguma situação será tributado? • Aspecto pessoal (quem?): quer dizer sobre quem poderá ou deverá ser tributado. • Aspecto quantitativo (quanto?): quer dizer sobre “quanto” poderá ser tributado. Aspecto Material Trata-se do núcleo da hipótese jurídica de incidência (verbo + complemento). Representa a ação/situação que dá origem ao nascimento da obrigação tributária, ou seja, o que está sendo tributado. Um exemplo da verificação através do aspecto material é a propriedade de veículo automotor, ou seja, a posse de um bem material faz nascer o fato gerador e obrigação tributária. Aspecto Temporal Refere-se ao momento de ocorrência do fato gerador, que pode ser subdivido em situação de fato e jurídicas. • Situações de fato, de acordo com o artigo 116, inciso I do CTN está ligada ao lado material. Art. 116 (...): I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; • Situações jurídicas, de acordo com o artigo 116, inciso II do CTN. Art. 116 (...) II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. www.esab.edu.br 15 Aspecto Pessoal São os sujeitos envolvidos na relação jurídica tributária, que podem ser divididos em: Sujeito ativo (art. 119 do CTN) e Sujeito passivo (art. 121 do CTN). Contribuinte x Responsável. O sujeito ativo é o órgão competente para tributar ou recolher o tributo. O artigo 119 do CTN define como “a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento”. O sujeito passivo é o responsável pelo recolhimento do tributo. O artigo 121 do CTN o define como “a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária”. Além disso, é importante saber que o sujeito passivo pode ser o contribuinte ou o responsável pelo recolhimento, conforme prevê os inícios I e II do mês artigo: “contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei”. Neste sentido, os artigos 124 e 125 do CTN, diz que as pessoas de interesse comum devem responder solidariamente sobre as premissas tributárias adotadas, assim como a falta de recolhimento. Aspecto Espacial O aspecto espacial é o local da ocorrência do fato gerador, ou seja, o âmbito de aplicação da lei de referido tributo. Trata-se da disposição geográfica para identificação correta do ente que tem competência de tributar, assim como para o sujeito passivo sobre para onde recolher. Aspecto Quantitativo Refere-se a dimensão da obrigação pecuniária, determinando o quanto é devido pelo sujeito passivo. Para isso deve-se levar em consideração a forma de mensurar o tamanho do negócio, ou seja, a riqueza tributária. www.esab.edu.br 16 Dois elementos são primordiais para essa mensuração e determinação dos tributos que serão recolhidos: a base de cálculo, que é a confirmação da tributação de acordo com a espécie tributária); e a alíquota a ser aplicada sobre a base de cálculo, que pode ser específica para uma situação, fato ou produto ou Ad valorem (expressão latina – conforme o valor), ou seja, quando for regressiva, progressiva ou proporcional. Base de cálculo A base de cálculo é o valor que incidira o eventual tributo sobre alguma situação, fato ou produto como dito acima. No entanto, é importante desmiuçar algumas possibilidades para melhor entendimento. Nesse conceito de base de cálculo, estamos considerando que a situação, fato ou produto está sendo 100% tributado, mas existem algumas situações em que não haverá a tributação de todo o montante do negócio praticado e que mesmo assim, terá tido fato gerador e obrigação tributária. A base de cálculo para determinação do imposto de renda de uma pessoa física por exemplo não será a renda bruta, antes passa por uma série de abatimentos, como despesas com saúde, educação, entre outros. Portanto, o rendimento da pessoa poderá ser R$ 100,00 e a base de cálculo ser R$ 60,00 (considerando esse exemplo extremamente simples). Ao decorrer do entendimento sobre os demais tributos, será conceituado as formas possíveis de determinação da base de cálculo, seguindo as características de cada tributo. Para determinação da base de cálculo, assim como alíquotas que serão incidentes sobre os fatos que geram os tributos, deve- se observar alguns princípios constitucionais aplicados no âmbito tributário, assim como outros meios pelos quais a base de cálculo poderá ser afetada, que veremos a frente. www.esab.edu.br 17 Os princípios tributários servem para garantir diretrizes sobre os tipos de tributos e formas de tributa-los. A seguir veremos estes princípios e sua aplicabilidade. Legalidade Significa dizer que somente a lei pode instituir tributos, inclusive sua majoração ou redução, fato gerador e alíquota (Art. 5º, II, e art. 151, I da CF; Art. 97 do CTN). Trata-se de uma reserva legal e estrita da segurança da legalidade. Importante destacar que o prazo de pagamento não está sujeito a legalidade, diferentemente da majoração ou redução de alíquotas, fato gerador como dito acima. Especificamente, teremos alguns casos específicos de mitigação em relação a legalidade sobre as alterações das alíquotas, ou seja, a exceção a regra, que são os itens abaixo: • CIDE combustíveis: em casos específicos o executivo pode alterar (art. 177, § 4º, I, b da CF); • Necessidade de lei especifica para benefícios fiscais (art. 150, § 6º da CF): antigamente a maioria dos estados brasileiros concediam benefícios fiscais através de Decretos, o que é errado, uma vez que • PIS/COFINS IMPORTAÇÃO: possibilidade de redução de alíquota pelo poder executivo, pois o PIS e a COFINS Importação são considerados tributos extrafiscais, que tem como objetivo controlar a economia. www.esab.edu.br 18 Igualdade Veda-se o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em ração de ocupação profissional ou função por eles exercida, independente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos (Art. 5º e art. 150, II da CF). Trata-se de considerar pessoas iguais em situação equivalentes perante a lei. Os parâmetros que devem ser seguidos pela igualdade encontram-se com o conceito do princípio da capacidade contributiva (art. 145, § 1º da CF), separado entre Acepção subjetiva (pessoais) e Acepção objetiva (patrimônio), indicando que pessoas com capacidade contributiva diferente pessoal ou patrimonialmente não podem ser tributados da mesma forma, em função de seu poder econômico, político ou social. Capacidade Contributiva O princípio da capacidade contributiva é um conceito econômico e de justiça social, pois define que sempre que possível os tributos terão sua tributação baseadas nas características pessoais e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultando à administração tributária, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. A utilização desteprincípio é prejudicada pela expressão “sempre que possível”, pois faz a administração tributária alegar na maioria dos casos não ter capacidade para mensurar a capacidade contributiva. Irretroatividade Impede a cobrança de tributos em relação aos fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado (Art. 150, III, a, da CF). O fundamento para este princípio é a segurança jurídica, necessárias www.esab.edu.br 19 para os negócios, assim como para proteção do passado. Basicamente, é dizer que a lei não poderá retroagir, portanto, não poderá alcançar fatos geradores ocorridos anteriormente ao fato gerador. Anterioridade Impõe que um tributo criado ou majorado num exercício financeiro só possa ser exigido no exercício financeiro subsequente (Art. 150, III, b, da CF), ou seja, a administração tributária não pode instituir tributos para serem cobrados no mesmo exercício fiscal ou financeiro (ano civil) da publicação da lei. É muito importante para dar ao contribuinte uma margem razoável para planejamento financeiro referente aos aumentos dos tributos. No entanto, existem exceções a serem consideradas, devido as particularidades e características de alguns tributos, conforme os itens abaixo: • Imposto de Importação – II, Imposto de Exportação – IE, Imposto sobre produtos Industrializados – IPI, Imposto sobre Renda – IR e o Imposto sobre Operações Financeiras – IOF, pois são considerados extrafiscais; • Impostos extraordinários de guerra; • Empréstimos compulsórios nos casos de calamidade pública ou guerra; • Contribuições para seguridade social (sujeitos apenas a noventena); • ICMS combustíveis (parcial) e CIDE combustíveis (parcial); Portanto, como a anterioridade não pode ser aplicado a todos os tributos, devido suas características especificas, como vimos as exceções acima, www.esab.edu.br 20 Anterioridade Nonagesimal (noventena) Impõe que um tributo criado ou majorado num exercício financeiro só possa ser exigido noventa dias após a publicação do ato. (Art. 150, III, c, da CF). O conceito segue o princípio da anterioridade original, mas a aplicabilidade resume-se aos tributos que não são alcançados por ela. Ainda assim, existem algumas exceções: • Imposto de Importação – II, Imposto de Exportação – IE, Imposto sobre Renda – IR e o Imposto sobre Operações Financeiras – IOF, pois são considerados extrafiscais; • Empréstimos compulsórios nos casos de calamidade pública ou guerra; • Base de cálculo do IPTU e Base de cálculo do IPVA. Para melhor entendimento sobre os tributos que obedecerão aos princípios da anterioridade e a anterioridade nonagesimal (noventena), TRIBUTO ANTERIORIDADE NOVENTENA II, IE e IOF Não se aplica Não se aplica IR Aplica-se Não se aplica IPI Não se aplica Aplica-se IPVA e IPTU Aplica-se Não se aplica na base de cálculo. ICMS Combustíveis Não se aplica Aplica-se Empréstimo Compulsório Não se aplica Não se aplica Contribuições Seguridade Social Não se aplica Aplica-se CIDE Combustíveis Não se aplica Aplica-se Demais tributos Aplica-se Aplica-se Vedação ao confisco (não confiscatório) O conceito baseia-se em não utilizar a admissão do tributo que resulte em confisco (CF/88, artigo 150, inciso IV), ou seja, o tributo não pode ser constituído como forma de punição. www.esab.edu.br 21 • Imposto confiscatório: absorve grande parte do valor da propriedade ou de sua renda (operação, resulte que mais de 50% do seu valor econômico líquido – preço menos tributos – seja destinado ao fisco). • Proibição do excesso de tributação. • Decorre da garantia do direito à propriedade. • Não existe um critério que objetive a identificação do confisco. • Multas punitivas e moratórias: STF através da ADI 551 – também aplicável a vedação ao confisco no caso das multas. • Taxas: custo da atividade estatal para o serviço prestado. Seletividade A tributação deve ser mais ou menos onerosa dependendo da essencialidade do produto, ou seja, os produtos ou mercadorias consideradas essenciais para sociedade serão menos tributados e os tributos não essenciais (supérfluos) são tributados com maior valor. Ao longo dos conceitos de cada tributo veremos quais podem atender ou não a seletividade, pois é uma aplicação especifica em cada um. Por exemplo, aplica-se obrigatoriamente ao IPI, mas é facultativa para o ICMS, e assim por diante. Liberdade de Tráfego É vedado estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo poder público (Artigo 150, V da CF). Este princípio está mais ligado ao direito civil, mas entende- se com o tributário devido a decorrência do direito de ir e vir, que deve ser aplicado de forma multidisciplinar na forma de tributar um fato ou coisa. www.esab.edu.br 22 Cumulatividade É a forma de tributação e cálculo em que o fato gerador é incorrido e o cálculo do tributo efetuado sem nenhuma forma de compensação. A cumulatividade basicamente é a tributação efetiva em um momento sem a percepção e o conhecimento de fases anteriores a tributação. Entender sobre a forma de cálculo cumulativa, é muito importante para identificação das ações pertinentes na gestão tributária do negócio como um todo, principalmente sobre quais impostos incidirão ou não sobre tais operações. O tributo calculado na forma cumulativa, incide sobre todas as etapas da cadeia de produção ou comercialização de um produto ou mercadoria, desde o inicio do processo até chegar ao consumidor final. Essa incidência, impacta diretamente o preço de venda, pois com a incidência do tributo, o custo aumenta. Os tributos calculados na sistemática cumulativa, não presa pela compensação de valores incidentes nas cadeias anteriores, ou seja, não aproveitam crédito de operações que geraram custo para consequentemente auferir a receita. Alguns doutrinadores, relatam que os tributos que são calculados sobre a sistemática cumulativa, por incidirem em todas as etapas dos processos de produção ou comercialização, causam efeito cascata e podem estar sendo bi tributados, por já ter sido tributado anteriormente. A base de cálculo do tributo será igual ao valor integral da compra do produto na etapa anterior mais o valor acrescido para www.esab.edu.br 23 a comercialização na etapa subsequente. O valor acrescido entende-se pela adição de novas margens de lucro, assim como novas despesas e valor do próprio tributo incidente sobre operações posteriores. Portanto, nesta modalidade, os contribuintes estão obrigados a estipular seu preço e aplicar a alíquota do tributo sobre ele (preço integral do tributo), não possuindo direito a qualquer tipo de crédito, ou seja, o tributo será calculado com base no preço integral do produto, denominado como base de cálculo, multiplicado pela alíquota do tributo. Um exemplo simples sobre como a cumulatividade é aplicada é a apuração do ISS (Imposto Sobre Serviços). Vamos considerar que restaurante contratou os serviços de uma empresa prestadora de serviços higienização e limpeza. A empresa cobrou R$ 10.000,00 pelos serviços, portanto, o cálculo será feito da seguinte forma: Base de cálculo dos serviços R$ 10.000,00 Alíquota do ISS (Conforme previsão na legislação do referido tributo) 5% Valor do ISS a ser recolhido R$ 500,00 Não cumulatividade Visa evitar a tributação em cascata, permitindo o aproveitamento de créditos oriundos da tributação nas cadeias anteriores. A não cumulatividade significa dizer que na etapa subsequente dos processos produtos e de comercialização, não será tributado o mesmo tributo recolhido na cadeia ou etapa anterior.Neste modelo, não é permitido calcular o tributo sobre bases já tributadas, como consequência, a base de cálculo será sempre o valor acrescido em cada operação, sendo que, para www.esab.edu.br 24 alcançar este fim, é permitido deduzir o montante recolhido nas operações anteriores. • IPI (artigo 153, § 3º, II da CF): será não-cumulativo, com- pensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; • ICMS (artigo 155, § 2º, I da CF): será não cumulativo, com- pensando-se o que for devido em cada operação relativa a circulação de mercadoria ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro esta- do ou Distrito Federal; • Contribuições para seguridade social (artigo 195, § 4º, com o artigo 154, I da CF) – PIS/COFINS empresas optantes pelo lucro real; Um outro exemplo simples para explanar agora sobre como a não cumulatividade é aplicada é a apuração do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Este exemplo serve apenas para demonstrar o conceito de não cumulatividade e desprende-se dos conceitos ainda não estudos que podem afetar as formas de cálculos e outros fatores determinantes sobre o referido tributo. Portanto, devemo-nos atentar apenas para a exemplificação do conceito de não cumulatividade. Vamos considerar que o mesmo restaurante do exemplo acima comprou uma mercadoria para revender no estabelecimento (não foi definido uma mercadoria especifico para ser um exemplo subjetivo, sem a necessidade de outros conceitos mais profundos sobre o referido tributo, como dito acima). O preço de compra foi R$ 1.000,00 e de venda R$ 3.000,00, portanto, o cálculo será feito da seguinte forma: www.esab.edu.br 25 COMPRA Base de cálculo R$1.000,00 Alíquota ICMS (Conforme previsão na legislação do referido tributo e considerando uma compra dentro do estado) 17% Valor do ICMS (vamos chamar de crédito de ICMS – operação anterior) R$ 170,00 VENDA Base de cálculo R$3.000,00 Alíquota ICMS (Conforme previsão na legislação do referido tributo e considerando uma venda dentro do estado) 17% Valor do ICMS (vamos chamar de débito de ICMS – operação atual) R$ 510,00 Portanto, os valores de crédito e débito se encontram e o referido imposto devido é a diferença entre eles. CÁLCULO DO IMPOSTO DÉBITO R$ 510,00 CRÉDITO R$ 170,00 Imposto a recolher R$ 340,00 A contabilização dos tributos da forma cumulativa é mais simples, pois não é necessário fazer um encontro das contas para abatimento de saldo credor do devedor. Mas já a dos tributos que utilizam a não cumulatividade, os créditos são lançados como “a recuperar” e os débitos como “a recolher” e depois com um lançamento contábil especifico é evidenciado o saldo. Progressividade Apesar de alguns estudiosos entenderem como um princípio, aqui trataremos como uma forma de cálculo dos tributos. www.esab.edu.br 26 A progressividade basicamente é a utilização de tabela com valores e alíquotas progressivos. Está ligado constitucionalmente em alguns tributos, como os listados abaixo: • Imposto de Renda (artigo 153, § 2º, III da CF); • IPTU (artigo 156, § 1º, I da CF); • ITR (artigo 153, § 4º, I da CF). SAIBA MAIS (1) Exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS Depois de 20 anos, em março de 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) colocou um ponto final em uma das maiores discussões tributárias. Ao julgar o Recurso Extraordinário nº 574.706 os ministros firmaram o entendimento de que “o ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins”. A União Federal ainda tenta uma reanálise da matéria via embargos de declaração e a modulação de efeitos da decisão, determinando que ela produza efeitos apenas para o futuro. Considerando a importância da decisão do STF, e que a matéria foi debatida por muitos anos no Tribunal, são remotas as chances dos ministros voltarem atrás no seu entendimento. Fonte:https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/ exclusao-do-icms-da-base-de-calculo-do-pis-e-da-cofins/ A implicação desta temática está diretamente ligada a perda de receita para a união, assim como a forma de cálculo de dois tributos que acabamos de ver que são ou podem ser apurados conforme a não cumulatividade. Mas pelo que parece, nada está sujeito de questionamentos. www.esab.edu.br 27 Consiste na exclusão de competência da União, Estados, Distrito Federal e Municípios para instituir tributos relativamente a determinados atos, fatos e pessoas expressamente previstos na Constituição Federal. O Artigo 150 VI da Constituição Federal separa os tipos de imunidade tributária que devem ser considerados: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. A separação dos tipos de imunidade é muito importante para entendermos os motivos da mesma: Recíproca (art. 150 VI, alínea a da CF) A imunidade reciproca visa proteger o pacto federativo (cláusula pétrea), e por isso, não tributar patrimônio, renda ou serviços entre união, estados, distrito feral e municípios. www.esab.edu.br 28 A imunidade estende-se as autarquias e fundações públicas instituídas e mantidas pelo poder público, desde que o patrimônio, a renda e os serviços estejam vinculados às suas finalidades essenciais, bem como exclui a incidência da regra ao patrimônio, à renda e aos serviços, relativos à exploração de atividade econômica regidas pelas normas aplicáveis ao serviço privado, ou em que haja contraprestação ou pagamento de tarifa ou preço pelo usuário. Importante lembrar que a reciprocidade está atrelada apenas aos impostos. Contribuições, taxas e outras espécies tributárias podem ser cobradas, desde que sejam de sua competência. A imunidade recíproca não se aplica “ao patrimônio, renda e serviços, relacionados com a exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário” (art. 150, §3º), portanto, surgi a dúvida sobre as empresas públicas prestadoras de serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, havendo atividade econômica. No entanto, já existe entendimento que para empresas que prestam serviços públicos, aplica-se a imunidade. Religiosa (art. 150 VI, alínea b da CF) A imunidade religiosa prevê que nenhum imposto incide sobre templos de qualquer culto. Porém, de acordo com o art. 150, §4º, tal vedação compreende somente patrimônio, renda e serviços, relacionados com as finalidades essenciais das respectivas entidades. Tal imunidade pretende proteger as entidades religiosas e a característica laica prevista na constituição. Uma curiosidade em relação a imunidade religiosa, é que a mesma não se aplica a maçonaria, pois eles não se auto definem como religião. Já existem algumas decisões neste sentido, como por exemplo a que se encontra abaixo, do Ministro Marco Aurélio. www.esab.edu.br 29 “Há inequívocos elementos de religiosidade na prática maçônica. No mais, atentem para a norma constitucional: elaprotege o culto. E este consiste em rituais de elevação espiritual, propósitos intrincados nas práticas maçônicas, que, se não podem ser classificadas como genuína religião, segundo a perspectiva das religiões tradicionais — e o tema é controverso —, estão dentro do escopo protetivo da Constituição de 1988”, justificou em seu voto-vista Cultural (art. 150 VI, alínea d da CF) Espécie de imunidade objetiva, que está ligada a certos bens, independente da pessoa a quem pertençam. Nos termos da previsão constitucional, nenhum imposto incide sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão, seja qual for a natureza, formato ou conteúdo, haja vista que não há restrições na CF, inclusive sobre Livros digitais e suportes de leitura (RE 330.817 – ebooks e RE 595.676 – suporte para conteúdo digital). O objetivo é incentivar a cultura e a aplicabilidade é sobre o IPI e ICMS. Fonográfica (Ementa Constitucional 75 de 2013) Fonogramas (CD) e videofonogramas (DVD) musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais de autores brasileiros. Imunidade de entidades Partidos políticos, sindicato de trabalhadores, instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos, observando o art. 14 do CTN: • Não distribuição de patrimônio ou renda a qualquer título; • Aplicação exclusiva dos recursos no país e nos objetivos da www.esab.edu.br 30 sua instituição; • Manter escrituração de receitas e despesas em livros formais capazes de assegurar sua exatidão; O Artigo 12, § 2º da Lei 9.532/1997 traz a observância da utilização da imunidade tributária pelas entidades sem fins lucrativos, com alguns itens importantes que devem ser observados na referida lei: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, [...] os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, conforme SRF; f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público. www.esab.edu.br 31 Outras imunidades • Receitas decorrentes de exportação (art. 149, §2.º , I) - CIDE; • Exportação de Produtos industrializados (art. 153, § 3.º, III) – IPI • Exportações de mercadorias e serviços (art. 155, §2.º, X) – ICMS • Transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital (art. 156, § 2.º, inc. II) – ITBI SAIBA MAIS (2) O caso da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO) A INFRAERO – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – é uma empresa pública federal cuja criação foi autorizada com o objetivo de explorar e administrar serviços de infraestrutura aeroportuária em todo o território nacional, sendo a responsável pela administração dos principais aeroportos do BrasiL. Em suma, a referida empresa pública atua em sua atividade- fim na execução, em regime de monopólio, de serviços de infraestrutura aeroportuária, função outorgada à União Federal, nos termos do art. 21, XII, “c”, da Constituição Federal. Neste precedente do Supremo Tribunal Federal, o município de Salvador buscava executar a INFRAERO com base em certidão de dívida ativa relativa ao ISS supostamente devido pela empresa em razão do serviço prestado. Os argumentos para a incidência tributária são basicamente: Assim, quando há contraprestação ou pagamento dos usuários pela prestação de serviços públicos – o que ocorre sob a forma de tarifas ou preços –, com muito mais razão estará www.esab.edu.br 32 afastada a imunidade pleiteada pela INFRAERO, haja vista que, nas mesmas condições, nem as autarquias nem as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público podem invocar o referido benefício (art. 150, § 3º, CF). Outrossim, além dos recursos decorrentes da cobrança de tarifa dos usuários da infraestrutura aeroportuária, é de conhecimento público que a INFRAERO desenvolve uma série de outras atividades que não podem ser descritas como serviços públicos, tais como a administração das concessões de uso de áreas no interior dos aeroportos brasileiros, com finalidade claramente comercial, viabilizando a implementação dos denominados “aeroshoppings”. Ademais, reitere-se que a simples possibilidade do serviço explorado pela embargante poder ser prestado por outra pessoa de direito privado, nos termos do art. 21, XII, CF, em razão de autorização, concessão ou permissão, evidencia o total descabimento da extensão da imunidade de impostos à INFRAERO, isto porque a concessão deste benefício à empresa estatal que presta os seus serviços em regime de concorrência com o particular acarretaria a quebra da isonomia e faria surgir uma flagrante concorrência desleal. Em sua defesa, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária alegou, que se tratava de serviço público prestado em caráter obrigatório e em regime de monopólio, de modo que a ausência de finalidade lucrativa da atividade findava por afastar a incidência da regra do art. 173, § 1º, da Constituição Federal, razão pela qual deveria ser lhe estendida a imunidade tributária recíproca estabelecida no art. 150, VI, “a”. O Supremo Tribunal Federal seguiu o entendimento firmado www.esab.edu.br 33 no emblemático caso dos Correios, estendendo assim a imunidade tributária recíproca para a empresa publicam, nos seguintes termos: A INFRAERO, que é empresa pública, executa, como atividade-fim, em regime de monopólio, serviços de infraestrutura aeroportuária constitucionalmente outorgados à União Federal, qualificando-se, em razão de sua específica destinação institucional, como entidade delegatária dos serviços públicos a que se refere o art. 21, inciso XII, alínea “c”, da Lei Fundamental, o que exclui essa empresa governamental, em matéria de impostos, por efeito da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, “a”), do poder de tributar dos entes políticos em geral. Consequente inexigibilidade, por parte do Município tributante, do ISS referente às atividades executadas pela INFRAERO na prestação dos serviços públicos de infraestrutura aeroportuária e daquelas necessárias à realização dessa atividade-fim. O ALTO SIGNIFICADO POLÍTICO- JURÍDICO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA, QUE REPRESENTA VERDADEIRA GARANTIA INSTITUCIONAL DE PRESERVAÇÃO DO SISTEMA FEDERATIVO. DOUTRINA. PRECEDENTES DO STF. INAPLICABILIDADE, À INFRAERO, DA REGRA INSCRITA NO ART. 150, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO. - A submissão ao regime jurídico das empresas do setor privado, inclusive quanto aos direitos e obrigações tributárias, somente se justifica, como consectário natural do postulado da livre concorrência (CF, art. 170, IV), se e quando as empresas governamentais explorarem atividade econômica em sentido www.esab.edu.br 34 estrito, não se aplicando, por isso mesmo, a disciplina prevista no art. 173, § 1º, da Constituição, às empresas públicas (caso da INFRAERO), às sociedades de economia mista e às suas subsidiárias que se qualifiquem como delegatárias de serviçospúblicos. (STF - RE: 363412 BA, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 21/03/2007, Data de Publicação: DJ 28/03/2007 Ademais, neste precedente, o Pretório Excelso manifestou importante lição, qual seja, a de que o fato de a União Federal outorgar, por meio de lei, o encargo de prestar determinado serviço público a uma empresa governamental não lhe retira o atributo de estatalidade que lhe é próprio, sendo tal opção de descentralização organizacional perfeitamente possível na presente ordem constitucional, sem que tal fato signifique renúncia ao benefício da imunidade tributária recíproca, importante instrumento para a realização do princípio federativo estabelecido na Constituição. Em suma, restou claro que a INFRAERO, apesar de formalmente se apresentar como uma empresa pública, esta característica que mais se aproxima de uma autarquia federal, tendo em vista que foi incumbida de executar serviço público por meio de outorga legal, além de ser controlada na sua integralidade pelo Poder Público, o que justifica o tratamento semelhante ao aplicado as demais entidades integrantes da administração indireta. Fonte: ARAUJO, Victor Carvalho Curvina Costa de. A imunidade tributária recíproca e as empresas estatais prestadoras de serviço público. www.esab.edu.br 35 Existem diversas formas de diminuir, zerar, “atrasar” ou até mesmo antecipar o fato gerador. Isso que veremos nesta unidade. Isenção A isenção fiscal é uma das formas de dispensa de tributo por meio de lei, realizada apenas pelo ente federativo que tiver competência para instituir o tributo. Quando o tributo incide parcialmente, não há efetivação do lançamento tributário sobre 100% da base de cálculo, embora ocorra normalmente o fato gerador e consequentemente se instaure a obrigação tributária. A isenção fiscal pode ser uma forma de incentivar investimentos privados no desenvolvimento de áreas de interesse público, conforme prevê o artigo 176 do CTN: “Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares.” No entanto, não existe isenção para taxas e contribuições de melhorias, assim como aos tributos que são instituídos após a publicação de lei concedendo a isenção. “Art. 177 do CTN: Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I - às taxas e às contribuições de melhoria; II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão”. www.esab.edu.br 36 Podemos separar a isenção, na forma de concessão, em tipos diferentes, conforme destacados abaixo: • Isenção com caráter individual – quando é concedida por lei mediante solicitação do sujeito passivo (contribuinte), que terá que cumprir alguns requisitos constante nas normas concedente. • Isenção com caráter geral – esse caso também depende de lei, mas é genérica (ampla) e não traz requisitos a serem cumpridos pelo sujeito passivo (contribuinte). • Isenção condicionada – é quando a isenção é concedida mediante o cumprimento de alguns requisitos pré- determinados, que devem ser exigidos pela lei que instituiu a mesma. • Isenção Incondicionada – é quando a lei apenas descreve a hipótese de concessão da isenção, ou seja, quando não pré-determina requisitos a serem cumpridas. Isenção com prazo – é quando a lei determina o prazo inicial e final em que o sujeito passivo (contribuinte) terá direito à isenção. No entanto, o STF entende que a revogação de isenção tem eficácia imediata (Súmula 615 do STF). • Isenção sem prazo determinado – é quando a lei não define o prazo de concessão do benefício, mas deve-se tomar cuidado para alterações na lei em tempo de fazer o planejamento financeiro devido alterações. Os artigos abaixo, descriminam esses pontos acima. “Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. “ “Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos www.esab.edu.br 37 requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão. § 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.” Quando o fisco isenta a tributação de algum fato que gere o tributo, o mesmo não ocorre com as obrigações acessórias, ou seja não dispensa o cumprimento de obrigações acessórias. A isenção concedida sob condição onerosa não pode ser livremente suprimida (Súmula 544 do STF). Para diminuir as brechas que geram discursões sobre incidência de tributos, o CTN tem um dispositivo que fiz que as isenções são interpretadas de forma literal (art. 111 do CTN). É importante distinguir a isenção da imunidade tributária. A imunidade tributária tem caráter constitucional, já as isenções podem ser alteradas, revogadas ou até mesmo instituídas dependendo da instituição de Lei. As isenções dependem muito do poder legislativo, pois deles advém o poder de votação sobre determinada isenção, pois, conforme já dissemos as isenções devem ser concedidas por lei, e Lei, segundo as normas tributárias, devem aprovadas pelo legislativo. Não incidência A não-incidência de um tributo corresponde aos fatos ou atos que não estão constantes na lei para dar nascimento à obrigação tributária. Ou seja, quando não ocorre o fato gerador que geraria a obrigação tributária principal. O acontecimento material, do que faria acontecer o fato, não se sujeita ao tributo, enquanto obrigação principal, por não se www.esab.edu.br 38 enquadrar na hipótese legal da respectiva incidência tributária. Exemplificando, vamos pensar em uma pessoa física que vendeu seu veículo, e deve ser verificado se obteve ou não ganho nesta venda. Para o imposto de renda, o elemento material do fato gerador é obtenção de renda, conforme artigo 43, incisos I e II e artigo 44 do CTN. Quando ocorre a venda de um veículo de sua propriedade, por valor inferior ao que pagaria pela aquisição do mesmo, ou seja, por menos do que comprou, não está sujeita ao pagamento do imposto de renda, pela ausência de ganho a ser tributável na operação. Esta falta de incidência, é decorrente da ausência do fato a este acontecimento no elemento material, que é o fato de conteúdo econômico (lucro tributável). Alguns exemplos de não incidência do ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços: • Operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (neste caso a não incidência está ligada a imunidade tributária); • Operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior (neste caso a não incidência está ligada a imunidade tributária); Os exemplos são referente a imunidade tributária. A não incidência, ao contrário da isenção, pode estar ligada as possibilidades de imunidade tributária previstas na constituição. Suspensão A suspensão nada mais é do que suspender a cobrança do tributo, ou seja, mesmo com o fatogerador ocorrido, a obrigação tributária principal não acontece por diversos motivos. A literatura trata dois tipos de suspensão: suspensão da exigência dos tributos e a suspensão do crédito tributário. A suspensão que estamos www.esab.edu.br 39 tratando é a de exigência dos tributos. A outra será tratada quando falarmos dos prazos de prescrição e decadência. É praticada de acordo com a norma tributária em vigor, no momento do fato gerador, ou seja, a obrigação tributária principal não é efetivada. Muito praticada nos regimes especiais de tributação estaduais e federais, a suspensão interrompe o nascimento da obrigação tributária para que ocorra posteriormente no ciclo da mercadoria. É importante destacar que o fato gerador, no caso de suspensão, ocorre, porém, o pagamento do tributo pode ser adiado para uma fase posterior ou transformado em isenção ou não incidência, dependendo das condições determinadas e previstas em lei. Alguns exemplos de suspensão do ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços: • Saídas de mercadorias ou bens, destinados a conserto ou reparo; • Saídas de mercadorias ou bens, destinados a industrialização; • Saídas de Mercadorias, inclusive Obras de Arte, com destino a Leilão, a Exposição ou Feira, para exibição ao público ou para prática desportiva; • Saídas de Mercadorias, Remetidas para Fins de Demonstração. • Outros. Se não fosse a suspensão, o ICMS seria cobrado duas vezes, ocorrendo então a bitributação. Normalmente essas suspensões são condicionadas a operações internas (dentro dos estados). Diferimento O diferimento na legislação tributária é a hipótese na qual o lançamento e o recolhimento do imposto que incidiram sobre www.esab.edu.br 40 determinada operação ou prestação são adiados para uma etapa posterior, atribuindo-se a responsabilidade pelo pagamento do imposto diferido ao adquirente ou destinatário da mercadoria, ou ao usuário do serviço, na condição de sujeito passivo por substituição vinculado a etapa posterior. Convém ressaltar, que o benefício do diferimento não se confunde com a isenção ou com a suspensão do imposto. O diferimento consiste no adiamento, na postergação, no deslocamento temporal do momento de lançamento do crédito tributário. Esse adiamento provoca o deslocamento da responsabilidade tributária, de contribuinte para um sujeito passivo, indicado na legislação como responsável, em etapa posterior de circulação. O diferimento é o mesmo que uma Substituição Tributária Regressiva, ou seja, quando o imposto é diferido para a cadeia posterior. Alguns exemplos de diferimento do ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços: • Nas operações internas com pedra bruta de rochas ornamentais e de revestimento, para o momento em que ocorrer a saída do produto beneficiado pelo estabelecimento industrial; • Nas operações internas com trigo em grão, destinado a estabelecimento industrial, para o momento em que ocorrer a saída do produto do estabelecimento industrial moageiro. Normalmente o diferimento é condicionado a operações internas (dentro dos estados), em poucos casos se estendem para operações entre estados. www.esab.edu.br 41 Responsabilidade Tributária O responsável integra a relação jurídico tributária, sem possuir relação pessoal direta com fato gerador da obrigação tributária. O CTN trata da responsabilidade tributaria nos artigos 128 a 138, dividindo entre: responsabilidade dos sucessores, responsabilidade de terceiros e responsabilidade por infrações. O primeiro artigo citado, o 128 do CTN, estabelece como a lei poderá atribuir de modo expresso a responsabilidade. “Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.” É necessário que a responsabilidade seja estabelecida através de uma lei lei ordinária para estabelecer a responsabilização tributária de terceiros. Independente da condição de contribuinte, a lei pode atribuir ao sujeito passivo a responsabilidade da obrigação tributária. Desta forma, a lei vincula um terceiro, atribuindo a ele o fato gerador da obrigação tributária. Responsabilidade por Substituição Neste tipo de responsabilidade, quem pratica o fato gerador não é o contribuinte ou sujeito passivo da operação. Portanto, a obrigação tributária, de acordo com a previsão legal a ela www.esab.edu.br 42 estabelecida, é do responsável, mesmo que ele não tenha realizado o fato gerador. Os termos utilizados para definição da substituição dos envolvidos são: substituto e substituídos. Além da previsão legal, que estabelece as responsabilidades e características, que serve como a forma jurídica de tratamento destes. Neste sentido, existem dois tipos de substituição: progressiva (diferimento – tratado na unidade anterior) e a regressiva. Substituição Tributária Progressiva O artigo 150, parágrafo 7º da constituição federal, estabelece a forma de substituição tributária progressiva: “A lei poderá atribuir ao sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido”. Portanto, o contribuinte substituto deve ser responsável pelos seus tributos, aplicados em sua fase da atividade econômica exercida, assim como a parte do contribuinte substituído. Normalmente esse tipo de substituição envolve impostos sobre atividades econômicas como indústria e comercio, que são envolvidos em ciclos ou cadeias econômicas, mas também pode ser aplicado a outros tipos de tributos. Quando falamos em atividade econômica, resumidamente temos indústria e comércio. No comércio, temos a separação entre atacadistas e varejistas. A ordem natural e mais usual é que a indústria venda para o atacadista, que vende para o varejista, que por fim vende para um consumidor final. A ideia da substituição tributária progressiva é que a indústria assumirá a responsabilidade das próximas cadeias da operação. Portanto, a indústria será a substituta e os demais serão os substituídos. www.esab.edu.br 43 Esse tipo de substituição é comum no ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços e IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, mas operações de circulação de mercadoria e industrialização de determinados produtos estipulados pela legislação. Diversos autores e doutrinadores do direito tributário, divergem desses entendimentos sobre a substituição tributária progressiva e a entendem como inconstitucional devido sua base estar vinculada a um fato gerador presumido (por não ter como certeza a finalização da cadeia de atividades econômicas), utilizando como base de suas teses o princípio da capacidade contributiva e segurança jurídica, que vimos anteriormente. Substituição Tributária Regressiva A substituição tributária regressiva, diferentemente da progressiva, não gera discussões sobre sua constitucionalidade, pois o pagamento da obrigação tributária principal acontece após a ocorrência do fato gerador. Também é conhecida como diferimento, como já víamos anteriormente, e portanto, não precisaremos repetir os conceitos, apenas mencionar subjetivamente como forma de ponderação. Para facilitar o entendimento, utilizaremos um exemplo prático: Um pecuarista vende boi para um frigorífico, ficando o ICMS diferido, quando o frigorífico der a saída do produto industrializado, este ficaresponsável pelo recolhimento da etapa anterior, encerrando o diferimento. Podemos observar que o fato gerador aconteceu antes e a obrigação tributária principal depois, fugindo a regra geral, mas que é aplicado para particularidades como o exemplo acima. O objetivo é não haver bitributação, uma vez que, conforme exemplo acima, o boi seria tributado na forma natural e depois no seu produto final, que é a carne, por isso, o nome “regressiva”, pois é www.esab.edu.br 44 como se voltasse no início do fato gerador (boi) e tributasse toda a operação. Responsabilidade por transferência A responsabilidade por transferência acontece após a ocorrência do fato gerador, devido a alterações posteriores na lei que transferem a responsabilidade para um terceiro e o contribuinte de fato pode ou não permanecer como sujeito passivo da obrigação. A seguir veremos os tipos de responsabilidade por transferência: por sucessão ou imputação legal (solidária e pessoal). Responsabilidade por sucessão A responsabilidade por sucessão pode ocorrer quando houver um ato de transferência entre vivos, mas também pode ocorrer por causas mortis (exemplo: morte do pai e o herdeiro recebe parte de uma empresa, assim é responsável pela mesmo, por sucessão), sucessão através de compra ou transferência de cotas de uma sociedade ou sucessão comercial. A sucessão ente vivos, de acordo com os artigos 130 e 131, inciso I do CTN. Abaixo, o artigo 130: “Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, sub-rogam- se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço” A sucessão de inter vivos de bens móveis é tratada no artigo 131, que prevê que em qualquer hipótese os receptores dos bens responderão pelos ônus tributários do proprietário anterior. Na sucessão causas mortis, prevista no artigo 131, inciso II e III do CTN, prevê que deve-se separar as responsabilidades no www.esab.edu.br 45 período de vida (através do espólio) e no período pós morte, que foi iniciado a sucessão e neste caso os sucessores e o cônjuge meeiro serão responsáveis, na medida das forças da herança, pelos débitos tributários contraídos pelo espólio. Sobre a sucessão no âmbito societário, o artigo 132 do CTN prevê que “A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual”. O objetivo desta sucessão, mencionada no artigo acima, é evitar a falta de recolhimento de tributos através de mudanças societárias propositais. Portanto, os tributos serão transferidos por responsabilidade para o adquirente de parte ou toda sociedade. Já a sucessão comercial é trazida pelo artigo 133 do CNT: “A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão”. Portanto, estamos diante de duas situações diferentes: • O alienante cessar a exploração, ficando a responsabilidade inteiramente para o adquirente, www.esab.edu.br 46 mesmo que não exclusiva; • O alienante continuar a exploração ou mesmo que iniciar outra atividade comercial em seis meses, a responsabilidade do adquirente será subsidiária, sendo exigida primeiramente do alienante. Responsabilidade solidária A responsabilidade solidária está prevista no artigo 134 do CTN: “Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório”. Existe um entendimento de que os terceiros só responderão pelos tributos devidos dos contribuintes em casos de intervenção ou por omissão de responsabilidade. Além disso, há controvérsia sobre o parágrafo do artigo, pois traz a transferência da multa moratória, e não menciona as multas isoladas e de oficio, que portanto, nos permite entender que apenas a multa aplicável ao atraso dos tributos é transferível por responsabilidade solidária. www.esab.edu.br 47 Responsabilidade pessoal A responsabilidade solidária está prevista no artigo 135 do CTN: “São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado”. Entre divergentes pensamentos, a responsabilidade pessoal pode ser exclusiva de terceiros para uns e solidária entre o responsável e contribuinte para outros. De qualquer forma, os citados no artigo, não são meramente funcionários e sim responsáveis pessoalmente e respondem pelos atos tributários ocorridos. Responsabilidade por infrações A responsabilidade por infrações é objetiva, tendo em vista que o CTN prevê no artigo 136, que: “Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato”. Portanto, a responsabilidade alcança apenas as infrações de natureza administrativa, culminando na aplicação de sanções fiscais (multas) pelo descumprimento de obrigações tributárias. Em casos excepcionais, é possível o cancelamento da multa, nas ocasiões em que reste configurada a boa-fé do contribuinte. www.esab.edu.br 48 O crédito tributário surge da obrigação principal e tem a mesma natureza da mesma (art. 139 do CTN), ou seja, corresponderá ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária (art. 113, § 1º, do CTN). Podemos conceituar o crédito tributário como às prestações devidas às fazendas públicas (municipais, estaduais ou federal) quando determinado sujeito passivorealiza fatos geradores de tributos ou comete penalidades tributárias. A dúvida frequente é em que momento, após a ocorrência do fato gerador, e consequentemente gera a obrigação tributária, nasceria o crédito tributário. A resposta está no artigo 139 do CTN: “Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.” No entanto, para deve-se observar o artigo 142 do CTN que estabelece o momento do lançamento tributário, que normalmente é onde o crédito nasce: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” www.esab.edu.br 49 Lançamento do crédito O lançamento é o ato que constitui o crédito tributário, praticado, privativamente pela respectiva Autoridade Administrativa. O artigo 142 do CTN define o lançamento como um procedimento administrativo que podem acontecer situações adversas, conforme abaixo: • verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente; • determinar a matéria tributável; • calcular o montante do tributo devido, ou seja, o débito a recolher; • identificar o sujeito passivo; e • propor a aplicação da penalidade cabível, quando for o caso. O fato gerador, a base de cálculo, a alíquota e o contribuinte, segue a determinação da legislação vigente no momento do fato gerador (artigo 144 do CTN). Já para as penalidades, deve-se considerar a lei mais favorável ao sujeito passivo (artigo 106, II, alínea c do CTN). Mo que tango aos aspectos formais (critérios de apuração, fiscalização, garantias ou privilégios ao crédito tributário), seguindo o mesmo critério, deve-se considerar a lei em vigor na data do lançamento (artigo 144, § 1º do CTN). Desta forma, resumidamente podemos apresentar os objetivos do Lançamento do crédito tributário: • Declarar formalmente a existência do fato gerador, que já ocorreu, mas apenas será formalizado ou declarado a fazenda; • Determinar a matéria tributável, ou seja, o que de fato será tributado; • Calcular o montante do tributo devido; • Identificar o sujeito passivo (contribuinte ou responsável pelo recolhimento do tributo); • Quando for o caso aplicação de penalidade; www.esab.edu.br 50 • Indicar o prazo para recolhimento. Competência para lançar • Autoridade administrativa definida por lei de cada ente federativo; • O lançamento é um ato vinculado sob pena de responsabilidade funcional; • Trata-se de competência indelegável e insuscetível de avocação. • Decreto não pode constituir crédito tributário; Alteração do Lançamento As hipóteses previstas no CTN que permitem a alteração do lançamento do crédito tributário, está no artigo 145: Impugnação do sujeito passivo; Recurso de oficio ou recurso voluntário (ex: CARF); Iniciativa de ofício da autoridade administrativa; Impugnação do sujeito passivo Com base no que permite nosso ordenamento jurídico em relação ao contraditório, ou seja, direito de argumentar e se defender através de processos administrativos, o lançamento pode ser alterado através da verificação do fisco. Neste caso o lançamento não somente pode ser alterado, mas também poderá ser anulado se o erro for constatado. Recurso de oficio ou recurso voluntário Acontece quando o apelo administrativo não foi favorável, e o recurso é levado para a primeira instancia administrativa julgadora, por exemplo o CARF – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão vinculado a Receita Federal para julgamento de conselheiros da Fazenda. Se o recurso for julgado www.esab.edu.br 51 procedente, ou seja, contra o contribuinte que entrou com o pedido do recurso. O recurso voluntário é aquele que pode ser apresentado pelo contribuinte quando a decisão tomada na primeira instância administrativa for totalmente favorável, remetendo os autos para segunda instância julgadora. Este recurso poderá modificar o lançamento efetuado, mas se encaixa na anterior situação denominada “impugnação do sujeito passivo”. Iniciativa de ofício da autoridade administrativa Quando advém da autoridade administrativa a alteração do lançamento do crédito tributário. Geralmente é necessário para corrigir erro administrativo. No entanto, a autoridade administrativa não pode modificar o lançamento considerando novos critérios, como mudanças na legislação, conforme prevê o artigo 145 do CTN: “Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução.” Modalidade de Lançamento Conforme vimos nos tópicos anteriores, a necessidade do lançamento do crédito tributário. No entanto, existem três formas de • Lançamento por oficio: a fazenda já tem as informações e lança o crédito tributário (exemplo: IPTU) – art. 149 do CTN; • Lançamento por declaração: o contribuinte informa a fazenda (exemplo: ITCMD) – art. 147 do CTN. • Lançamento por homologação: tributos empresariais www.esab.edu.br 52 – pagamento antecipado da autoridade fiscal para posterior conferência (exemplo IR, CSLL, IPI, ICMS, ISS, etc) – art. 150 do CTN. Lançamento de oficio Também denominado de lançamento direto, se caracteriza quando todos os atributos do lançamento tributário serão realizados pela própria autoridade administrativa. Em termos mais detalhados, o agente do fisco (normalmente auditores) realiza a fiscalização e verificação do fato gerador, identificando o contribuinte e a matéria tributável, calculando o montante do tributo e penalidade cabíveis, dentre outras atribuições. Lançamento por declaração Caracteriza-se pela divisão das atribuições do lançamento tributário entre a fazenda pública e o sujeito passivo. O papel do contribuinte/responsável/terceiro estaria na identificação do fato gerador da tributação e sua declaração ao fisco para que esse último identifique a matéria tributária, calcule o tributo e eventual penalidade, finalizando o lançamento com a notificação do devedor para pagamento. Segundo o art. 147 do CTN, o “lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiros, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.” Lançamento por homologação Se caracteriza pela maior participação do próprio sujeito passivo nas características que envolvem o procedimento de lançamento tributário. Em termos mais simples, será o próprio www.esab.edu.br 53 contribuinte que verificará o cometimento do fato gerador e fará sua declaração,2 procederá ao cálculo do tributo devido e eventual penalidade, bem como realizará o pagamento antecipado dos valores, cabendo as fazendas públicas a posterior verificação e fiscalização daquilo recolhido com a consequente homologação. Sua previsão legal se encontra no art. 150 do CTN ao estabelecer: “Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.”
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