Buscar

ESAB - Estrutura das Demonstracões Contábeis (E-BOOK)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 192 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 192 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 192 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SISTEMAS DE
 INFORM 
 GERENCIAIS
www.esab.edu.br 3
 
A contabilidade tem como principal objetivo munir seus diversos 
usuários com informações que sejam úteis para o processo de 
tomada de decisões. Considerada como sendo uma das ciências 
mais antigas do mundo, primordialmente a contabilidade nasceu 
com o propósito de mensurar e controlar a riqueza de diversos 
tipos de proprietários (reis, proprietários de terras, mercadores, 
etc.) ou seja, deu-se por uma necessidade gerencial. Entretanto, 
se analisarmos todo o desenrolar histórico da contabilidade e seu 
desenvolvimento enquanto ciência, uma regularidade é enquanto, 
qual, seja, o objeto de munir os interessados de informação acerca 
do patrimônio e dos negócios. Assim, o objetivo de fornecer 
informações úteis no decorrer do processo decisório é uma máxima 
da contabilidade desde os seus primórdios e se mantem até os 
dias atuais, mesmo com toda transição civilizatória ocorrida no 
mundo.
 Após compreendermos que a contabilidade visa subsidiar 
todos os seus usuários com informações úteis no processo 
decisório, alguns questionamentos podem surgir, entre eles: quem 
são os usuários da informação contábil? Por que a informação 
contábil é útil? Quais informações a contabilidade fornece?
Para respondermos a essas perguntas, precisamos antes 
entender o ambiente organizacional no qual a contabilidade atua, 
ou seja, é indispensável a compreensão acerca das principais 
dinâmicas existentes nas firmas considerando todos os agentes 
envolvidos.
www.esab.edu.br 4
Durante muitos anos as companhias assumiram uma 
estrutura de propriedade altamente concentrada, onde as 
atribuições de gerência e propriedade estavam vinculadas a um 
único indivíduo. Nessa situação, o proprietário detinha o capital e, 
também, tomava conta de toda a empresa. A informação contábil 
era útil para mensurar o patrimônio e subsidiar a tomada de 
decisão gerencial, fornecendo informações sobre o retorno do 
capital investido, da situação financeira e patrimonial, mas isso 
sempre ligado a um controle individual ou familiar. 
Com os avanços, rupturas e evolução das estruturas sociais 
de produção, sobretudo com o surgimento das empresas industriais 
e as grandes organizações, uma nova configuração de gestão é 
requerida. Esse novo perfil de empresa requer que cada vez mais 
recursos de terceiros e, também, de demanda profissionais 
qualificados para gerir o grande volume de capital e atividades. 
Nesse cenário surge a segregação entre propriedade e gestão. 
Agora a propriedade está nas mãos de diversos detentores de 
capital (a sociedade por ações) e sua gestão, por vezes, divide-se 
entre agentes contratados para administrar as atividades ou um 
pequeno grupo de proprietários. Em qualquer uma dessas 
situações adotadas surge uma nova demanda por parte da 
contabilidade por conta da assimetria informacional proveniente 
dos potenciais conflitos de agência existentes. Agora a contabilidade 
além de informar o retorno do capital investido e da situação 
financeira e patrimonial, funciona como redutora de assimetria 
informacional entre os diversos usuários, cada qual com sua 
demanda específica. 
Com base no exposto, chegamos a conclusão de que a 
contabilidade trabalha fornecendo informações para todos os 
interessados na situação econômica-financeira-patrimonial da 
companhia, sejam eles usuários internos ou usuários externos. As 
informações contábeis são fornecidas por meio de demonstrações 
contábeis cada qual com um objetivo próprio, tema da próxima 
unidade.
www.esab.edu.br 5
A figura XX, a seguir, apresenta de forma esquematizada os 
principais Stakeholders de uma firma. 
Figura XX: Stakeholders das empresas
Assim, pode-se afirmar que a desenvolvimento de estruturas 
de demonstrações contábeis trata-se de uma empreitada dessa 
área do conhecimento em torno da organização de mecanismos 
que sejam, ao mesmo tempo, técnicos e científicos e consigam 
responder a contento às demandas por informações úteis por 
parte dos diversos usuários. Conforme definido nas Normas 
Brasileiras de Contabilidade (NBC TA 200):
Demonstrações contábeis são a representação 
estruturada de informações contábeis históricas, 
incluindo notas explicativas relacionadas, com 
a finalidade de informar os recursos econômicos 
ou obrigações da entidade em determinada 
data no tempo ou as mutações de tais recursos 
ou obrigações durante um período de tempo, 
em conformidade com a estrutura de relatório 
financeiro (CONSELHO ..., 2009).
Baseados nos objetivos expostos pelo Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis (CPC) em seu Pronunciamento 
Técnico CPC 26 (R1), podemos afirmar que a apresentação das 
demonstrações contábeis de forma padronizada, objetiva e clara 
www.esab.edu.br 6
assegura a comparabilidade tanto com as demonstrações 
contábeis de períodos anteriores da mesma entidade quanto com 
as demonstrações contábeis de outras entidades. Isso porque no 
seu desenvolvimento, as instituições legais que regem tecnicamente 
e inspiram cientificamente a contabilidade estabeleceram requisitos 
gerais para a apresentação das demonstrações contábeis, 
diretrizes para a sua estrutura e os requisitos mínimos para seu 
conteúdo.
Martins, Diniz e Miranda (2012, p. 61) lembram que:
[...] a contabilidade é um modelo que procura 
representar o que vem ocorrendo com a 
empresa, mas modelo, por definição, é uma 
aproximação (simplificação) da realidade, 
nunca a própria realidade. Sempre estará 
mostrando algo de maneira mais simplificada 
do que de fato é, e estarão sempre faltando 
informações para se entender de forma 
completa o que está ocorrendo.
As palavras dos autores chamam a atenção para a necessária 
busca incessante do desenvolvimento de uma contabilidade capaz 
de fornecer informações cada vez mais acurada sobre a realidade 
das instituições seja de natureza privada ou pública, de sociedade 
limitada ou por ações. Por exemplo, conforme exposto na 
apresentação das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC-T1), 
que trata da estrutura conceitual para a elaboração e apresentação 
das demonstrações contábeis, com o desenvolvimento da 
contabilidade é possível fornecer informação adequada para que 
usuários externos tomem decisões nos seguintes sentidos:
•	 Decidir quando comprar, manter ou vender um investimento 
em ações;
•	 Avaliar a administração quanto à responsabilidade que lhe 
tenha sido conferida, qualidade de seu desempenho e prestação 
de contas; 
•	 Avaliar a capacidade da entidade de pagar seus empregados 
e proporcionar-lhes outros benefícios; 
www.esab.edu.br 7
•	 Avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos 
financeiros emprestados à entidade; 
•	 Determinar políticas tributárias; 
•	 Determinar a distribuição de lucros e dividendos; 
•	 Preparar e usar estatísticas da renda nacional; ou 
regulamentar as atividades das entidades. 
A fim de atingir os vários objetivos expostos até aqui, no 
Brasil um conjunto completo de demonstrações contábeis deve 
conter: balanço patrimonial, demonstrações do resultado, 
demonstração das mutações do patrimônio líquido, demonstração 
dos fluxos de caixa e respectivas notas explicativas.
É o Comitê de Pronunciamento Contábeis (CPC) brasileiro 
quem fornece os subsídios normativos para que todas essas 
demonstrações sejam organizadas. Além disso, caso seja 
necessário, e com o fim de manter essa apresentação moderna e 
consonante com as normas internacionais, as estruturas podem 
sofrer alguma atualização.
Assim, um Curso de Estrutura das Demonstrações Contábeis 
busca oferecer aos alunos o conhecimento aprofundado sobre 
como a contabilidade brasileira se organiza a fim de atingir seu 
objetivo fundamental, que é o oferecimento de informação útil, 
acurada que seja útil para tomada de decisão de diversos usuários, 
com variadas demandas.www.esab.edu.br 8
 
 Antes de adentramos às minúcias do processo de 
convergência vamos refletir sobre o seguinte questionamento: Por 
que harmonizar as normas contábeis brasileiras com as normas 
internacionais? Vamos pensar em três pontos: comunicação, 
divulgação e comparabilidade. Niyama (2010) ressalta que a 
contabilidade é a principal linguagem dos negócios, e as diferenças 
internacionais na divulgação das informações financeiras dificultam 
o processo de comunicação.
Para as entidades é interessante que potenciais investidores 
externos tenham a capacidade de compreender suas 
demonstrações contábeis. Assim, uma das razões da convergência 
e da harmonização reside na possibilidade de comparar e poder 
ampliar a divulgação e comunicação das informações contábeis, 
ampliando o leque de usuários dessas informações.
Até o ano de 2008 as empresas brasileiras que tivessem 
ações listadas em bolsas de valores de outros países precisavam 
elaborar suas demonstrações com base nas normas brasileiras 
de contabilidade e nas normas dos outros país. 
Existe diferença entre harmonização e padronização? 
Segundo Niyama (2010) harmonizar é um processo que busca 
manter as particularidades de cada país, de modo a apenas 
reconciliar os sistemas contábeis com os de outros países e 
melhorar a troca de informações, ao passo que padronização se 
refere a uniformização de critérios não permitindo flexibilização.A 
figura abaixo representa essas diferenças.
www.esab.edu.br 9
Figura XX: Objetivos e características da harmonização e da 
padronização
A história da harmonização contábil começa na década de 
1930 logo após quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Após 
aquele grande crash buscou-se criar normas para a prática 
contábil, surgindo assim os Princípios Fundamentais de 
Contabilidade Geralmente Aceitos (United States Generally 
Accepted Accounting Principles – US GAAP) (SARQUIS; VOESE, 
2014). 
Em 1973 foi criado o Financial Accounting Standards Board 
(FASB). Sua criação foi permeada por apoios políticos, o que 
favoreceu a imposição de suas normas por todo o território norte-
americano (LOPES; MARTINS, 2005). Esse órgão é responsável 
pela emissão de pronunciamentos contábeis dos US GAAP. Tais 
pronunciamentos recebem o nome de SFAC (SCHIMIDT; SANTOS; 
FERNANDES, 2006). Nesse sentido, o FASB possui uma série de 
pronunciamentos emitidos. Por exemplo, o SFAC nº 1 de novembro 
de 1978 estabelece os objetivos da contabilidade para as empresas 
com finalidades lucrativas, o SFAC nº 2 de maio de 1980 apresenta 
as características qualitativas da informação contábil, o SFAC nº 6 
estabelece os elementos das demonstrações contábeis para todas 
www.esab.edu.br 10
as empresas, e assim por diante (LOPES; MARTINS, 2005). 
Em 1973 foi criado o International Accounting Standards 
Committee (IASC) com a finalidade de formular e publicar um novo 
padrão de normas contábeis que pudesse ser aceito mundialmente 
(SARQUIS; VOESE, 2014). Em 2001 o IASC sofreu uma 
abrangente reorganização e passou a ser denominado IASB. O 
IASB é uma organização internacional sem fins lucrativos que tem 
por objetivo publicar e atualizar as normas internacionais de 
contabilidade. Os pronunciamentos emitidos por esse órgão são 
denominados IFRS (International Financial Reporting Standard) 
ou Normas Internacionais de Informação Financeira. A filosofia de 
trabalho do IASB é baseada em princípios e não em regras, 
priorizando a essência sobre a forma. 
Entendidos sobre os principais órgãos internacionais de 
normas contábeis partimos para o processo de convergência das 
normas. A criação do IASB e a adoção plena dos IFRS pelas 
empresas da União Europeia listadas em bolsa de valores foram 
fatos que contribuíram fortemente para a harmonização contábil 
(IKUNO; NIYAMA; BOTELHO; SANTANA, 2012). A averiguação 
de diferentes práticas de país para país também influenciou o 
início da convergência.
A Comissão de Valores Mobiliários foi criada em 1990 e 
desde sua criação já passou a basear suas normas às do órgão 
internacional IASB (GELBCKE et al., 2018). A partir das edições 
das Leis nº 11.638 de 2007, lei nº 11.941 de 2009 foram produzidas 
novas normas contábeis aderindo a convergência completas às 
normas internacionais (GELBCKE et al., 2018). Assim, as 
alterações trazidas por essas leis na Lei nº 6.404 de 1.976 
representam o marco inicial da convergência no Brasil. 
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi criado 
em 2005 por meio da Resolução nº 1055 emitida pelo Conselho 
Federal de Contabilidade (CFC). Esse comitê é responsável por 
estudar, preparar e emitir pronunciamentos técnicos em 
www.esab.edu.br 11
convergência com os IFRS emitidos pelo IASB (NIYAMA; SILVA, 
2017). Ou seja, ele deve estudar as normas internacionais de 
contabilidade, traduzindo-as e adequando-as ao cenário brasileiro 
(COSTA, THEÓPHILO; YAKAMOTO, 2012). 
Adicionalmente torna-se oportuno abordar acerca das 
diferenças dos sistemas contábeis entre os países. Podemos 
dividir os sistemas legais dos países em basicamente dois tipos: 
Common-Law e Code-Law. O sistema common-law é de origem 
inglesa e mais baseado nos costumes, permitindo maior 
flexibilidade. Já o sistema code-law, surgido na Europa Continental 
baseia-se primariamente na lei e não permite flexibilidade. O Brasil 
já foi considerado como inteiramente code-law, todavia, com a 
convergência das normas contábeis está caminhando para um 
sistema common-law. 
A compreensão de como o arcabouço legal repercute na 
contabilidade passa pelo entendimento dos códigos de leis 
observados nos países e nos permite classificá-los em dois 
sistemas. O primeiro deles, denominado code law, evoluiu do 
direito romano e tem como caraterística o apego às normas, que 
são originadas por meio de um processo formal de criação e 
direcionam e delimitam a ação dos indivíduos a ele submetidos. 
Por outro lado, o segundo sistema de leis, chamado de 
common law, é caracterizado por ser um sistema em que a 
legislação se baseia nos costumes, usos e tradição local, e a 
aplicação das leis leva em conta o entendimento dos fatos. Nesse 
sistema a preocupação foca a particularidade da execução de 
determinada ação, em detrimento as formas envolvendo a sua 
execução.
A prática desses sistemas tem clara relação com a 
contabilidade. Em países que adotam o code law, a regulamentação 
das práticas contábeis pelo governo é muito maior, aumentando a 
rigidez dos procedimentos de reconhecimento, mensuração e 
evidenciação dos fatos contábeis. A margem de manobra para os 
www.esab.edu.br 12
profissionais é pequena, aumentando a preocupação com o 
atendimento da legislação. Assim, normas e decretos se tornam a 
base para a escrituração contábil, demonstrando uma maior 
preocupação com a forma das informações divulgadas.
Nas nações em que o sistema common law é vigente, há 
uma maior discricionariedade para o profissional contábil exercer 
o seu trabalho, uma vez que, nesses países, há uma menor 
interferência governamental e o mercado financeiro possui uma 
influência significativa na regulação da contabilidade. Nesses 
casos, o aspecto fiscalizador perde importância, pois o próprio 
interesse dos agentes do mercado na busca de uma melhor 
informação para aplicação de seus recursos faz com que os 
profissionais do setor contábil busquem a adoção de práticas que 
possam melhor traduzir a situação da organização.
 Conforme destaca Afonso (2015) como resultado, uma 
maior liberdade para agir e a necessidade de uma melhor 
evidenciação dos fatos proporciona uma maior preocupação com 
a clareza e a essência das informações contábeis.
www.esab.edu.br 13
Os números contábeis são evidenciados periodicamente aos 
diversos usuários da informação de várias maneiras, além disso, 
possuem diversas funções no processo de divulgaçãodaquilo que 
chamamos de demonstrações contábeis ou demonstrações 
financeiras. Assim, os relatórios são preparados conforme as 
necessidades dos diversos stakeholders e/ou usuários da 
informação contábil. Naturalmente, uma demonstração sobre o 
resultado anual de uma pequena empresa de serviços evidenciará 
muito menos detalhes se comparado aos disponibilizados por uma 
grande indústria, que, normalmente, tem um elevado número de 
dados contábeis a serem evidenciados, bem como diversas partes 
interessadas em seus relatórios, além de legislações ou 
normatizações específicas a serem cumpridas. 
 Dos diversos relatórios existentes na contabilidade, 
destacam-se aqueles que são obrigatórios de acordo com a 
legislação brasileira (compulsórios por exigibilidade). A seguir, 
será apresentado um apanhado desse conjunto de demonstrações 
contábeis, inclusive algumas não obrigatórias. Todavia, trata-se 
de uma apresentação sumária, cujos pormenores serão 
apresentados ao longo das unidades desse curso.
a) Balanço Patrimonial 
A informação a ser apresentada no balanço patrimonial tem 
uma prática bastante consolidada ao longo do tempo no Brasil, 
além de ser um dos mais importantes relatórios gerados pela 
www.esab.edu.br 14
contabilidade. Através dele pode-se identificar a posição patrimonial 
e financeira da empresa em determinada data, representando, 
portanto, uma posição estática (GELBCKE et al., 2018). 
 Segundo o art. 178 da Lei nº 6.404/76, as contas patrimoniais 
devem ser classificadas segundo os elementos do patrimônio que 
são registrados, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento 
e a análise da situação financeira da firma. Além disso, o CPC 26 
(R1) acrescenta que a adequação das contas patrimoniais deve 
ser julgada com base na (i) natureza e liquidez dos ativos, (ii) na 
função dos ativos na entidade, e (iii) nos montantes, natureza e 
prazo dos passivos. 
 O Balanço Patrimonial é composto por elementos básicos, 
que são os ativos, passivos e o patrimônio líquido. O QUADRO 
XX sumariza a definição desses grandes grupos de contas 
patrimoniais.
Quadro XX: Grandes grupos de contas do Balanço Patrimonial
Balanço Patrimonial
Ativo: compreende recursos 
controlados por uma entidade e 
dos quais esperam que flua 
benefícios econômicos futuros.
Passivo: compreende as exigibilidades e 
obrigações.
Patrimônio Líquido: representa a 
diferença entre o ativo e o passivo, ou 
seja, o valor líquido da empresa.
 
É possível observar pela estrutura acima que o Balanço 
Patrimonial é dividido em duas colunas: a do lado esquerdo é o 
denominado Ativo, enquanto a do lado direito passivo e patrimônio 
líquido. Essa estruturação é mera convenção, visto que há países 
em que ocorre justamente o contrário.
 A ordenação adequada e a apresentação uniforme das 
contas no Balanço patrimonial é essencial para que os usuários 
da informação tenham condições de proceder a análise e 
interpretação mais acurada da situação patrimonial e financeira 
www.esab.edu.br 15
da empresa. Nas empresas não financeiras é usual que os ativos 
não circulantes contenham ativos tangíveis, intangíveis e 
financeiros de longo prazo. Os ativos circulantes neste tipo de 
empresa são identificados como os itens que participam do ciclo 
operacional, ou seja, do capital de giro. A exceção para este critério 
ocorre quando a demonstração está baseada no critério de 
liquidez, geralmente aplicável às instituições financeiras. 
b) Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração 
do Resultado Abrangente 
De acordo com Gelbcke et al. (2018, p. 70):
 A Lei nº 6.404/76 define o conteúdo da Demonstração 
do Resultado do Exercício, que deve ser apresentada 
na forma dedutiva, com os detalhes necessários das 
receitas, despesas, ganhos e perdas e definindo 
claramente o lucro ou prejuízo líquido do exercício, 
e por ação, sem confundir-se com a conta de Lucros 
Acumulados, onde é feita a distribuição ou alocação 
do resultado. 
 Foi o CPC 26 (R1) – “Apresentação das Demonstrações 
Contábeis” que trouxe a obrigatoriedade de adoção de duas 
demonstrações: a do resultado do exercício e a do resultado 
abrangente. Conforme estabelecido nesse Pronunciamento, a 
demonstração do resultado e outros resultados abrangentes 
(demonstração do resultado abrangente) devem apresentar, além 
das seções da demonstração do resultado e de outros resultados 
abrangentes: (a) o total do resultado (do período); (b) total de 
outros resultados abrangentes; (c) resultado abrangente do 
período, sendo o total do resultado e de outros resultados 
abrangentes. 
www.esab.edu.br 16
Gelbcke et al. (2018, p. 71) chamam a atenção para o fato 
de que:
O resultado abrangente é a mutação que ocorre no 
patrimônio líquido durante um período que resulta 
de transações e outros eventos que não derivados 
de transações com os sócios na sua qualidade de 
proprietário, ou seja, é o resultado do exercício 
acrescido de ganhos ou perdas que eram 
reconhecidos direta e temporariamente na 
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. 
Para a Demonstração do Resultado Abrangente, a 
entidade pode optar por apresentá-la separadamente 
ou dentro das mutações do patrimônio líquido.
c) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e 
Demonstração de Lucros ou Prejuízos acumulados
Tratam-se de duas demonstrações que são bastante 
próximas, e por essa razão a Lei das Sociedades por Ações admite 
a divulgação de uma das duas. Todavia, é mister ressaltar que 
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido traz um 
conjunto mais completo de contas e já inclui os lucros ou prejuízos 
acumulados. Por essa razão, o CPC 26 considera apenas a 
primeira demonstração.
Com a Demonstração das mutações do patrimônio líquido, 
apresentam-se as seguintes informações:
a) Mutações globais (novas integralizações de capital, 
resultado do exercício, ajustes de exercícios anteriores, 
dividendos, ajuste de avaliação patrimonial etc.);
b) Mutações internas (incorporações de reservas ao capital, 
transferências de lucros acumulados para reservas e 
vice-versa etc.). 
www.esab.edu.br 17
d) Demonstração dos Fluxos de Caixa
O “CPC 03 (R2) - Demonstração dos Fluxos de Caixa”, que 
estabelece os requisitos necessários para a apresentação da 
demonstração dos fluxos de caixa e respectivas divulgações, 
destaca em seu objetivo que:
Informações sobre o fluxo de caixa de uma entidade 
são úteis para proporcionar aos usuários das 
demonstrações contábeis uma base para avaliar a 
capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes 
de caixa, bem como as necessidades da entidade 
de utilização desses fluxos de caixa.
 O CPC 03 (R2) também estabelece que na apresentação do 
fluxo de caixa são requeridas as seguintes unidades: a) Atividades 
operacionais: que são as principais atividades geradoras de 
receita da entidade; b) Atividades de investimento: que são as 
aquisições e vendas de ativos de longo prazo; c) Atividades de 
financiamento: que são atividades que resultam em mudanças 
no tamanho e na composição do patrimônio líquido e dos 
empréstimos da empresa. Esses itens devem ser condizentes 
com os negócios da empresa. 
Por fim, destaca o CPC 03 (R2):
A demonstração dos fluxos de caixa, quando usada 
em conjunto com as demais demonstrações 
contábeis, proporciona informações que permitem 
que os usuários avaliem as mudanças nos ativos 
líquidos da entidade, sua estrutura financeira 
(inclusive sua liquidez e solvência) e sua capacidade 
para mudar os montantes e a época de ocorrência 
dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los às mudanças 
nas circunstâncias e oportunidades. 
www.esab.edu.br 18
e) Demonstração do Valor Adicionado
De acordo com o Gelbcke et al. (2018, p. 72)
A DVA tem como objetivo principal informar o 
valorda riqueza criada pela empresa e a forma 
de sua distribuição. Não deve ser confundida 
com a Demonstração do Resultado do Exercício, 
pois esta tem suas informações voltadas quase 
exclusivamente para os sócios e acionistas, 
principalmente na apresentação do lucro líquido, 
enquanto a DVA está dirigida para a geração de 
riquezas e sua respectiva distribuição pelos 
fatores de produção (capital e trabalho) e ao 
governo.
 A obrigatoriedade dessa demonstração para as companhias 
abertas ocorreu com a promulgação da Lei nº 11.638/07, que 
atualizou a Lei das Sociedades Anônimas 6.404/76, antes desse 
ato sua divulgação era incentivada por instituições como a 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Federal de 
Contabilidade (CFC). Interessante notar que a DVA não faz parte 
das demonstrações obrigatórias previstas nas normas 
internacionais de contabilidade.
f) Balanço Social
De acordo com o Gelbcke et al. (2018, p. 80)
O Balanço Social, componente não obrigatório das 
demonstrações contábeis requeridas, tem por 
objetivo demonstrar o resultado da interação da 
empresa com o meio em que está inserida. Possui 
quatro vertentes: o Balanço Ambiental, o Balanço de 
Recursos Humanos, a Demonstração do Valor 
Adicionado e Benefícios e Contribuições à Sociedade 
em geral. 
www.esab.edu.br 19
Assim, vê-se que o balanço social exprime as 
responsabilidades assumidas pelas empresas com o fim de dar 
conta à sociedade acerca de dos usos que faz do patrimônio 
público, especialmente os recursos naturais e humanos que 
contribuem para o aumento do valor da empresa.
g) Notas Explicativas
As notas explicativas trazem informações adicionais em 
relação às outras demonstrações contábeis. Conforme o CPC 26:
As notas explicativas oferecem descrições narrativas 
ou segregações e aberturas de itens divulgados 
nessas demonstrações e informação acerca de itens 
que não se enquadram nos critérios de 
reconhecimento nas demonstrações contábeis.
De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2010, p. 6) há 
um mínimo requerido nas notas explicativas, havendo indução de 
ampliação quando forem necessários esclarecimentos acerca da 
situação patrimonial e dos resultados do exercício. No mínimo 
devem haver informações sobre a base de preparação das 
demonstrações financeiras e de práticas contábeis aplicadas.
O que se busca com as notas explicativas é que elas 
forneçam informações importantes para direcionar os trabalhos 
daquele que avalia os relatórios, detalhando, sempre que 
necessário ou possível, os grupos de contas do balanço patrimonial. 
Ainda conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2010, as notas 
explicativas podem descrever os critérios de avaliação dos 
elementos patrimoniais e das práticas contábeis adotadas, os 
ajustes dos exercícios anteriores, reavaliações, ônus sobre ativos. 
Podem ainda detalhar a composição das dívidas de longo prazo, 
do capital e dos investimentos relevantes em outras empresas, 
etc.
www.esab.edu.br 20
Outras publicações podem aparecer, dependendo do 
tamanho da empresa, de sua composição acionária, das 
obrigatoriedades requeridas por leis específicas, entre elas 
podemos citar: Relatório da Administração; Parecer do Conselho 
Fiscal; Relatório do comitê de auditoria e o Relatório dos auditores 
independentes. Esses relatórios e pareceres serão tratados ao 
longo de nosso curso.
www.esab.edu.br 21
Nesta unidade estudaremos as diretrizes, normas, 
obrigatoriedades e a evolução desses aspectos normativos na 
contabilidade. De maneira geral, a contabilidade sempre foi vista 
como cumprimento de obrigações fiscais e tributárias e o contador 
visto como emissor de guias de recolhimento de tributos. Apesar 
de essa não ser a realidade atual, há um certo fundamento para 
esses pensamentos, decorrente do fato de a contabilidade ter 
sido, ao longo dos anos, influenciada por limites e critérios fiscais, 
principalmente no que diz respeito à legislação do Imposto de 
Renda. Essa influência limitou, de certa forma, o desenvolvimento 
dos chamados princípios contábeis, uma vez que a contabilidade 
ficava por muito tempo orientada para a legislação fiscal. 
Apesar disso, já em 1976, a Lei 6.404 direcionava que a 
escrituração contábil deveria ser feita seguindo as determinações 
da referida lei e os princípios contábeis geralmente aceitos. Nesse 
sentido, caso a empresa adotasse critérios contábeis diferentes 
dos referidos na Lei das S.A. e dos princípios geralmente aceitos, 
deveria manter registros auxiliares para atender à legislação 
tributária. Isso significa que a evidenciação contábil ficaria 
desvinculada da legislação do Imposto de Renda, o que permitiria 
a elaboração das demonstrações contábeis sem prejuízo da 
declaração do Imposto de Renda e vice-versa. 
No processo de elaboração e divulgação das demonstrações 
contábeis, é mister lembrar que elas devem apresentar algumas 
www.esab.edu.br 22
características para que atinjam seus objetivos, principalmente 
seguindo as orientações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
inseridas no Pronunciamento Conceitual Básico – “Estrutura 
Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Financeiro”. Além disso, vimos que o Pronunciamento Técnico 
CPC 26 (R1) – “Apresentação das Demonstrações Contábeis” 
também atribui direcionamentos e estabelece que a organização 
que apresentar as demonstrações contábeis em conformidade 
com os Pronunciamentos, Orientações e Interpretações do CPC 
deve destacar isto de maneira explícita. Caso não seja possível 
atender a algum requisito, a entidade também deve divulgar o que 
motivou a não aplicação e quais fatores ou aspectos não foram 
cumpridos. 
Lembremos que grande parte da obrigatoriedade da 
contabilidade se refere à Lei das S.A. Segundo a Lei 6.404/76, 
alterada pela Lei 11.638/2007, as empresas S.A abertas ou 
fechadas estão obrigadas a publicar: 
I. balanço patrimonial; 
II. demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; 
III. demonstração do resultado do exercício; e 
IV. demonstração dos fluxos de caixa; e ainda 
V. se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.
Além disso, de maneira complementar às demonstrações 
contábeis, as empresas devem fazer uso de Notas Explicativas e 
outros quadros analíticos ou demonstrações que possam ser 
necessárias para se atingir os propósitos de divulgação e 
informação da situação da entidade. 
Apesar disso, a mesma lei apresenta algumas exceções 
quanto às companhias fechadas: 
a) A companhia fechada com menos de vinte acionistas e 
patrimônio líquido inferior a um milhão de reais não está obrigada 
www.esab.edu.br 23
a publicar suas demonstrações financeiras desde que elas sejam 
arquivadas na Junta Comercial.
b) A companhia fechada, com patrimônio líquido inferior a 
dois milhões de reais, não está obrigada a elaborar e publicar a 
demonstração dos fluxos de caixa.
Já as Pequenas e Médias Empresas (PME’s) podem 
adotar, por opção, a NBC TG 1000 - Contabilidade para Pequenas 
e Médias Empresas. Segundo a NBC TG 1000, o conjunto de 
demonstrações contábeis completo dessas entidades deve conter:
(a) balanço patrimonial ao final do período;
(b) demonstração do resultado do período de divulgação;
(c) demonstração do resultado abrangente do período de 
divulgação;
(d) demonstração das mutações do patrimônio líquido para 
o período de divulgação;
(e) demonstração dos fluxos de caixa para o período de di-
vulgação;
(f) notas explicativas, compreendendo o resumo das políti-
cas contábeis significativas e outras informações explanatórias.
A norma destaca ainda que caso as únicas alterações do 
patrimônio líquido forem derivadas do resultado, da distribuição 
de lucro, da correção de erros de períodos anteriores e de 
mudanças de políticas contábeis, a entidade podeapresentar a 
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados em substituição 
à demonstração do resultado abrangente e da demonstração das 
mutações do patrimônio líquido.
Dessa forma, seguindo as normatizações, destaca-se a 
importância da criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, 
que surge principalmente da necessidade de termos uma única 
normatização contábil no Brasil, com mecanismos de aprovação 
www.esab.edu.br 24
legal, mas não limitada por esse vínculo, e caminhando rumo a 
uma única Contabilidade mundial. Assim, o CFC – Conselho 
Federal de Contabilidade emitiu a Resolução nº 1.055/05, que cria 
o comitê, o qual, apesar de estar suportado pelo CFC, possui 
independência em suas deliberações – Pronunciamentos Técnicos, 
Interpretações e Orientações.
Gelbcke et al. (2018) destacam que o modelo proposto pelo 
Comitê brasileiro possui resultados ao passo em que se juntam os 
preparadores da informação contábil, os auditores independentes, 
os analistas e usuários, os intermediários e a academia para 
produzir uma única norma. 
Ressalta-se que no Brasil, a Constituição Federal impede 
que órgãos governamentais deleguem funções a outras instituições, 
o que impossibilita que o Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
emita resoluções. Assim, o trâmite adotado no Brasil é o seguinte: 
o CPC emite seu Pronunciamento Técnico, após discussão com 
as entidades envolvidas e audiência pública; posteriormente, tem-
se o órgão público ou mesmo privado emitindo sua própria 
resolução, acatando e determinando o seguimento desse 
Pronunciamento do CPC. Somente a partir daí é que fica o 
Pronunciamento transformado em norma a ser seguida pelas 
entidades que estiverem subordinadas aos respectivos órgãos 
que emitiram as resoluções.
Como já comentado, o CPC emite Pronunciamentos 
Técnicos, Interpretações Técnicas e Orientações, as duas últimas 
para auxiliar no entendimento dos procedimentos e dar 
direcionamentos. Apresentamos a seguir uma lista dos 
Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo Comitê:
•	 Pronunciamentos Técnicos:
o CPC “00” – Pronunciamento Conceitual Básico (R1) – 
Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de 
Relatório Contábil-Financeiro
www.esab.edu.br 25
o CPC 01 (R1) – Redução ao Valor Recuperável de 
Ativos
o CPC 02 (R2) – Efeitos das Mudanças nas Taxas de 
Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis
o CPC 03 (R2) – Demonstração dos Fluxos de Caixa
o CPC 04 (R1) – Ativo Intangível
o CPC 05 (R1) – Divulgação sobre Partes Relacionadas
o CPC 06 (R2) – Operações de Arrendamento Mercantil
o CPC 07 (R1) – Subvenção e Assistência Governamentais
o CPC 08 (R1) – Custos de Transação e Prêmios na 
Emissão de Títulos e Valores Mobiliários
o CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado” CPC 10 
(R1) – “Pagamento Baseado em Ações
o CPC 11 – Contratos de Seguro
o CPC 12 – Ajuste a Valor Presente
o CPC 13 – Adoção inicial da Lei n o 11.638/07 e da 
Medida Provisória n o 449/08 (válido só para 2008).
o CPC 14 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, 
Mensuração e Evidenciação
o CPC 15 (R1) – Combinação de Negócios
o CPC 16 (R1) – Estoques
o CPC 17 (R1) – Contratos de Construção
o CPC 18 (R2) – Investimento em Coligada, em 
Controlada e em Empreendimento Controlado em 
Conjunto
o CPC 19 (R2) – Negócios em Conjunto
o CPC 20 (R1) – Custos de Empréstimos
o CPC 21 (R1) – Demonstração Intermediária
o CPC 22 – Informações por Segmento
o CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa 
e Retificação de Erro
o CPC 24 – Evento Subsequente
www.esab.edu.br 26
o CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos 
Contingentes
o CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações 
Contábeis
o CPC 27 – Ativo Imobilizado
o CPC 28 – Propriedade para Investimento
o CPC 29 – Ativo Biológico e Produto Agrícola
o CPC 30 (R1) – Receitas. Revogado a partir de 
1º/01/2018
o CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e 
Operação Descontinuada
o CPC 32 – Tributos sobre o Lucro
o CPC 33 (R1) – Benefícios a Empregados
o CPC 35 (R2) – Demonstrações Separadas
o CPC 36 (R3) – Demonstrações Consolidadas
o CPC 37 (R1) – Adoção Inicial das Normas Internacionais 
de Contabilidade
o CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento 
e Mensuração. Revogado a partir de 1º/01/2018.
o CPC 39 – Instrumentos Financeiros: Apresentação. 
o CPC 40 (R1) – Instrumentos Financeiros: Evidenciação
o CPC 41 – Resultado por Ação
o CPC 42 - Contabilidade em Economia Hiperinflacionária
o CPC 43 (R1) – Adoção inicial dos Pronunciamentos 
Técnicos CPC 15 a 41
o CPC 44 – Demonstrações Combinadas
o CPC 45 – Divulgação de Participações em Outras 
Entidades
o CPC 46 – Mensuração do Valor Justo
o CPC 47 – Receita de Contrato com Cliente
o CPC 48 – Instrumentos Financeiros
www.esab.edu.br 27
o Pronunciamento Técnico PME – Contabilidade para 
Pequenas e Médias Empresas
Como visto na lista anterior, um pronunciamento “CPC” 
pode, além de ser substituído por outro, sofrer algumas alterações 
e revisões, a fim de se adequar às novas normas, melhorar o 
conteúdo das informações ou modificar o escopo de abrangência, 
por exemplo. 
Gelbcke et al. (2018) destacam ainda, como aspectos 
normativos da contabilidade e da sua independência, a 
Promulgação das Leis nos 11.638/07, 11.941/09 (MP nos 449/08) e 
12.973/14. Segundo os autores, a partir da promulgação dessas 
legislações, passa a ser possível praticar a Contabilidade no Brasil 
sem influências diretas ou indiretas dos aspectos de natureza 
fiscal. Desde a vigência das legislações aqui comentadas, passam 
a exercer juntas as normas contábeis e as normas fiscais, mas de 
maneira independente. Outro aspecto destacado pelos autores 
são as principais consequências da adoção das normas 
internacionais, que trazem impactos na obrigatoriedade das 
divulgações, mensurações, evidenciações das informações 
contábeis. Algumas dessas características básicas são: 
contabilidade baseada mais em princípios do que regras; 
prevalência da essência sobre a forma; importância de controle, 
obtenção de benefícios e ocorrência de riscos do que da própria 
propriedade jurídica de elementos patrimoniais; e contabilidade 
para todos os usuários e não somente para o contador. 
Por fim, cabe ressaltar que esta unidade se centrou no 
estabelecimento de questões legais e/ou normativas sobre a 
contabilidade, para a compreensão da relevância das legislações 
para a construção do conhecimento contábil. Embora a presente 
unidade não tenha intuito de esgotar toda a legislação pertinente, 
as principais características e aspectos legais foram tratados, as 
quais são fundamentais para aqueles que buscam se lançar no 
mundo da ciência e da prática contábil.
www.esab.edu.br 28
 
 Conforme aprendemos na unidade anterior, apesar de toda 
transição civilizatória ocorrida no mundo, a contabilidade manteve 
inalterada sua máxima de fornecer informações úteis para processo 
decisório de seus diversos usuários. Vimos, também, que para 
atingir seu fim, a contabilidade se vale de uma série de 
demonstrações, cada qual com uma finalidade específica (assunto 
que abordaremos em unidades posteriores). 
Entretanto, um possível questionamento pode surgir a partir 
da afirmação de que a contabilidade visa fornecer informações 
úteis para o processo de tomada de decisão de seus diversos 
usuários, qual seja: o que torna a informação contábil-financeira 
útil?
 Para que tal questionamento seja respondido, precisamos 
abordar sobre os “princípios” que sustentam a contabilidade. 
Colocamos a palavra princípios entre aspas, por conta da 
revogação da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade 
(CFC) nº 750/1993, que versava sobre os Princípios Fundamentais 
da Contabilidade. A resolução foi revogada a favor da adoção 
efetiva da Resolução nº 1.374/2011 – “NBC TG Conceitualpara 
Elaboração de Relatório Financeiro”. Embora não exista mais no 
ordenamento jurídico uma norma que estabeleça explicitamente 
os Princípios Fundamentais da Contabilidade, a contabilidade 
permanece embasada em princípios, pois eles são os pilares 
básicos de sustentação de qualquer campo do saber. Enquanto 
www.esab.edu.br 29
Ciência Social Aplicada que se constitui, na contabilidade não 
seria diferente. Portanto, os princípios contábeis foram revogados, 
mas sua essência permanece implícita nas normas e técnicas 
contábeis. Ao longo desse curso vamos utilizar o termo princípios, 
mas lembrem-se que estaremos sempre nos referindo aos 
princípios gerais da contabilidade, e não a normas especificas. 
 A Resolução do CFC nº 1.374/2011 - NBC TG ESTRUTURA 
CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para Elaboração e 
Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro, conforme destaca 
Pena (2008) é utilizada atualmente como fonte dos conceitos 
básicos e fundamentais a serem adotados na elaboração e na 
interpretação dos pronunciamentos técnicos emitidos pelo CPC, 
bem como na preparação e utilização das demonstrações 
contábeis das entidades comerciais, industriais e outras.
Dessa maneira, a estrutura conceitual recepciona as 
características essenciais para que a contabilidade alcance seu 
objetivo de prover informações uteis no processo de tomada de 
decisões de seus usuários, dessa maneira, são elas: características 
qualitativas fundamentais e as características qualitativas de 
melhorias. 
As características qualitativas fundamentais, conforme o 
próprio nome sugere, são indispensáveis quando da elaboração 
das demonstrações contábeis. A estrutura conceitual considera 
como características fundamentais, a relevância e a representação 
fidedigna. Já as características de melhoria, embora importantes, 
exercem papel complementar: comparabilidade, verificabilidade, 
tempestividade, compreensibilidade.
A informação contábil é relevante se for capaz de afetar a 
tomada de decisão dos usuários. Por exemplo, imagine a situação 
em que um investidor pretende aportar seu capital nos ativos da 
companhia XVI. Esse investidor recorre às demonstrações 
contábeis como fonte de informação e, após uma minuciosa 
www.esab.edu.br 30
análise, decide alocar seus recursos na empresa. Alguns meses 
após o aporte, o mesmo investidor descobre, por meio de portais 
de notícias, que a companhia XVI terá seus contratos de concessão 
revogados. Se essa informação tivesse sido evidenciada nas 
notas explicativas da companhia, por exemplo, a decisão de 
investir provavelmente seria outra. Portanto, informação relevante 
deve ter o poder de alterar a tomada de decisão do usuário das 
demonstrações. Além disso, mesmo que o usuário decida não 
utilizar a informação, ela permanece sendo relevante se tiver o 
potencial de alterar decisões. 
Ainda sobre a relevância da informação contábil-financeira, 
a estrutura conceitual menciona que ela é capaz de fazer diferença 
se possuir: valor preditivo e valor confirmatório. O valor 
preditivo diz respeito ao potencial que a informação tem de servir 
como preditor de resultados futuro. Já o valor confirmatório diz 
respeito a capacidade que a informação possui de confirmar a 
projeção realizada anteriormente com base na informação. Por 
fim, tem-se a materialidade, um importantíssimo atributo da 
informação relevante, que diz respeito a natureza e/ou a magnitude 
dos itens os quais a informação está relacionada. O que é material 
para um usuário pode não ser material para outro. Um critério 
para decidir se a informação possui materialidade é definir se sua 
omissão e/ou distorção afeta ou não a decisão do usuário.
A segunda característica qualitativa fundamental é a 
representação fidedigna. A informação contábil para ser útil no 
processo de tomada de decisões não basta representar fenômenos 
relevantes, ela precisa representar com fidedignidade tais 
fenômenos econômicos. Dessa maneira, para que o fenômeno 
seja reportado com um elevado grau de fidedignidade, é preciso 
que seja completa, neutra e livre de erro. Uma representação 
completa é aquela que abrange o necessário para que a 
compressão do fenômeno reportado seja compreendida pelo 
www.esab.edu.br 31
usuário da informação. O atributo de neutralidade diz respeito a 
inexistência de vieses e distorções na apresentação das 
informações, assim, a representação neutra não recebe qualquer 
tipo de manipulação. O atributo livre de erros não tem o objetivo 
de atingir a perfeição, pois reconhece as limitações humanas. 
Dizer que a representação é livre de erros significa que o 
profissional responsável por reportá-la adotou os melhores 
métodos possíveis. 
Quadro XX - Processo para aplicação das características 
qualitativas fundamentais 
Primeiro passo Segundo passo Terceiro passo
Identificar o fenômeno 
e c o n ô m i c o 
potencialmente útil para 
os usuários da informação
Identificar o tipo de 
informação sobre o fenômeno 
que seria mais relevante se 
estivesse disponível.
Determinar se a informação 
está disponível e pode ser 
representada com 
fidedignidade.
Exemplo: descoberta de 
um poço de petróleo. 
Exemplo: data provável do 
início da exploração 
econômica. 
Exemplo: estimativas sobre a 
quantidade e valor dos bens 
exploráveis. 
Fonte: Marques (2014, p. 33), adaptado.
A informação que é relevante e fidedigna pode ter sua 
utilidade aperfeiçoada com a introdução das características 
qualitativas de melhoria: comparabilidade, verificabilidade, 
tempestividade e compreensibilidade.
Os usuários da informação contábil muitas vezes se 
encontram em situação de escolha como, por exemplo, investir ou 
não em uma companhia em detrimento de outra. Consequentemente, 
a informação terá mais utilidade, para esse usuário, se permitir a 
comparabilidade dos itens similares reportados entre as 
companhias, ou se possibilitar a comparação entre diferentes 
períodos dos itens da mesma companhia (para acompanhar a 
evolução histórica do desempenho, por exemplo). Para que a 
comparabilidade possa atingir seu fim, ela utiliza a consistência 
como meio. Consistência diz respeito a utilização dos mesmos 
métodos para os mesmos itens, de um período para o outro. 
www.esab.edu.br 32
Entretanto, vale ressaltar que, se determinada prática contábil for 
modificada entre um período e outro, a consistência deve ser 
abandonada em prol da necessidade da informação relevante e, 
sobretudo, fidedigna. Por fim, para que a comparabilidade ocorra, 
coisas iguais necessitam parecer iguais, e o inverso também é 
verdadeiro.
A verificabilidade garante aos usuários a fidedignidade da 
informação ao proporcionar que diferentes observadores possam 
chegar a um consenso quanto ao retrato de uma realidade 
econômica. A verificação pode ser direta ou indireta. Um exemplo 
de verificação direta é a contagem do saldo em caixa; na verificação 
indireta tem-se a contagem dos estoques por meio dos valores 
registrados nas contas de controle. 
Já a tempestividade diz respeito a informação oportuna 
reportada em tempo hábil. Informação para ser útil, necessita ser 
relevante e, informação relevante precisa observar o tempo hábil 
em que o usuário utilizará. De nada, ou pouco adianta, uma 
informação com potencial de ser útil se é reportada tempos após 
a decisão ser tomada. Portanto, faz-se necessário uma agilidade 
ao divulgar a informação contábil, entretanto, essa agilidade não 
pode comprometer a realidade do evento divulgado. 
Por fim, temos a compreensibilidade. Uma informação 
compreensível é aquela que classifica, caracteriza e apresenta a 
informação contábil-financeira com observância a clareza e a 
concisão. Entretanto, a característica da compreensibilidade não 
significa que uma informação complexa deva ser omitidapor conta 
da potencial dificuldade que seus usuários possam enfrentar para 
entendê-la. Nessa situação, cabe ao usuário buscar meios para 
compreender, pois os relatórios provenientes da contabilidade são 
elaborados partindo do pressuposto de que o usuário de sua 
informação tenha conhecimentos prévios e razoáveis de negócios 
em geral e das atividades nas quais pretende analisar. Excluir a 
www.esab.edu.br 33
informação não é uma alternativa viável, pois acarretaria 
potencialmente a perda da fidedignidade, por conta das distorções 
ocasionadas com a omissão ou exclusão.
A figura xxx apresenta um resumo esquematizado das 
características qualitativas da informação contábil que 
apresentamos na presente unidade.
Vale ressaltar que as características qualitativas seguem 
uma ordem hierárquica. De nada adianta uma informação 
tempestiva que não representa com fidedignidade determinado 
fenômeno econômico, por exemplo. Além disso, uma questão 
importante a ser considerada pelos profissionais responsáveis 
pela elaboração das demonstrações contábeis, diz respeito a 
necessidade de ponderação entre custos e os benefícios de 
reportar a informação contábil-financeira. Com base na existência 
de restrição de custos quando na elaboração, os profissionais 
devem avaliar se o custo de gerar a informação é compensada 
por seus benefícios. 
A presente unidade teve como objetivo apresentar as 
características que tornam as informações reportadas pela 
www.esab.edu.br 34
contabilidade útil. Vimos que para a informação ser útil no processo 
de tomada de decisões, ela precisa observar as características 
qualitativas fundamentais e de melhoria presentes na Estrutura 
Conceitual. 
www.esab.edu.br 35
 
 Na presente unidade vamos estudar o Balanço Patrimonial, 
considerado por muitos estudiosos como sendo um dos mais 
importantes demonstrativos contábeis existentes. O Balanço 
Patrimonial (BP) tem como objetivo evidenciar a situação 
patrimonial e financeira da empresa em determinado período, 
representando, assim, a situação estática da organização. 
Explicações a respeito da origem terminológica da expressão 
Balanço Patrimonial são dadas por Iudícibus (2017). Segundo o 
autor, a expressão balanço surge a partir da idealização de uma 
balança formada por dois pratos que sempre estão em situação 
de igualdade. Já a expressão Patrimonial deriva do patrimônio 
organizacional, ou seja, agrupamento dos bens, direitos e 
obrigações. Dessa maneira, o Balanço Patrimonial é a 
esquematização patrimonial da empresa, que representa o 
equilíbrio e igualdade patrimonial em determinado período. 
Quanto a sua composição, esta se dá por meio de três elementos, 
são eles: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. 
Grosso modo, podemos conceituar o Ativo como sendo o 
conjunto de Bens e Direitos da organização. Já o Passivo 
compreende o conjunto de obrigações da organização com 
terceiros, e, por fim, o Patrimônio líquido. O Patrimônio Líquido é 
a equação contábil, obtido através da subtração do Ativo e o 
Passivo. 
www.esab.edu.br 36
Esquematização dos elementos dos elementos patrimoniais 
dispostos no BP.
Segundo o artigo 178 da Lei nº 6.404/76, o BP é estruturado 
com vistas a “(...) a facilitar o conhecimento e a análise da situação 
financeira da companhia”. Portanto, o BP segue uma estrutura 
lógica para que seu objetivo possa ser alcançado. A Lei nº 6.404/76, 
por meio dos artigos 178 a 182, apresentam uma série de 
determinações a serem seguidas relacionadas a estrutura do BP.
Ainda conforme art. 178 da referida legislação, as contas 
pertencentes ao Ativo devem ser dispostas de forma decrescente 
ordenadas conforme ao seu grau de liquidez, e subdivididas em 
dois grupos: Ativo Circulante e Ativo não Circulante. O ativo 
circulante é representado pelas contas cujo vencimento ocorrem 
no curto prazo, enquanto o ativo não circulante engloba as contas 
com liquidez no longo prazo. A lei nº 6.404/76 define também o 
curto prazo como sendo o período transcorrido entre a data do 
balanço e o término do exercício social subsequente. Já o longo 
prazo abrange todo o período posterior ao encerramento do 
exercício social subsequente. Como exemplo, podemos citar 
contas a receber de clientes e os empréstimos concedidos à 
terceiros.
 As contas a receber representam valores decorrentes de 
venda ou prestação de serviços com recebimento a ser efetivado 
no futuro. O montante dessa conta deverá ser liquidado, ou seja, 
www.esab.edu.br 37
os clientes deverão pagar o valor devido antes que o exercício 
social, do qual o BP se refere, seja finalizado. Já os empréstimos 
concedidos serão alocados no ativo não circulante desde que o 
prazo para o seu recebimento ocorra em um período posterior ao 
encerramento do exercício social futuro. Geralmente, esse tipo de 
empréstimo é concedido a empresas do mesmo grupo econômico 
ou a sócios da companhia. Portanto, sua liquidação tende a ter um 
prazo superior ao praticado nas demais modalidades.
Em relação ao passivo, as contas também deverão ser 
classificadas conforme a mesma lógica apresentada de curto e 
longo prazo, representadas por passivo circulante e passivo não 
circulante e, adicionalmente, em patrimônio líquido. O que muda 
na classificação das contas do Passivo é que a ordem decrescente 
considerará a ordem de exigibilidade de pagamento, ou seja, 
contas que tenham pagamento prioritário. Como exemplo de 
contas com alto grau de exigibilidade, podemos citar o montante 
referente a verbas trabalhistas devidas a funcionários da 
companhia. 
Vale ressaltar que na literatura encontramos definições para 
o curto prazo como sendo os 12 meses transcorridos até a data do 
balanço, e o longo prazo os 12 meses após a data do balanço. Tal 
definição não está incorreta, mas está sujeita a limitações por 
conta das especificidades relacionadas às atividades das 
empresas. A depender do ciclo operacional de cada companhia, 
a noção de curto prazo e longo prazo pode alterar-se, não sendo 
comum à todas empresas.
A FIGURA XX, evidenciada a seguir, é a representação geral 
da estrutura do Balanço Patrimonial conforme a Lei nº 6.404/76, 
comum a todas companhias.
www.esab.edu.br 38
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Passivo não-circulante
Ativo não-circulante Patrimônio Líquido
Realizável a Longo Prazo Capital Social
Investimentos Reservas de Capital
Imobilizado Ajustes de Avaliação Patrimonial 
Intangível Reserva de Lucros
Ações em Tesouraria
Prejuízos Acumulados
Conforme podemos observar, o BP é estruturado dividindo 
seus elementos (ativo, passivo, patrimônio líquido) em grupos 
pré-determinados, cada conta deverá seguir uma lógica para se 
classificar nos respectivos grupos. A lei 6.404/76, em seus artigos 
179 e 182, discorre de forma geral sobre a essência de classificação 
a ser considerada em cada grupo do BP.
 No ativo circulante, serão classificadas as contas que 
representem a disponibilidade de recursos da companhia (em 
caixa ou equivalentes); os direitos de recebíveis que serão 
exercidos ou os recursos que serão consumidos no desenrolar do 
ciclo operacional; os bens mantidos com a intenção de serem 
vendidos. Além disso, as parcelas das despesas antecipadas que 
vençam dentro do curto prazo, também serão classificadas no 
ativo circulante. Como exemplo de contas mais usuais do ativo 
circulante, temos os estoques mantidos pra venda e/ou consumo; 
os investimentos em instrumentos financeiros de liquidez imediata, 
entre outros.
 O ativo não circulante, é subdividido em quatro grupos, 
sejam eles: realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e 
intangível. De forma geral, podemos dizer que o ativo não 
circulante representa as contas que atendem ao conceito de longo 
prazo, apresentado anteriormente na presente unidade.www.esab.edu.br 39
No ativo realizável a longo prazo, são classificadas as 
parcelas referentes a direitos a receber que excedam o conceito 
de curto prazo (saldos de contas a receber de clientes, por 
exemplo), os empréstimos ou adiantamentos concedidos à 
companhias do mesmo grupo (coligadas ou controladas), e aos 
acionistas, executivos e outros diretores, desde que não represente 
atividade usual da empresa. Como exemplo, podemos citar o 
empréstimo concedido à uma organização que faça parte do 
mesmo grupo de uma companhia que tenha como atividade 
principal a venda de equipamentos hospitalares. Realizar 
empréstimos não elenca o rol das atividades da empresa que 
concedeu o montante, portanto, o valor deverá ser classificado no 
ativo realizável a longo prazo, independentemente da data que 
conste na cláusula do contrato de empréstimo. 
No subgrupo de investimentos, devemos classificar os 
direitos que a companhia possui, desde que estes não se 
enquadrem nos requisitos do ativo circulante, e não tenham como 
objetivo a manutenção da atividade da empresa. Ou seja, o bem 
ou direito classificado como investimento não deve ser utilizado 
para geração de recursos futuros relacionados com a atividade 
que a empresa exerce. A título de exemplo, podemos citar uma 
obra de arte avaliada em milhões de reais. Se a empresa em 
questão não tiver como atividade principal a venda de quadros 
artísticos, este bem deve ser considerado um investimento. Em 
contrapartida, se a empresa tem como atividade principal a venda 
de quadros artísticos, o mesmo deverá compor a conta de estoques 
mantidos para vendas, no ativo circulante, pois constitui uma 
atividade usual da empresa. 
Em síntese, devemos elencar no subgrupo investimentos 
todos os itens que propiciem benefícios futuros para as empresas, 
mas que não sejam produtos por elas vendidos, ou serviços 
prestados, no decorrer das atividades usuais. Como exemplo, 
www.esab.edu.br 40
temos as participações acionárias em outras empresas, desde 
que não seja para fins especulativos, ou seja, o investimento 
deverá ter caráter permanente com vistas a obtenção de controle 
acionário ou até mesmo como fonte de renda permanente. É neste 
subgrupo que elencamos as participações nas empresas 
controladas e coligadas.
No ativo imobilizado, devemos classificar os bens que 
tenham relação com a manutenção da atividade da empresa. Um 
exemplo para isso são os veículos usados para fazer entregas. 
Este bem em questão é essencial para a realização das atividades 
da empresa, portanto, elenca o ativo imobilizado. Outro exemplo 
são os imóveis utilizados como sede da empresa ou alojamentos 
para seus funcionários que, embora não tenham uma relação 
direta com a atividade fim, são essenciais para realização de tal.
 
Por fim, temos o intangível, que é representado por direitos 
ou bens incorpóreos da companhia relacionados à manutenção 
de suas operações. Nesse caso destacam-se as marcas que a 
empresa detém, o licenciamento para utilização de softwares, as 
patentes, etc. a grande característica do intangível é que os bens 
e direitos são incorpóreos. 
Em relação ao passivo, este deverá ser segregado em curto 
e longo prazo. Destina-se ao passivo as obrigações assumidas 
pela empresa seguindo a mesma lógica utilizada no ativo quanto 
ao curto e longo prazo. O passivo não tem um grupo de contas 
predeterminados como o grande grupo do ativo, aqui as contas 
são elencadas conforme o grau de exigibilidade. 
Por fim, temos o patrimônio líquido, que é constituído pelas 
seguintes contas: Capital Social, Reservas de Capital, Ajuste de 
Avaliação Patrimonial, Reserva de Lucros, Ações em Tesouraria e 
Prejuízos Acumulados.
Em unidades posteriores vamos abordar cada elemento do 
BP de maneira detalhada, bem como suas principais contas. 
www.esab.edu.br 41
 
 Neste capítulo começaremos a estudar mais detalhadamente 
as contas que compõem o Balanço Patrimonial. O primeiro 
conjunto de contas a ser estudado, conforme visto no capítulo 
anterior, será o Ativo. Aparentemente, a conceituação de Ativo 
pode ser bastante simples, presente no cotidiano da maior parte 
das pessoas, mas será que de fato sabemos o que representa um 
Ativo?
Alguns autores ressaltam a importância da definição e 
discussão sobre as definições de ativo. Segundo Gelbcke et al. 
(2018) a discussão conceitual tem relação direta com a prática, 
apesar de, às vezes, ser confundida como “diversão teórica e 
filosófica”. Já para Iudícibus (2009) a definição de ativo e sua 
mensuração envolve a diversidade das transações possíveis 
dentro da rotina de uma empresa. Hendriksen e Van Breda (1999) 
também exploram essa necessidade em definir os ativos, uma vez 
que essa conceituação é capaz de trazer direcionamentos 
adequados para o desenvolvimento da área contábil. 
Gelbcke et al. (2018) destacam que três etapas são 
importantes no processo contábil, que seriam a identificação, a 
mensuração e o registro e a divulgação. A identificação parte da 
ocorrência dos fenômenos que afetam o patrimônio de uma 
entidade. Para este caso, que é a primeira etapa do processo 
contábil, se enquadra o conceito e definição de ativo. 
O conceito de ativo tem apresentado mudanças ao longo 
dos anos, apesar de alguns componentes patrimoniais do conceito 
www.esab.edu.br 42
ainda continuarem sendo utilizados, como é o caso da noção de 
propriedade, recursos, controle, dentre outros. 
Gelbcke et al. (2018) representa por meio do gráfico a seguir, 
quais as principais características e conceitos relacionados aos 
ativos ao longo dos anos, além da evolução pela qual passou com 
o desenvolvimento da contabilidade. Os autores ressaltam que as 
palavras destacadas na figura representam características 
essenciais que foram apresentadas por autores ao longo dos 
anos. 
Fonte: Gelbcke et al. (2018).
De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis 
em seu pronunciamento que versa sobre a Estrutura Conceitual 
(CPC 00 R1, 2011), no item 4.4, define-se ativo como “[...]um 
recurso controlado pela entidade como resultado de eventos 
passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios 
econômicos para a entidade”. Dessa forma, observam-se, no 
conceito de ativo, três aspectos importantes para sua definição, 
ou três características essenciais: a) suas contas devem gerar um 
provável benefício futuro, envolvendo capacidade de contribuir na 
geração de fluxos de caixa futuro; b) a empresa deve possuir o 
www.esab.edu.br 43
controle desse ativo; e c) as transações que o originaram devem 
já ter ocorrido. 
A esperança de geração de futuros benefícios econômicos 
significa que ao ativo deve estar incorporado sua capacidade em 
gerar fluxos de caixa futuros para a entidade, podendo ser ocorridos 
de diversas maneiras, segundo o CPC 00 R1 (2011). Assim, o 
ativo pode ser usado, por exemplo: na produção de bens ou 
serviços a serem vendidos na entidade; trocado por outros ativos; 
usado para liquidar um passivo; ou distribuído aos proprietários da 
entidade. 
A característica do controle ressalta que o direito de 
propriedade não é essencial. Iudícibus (2009) destaca que as 
duas características mais essenciais de um ativo seriam a geração 
de benefícios econômicos e o controle pela entidade, e reforça 
que a conceituação de ativo é importante e relevante e, inclusive, 
se confunde com a própria essência e com o objetivo da 
contabilidade. 
Já o fato de ser gerado de eventos passados revela que o 
ativo decorre de uma transação passada, o que não significa o 
pagamento pela entidade. Essa obtenção de ativos por meio de 
eventos passados geralmente ocorre pela compra ou fabricação 
dos ativos, mas outras transações também podem gerar ativos. 
Agora que já definimos o que é ativo e quais são suas 
características essenciais, é importante também entenderque os 
valores de ativo que aparecem no balanço patrimonial passam por 
um processo de mensuração e reconhecimento.
Hendriksen & Van Breda (1999, p. 303) destacam que 
“mensurar é atribuir uma quantidade numérica a uma característica 
ou a um atributo de algum objeto, como um ativo, ou de uma 
atividade, como a de produção”. Pelo CPC 00 R1 (2011, item 
4.54), a mensuração envolve determinar os valores dos elementos 
das demonstrações contábeis a serem reconhecidos no balanço 
patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício. Ainda 
www.esab.edu.br 44
segundo o CPC 00 R1 (2011), esse processo envolve a seleção 
de uma base específica para atribuir estes valores. 
Nesse sentido, além da dificuldade de definir ativo e os 
debates referentes a essa conceituação, existe também a 
dificuldade em determinar qual seria a melhor forma ou a melhor 
base para se mensurar um ativo. 
Seguindo em frente, com relação aos valores de entrada 
destacam-se as seguintes bases de mensuração, conforme 
Gelbcke et al. (2018): 
Custo histórico: sacrifício ocorrido no passado quando 
houve a transação. Essa base se configura como útil principalmente 
pela sua objetividade e por não necessitar de juízos de valor. 
Sendo assim, o que determina o valor de um elemento nessa base 
são as evidências da transação que o originou. 
Custo histórico corrigido: parte do pressuposto do custo 
histórico, porém com correções ou atualizações dos valores pelos 
dados de inflação, o que melhoraria a comparabilidade entre 
informações contábeis. 
Custo corrente: essa base se refere ao preço de troca para 
se obter na data presente um mesmo ativo ou um ativo equivalente 
ao registrado. 
Valor justo: é uma base variante do custo corrente. É 
considerada importante por prover ao usuário informações mais 
apropriadas sobre as condições econômicas de uma entidade, 
dependendo da situação e disponibilidade do mercado em que o 
ativo é negociado. Segundo o CPC 46 – “Mensuração do Valor 
Justo”, o objetivo da mensuração a valor justo é “estimar o preço 
pelo qual uma transação não forçada para vender o ativo ou para 
transferir o passivo ocorreria entre participantes do mercado na 
data de mensuração sob condições correntes de mercado”.
Valores líquidos realizáveis: se refere ao preço corrente 
menos o valor corrente dos custos e despesas para efetuar a 
transação. 
www.esab.edu.br 45
Já com relação às bases de mensuração para saída, as 
mais relevantes, segundo Gelbcke et al. (2018), são:
Equivalentes correntes de caixa: montante de caixa a ser 
obtido com a venda de um ativo em condições reais de negociação, 
podendo ser cotados por preços reais de mercado, por bens 
semelhantes. 
Valores de liquidação: envolve uma venda forçada de um 
ativo, geralmente abaixo dos valores de custos, o que ocorre 
principalmente devido a necessidade de venda de ativo. 
Valores descontados de fluxos de caixa ou capacidade 
de geração de serviços futuros: representa o valor descontado 
no momento presente pelos valores totais a serem recebidos no 
futuro. 
Agora que vimos as principais bases de mensuração de 
ativos, tanto a valores de entrada quanto a valores de saída, 
vamos ver o que o CPC 00 R1 (2011) nos retrata sobre o 
reconhecimento dos ativos, conforme segue a íntegra a seguir:
“4.44. Um ativo deve ser reconhecido no balanço patrimonial 
quando for provável que benefícios econômicos futuros dele 
provenientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder 
ser mensurado com confiabilidade. 
4.45. Um ativo não deve ser reconhecido no balanço 
patrimonial quando os gastos incorridos não proporcionarem a 
expectativa provável de geração de benefícios econômicos para a 
entidade além do período contábil corrente. Ao invés disso, tal 
transação deve ser reconhecida como despesa na demonstração 
do resultado. Esse tratamento não implica dizer que a intenção da 
administração ao incorrer nos gastos não tenha sido a de gerar 
benefícios econômicos futuros para a entidade ou que a 
administração tenha sido malconduzida. A única implicação é que 
o grau de certeza quanto à geração de benefícios econômicos 
para a entidade, além do período contábil corrente, é insuficiente 
para garantir o reconhecimento do ativo.” (grifo nosso). 
www.esab.edu.br 46
Tendo entendido as principais características do ativo, bem 
como sua mensuração e reconhecimento, vamos agora estudar 
sobre outras duas classificações sobre os ativos. 
Os ativos podem ser divididos em monetários e não 
monetários. Os ativos monetários podem ser representados por 
valores em espécie ou por valores que sejam recebíveis pela 
entidade, como as contas a receber e as aplicações financeiras, 
por exemplo. Já os ativos não monetários se referem a ativos que 
não serão realizados, liquidados ou recebidos em dinheiro, como 
é o caso de imobilizados, por exemplo. 
Além dessa classificação de monetário e não monetário, 
destaca-se ainda a divisão do ativo entre Ativo Circulante e Não 
Circulante, que se refere à permanência de uma conta no balanço 
patrimonial de uma empresa.
O ativo circulante é composto por ativos que se espera que 
sejam consumidos ou vendidos durante o ciclo operacional normal 
de uma entidade. Nesse sentido, pode-se dizer que eles possuem 
uma permanência mais curta dentro de uma organização, que fica 
atrelada ao ciclo da empresa. 
O ativo não circulante, por sua vez, se refere aos ativos de 
maior permanência, possuindo menor rotatividade, o que se 
caracteriza, principalmente, pela função de geração de receitas 
com sua utilização. Esse grupo de ativos é ainda subdividido entre: 
investimentos, imobilizado e intangível; além do próprio realizável 
a longo prazo, o qual seria ativos realizáveis fora do exercício ou 
ciclo normal da entidade. 
O grupo de investimentos constitui participações e aplicações 
financeiras que tem por objetivo a geração de rendimentos para 
uma entidade. O imobilizado diz respeito aos ativos denominados 
de corpóreos ou tangíveis, que são destinados ao funcionamento 
normal de uma organização e manutenção da atividade. Por fim, 
os intangíveis são bens não corpóreos e que têm o controle da 
empresa, como, por exemplo, marcas, patentes, direitos autorais, 
dentre outros. 
www.esab.edu.br 47
Nesta Unidade vimos o principal conceito que gira em torno 
da contabilidade financeira, qual seja, o Ativo. Destaca-se a 
importância ainda dos conhecimentos acerca dos aspectos gerais 
dos ativos para sua mensuração e reconhecimento, como é o caso 
de se basear nos ativos todas as expectativas para benefícios 
econômicos futuros de uma entidade, o que se torna importante 
para evidenciar a correta formação patrimonial das firmas. 
www.esab.edu.br 48
 
 O Passivo representa o capital de terceiros, ou também as 
origens dos recursos que financiam o patrimônio de uma entidade. 
Ele pode ser entendido como uma obrigação da organização, 
podendo ser de curto ou longo prazo e decorrente de um evento 
já ocorrido. O International Accounting Standard Board (IASB), 
órgão regulador de normas internacionais, e o Pronunciamento 
Conceitual Básico definem passivo como uma obrigação presente 
da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se 
espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de 
gerar benefícios econômicos.
Nesse sentido, Iudícibus (2000, p. 144) defende que o 
passivo está ligado à exigibilidade e ressalta que o “passivo implica 
no comprometimento da entidade em consumir ativos, numa data 
determinada ou determinável, para satisfazê-lo ou para extingui-lo 
e provém, sempre, de eventos ou transações que já ocorreram, 
embora o desembolso vá ocorrer somente no futuro.”. 
Vejamos agora as principais características de um passivo. 
Hendriksen e Breda (1999) elencam as seguintes 
características específicas dos passivos:a) a obrigação existe; b) 
não é possível evitá-la, pois a obrigação compromete a entidade 
com sacrifício futuro; e, por fim, c) ressaltam que o evento já 
ocorreu, ou seja, a transação que obriga a entidade já aconteceu.
Dessa forma, o passivo se caracterizaria por uma obrigação 
presente e inevitável, cujo evento que a origina já teria ocorrido. 
De acordo com a Resolução nº 1.374 do CFC (2011), as 
características principais de um passivo são:
www.esab.edu.br 49
I. Obrigação presente da entidade;
II. Passivos resultam de transações ou outros eventos 
passados;
III. Espera-se que a liquidação do passivo resulte na saída 
de recursos capazes de gerar benefícios econômicos 
futuros.
E o que significa cada uma dessas características? Vamos 
estudar a seguir o que cada uma representa, de acordo com a 
resolução, e quais os principais pontos a serem avaliados para 
identificá-las. 
I. Obrigação presente da entidade
Uma obrigação representa um dever ou responsabilidade 
de agir ou de desempenhar uma determinada tarefa de certa 
maneira. Elas podem ser:
•	 Legalmente exigíveis (contratos ou exigências estatutárias);
•	 Práticas usuais do negócio;
•	 Usos e costumes;
•	 Desejo de manter boas relações comerciais;
•	 Agir de maneira equitativa.
II. Passivos resultam de transações ou outros eventos 
passados
Eventos passados podem ser:
•	 Aquisição de bens e o uso de serviços dão origem a contas 
a pagar;
•	 Contratação de empréstimo bancário;
•	 Futuros abatimentos baseados no volume das compras 
anuais dos clientes.
Obs: A entidade também pode ter a necessidade de 
reconhecer como passivo os futuros abatimentos baseados no 
volume das compras anuais dos clientes. Nesse caso, a venda de 
bens no passado é a transação que dá origem ao passivo.
III. Liquidação de um Passivo
www.esab.edu.br 50
A saída de recursos de uma entidade pode acontecer por:
•	 Pagamento em caixa;
•	 Transferências de outros ativos;
•	 Prestação de serviços;
•	 Substituição da obrigação por outra; ou
•	 Conversão da obrigação em item do patrimônio líquido.
Obs: A obrigação pode também ser extinta por outros meios, 
tais como pela renúncia do credor ou pela perda dos seus direitos.
 A partir disso, é importante saber que o passivo que aparece 
no balanço patrimonial já passou por etapas como a mensuração 
e o reconhecimento. Agora que já sabemos quais são as 
características de um passivo, vamos estudar sobre a sua 
mensuração e reconhecimento. 
 A mensuração de um passivo nada mais é do que o processo 
de atribuir valor ou determinar um montante monetário pelo qual o 
passivo deve ser apresentado no balanço patrimonial de uma 
empresa. 
Entretanto, para Iudícibus (2009), o principal problema do 
passivo não se refere a sua definição ou mensuração, mas sim 
em quando reconhecê-lo e registrá-lo.
Hendriksen e Van Breda (1999) destacam que uma obrigação 
deve ser reconhecida quando atender a quatro critérios gerais:
•	 Corresponde à definição de passivo.
•	 A transação pode ser mensurável ou razoavelmente 
estimada.
•	 É relevante – a informação faz diferença na decisão do 
usuário.
•	 É precisa – a informação é representada com fidelidade, é 
verificável e neutra.
Dessa forma, de acordo com a Resolução nº 1.374 do CFC 
(2011):
O critério para reconhecimento de um item é 
que ele possua custo ou valor que possa ser 
mensurado com confiabilidade. Em muitos 
www.esab.edu.br 51
casos, o custo ou valor precisa ser estimado; o 
uso de estimativas razoáveis é parte essencial 
da elaboração das demonstrações contábeis e 
não prejudica a sua confiabilidade. 
Ressalta-se ainda, conforme Hendriksen e Breda (1999), 
que o reconhecimento de um passivo vai depender também do 
reconhecimento da sua contrapartida, seja ela uma despesa, uma 
perda ou o recebimento de um ativo específico. Caso um passivo 
não possa ser mensurado com confiabilidade, ele deve ser 
divulgado em Nota Explicativa, tal como veremos mais a frente ao 
longo desse curso.
 Outro aspecto importante a ser estudado sobre os passivos 
são as definições de contingência, provisão e passivo contingente. 
 Uma contingência é uma situação na qual é envolvido um 
conjunto de incertezas sobre uma possível perda no futuro, a qual, 
por sua vez, depende da ocorrência ou não de outros eventos. Já 
a provisão é um passivo com prazos e valores incertos, dentro 
deste contexto, de forma a atender ainda as características de um 
passivo. 
 A Resolução nº 1.374 do CFC (2011) destaca que “Alguns 
passivos somente podem ser mensurados por meio do emprego 
de significativo grau de estimativa. No Brasil, denominam-se esses 
passivos de provisões.”.
Assim, o que seria um passivo contingente?
No Brasil, temos a NBC TG 25 (2017) que define como 
passivo contingente:
a) uma possível obrigação que resulta de eventos passados e 
cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou 
não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente 
sob controle da entidade; ou
b) uma obrigação presente que resulta de eventos passados, 
mas que não é reconhecida porque:
www.esab.edu.br 52
i. não é provável que uma saída de recursos que 
incorporam benefícios econômicos seja exigida para 
liquidar a obrigação; ou
ii. o valor da obrigação não pode ser mensurado com 
suficiente confiabilidade.
Outro aspecto a ser discutido trata da exigibilidade dos 
passivos de uma empresa. De acordo com a Lei 6.404/76 o grupo 
do passivo deve ser composto por Passivo Circulante, Não 
Circulante e Patrimônio Líquido. Neste capítulo nos interessa as 
definições de Passivo Circulante e Passivo Não Circulante.
 Conforme a NBC TG 26 R5 (2017), um passivo circulante é 
aquele em que: a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo 
operacional normal da entidade; b) está mantido essencialmente 
para a finalidade de ser negociado; c) deve ser liquidado no período 
de até doze meses após a data do balanço; ou d) a entidade não 
tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante 
pelo menos doze meses após a data do balanço. Por sua vez e 
por complementariedade, os passivos não circulantes seriam 
todos os outros passivos. 
Para finalizar, vamos levantar, então, as seguintes questões: 
SE UM PASSIVO DEVE SER LÍQUIDO E CERTO, ENTÃO 
CONTINGÊNCIAS NÃO SÃO PASSIVOS?
Veja o quadro a seguir que ajuda a ilustrar esse 
questionamento:
PASSIVOS PASSIVOS CONTINGENTES
São obrigações presentes e é 
provável que uma saída de recursos 
que incorporam benefícios 
econômicos seja necessária para 
liquidar a obrigação
Não são reconhecidos como passivo 
porque são: 
(i) obrigações possíveis, visto que ainda há 
de ser confirmado se a entidade tem ou 
não uma obrigação presente que possa 
conduzir a uma saída de recursos que 
incorporam benefícios econômicos; ou 
(ii) obrigações presentes que não 
satisfazem os critérios de reconhecimento 
(não é provável a saída de recurso ou não 
pode ser feita uma estimativa confiável do 
valor).
Fonte: Adaptado de NBC TG 25 
(2017).
www.esab.edu.br 53
SE PASSIVOS CONTINGENTES NÃO SÃO CONTABILIZADOS, 
ENTÃO POR QUE EXISTE NO BALANÇO PATRIMONIAL A 
CONTA “PROVISÃO PARA CONTINGÊNCIA”?
 De acordo com a NBC TG 25 (2017), temos as seguintes 
informações:
	 Para que um passivo se qualifique para reconhecimento, 
é necessário haver não somente uma obrigação presente, mas 
também a probabilidade de saída de recursos que incorporam 
benefícios econômicos para liquidar essa obrigação. 
	 Uma saída de recursos ou outro evento é considerado 
como provável se a probabilidade de que o evento ocorrerá for 
maior do que a probabilidade de isso não acontecer. 
	 Quando não for provável que exista uma obrigação 
presente, a entidade divulga um passivo contingente, a menos 
que a possibilidade de saída de recursos que incorporam 
benefícios econômicos

Continue navegando