Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES Aula 4 RECEITA PÚBLICA Olá amigos! Como é bom estar aqui!1 A palavra Receita é utilizada em todo o mundo pela contabilidade para evidenciar a variação positiva da situação líquida patrimonial resultante do aumento de ativos ou da redução de passivos de uma entidade. A receita pública pode ser definida em sentido amplo (lato) e em sentido restrito (stricto). Receita pública em sentido amplo (lato sensu) ou ingresso público: são todas as entradas ou ingressos de bens ou direitos a qualquer título, em certo período de tempo, que o Estado utiliza para financiar seus gastos, podendo ou não se incorporar ao seu patrimônio e independente de haver contrapartida no passivo. Exemplos: receitas tributárias, operações de crédito, operações de crédito por antecipação de receita, cauções, etc. Receita pública em sentido estrito (stricto sensu): são todas as entradas ou ingressos de bens ou direitos, em certo período de tempo, que se incorporam ao patrimônio público sem compromisso de devolução posterior. Exemplos: alienação de bens, receita de contribuições, receitas industriais, etc. No processo orçamentário, é notável a relevância da Receita Pública, cuja previsão dimensiona a capacidade governamental em fixar a Despesa Pública e, no momento da sua arrecadação, torna-se instrumento condicionante da execução orçamentária da despesa. 1 Apresentação baseada no artigo de CORE, Fabiano Garcia. Reforma gerencial dos processos de planejamento e orçamento. Brasília: ENAP, 2001. www.pontodosconcursos.com.br 1 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES A Receita está envolvida em situações singulares na Administração Pública, como a sua distribuição e destinação entre as esferas governamentais e o estabelecimento de limites legais impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Dessa forma, assume fundamental importância ao permitir estudos e análises acerca da carga tributária suportada pelos diversos segmentos da sociedade. O conhecimento dos conceitos e da classificação da receita possibilita a cidadania no processo de fiscalização da arrecadação, bem como o efetivo controle social sobre as Contas dos Governos Federal, Estadual, Distrital e Municipal. Da mesma forma, do lado dos servidores públicos, o conhecimento das Receitas Públicas, principalmente em face da LRF, contribui para a transparência das contas públicas e para o fornecimento de informações de melhor qualidade aos diversos usuários. A receita, pelo enfoque orçamentário, corresponde a todos os ingressos disponíveis para a cobertura das despesas orçamentárias e para as operações que, mesmo sem o ingresso de recursos, financiem despesas orçamentárias, como é o caso das chamadas operações de crédito em bens e/ou serviços. Exemplo: transações, como aquisições financiadas de bens e arrendamento mercantil financeiro, quando possuem dotação específica na LOA, são registradas como receita orçamentária e despesa orçamentária, pois são consideradas operações de crédito pela LRF (art. 29). As classificações orçamentárias de receitas e despesas são de fundamental importância para a transparência das operações constantes de um orçamento. Toda a informação orçamentária é organizada e veiculada segundo um tipo de classificação. Ademais, é por meio das várias classificações, ainda, que se implementam planos, que se explicitam os objetivos e prioridades da ação pública, orçamento e gestão das organizações do setor público, ilustrando, desse modo, sobre o direcionamento político da ação governamental. As receitas estão classificadas, segundo a Lei 4.320/1964, em dois segmentos: Receitas Correntes e Receitas de Capital, divisão essa que obedece a um www.pontodosconcursos.com.br 2 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES critério econômico, dentro da ideia de demonstrar a origem das diversas fontes, conforme derivem do exercício de poder próprio do Estado, de tributar as pessoas e agentes econômicos ou do exercício de atividade econômica. Essas são as Receitas Correntes, sendo Receitas de Capital aquelas que procedem do endividamento ou da transformação de ativos físicos ou financeiros em moeda. Cabe ressaltar, entretanto, que com o advento da LRF, as informações de receita assumiram uma importância fundamental. Vários procedimentos e mecanismos de controle foram estabelecidos nessa lei com base em previsão e arrecadação de receita, o que impõe a necessidade de um cuidado especial no que se refere à qualidade dessas informações. No tocante às despesas, as classificações, basicamente, respondem as principais indagações que habitualmente surgem quando o assunto é gasto orçamentário. Essas informações permitirão a mensuração de desempenho e o controle orçamentário: a cada uma dessas indagações corresponde um tipo de classificação. Ou seja: quando a pergunta é “para que” serão gastos os recursos alocados, a resposta será encontrada na classificação programática ou, mais adequadamente, de acordo com a Portaria 42/1999, na ESTRUTURA PROGRAMÁTICA; “em que” serão gastos os recursos, a resposta consta da classificação FUNCIONAL; “o que” será adquirido ou “o que” será pago, na classificação por elemento de despesa; “quem” é o responsável pela programação a ser realizada, a resposta é encontrada na classificação INSTITUCIONAL (órgão e unidade orçamentária); “qual o efeito ECONÔMICO da realização da despesa”, na classificação por categoria econômica; e “qual a origem dos recursos”, na classificação por fonte de recursos. Outra visão é a que divide a classificação dos gastos públicos em três: segundo sua finalidade, sua natureza e quanto a seu agente encarregado da execução do gasto. No entanto quer dizer a mesma coisa: a finalidade é observada na estrutura programática assim determinada pela Portaria 42/1999, a natureza na classificação por natureza da despesa e o agente encarregado do gasto pode www.pontodosconcursos.com.br 3 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES ser observado na classificação institucional. Dessa forma, são as características básicas de sistemas orçamentários modernos: estrutura programática, econômica e organizacional para alocação de recursos, denominadas de classificações orçamentárias da despesa. A legislação orienta que a classificação da despesa no orçamento público deve ser desdobrada de acordo com os seguintes critérios: institucional (órgão e unidade orçamentária), funcional (função e subfunção), por programas (programa, projeto, atividade e operações especiais) e segundo a natureza (categorias econômicas, grupos, modalidades de aplicação e elementos). Nesta aula abordaremos as classificações da Receita Pública. Na seguinte, trataremos das classificações da Despesa Pública. Em ambos falaremos bastante do que está previsto no MCASP, no atual MTO e nas Portarias que regem as classificações, já que as provas se concentram nestes instrumentos. 1. CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA DA RECEITA As naturezas de receitas orçamentárias procuram refletir o fato gerador que ocasionou o ingresso dos recursos aos cofres públicos. É a menor célulade informação no contexto orçamentário para as receitas públicas, devendo, portanto, conter todas as informações necessárias para as devidas vinculações. Em face da necessidade de constante atualização e melhor identificação dos ingressos aos cofres públicos, o esquema inicial de classificação foi desdobrado em níveis, que formam o código identificador da natureza de receita: • 1.º Nível: Categoria Econômica • 2.º Nível: Origem • 3.º Nível: Espécie • 4.º Nível: Rubrica • 5.º Nível: Alínea • 6.º Nível: Subalínea www.pontodosconcursos.com.br 4 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES X Y Z W TT KK Categoria Econômica Origem Espécie Rubrica Alínea Subalínea 1.º nível - Categoria econômica da receita Este nível da classificação por natureza obedece ao critério econômico. É utilizado para mensurar o impacto das decisões do Governo na economia nacional (formação de capital, custeio, investimentos, etc.). É codificada e subdividida da seguinte forma: 1. Receitas Correntes; 2. Receitas de Capital; 7. Receitas Correntes Intraorçamentárias; 8. Receitas de Capital Intraorçamentárias. Vamos a elas: Receitas Correntes: classificam-se nessa categoria aquelas receitas oriundas do poder impositivo do Estado - Tributária e de Contribuições; da exploração de seu patrimônio - Patrimonial; da exploração de atividades econômicas - Agropecuária, Industrial e de Serviços; as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes - Transferências Correntes; e as demais receitas que não se enquadram nos itens anteriores - Outras Receitas Correntes. Receitas de Capital: são as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o Superávit do Orçamento Corrente. Em geral, essas receitas são representadas por mutações patrimoniais que nada acrescentam ao patrimônio público, só ocorrendo uma troca de elementos www.pontodosconcursos.com.br 5 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES patrimoniais, isto é, um aumento no sistema financeiro (entrada de recursos financeiros) e uma baixa no sistema patrimonial (saída do patrimônio em troca de recursos financeiros). O superávit do orçamento corrente é receita de capital, porém não é receita orçamentária. Segundo a Lei 4.320/1964, o superávit do Orçamento Corrente resulta do balanceamento dos totais das receitas e despesas correntes, porém não constituirá item de receita orçamentária. Isso ocorre para evitar a dupla contagem, porque ela já foi considerada no orçamento corrente. Receitas Intraorçamentárias: são receitas oriundas de operações realizadas entre órgãos e demais entidades da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social de uma mesma esfera de governo. São chamadas também de ingressos intraorçamentários. Têm a finalidade de discriminar as receitas referentes às operações entre órgãos, fundos, autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social. O elemento motivador da criação dessas receitas foi a inclusão, na Portaria Interministerial STN/SOF 163, de 4 de maio de 2001, da modalidade de aplicação “91 - Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social”. As novas naturezas de receita intraorçamentárias são constituídas substituindo-se o 1.º nível (categoria econômica “1” ou “2”) pelos dígitos “7”, se receita corrente intraorçamentária, e “8”, se receita de capital intraorçamentária, mantendo-se o restante da codificação. Por exemplo, o IPTU pago por uma empresa estatal dependente de um município será classificado na conta 7112.02.00 - IPTU (receita intraorçamentária). O código a ser usado para registro do IPTU dos contribuintes que não sejam participantes do orçamento fiscal do município permanece 1112.02.00. www.pontodosconcursos.com.br 6 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES Atenção: as classificações incluídas não constituem novas categorias econômicas de receita, mas sim meras especificações das categorias corrente e de capital, a fim de possibilitar a identificação das respectivas operações intraorçamentárias e, dessa forma, evitar a dupla contagem de tais receitas. Caiu na prova: 1) (CESPE - Analista Administrativo - ANATEL - 2009) As receitas intraorçamentárias se contrapõem às despesas intraorçamentárias e se referem a operações entre órgãos e entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social da mesma esfera governamental. As receitas intraorçamentárias se contrapõem às despesas intraorçamentárias e são oriundas de operações realizadas entre órgãos e demais entidades da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social de uma mesma esfera de governo. Resposta: Certa 2.º nível - Origem É a subdivisão das Categorias Econômicas, que tem por objetivo identificar a origem das receitas, no momento em que estas ingressam no patrimônio público. Identifica a procedência dos recursos públicos, em relação ao fato gerador dos ingressos das receitas (derivada, originária, transferências e outras). No caso das receitas correntes, tal classificação serve para identificar se as receitas são compulsórias (tributos e contribuições), provenientes das atividades em que o Estado atua diretamente na produção (agropecuárias, industriais ou de prestação de serviços), da exploração do seu próprio patrimônio (patrimoniais), se provenientes de transferências destinadas ao atendimento de despesas correntes, ou, ainda, de outros ingressos. No caso das receitas de capital, distinguem-se as provenientes de operações de crédito, da alienação de bens, da amortização dos empréstimos, das transferências destinadas ao atendimento de despesas de capital, ou, ainda, de outros ingressos de capital. www.pontodosconcursos.com.br 7 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES Os códigos da origem para as receitas correntes e de capital são: QUADRO: ORIGENS DAS RECEITAS RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITAL 1. Receita Tributária 2. Receita de Contribuições 3. Receita Patrimonial 4. Receita Agropecuária 5. Receita Industrial 6. Receita de Serviços 7. Transferências Correntes 9. Outras Receitas Correntes 1. Operações de Crédito 2. Alienação de Bens 3. Amortização de Empréstimos 4. Transferências de Capital 5. Outras Receitas de Capital 2.1 Origens das receitas correntes 2.1.1 Receitas tributárias Para que o Estado possa custear suas atividades, são necessários recursos financeiros. Uma de suas fontes é o tributo, o qual é definido pelo art. 3.o do Código Tributário Nacional - CTN: Art. 3.º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valornela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Independentemente do nome ou da destinação, o que vai caracterizar o tributo é o seu fato gerador, o qual é a situação definida em lei como necessária e suficiente a sua ocorrência. Assim, são irrelevantes sua denominação e a destinação legal do produto de sua arrecadação. O art. 5.º do CTN define que as espécies de tributos são impostos, taxas e contribuições de melhorias: • Imposto: conforme o art. 16, “imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal www.pontodosconcursos.com.br 8 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES específica, relativa ao contribuinte”. Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. • Taxa: de acordo com o art. 77, “as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição”. As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. • Contribuição de Melhoria: segundo o art. 81, “a contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado”. 2.1.2 Receitas de contribuições É o ingresso proveniente de contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas. Apesar da controvérsia doutrinária sobre o tema, suas espécies podem ser definidas da seguinte forma: • Contribuições Sociais: destinadas ao custeio da seguridade social, que compreende a previdência social, a saúde e a assistência social. • Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico: derivam da contraprestação à atuação estatal exercida em favor de determinado grupo ou coletividade. Exemplo de contribuição de intervenção no www.pontodosconcursos.com.br 9 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES domínio econômico é o Adicional sobre Tarifas de Passagens Aéreas Domésticas, que são voltadas à suplementação tarifária de linhas aéreas regionais de passageiros, de baixo e médio potencial de tráfego. • Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas: destinadas ao fornecimento de recursos aos órgãos representativos de categorias profissionais legalmente regulamentadas ou a órgãos de defesa de interesse dos empregadores ou empregados. Essas contribuições são destinadas ao custeio das organizações de interesse de grupos profissionais como, por exemplo, a OAB, o CREA, o CRM e assim por diante. Visam também ao custeio dos serviços sociais autônomos prestados no interesse das categorias, como o SESI, o SESC e o SENAI. Caiu na prova: 2) (CESPE - Analista Judiciário - Administração - TRE/BA - 2010) Considere que a arrecadação da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) tenha aumentado durante o último exercício financeiro da União. Nesse caso, é correto afirmar que houve aumento do montante da receita tributária da União no último ano. Atenção: a contribuição de melhoria é receita tributária e as demais contribuições são receitas de contribuições. Logo, se houve aumento da arrecadação de uma contribuição social durante o último exercício financeiro da União, é correto afirmar que houve aumento do montante da receita de contribuições e não da receita tributária. Resposta: Errada 2.1.3 Demais origens • Receita Patrimonial: é o ingresso proveniente de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente, de aplicações de disponibilidades em operações de mercado e outros rendimentos oriundos de renda de www.pontodosconcursos.com.br 10 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES ativos permanentes. Por exemplo, temos as receitas de arrendamentos de terrenos da União, que o Poder Público concede à outra parte o gozo temporário de um terreno mediante retribuição. Tal retribuição se torna receita patrimonial. Outros exemplos: aluguéis, arrendamentos, foros e laudêmios, taxas de ocupação de imóveis, juros de títulos de renda, dividendos, participações, remuneração de depósitos bancários, remuneração de depósitos especiais e remuneração de saldos de recursos não desembolsados. • Receita Agropecuária: é o ingresso proveniente da atividade ou da exploração agropecuária de origem vegetal ou animal. Incluem-se nessa classificação as receitas advindas da exploração da agricultura (cultivo do solo), da pecuária (criação, recriação ou engorda de gado e de animais de pequeno porte) e das atividades de beneficiamento ou transformação de produtos agropecuários em instalações existentes nos próprios estabelecimentos. • Receita Industrial: é o ingresso proveniente da atividade industrial de extração mineral, de transformação, de construção e outras, provenientes das atividades industriais definidas como tal pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. • Receita de Serviços: é o ingresso proveniente da prestação de serviços de transporte, saúde, comunicação, portuário, armazenagem, de inspeção e fiscalização, processamento de dados, vendas de mercadorias e produtos inerentes à atividade da entidade e outros serviços. • Transferência Corrente: é o ingresso proveniente de outros entes ou entidades, referente a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas correntes. • Outras Receitas Correntes: são os ingressos correntes provenientes de outras origens não classificáveis nas anteriores. Exemplos: recebimento de dívida ativa, multas em geral, restituições, etc. www.pontodosconcursos.com.br 11 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES Caiu na prova: 3) (FCC - APOFP - SEFAZ/SP - 2010) É uma receita patrimonial aquela originária: (A) de restituições de convênios. (B) do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana. (C) da prestação de serviços de telecomunicação. (D) de dividendos recebidos. (E) de serviços recreativos e culturais. a) Errada. A receita de restituições de convênios pertence à origem outras receitas correntes. b) Errada.A receita do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) pertence à origem receitas tributárias. c) Errada. A receita da prestação de serviços de telecomunicação pertence à origem receitas de serviços. d) Correta. A receita de dividendos recebidos pertence à origem receitas patrimoniais. e) Errada. A receita de serviços recreativos e culturais pertence à origem receita de serviços. Resposta: Letra D 2.2 Origens das receitas de capital • Operações de Crédito: são os ingressos provenientes da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e financiamentos internos ou externos, obtidos junto a entidades estatais ou privadas. Os empréstimos compulsórios também são classificados como operações de crédito. • Alienação de Bens: é o ingresso proveniente da alienação de componentes do ativo imobilizado ou intangível. Exemplos: privatizações, venda de um prédio público, etc. • Amortização de Empréstimos: é o ingresso referente ao recebimento de parcelas de empréstimos ou financiamentos concedidos em títulos ou www.pontodosconcursos.com.br 12 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES contratos. • Transferências de Capital: é o ingresso proveniente de outros entes ou entidades, referente a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas de capital. • Outras Receitas de Capital: são os ingressos de capital provenientes de outras origens não classificáveis nas anteriores. Exemplo: integralização de capital de empresas estatais. Caiu na prova: 4) (ESAF - Analista Tributário - Receita Federal do Brasil - 2009) A respeito da classificação orçamentária da receita, é correto afirmar: a) alienação de bens de qualquer natureza integrantes do ativo redunda em receita de capital. b) receitas de contribuições integram as receitas de capital quando oriundas de intervenção no domínio econômico. c) as receitas agropecuárias se originam da tributação de produtos agrícolas. d) as receitas intraorçamentárias decorrem de pagamentos efetuados por entidades integrantes do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social. e) receitas correntes para serem aplicadas em despesa de capital dependem da inexistência de receitas de capital no exercício. a) Errada. São receitas de capital as alienações de bens provenientes de componentes do ativo imobilizado ou intangível. Exemplo: privatizações, venda de um prédio público, etc. b) Errada. As receitas de contribuições correspondem aos ingressos provenientes de contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas. São receitas correntes. c) Errada. As receitas agropecuárias correspondem aos ingressos provenientes da atividade ou da exploração agropecuária de origem vegetal ou animal. Incluem-se nessa classificação as receitas advindas da exploração da www.pontodosconcursos.com.br 13 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES agricultura (cultivo do solo), da pecuária (criação, recriação ou engorda de gado e de animais de pequeno porte) e das atividades de beneficiamento ou transformação de produtos agropecuários em instalações existentes nos próprios estabelecimentos. As receitas que se originam da tributação de produtos agrícolas são receitas tributárias. d) Correta. As receitas intraorçamentárias são aquelas oriundas de operações realizadas entre órgãos e demais entidades da Administração Pública integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social de uma mesma esfera de governo. Têm a finalidade de discriminar as receitas referentes às operações entre órgãos, fundos, autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social. A Banca considerou a alternativa correta, mas na verdade o termo “por” no lugar de “entre” a tornaria incorreta. Assim, a questão deveria ter sido ser anulada. e) Errada. Não há restrições desse tipo. Em geral, as restrições são para aplicação de receitas de capital em despesas correntes, como ocorre na regra de ouro, que proíbe a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. Veremos na aula sobre Despesa Pública. Resposta: Letra D 3.º nível - Espécie É o nível de classificação vinculado à Origem, composto por títulos que permitem qualificar com maior detalhe o fato gerador dos ingressos de tais receitas. Por exemplo, dentro da Origem Receita Tributária (receita proveniente de tributos) podemos identificar as suas espécies, tais como impostos, taxas e contribuições de melhoria (conforme definido na CF/1988 e no CTN), sendo cada uma dessas receitas uma espécie de tributo diferente das demais. www.pontodosconcursos.com.br 14 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES 4.º nível - Rubrica É o detalhamento das espécies de receita. A rubrica busca identificar dentro de cada espécie de receita uma qualificação mais específica. Agrega determinadas receitas com características próprias e semelhantes entre si. 5.º nível - Alínea Funciona como uma qualificação da rubrica. A alínea é o nível que apresenta o nome da receita propriamente dita e que recebe o registro pela entrada de recursos financeiros. 6.º nível -Subalínea Constitui o nível mais analítico da receita, o qual recebe o registro de valor, pela entrada do recurso financeiro, quando houver necessidade de maior detalhamento da alínea. Detalhamento de código Para atender às necessidades internas, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão detalhar as classificações orçamentárias a partir do nível ainda não detalhado, sendo que se o detalhamento ocorrer no nível de alínea (5.º e 6.º dígitos) ou subalínea (7.º e 8.º dígitos), deverá ser a partir do 51. A administração dos níveis já detalhados cabe à União. Poderá haver um 7.º nível (9.º e 10.º dígitos), denominado de detalhamento facultativo, a ser criado, opcionalmente, pelo ente. Caiu na prova: 5) (ESAF - Analista de Planejamento e Orçamento - MPOG - 2008) Segundo o Manual Técnico do Orçamento - 2008, a classificação da receita por natureza busca a melhor identificação da origem do recurso, segundo seu fato gerador. Indique a opção incorreta quanto aos desdobramentos dessa receita. www.pontodosconcursos.com.br 15 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES a) Sub-rubrica. b) Origem e espécie. c) Rubrica. d) Categoria econômica. e) Alínea e subalínea. Os desdobramentos da classificação da receita por natureza são: • 1.º Nível: Categoria Econômica • 2.º Nível: Origem • 3.º Nível: Espécie • 4.º Nível: Rubrica • 5.º Nível: Alínea • 6.º Nível: Subalínea Logo, na classificação da receita por natureza não há desdobramento em subrubrica.Resposta: Letra A 2. CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA POR IDENTIFICADOR DE RESULTADO PRIMÁRIO A receita é classificada, ainda, como Primária (P) quando seu valor é incluído na apuração do Resultado Primário no conceito acima da linha, e Não Primária ou Financeira (F) quando não é incluída nesse cálculo. As receitas financeiras surgiram com a adoção pelo Brasil da metodologia de apuração do resultado primário, oriundo de acordos com o Fundo Monetário Internacional - FMI. Desse modo, passou-se a denominar como Receitas Financeiras aquelas receitas que não são consideradas na apuração do resultado primário, como as derivadas de aplicações no mercado financeiro ou da rolagem e emissão de títulos públicos, assim como as provenientes de privatizações, entre outras. As demais receitas, provenientes dos tributos, contribuições, patrimoniais, agropecuárias, industriais e de serviços são classificadas como primárias. www.pontodosconcursos.com.br 16 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES Critérios “abaixo da linha” e “acima da linha”: a apuração do resultado primário pode ocorrer pelos critérios “abaixo da linha” ou “acima da linha”. O critério “abaixo da linha” considera a variação do endividamento no período considerado. Por exemplo, a variação da dívida em 2009 será o valor apurado em 31.12.2009 menos o valor em 31.12.2008. Não permite conhecer os fatores que levaram ao resultado. Já o critério “acima da linha” ocorre por meio da análise das receitas e despesas do setor público. Permite conhecer os fatores que levaram ao resultado. Em princípio, os dois critérios são equivalentes, e deveriam chegar aos mesmos números. Entretanto, podem ocorrer discrepâncias estatísticas em decorrência de questões específicas relacionadas à abrangência e/ou período da compilação. 3. CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA POR GRUPOS Segundo o MTO, a classificação da receita por grupos procura identificar quais são os agentes arrecadadores, fiscalizadores e administradores da receita e qual o nível de vinculação das mesmas. No Orçamento da União utilizam-se os seguintes grupos: 1 - Receitas Próprias: Classificam-se, nesse grupo, as receitas cuja arrecadação tem origem no esforço próprio dos órgãos e demais entidades nas atividades de fornecimento de bens ou serviços facultativos e na exploração econômica do patrimônio remunerada por preço público ou tarifas, bem como o produto da aplicação financeira desses recursos (Portaria SOF nº 10, de 22 de agosto de 2002, art. 4º). Geralmente, são receitas que têm como fundamento legal os contratos firmados entre as partes, amparados pelo Código Civil e legislação correlata. São receitas que não possuem destinação específica, sendo vinculadas à unidade orçamentária arrecadadora. Geralmente são arrecadadas por meio de Guia de Recolhimento da União - GRU e centralizadas numa conta de referência do Tesouro Nacional mantida junto ao www.pontodosconcursos.com.br 17 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES Banco do Brasil. O banco tem dois dias para repassar os recursos para a conta única do Tesouro. 2 - Receitas Administradas: São as receitas auferidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, com amparo legal no Código Tributário Nacional e leis afins, órgão que detém a competência para fiscalizar e administrar esses recursos. São receitas arrecadadas por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) ou Guia da Previdência Social (GPS), utilizando- se dos bancos arrecadadores credenciados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil - SRFB. A partir da data em que o contribuinte paga o tributo, ou seja, da data de arrecadação (D), o banco tem um dia útil (D+1) para repassar os recursos para a conta única do Tesouro (data de recolhimento). 3 - Receitas de Operações de Crédito: São as receitas provenientes de colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e financiamentos obtidos junto a entidades estatais ou privadas. 4 - Receitas Vinculadas: São os recursos oriundos de concessões, autorizações e permissões para uso de bens da União ou para exercício de atividades de competência da União. Fazem parte desse grupo as receitas vinculadas por determinação legal, cuja fiscalização, administração e manuseio ficam a cargo das entidades com autorização legal para arrecadar. São receitas que apresentam destinação previamente estabelecida, em função da legislação (vinculadas a uma finalidade específica). 5 - Demais Receitas: Grupo destinado ao atendimento das receitas previstas em Lei ou contrato, e que não estão enquadradas em nenhum dos grupos anteriores. Caiu na prova: 6) (CESPE - Analista Administrativo - ANEEL - 2010) Com relação à classificação da receita por fonte de recurso, julgue o item a seguir. A classificação da receita por fonte de recursos procura identificar quais são os www.pontodosconcursos.com.br 18 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES agentes arrecadadores, fiscalizadores e administradores da receita e qual o nível de vinculação das mesmas. A classificação da receita por grupos procura identificar quais são os agentes arrecadadores, fiscalizadores e administradores da receita e qual o nível de vinculação das mesmas. Veremos na aula sobre Despesa Pública a classificação por fontes, já que é considerada tanto uma classificação da receita como da despesa. Resposta: Errada 4. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES Segundo a doutrina, a receita pública pode ainda ser classificada nos seguintes aspectos: forma de ingresso ou natureza, coercitividade, poder de tributar, entidades executoras do orçamento, afetação patrimonial e regularidade: Forma de ingresso ou natureza: • Orçamentárias: são entradas de recursos que o Estado utiliza para financiar seus gastos, transitando pelo Patrimônio do Poder Público. Segundo o art. 57 da Lei 4.320/1964, serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. Atenção: a receita pública pode ser considerada orçamentária mesmo se não estiver incluída na lei orçamentária anual. São chamadas também de ingressos orçamentários. • Extraorçamentárias: tais receitas não integram o orçamento público e constituem passivos exigíveis do ente, de tal forma que o seu pagamento não está sujeito à autorização legislativa. Isso ocorre porque possuem caráter temporário, não se incorporando ao patrimônio público. São chamadas de ingressos extraorçamentários. São exemplos de www.pontodosconcursos.com.br 19 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES receitas extraorçamentárias: depósito em caução, antecipação de receitas orçamentárias - ARO, cancelamento de restos a pagar, emissão de moeda e outras entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros. Atenção: as operações de crédito são receitas orçamentárias e as operações de crédito por antecipação de receita são receitas extraorçamentárias. Vários autores utilizam o termo “natureza” nessa classificação. Atente para não confundir com a classificação por natureza da receita.Entendo que o termo “forma de ingresso” é o mais apropriado neste caso. Coercitividade: • Originárias: denominadas também de receitas de Economia Privada ou de Direito Privado, correspondem àquelas que provêm do próprio patrimônio do Estado. São resultantes da venda de produtos ou serviços colocados à disposição dos usuários ou da cessão remunerada de bens e valores. • Derivadas: denominadas também de receitas de Economia Pública ou de Direito Público, correspondem àquelas obtidas pelo Estado mediante sua autoridade coercitiva. No nosso ordenamento jurídico se caracterizam pela exigência do Estado para que o particular entregue de forma compulsória uma determinada quantia na forma de tributos ou de multas. Poder de tributar: classifica as receitas de acordo com o poder de tributar que compete a cada ente da federação, considerando e distribuindo as receitas obtidas como pertencentes aos respectivos entes, quais sejam: Governo Federal, Estadual, do Distrito Federal e Municipal. Entidades executoras do orçamento: • Receita Orçamentária Pública: aquela executada por entidades públicas. www.pontodosconcursos.com.br 20 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES • Receita Orçamentária Privada: aquela executada por entidades privadas e que consta na previsão orçamentária aprovada por ato de conselho superior ou outros procedimentos internos para sua consecução. Afetação patrimonial: • Efetivas: contribuem para o aumento do patrimônio líquido, sem correspondência no passivo. São efetivas todas as receitas correntes, com exceção do recebimento de dívida ativa, que representa fato permutativo e, assim, é não efetiva. • Não efetivas ou por mutação patrimonial: nada acrescentam ao patrimônio público, pois se referem às entradas ou alterações compensatórias nos elementos que o compõem. São não efetivas todas as receitas de capital, com exceção do recebimento de transferências de capital, que causa acréscimo patrimonial e, assim, é efetiva. Regularidade: • Ordinárias: compostas por ingressos permanentes e estáveis, com arrecadação regular em cada exercício financeiro. Assim, são perenes e possuem característica de continuidade, como a maioria dos tributos: IR, ICMS, IPVA, IPTU, etc. • Extraordinárias: não integram sempre o orçamento. São ingressos de caráter não continuado, eventual, inconstante, imprevisível, como as provenientes de guerras, doações, indenizações em favor do Estado, etc. Caiu na prova: 7) (ESAF - Analista de Planejamento e Orçamento - MPOG - 2010) Assinale a opção que indica uma afirmação verdadeira a respeito da conceituação e classificação da receita orçamentária. www.pontodosconcursos.com.br 21 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES a) As receitas orçamentárias são ingressos de recursos que transitam pelo patrimônio do poder público, podendo ser classificadas como efetivas e não- efetivas. b) As receitas orçamentárias decorrem de recursos transferidos pela sociedade ao Estado e são classificadas como permanentes e temporárias. c) Todos os ingressos de recursos, financeiros e não-financeiros, são classificados como receita orçamentária, porque transitam pelo patrimônio público. d) As receitas orçamentárias restringem-se aos ingressos que não geram contrapartida no passivo do ente público. e) Recursos financeiros de qualquer origem são registrados como receitas orçamentárias para que possam ser utilizados pelos entes públicos. a) Correta. As receitas orçamentárias são entradas de recursos que o Estado utiliza para financiar seus gastos, transitando pelo Patrimônio do Poder Público. Segundo o art. 57 da Lei 4.320/1964, serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. Quanto à afetação patrimonial, podem ser, efetivas e nãoefetivas (ou por mutação patrimonial). b) Errada. Quanto à regularidade, as receita podem ser ordinárias e extraordinárias. c) Errada. Temos as receitas extraorçamentárias que não integram o orçamento público e constituem passivos exigíveis do ente, de tal forma que o seu pagamento não está sujeito à autorização legislativa. Isso ocorre porque possuem caráter temporário, não se incorporando ao patrimônio público. d) Errada. O que caracteriza a receita orçamentária é o fato de serem entradas de recursos que o Estado utiliza para financiar seus gastos, transitando pelo Patrimônio do Poder Público. Há situações em que são gerados passivos, por exemplo, quando é realizada uma operação de crédito, a qual é acompanhada de um passivo decorrente da obrigação de pagamento futuro. e) Errada. Os recursos financeiros também podem ser extraorçamentários. Resposta: Letra A www.pontodosconcursos.com.br 22 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES 5. DÍVIDA ATIVA Neste tópico selecionei os principais pontos do tema abordados no Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. São várias páginas no Manual, mas a maior parte se refere aos lançamentos contábeis. Logo, serão abordadas as partes relacionadas à AFO e que foram ou podem ser cobradas nas provas de nossa matéria. O crédito da dívida ativa é cobrado por meio da emissão da certidão da dívida ativa da Fazenda Pública da União inscrita na forma da lei, valendo como título de execução, o que lhe garante liquidez. São os créditos da Fazenda Pública de natureza tributária (proveniente da obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais, atualizações monetárias, encargos e multas tributárias) ou não tributária (demais créditos da fazenda pública) exigíveis em virtude do transcurso do prazo para pagamento. As receitas decorrentes de dívida ativa tributária ou não tributária devem ser classificadas como “outras receitas correntes”. A Dívida Ativa é uma espécie de crédito público, cuja matéria é definida desde a Lei 4.320/1964, sendo sua gestão econômica, orçamentária e financeira resultante de uma conjugação de critérios estabelecidos em diversos outros textos legais. O conjunto de procedimentos de registro e acompanhamento dos créditos da dívida ativa buscou, a partir da tradição patrimonialista, tratar contabilmente os créditos desde a efetivação até o momento da inscrição propriamente dita em Dívida Ativa, atribuindo ao órgão ou unidade do Ente Público responsável pelo crédito a iniciativa dos lançamentos contábeis. O envio dos valores para o órgão ou unidade competente para inscrição é tratado como uma transferência de gestão de créditos, ainda no âmbito de um mesmo Ente Federativo. A Dívida Ativa abrange os créditos a favor da Fazenda Pública, cuja certeza e liquidez foram apuradas, por não terem sido efetivamente recebidos nas datas aprazadas. É, portanto, uma fonte potencial de fluxos de caixa, com impacto www.pontodosconcursos.com.br 23 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES positivo pela recuperação de valores, espelhando créditos a receber, sendo contabilmente alocada no Ativo. Não se confunde com a Dívida Pública (Passiva),que representa as obrigações do Ente Público para com terceiros, e que é contabilmente registrada no Passivo. Atenção: a Dívida Ativa não se confunde com a Dívida Pública, que representa as obrigações do Ente Público para com terceiros. A Dívida Ativa abrange os créditos a favor da Fazenda Pública, cuja certeza e liquidez foram apuradas, por não terem sido efetivamente recebidos nas datas aprazadas. A inscrição em Dívida Ativa é ato jurídico que visa legitimar a origem do crédito em favor da Fazenda Pública, revestindo o procedimento dos necessários requisitos jurídicos para as ações de cobrança. No âmbito federal, os créditos inscritos em Dívida Ativa compõem o Cadastro de Dívida Ativa da União. A competência para a gestão administrativa e judicial da Dívida Ativa da União é da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN. As autarquias e fundações públicas federais devem manter cadastro e controle próprio dos créditos inerentes às suas atividades. A competência para a apuração de certeza e liquidez, inscrição em Dívida Ativa e gestão administrativa e judicial desses créditos é da Procuradoria-Geral Federal - PGF. Assim, como regra geral, as competências são distribuídas do seguinte modo: • Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN: é responsável pela apuração da liquidez e certeza dos créditos da União, tributários ou não, a serem inscritos em Dívida Ativa, e pela representação legal da União. • Procuradoria-Geral Federal - PGF: é competente para apurar a certeza e liquidez dos créditos das autarquias e fundações públicas federais, inscrevê-los em dívida ativa e proceder à cobrança amigável e judicial, bem como pela representação judicial e extrajudicial dessas entidades. Excetuam-se a essa regra as contribuições sociais previdenciárias e a representação do Banco Central do Brasil. www.pontodosconcursos.com.br 24 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES As demais esferas governamentais, Estados, Distrito Federal e Municípios, disporão sobre competências de órgãos e entidades para gestão administrativa e judicial da Dívida Ativa pertinente. A Lei 6.830, de 22 de setembro de 1980, conhecida como Lei de Execuções Fiscais - LEF, determina em seu art. 2.° que cabe a o órgão competente apurar a liquidez e certeza dos créditos, qualificando a inscrição como ato de controle administrativo da legalidade. Depreende-se, portanto, que os Entes Públicos deverão outorgar a um órgão a competência para este procedimento, dissociando, obrigatoriamente, a inscrição do crédito em Dívida Ativa e a origem desse crédito. A Dívida Ativa inscrita goza da presunção de certeza e liquidez, e tem equivalência de prova pré-constituída contra o devedor. O ato da inscrição confere legalidade ao crédito como dívida passível de cobrança, facultando ao Ente Público, representado pelos respectivos órgãos competentes, a iniciativa do processo judicial de execução. A presunção de certeza e liquidez, no entanto, é relativa, pois pode ser derrogada por prova inequívoca, cuja apresentação cabe ao sujeito passivo. A Dívida Ativa compreende, além do valor principal, atualização monetária, juros, multa e demais encargos previstos. Portanto, a incidência desses acréscimos, previstos desde a Lei 4.320/1964, é legal e de ocorrência natural, cabendo o registro contábil oportuno. Já o pagamento de custas e emolumentos foi dispensado para os atos judiciais da Fazenda Pública, de acordo com o art. 39 da LEF. Os créditos de natureza tributária, regularmente inscritos em Dívida Ativa, não estão submetidos a sigilo fiscal. Segundo o § 3o do art. 198 do CTN, não é vedada a divulgação de informações relativas a: I - representações fiscais para fins penais; II - inscrições na Dívida Ativa da Fazenda Pública; III - parcelamento ou moratória. www.pontodosconcursos.com.br 25 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES As baixas da Dívida Ativa podem ocorrer pelo recebimento; pelos abatimentos ou anistias previstos legalmente; e pelo cancelamento administrativo ou judicial da inscrição. As formas de recebimento da Dívida Ativa são definidas em lei, destacando-se duas: em espécie ou na forma de bens, tanto pela adjudicação quanto pela dação em pagamento. A receita relativa à Dívida Ativa tem caráter orçamentário, e pertence ao exercício em que for realizada (arrecadada). No caso de recebimento de dívida ativa na forma de bens, caso haja previsão de receita orçamentária específica para esta transação, haverá registro de receita orçamentária mesmo que não tenha havido o ingresso de recursos financeiros. Alternativamente ao recebimento, existe ainda a possibilidade de compensação de créditos inscritos em Dívida Ativa com créditos contra a Fazenda Pública. A compensação de créditos inscritos em Dívida Ativa com créditos contra a Fazenda Pública também é orientada na forma da lei específica, porém não resulta em ingresso de valores ou bens, configurando fato permutativo dentro do Patrimônio do Ente Público. O abatimento ou anistia de quaisquer créditos a favor do Erário depende de autorização por intermédio de lei, servindo como instrumento de incentivo em programas de recuperação de créditos, observando o art. 14 da LRF, que trata da renúncia de receitas. O eventual cancelamento, por qualquer motivo, do crédito inscrito em Dívida Ativa representa a sua extinção e provoca diminuição na situação líquida patrimonial, relativamente à baixa do direito que é classificado como variação patrimonial diminutiva independente da execução orçamentária ou simplesmente variação passiva extraorçamentária. Da mesma forma são classificados os registros de abatimentos, anistia ou quaisquer outros valores que representem diminuição dos valores originalmente inscritos em Dívida Ativa, mas não decorram do efetivo recebimento. Na ótica contábil, todos os valores inscritos em Dívida Ativa são créditos vencidos a favor da Fazenda Pública. Nessa condição, a Dívida Ativa encontra abrigo nas Normas Internacionais de Contabilidade e nos Princípios Fundamentais de Contabilidade como integrante do Ativo do Ente Público. www.pontodosconcursos.com.br 26 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES No Brasil, por força do texto legal, ainda atende a requisitos jurídicos de legalidade e transparência. Decisão importante do TCU: o Plenário do TCU manifestou-se que: “na verdade, os débitos e multas impostas pelo Tribunal não necessitam inscrição prévia na Dívida Ativa para serem executados como salientado pelo Procurador-Geral em razão de dispositivo constitucional e legal. Por outro lado, tendo-se em vista as outras finalidades da inscrição dos diversos débitos para com a Fazenda Nacional, conforme apontado pelo Secretário da ADCON, há que se proceder à inscrição de todo e qualquer débito de natureza, tributário ou não. Nesse sentido, correto o entendimento do titular da referida unidade no sentido de que as multas e débitos imputados por esta Corte de Contas também devem ser objeto de inscrição na Dívida Ativa, procedimento regular em atenção do disposto no §1º do art. 39 da Lei nº 4.320/64. (Decisão 472/2002 - Plenário - DC-0472-14/02-P)”. (grifos nossos). Vou explicar esse julgado. O art. 71 da CF/88 garante aos acórdãos da corte de contas a natureza de título executivo (§3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo). Assim, os créditos oriundos do TCU podem ser imediatamente cobrados, sendo desnecessária a inscrição em dívida ativa e a abertura de novo processo administrativo. No entanto, nos casos em que a Administração Pública já possui um título executivo devidamente constituído, ela pode optar, de acordo com a situação concreta, pela inscrição do crédito em dívida ativa ou pelo ajuizamento de ação de cobrança. Assim, no caso dos acórdãos do TCU, a inscrição em dívida ativa não se dá com o objetivo de criação de um título executivo, mas sim para a utilização de um rito de execução privilegiado, bem como um acompanhamento mais apurado acerca dos créditos da Fazenda Pública. Julgado importante do STJ: segundo o STJ, o INSS tem, sem sombra de dúvidas, o direito de ser ressarcido por danos materiais sofridos em razão de www.pontodosconcursos.com.br 27 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES concessão de aposentadoria fraudulenta, devendo o beneficiário responder, solidariamente, pela reparação dos referidos danos. No entanto, o conceito de dívida ativa não tributária, embora amplo, não autoriza a Fazenda Pública a tornar-se credora de todo e qualquer débito. A dívida cobrada há de ter relação com a atividade própria da pessoa jurídica de direito público. In casu, pretende o INSS cobrar, por meio de execução fiscal, prejuízo causado ao seu patrimônio, apurados em "tomada de contas especial". A apuração de tais fatos devem ser devidamente apurados em processo judicial próprio, assegurado o contraditório e a ampla defesa. Inexistência de discussão se a Lei nº 4.320/64 excetua ou inclui como dívida ativa não tributária os valores decorrentes de indenizações e restituições. Caiu na prova: 8) (CESGRANRIO - Analista - Banco Central do Brasil - 2010) O ingresso de créditos da Fazenda Pública, inscritos em dívida ativa, decorrentes da receita tributária não arrecadada no exercício do lançamento, é classificado como: (A) inversão financeira. (B) insubsistência ativa. (C) despesa corrente. (D) receita corrente. (E) receita extraorçamentária. A dívida ativa será orçamentária quando ocorrer o recebimento de créditos, independente de estar prevista especificamente ou não no orçamento do exercício de recebimento. As receitas decorrentes de dívida ativa tributária ou não tributária devem ser classificadas como “outras receitas correntes”. Resposta: Letra D www.pontodosconcursos.com.br 28 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES 6. DISTINÇÃO ENTRE TAXA E PREÇO PÚBLICO (OU TARIFA) Vamos a uma distinção muito cobrada em prova entre Taxa e Preço Público: Súmula 545 do Supremo Tribunal Federal: Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que a instituiu. O preço público ou tarifa é uma receita originária empresarial, pois é proveniente da intervenção do Estado na atividade econômica. Por meio de empresas associadas concessionárias ou permissionárias de serviços públicos federais, estaduais e municipais, são cobradas para permitir o melhoramento e a expansão dos serviços, a justa remuneração do capital e assegurar o equilíbrio econômico e financeiro do contrato. É uma contraprestação de serviços de natureza comercial ou industrial, cujo pagamento deve ocorrer somente se existir a utilização do serviço. Por essa ótica o pagamento é considerado voluntário e facultativo. O preço público geralmente visa ao lucro. São competências do Poder Executivo a fixação e a alteração de tarifas, as quais podem ser efetivadas a qualquer data com cobrança no mesmo exercício financeiro. No entanto, tal ato está vinculado às leis e regulamentos que disciplinam o serviço. Ainda, a isenção de tarifa só pode ser estabelecida em lei da entidade estatal que realiza ou delega o serviço. De acordo com o art. 77 do CTN, “as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição”. A taxa é uma receita pública derivada, pois se integra em definitivo ao patrimônio do Estado após ser retirada de forma coercitiva do patrimônio dos particulares. A taxa visa ao ressarcimento. www.pontodosconcursos.com.br 29 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES O MTO faz muito bem essa distinção: Assim, conforme afirmado anteriormente, o preço público decorre da utilização de serviços públicos facultativos (portanto, não compulsórios) que a Administração Pública diretamente ou por meio de delegação a concessionário ou permissionário colocam à disposição da população que poderá contratá-los ou não (Ex.: telefone, luz, água, gás encanado). São serviços prestados em decorrência de uma relação contratual, regida pelo direito privado. A taxa decorre de estipulação legal e serve para custear, naquilo que não forem cobertos pelos impostos, os serviços públicos essenciais à soberania do Estado (a lei não autoriza que outros prestem alternativamente esses serviços) e divisíveis prestados ou colocados à disposição diretamente pelo Estado. O tema é regido pelas normas de direito público. Há casos em que não é simples estabelecer se um serviço é remunerado por taxa ou por preço público. Como exemplo, podemos citar o caso do fornecimento de energia elétrica. Em localidades onde estes serviços forem colocados à disposição do usuário, pelo Estado, mas cuja utilização seja de uso obrigatório, compulsório (por exemplo, a lei não permite que se coloque um gerador de energia elétrica) a remuneração destes serviços é feita mediante taxa e sofrerá as limitações impostas pelos princípios gerais de tributação (legalidade, anterioridade,...). Por outro lado, se a lei permite o uso de gerador próprio para obtenção de energia elétrica, o serviço estatal oferecido pelo ente público, ou por seus delegados, não teria natureza obrigatória, seria facultativo e, portanto, seria remunerado mediante preço público. Caiu na prova: 9) (CESPE - Procurador Federal - AGU - 2010) A cobrança de tarifas ou preço público corresponde a uma receita originária. O preço público ou tarifa é uma receita originária empresarial, pois é proveniente da intervenção do Estado na atividade econômica. Resposta: Certa Veja um tipo de questão que pode aparecer no concurso. Caiu na prova: www.pontodosconcursos.com.br 30 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES 10) (FCC - APOFP - SEFAZ/SP - 2010) Considere os dados relativos às receitas arrecadadas pela prefeitura do município XZR no exercício de X1: R$ (mil) Alienação de Títulos Mobiliários... .................................................................... ...60 Amortização de Financiamentos ... ..................................................................... . 20 Impostos... .......................................................................................................6.000 Indenizações e Restituições... ....................................................................... ... 100 Operações de Crédito Internas... .................................................................... .. 500 Receita da Dívida Ativa não Tributária ... ......................................................... . 300 Receita de Contrato de Permissão de Uso... ................................................... .. 700 Receita de Serviços de Comunicação ... ........................................................ .. 300 Receita de Valores Mobiliários ... ..................................................................... . 150 Receitas Imobiliárias ... ................................................................................... .. 400 Taxas... ........................................................................................................ ...1.000 Transferências da União para cobrir despesas correntes... .......................... .6.000 Transferências de Instituições Privadas para cobrir despesas de capital....1.000 Transferências do Estado para cobrir despesas correntes... ........................ ..5.000 A receita de capital foi, em milhares de reais, (A) 3.330 (B) 2.280 (C) 1.880 (D) 1.580 (E) 1.520 Para resolver esta questão, devemos saber que as origens das receitas de capital citadas são as seguintes: • Alienação de Títulos Mobiliários: pertence à origem Alienação de Bens. • Amortização de Financiamentos: pertence à origem Amortização de empréstimos. • Operações de Crédito Internas: pertencem à origem Operações de crédito. • Transferências de Instituições Privadas para cobrir despesas de capital: pertence à origem Transferência de Capital. www.pontodosconcursos.com.br 31 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES Assim, podemos dividir as receitas entre as categorias econômicas: CATEGORIAS DAS RECEITAS ARRECADADAS PELO MUNICÍPIO XZR RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITAL Impostos Indenizações e Restituições Receita da Dívida Ativa não Tributária Alienação de Títulos Mobiliários Receita de Contrato de Permissão de Uso Amortização de Financiamentos Receita de Serviços de Comunicação Operações de Crédito Internas Receita de Valores Mobiliários Transferências de Instituições Privadas para Receitas Imobiliárias cobrir despesas de capital Taxas Transferências da União para cobrir despesas correntes Transferências do Estado para cobrir despesas correntes Logo, as receitas de capital são iguais à soma de 60+20+500+1000. Receitas de Capital = 1580 Resposta: Letra D MAIS QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES 11) (FCC - Técnico de Controle Externo - TCM/PA - 2010) Em relação aos preços públicos, é correto que a: (A) tarifa presta-se a remunerar o custeio dos serviços que se destinam a atender a exigências específicas da coletividade em caráter compulsório, independentemente de solicitação dos usuários. (B) taxa é o preço público que a administração fixa, prévia e unilateralmente, por ato do Executivo, podendo ser estabelecida ou alterada por decreto. (C) isenção de tarifa só pode ser estabelecida em lei da entidade estatal que realiza ou delega o serviço. (D) taxa pode ser instituída ou aumentada a qualquer época do ano, em meio do exercício financeiro. www.pontodosconcursos.com.br 32 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES (E) taxa é adequada a remunerar os serviços que visam dar comodidade aos usuários ou a satisfazê-los em suas necessidades pessoais, facultativamente onerando aqueles que efetivamente os utilizem. a) Errada. A taxa se presta a remunerar o custeio dos serviços que se destinam a atender a exigências específicas da coletividade em caráter compulsório, independentemente de solicitação dos usuários. b) Errada. Taxa e preço público não se confundem. c) Correta. Somente em lei da entidade estatal que realiza ou delega o serviço é que pode ser estabelecida a isenção de tarifa. d) Errada. São competências do Poder Executivo a fixação e a alteração de tarifas, as quais podem ser efetivadas a qualquer data com cobrança no mesmo exercício financeiro e) Errada. A tarifa é adequada a remunerar os serviços que visam dar comodidade aos usuários ou a satisfazê-los em suas necessidades pessoais, facultativamente onerando aqueles que efetivamente os utilizem. Resposta: Letra C 12) (CESGRANRIO - Contador - INEA - 2008) Dentre as receitas listadas abaixo, a única receita orçamentária é: a) Depósito de terceiros. b) Consignações. c) Operações de crédito por antecipação de receita. d) Receita patrimonial. e) Salários não reclamados. As receitas orçamentárias são entradas de recursos que o Estado utiliza para financiar seus gastos, transitando pelo Patrimônio do Poder Público, como ocorre com as receitas patrimoniais. Já depósito de terceiros, consignações, operações de crédito por antecipação de receita e salários não reclamados são receitas extraorçamentárias, pois possuem caráter temporário, não se incorporando ao patrimônio público. Resposta: Letra D www.pontodosconcursos.com.br 33 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES 13) (FCC - APOFP - SEFAZ/SP - 2010) Um tributo que remunera o exercício regular do poder de polícia consistente na concessão de alvará de construção é da espécie: (A) contribuição de segurança pública. (B) imposto. (C) contribuição de interesse de categoria econômica. (D) taxa. (E) tarifa. De acordo com o art. 77 do CTN, as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Resposta: Letra D 14) (CESPE - Consultor do Executivo - SEFAZ/ES - 2010) Os créditos do estado do Espírito Santo, relativos ao ICMS, antes de serem encaminhados à cobrança executiva, devem ser inscritos em dívida ativa, e sua cobrança é efetuada pela Procuradoria Geral do Estado. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e de liquidez e tem o efeito de prova pré- constituída. O crédito da dívida ativa é cobrado por meio da emissão da certidão da dívida ativa da Fazenda Pública do ente inscrita na forma da lei, valendo como título de execução, o que lhe garante liquidez. Na União, a competência para a apuração de certeza e liquidez, inscrição em Dívida Ativa e gestão administrativa e judicial desses créditos é da Procuradoria-Geral Federal - PGF. No caso de um estado como o Espírito Santo, é da Procuradoria Geral do Estado. A Dívida Ativa inscrita goza da presunção de certeza e liquidez, e tem equivalência de prova pré-constituída contra o devedor. A presunção de certeza e liquidez, no entanto, é relativa, pois pode ser derrogada por prova www.pontodosconcursos.com.br 34 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES inequívoca, cuja apresentação cabe ao sujeito passivo. Resposta: Certa 15) (ESAF - Analista de Planejamento e Orçamento - MPOG - 2008) A Receita da Administração Pública pode ser classificada nos seguintes aspectos: quanto à natureza, quanto ao poder de tributar,quanto à coercitividade, quanto à afetação patrimonial e quanto à regularidade. Quanto à sua regularidade, as receitas são desdobradas em: a) receitas efetivas e receitas por mutação patrimonial. b) receitas orçamentárias e receitas extraorçamentárias. c) receitas ordinárias e receitas extraordinárias. d) receitas originárias e receitas derivadas. e) receitas de competência Federal, Estadual ou Municipal. a) Errada. Quanto à afetação patrimonial, as receitas podem ser efetivas ou por mutação patrimonial. b) Errada. Quanto à forma de ingresso, as receitas podem ser orçamentárias ou extraorçamentárias. c) Correta. Quanto à regularidade, as receitas podem ser ordinárias ou extraordinárias. d) Errada. Quanto à coercitividade, as receitas podem ser originárias ou derivadas. e) Errada. Quanto ao poder de tributar, podem ser classificadas em competência Federal, Estadual ou Municipal. Resposta: Letra C 16) (FCC - Técnico de Controle Externo - TCM/PA - 2010) Em um governo municipal, um exemplo de receita de capital é aquela oriunda: (A) de multas e juros de mora sobre tributos em atraso. (B) de transferências do Fundo de Participação dos Municípios. (C) do recebimento de tributos inscritos em dívida ativa. (D) da arrecadação de Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza. (E) de transferências para a aquisição de equipamentos hospitalares. www.pontodosconcursos.com.br 35 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES As transferências de capital, que integram as receitas de capital, correspondem ao ingresso proveniente de outros entes ou entidades, referente a recursos pertencentes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivado mediante condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas de capital, como ocorre na transferência para a aquisição de equipamentos hospitalares. Multas e juros, transferências para o FPM, recebimento de dívida ativa e arrecadação de impostos são receitas correntes. Resposta: Letra E 17) (CESPE - Analista Técnico Administrativo - DPU - 2010) Aluguéis, arrendamentos, foros e laudêmios, taxas de ocupação de imóveis, juros de títulos de renda, dividendos, participações, remuneração de depósitos bancários, remuneração de depósitos especiais e remuneração de saldos de recursos não desembolsados são classificados como receita patrimonial, pois resultam da fruição de elementos patrimoniais. São exemplos de receitas patrimoniais: aluguéis, arrendamentos, foros e laudêmios, taxas de ocupação de imóveis, juros de títulos de renda, dividendos, participações, remuneração de depósitos bancários, remuneração de depósitos especiais e remuneração de saldos de recursos não desembolsados. Resposta: Certa 18) (FCC - APOFP - SEFAZ/SP - 2010) Classificam-se como receita originária e derivada, respectivamente: (A) tarifa e taxa. (B) multa e imposto. (C) taxa e contribuição social. (D) contribuição de melhoria e multa. (E) imposto e tarifa. www.pontodosconcursos.com.br 36 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES O preço público ou tarifa é uma receita originária empresarial, pois é proveniente da intervenção do Estado na atividade econômica. Já a taxa é uma receita pública derivada, pois se integra em definitivo ao patrimônio do Estado após ser retirada de forma coercitiva do patrimônio dos particulares. Resposta: Letra A (CESPE - Analista Administrativo - ANEEL - 2010) No governo federal, dívida ativa são créditos da fazenda pública de natureza tributária ou não tributária, exigíveis em virtude do transcurso do prazo para pagamento. Acerca da cobrança e classificação da dívida ativa, julgue os seguintes itens. 19) A dívida ativa é cobrada por meio da emissão da certidão da dívida ativa da fazenda pública da União inscrita na forma da lei, valendo como título de execução. O crédito da dívida ativa é cobrado por meio da emissão da certidão da dívida ativa da Fazenda Pública da União inscrita na forma da lei, valendo como título de execução, o que lhe garante liquidez. São os créditos da Fazenda Pública de natureza tributária (proveniente da obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais, atualizações monetárias, encargos e multas tributárias) ou não tributária (demais créditos da fazenda pública) exigíveis em virtude do transcurso do prazo para pagamento. Resposta: Certa 20) As receitas decorrentes de dívida ativa tributária ou não tributária devem ser classificadas como outras receitas de capital. As receitas decorrentes de dívida ativa tributária ou não tributária devem ser classificadas como “outras receitas correntes”. Resposta: Errada www.pontodosconcursos.com.br 37 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES E assim terminamos a aula 4. Na próxima aula trataremos da Despesa Pública. Forte abraço! Sérgio Mendes www.pontodosconcursos.com.br 38 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES MEMENTO IV CLASSIFICAÇÕES DA RECEITA CLASSIFICAÇÃO DA RECEITA POR NATUREZA 1.º nível: Categoria Econômica da Receita 1. Receitas Correntes; 2. Receitas de Capital; 7. Receitas Correntes Intraorçamentárias; 8. Receitas de Capital Intraorçamentárias. 2.º nível: Origens Receitas Correntes Receitas de Capital 1. Receita Tributária 2. Receita de Contribuições 3. Receita Patrimonial 4. Receita Agropecuária 5. Receita Industrial 6. Receita de Serviços 7. Transferências Correntes 9. Outras Receitas Correntes 1. Operações de Crédito 2. Alienação de Bens 3. Amortização de Empréstimos 4. Transferências de Capital 5. Outras Receitas de Capital Origens das Receitas Correntes: • Tributária: receita proveniente de impostos, taxas e contribuições de melhoria; • Contribuições: receita proveniente de contribuições sociais e econômicas; • Patrimonial: receita imobiliária, de valores imobiliários, concessões/permissões e outras; • Agropecuária: receita proveniente de produção vegetal, produção animal e derivados e outras; • Industrial: receita proveniente da indústria extrativa mineral, de transformação e de construção; • Serviços: transporte, comunicação, armazenagem e outros; • Transferências Correntes: receita proveniente de transferências intergovernamentais, de instituições privadas, do exterior, de pessoas, de convênios e para o combate à fome; • Outras Receitas Correntes: receitas provenientes de multas e juros de mora, indenizações e restituições, dívida ativa, entre outras. Origens das Receitas de Capital: www.pontodosconcursos.com.br 39 CURSO ON-LINE - ANALISTA E TÉCNICO LEGISLATIVO - SENADO AFO - TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS PROFESSOR: SÉRGIO MENDES • Operações de Crédito: receita proveniente de operações de crédito internas e externas; • Alienação de Bens: receita proveniente da alienação de bens móveis e imóveis;
Compartilhar