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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
UFG-GO
Assistente em Administração
Edital de Abertura de Concurso Nº 08/2018
FV008-2018
DADOS DA OBRA
Título da obra: Universidade Federal de Goiás - UFG
Cargo: Assistente em Administração
(Baseado no Edital de Abertura de Concurso Nº 08/2018)
• Língua Portuguesa
• Matemática
• Informática
• Conhecimentos Específicos
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Diagramação
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Thais Regis
Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Capa
Joel Ferreira dos Santos
Editoração Eletrônica
Marlene Moreno
APRESENTAÇÃO
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SUMÁRIO
 Língua Portuguesa
1. Leitura e interpretação de textos de diferentes gêneros: efeitos de sentido, hierarquia dos sentidos do texto, situação 
comunicativa, pressuposição, inferência, ambiguidade, ironia, figurativização, polissemia, intertextualidade, linguagem 
não verbal. ................................................................................................................................................................................................................01
2. Modos de organização do texto: descrição, narração, exposição, argumentação, diálogo e esquemas retóricos 
(enumeração de ideias, relações de causa e consequência, comparação, gradação, oposição, etc.). .................................. 09
3. Estrutura textual: progressão temática, parágrafo, período, oração, pontuação, tipos de discurso, mecanismos de 
estabelecimento da coerência, coesão lexical e conexão sintática. .................................................................................................... 09
4. Gêneros textuais: análise das características composicionais de editorial, notícia, reportagem, resenha, crônica, carta, 
artigo de opinião, relatório, parecer, ofício, charge, tira, pintura, placa, propaganda institucional/educacional, etc. ... 09
5. Estilo e registro: variedades linguísticas, formalidade e informalidade, formas de tratamento, propriedade lexical, 
adequação comunicativa. ..................................................................................................................................................................................115
6. Língua padrão: ortografia, formação de palavras, pronome, advérbio, adjetivo, conjunção, preposição, regência, 
concordância nominal e verbal. ......................................................................................................................................................................... 50
Matemática
1. Conjuntos Numéricos: Números naturais e números inteiros: operações, relação de ordem, divisibilidade, máximo 
divisor comum, mínimo múltiplo comum e decomposição em fatores primos; Números racionais e irracionais: 
operações, relação de ordem, propriedades e valor absoluto; Números complexos: conceito, operações e representação 
geométrica; Situações-problema envolvendo conjuntos numéricos. ................................................................................................ 01
2. Progressão Aritmética e Progressão Geométrica: Razão, termo geral e soma dos termos; Situações-problema 
envolvendo progressões. .....................................................................................................................................................................................07
3. Noções de Matemática Financeira: Razão e Proporção; Porcentagem; Juros simples e composto. Situações-problema 
envolvendo matemática financeira. ................................................................................................................................................................ 15
4. Equações e Inequações: Conceito; Resolução e discussão. Situações-problema envolvendo equações e 
inequações. ..........................................................................................................................................................................................................30
5. Funções: Conceito e representação gráfica das funções: afim, quadrática, exponencial e modulares; Situações- 
problema envolvendo funções. .......................................................................................................................................................................... 35
6. Sistemas de equações: Conceito; Resolução, discussão e representação geométrica; Situações – problema envolvendo 
sistemas de equações. ..........................................................................................................................................................................................41
7. Noções de Estatística: Apresentação de dados estatísticos: tabelas e gráficos; Medidas de centralidade: média 
aritmética, média ponderada, mediana e moda. Resolução de problemas envolvendo noções de estatística. ................ 50
Informática
1. Sistemas operacionais Windows: recursos básicos de utilização: janelas, menus, atalhos, ajuda e suporte 
gerenciamento de pastas e arquivos; pesquisas e localização de conteúdo; gerenciamento de impressão; instalação e 
remoção de programas; configuração no Painel de Controle; configuração de dispositivos de hardware; configuração 
de aplicativos. ...................................................................................................................................................................................................01 
2. Aplicativos para edição de textos, planilha eletrônica e editor de apresentação por meio de software livre e de soft-
ware comercial: ambiente do software; operações básicas com documentos; edição e formatação do texto; tratamento 
de fontes de texto; verificação ortográfica e gramatical; impressão; utilização de legendas, índices e figuras. .............. 22
3. Navegadores de Internet e serviços de busca na Web: redes de computadores e Internet; elementos da interface 
dos principais navegadores de Internet; navegação e exibição de sítios Web; utilização e gerenciamento dos principais 
navegadores de Internet. ..................................................................................................................................................................................145
4. Hardware, periféricos e conhecimentos básicos de informática: tipos de computador; tipos de conectores para dispo-
sitivos externos; dispositivos de entrada, saída, armazenamentoe comunicação de dados. ................................................190
SUMÁRIO
Conhecimentos Específicos
1. Noções de administração pública. ............................................................................................................................................................... 01
2. Evolução da administração pública no Brasil após 1930. ................................................................................................................... 09
3. Evolução do pensamento administrativo e noções de administração geral: Processo administrativo, funções: 
planejamento, organização, direção e controle. Áreas organizacionais. ........................................................................................... 10
4. Gestão de pessoas. .............................................................................................................................................................................................13
5. Comportamento organizacional. .................................................................................................................................................................. 16
6. Gestão da qualidade. .........................................................................................................................................................................................17
7. Gestão financeira. ...............................................................................................................................................................................................18
8. Gestão de recursos humanos. ........................................................................................................................................................................ 19
9. Gestão de serviços. ............................................................................................................................................................................................19
10. Comunicação organizacional. ...................................................................................................................................................................... 20
11. Ambiente organizacional. ............................................................................................................................................................................ 28
12. Tomada de decisão. .........................................................................................................................................................................................28
13. Administração de recursos materiais. ....................................................................................................................................................... 33
14. Arquivos: noções gerais. ................................................................................................................................................................................41
15. Gestão de documentos. .................................................................................................................................................................................59
16. Ética na administração....................................................................................................................................................................................60
17. Noções sobre tecnologias da informação. ............................................................................................................................................ 66
18. Noções de empreendedorismo e intra-empreendedorismo. ......................................................................................................... 67
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Leitura e análise de textos de diferentes gêneros textuais. Linguagem verbal e não verbal. Mecanismos de produção 
de sentidos nos textos: polissemia, ironia, comparação, ambiguidade, citação, inferência, pressuposto. Significados 
contextuais das expressões linguísticas. ....................................................................................................................................................... 01
2. Organização do texto: fatores de textualidade (coesão, coerência, intertextualidade, informatividade, intencionalidade, 
aceitabilidade, situacionalidade). Progressão temática. Sequências textuais: descritiva, narrativa, argumentativa, injuntiva, 
dialogal. Tipos de argumento. Funcionalidade e características dos gêneros textuais oficiais: ofício, memorando, e-mail, 
carta comercial, aviso, e-mail etc. Uso dos pronomes. Pontuação. Características dos diferentes discursos (jornalístico, 
político, acadêmico, publicitário, literário, científico, etc.). .................................................................................................................... 09
3. Organização da frase: Processos de coordenação e de subordinação. Verbos que constituem predicado e verbos que 
não constituem predicado. Tempos e modos verbais. Concordância verbal e nominal. Regência dos nomes e dos verbos. 
Constituição e funcionalidade do Sujeito. .................................................................................................................................................... 50
4. Classes de palavras. Formação das palavras. Composição, derivação. Ortografia oficial. Fonemas Acentuação gráfica. . 70 
5. Variação linguística: estilística, sociocultural, geográfica, histórica. Variação entre modalidades da língua (fala e escrita). 
Norma e uso. ...........................................................................................................................................................................................................115
1
LÍNGUA PORTUGUESA
1. LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS 
DE DIFERENTES GÊNEROS TEXTUAIS. 
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL. 
MECANISMOS DE PRODUÇÃO DE SENTIDOS 
NOS TEXTOS: POLISSEMIA, IRONIA, 
COMPARAÇÃO, AMBIGUIDADE, CITAÇÃO, 
INFERÊNCIA, PRESSUPOSTO. SIGNIFICADOS 
CONTEXTUAIS DAS EXPRESSÕES 
LINGUÍSTICAS. 
É muito comum, entre os candidatos a um cargo públi-
co, a preocupação com a interpretação de textos. Por isso, 
vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento 
de responder às questões relacionadas a textos.
 
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio-
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de 
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar 
e decodificar ).
 
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. 
Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-
se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições 
para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa 
interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o rela-
cionamento entre as frases é tão grande que, se uma frase 
for retirada de seu contexto original e analisada separada-
mente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.
 
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe-
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci-
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. 
 
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma 
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia 
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, 
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, 
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas 
na prova.
 
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
 
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamen-
tais de uma argumentação, de um processo, de uma época 
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais 
definem o tempo).
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança 
ou de diferenças entre as situações do texto.
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado 
comuma realidade, opinando a respeito. 
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun-
dárias em um só parágrafo. 
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala-
vras.
Condições básicas para interpretar
 
Fazem-se necessários: 
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros 
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do 
texto) e semântico; 
Observação – na semântica (significado das palavras) 
incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
gem, entre outros.
- Capacidade de observação e de síntese e 
- Capacidade de raciocínio.
Interpretar X compreender 
Interpretar significa
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
- Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Compreender significa
- intelecção, entendimento, atenção ao que realmente 
está escrito.
- o texto diz que...
- é sugerido pelo autor que...
- de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
ção...
- o narrador afirma...
Erros de interpretação
 
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência 
de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
- Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do con-
texto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por 
conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
 
- Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção 
apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-
junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do 
entendimento do tema desenvolvido. 
 
- Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias con-
trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
cadas e, consequentemente, errando a questão.
 Observação - Muitos pensam que há a ótica do es-
critor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa 
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração 
é o que o autor diz e nada mais.
 
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que 
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. 
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um 
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se 
vai dizer e o que já foi dito.
2
LÍNGUA PORTUGUESA
 OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e 
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do 
verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer 
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor 
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante-
cedente. 
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de 
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que 
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, 
a saber:
 - que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
te, mas depende das condições da frase.
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa)
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois 
o objeto possuído. 
- como (modo)
- onde (lugar)
quando (tempo)
quanto (montante) 
Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto)
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria 
aparecer o demonstrativo O ).
 
Dicas para melhorar a interpretação de textos
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do 
assunto;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa 
a leitura;
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto 
pelo menos duas vezes;
- Inferir;
- Voltar ao texto quantas vezes precisar;
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do 
autor;
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor 
compreensão;
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de 
cada questão;
- O autor defende ideias e você deve percebê-las.
Fonte:
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
gues/como-interpretar-textos
QUESTÕES
1-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – 
FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques-
tão, considere o texto abaixo.
A marca da solidão
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de 
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a 
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de 
penumbra na tarde quente.
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, 
dentro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, 
com pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando 
pequenas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de 
quem é capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando 
se tem a marca da solidão na alma, o mundo cabe numa 
fresta.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de 
Janeiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
No texto, o substantivo usado para ressaltar o univer-
so reduzido no qual o menino detém sua atenção é
(A) fresta.
(B) marca.
(C) alma.
(D) solidão.
(E) penumbra.
2-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
PE/2012) 
O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca 
a totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a 
concepção de mundo. É uma verdade que se diz sobre o 
mundo, que se estende a todas as coisas e à qual nada 
escapa. É, de alguma maneira, o aspecto festivo do mundo 
inteiro, em todos os seus níveis, uma espécie de segunda 
revelação do mundo. 
Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o 
Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Pau-
lo: Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).
Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente tex-
tual “O riso”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
3-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
PE/2010) 
Só agora, quase cinco meses depois do apagão que 
atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, 
surge uma explicação oficial satisfatória para o corte 
abrupto e generalizado de energia no final de 2009.
Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elé-
trica (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa 
estatal Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais 
de 900 km que separam Itaipu de São Paulo.
Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de 
investimentos e também erros operacionais conspiraram 
para produzir a mais séria falha do sistema de geração e 
distribuição de energia do país desde o traumático racio-
namento de 2001.
Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta-
ções).
Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas 
do texto acima apresentado, julgue os próximos itens.
A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 
18 estados do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
( ) CERTO ( ) ERRADO
3
LÍNGUA PORTUGUESA
4-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
Um carteiro chega ao portão do hospício e grita: 
— Carta para o 9.326!!! 
Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está 
em
branco, e um outro pergunta: 
— Quem te mandou essa carta? 
— Minha irmã. 
— Mas por que não está escrito nada? 
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando!
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adap-
tações).
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto aci-
ma decorre
A) da identificação numérica atribuída ao louco.
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a carta 
no hospício. 
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou a 
carta.
D) da explicação dada pelo louco para a carta em branco.
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele. 
5-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – FGV 
PROJETOS/2010) 
Painel do leitor (Carta do leitor)
Resgate no Chile
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de 
salvamento de vidas, após 69dias de permanência no fundo 
de uma mina de cobre e ouro no Chile.
Um a um os mineiros soterrados foram içados com su-
cesso, mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cumprimen-
tando seus companheiros de trabalho. Não se pode esquecer 
a ajuda técnica e material que os Estados Unidos, Canadá e 
China ofereceram à equipe chilena de salvamento, num ges-
to humanitário que só enobrece esses países. E, também, dos 
dois médicos e dois “socorristas” que, demonstrando coragem 
e desprendimento, desceram na mina para ajudar no salva-
mento.
 (Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – pai-
nel do leitor – 17/10/2010)
Considerando o tipo textual apresentado, algumas ex-
pressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor 
diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais podem 
ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO:
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma 
mina de cobre e ouro no Chile.”
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, desce-
ram na mina...”
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO – 
VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às 
questões de números 6 a 8.
Férias na Ilha do Nanja
Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as 
malas nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo 
faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, 
fissuras* – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre 
as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...
Meus amigos partem para as suas férias, cansados de 
tanto trabalho; de tanta luta com os motoristas da contra-
mão; enfim, cansados, cansados de serem obrigados a viver 
numa grande cidade, isto que já está sendo a negação da 
própria vida.
E eu vou para a Ilha do Nanja.
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as 
férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio 
cresce como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já es-
tou vendo os pescadores com suas barcas de sardinha, e a 
moça à janela a namorar um moço na outra janela de outra 
ilha.
(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende. 
Adaptado)
*fissuras: fendas, rachaduras
6-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO 
– VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a 
maneira como se preparam para suas férias, a autora mos-
tra que seus amigos estão
(A) serenos.
(B) descuidados.
(C) apreensivos.
(D) indiferentes.
(E) relaxados.
7-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO 
– VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar 
que, assim como seus amigos, a autora viaja para
(A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
(B) escapar do lugar em que está.
(C) reencontrar familiares queridos.
(D) praticar esportes radicais.
(E) dedicar-se ao trabalho.
8-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO 
– VUNESP/2013) Ao descrever a Ilha do Nanja como um 
lugar onde, “à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio 
cresce como um bosque” (último parágrafo), a autora su-
gere que viajará para um lugar
(A) repulsivo e populoso.
(B) sombrio e desabitado.
(C) comercial e movimentado.
(D) bucólico e sossegado.
(E) opressivo e agitado.
9-) (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
Grandes metrópoles em diversos países já aderiram. E 
o Brasil já está falando sobre isso. O pedágio urbano divide 
opiniões e gera debates acalorados. Mas, afinal, o que é mais 
justo? O que fazer para desafogar a cidade de tantos carros? 
Prepare-se para o debate que está apenas começando.
(Adaptado de Superinteressante, dezembro2012, p.34) 
4
LÍNGUA PORTUGUESA
Marque N(não) para os argumentos contra o pedágio 
urbano; marque S(sim) para os argumentos a favor do pe-
dágio urbano.
( ) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o trans-
porte público e estender as ciclovias.
( ) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas cida-
des, que não resolveu os problemas do trânsito.
( ) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mun-
do vai ter que pensar bem antes de comprar um carro.
( ) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, estacio-
namento, revisão....e agora mais o pedágio?
( ) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é 
investido no transporte público.
( ) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pa-
gue pelo privilégio!
( ) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio 
urbano melhorou.
A ordem obtida é:
a) (S) (N) (N) (S) (S) (S) (N)
b) (S) (N) (S) (N) (N) (S) (S)
c) (N) (S) (S) (N) (S) (N) (S)
d) (S) (S) (N) (S) (N) (S) (N)
e) (N) (N) (S) (S) (N) (S) (N)
10-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ – 
ADMINISTRADOR - UFPR/2013) Assinale a alternativa que 
apresenta um dito popular que parafraseia o conteúdo ex-
presso no excerto: “Se você está em casa, não pode sair. Se 
você está na rua, não pode entrar”. 
a) “Se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come”. 
b) “Quando o gato sai, os ratos fazem a festa”. 
c) “Um dia da caça, o outro do caçador”. 
d) “Manda quem pode, obedece quem precisa”. 
Resolução
1-) 
Com palavras do próprio texto responderemos: o mun-
do cabe numa fresta.
RESPOSTA: “A”.
2-) 
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a serie-
dade; ele abarca a totalidade do universo (...). Os termos 
relacionam-se. O pronome “ele” retoma o sujeito “riso”.
RESPOSTA: “CERTO”.
3-) 
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo 
menos 1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por 
“o qual”, portanto, trata-se de um pronome relativo (ora-
ção subordinada adjetiva). Quando há presença de vírgula, 
temos uma adjetiva explicativa (generaliza a informação 
da oração principal. A construção seria: “do apagão, que 
atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados do país”); 
quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe, 
delimita a informação – como no caso do exercício).
RESPOSTA: “CERTO’.
4-) 
Geralmente o efeito de humor desses gêneros tex-
tuais aparece no desfecho da história, ao final, como nes-
se: “Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando”. 
RESPOSTA: “D”.
5-) 
Em todas as alternativas há expressões que represen-
tam a opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da 
Terra / Não se pode esquecer / gesto humanitário que 
só enobrece / demonstrando coragem e desprendimento. 
RESPOSTA: “B”.
6-) 
“pensando nas suas estradas – barreiras, pedras sol-
tas, fissuras – sem falar em bandidos, milhões de bandi-
dos entre as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...” = 
pensar nessas coisas, certamente, deixa-os apreensivos. 
RESPOSTA: “C”.
7-) 
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta 
da própria autora!
RESPOSTA: “B”.
8-) 
Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de 
ruim. 
RESPOSTA: “D”.
9-) 
(S) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o 
transporte público e estender as ciclovias.
(N) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas 
cidades, que não resolveu os problemas do trânsito.
(S) Se pegar no bolso do consumidor, então todo 
mundo vai ter que pensar bem antes de comprar um car-
ro.
(N) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, esta-
cionamento, revisão....e agora mais o pedágio?
(N) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é 
investido no transporte público.
(S) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então 
pague pelo privilégio!
(S) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio 
urbano melhorou.
S - N - S - N - N - S - S 
RESPOSTA: “B”.
10-) 
Dentre as alternativas apresentadas, a que reafirma a 
ideia do excerto (não há muita saída, não há escolhas) é: 
“Se você está em casa, não pode sair. Se você está na rua, 
não pode entrar”.
RESPOSTA: “A”.
5
LÍNGUA PORTUGUESA
Linguagem Verbal e Não Verbal
Linguagem é a capacidade que possuímos de expres-sar nossos pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos. 
Está relacionada a fenômenos comunicativos; onde há co-
municação, há linguagem. Podemos usar inúmeros tipos 
de linguagens para estabelecermos atos de comunicação, 
tais como: sinais, símbolos, sons, gestos e regras com sinais 
convencionais (linguagem escrita e linguagem mímica, por 
exemplo). Num sentido mais genérico, a linguagem pode 
ser classificada como qualquer sistema de sinais que se va-
lem os indivíduos para comunicar-se. 
A linguagem pode ser:
- Verbal: aquela que faz uso das palavras para comu-
nicar algo.
 
As figuras acima nos comunicam sua mensagem atra-
vés da linguagem verbal (usa palavras para transmitir a in-
formação).
- Não Verbal: aquela que utiliza outros métodos de 
comunicação, que não são as palavras. Dentre elas estão a 
linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a lingua-
gem corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc.
 
Essas figuras fazem uso apenas de imagens para co-
municar o que representam.
A Língua é um instrumento de comunicação, sendo 
composta por regras gramaticais que possibilitam que de-
terminado grupo de falantes consiga produzir enunciados 
que lhes permitam comunicar-se e compreender-se. Por 
exemplo: falantes da língua portuguesa.
A língua possui um caráter social: pertence a todo um 
conjunto de pessoas, as quais podem agir sobre ela. Cada 
membro da comunidade pode optar por esta ou aquela 
forma de expressão. Por outro lado, não é possível criar 
uma língua particular e exigir que outros falantes a com-
preendam. Dessa forma, cada indivíduo pode usar de ma-
neira particular a língua comunitária, originando a fala. A 
fala está sempre condicionada pelas regras socialmente 
estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para 
permitir um exercício criativo da comunicação. Um indiví-
duo pode pronunciar um enunciado da seguinte maneira:
A família de Regina era paupérrima.
Outro, no entanto, pode optar por:
A família de Regina era muito pobre.
As diferenças e semelhanças constatadas devem-
se às diversas manifestações da fala de cada um. Note, 
além disso, que essas manifestações devem obedecer às 
regras gerais da língua portuguesa, para não correrem 
o risco de produzir enunciados incompreensíveis como: 
Família a paupérrima de era Regina.
Não devemos confundir língua com escrita, pois 
são dois meios de comunicação distintos. A escrita re-
presenta um estágio posterior de uma língua. A língua 
falada é mais espontânea, abrange a comunicação lin-
guística em toda sua totalidade. Além disso, é acom-
panhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas, 
incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas 
a representação da língua falada, mas sim um sistema 
mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o 
jogo fisionômico, as mímicas e o tom de voz do falante. 
No Brasil, por exemplo, todos falam a língua portuguesa, 
mas existem usos diferentes da língua devido a diversos 
fatores. Dentre eles, destacam-se:
- Fatores Regionais: é possível notar a diferença do 
português falado por um habitante da região nordeste e 
outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma 
região, também há variações no uso da língua. No esta-
do do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças en-
tre a língua utilizada por um cidadão que vive na capital 
e aquela utilizada por um cidadão do interior do estado.
- Fatores Culturais: o grau de escolarização e a for-
mação cultural de um indivíduo também são fatores que 
colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pes-
soa escolarizada utiliza a língua de uma maneira diferen-
te da pessoa que não teve acesso à escola.
- Fatores Contextuais: nosso modo de falar varia de 
acordo com a situação em que nos encontramos: quan-
do conversamos com nossos amigos, não usamos os 
termos que usaríamos se estivéssemos discursando em 
uma solenidade de formatura.
- Fatores Profissionais: o exercício de algumas ati-
vidades requer o domínio de certas formas de língua 
chamadas línguas técnicas. Abundantes em termos 
específicos, essas formas têm uso praticamente restrito 
ao intercâmbio técnico de engenheiros, químicos, pro-
fissionais da área de direito e da informática, biólogos, 
médicos, linguistas e outros especialistas.
- Fatores Naturais: o uso da língua pelos falantes 
sofre influência de fatores naturais, como idade e sexo. 
Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que 
um adulto, daí falar-se em linguagem infantil e lingua-
gem adulta. 
6
LÍNGUA PORTUGUESA
Fala
É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato 
individual, pois cada indivíduo, para a manifestação da fala, 
pode escolher os elementos da língua que lhe convém, 
conforme seu gosto e sua necessidade, de acordo com a 
situação, o contexto, sua personalidade, o ambiente socio-
cultural em que vive, etc. Desse modo, dentro da unidade 
da língua, há uma grande diversificação nos mais variados 
níveis da fala. Cada indivíduo, além de conhecer o que fala, 
conhece também o que os outros falam; é por isso que so-
mos capazes de dialogar com pessoas dos mais variados 
graus de cultura, embora nem sempre a linguagem delas 
seja exatamente como a nossa. 
Devido ao caráter individual da fala, é possível observar 
alguns níveis:
- Nível Coloquial-Popular: é a fala que a maioria das 
pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente em situações 
informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao utilizá-lo, 
não nos preocupamos em saber se falamos de acordo ou 
não com as regras formais estabelecidas pela língua.
- Nível Formal-Culto: é o nível da fala normalmente 
utilizado pelas pessoas em situações formais. Caracteriza-se 
por um cuidado maior com o vocabulário e pela obediência 
às regras gramaticais estabelecidas pela língua.
Signo
É um elemento representativo que apresenta dois as-
pectos: o significado e o significante. Ao escutar a palavra 
“cachorro”, reconhecemos a sequência de sons que formam 
essa palavra. Esses sons se identificam com a lembrança de-
les que está em nossa memória. Essa lembrança constitui 
uma real imagem sonora, armazenada em nosso cérebro 
que é o significante do signo “cachorro”. Quando escutamos 
essa palavra, logo pensamos em um animal irracional de 
quatro patas, com pelos, olhos, orelhas, etc. Esse conceito 
que nos vem à mente é o significado do signo “cachorro” e 
também se encontra armazenado em nossa memória.
Ao empregar os signos que formam a nossa língua, 
devemos obedecer às regras gramaticais convencionadas 
pela própria língua. Desse modo, por exemplo, é possível 
colocar o artigo indefinido “um” diante do signo “cachorro”, 
formando a sequência “um cachorro”, o mesmo não seria 
possível se quiséssemos colocar o artigo “uma” diante do 
signo “cachorro”. A sequência “uma cachorro” contraria uma 
regra de concordância da língua portuguesa, o que faz com 
que essa sentença seja rejeitada. Os signos que constituem 
a língua obedecem a padrões determinados de organiza-
ção. O conhecimento de uma língua engloba tanto a iden-
tificação de seus signos, como também o uso adequado de 
suas regras combinatórias.
Signo: elemento representativo que possui duas par-
tes indissolúveis: significado e significante. Significado (é o 
conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte abstrata 
do signo) + Significante (é a imagem sonora, a forma, a 
parte concreta do signo, suas letras e seus fonemas).
Língua: conjunto de sinais baseado em palavras que 
obedecem às regras gramaticais.
Fala: uso individual da língua, aberto à criatividade 
e ao desenvolvimento da liberdade de expressão e com-
preensão.
Efeitos de Ironia em Textos
A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica 
que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, 
deixando entender uma distância intencional entre aquiloque dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Litera-
tura, a ironia é a arte de gozar com alguém ou de alguma 
coisa, com vista a obter uma reação do leitor, ouvinte ou 
interlocutor.
Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o obje-
tivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, 
o locutor descreve a realidade com termos aparentemente 
valorizantes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia 
convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura, 
para refletir sobre o tema e escolher uma determinada po-
sição. 
A maior parte das teorias de retórica distingue três ti-
pos de ironia: oral, dramática e de situação.
- A ironia oral é a disparidade entre a expressão e a 
intenção: quando um locutor diz uma coisa mas pretende 
expressar outra, ou então quando um significado literal é 
contrário para atingir o efeito desejado.
- A ironia dramática (ou sátira) é a disparidade entre 
a expressão e a compreensão/cognição: quando uma pa-
lavra ou uma ação põe uma questão em jogo e a plateia 
entende o significado da situação, mas a personagem não.
- A ironia de situação é a disparidade existente entre a 
intenção e o resultado: quando o resultado de uma ação é 
contrário ao desejo ou efeito esperado. Da mesma manei-
ra, a ironia infinita é a disparidade entre o desejo humano 
e as duras realidades do mundo externo. 
Exemplo:
__Você está intolerante hoje.
__Não diga, meu amor!
É também um estilo de linguagem caracterizado por 
subverter o símbolo que, a princípio, representa. A ironia 
utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida 
para, a partir e de dentro dela, contestá-la.
Foi utilizada por Sócrates, na Grécia Antiga, como fer-
ramenta para fazer os seus interlocutures entrarem em 
contradição, no seu método socrático.
Leia este trecho escrito por Murilo Mendes:
 
“Uma moça nossa vizinha dedilhava admiravelmente 
mal ao piano alguns estudos de Litz”.
Observe que a expressão “admiravelmente” é exata-
mente o oposto do adjetivo posterior “mal”, deixando bas-
tante clara a presença da ironia ou antífrase, figura de lin-
guagem que expressa um sentido contrário ao significado 
habitual.
7
LÍNGUA PORTUGUESA
Segundo Pires, existem três tipos de ironia:
- asteísmo: quando louva;
- sarcasmo: quando zomba;
- antífrase: quando engrandece ideias funestas, erra-
das, fora de propósito e quando se faz uso carinhoso de 
termos ofensivos.
Veja exemplos na literatura:
“Moça linda bem tratada, três séculos de família, burra 
como uma porta: um amor! (Mário de Andrade)
“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar 
crianças”. (Monteiro Lobato)
Exemplo em textos falados:
“Quem foi o inteligente que usou o computador e apa-
gou tudo o que estava gravado?”
“Essa cômoda está tão limpinha que dá para escrever 
com o dedo.”
“João é tão experto que travou o carro com a chave den-
tro.”
O contexto é de fundamental importância para a com-
preensão da ironia, pois, inserindo a situação onde a fala 
foi produzida e a entonação do falante, determinamos 
em que sentido as palavras estão empregadas. Veja estes 
exemplos:
“Olá, Carlos. Como você está em forma!”
“Meus parabéns pelo seu belo serviço!”
As duas frases só podem ser compreendidas ironica-
mente se a entonação da voz se der nas palavras “forma” e 
“belo”. Entretanto, isso não seria necessário se inseríssemos 
essas afirmações nos seguintes contextos:
Frase 1 – Carlos está pesando atualmente 140 kilos.
Frase 2 – O funcionário elogiado é um segurança que 
dormiu em serviço e, por isso, não viu o meliante que rou-
bou todo o dinheiro da empresa.
Não seria necessário inserir o contexto na frase 1, se a 
reformularmos da seguinte maneira:
“Olá, Carlos! Como você está em forma… de baleia!”
Portanto, definimos como ironia a figura de linguagem 
que afirma o contrário do que se quer dizer.
São avaliadas diversas situações onde a ironia se apre-
senta nas suas mais variadas formas, buscando apontar as 
melhores direções para o uso da mesma e quando se deve 
evitar a utilização dela. Os resultados obtidos nessa avalia-
ção não são de caráter totalmente conclusivo, sua função 
real é apresentar um panorama sobre a adequação do uso 
desta figura semântica. É necessário também ressaltar que 
como base para essa análise foi utilizado apenas material 
teórico, ou seja, sem nenhuma experiência prática. Por fim 
busca-se mostrar que a ironia é uma “arma” que se utili-
zada de uma maneira inteligente possui um grande valor. 
Jornalismo, Literatura, Política e até mesmo em cenas 
cotidianas como conversas entre amigos ou no trabalho a 
ironia se faz presente muitas vezes.
Definir essa figura semântica nos leva a percorrer di-
versos caminhos, pois se trata de algo com múltiplas faces 
e consequentemente com várias teorias e linhas de pensa-
mentos.
Além da velha definição de ironia que é dizer uma coi-
sa e dar a entender o contrário pode-se também a definir 
de outras maneiras como, por exemplo, a busca por dizer 
algo que venha a instigar uma série de interpretações sub-
versivas sobre o que foi dito.
Ter domínio do bom senso e alguma noção sobre ética 
é importante para ser irônico sem ser ofensivo, para ser 
“escrachado” e mesmo assim ser inteligente, para usar essa 
ferramenta como algo enriquecedor no contexto determi-
nado.
O fato de ser irônico gera muitas controvérsias, certo 
descontentamento, normalmente ligado a dificuldade de 
entendimento dessa figura linguística, o que nos remete a 
outras questões como raciocínio lógico, senso de humor e 
mente aberta.
A ironia realmente está quase que totalmente inter-
ligada com o humor, dentre as várias formas do mesmo, 
até pode se dizer que é preciso um certo refinamento de 
humor para entender grande parte das questões onde se 
emprega elementos irônicos. 
Outra questão importante a ser ressaltada é o fato do 
domínio de contexto/situação para que possa haver uma 
melhor compreensão da ideia que está se tentando pas-
sar ao se expressar ironicamente, havendo isso ocorre uma 
facilitação maior que vai possibilitar uma melhor interação 
entre todas as partes.
A ironia é definida por muitos teóricos como a figu-
ra de linguagem mais interessante que existe, tanto pelo 
seu caráter ousado e desafiador, mas também pela grande 
possibilidade de enriquecimento da fala e escrita. Seu uso 
feito de forma adequada possui uma tendência muito forte 
de ser o diferencial do trabalho ou situação, sempre tendo 
em vista todas essas questões contextuais e as consequên-
cias de empregar corretamente esse elemento linguístico. 
Por se tratar de um elemento linguístico com uma enorme 
possibilidade de uso nas mais variadas formas, compreen-
der um pouco das questões do surgimento da ironia e das 
relações desta com as situações onde é empregada, se tor-
na fundamental, não só para uma melhor compreensão, 
mas também para uma melhor utilização,que assim terá 
uma maior tendência de ser melhor absorvida pela outra(s) 
parte(s) do diálogo.
A ironia pode ser considerada o elemento de lingua-
gem mais provocador que existe. Seu uso na maioria das 
vezes visa mesmo fazer uso dessas provocações geradas 
por essa figura linguística. Por isso mesmo é necessário 
muito cuidado ao ser irônico, pois a compreensão por par-
te de todos depende primeiramente da forma com que a 
ironia é passada. A observação bem feita do contexto/si-
8
LÍNGUA PORTUGUESA
tuação onde está ocorrendo a atividade é mais do que 
importante, é fundamental, caso contrário o tiro pode 
sair pela culatra, a arma poderosa pode ter efeito con-
trário e colocar por água abaixo uma série de questões 
relevantes. Então, ter um domínio mesmo que mínimo 
desses fatos, pode ser suficiente para uma utilização 
“correta” e sem maiores perigos. Bom senso também é 
algo totalmente relevante dentro dessasquestões.
Provocante, ousada, pra muitos até irritante. Esses 
são alguns dos muitos adjetivos que são dados a ironia, 
sendo que essa é realmente algo muito complicado de 
se obter uma definição final, não só pela sua amplitude 
mas também pela sua versatilidade.
Ambiguidade
Ela surge quando algo que está sendo dito admi-
te mais de um sentido, comprometendo a compreen-
são do conteúdo. Isso pode suscitar dúvidas no leitor 
e levá-lo a conclusões equivocadas na interpretação do 
texto. A ambiguidade é um dos problemas que podem 
ser evitados.
A inadequação ou a má colocação de elementos 
como pronomes, adjuntos adverbiais, expressões e até 
mesmo enunciados inteiros podem acarretar em duplo 
sentido, comprometendo a clareza do texto. Observe os 
exemplos que seguem: 
“O professor falou com o aluno parado na sala” 
Neste caso, a ambiguidade decorre da má constru-
ção sintática deste enunciado. Quem estava parado na 
sala? O aluno ou o professor? A solução é, mais uma 
vez, colocar “parado na sala” logo ao lado do termo a 
que se refere: “Parado na sala, o professor falou com o 
aluno”; ou “O professor falou com o aluno, que estava 
parado na sala”. 
“A polícia cercou o ladrão do banco na Rua Santos.”
 
O banco ficava na Rua Santos, ou a polícia cercou o 
ladrão nessa rua? A ambiguidade resulta da má coloca-
ção do adjunto adverbial. Para evitar isso, coloque “na 
Rua Santos” mais perto do núcleo de sentido a que se 
refere: “Na rua Santos, a polícia cercou o ladrão”; ou “A 
polícia cercou o ladrão do banco que localiza-se na rua 
Santos”. 
“Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com fre-
quência apresentam sintomas de irritabilidade e depres-
são.”
Mais uma vez a duplicidade de sentido é provo-
cada pela má colocação do adjunto adverbial. Assim, 
pode-se entender que “As pessoas que, com frequência, 
consomem bebidas alcoólicas apresentam sintomas de 
irritabilidade e depressão” ou que “As pessoas que con-
somem bebidas alcoólicas apresentam, com frequência, 
sintomas de irritabilidade e depressão”.
Em certos casos, a ambiguidade pode se transfor-
mar num importante recurso estilístico na construção 
do sentido do texto. O apelo a esse recurso pode ser 
fundamental para provocar o efeito polissêmico do tex-
to. Os textos literários, de maneira geral (como roman-
ces, poemas ou crônicas), são textos com predomínio 
da linguagem conotativa (figurada). Nesse caso, o ca-
ráter metafórico pode derivar do emprego deliberado 
da ambiguidade.
Podemos verificar a presença da ambiguidade como 
recurso literário analisando a letra da canção “Jack Soul 
Brasileiro”, do compositor Lenine.
Já que sou brasileiro
E que o som do pandeiro é certeiro e tem direção
Já que subi nesse ringue
E o país do suingue é o país da contradição
Eu canto pro rei da levada
Na lei da embolada, na língua da percussão
A dança, a muganga, o dengo
A ginga do mamulengo
O charme dessa nação (...)
Podemos observar que o primeiro verso (“Já que sou 
brasileiro”) permite até três interpretações diferentes. A 
primeira delas corresponde ao sentido literal do texto, 
em que o poeta afirma-se como brasileiro de fato. A 
segunda interpretação permite pensar em uma referên-
cia ao cantor e compositor Jackson do Pandeiro - o “Zé 
Jack” -, um dos maiores ritmistas de todos os tempos, 
considerado um ícone da história da música popular 
brasileira, de quem Lenine se diz seguidor. A terceira 
leitura para esse verso seria a referência à “soul music” 
norte-americana, que teve grande influência na música 
brasileira a partir da década de 1960.
 Na publicidade, é possível observar o “uso e o abu-
so” da linguagem plurissignificante, por meio dos troca-
dilhos e jogos de palavras. Esse procedimento visa cha-
mar a atenção do interlocutor para a mensagem. Para 
entender melhor, vamos analisar a seguir um anúncio 
publicitário, veiculado por várias revistas importantes.
Sempre presente - Ferracini Calçados
 O slogan “Sempre presente” pode apresentar, de 
início, duas leituras possíveis: o calçado Ferracini é sem-
pre uma boa opção para presentear alguém; ou, ainda, 
o calçado Ferracini está sempre presente em qualquer 
ocasião, já que, supõe-se, pode ser usado no dia a dia 
ou em uma ocasião especial.
9
LÍNGUA PORTUGUESA
2. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO: FATORES 
DE TEXTUALIDADE (COESÃO, COERÊNCIA, 
INTERTEXTUALIDADE, INFORMATIVIDADE, 
INTENCIONALIDADE, ACEITABILIDADE, 
SITUACIONALIDADE). PROGRESSÃO 
TEMÁTICA. SEQUÊNCIAS TEXTUAIS: 
DESCRITIVA, NARRATIVA, ARGUMENTATIVA, 
INJUNTIVA, DIALOGAL. TIPOS DE 
ARGUMENTO. FUNCIONALIDADE E 
CARACTERÍSTICAS DOS GÊNEROS TEXTUAIS 
OFICIAIS: OFÍCIO, MEMORANDO, E-MAIL, 
CARTA COMERCIAL, AVISO, E-MAIL ETC. 
USO DOS PRONOMES. PONTUAÇÃO. 
CARACTERÍSTICAS DOS DIFERENTES 
DISCURSOS (JORNALÍSTICO, POLÍTICO, 
ACADÊMICO, PUBLICITÁRIO, LITERÁRIO, 
CIENTÍFICO, ETC.). 
Coesão e Coerência
Não basta conhecer o conteúdo das partes de um tra-
balho: introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de 
saber o que se deve (e o que não se deve) escrever em 
cada parte constituinte do texto, é preciso saber escrever 
obedecendo às normas de coerência e coesão. Antes de 
mais nada, é necessário definir os termos: coerência diz res-
peito à articulação do texto, à compatibilidade das ideias, 
à lógica do raciocínio, a seu conteúdo. Coesão refere-se à 
expressão linguística, ao nível gramatical, às estruturas fra-
sais e ao emprego do vocabulário.
Coerência e coesão relacionam-se com o processo de 
produção e compreensão do texto. A coesão contribui para 
a coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta 
coesão. Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente 
coesão, ou que um texto tenha coesão sem coerência. Em 
outras palavras: um texto pode ser gramaticalmente bem 
construído, com frases bem estruturadas, vocabulário cor-
reto, mas apresentar ideias sem nexo, sem uma sequência 
lógica: há coesão, mas não coerência. Por outro lado, um 
texto pode apresentar ideias coerentes e bem encadeadas, 
sem que no plano da expressão as estruturas frasais sejam 
gramaticalmente aceitáveis: há coerência, mas não coesão. 
A coerência textual subjaz ao texto e é responsável 
pela hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela 
tem origem nas estruturas profundas, no conhecimento do 
mundo de cada pessoa, aliada à competência linguística. 
Deduz-se que é difícil ensinar coerência textual, intima-
mente ligada à visão de mundo, à origem das ideias no 
pensamento. A coesão, porém, refere-se à expressão lin-
guística, aos processos sintáticos e gramaticais do texto.
O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão:
Coerência: rede de sintonia entre as partes e o todo de 
um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa ade-
quada relação semântica, que se manifesta na compatibi-
lidade entre as ideias. (Na linguagem popular: “dizer coisa 
com coisa” ou “uma coisa bate com outra”).
Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo 
do texto, numa linha de sequência e com os quais se es-
tabelece um vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo 
coesivo faz-se via gramática, fala-se em coesão gramatical. 
Se se faz por meio do vocabulário, tem-se a coesão lexical.
Coerência
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do 
texto;
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão 
conceitual;
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o 
todo, com o aspecto global do texto;
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
Coesão
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
- situa-se na superfície do texto, estabelece conexão 
sequencial;
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as 
partes componentes do texto;
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior 
das frases.
Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibili-
dade ou compreensãodo texto. Um texto bem redigido 
tem parágrafos bem estruturados e articulados pelo enca-
deamento das ideias neles contidas. As estruturas frasais 
devem ser coerentes e gramaticalmente corretas, no que 
diz respeito à sintaxe. O vocabulário precisa ser adequado 
e essa adequação só se consegue pelo conhecimento dos 
significados possíveis de cada palavra. Talvez os erros mais 
comuns de redação sejam devidos à impropriedade do vo-
cabulário e ao mau emprego dos conectivos (conjunções, 
que têm por função ligar uma frase ou período a outro). Eis 
alguns exemplos de impropriedade do vocabulário, colhi-
dos em redações sobre censura e os meios de comunica-
ção e outras.
“Nosso direito é frisado na Constituição.”
Nosso direito é assegurado pela Constituição. = correta
“Estabelecer os limites as quais a programação deveria 
estar exposta.”
Estabelecer os limites aos quais a programação deveria 
estar sujeita. = correta
“A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.”
A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias sensa-
cionalistas ou punir os meios de comunicação que veiculam 
tais notícias. = correta
 
“Retomada das rédeas da programação.”
Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no 
que diz respeito à programação. = correta
10
LÍNGUA PORTUGUESA
O emprego de vocabulário inadequado prejudica mui-
tas vezes a compreensão das ideias. É importante, ao redi-
gir, empregar palavras cujo significado seja conhecido pelo 
enunciador, e cujo emprego faça parte de seus conheci-
mentos linguísticos. Muitas vezes, quem redige conhece o 
significado de determinada palavra, mas não sabe empre-
gá-la adequadamente, isso ocorre frequentemente com o 
emprego dos conectivos (preposições e conjunções). Não 
basta saber que as preposições ligam nomes ou sintagmas 
nominais no interior das frases e que as conjunções ligam 
frases dentro do período; é necessário empregar adequa-
damente tanto umas como outras. É bem verdade que, na 
maioria das vezes, o emprego inadequado dos conectivos 
remete aos problemas de regência verbal e nominal.
Exemplos:
“Estar inteirada com os fatos” significa participação, in-
teração.
“Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento 
dos fatos, estar informada.
“Ir de encontro” significa divergir, não concordar.
“Ir ao encontro” quer dizer concordar.
“Ameaça de liberdade de expressão e transmissão de 
ideias” significa a liberdade não é ameaça; 
“Ameaça à liberdade de expressão e transmissão de 
ideias”, isto é, a liberdade fica ameaçada.
Quanto à regência verbal, convém sempre consultar 
um dicionário de verbos, pois muitos deles admitem duas 
ou três regências diferentes; cada uma, porém, tem um 
significado específico. Lembre-se, a propósito, de que as 
dúvidas sobre o emprego da crase decorrem do fato de 
considerar-se crase como sinal de acentuação apenas, 
quando o problema refere-se à regência nominal e verbal.
Exemplos:
O verbo assistir admite duas regências: 
assistir o/a (transitivo direto) significa dar ou prestar 
assistência (O médico assiste o doente):
Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti 
ao jogo da seleção).
Pedir o =n(transitivo direto) significa solicitar, pleitear 
(Pedi o jornal do dia).
Pedir que =,contém uma ordem (A professora pediu 
que fizessem silêncio).
Pedir para = pedir permissão (Pediu para sair da clas-
se); significa também pedir em favor de alguém (A Diretora 
pediu ajuda para os alunos carentes) em favor dos alunos, 
pedir algo a alguém (para si): (Pediu ao colega para ajudá
-lo); pode significar ainda exigir, reclamar (Os professores 
pedem aumento de salário).
O mau emprego dos pronomes relativos também 
pode levar à falta de coesão gramatical. Frequentemente, 
emprega-se no qual ou ao qual em lugar do que, com 
prejuízo da clareza do texto; outras vezes, o emprego é 
desnecessário ou inadequado. 
“Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para 
mim no qual estava sem remetente”. (Chegou com um en-
velope que (o qual) estava sem remetente).
“Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da 
sensibilidade...”
Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade 
delas (palavras cheias de sensibilidade).
Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação 
das frases, aconselha-se levar em conta as seguintes suges-
tões para o emprego correto dos articuladores sintáticos 
(conjunções, preposições, locuções prepositivas e locuções 
conjuntivas).
- Para dar ideia de oposição ou contradição, a articu-
lação sintática faz-se por meio de conjunções adversativas: 
mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto. Po-
dem também ser empregadas as conjunções concessivas 
e locuções prepositivas para introduzir a ideia de oposição 
aliada à concessão: embora, ou muito embora, apesar de, 
ainda que, conquanto, posto que, a despeito de, não obs-
tante.
- A articulação sintática de causa pode ser feita por 
meio de conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque, 
como, por isso que, visto que, uma vez que, já que. Também 
podem ser empregadas as preposições e locuções preposi-
tivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, 
em consequência de, por motivo de, por razões de.
- O principal articulador sintático de condição é o “se”: 
Se o time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também 
expressar condição pelo emprego dos conectivos: caso, 
contanto que, desde que, a menos que, a não ser que.
- O emprego da preposição “para” é a maneira mais 
comum de expressar finalidade. “É necessário baixar as ta-
xas de juros para que a economia se estabilize” ou para a 
economia estabilizar-se. “Teresa vai estudar bastante para 
fazer boa prova.” Há outros articuladores que expressam 
finalidade: a fim de, com o propósito de, na finalidade de, 
com a intenção de, com o objetivo de, com o fito de, com o 
intuito de.
- A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio 
dos articuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto, 
pois, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso. 
Para introduzir mais um argumento a favor de determinada 
conclusão emprega- -se ainda. Os articuladores aliás, 
além do mais, além disso, além de tudo, introduzem um ar-
gumento decisivo, cabal, apresentado como um acréscimo, 
para justificar de forma incontestável o argumento contrário.
- Para introduzir esclarecimentos, retificações ou de-
senvolvimento do que foi dito empregam-se os articu-
ladores: isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras. A 
conjunção aditiva “e” anuncia não a repetição, mas o de-
senvolvimento do discurso, pois acrescenta uma informa-
ção nova, um dado novo, e se não acrescentar nada, é pura 
repetição e deve ser evitada.
- Alguns articuladores servem para estabelecer uma 
gradação entre os correspondentes de determinada escala. 
No alto dessa escala acham-se: mesmo, até, até mesmo; no 
plano mais baixo: ao menos, pelo menos, no mínimo.
11
LÍNGUA PORTUGUESA
Correlação Verbal
Damos o nome de correlação verbal à coerência que, 
em uma frase ou sequência de frases, deve haver entre as 
formas verbais utilizadas. Ou seja, é preciso que haja articu-
lação temporal entre os verbos, que eles se correspondam, 
de maneira a expressar as ideias com lógica. Tempos e mo-
dos verbais devem, portanto, combinar entre si. 
Vejamos este exemplo: 
Seu eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderia a 
lição. 
No caso, o verbo dormir está no pretérito imperfeito 
do subjuntivo. Sabemos que o subjuntivo expressa dúvi-
da, incerteza, possibilidade, eventualidade. Assim, em que 
tempo o verbo aprender deve estar, de maneira a garantir 
que o período tenha lógica? 
Na frase, aprender é usado no futuro do pretérito 
(aprenderia), um tempo que expressa, dentre outras ideias, 
uma afirmação condicionada (que depende de algo), quan-
do esta se referea fatos que não se realizaram e que, pro-
vavelmente, não se realizarão. O período, portanto, está 
correto, já que a ideia transmitida por dormisse é exata-
mente a de uma dúvida, a de uma possibilidade que não 
temos certeza se ocorrerá. 
Para tornar mais clara a questão, vejamos o mesmo 
exemplo, mas sem correlação verbal: 
Se eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderei a 
lição. 
Temos dormir no subjuntivo, novamente. Mas aprender 
está conjugado no futuro do presente, um tempo verbal 
que expressa, dentre outras ideias, fatos certos ou prová-
veis. 
Ora, nesse caso não podemos dizer que jamais apren-
deremos a lição, pois o ato de aprender está condiciona-
do não a uma certeza, mas apenas à hipótese (transmitida 
pelo pretérito imperfeito do subjuntivo) de dormir. 
Correlações verbais corretas
A seguir, veja alguns casos em que os tempos verbais 
são concordantes: 
presente do indicativo + presente do subjuntivo: Exijo 
que você faça o dever. 
pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito 
do subjuntivo: Exigi que ele fizesse o dever. 
presente do indicativo + pretérito perfeito composto 
do subjuntivo: Espero que ele tenha feito o dever. 
pretérito imperfeito do indicativo + mais-que-perfei-
to composto do subjuntivo: Queria que ele tivesse feito o 
dever. 
futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicati-
vo: Se você fizer o dever, eu ficarei feliz. 
pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito 
do indicativo: Se você fizesse o dever, eu leria suas respostas. 
pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo + 
futuro do pretérito composto do indicativo: Se você tivesse 
feito o dever, eu teria lido suas respostas. 
futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicati-
vo: Quando você fizer o dever, dormirei. 
futuro do subjuntivo + futuro do presente composto 
do indicativo: Quando você fizer o dever, já terei dormido.
Atividades
1-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO 
- FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias, vê deze-
nas de caminhões parados”, revelou o analista ambiental 
Geraldo Motta. 
 Substituindo-se Quando por Se, os verbos sublinha-
dos devem sofrer as seguintes alterações: 
(A) entrar − vira 
(B) entrava − tinha visto 
(C) entrasse − veria 
(D) entraria − veria 
(E) entrava − teria visto 
2-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA-
TIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas verbais 
está correta em: 
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o pla-
neta não resistiu. 
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto 
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso. 
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida, 
o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
torções patológicas, não haverá vícios. 
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado 
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão baratas. 
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia.
3-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA – 
VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preenche ade-
quadamente e de acordo com a norma culta a lacuna da 
frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu lhe faria a 
pergunta mais deliciosa de todas.
(A) entrasse
(B) entraria
(C) entrava
(D) entrar
(E) entrou
4-) (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 
FCC/2010) Se a tendência se mantiver, teremos cada vez 
mais... 
Ao substituir o segmento grifado acima por “Caso a 
tendência”, a continuação que mantém a correção e o sen-
tido da frase original é:
a) se mantenha, teremos cada vez mais...
b) fosse mantida, teríamos cada vez mais...
c) se manter, teremos cada vez mais...
d) for mantida, teremos cada vez mais...
e) seja mantida, teríamos cada vez mais...
12
LÍNGUA PORTUGUESA
5-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP - 
AGENTE OPERACIONAL – VUNESP/2012 - ADAPTADA) 
Assinale a alternativa que apresenta o trecho – ... o dou-
torando enviou seu estudo para a Sociedade Britânica de 
Psicologia para apreciação e não esperava que houvesse 
tanta publicidade. – reescrito de acordo com a norma-pa-
drão, com indicação de ação a se realizar e correta corre-
lação verbal.
(A) ... o doutorando enviaria seu estudo para a Socieda-
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperava 
que haveria tanta publicidade.
(B) ... o doutorando envia seu estudo para a Sociedade 
Britânica de Psicologia para apreciação e não esperará que 
houvesse tanta publicidade.
(C) ... o doutorando enviara seu estudo para a Socieda-
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperara 
que haverá tanta publicidade.
(D) ... o doutorando enviará seu estudo para a Socieda-
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperará 
que haja tanta publicidade.
6-) (METRÔ/SP – ENGENHEIRO JÚNIOR CIVIL – 
FCC/2012) Está plenamente adequada a correlação entre 
tempos e modos verbais na frase:
(A) Nem bem saí pela porta automática e subi as esca-
das rolantes, logo me encontraria diante da luz do sol e do 
ar fresco da manhã.
(B) Eu havia presumido que aquela viagem de metrô 
satisfizesse plenamente as expectativas que venho alimen-
tando.
(C) Se as minhocas dispusessem de olhos, provavel-
mente não terão reclamado por as expormos à luz do dia.
(D) Não fossem as urgências impostas pela vida mo-
derna, não teria sido necessário acelerar tanto o ritmo de 
nossas viagens urbanas.
(E) Como haveremos de comparar as antigas viagens 
de trem com estas que realizássemos por meio de túneis 
entre estações subterrâneas?
RESOLUÇÃO
1-) 
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
ria = entrasse / veria.
RESPOSTA: “C”.
2-) 
Fiz as correções necessárias:
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
ta não resistiu = resistirá 
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto 
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso. 
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida, 
o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
torções patológicas, não haverá = haveria
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado 
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou 
teriam ficado)
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia = 
crescerá
RESPOSTA: “B”.
3-) 
O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, 
indica que é uma ação que, para acontecer, depende de 
outra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria 
/ Se ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço... 
RESPOSTA: “A”.
4-) 
Ao empregarmos o termo “caso a”, conjugaremos 
o verbo utilizando o modo hipotético (Subjuntivo). A 
transformação será: Caso a tendência se mantenha, te-
remos cada vez mais...
RESPOSTA: “A”.
5-) 
O exercício quer que conjuguemos o verbo no fu-
turo do presente (ação a se realizar). Como o enuncia-
do é específico (quer determinado tempo verbal), não 
fiz as correções nas demais alternativas, pois, em um 
concurso, perderíamos tempo consertando os itens que 
não nos interessam. Vamos à construção: o doutorando 
enviou (enviará) seu estudo para a Sociedade Britânica 
de Psicologia para apreciação e não esperava (esperará) 
que houvesse (haja) tanta publicidade. = enviará / es-
perará / haja. 
RESPOSTA: “D”.
6-) 
(A) Nem bem saí pela porta automática e subi as 
escadas rolantes, logo me encontraria (encontrei) diante 
da luz do sol e do ar fresco da manhã.
(B) Eu havia presumido que aquela viagem de metrô 
satisfizesse (satisfaria) plenamente as expectativas que 
venho alimentando.
(C) Se as minhocas dispusessem de olhos, provavel-
mente não terão (teriam) reclamado por as expormos à 
luz do dia.
(D) Não fossem as urgências impostas pela vida mo-
derna, não teria sido necessário acelerar tanto o ritmo 
de nossasviagens urbanas. 
(E) Como haveremos de comparar as antigas via-
gens de trem com estas que realizássemos (realizamos) 
por meio de túneis entre estações subterrâneas?
RESPOSTA: “D”.
INTERTEXTUALIDADE
A Intertextualidade pode ser definida como um diá-
logo entre dois textos. Observe os dois textos abaixo e 
note como Murilo Mendes (século XX) faz referência ao 
texto de Gonçalves Dias (século XIX): 
13
LÍNGUA PORTUGUESA
Canção do Exílio 
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores. 
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar — sozinho, à noite — 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. 
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu’inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.” 
(Gonçalves Dias)
Canção do Exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza. 
Os poetas da minha terra 
são pretos que vivem em torres de ametista, 
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
gente não pode dormir 
com os oradores e os pernilongos. 
Os sururus em família têm por testemunha a
 [Gioconda 
Eu morro sufocado 
em terra estrangeira. 
Nossas flores são mais bonitas 
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia. 
Ai quem me dera chupar uma carambola de 
 [verdade 
e ouvir um sabiá com certidão de idade! 
(Murilo Mendes) 
Nota-se que há correspondência entre os dois textos. 
A paródia piadista de Murilo Mendes é um exemplo de in-
tertextualidade, uma vez que seu texto foi criado tomando 
como ponto de partida o texto de Gonçalves Dias.
Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualida-
de é persistente. Sabemos que todo texto, seja ele literário 
ou não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente. 
Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em ou-
tros textos é exemplo de intertextualização.
A intertextualidade está presente também em outras 
áreas, como na pintura, veja as várias versões da famosa 
pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa: 
Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.
Mona Lisa, Marcel Duchamp, 1919.
Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.
Mona Lisa, propaganda publicitária.
Pode-se definir então a intertextualidade como sendo 
a criação de um texto a partir de um outro texto ja existen-
te. Dependendo da situação, a intertextualidade tem fun-
ções diferentes que dependem muito dos textos/contextos 
em que ela é inserida.
Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está 
ligado ao “conhecimento do mundo”, que deve ser com-
partilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de 
textos. O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do co-
nhecimento, não se restringindo única e exclusivamente a 
textos literários.
Na pintura tem-se, por exemplo, o quadro do pintor 
barroco italiano Caravaggio e a fotografia da americana 
Cindy Sherman, na qual quem posa é ela mesma. O qua-
dro de Caravaggio foi pintado no final do século XVI, já o 
trabalho fotográfico de Cindy Sherman foi produzido qua-
se quatrocentos anos mais tarde. Na foto, Sherman cria o 
mesmo ambiente e a mesma atmosfera sensual da pintura, 
reunindo um conjunto de elementos: a coroa de flores na 
cabeça, o contraste entre claro e escuro, a sensualidade do 
ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do qua-
dro de Caravaggio e, portanto, é um tipo de intertextuali-
dade na pintura.
Na publicidade, por exemplo, a que vimos sobre anún-
cios do Bom Bril, o ator se veste e se posiciona como se 
fosse a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e cujo slogan era 
“Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima”. Esse 
enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa 
a roupa bem macia e mais perfumada, ou seja, uma ver-
dadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci). 
Nesse caso pode-se dizer que a intertextualidade assume 
a função de não só persuadir o leitor como também de di-
fundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com 
a arte (pintura, escultura, literatura etc).
Intertextualidade é a relação entre dois textos caracte-
rizada por um citar o outro.
14
LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de Intertextualidade
Pode-se destacar sete tipos de intertextualidade:
- Epígrafe: constitui uma escrita introdutória.
- Citação: é uma transcrição do texto alheio, marcada 
por aspas.
- Paráfrase: é a reprodução do texto do outro com a 
palavra do autor. Ela não se confunde com o plágio, pois o 
autor deixa claro sua intenção e a fonte.
- Paródia: é uma forma de apropriação que, em lugar 
de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou 
abertamente. Ela perverte o texto anterior, visando a ironia 
ou a crítica.
- Pastiche: uma recorrência a um gênero.
- Tradução: está no campo da intertextualidade porque 
implica a recriação de um texto.
- Referência e alusão.
Para ampliar esse conhecimento, vale trazer um exem-
plo de intertextualidade na literatura. Às vezes, a superpo-
sição de um texto sobre outro pode provocar uma certa 
atualização ou modernização do primeiro texto. Nota-se 
isso no livro “Mensagem”, de Fernando Pessoa, que retoma, 
por exemplo, com seu poema “O Monstrengo” o episódio 
do Gigante Adamastor de “Os Lusíadas” de Camões. Ocorre 
como que um diálogo entre os dois textos. Em alguns ca-
sos, aproxima-se da paródia (canto paralelo), como o poe-
ma “Madrigal Melancólico” de Manuel Bandeira, do livro 
“Ritmo Dissoluto”, que seguramente serviu de inspiração e 
assim se refletiu no seguinte poema:
Assim como Bandeira
O que amo em ti
não são esses olhos doces
delicados
nem esse riso de anjo adolescente.
O que amo em ti
não é só essa pele acetinada
sempre pronta para a carícia renovada
nem esse seio róseo e atrevido
a desenhar-se sob o tecido.
O que amo em ti
não é essa pressa louca
de viver cada vão momento
nem a falta de memória para a dor.
O que amo em ti
não é apenas essa voz leve
que me envolve e me consome
nem o que deseja todo homem
flor definida e definitiva
a abrir-se como boca ou ferida
nem mesmo essa juventude assim perdida.
O que amo em ti
enigmática e solidária:
É a Vida!
(Geraldo Chacon, Meu Caderno de Poesia, 
Flâmula, 2004, p. 37)
Madrigal Melancólico
O que eu adoro em ti
não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
(...)
O que eu adoro em tua natureza,
não é o profundo instinto maternal
em teu flanco aberto como uma ferida.
nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.
(Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, 
José Olympio, 1980, p. 83)
A relação intertextual é estabelecida, por exemplo, no 
texto de Oswald de Andrade, escrito no século XX, “Meus 
oito anos”, quando este cita o poema , do século XIX, de 
Casimiro de Abreu, de mesmo nome.
Meus oito anos
Oh! Que saudade que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
(Casimiro de Abreu)
“Meus oito anos”
Oh! Que saudade que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra
Da rua São Antonio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais!

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