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REPÚBLICA DE ANGOLA INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO DO LOBITO CURSO TÉCNICO DE PETROQUÍMICA PROJECTO TECNOLÓGICO 12ª CLASSE/PQ-2 GRUPO N.º 4 PROCESSOS TECNOLÓGICOS DO HIDROTRATAMENTO NO REFINO DO PETRÓLEO E GÁS LOBITO, 26 de Novembro de 2014 INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO DO LOBITO CURSO TÉCNICO DE PETROQUÍMICA PROJECTO TECNOLÓGICO 12ª CLASSE/PQ-2 PROCESSOS TECNOLÓGICOS DO HIDROTRATAMENTO NO REFINO DO PETRÓLEO E GÁS GRUPO Nº 4 DOCENTES Eng.º SANDRO PERTINE Eng.º FERNANDO TEIXEIRA José Baptista……………………………. Nº 26 Júlia Manuel……………………………. Nº 27 Júlia Anselmo…………………………... Nº 28 Juliana Tchimuku……………………… Nº 29 Lázaro Branco………………………….. Nº 30 Lopes Carneiro………………………… Nº 31 Luísa António………………………….. Nº 32 DEDICATÓRIA Dedicamos o presente trabalho ao Instituto Médio Politécnico do Lobito, que durante três anos disponibilizou os seus meios, recursos e metodologias de ensino para que nos tornássemos profissionais no ramo de química, dedicamos também aos nossos familiares que com seus exemplos despertaram-nos o amor pelos estudos e que nos momentos de incerteza incentivaram e apoiaram para que esse trabalho se torna-se uma realidade. . AGRADECIMENTO Para que pudéssemos olhar este livro como uma realidade, graças aqueles que dedicaram desde o início da nossa formação até a conclusão do nosso trabalho. Expressamos a nossa eterna gratidão. Agradecemos principalmente a Deus por nos permitir a ter esta oportunidade de aprender, e desenvolver estudos bastante promissores e enriquecedor. Agradecemos aos nossos orientadores Sandro João e Fernando Teixeira pela ajuda, paciência e confiança durante toda a elaboração deste trabalho, e ainda pelo curso de petroquímica, onde pudemos aprender e aprimorar conceitos que nos ajudaram a desenvolver este trabalho. Agradecemos aos nossos encarregados de educação pelo apoio moral e financeiro e por suportarem as ausências nas horas em que a nossa presencia era necessária. Nos momentos de incerteza e que fizeram com que este trabalho se tornasse bastante enriquecedor. SUMÁRIO Durante a realização deste trabalho abordamos diversos temas ligados aos processos de tratamento em uma refinaria com maior destaque os processos de hidrotratamento. Hidrotratamento é uma unidade processual do refino do petróleo e gás que consiste na remoção de contaminantes presente nos derivados do óleo cru e gás associado de modo e se obter produtos finais comercializáveis. O nosso tema esta dividido por 6 capítulos específicos que baseia-se na apresentação dos processos tecnológicos do hidrotratamento no refino de petróleo e gás contendo diversificados itens. Os 6 capítulos têm os seguintes objectivos: I- Química do petróleo tem como objectivo conhecer a composição química e física do óleo cru. II- A refinação do petróleo e gás - tem como objectivo salientar os processos empregados na refinação de petróleo e gás. III- Unidades processuais de tratamento e acabamento nos derivados do petróleo - tem como objectivo efectuar o pré-tratamento nas cargas mais leves como o LPG e transformar os compostos agressivos em menos nocivos. IV- Hidrotratamento nos derivados do petróleo - tem como objectivo remover ou estabilizar os contaminantes presentes nos derivados do óleo cru. V- Equipamentos empregados no processo de hidrotratamento- tem como objectivo descrever os materiais empregados no processo de HDT. VI- Impactos ambientais - têm como objectivo descrever os impactos de emissões gasosas e garantir as especificações de qualidade dos produtos finais. INDICE GERAL Números Designação Páginas Introdução 12,13 Objectivos 14 CAPÍTULO I 1 Química do petróleo 1.1 Generalidade do petróleo 15 1.2 Classificação do petróleo 16 1.3 Propriedades químicas e físicas do petróleo 19 1.4 Impurezas do petróleo 20 CAPÍTULO II 1 A refinação do petróleo e gás 24 2 Categorias do refino 25 3 Classificação da refinaria 26 4 Tratamento primário de uma refinaria (Dessalinização) 28 5 Destilação atmosférica 29 6 Descrição tecnológica da unidade de Destilação atmosférica 31 7 Reforma catalítica 32 8 Produção e aplicação do hidrogénio gerado na reforma catalítica 34 CAPÍTULO III 1 Unidades processuais de tratamento e acabamento nos derivados do petróleo 1.1 Generalidade 38 1.2 Unidade processual do tratamento Merox 39 1.3 Tratamento do D.E.A 43 1.4 Tratamento cáustico 44 1.5 Tratamento Bender 46 CAPÍTULO IV 1 Hidrotratamento (HDT) dos derivados do petróleo 1.1 Generalidade 48 1.2 Descrição tecnológica da unidade de (HDT) 50 1.3 Catalisadores empregados no processo de hidrotratamento 51 1.4 Obtenção dos catalisadores do hidrotratamento 52 1.5 Aplicação dos catalisadores do hidrotratamento 53 1.6 Hidrogenação 54 1.7 Reacções aplicadas no hidrotratamento 56 1.7.1 Reacções de hidrodessulfurização (HDS) 57 1.7.2 Reacções de hidrodesnitrogenação (HDN) 59 1.7.3 Reacções de hidrodesoxigenação (HDO) 60 1.7.4 Reacções de hidrodesmetalização (HDM) 61 CAPÍTULO V 1 Equipamentos indústrias na unidade de HDT 1.1 Generalidade 62 1.2 Materiais empregados 62 1,3 Processos de fabricação 63 1.4 Modelos do reactor 65 CAPÍTULO VI 1 Impactos ambientais 1.1 Generalidade 67 1.2 Impacto da poluição atmosférica 67 2 Desactivação dos catalisadores 71 3 O problema do descarte dos catalisadores 73 4 Especificações de qualidade dos derivados 74 CONCLUSÃO 85 BIBLIOGRAFIA 86 ANEXOS 87 LISTA DE TABELAS Tabela Designação Páginas Tab.1 Exemplo de correntes típicas do petróleo 18 Tab.2 Percentagem das impurezas do petróleo 19 Tab.3 Classes das correntes com enxofre 21 Tab.4 Diferentes processos de tratamento nos derivados 39 Tab.5 Variáveis operacionais do Merox no LPG 42 Tab.6 Efeitos nocivos dos principais poluentes veicularem a saúde 68 LISTA DE FIGURAS Figuras Nome Pág. Fig. 1 Base Parafínico 16 Fig. 2 Base Nafténica 17 Fig. 3 Base Aromática 17 Fig.4 Fluxograma da destilação atmosférica 30 Fig. 5 Fluxograma do Merox 41 Fig. 6 Fluxograma do DEA 43 Fig. 7 Fluxograma da Lavagem Caustica 45 Fig. 8 Fluxograma do Bender 46 Fig. 9 Fluxograma do HDT 49 Fig. 10 Esquemática de deposição de camadas de overlay sobre material de base 65 SIGLAS E ABREVIATURAS PB - Petróleo bruto LPG – Gás liquefeito de petróleo HC – Hidrocarboneto C3/C4 – Propano e Butano RFA: Resíduo atmosférico ASTM: Sociedade americana para testes de matérias UDV: Unidade de destilação a vácuo UDA: Unidade dedestilação atmosférica GOL: Gasóleo leve GOM: Gasóleo médio GOP: Gasóleo pesado RV: Resíduo de vácuo GC: Gás combustível GPL: Gás liquefeito do petróleo NL: Nafta leve NP: Nafta pesada URC: Unidade de reforma catalítica UTC: Unidade de tratamento cáustico TC: Tratamento cáustico QAV: Querosene de aviação FCC: Craqueamento catalítico UD: Unidade de destilação HCOs: Hidrocarbonetos RF: Reforma catalíto HDT: Hidrotratamento UGH - Unidade de Geração de Hidrogénio URE - Uniade de Recuperação de Enxofre; AUX - Unidades Auxiliares de Processos; LB-Limite de bateria 12 INTRODUÇÃO O petróleo é uma complexa mistura líquida de compostos orgânicos e inorgânicos, em que predominam os hidrocarbonetos desde os alcanos mais simples até aos aromáticos mais complexos de acordo dom a (A.S.T.M). Para que ele tenha seu potencial energético plenamente aproveitado, bem como sua utilização como fonte de matérias- primas, é importante que seja realizado seu desmembramento em cortes, com padrões preestabelecidos para determinados objectivos, que denominamos fracções. Indústria do petróleo é um dos sectores que mais tem registado avanços tecnológicos nos últimos tempos. Este segmento, relativo às actividades de exploração e produção, consiste em uma serie de actividades complexas, que prescindem de vultuosos investimentos e profissionais altamente qualificados para pôr termo ao seu objectivo: descobrir e produzir petróleo. A importância desse mineral para a sociedade é sem precedentes. Ele está presente nas embalagens, resinas, medicamentos, estofados, plásticos, borrachas, lubrificantes, etc., além de ter-se tornado a mais utilizada fonte de energia do mundo. A indústria petroquímica, nos seus sectores de projecto, de operação, de desenvolvimento, de vendas e executivo, tornou-se a maior empregadora de engenheiros químicos. Este fato é especialmente relevante nos tempos recentes em virtude de as destilações simples dos anos iniciais da indústria terem sido substituídas, em geral, por procedimentos de refinação complicados, envolvendo numerosas operações físicas e conversões químicas, ou processos químicos unitários, muitas vezes de grande complexidade e de grande porte. Todos os ramos desta indústria estão de tal forma, relacionados e são tão técnicos que exigem o serviço de muitos engenheiros especializados. Além disso, a indústria do petróleo esta ampliando suas necessidades, pois está atingindo muitos outros sectores químicos, fornecendo-lhes matérias-primas e usando substancias. Por isso, os engenheiros químicos na indústria de petróleo, para serem mais eficientes, no trabalho de operação, ou de construção, ou de projecto, devem estar informados sobre os outros sectores. 13 Na refinação do petróleo, os tratamentos químicos são usados para eliminar ou modificar as propriedades indesejáveis associadas à presença das diversas contaminações que o óleo bruto apresenta, especialmente aquelas oriundas de compostos que contém enxofre, nitrogénio ou oxigénio entre outros em suas moléculas. Esses processos de tratamento são necessários, nos derivados do petróleo são produzidos, nem sempre se enquadram nas especificações requeridas, especialmente no que diz respeito ao teor de enxofre. Um dos principais processos de tratamento de uma refinaria é o hidrotratamento que é um processo do refino com hidrogénio cuja finalidade é estabilizar um determinado corte de petróleo ou eliminar compostos indesejáveis aos mesmos. A estabilização de fracções de petróleo é conseguida por meio da hidrogenação de compostos reactivos presentes, como por exemplo, as monolefinas e diolefinas. Os elementos indesejáveis removidos por hidrogenação incluem: enxofre, nitrogénio, oxigénio, halogénios e metais. O hidrotratamento pode ser empregado a todos os cortes de derivados do petróleo, tais como gases, naftas, querosene, diesel, gasóleos para craqueamento, lubrificantes, parafinas, resíduos atmosféricos e de vácuo. Os processos do hidrotratamento ajudam a reduzir o impacto de emissões gasosas e garantir as especificações das qualidades dos produtos finais. A elaboração do presente trabalho baseia-se numa extensa e exaustiva revisão bibliográfica, nacional e internacional, na busca de informações em diversas páginas da Internet e livros técnicos de diversas esferas do sector de petróleo. A fim de que se cumprisse satisfatoriamente o objectivo descrito no item anterior, analisaram-se, separadamente, cada tratamento que é aplicado nos derivados do petróleo. É importante salientar que o tratamento dos derivados do petróleo é de tornar os mesmos em produtos comercializáveis. A divisão dos Capítulos baseia-se na apresentação dos processos tecnológicos do hidrotratamento no refino de petróleo e gás contendo vários itens. Esta referência caracteriza os principais tratamentos nos derivados do petróleo assim como as medidas atenuantes e relativas a cada um deles. 14 OBJECTIVOS • OBJECTIVO GERAL Estudo e analise a remoção de impurezas nos produtos de petróleo de forma a se obter um produto comercializável. • OBJECTIVO ESPECÍFICO Descrever os processos de remoção dos contaminantes do petróleo bruto por reacções de hidrogenação na presença de catalisadores tendo em conta as pressões e temperaturas altas. É de demonstrar a sociedade o quanto é importante os processos do hidrotratamento tendo em conta como ajuda a reduzir o impacto de emissões gasosas e garantir as especificações de qualidades dos produtos finais. 15 CAPÍTULO I 1. QUÍMICA DO PETRÓLEO 1.1 GENERALIDADES A palavra petróleo vem do latim, petrus, “pedra” e oleum, “óleo, extraído das rochas denominadas de Rocha Reservatório. O petróleo apresenta-se em várias cores, variando entre o negro e o castanho-escuro, tendo carácter oleoso, inflamável, menos denso que a água, com cheiro característico e composto basicamente por milhares de compostos orgânicos, com predominância exclusiva dos hidrocarbonetos”. Quando a mistura contém uma maior percentagem de moléculas pequenas seu estado físico é gasoso e quando a mistura contém moléculas maiores seu estado físico é líquido, nas condições normais de temperatura e pressão. O petróleo é uma complexa mistura líquida de compostos orgânicos e inorgânicos, em que predominam os hidrocarbonetos desde os alcanos mais simples até aos aromáticos mais complexos de acordo dom a (A.S.T.M). O petróleo formou-se a milhares de anos, quando pequenos animais e vegetais marinhos foram soterrados e submetidos à acção de microorganismos, do calor e de pressões elevadas, ao longo do tempo. O petróleo no seu estado natural é sempre uma mistura complexa de diversos tipos de hidrocarbonetos contendo também proporções menores de contaminantes (enxofre, nitrogénio, oxigénio e metais). Os contaminantes são considerados como impurezas e podem aparecer em toda a faixa de ebulição, destilação do petróleo, mas tendem a se concentrar nas fracções mais pesadas. 16 1.2. CLASSIFICAÇÃO DO PETRÓLEO BRUTO A classificação do petróleo depende basicamente das características da rocha reservatório e do processo de formação. O petróleo ou óleo cru classifica-se em: Segundo o ºAPI o petróleo classifica-se em: • Petróleo leve ou de base parafínica: possui um ºAPI maior de 31,40 º API com uma densidade inferior a 870Kg/m3 o mesmo contem além de alcano uma percentagem de 15/25% de ciclo alcano são excelente para produção de querosene, diesel, óleo lubrificante,parafina e LPG. Fig.1 Base Parafinico 17 • Petróleo médio ou de base nafténica: possui um ºAPI 22,3/ 30 ºAPI com uma densidade de 920Kg/m3 870 Kg/m3 de alcanos contem também 25% de hidrocarbonetos aromáticos, são excelentes para produção de gasolina, nafta, petroquímica, querosene de aviação, e óleo lubrificante. Fig. 2 Base Nafténica • Petróleo pesado ou de base aromático: possui um ºAPI menor de 22,3 ºAPI com uma densidade 1000Kg/m3 920Kg/m3 é constituído praticamente de hidrocarbonetos aromáticos são excelentes para produção de gasolina solvente asfalto. Fig.3 Base Aromática 18 • Petróleo extra pesado: possui um grau API inferior de 10 grau API com uma densidade 1000Kg/m3. Podemos observar que quanto maior é o grau de API melhor é a qualidade do petróleo e maior mercado ele terá. E quanto maior for a densidade do petróleo menor será o seu grau API, ou mais pesado será o petróleo. Classificação segundo o teor de enxofre: Petróleo doce (Sweet): teor de enxofre menor 0,5% teor em massa. Petróleo salgado (Suor): teor de enxofre maior 0,5% teor em massa. Tab. 1-Exemplo de correntes típicas do petróleo Corrente Origem Densidade (API) S (% massa) Arabian Extra Lt. Arábia Saudita 38,1 1,1 Arabia Lt Arábia Saudita 34,0 1,9 Brent Reino Unido 40,0 0,5 Cano Limon Colômbia 25,2 0,9 Daqing China 33,0 0,1 Forcados Nigéria 29,5 0,2 Marlin Brasil 20,1 0,7 Maya México 21,3 3,4 West Texas Intermediate (WTI) EUA 39,8 0,3 19 1.3. PROPRIEDADES QUÍMICAS E FÍSICAS DO PETRÓLEO � As propriedades físicas do petróleo variam bastante, podem ser muito fluídos e claros, com grandes proporções de destilados leves, e óleos muito viscosos e escuros com grandes proporções de destilados pesados. Esta é a forma mais simples de se classificar os óleos crus: leves e pesados. � Pelo fato dos óleos serem constituídos basicamente de hidrocarbonetos a sua densidade específica varia inversamente com a relação atómica C/H. A densidade específica do óleo cru pode variar de 0,70 a 1,00 kg. � Em geral, ele é inflamável na temperatura ambiente. � Seu odor pode apresentar características agradáveis, típicas de compostos aromáticos, até o aroma fortemente desagradável produzido pelos compostos de enxofre. � A composição elementar varia muito pouco porque o óleo cru é composto por séries homólogas de hidrocarbonetos como parafinicos ,nafténicos aromáticos, contem ainda derivados como oxigenados, sulfurados ,nitrogenados etc . � Alguns apresentam compostos contendo elementos minerais tais como Niquel, Vanadio, Chumbo ,Mobilidenio, dados como impurezas formando alguns compostos organometalícos . Tab. 2 Percentagem das impurezas do petróleo Hidrogénio 11-14% Carbono 83-87% Enxofre O, 06-9% Nitrogénio 0,11-1,70% Oxigénio 0,50-2% Metais Até 0,30% 20 1.4 IMPUREZAS DO PETRÓLEO São as impurezas dissolvidas no óleo sendo formadas por compostos orgânicos com a presença de heteroátomos como enxofre, nitrogénio, oxigénio, e metais. Dividem-se em: Impurezas oleofóbicas e impurezas oleofílicas � Impurezas oleofóbicas Incluí-se água, saís como brometos, cloretos, sulfetos, iodetos, argila, areias ,e sedimentos, em geral quantidades elevadas de saís , sedimentos ,e água afectam negativamente o refino do petróleo. � Impurezas oliofílicas São impurezas dissolvidas no petróleo sendo formada por compostos orgânicos com presença de eteroátomos (enxofre, nitrogénio, oxigénio, e metais) Dividem-se em: Compostos sulfurados: O enxofre é o terceiro elemento mais abundante no óleo cru (concentração medida em 0,65% em peso para uma faixa entre 0,02 e 4,00%) ocorre na forma de mercaptanas, sulfetos, polissulfetos, benzotiofenos, moléculas policíclicas com nitrogénio e oxigénio, acido sulfúrico, dissulfetos de carbono, sulfetos de carbonila e enxofre elementar (muito raro). Normalmente quanto maior for a densidade do óleo maior será o teor de enxofre mais existe o óleo não convencional pesados, cujo teor de enxofre é: 21 Tab. 3 Classes das correntes com enxofre Classes ºAPI Enxofre (% massa) Leve doce 35-60 0-0,5 Leve azedo 35-60 >0,5 Médio meio azedo 26-34 0-1,1 Médio azedo 26-34 >1,1 Pesado doce 10-25 0-1,1 Pesado azedo 10-25 >1,1 Os compostos de enxofre são indesejáveis, porque aumentam estabilidade das emulsões ou aumenta a polaridade dos óleos, eles provocam corrosão contaminam os catalisadores de processo de refino e determinam cor, cheiro de produtos finais. Produzem SOx e quando estão presentes nos produtos finais, afectam a sua qualidade e o ambiente. Os óleos são classificados consoante o teor de enxofre. Costuma-se chamar óleo suor (salgado) aqueles com teor acima de 2,5% , e o óleo sweet (doce) aquele com teor inferior a 0,5% sempre em base mássica. A faixa intermediária compreende o óleo semi-doce. Nota-se que óleo doce com teor de enxofre de 0,5% possui muito mais enxofre do que o requerido para derivados com elevadas especificações. Pode-se notar que os compostos orgânicos de enxofre normalmente se encontram nas fracções mais pesadas do petróleo, isso faz com que os cortes mais pesados sejam normalmente mais salt. 22 Compostos nitrogenados: Os óleos têm teor médio de 0,17% em base de nitrogénio. Cerca de 90% de petróleo contêm menos do que 0,2% em peso de nitrogénio, logo é mais usual a ocorrência de correntes com baixo teor de nitrogenados Ocorrem em pequena proporção, menos de 1%,constituídos de compostos heterocíclicos de natureza básica ou não, encontrados nas fracções de alto ponto de ebulição e também nos resíduos. Os básicos são compostos homólogos da piridina e os não básicos os pirrol e o indol. A presença de compostos nitrogenados, mesmo em proporção muito pequena, representa um problema nas operações de refino: promovem o envenenamento dos catalisadores usados e concorrem para a formação de gomas em óleos combustíveis. Nos petróleos leves a proporção de compostos nitrogenados é muito pequena. São termicamente estáveis aumentam a capacidade do óleo reter água em emulsão e tornam instáveis os produtos do refino alteram a coloração e tende a concentrar-se nas fracções(derivados ) mais pesadas do petróleo (gasóleo de vácuo , resíduo atmosférico resíduos de vácuo e betume). Compostos oxigenados Os compostos oxigenados no petróleo bruto, de modo geral, não chegam a cerca de 2% p/p e não representam problema no processamento e nas refinarias. Os principais aparecem sob forma de ácidos carboxílicos alifáticos (<C6) e ácidos monocíclicos (C6 <até Cn ,n>14). Aparentemente derivam de seus respectivos hidrocarbonetos componentes do petróleo. O fenol também aparece em extractos alcalinos do petróleo. Tendem a concentrar-se nas fracções pesadas do petróleo, afectando a acidez e a corrosividade dessas fracções. 23 Compostos organometálicos Apresentam-se tanto na forma de saís orgânicos dissolvidos na água emulsionada ao petróleo estes facilmente são removidos através do processo de dessalgação. Quanto como compostos complexos tendem a se concentrar nas fracções mais pesadas do petróleo. Os metais que usualmente contaminam o petróleo o petróleo são: Ferro, Zinco, Cobre, Chumbo, Molibdénio, Cobalto, Arsénio, Manganês, Cromo, Sódio metálico, Níquel, Vanádio. O Níquele o Vanádio são responsáveis pelo envenenamento de catalisadores, o Vanádio além de atacar os tubos dos fornos (serpentinas) catalisa a formação do ácido sulfúrico em meio aquoso. 24 CAPITULO II 1. A REFINAÇÃO DO PETRÓLEO E GÁS A arte de compatibilizar as características dos vários petróleos que devam ser processados numa dada refinaria, com a necessidade de suprir-se de derivados, em quantidade e qualidade, que atendam uma certa região de influência dessa indústria, faz com que surjam arranjos de várias unidades de processamento, para que tal objectivo seja alcançado da forma mais racional e económica possível. O encadeamento das várias unidades de processo dentro de uma refinaria é o que denominamos de Esquema de Refino. Os esquemas de refinação variam de uma refinaria para outra pelo fato do mercado de uma dada região modificar-se com o tempo. A constante evolução na tecnologia dos processos faz com que surjam alguns de alta eficiência e rentabilidade, enquanto outros, de menor eficiência ou com maiores custos operacionais, entram em obsolescência. Os processos de refino não são estáticos e definitivos, e sim dinâmicos num horizonte de médio e longo prazo. Uma refinaria de petróleo, ao ser planeada e construída, pode destinar-se a dois objectivos básicos: • Produção de combustíveis e matérias-primas petroquímicas; • Produção de lubrificantes básicos e parafinas. O primeiro objectivo constitui a maioria dos casos, uma vez que a demanda por combustíveis é muitíssimo maior que a de outros produtos. Aqui, é fundamental a produção em larga escala de fracções destinadas à obtenção de GLP, gasolina, diesel, querosene e óleo combustível, dentre outros. Todas as refinarias brasileiras encontram- se neste grupo. O segundo grupo, de menor expressão, constitui-se num grupo minoritário, cujo objectivo é a maximização de fracções básicas lubrificantes e parafinas. Estes produtos têm valores agregados cerca de duas a três vezes muito maiores que os combustíveis e conferem alta rentabilidade aos refinadores, embora os investimentos sejam também maiores. 25 2. CATEGORIAS DO REFINO � Operação topping (ou separação de hidrotratanentos) - trata-se da separação da carga (petróleo cru) em diferentes grupos e fracções de hidrocarbonetos. A unidade topping mais comum é a destilação. � Craqueamento (ou fraccionamento ou quebra) térmico ou catalítico de hidrocarbonetos - envolve a quebra de moléculas grandes (pesadas) de hidrocarbonetos em moléculas menores. O craqueamento pode ser atingido através do aporte calor e uso de catalisadores. As operações de craqueamento incluem os coqueamentos retardados, flexi e fluido, a viscoredução, o craqueamento catalítico, o hidrocraqueamento catalítico e o termo craqueamento. � Combinações de hidrocarbonetos - envolvem a combinação de duas ou mais moléculas de hidrocarbonetos para formar uma molécula maior convertendo um combustível gasoso em um combustível líquido. As operações de combinação incluem as unidades de Alquilação e polimerização que combinam moléculas pequenas para produzir componentes da gasolina de alta octonagem (como os alquilados). � Rearranjo de hidrocarbonetos - altera a estrutura original da molécula produzindo uma nova molécula com diferentes propriedades físico-químicas, mais o mesmo número de átomos de carbono. Neste caso podem ser citadas as unidades de reforma catalítica e as de isomerização. � Tratamento e Blending - envolvem o processamento de derivados de petróleo para renovação do enxofre, nitrogénio, metais pesados e outras impurezas. O blending (ou a mistura, a formação do produto), é a última fase do processo de refino que é usada para obtenção do produto final. Entre as unidades de tratamento destacam-se as unidades de recuperação do enxofre e as unidades de hidrotratamento. 26 3. CLASSIFICAÇÃO DE UMA REFINARIA Uma refinaria possui uma combinação de processo de destilação e de transformação. Assim, o óleo cru e estabilizado é primeiramente separado em sua fracções constituintes através das destilações e, posteriormente, algumas faixas do corte na destilação têm a necessidade de sofrer um processo de transformação, com o objectivo de se reduzir maiores quantidades de produtos mais leves e mais nobres. Os processos de uma refinaria são classificados por: 1. Separação 2. Conversão ou Catalítico 3. Tratamentos ou Acabamento 4. Auxiliares � Processos de separação São processos de natureza física que têm por objectivo desmembrar petróleo em suas fracções básicas a fim de retirar desta um grupo específico de componentes. O agente de separação é físico e opera sob a acção de energia, na forma de temperatura ou pressão, ou massa, na forma de relações de solubilidade com solventes. As características dos processos de separação são tais que seus produtos, quando misturados, reconstituem a carga original, uma vez que a natureza das moléculas não é alterada. • Destilação a Vácuo; • Estabilização de naftas (debutalizadora) • Desasfaltação a Propano; • Desaromatização a Furfural; • Desparafinação a solvente; Desoleificação. • Extracção de Aromáticos, • Adsorção de n-parafinas. 27 � Processos catalíticos: São processos de natureza química que têm por objectivo modificar a composição molecular de uma fracção na presença de catalisadores com o intuito de valorizá-la economicamente. Essas modificações são através de reacções de quebra, reagrupamento ou reestruturação molecular, podendo ou não ser transformada em outras de natureza química distinta. • Craqueamento Catalítico (FCC) • Hidrocraqueamento Catalítico • Reformação Catalítica • Alquilação catalítica • Coqueamento brando ou retardado • Craqueamento Térmico; • Viscoredução • Isomerização • Polimerização 28 4. TRATAMENTO PRIMÁRIO EM UMA REFINARIA (DESSALINIZAÇÃO) Acima de determinados níveis, a presença no óleo do gás associado e da salmoura (como é chamada a mistura de água, sais e sedimentos) causaria alguns problemas relacionados ao transporte em ductos ou petroleiros, ao armazenamento em tanques nos terminais e na refinaria ou em equipamentos das refinarias. O gás associado, contendo substâncias corrosivas e sendo altamente inflamável, deve ser removido por problemas de segurança (corrosão ou explosão). Água, sais e sedimento s também devem ser retirados, para reduzirem-se os gastos com bombeamento e transporte, bem como para evitar-se corrosão ou acumulação de sólidos nas tubulações e equipamentos por onde o óleo passa. Por isso, antes de ser enviado à refinaria, o petróleo passa pelo chamado Processamento Primário, realizado em equipamentos de superfície, nos próprios campos de produção (campos de petróleo). Ao final desse processamento, teremos fluxos separados de óleo e gás, além de salmoura descartável. O óleo final conterá teores menores daqueles hidrocarbonetos mais facilmente vaporizáveis; ficando, então, menos inflamável que o óleo cru. Por isso, esse óleo “processado” é também chamado Óleo Estabilizado. O Processamento Primário ocorre através de duas etapas 1ª Etapa: separação gás-óleo-água livre A separação gás-óleo-água livre é realizada em equipamentos conhecidos como separadores trifásicos, onde essas três substâncias, com diferentes densidades são separadas por acção da gravidade. A esse tipo de separação denominamos de Decantação. 29 2ª Etapa: desidratação do óleo A segunda etapa do Processamento Primário é a desidratação doóleo que sai da separação trifásica. Durante o processo de produção, parte da água do reservatório se mistura com o óleo na forma de gotículas dispersas, gerando uma emulsão água-óleo. O objectivo da desidratação é remover ao máximo essa água emulsionada do óleo para romper a emulsão água-óleo são injectadas substâncias químicas chamadas desemulsificantes . Devido à acção dos desemulsificantes, as gotículas de água se juntam (ou se “coalescem”) e agora, em gotas com diâmetros maiores, boa parte dessa água emulsionada se separa do óleo. O Processamento Primário permite então que o óleo atenda as especificações exigidas pelo refino: � Um mínimo de componentes mais leves (os gases); � Quantidade de sais abaixo de 300 miligramas por litro (300 mg/l) de óleo; � Quantidade de água e sedimentos abaixo de 1% (do volume do óleo). Essa quantidade é conhecida como BSW (Basic Sedimento and Water - Água e Sedimentos Básicos) 5. DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA É um processo de destilação fraccionada que tem por objectivo efectuar a primeira separação de hidrocarbonetos em uma refinaria. A sua separação está sem transformação química que ocorre devido a diferença do ponto de ebulição de vários hidrocarbonetos que consistem em vaporizar e posteriormente condensação dos componentes do petróleo devido a acção de temperatura e pressão atmosférica. 30 Compressor de gás Corrente gasosa 350ºc 300 ºc >200 400 ºc s R..A permutador Dessalgador T o r r e f r a c c i o n a d a d e N a F r a c c i o n a d o r a Fábrica de Lubrificantes T o rr e P r é fl a s h C o l u n a d e d e s t i l a ç ã o f r a c c i o n a T or re es ta bi li za d or a d e L. P. G Stripp Stripp Stripp R.V 31 6. DESCRIÇÃO TECNOLÓGICA DA UNIDADE DE DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA O petróleo bruto passa por uma bateria de permutadores onde a sua temperatura é elevada a 180ºc e em seguida enviada para uma dessalgadora para uma retirada de sedimentos e água (saís dissolvidos). Adiante é aquecido a 300ºc (auto forno) é bombeado para uma torre de pré flash onde os gases mais leves são retirados no topo a fim de serem tratados e sofrer a retirada do LPG e na base é retirado como corrente liquida contendo fracções ou resíduos mais pesados, que passam por um forno ou bactéria de permutadores a 400ºc, onde a corrente aquecida entrará na torre de destilação atmosférica a uma temperatura de 350 á 400ºc e é dado como ponto de entrada da carga na zona de vaporização ou zona de flash que é o local onde ocorre a separação do petróleo bruto em duas correntes uma é constituída de fracções vaporizadas que sobem em direcção do topo da torre e a outra liquida que desce em direcção ao fundo da torre, a mesma possui em seu interior pratos em recheios (orifícios ou campânulas) que permitem a separação do petróleo bruto pelos seus diferentes pontos de ebulição, porque a medida em que os pratos estão processos ao topo as suas temperatura iram decrescer. Na torre de destilação usa-se vapor de água para rectificar os produtos laterais como: querosene, gasóleo leve (L.C.O), e gasóleo pesado (H.C.O), recuperando fracções arrastadas que pertencem a retirada imediatamente superior a zona de flash. Em seguida as correntes de vapores de água que entram na coluna saem pelo topo fundamentalmente com hidrocarbonetos leves que serão condensados ambos em conjuntos. Devido a diferença de densidade entre a água e hidrocarbonetos (líquidos condensados) são facilmente retirados no tambor de acumulador de produto de topo. Pelo topo saem vapores de: L.P.G, Nafta, que são condensados fora da torre para posteriormente serem separados na torre de estabilização de L.P.G e torre de fraccionamento de nafta. 32 7. REFORMA CATALÍTICA Reformação ou reforma catalítica é um processo que tem como objectivo transformar a nafta rica em hidrocarbonetos paradinhos em hidrocarbonetos aromáticos (nafta de reforma). Este processo de aromatização de compostos parafínicos e nafténicos visa primordialmente à produção de gasolina de alta octanagem e produtos aromáticos leves de elevada pureza para posterior utilização na indústria petroquímica. O catalisador empregado utiliza platina associada a um metal de transição nobre (rênio, ródio ou germânio), suportada em alumina. Durante o processo, uma mistura de hidrocarbonetos e hidrogénio é posta em contacto com o reformado produzido é rico em hidrocarbonetos aromáticos e isoparafínicos, mas GLP, gás combustível, hidrogénio e coque também são gerados como subprodutos. Três secções principais compõem uma unidade de reforma catalítica (URC): � Secção de Pré-tratamento Promove-se a protecção futura do catalisador de reforma contra impurezas presentes na carga (S, N, O, metais e olefinas), através de reacções de seus compostos com hidrogénio. Estas reacções são efectivadas pelo catalisador de pré-tratamento, compostos de óxidos de cobalto e molibdénio suportados em alumina, que retêm os metais em sua superfície. Os derivados de S, N e O e as impurezas voláteis são separados em uma torre rectificadora, de onde se obtém a nafta pré-tratada. � Secção de Reformação: A nafta pré-tratada recebe uma carga de hidrogénio e passa por uma bateria de fornos e reactores, onde se promovem diversas reacções. -Desidrogenação de hidrocarbonetos nafténicos, muito rápida e fortemente exotérmica; 33 - Isomerização de hidrocarbonetos nafténicos, menos rápida e ligeiramente exotérmica; -Desidrociclização de hidrocarbonetos parafínicos, lenta e fortemente endotérmica; -Isomerização de hidrocarbonetos parafínicos, rápida e ligeiramente exotérmica; -Hidrocraqueamento de nafténicos, muito lenta e fortemente � Secção de Estabilização Promove o reciclo do gás hidrogénio ao processo e a separação das correntes gasosas leves, do GLP e reformado catalítico. Com o andamento do processo, coque e outros compostos são depositados sobre o catalisador de reforma, causando um declínio em seu desempenho. Nesse aspecto, a perda de actividade pode ser caracterizada das seguintes formas: - Perda temporária com restauração posterior sem regeneração, causada por água e compostos de N e S; -Perda temporária com restauração posterior com regeneração, causada por deposição de coque; -Perda permanente, causada quando se tem alta concentração de enxofre e metais. 34 8. PRODUÇÃO DE HIDROGÉNIO O hidrogénio é o elemento mais abundante do planeta terra e é um exemplo de fonte renovável e limpa que vem se difundindo a cada dia mais. A utilização do H2 como fonte de energia traz novos e bons ares para a sociedade, pois além de tudo ele é extremamente eficiente nos processos catalíticos. Tem um grande potencial energéticoactualmente ele vem sido utilizado em processos industriais, combustível para foguetes e propulsão para cápsulas espaciais. Recentemente com pesquisas e desenvolvimento mais avançados, vem-se utilizando para geração de calor, energia eléctrica e combustível para automóveis. 8.1 CARACTERÍSTICAS DO HIDROGÉNIO � Ponto de Fusão (⁰C) -259 � Ponto de Ebulição (⁰C) -253 � Peso Molecular (g/mol) 2,0 � Temperatura Critica (⁰C) -240 � Densidade Relativa, Gás (ar=1 0,07 � Densidade Relativa, Líquido (água=1) 0,07 � Solubilidade na Água (mg/l) 1,6 � Aspecto/cor Incolor � Cheiro Inodoro � Temperatura de Autoignição (⁰C) 560 � Gama de inflamação (% vol no ar) 4-75 35 Quando está em seu estado natural e sob condições normais, ele é um gás incolor, inodoro e insípido. O hidrogénio é o mais leve de todos os gases, apresentando uma densidade de 0,084 kg/m3 a 1 bar e a 15 ºC. Em caso de fuga do gás, este sobe rapidamente acumulando-se na parte superior de qualquer recinto fechado. Se o hidrogénio for descomprimido de 175 bar para 1 bar, a temperatura aumenta 5ºC (de 20 para 25ºC), insuficiente para ocorrer a autoignição (560ºC). O hidrogénio quando reage com agentes oxidantes, como o cloro ou o oxigénio, pode-se inflamar podendo o processo de queima originar uma explosão. Se ocorrer em recinto fechado, o aumento de pressão pode causar destruição. A combustão do hidrogénio com o ar é iniciada por fontes de ignição de baixa energia, podendo mesmo partículas de pó carregadas de hidrogénio originarem uma faísca devido à carga electrostática. As propriedades químicas do hidrogénio líquido e gasoso são semelhantes, no entanto este último reage mais facilmente com o oxigénio devido à sua elevada temperatura 8.2 MÉTODOS PARA PRODUÇÃO DO HIDROGÉNIO Os métodos para a produção de hidrogénio a partir de combustíveis fósseis são o seguinte: • Craqueamento térmico de gás natural • Oxidação parcial de hidrocarbonetos pesados • Gaseificação do carvão • Reforma catalítica do gás natural Hidrogénio a partir da reforma catalítica do gás natural Esta técnica consiste em expor o gás natural ou outros hidrocarbonetos a vapor a altas temperaturas para produzir o hidrogénio, monóxido de carbono e dióxido de carbono. 36 Esta tecnologia é usada pela indústria, para produção de hidrogénio dos quais 99 % é produzido com este método chamado de vapor reformado ou reforma com vapor (Stream Reforming) de gás natural (metano): A reforma com vapor (Stream Reforming) - É o rearranjo molecular de hidrocarbonetos na presença de vapores e catalisadores, produzindo o gás de síntese (CO e H 2). CH4(g) + H2O(g) → CO(g)+3H2(g) O passo seguinte é converter o monóxido de carbono com vapor para produzir hidrogénio e dióxido de carbono adicional, resultando maior obtenção de hidrogénio do processo. CO(g) +H2O(g) → CO2(g)+H2(g) O hidrogénio que é possível aproveitar do gás natural através deste processo andará na casa dos 70 a 90%. Com estes combustíveis fósseis como o metano (CH4), propano (C3H8), butano (C4H10) e octano (C8H18) que contêm hidrogénio na sua constituição, têm-se uma forma económica de se obter o gás hidrogénio. Normalmente utiliza como catalisador Ni suportado em α-Al2O3. Metais alcalinos e metais alcalinos terrosos são usualmente adicionados nas formulações desses catalisadores e actuam como promotores. Uma unidade de geração de hidrogénio Stream Reforming é subdividida em três secções principais: 1ª Secção - Pré-Tratamento Visa principalmente à remoção por hidrogenação de compostos de enxofre e cloro em um reactor constituído de quatro leitos de catalisadores (ZnO; CoO-MoO 3 e alumina activada); 2ª Secção - Reformação 37 Opera com fornos e conversores de alta e baixa temperatura, para transformação do gás de síntese gerado; os catalisadores empregados são à base de NiO-K2O, Fe 3O4-Cr 2O3 e CuO-ZnO); 3ª Secção - Absorção de CO 2 Promove a remoção do CO 2 através de absorção por MEA, produzindo correntes de H 2 com pureza superior a 95%. Todos os dias a indústria produz 2831684,66 m3 (100 000 000 ft3) Porém este método tem três desvantagens. A primeira é que a produção de hidrogénio com este método, para responder a um consumo posterior fica mais cara por unidade energética, do que se o combustível primário for simplesmente usado por combustão. A segunda é que este método só se aplica aos combustíveis fósseis que são uma fonte não renovável de energia e um dia irão deixar de ser usados como fonte de energia. A terceira é a emissão do dióxido de carbono que se liberta para o meio ambiente. 8.3 APLICAÇÃO DO HIDROGÉNIO GERADO NA REFORMA CATALÍTICA O hidrogénio é um dos produtos químicos mais limpos e versáteis que existem. É usado para diversos fins: • Na indústria química, para hidrogenação e outras reacções de oxidação • No tratamento de gases industriais e na biorremediação de solos contaminados; • Na indústria têxtil, como agente alvejante, oxidante e desengomante; • Na indústria de detergentes e alvejantes; • Na proteção ambiental, para a detoxificação e clarificação de efluentes; • Na indústria farmacêutica e cosmética, como desinfetante e agente descolorante; • Na indústria alimentícia e de embalagem, como desinfetante para embalagens assépticas e controle bacteriano; • Na electrónica para decapagem de superfícies de metal; 38 • Na electrónica para limpeza de discos de silicone na produção de placas de circuito impressos; • Na indústria de papel como agente de branqueamento e para eliminar a tinta do papel para reciclagem; • Como agente alvejante em óleos, ceras, fibras e outros produtos naturais. 39 CAPTULO III 1. UNIDADES PROCESSUAIS DE TRATAMENTO E ACABAMENTO NOS DERIVADOS DO PETRÓLEO 1.1 GENERALIDADES: São processos usados para remoção ou alteração da concentração de impurezas nos produtos de petróleo de forma a se obter um produto comercializável, é usualmente necessário um tratamento químico do produto. Estes tratamentos têm algumas finalidades: • Estabilização de determinados cortes de petróleo cujas características usuais seriam inviáveis para utilização directa em motores a combustão, principalmente aqueles oriundos de processos térmicos, tais como o LCO , as naftas oriundas do processo de craqueamento catalítico (FCC) e as correntes oriundas das unidades de coque; • Substituição dos heteroátomos existentes nas correntes de petróleo que causam principalmente o aumento das emissões (enxofre e nitrogénio), aumento do teor de fuligem (aromáticos) e particulados (metálicas) • Conversão de produtos oriundos de fontes naturais, tais como os óleos vegetais e animais em hidrocarbonetos . Conforme o tratamento adoptado, os seguintes objectivos podem ser alcançados: • melhoramento da coloração; • melhoramento do odor; • remoção de compostos de enxofre; 40 • remoção de goma, resinas e materiais asfálticos; • melhoramento da estabilidade à luz e ao ar. O tratamento desses derivados estão a ser empregados em larga escala. Os resíduos desse processo estão se tornando cada vez mais importantes como componentes dos suprimentos de insumos energéticos e químicos. Estes tipos de processos não é só para melhorar a qualidade do produto sob o ponto de vista da sua utilização como também a conversão dos seus aspectos ambientais. Tab.4 Diferentes processos de tratamento nos derivados 1.2 UNIDADE PROCESSAL DO TRATAMENTO DO MEROX É um processo de tratamento bastante moderno, aplicável a fracções leves (GLP e nafta) e intermediárias (querosene e diesel).Baseia-se na extracção cáustica de mercap- tanas presentes nos derivados do petróleo, com sua posterior oxidação os dissulfetos, ao mesmo tempo em que a solução cáustica é regenerada. Isto é feito em presença de um catalisador organometálico (ftalocioanina de cobalto), dissolvido na solução de soda cáustica. O processo pode ser realizado em duas for mas: 41 • catalisador em leito fixo - o processo de leito fixo é aplicado quando a carga é mais pesada (querosene e diesel) e a oxidação que ocorre é feita simultaneamente com a extracção, não sendo os dissulfetos retirados do derivado. É, portanto um processo de adoça- mento. • catalisador em solução- aplicável a fracções leves a extracção e a oxidação ocorrem em etapas diferentes. Retirando os dissulfetos do derivado. O teor de enxofre é sensivelmente reduzido, caracterizando um processo de essulfurização. Permite a produção de dissulfetos, podendo ser operado como processo de dessulfurização ou adoçamento. Quando se procede á carga do catalisador, lembrar não juntar o catalisador em camadas que sejam demasiada larga. Como a solução continua a ser usada, a sua actividade catalítica declinaria visto que o catalisador Merox sofre alterações físicas e químicos se não for adicionado catalisador fresco. Portanto é necessário definir o programa de adição de catalisador fresco. Inicialmente o catalisador fresco é feito á razão de 1 Kg de reagente Merox por cada 3500 m3 do produto tratado. Depões do funcionamento da unidade ter sido experimentada a esta medida de make-up esta devera ser lentamente reduzida com o aumento de hidrocarbonetos tratados a razão de 1800 m3.Deste modo o número de catalisadores necessita para o make-up é estabelecido num aumento de 1800 m3 em relação a carga inicial. � O tratamento de Merox ocorre nas seguintes etapas. Preparação para arranque : Os procedimentos de acordo com todas as normas de segurança antes do LPG entrar na unidade de tratamento do Merox. 1. Fechar todos os vent s drenos e tomas de amostras. 2. Fechar todas as linhas de entrada e saída dos extractores para o sistema de regeneração de soda. 3. Assegurar de que todos os orifícios calibrados estão no lugar e que os instrumentos estão prontos a operar. 42 4. Assegurar que todas as juntas cegas for removidas. 5. Assegurar que todas as válvulas estão abertas para os visores e para os controladores de nível e para os manómetros de pressão. 6. Colocar alguns instrumentos de controlo em automático e verificar se eles operam devidamente. � Ajuste final: devesse verificar e até mesmo ajustar alguns pontos. 1. Nível de soda na coluna de pré- lavagem. 2. Nível de soda do extractor 3. Temperatura do LPG na carga de alimentação 4. Pressão do sistema Fig.5 Fluxograma do Merox 43 1.2.1 Descrição tecnológica da unidade do Merox O produto a ser tratado sofre em princípio uma lavagem cáustica para a eliminação de H2S e compostos ácidos, que poderiam formar com a soda compostos estáveis na seção de extracção. Nesta primeira etapa, o produto atravessa um vaso contendo solução cáustica. Devido ao tempo de contacto relativamente curto, os mercaptans não chegam a ser absorvidos nesta pré-lavagem. Em seguida, a carga vai à torre extractora, onde ocorre a remoção dos mercaptans. Isto é feito devido à presença do catalisador em solução e ao maior tempo de contacto. A carga penetra pelo fundo da torre, em escoamento contra- corrente à solução cáustica com catalisador. No contacto com a solução cáustica, mercaptans são retirados de acordo com a seguinte reacção: RSH+ NaOH → RSNa + H2O Na regeneração, ocorre a reacção: 4 NaSH + 2 H2O + O2 4NaOH + 2 RSSR Em seguida à regeneração, a mistura de soda, ar e dissulfetos passa a um vaso, em que são separados por decantação, a soda e os dissulfetos. O excesso de ar sai pelo topo deste vaso separador. Pelo fundo do vaso, a solução cáustica é removida. Tab.5 Variáveis operacionais do Merox no LPG 44 1.3 UNIDADE PROCESSUAL DO TRATAMENTO COM DEA Tem por objectivo a remoção de H2S do gás combustível e do LPG, colocando-os dentro das especificações relacionadas à corrosividade e ao teor de enxofre. O processo baseia-se no fato de solução de etanol- aminas (mono, di e tri), em temperaturas próximas à ambiente, combinarem-se com H2S e/ou CO2, formando produto estáveis. Os produtos formados, quando sujeitos a aquecimento, são decompostos regenerando a solução original e li- berando o H2S e/ou CO2. Estes produtos podem se encaminhados a uma unidade de recuperação de enxofre, produzindo este elemento a partir do H2S. Para melhor entendimento do processo, será analisado o tratamento de GLP com DEA. Fig. 6 Fluxograma do DEA 1.3.1 Descrição tecnológica do processo do DEA No início do processo, a carga é aquecida e misturada com soda cáustica, formando uma emulsão com a mesma, após a passagem por uma válvula misturadora que promove um contacto íntimo entre a carga e a soda. A emulsão segue então para um precipitador eletrostático, onde é submetida a um campo elétrico da ordem de 20.000 V, que promove a sua quebra e consequente 45 separação das fases cáustica e orgânica. A solução cáustica acumula-se no fundo do vaso, e pelo topo sai a carga (fase orgânica). A etapa anteriormente descrita denomina-se Lavagem Cáustica, e tem por objectivo remover da carga compostos ácidos tais como fenóis, ácidos nafténicos e H2S, que poderiam interferir no tratamento propriamente dito. Após a etapa de lavagem, a carga é dividida em duas correntes. A de menor vazão é enviada para uma torre absorvedora de enxofre, recheada com esse mesmo elemento químico. Conforme atravessa a torre, ela absorve o enxofre necessário às reacções e reúne-se, em seguida, à corrente principal. Após regulado o teor de enxofre absorvido, a carga recebe uma injecção de ar comprimido, e penetra no fundo do reactor Bender. No interior do reactor existe um leito fixo de catalisador, que promove as reacções de adoçamento desejadas. Próximo ao topo do reactor é injectada soda cáustica, de modo a manter alcalino o meio reaccional. As reacções que ocorrem na superfície do catalisador são: 2 R-SH + ½ O2 → RSSR + H2O 2 R-SH + S + 2 NaOH→ RSSR + Na2S + 2 H2O O efluente do reactor deixa-o pelo topo e recebe uma injecção de água de processo, que remove a soda cáustica do produto, assim como impurezas que tenham sido eventualmente arrastadas. A mistura resultante é submetida a um turbilhonamento, e segue até um vaso de lavagem com água. Este vaso também é um precipitado electrostático, e promove a separação entre a fase aquosa e o produto. 1.4 TRATAMENTO CÁUSTICO O tratamento de lavagem cáustica é usado para a remoção de mercaptans e H2S dos produtos, mas também elimina outros compostos ácidos que possam eventualmente estar presentes no derivado que será tratado. É um processo utilizado no tratamento de fracções leves, cujas densidades sejam bem menores que a da solução cáustica, tais como o GLP e a gasolina. 46 Fig. 7 Fluxograma da Lavagem Caustica 1.4.1 Descrição do tratamento cáustico A carga inicialmente recebe uma solução de soda cáustica cuja concentração varia entre 15 a 20 %, e atravessa uma válvula misturadora, onde ambas entram em contacto íntimo, o que promove a ocorrência das reacções de neutralização desejadas. A solução cáustica circula de forma contínua, até que a concentração tenha atingido cerca de 1 a 2 %, quando então ela é substituída por uma nova solução concentrada.Após essa etapa de mistura, as duas fases são separadas em um vaso decantador, devido às diferenças de densidade. A fase orgânica deixa o decantador pelo topo, enquanto que a solução cáustica sai pelo fundo. Dependendo da procedência da carga (teor de enxofre), a lavagem pode ser repetida mais vezes, podendo-se, deste modo, utilizar processos de mais de um estágio. As reacções do processo são as seguintes: 2 NaOH + H2S → Na2S + 2 H2O NaOH + R-SH →NaSR + H2O NaOH + R-COOH → R-COONa + H2O Pode haver também um estágio de lavagem aquosa para que a carga não arrastesoda consigo, o que pode ocorrer nos casos em que a vazão de produto a ser tratada é muito alta. 47 1.5 TRATAMENTO BENDER O tratamento Bender é essencialmente um processo deadoçamento para redução de corrosividade, desenvolvido com o objectivo de melhorar a qualidade do querosene de aviação e aplicável a fracções intermediárias do petróleo. Consiste na transformação de mercaptanas corrosivas emdissulfetos menos agressivos, através de oxidação catalítica emleito fixo em meio alcalino, com catalisador à base de óxido de chumbo convertido a sulfeto (PbS) na própria unidade. Tratamento com DEA O tratamento com DEA tem por objectivo a remoção de H2S do gás combustível e do GLP, colocando-os dentro das especificações relacionadas à corrosividade e ao teor de enxofre. O processo baseia-se no fato de solução de etanol- aminas (mono, di e tri), em temperaturas próximas à ambiente, combinarem-se com H2S e/ou CO2, formando produto estáveis. Os produtos formados, quando sujeitos a aquecimento, são decompostos regenerando a solução original e li- berando o H2S e/ou CO2. Estes produtos podem se encaminhados a uma unidade de recuperação de enxofre, produzindo este elemento a partir do H2S. Para melhor entendimento do processo, será analisado o tratamento de GLP com DEA. Fig. 8 Fluxograma do Bender 48 1.5.1 Descrição tecnológica do processo de tratamento do Bender O GLP ácido, proveniente do fraccionamento, penetra próximo ao fundo da torre de extracção, enquanto que, pelo topo, é injectada a solução de DEA. Devido às diferenças de densidades, estabelece-se um escoamento em contracorrente dentro da torre. Para O GLP tratado sai pelo topo da torre, se- guindo para o Tratamento Merox, enquanto a solução de DEA rica (em H2S) deixa o fundo da extractora e é bombeada para a torre de regeneração. De modo semelhante ao exposto, o gás combustível pode ser tratado em uma torre absorvedora. A DEA rica, vinda das torres de absorção/ extracção, é submetida a um aquecimento, indo por fim para a torre regeneradora, onde o H2S é liberado, conforme reacção a seguir: O calor necessário à reacção é cedido por um referve dor localizado próximo ao fundo da regeneradora, onde vapor d’água de média pressão é condensado. Pelo fundo da torre sai a DEA regenerada, que, depois de resfriada, retorna ao processo. Pelo topo, sai o gás ácido com um elevado teor de H2S. Depois de ter removido alguma quantidade de DEA eventualmente arrastada, o gás ácido é endereçado à unidade de enxofre, ou é queimado no “flare”. facilitar contacto entre os dois líquidos, a torre possui recheios, possibilitando a absorção do H2S, presente no GLP pela DEA. A reacção que se passa é a seguinte: Não é eficiente para compostos nitrogenados, e actualmente é pouco utilizado. As reacções do processo são as seguintes: 2 R-SH + ½ O2 → RSSR + H2O 2 R-SH + S + 2 NaOH→ RSSR + Na2S + 2 H2O 49 CAPITULO IV 1. HIDROTRATAMENTO (HDT) DOS DERIVADOS DO PETRÓLEO. 1.1 GENERALIDADES O hidrotratamento é um processo do refino com hidrogénio cuja finalidade é estabilizar um determinado corte dos derivados do petróleo ou eliminar compostos indesejáveis dos mesmos. A estabilização de fracções dos derivados é conseguida por meio de reacção de hidrogenação de compostos reactivos presentes, como por exemplo, as mono-olefinas e diolefinas. Os elementos indesejáveis removidos por hidrogenação incluem: enxofre, nitrogénio, oxigénio, halogénios e metais por temperatura e pressões elevadas. O hidrotratamento pode ser empregado a todos os cortes de petróleo, tais como gases, naftas, querosene, diesel, gasóleos para craqueamento, lubrificantes, parafinas, resíduos atmosféricos e de vácuo. Actualmente, o processamento com hidrogénio é intensamente aplicado em refinarias modernas, devido principalmente a dois factores: • Necessidade de reduzir cada vez mais os teores de enxofre nos derivados, uma vez que os gases de queima deste elemento (SO2 e SO3) são altamente poluentes; • Novas tecnologias permitiram a produção de hidrogénio a preços razoavelmente baixos, tornando os processos de hidrogenação económicos (o hidrogénio pode ser obtido de uma corrente gasosa de unidades de reformação catalítica ou por intermédio de unidades de geração próprias). 50 As condições de operação dependem bastante do tipo de derivado que desejamos tratar. Assim, quanto mais pesada for a fracção a ser tratada e maior o teor de impurezas, mais altas deverão ser as condições de temperatura e pressão. Conforme as condições de operação (temperatura e pressão) pode-se ter um processo de hidroacabamento (hidrogenação branda) ou hidrotratamento propriamente dito (hidrogenaçãoum pouco mais severa). Além dos produtos tratados, os processos produzem uma corrente de gases combustíveis leves, gás sulfídrico e amônia. O produto tratado e o gás rico em hidrogénio são resfriados após deixarem o reactor, e depois são separados. O hidrogénio é reciclado para o reactor. A corrente gasosa que deixa o processo pode ser muito rica em sulfeto de hidrogénio e em gás combustível leve. O gás combustível e o gás sulfídrico são normalmente enviados à uma unidade de tratamento de gases ácidos e à unidade de recuperação de enxofre. Fig.9 Fluxograma do HDT 51 1.2 DESCRIÇÃO TECNOLÓGICA DO HDT Proveniente de tanques de armazenamento ou directamente de outras unidades de processo, a carga é recebida na unidade de HDT através de um conjunto de tubulações e válvulas conhecido como limite de bateria (LB), seguindo para o vaso de carga, cujas funções são fornecer nível para a bomba de carga e amortecer variações na composição. Do vaso de carga, a corrente a ser tratada é bombeada até a pressão de reacção, recebendo em seguida uma grande vazão de hidrogénio, conhecida como corrente de hidrogénio de reciclo. A partir deste ponto, a mistura de hidrocarbonetos e hidrogénio é aquecida através de uma série de trocadores de calor, chamada de bateria de pré- aquecimento, até receber o aquecimento final no forno, de onde a mistura segue para reactor que é onde ocorrerá o contacto da mistura com o catalisador, viabilizando a ocorrência das reacções químicas. Pões a passagem pela seção de reacção, a mistura resultante é composta por produto tratado, H2S e HN3 formadas nas reacções. O hidrogénio, alimentado em grande excesso antes da bateria de pré-aquecimento. Na saída do reactor, a corrente se encontra em temperaturas bastante elevadas – 350 a 400°C necessitando ser resfriada, o que ocorre através do contacto com a própria carga nos trocadores da bateria de pré-aquecimento. A corrente com cerca de 200°C – segue para o separador a quente vaso onde ocorre a coleta dos hidrocarbonetos que se encontram em fase liquida, sendo encaminhados para a torre rectificadora, onde serão removidos os componentes leves e pequenas quantidades de H2 e H2S dissolvidos no produto. A fase gasosa do separador a quente contém o hidrogénio não convertido, contaminado com hidrocarbonetos leves, H2S e NH3. Para remover a amónia formada, a corrente gasosa recebe, após deixar o vaso separadora quente, uma injecção de água de lavagem, promovendo a reacção entre NH3 e H2S, formando sais que ficam retidos na fase aquosa, evitando sua deposição no sistema. A mistura resultante sofre um resfriamento final até cerca de 40°C, seguindo para o vaso separador a frio, que ainda opera em pressão elevada. Neste vaso, são separadas as três fases: aquosa – que concentra os sais de amónio e seguirá para a unidade de tratamento de águas ácidas gasosa composta de hidrogénio e H2S e líquida contendo hidrocarbonetos condensados após a etapa final de resfriamento. A fase líquida se junta ao produto líquido do separador a quente, seguindo para a torre rectificadora. Na torre rectificadora o produto será novamente aquecido agora em pressões mais baixas, da ordem de 7 52 kgf/cm2g e fraccionado para remover componentes leves e H2S que tenham ficado dissolvidos. A corrente de topo é o gás residual, composto principalmente de hidrocarbonetos da faixa do metano, etano e propano, produtos das reacções paralelas de hidrocraqueamento ocorridas no reactor. Este gás, rico em H2S, segue para tratamento com DEA, amina responsável pela sua purificação através da remoção do H2SO H2S removido na unidade de tratamento com DEA, com cerca de 90% de pureza, é encaminhado para as unidades recuperadoras de enxofre nas quais ocorre a reacção com o oxigénio para a produção de enxofre sólido. A corrente de fundo da rectificadora é o produto final tratado que seguirá após resfriamento e passando pelo limite de bateria para a tancagem de produto final. Caso o produto tratado seja óleo diesel, há ainda, após a rectificadora, uma torre secadora na qual são removidos resquícios de água através da aplicação de vácuo. 1.3 CATALISADORES EMPREGADOS NO PROCESSO DE HIDROTRATAMENTO Os principais objectivos dos catalisadores é fornecer condições e mecanismo nas reacções dadas, elevando enormemente a sua velocidade e conversão. Para o hidrotratamento, os catalisadores têm a função de adsorver o hétero composto a ser tratado e o hidrogénio, promovendo elevado contacto entre os dois reagentes e modificando as suas estruturas de forma a permitir o andamento da reacção. Os catalisadores utilizados no hidrotratamento devem ter facilidade e compatibilidade nas reacções de hidrogenação e não estar contaminados por compostos de enxofre e nitrogénio. As características de craqueamento e saturação devem ser reduzidas ao mínimo, a fim de ser obter uma boa selectividade no processo, com um mínimo consumo de hidrogénio. Os catalisadores mais empregados são à base de óxidos ou sulfetos de metais de transição, tais como Níquel, Cobalto, Molibdênio, Tungsténio e Ferro, geralmente suportados em alumina (Al2O3). O suporte não deve ter características ácidas, para que não ocorram reacções de craqueamento, o que seria indesejável A actividade dos catalisadores acima mencionados é bastante alta, e sua vida útil é também bastante longa. Com o tempo de operação, uma ligeira quantidade de coque 53 deposita-se paulatinamente, fazendo com que a actividade diminua. Com o intuito de se repor a actividade, periodicamente, faz-se a regeneração do catalisador, queimando-se os depósitos de coque com injecção de ar e vapor d’água. O consumo do catalisador varia normalmente de 0,001 a 0,007 barris de carga, dependendo sobretudo da severidade de operação, da densidade e do teor de metais da carga. Para atingir as atuais especificações de qualidade são requeridos catalisadores com elevada actividade e selectividade. Para acompanhar estes requisitos, grandes inovações vêm sendo lançadas pelos principais fabricantes, de modo que o mercado de catalisadores de HDT é claramente um mercado de tecnologia. A selecção de um catalisador para uma unidade industrial de HDT leva em conta principalmente os seguintes aspectos: • Actividade para as reacções desejadas e indesejadas; • Vida útil; • Perda de carga no leito catalítico; • Facilidade de activação e de regeneração; • Custo. 1.4 OBTENÇÃO DOS CATALISADORES DO HIDROTRATAMENTO Os catalisadores do hidrotratamento são obtidos segundo as suas características e cada um deles tem a sua composição química: Em geral, para preparar um catalisador recorre-se a alguma reacção química para que obtenha um produto poroso, com grande superfície metálica e com densidade aparente menor do que o metal bruto. O mercado de catalisadores de HDT é de aproximadamente 1,2x105t/ano, com o processamento de destilados médios representando cerca de metade deste mercado. Frente às demandas apresentadas pelo cenário mundial de refino, estima-se um crescimento de 4% ao ano para este mercado. Desta forma, os fabricantes de 54 catalisadores de HDT são impulsionados a continuamente desenvolver novos produtos que contribuam para atender às demandas de maior actividade, maior selectividade e maior estabilidade, decorrente de uma menor desactivação. 1.5 APLICAÇÃO DOS CATALISADORES NO HIDROTRATAMENTO: Geralmente os catalisadores do hidrotratamento são aplicados nas reacções de hidrogenação do processo a fim de estabilizar as cargas que passam no mesmo. � O suporte de alumina tem como aplicação de: - Promover maior área superficial do catalisador - Boa resistência mecânica. - Estabilizar a fase activa. - Fácil regeneração - 15-25% m/m MoO3- 2-6% m/m NiO - 0-4% m/m P C0/Mo-ele é aplicada em cargas específicas de compostos sulfurados nas reacções de Hidrodessulfurização Mo – ele é aplicada em cargas especificas de compostos nitrogenados em reacções hidrodessulfurização para craqueamento térmicos ou com compostos nitrogenados. Níquel - é um metal de transição de coloração branco-prateada, condutor de electricidade e calor resistente a corrosão ele é aplicada em cargas especificas de compostos nitrogenados em reacções hidrodessulfurização para craqueamento térmicos ou com compostos nitrogenados. O tungsténio é um metal de transição, ligeiramente ácido de cor branco cinza, frequentemente frágil e difícil de trabalhar, mas quando puro pode ser facilmente trabalhado. O tungsténio elementar é resistente ao ataque de ácidos bases. O tungsténio é um lubrificante de alta temperatura e é um componente dos catalisadores de hidrodessulfurização (MoS2) . 55 Muitos metais e óxidos metálicos possuem actividade catalítica no processo das reacções de hidrogenação. Níquel, molibdénio, cobalto, ferro, são metais que frequentemente são encontrados em catalisadores comerciais. Combinação destes elementos com outros metais também são utilizados para conferir actividade e selectividade adicional ou maior tempo de vida para os catalisadores. São utilizados, na maioria das aplicações, suportados, alumina (óxido de alumínio) e zeólitas (óxidos de silício e alumínio) são os principais suportes utilizados. Catalisadores de níquel são utilizados em diversos processos para redução de vários grupos funcionais, suportam condições mais vigorosas em relação ao grupo da platina. Cromato de cobre é usado para redução de ésteres para álcoois. Catalisadores de cobalto ou ferro, em presença de amónia, são utilizados na redução de nitrilas a aminas primárias. A hidrogenação ocorre na superfície do catalisador, é essencial que tenha uma grande superfície de contacto. Em geral, para preparar um catalisador recorre-se a alguma reacção química para que obtenha um produto poroso, com grande superfície metálica e com densidade aparente menor do que o metal bruto. 1.6 HIDROGENAÇÃO O processo unitário hidrogenação refere-se a adição de hidrogénio molecular (H2) na presença de um catalisador em um composto orgânico. Se as moléculas são clivadas por hidrogénio, a reacção é chamada de hidrogenólise. Reacções como isomerização, ciclização eoutras que ocorrem na presença de hidrogénio molecular e catalisadores também são consideradas processos de hidrogenação. As reacções de hidrogenação podem ser realizadas de diversas maneiras. Métodos de redução, além da hidrogenação catalítica, também são utilizados: - Metais em soluções ácidas ou básicas; - Metais alcalinos em solução alcoólica; - Electrólise; 56 - Transferência de hidrogénio. � Características das reacções de hidrogenação: Hidrogenações são reacções exotérmicas e o equilíbrio apresenta-se na maioria das vezes do lado do produto hidrogenado. É influenciada por vários factores, incluindo catalisador, solvente, pureza do substrato, condições de reacção. Temperatura, pressão, agitação e catalisador influenciam tanto a velocidade como a selectividade da hidrogenação. Substrato + nH2 SH2 ∆H < � Temperatura Hidrogenações industriais requerem limitações na variação da temperatura. Necessita-se trabalhar com temperatura tal que permita a maior actividade possível do catalisador. A temperatura também afecta a posição de equilíbrio de tal forma que o rendimento poderá aumentar ou diminuir. Com o aumento da temperatura, o equilíbrio da reacção tende a ir para o lado dos reagentes, a reacção inversa, desidrogenação, é um processo químico interessante e com aplicações industriais, visto posteriormente. � Pressão A pressão, tal qual a temperatura, pode influir na velocidade da reacção e na posição de equilíbrio do sistema. Geralmente, ao aumentar a pressão aumenta a velocidade de reacção. Em sistemas onde ocorre diminuição de volume durante a reacção, o aumento da pressão melhora o rendimento da hidrogenação. � Tempo O tempo necessário para uma reacção de hidrogenação pode variar de poucos segundos a várias horas; depende do composto a hidrogenar, catalisador empregado, temperatura e pressão aplicadas. Em geral, quanto mais reactivo o composto, mais rápida é a reacção. Reacção de hidrogenação é processada em fase líquida ou gasosa, sendo a primeira a mais utilizada. Em sistemas líquidos o transporte do hidrogénio, para a superfície do catalisador é a etapa determinante do processo. Para reagir com o 57 substrato, moléculas de hidrogénio move-se entre as fases gasosa e líquida e ambos penetram nos poros dos sítios catalíticos do catalisador � Catalisadores As maiorias das hidrogenações empregam catalisadores, sua função é capacitar o hidrogénio gasoso para que combine com a substância de modo que pode adicionar-se em sua estrutura molecular. Para isto, o objectivo principal do catalisador será conseguir que essa combinação realiza-se tão rapidamente quanto possível. Catalisadores para hidrogenações são dois tipos, heterogéneo e homogéneo, o primeiro é sólido que forma fases distintas com o meio, gasoso ou líquido. Já os catalisadores homogéneos se estabelecem no meio líquido na forma de suspensão formando uma única fase. O uso de catalisadores homogéneos não é frequente na indústria. As dificuldades na separação destes do meio reaccional são extensas. As aplicações de catalisadores heterogéneos podem ser divididas em dois tipos: o uso de processos com leito fixo, onde o catalisador fica estacionário e os reagentes passam através dele ou o uso do catalisador fluidizado no meio com os reagentes, líquido ou gasoso. 1.7 REACÇÕES DO PROCESSO DO HIDROTRATAMENTO Na unidade de HDT existe simultaneamente milhares de reacções, sendo classificadas em grupos de acordo com o tipo de composto envolvido e de produto formado. As principais reacções que ocorrem em uma unidade tradicional de HDT são em ordem de tratamento: hidrodessulfurização (HDS), hidrodesnitrogenação (HDN) e hidrodesoxigenação (HDO) hidrodesmetalização (HDM). 58 O tratamento feito em cada reacção é função de um conjunto de condições que define a severidade de uma unidade de hidrotratamento: • Temperatura • Pressão parcial de hidrogénio • Tempo de residência 1.7.1-Reacções de hidrodessulfurização (HDS) A Hidrodessulfurização (HDS) é um processo químico de tratamento amplamente usado para remover enxofre (S) de gás natural e de produtos petrolíferos refinados, como gasolina ou diesel, querosene de aviação, querosene, óleo diesel e óleos combustíveis. A finalidade de remover o enxofre é para reduzir o dióxido de enxofre (SO2) que resultam do uso desses combustíveis em veículos automotores, aeronaves locomotivas ferroviários navios plantas de gás ou óleo de poder queima, fornos residenciais e industriais, e outras formas de queima de combustíveis. Os compostos de enxofre contidos nos produtos petrolíferos são, principalmente os mercaptanas, sulfetos, dissulfetos, polissulfeto, e tiofenos. Os tiofenos são os mais difíceis de se eliminar à maioria dos outros tipos de enxofre. O seu teor tende a aumentar conforme o intervalo de destilação, acumulam-se mais nas fracções pesadas. Mercaptanas: CxHn.SH + H2 _ CxHn+1 + H2S Sulfetos: CxHn.S.CxHn + 2H2 _ 2CxHn+1 + H2S Dissulfetos: CxHn.S.CxHn + 2H2 _ 2CxHn+1 + 2H2S 59 O processo se inicia quando acorrente de alimentação é misturada com o hidrogénio, pré-aquecido em uma câmara de aquecimento (300 – 430 oC) e é feita passar sob alta pressão (em torno de 70 atm) em um microrreator catalítico de leito fixo com fluxo contínuo. No reactor, os compostos de enxofre e hidrogénio da alimentação são convertidos em H2S e NH3. Os produtos da reacção então deixam o reactor e depois são resfriados para uma baixa temperatura para então entrarem num separador de líquidos e gases. O gás hidrogénio efluente da alta pressão de separação é reciclado para se combinar depois com a carga que entra e a baixa pressão com o H2S obtido é enviado a uma câmara de tratamento, onde o H2S é removido. O gás limpo é então combinado com o combustível oriundo das fornalhas. A corrente líquida é normalmente o produto do hidrotratamento e é enviado normalmente a uma coluna de separação para remoção de H2S e outras impurezas. A grande importância desse processo é relacionada ao fato de que atualmente cerca de 61 % dos produtos obtidos em refinarias nacionais são combustíveis que precisam passar por HDS para remoção de compostos de enxofre, principalmente Gasolina, óleo diesel (Fig. 2). A tabela 1 mostra dados referentes a situação actual do número de plantas de HDT no Brasil e as pretensões futuras de implementação de novas unidades nas refinarias nacionais. As reacções de hidrodessulfurização têm características de ocorre em um reactor de eito fixo a altas temperaturas que variam de 300 a 400 ° C e pressões elevadas, variando de 30-130 atmosferas de pressão absoluta, geralmente na presença de um catalisador que consiste de uma base de alumina impregnada com cobalto e molibdênio (normalmente chamado de um catalisador Co/Mo). Ocasionalmente, uma combinação de níquel e molibdénio (chamado Nimo) Elas têm a função de remover o enxofre dos derivados do petróleo. A finalidade de remover o enxofre é para reduzir o dióxido de enxofre (SO2) que resultam do uso desses combustíveis em veículos automotores, aeronaves locomotivas, ferrovias, navios, plantas de gás ou óleo de poder queima, fornos residenciais e industriais, e outras formas de queima de combustíveis. Outra razão importante para a remoção de enxofre dos fluxos de nafta dentro de uma refinaria de petróleo é que o enxofre, mesmo em concentrações extremamente baixas, 60 pode envenenar os catalisadores de metal nobre (platina e rênio) nas unidades de reforma catalítica, que são posteriormente utilizados para melhorar a octanagem da fracções de nafta. Os processos de hidrodessulfurização industriais incluem instalações
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