Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR BLAURO CARDOSO DE MATTOS – FASERRA PÓS-GRADUAÇÃO EM ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA COM ÊNFASE EM TERAPIAS MANUAIS ALESSANDRA MENEZES ANDRADE PESSÔA O USO DA TÉCNICA DE DRY NEEDLING NO TRATAMENTO DA SÍNDROME DOLOROSA MIOFASCIAL – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA MANAUS 2019 1 ALESSANDRA MENEZES ANDRADE PESSÔA O USO DA TÉCNICA DE DRY NEEDLING NO TRATAMENTO DA SÍNDROME DOLOROSA MIOFASCIAL – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA MANAUS 2019 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapias Manuais, FASERRA, como pré-requisito para obtenção do título de Especialista, sob a Orientação da Professora: Andréa Cristiane Fischborn. 2 O Uso da Técnica de Dry Needling no Tratamento da Síndrome Dolorosa Miofascial – Revisão Bibliográfica ALESSANDRA MENEZES ANDRADE PESSÔA 1 fisioalessandra@outlook.com ANDRÉA CRISTIANE FISCHBORN 2 Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapias Manuais – Faculdade Faserra Resumo Sendo uma das condições que afetam os músculos e que possuem um alto grau de incidência, a síndrome dolorosa Miofascial (SDM) pode ser incapacitante e desafiadora terapeuticamente devido a ineficácia dos tratamentos convencionais para dor. É uma das constantes causas de algias musculoesquelética acometendo fáscias, músculos e tecidos conjuntivos, sobretudo as regiões da lombar, cintura escapular e cervical. O seu diagnóstico é realizado através da história do paciente e exame físico. O não reconhecimento desta síndrome é causador de inúmeros diagnósticos equivocados e fracassos terapêuticos. A técnica de Dry Needling consiste em inserir agulhas estéreis de mono filamento fino em locais específicos, atuando em ponto local, agindo de forma anti-inflamatória e a nível sistêmico, causando a liberação de endorfinas e outras substâncias que amenizam a dor e possibilitam o bem estar do paciente. Após a aplicação verifica-se uma diminuição do quadro álgico e a recuperação do local do ponto acometido, onde ocorre a dispersão de produtos químicos, o aumento da circulação local e melhora na contratura do músculo afetado. Palavras-chave: Dor miofascial; Agulhamento à Seco; Pontos de gatilho. 1. Introdução As síndromes musculoesqueléticas específicas foram descritas em 1592, quando o termo reumatismo foi utilizado pelo Guillaume De Baillou. 1 A síndrome dolorosa miofascial (SDM) é responsável por uma das causas mais comuns em dor musculoesquelética, onde acomete vários tecidos do corpo humano. Regiões mais cometidas são cervical, cintura escapular e lombar. 6 ____________________ 1 Pós-graduanda em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapia Manual ² Orientadora: Doutorado em Biotecnologia pela UFAM 3 Várias denominações são utilizadas para caracterizar esta síndrome, dentre elas: fibrosite, tensão muscular, miosites, mialgias, reumatismo muscular entre outros. Antigamente, o termo reumatismo muscular era utilizado para descrever quadro de dor, rigidez, tensão dos músculos e tecidos moles. 6 Apesar da frequência das causas, alguns profissionais da área da saúde demoram a identificar a síndrome e os pacientes recebem tratamento por outras desordens musculoesqueléticas. As bandas tensas musculares, limitam as amplitudes de movimento (ADMs), e a dor é referida durante estimulação mecânica. 6 Termo “Agulhamento a seco” ou “Dry Needling” foi descrito pela primeira vez por Travell nos anos de 1960. Utilizado para tratamento de dores musculares, muitas vezes confundido com Acupuntura, seus princípios são neurofisiológicos. 19, 20 O agulhamento a seco tem por objetivo principal desativar os pontos de gatilhos miofasciais (PGM), que é caracterizado pela hiperirritabilidade local, em uma banda tensa muscular ou da fáscia, onde apresenta dor local ou irradiada. 21, 22 2. Revisão de Literatura 2.1 Músculo Os músculos do corpo humano são formados por um conjunto de células musculares denominadas de fibras musculares. A quantidade de fibras musculares vai variar de acordo com o tamanho do músculo e podendo ser centenas ou milhares de fibras. No geral, os músculos são recobertos e protegidos pelo tecido conjuntivo da fáscia, onde é continuo ao tecido conjuntivo que reveste cada fibra muscular, tendão, osso, nervo e vaso. Sua divisão é em fascículos musculares, onde cada fascículo contém cerca de 100 fibras musculares. 2 2.2 Fáscia Anatomicamente a palavra "fáscia" designa uma membrana de tecido conjuntivo fibroso de proteção: de um órgão (fáscia periesofagiana, peri e intrafaringiana) ou de um conjunto orgânico (fáscia endocárdica, fáscia parietalis). É também empregada para designar os tecidos conjuntivos de nutrição: fáscia superficialis, fáscia própria. Não é dessa forma que nossas modernas técnicas a consideram. A palavra "fáscia" que nos interessa foi inventada por osteopatas que, pelo que sabemos foram os primeiros a ter noção de globalidade. Não são fáscias, como frequentemente se diz, mas "fáscia". 3 4 A fáscia muscular é formada por uma camada de tecido conjuntivo modelado onde envolve por completo o corpo sob a tela subcutânea. Suas extensões da fáscia muscular dividem os músculos em vários grupos (septos intermusculares), revestem músculos individuais e feixes neurovasculares (fáscia de revestimento) é situado entre as paredes musculoesqueléticas e as membranas serosas que revestem as cavidades do corpo (fáscia subserosa). 4 2.3 Síndrome Dolorosa Miofascial A síndrome é definida principalmente como dor sub-aguda ou dor crónica, e seus sintomas são autonómicos, sensoriais e motores, causados a partir de pontos de gatilhos ativos com alguma disfunção de dor relacionada. Esta síndrome foi descrita pela primeira vez por Lang em 1931, instituído por Muskelhärten / Myogelosen, no ano de 1938 Gutstein a descreve mencionando Myalgic Spots e somente em 1959 que Steindler que teve a evidencia dos pontos de gatilhos. 4 A síndrome da dor miofascial (SDM) é classificada como uma condição de algia local representada por dor muscular ocasionada pelo aparecimento de nódulos hipersensíveis, nomeados de pontos gatilho miofasciais (PGM). A dor miofascial possui característica de dor somática acentuada, onde ocorre a variedade de intensidade e manifesta períodos de remissões e exarcebações. Pode manifestar no frio ou calor, e em outros fatores que levam a mudança de temperatura como por exemplo o ar condicionado e estresse emocional. 5 2.4 Epidemiologia Em termos epidemiológicos, 85% do gênero feminino é acometido pela patologia, com uma variação de idades entre os 30-50 anos. Este dado coincide com os de Travell & Simons (1998) e sugere que os indivíduos nas faixas etárias mais ativas são mais acometidos pela SDM. Durante o envelhecimento, há redução das atividades, predomínio da presença dos PGs latentes, limitação da amplitude articular e menor frequência da SDM e de PGs ativos.4, 6 2.5 Etiologia A Síndrome Miofascial pode estar também relativa à decorrências de traumas ocasionados em ambiente de trabalho ou de doenças ocupacionais. Seus efeitos podem está relacionado com diversos fatores, incluindo o uso inadequado da musculatura dos membros, fatores biomecânicos, estresse postural, mobiliário inadequado e movimentos repetitivos.7 É comum encontrar a SDM secundária a doenças osteomusculares ou neurológicas, em razão da ocorrência de sobrecargas ou desequilíbriosmusculares. Ressalta-se que alterações 5 nutricionais ou endocrinológicas (como hipotireoidismo), quando tratadas, tornam os PG mais responsivos à terapia, tanto física quanto farmacológica. A persistência de hipoglicemia e hiperuricemia agravam a atividade dos PG miofasciais, reduzindo a resposta terapêutica. 8 2.6 Diagnóstico O diagnóstico da síndrome dolorosa miofascial é realizado através da história clínica e exames físicos. Sendo esta síndrome descrita por ser uma condição de dor muscular e bandas tensas musculares, onde se é possível identificar pontos hiperirritavéis e doloridos nomeados de pontos de gatilhos. Esses pontos ao serem estimulados através da punção com agulhas ou palpação digital, provoca algia local ou à distância. 9 Na Figura 1, são apresentados os critérios diagnósticos para a Síndrome Dolorosa Miofascial.10 Para confirmar o diagnóstico de síndrome dolorosa miofascial é necessário que se obtenha quatro critérios maiores e um menor. A precisão do diagnóstico é estabelecido por meio de exame físico, exibindo indicador diagnóstico de acordo com os diversos achados clínicos conforme Figura 2. 11 Fonte: Simons Figura 1. Critérios diagnósticos para a Síndrome Dolorosa Miofascial Fonte:Tough Figura 2. Achados clínicos e acurácia diagnóstica para a Síndrome Dolorosa Miofascial 6 2.7 Pontos de Gatilho Miofascial Os PGMs apresentam condições queixosas e como padrão uma dor localizada acima de um ponto de intensa irritabilidade, onde exibe um nódulo hiperirritável, em uma região rígida de uma banda tensa do músculo e extremamente sensível à palpação, conforme a Figura 3, por instrumentos (algômetro), agulhas e até alongamentos. 12 ,13 Figura 3. Representação da palpação de um PGM. Figuras B representam a palpação sobre o nódulo hiperritável, sendo realizada de maneira transversa (figura B esquerda) e em pinça (figura B direita) sobre o PGM. Figuras A e C representam palpação sobre áreas circunvizinhas do mesmo. 2.8 Fisiopatologia do Ponto de Gatilho No momento atual a fisiopatologia dos PGs ainda não é totalmente evidenciada, e um número de alterações morfológicas, de neurotransmissores, neurossensoriais, eletrofisiológicas e motoras tem sido envolvido em sua patogênese. Sendo assim, diversas teorias aparecem para explicar a sua causa: 14 - Teoria da Crise Energética: Esta teoria foi formulada afim de explicar a ocorrência da formação dos PG, conhecida como a teoria da crise energética. Basicamente baseia-se no fato das alterações locais do metabolismo muscular gerando fatores para formação do PG. 15 - Teoria das Terminações Motoras: Origina nas fibras musculares e nas terminações motoras como as causas primárias na evolução dos PG. Travell&Simons afirmam que o aumento patológico da liberação de acetilcolina pela terminação nervosa na placa motora gera uma contração muscular prolongada, ocasionando alterações metabólicas. A teoria da crise energética e a hipótese das terminações motoras são consideradas compatíveis e complementares. 16 Fonte: Simons 7 - Teoria Neuropática: Esta teoria explica que os PGs são decorrentes das neuropatias motoras ocasionadas pela compressão dos nervos motores intensificando as disfunções nas placas motoras37 como fator primário desencadeante, tornando-se a formação do PG um evento secundário. De acordo com Huguenon / Gunn a dor miofascial é a indício de uma dor neuropática que se manifesta principalmente no sistema musculoesquelético. Podendo assim sensibilizar as estruturas na distribuição da raiz nervosa ocasionando espasmo muscular distal e colaborando para alterações degenerativas em tendões e ligamentos na distribuição da raiz nervosaacometida. 17 - Teoria das anormalidades dos fusos musculares: Os PGs sucederiam devido as disfunções dos fusos, o que evidenciaria a ausência de anormalidades musculares localizadas em quantidade suficiente para ser gerada na placa motora. Contudo, os PGs representam à atividade nas placas motoras, ao passo que os fusos são ordenados em todas as fibras musculares e não apenas na região da placa motora. 15 - Teoria de tecido cicatricial: Representa os PGs como sendo um tecido fibrótico. Todavia, uma análise rápida dos músculos palpáveis no tratamento dos PGs e os estudos histológicos contradizem essa hipótese. 15 - Teoria da hipertonia-dor-hipertonia: Defendida anteriormente no passado, no entanto atualmente, não possui base científica. Essa teoria simplesmente consiste na tensão muscular impossibilitando a ação do músculo dificultando o arco de movimento. 18 2.9 Dor Referida A necessidade de gerar um estresse mecânico acima do nódulo hiperirritável acarreta no paciente um exemplo típico e reconhecível de dor referida (FIGURA 4), refletindo na queixa sintomatológica anteriormente causada pelo PGM. 19 Fonte: Simons Figura 4. Representação esquemática PGM e dor referida, PGM localizados no músculo trapézio superior (cruzes em preto) e sua respectiva área mapeada de dor referida (em vermelho). 8 2.10 Dry Needling É uma técnica utilizada para tratamento da dor miofascial, contudo muitas vezes confundida com a acupuntura tradicional chinesa, sendo um método ocidental onde baseia-se nos princípios neurofisiológicos. Exposto na década de 60 por Travell, e sendo utilizado em larga escala por Lewits em uma publicação e copiosamente revelado na última década. 20, 21 Seu principal objetivo era desativar os pontos de gatilhos miofasciais, descritos como um ponto hiperirritável, situado em uma banda tensa muscular ou fáscia muscular, relacionado à dor local e/ou referida. Manifestações clinicas e de sensibilização periférica e central da dor miofascial estão ligados aos pontos de gatilho miofascial. 22, 23 Os pontos de gatilhos miofasciais estão ligados a fisiopatologia e a fraqueza muscular da dor miofascial, irritação local, desequilíbrio muscular e à ausência da coordenação motora do músculo afetado e seus grupos sinérgicos. 24 2.11 Causas e Efeitos A medida que é inserido a agulha no ponto de gatilho miofascial, é lesionado e/ou destruído as placas motoras, e tem como repercussão a desenervação axônica distal e a indução da regeneração fisiológica, onde ocorre por volta de 7 a 10 dias. Sendo uma lesão focal não causa risco considerável de formação cicatricial. 25, 26 Quando atingida a resposta de contração rápida, a ativação elétrica da placa motora em questão é minimizada devido a minoração da ação de acelticolina. Sendo este constatado devido a baixa na atividade elétrica espontânea nas zonas de banda tensa. Outro efeito local observado é do alongamento das estruturas citoesqueléticas, ocasionando a reabilitação da extensão dos sarcômeros por conta da perda da sobreposição dos filamentos de actina e miosina.24, 27 Ao realizar a rotação da agulha no tecido conjuntivo ocorre a polarização do mesmo, que ao se transformar em atividade elétrica auxilia na remodelação do mesmo. Ao inserir as agulhas é estimulado as fibras A delta e B delta, que automaticamente mobilizam as células intermediárias no corno dorsal localizado na medula espinhal. Essas células intermediárias permitem que a encefalina seja liberada bloqueando a transmissão da dor, sendo conhecido esse efeito como analgesia segmentar, levando alguns minutos para começar e que pode durar por muitos.28, 29 9 2.12 Aplicação da Técnica A técnica do agulhamento a seco pode ser aplicada de forma profunda ou superficial. No agulhamento profundo a agulha é inserida de forma que se aprofunde na direção do ponto de gatilho.A a resposta de contração rápida é acionada devido a despolarização das fibras envolvidas estando esta relacionada à contração reflexa. A agulha pode ser inserida em outras angulações. 20 A técnica estacionária a agulha é introduzida e mantida sem manipulação. Na pistonagem a agulha é introduzida e levemente retirada, inúmeras vezes, no local indicado e no contorno dele. Pode-se ainda realizar rotações nos sentidos horário e anti-horário, permanecendo agulha no mesmo local. Essa rotação permite ativar as fibras C e mecanorreceptores. A técnica de pistonagem é mais eficiente em proporcionar relaxamento das fibras musculares, sendo relacionada a um grande número de efeitos adversos. No entanto a técnica estacionaria esta relacionada a analgesia do local.20, 29 - 31, 40 O agulhamento a seco superficial é introduzido dentro de 5mm e 10mm, em um ângulo de 20° e 30°. Pode manter-se fixa ou em movimentos de rotação. Como a técnica não atinge o tecido muscular não é provocado a resposta de contração rápida, logo, é menos doloroso do que o agulhamento profundo. Contudo é indicada para regiões de risco como grandes vasos e pulmão. 29 2.13 Tempo Diversos estudos não chegaram a um entendimento com relação ao tempo de permanência das agulhas em ambas as técnicas, muito menos uma concordância de quantas sessões seriam necessárias. O que se sabe é que na prática existe uma oscilação de 5 até 30 minutos permanência. Para casos agudos de 2 a 3 sessões e para casos crônicos de 3 a 5 sessões, assim sugerem alguns autores. 22, 32 3. Metodologia A pesquisa atual é de caráter descritivo e tem como objeto de estudo o levantamento bibliográfico, por meio de uma revisão sistematizada de materiais científicos como artigos, livros e monografias publicadas no período 2000 até 2019. Escritos na língua portuguesa e inglesa. Foram encontrados nos bancos de dados de universidades e indexados: Scielo, Bireme, Google acadêmico. A amostra foi composta de 60 fontes de pesquisa, dos quais 10 foram selecionados para sistematização 40 fontes. Os temas abordados nas pesquisas foram: síndrome dolorosa miofascial, dor, pontos gatilhos, agulhamento a seco, dry needling. 4. Resultados e Discussão Conforme já relatado anteriormente, a técnica de dry needling ocorre ao ser inserido uma agulha em um determinado ponto de gatilho sem que haja necessidade de injetar qualquer medicamento e é relatado sua eficácia no tratamento para minimizar e/ou zerar a dor ocasionada pela disfunção somática gerado pelo ponto de gatilho no músculo. 33 Para o autor Dommerholt, agulhamento a seco, também conhecido como estimulação intramuscular, é um procedimento invasivo em que se usa uma agulha de acupuntura para desativação dos pontos-gatilho miofasciais, onde são definidos como "pontos hiperirritavéis” no músculo esquelético que estão ligados com um nódulo palpável hipersensível em uma banda tensa. O paciente sente em geral uma perda imediata na sensibilidade após o método do agulhamento. Se ainda assim permanecer alguma dor, a agulha é reinserida por mais 2-3 minutos. 34 Em uma pesquisada realizada anteriormente, justifica-se que o agulhamento à seco é tão eficaz quanto a aplicação de solução anestésica de lidocaína, uma vez que, as duas técnicas foram eficientes para cessar o mecanismo do ponto de gatilho e reduzir os sintomas de dor no músculoafetado. 35 Outro estudo realizado de forma randomizada, foi equiparado a técnica de agulhamento à seco em relação a solução anestésica de lidocaína para a melhora dos pontos de gatilhos, o que foi evidenciado que os dois são eficientes na desativação dos pontos, no entanto pode ser escolhido o agulhamento à seco ao invés da solução anestésica, uma vez que o agulhamento possui o mínimo de efeito colateral. 36 Entretanto, foi realizada em outra pesquisa o uso da técnica do agulhamento à seco mais a combinação de solução anestésica de lidocaína com corticoide, e o que ficou evidenciado é que esta combinação minimiza o efeito da sensibilização central e periférica, deixando assim o método mais indolor por conta do anestésico e agradável devido ao uso do corticoide. 37 5. Conclusão O que foi possível observar nesse estudo é de que a síndrome dolorosa miofascial é apontada como um grande problema de saúde e que gera incapacidade, redução da forca muscular, diminuição de amplitude de movimento. A síndrome dolorosa miofascial pode acometer qualquer estrutura muscular do corpo, podendo estar ou não associada a outras condições 11 clínicas dos pacientes. No geral não possui um diagnóstico correto, logo a conduta do profissional terá insucessos também. Por esta razão se faz necessário realizar uma boa avaliação, incluindo exame físico e uma história clínica detalhada. Somente dessa forma o paciente receberá o tratamento adequado à sua condição. Um diagnóstico realizado de forma correta encontrará na palpação estruturas rígidas que é característico dos pontos de gatilho e com a presença da zona de tensão, chamadas bandas tensas. Contudo, a síndrome dolorosa miofascial pode ser tratada usando diversas técnicas incluindo o dry needling ou com uso de medicamentos, cinesioterapia, liberação miofascial manual e/ou instrumental e exercícios de fortalecimento. Porém, o tratamento que possui grande evidência de resultados é a técnica de dry needling. O paciente relata um alivio instantâneo no quadro de dor relatado na avaliação, agindo de forma como anti-inflamatório local e de ação sistêmica realizando a analgesia do ponto de dor. 6. Referências 1. KENNEDT, M.; FELSON, D. T. A prospective long-term study of fi bromyalgia syndrome. Arthritis & Rheumatology. v. 39, p. 682 - 685, 1996. 2. KOSTOPOULOS, D.; RIZOPOULOS, K. Pontos-Gatilho Miofasciais: Teoria/ Diagnóstico/Tratamento. 1. ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan S.A., 2007. 3. MARCEL, B. Estudo e Tratamento do Esqueleto Fibroso. Fáscias e Pompages. 4. ed. Editora Summus, 2002. 4. Síndrome Miofascial: Diagnóstico e abordagem em MFR, I Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação. v. 17, n. 1, 2009. 5. CHOU, L. W.; KAO, M. J.; LIN, J. G. Probable mechanisms of Needling therapies for myofascial pain control. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine. 2012. 6. YENG, L. T.; KAZIYAMA, H. H.; TEIXEIRA, M. J. Síndrome dolorosa miofascial. JBA, Curitiba, v. 3, n. 9, p. 27 - 43, jan./mar. 2003. 7. FERNANDES, E. H.; FERNANDES, J. H. M. Síndrome dolorosa miofascial em trabalhadores com LER/DORT, Revista Brasileira Medicina Trabalho v. 9, n. 1, p. 39 - 44, 2011. 8. DOMMERHOLT, J.; HUIJBREGTS, P. Nutritional and metabolic perpetuat- ing factors in myofascial pain. In: DOMMERHOLT, J. Myofascial trigger points: 12 pathophysiology and evidence-informed diagnosis and management’s. London: Jones and Bartlett’s editors; 2011. 9. YENG, L. Y.; KAZIYAMA, H. H. S.; TEIXEIRA, M. J. Síndrome dolorosa miofascial. Revista Medicina. n. 80, p. 94 - 110, São Paulo. 2001. 10. SIMONS, D. G. Clinical and etiological update of myofascial pain from trigger points. Journal of Musculoskeletal Pain. v. 4, n. 1 – 2, p. 93 – 121, 1996. 11. TOUGH, E. A.; WHITE, A. R.; RICHARD, S.; CAMPBELL, J. Variability of criteria used to diagnosemiofascial trigger point pain syndrome – evidence from a review of the literature. The Clinical Journal of Pain. v. 23, p. 278 – 286, 2007. 12. ASHER, S. N. Pontos gatilhos uma abordagem concisa.1 ed. Manole, p. 201, 2008. 13. HUGUENIN, L. K. Myofascial trigger points: the current evidence. Physical Therapy in Sport. v. 5, p. 2 – 12, 2004. 14. SIMONS, D. G.; TRAVELL, J.G.; SIMONS, L. S. Myofascial pain anddysfunction. The trigger point manual. 2. ed. Baltimore, v.1, Upper half of body. William & Wilkins, 1999. 15. HUBBARD, D. R.; BERKOFF, G. M. Myofascial trigger points show spontaneous needle EMG activity. Spine. v. 18, p. 1803 – 1807, 1993. 16. REIDT, A. V.; ALBANO, D. Técnica de enfermagem: enfermagem clínica. São Paulo: [Rossolillo]. p. 152 – 155, 1942. 17. SANTOS, G. F. O livro do enfermeiro e da enfermeira: para uso dos que se destinam a profissão de enfermagem e das pessoas que cuidam dos doentes. Rio de Janeiro: Difusão. p. 254 - 256, 1916. 18. ZIAEIFAR, M. et al. The effect of dry needling on pain, pressure pain threshold and disability in patients with a myofascial trigger point in the upper trapezius muscle. Journal of Bodywork Movement Therapies, v. 18, n. 2, p. 298 – 305, 2014. 19. UNVERZAGT, C.; BERGLUND, K.; THOMAS, J. J. Dry needling for myofascial trigger point pain: a clinical commentary. International Journal of Sports Physical Therapy. v. 10, n. 3, p. 402 – 418, 2015. 20. BUTTS, R.; DUNNING, J.; PERREAULT, T.; MOURAD, F.; GRUBB, M. Peripheral and spinal mechanisms of pain and dry needling mediated analgesia: a clinical resourse guide for health care professionals. International Journal of Physical and Medicine & Rehabilitation. v. 4, n. 2, p. 2 – 18, 2016. 13 21. VULFSONS, S.; RATMANSKY, M.; KALICHMAN, L. Trigger point needling: techniques and outcome. Current Pain and Headache Reports. v. 16, n. 5, p. 407 – 412, 2012. 22. DUNNING, J.; BUTTS, R.; MOURAD, F.; YOUNG, I.; FLANNAGAN, S.; PERREAULT, T. Dry needling: a literature review with implications for clinical practice guidelines. Physical Therapy. v. 19, n. 4, p. 252 – 265, 2014. 23. LUCAS, K. R.; RICH, P. A.; POLUS, B. I. Muscle activation patterns in the scapular positioning muscles during loaded scapular plane elevation: the effects of latent myofascial trigger points. Clinical Biomechanis. v. 25, n. 8, p. 765 – 770, 2010. 24. DOMMERTHOLT, J.; GRIEVE, R.; LAYTON, M.; HOOKS, T. Myofascial trigger points: an evidence- informed review. The Journal of Manual & Manipulative Therapy. v. 14, n. 4, p. 203 – 221, 2006. 25. DOMMERTHOLT, J.; FERNANDES-DE-LAS-PEÑAS, C. Trigger point dry needling: an evidenced and clinical-based approach. Churchill Livingstone: Elsevier. v. 29, n. 1, p. 1 – 280, 2013. 26. CHEN, J. T.; CHUNG, K. C.; HOU, C. R, KUAN, C. R.; KUAN, T. S.; CHEN, S. M, et al. Inhibitory effect of dry needling on the spontaneous electrical activity recorded form myofascial trigger spots of rabbit skeletal muscle. American Journal of Physical Medicine and Rehabilitation. v. 80, n. 10, p. 729 – 735, 2001. 27. CAGNIE, B.; DEWITTE, V.; BARBE, T.; TIMMERMANS, F.; DELRUE, N. Meeus M. Physiologic effects of dry needling. Current Pain and Headache Reports. v. 17, n. 8, p. 348 – 5, 2013. 28. WHITE, A.; CUMMINGS, M.; FISHIE, J. Introdução à Acupuntura Médica Ocidental. São Paulo: Roca; 2013. 29. KALICHMA, L.; VULFSONS, S. Dry needling in the management of musculoskeletal pain. Journal of the American Board of Family Medicine. v. 23, n. 5, p. 640 – 646, 2010. 30. DOMMERTHOLT, J. Dry needling-peripheral and central considerations. The Journal of Manual & Manipulative Therapy. v. 19, n. 4, p. 223- 227, 2011. 31. SRBELY, J. Z.; DICKEY, J. P.; LEE, D.; LOWERISON, M. Dry needling stimulation of myofascial trigger points evokes segmental anti-nociceptive effects. Journal of Rehabilitation Medicine. v. 42, n. 5, p. 463 – 468, 2010. 14 32. UNVERZAGT, C.; BERGLUND, K.; THOMAS, J. J. Dry needling for myofascial trigger point pain: a clinical commentary. International Journal of Sports Physical Therrapy. v. 10, n. 3, p. 402 – 418, 2015. 33. THE COCHRANE COLLABORATION. Acupuncture and dry-needling for low back pain (Review). Published by JohnWiley & Sons, Ltd, 2011. 34. DOMMERHOLT, J.; HUIJBREGTS, P. Myofascial Trigger Points Pathophysiology and Evidence-Informed Diagnosis and Management. Canadá: Jones and Bartlett Publishers, 2011. 35. SILVA, R. O. F. da et al. Evaluation of dry needling and 0.5% lidocaine injection therapies in myofascial pain trigger points in masticatory muscles. Dental Press Journal Orthodontics. v. 17, n. 2, p. 113 – 118, 2012. 36. SAIME, A. Y.; DENIZ, E.; BIRKAN, T. BIRKAN, Sonel. Comparision of injection methods in myofascial pain syndrome: a randomized controlled trial. Clinical Rheumatology. v. 29, p. 19-23, 2010. 37. ROBERTA DE ABREU, V.; JUNIOR, A.; Francisco, G. P.; CAMILA, Z. Different substances and dry-needling injections in patients with myofascial pain and headaches. The Journal of Craniomandibular Practice. v. 26, n. 2, p. 96 – 103, 2008. 38. LIANZA, S. Medicina de Reabilitação. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan S.A, 2007.
Compartilhar