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36 PARTE 1 INTR0DUcA0 APEN DICE Graficos: Uma Breve Revisao Muitos dos conceitos que os economistas estudam podem ser expressos por meio de numeros — o prey) da banana, a quantidade de bananas vendida, o custo do cul- tivo da banana e assim por diante. As variaveis econemicas muitas vezes estao rela- cionadas umas corn as outras. Quando o preco da banana aurnenta, as pessoas compram menos banana. Uma forma de expressar as relacoes entre variaveis é por meio de g,raficos. Os graficos servem para duas coisas. Primeiro, ao desenvolver teorias economi- cas, os gr, aficos proporcionam uma maneira de expressar visualmente ideias que nao ficariam tao claras se fossem descritas corn equagoes ou palavras. Segundo, durante a analise de dados economicos, os graficos oferecem uma forma de desco- brir como as variaveis de fato se relacionam no mundo realindependentemente de estarmos trabalhando corn teorias ou corn dados, os graficos fomecem uma lente através da qual é possivel reconhecer uma floresta a partir de uma grande quanti- dade de arvores. A informacao numerica pode ser expressa graficamente de varias formas, assim como urn pensamento pode ser expresso de varias maneiras por meio de palavras. Urn born escritor escolhe palavras que tomarao urn argument° claro, uma descri- cdo agradavel ou uma cena dramatica. Urn economista eficaz escolhe o tipo de gra- fico mais adequado as suas finalidades. Neste apendice discutiremos como os economistas usam graficos para estudar as relacoes matematicas entre variaveis. Discutiremos tambem algumas das arma- dilhas que podem surgir no uso de metodos graficos. Graficos de Uma sá Variavel A Figura A-1 mostra tres graficos comuns. 0 grdfico de pizza (pie chart) no painel (a) mostra como se divide a renda total nos Estados Unidos entre as fontes de renda, incluindo a remuneracao dos empregados (salario), lucros corporativos etc. Cada fatia da pizza representa a participacao de uma fonte no total. 0 grrifico de barra (bar graph) do painel (b) compara a renda em quatro paises. A altura de cada barra representa a renda media em cada pais. 0 grafico do serie temporal (time-series graph) do painel (c) traca a crescente produtividade no setor de negacios cios Estados Unidos ao longo do tempo. A altura da linha mostra o produto por hora a cada ano. Voce provavelmente j viu graficos semelhantes em jornais e revistas. Graficos de Duas Variaveis. 0 Sistema de Coordenadas Embora os tres graficos da Figura A-1 sejam iteis para mostrar como uma variavel muda ao longo do tempo ou de urn individuo para outro, eles sac) bastante limita- dos no que se refere a quanto podem nos dizer. Eles apresentam informacoes sobre uma so variavel. Os economistas muitas vezes estdo interessados nas relacoes entre variaveis, por isso precisam ser capazes de representar duas variaveis num so gra- fico. 0 uso do sistema de coordenadas toma isso possivel. Suponhamos que voce queira examinar a relacao entre o tempo de estudo e a nota media dos alunos. Para cada aluno de sua classe, voce pode registrar urn par de mimeros: o numero de horas semanais de estudo e a nota media obtida. Esses numeros podem, entao, ser colocados entre parenteses, formando urn par ordeflado, e representados como urn tinico ponto no grafico. Albert E., por exemplo, 6 repre- frldice de Produtividade • • 115 • • ...... ............ ............ ........ 95 75 .......... h.ldia 55 .......... ($2.340) 35 ................... 0 __I Renda por Pessoa em 2000 35.000 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 1950 1960 1970 1980 1990 2000 Lucros das empresas (12%) Renda dos proprieterios (8%) Renda de juros (6%) -,Renda de alugueis (2%) ( Salário dos empregados (72%) Estados Unidos ($34.100) Reino Unido ($23.550) Mexico ($8.790) CAPh-ULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 37 Tipos de GrMico FIGURA A-1 0 grdfico de pizza no painel (a) mostro como o rendo nocional dos Estodos Unidos derivo de diversos fontes. 0 gr q fico de barras no painei (b) compara a renda media em quatro palses. 0 gratico de serie temporal no painel (c) mostra o produtividade do trabalho nas empresas dos Estados Unidos entre 1950 e 2000. (a) GrMico de Pizza (b) GrMico de Barras (c) GrMico de Serie Temporal sentado pelo par ordenado (25 horas/semana, nota 3,5), enquanto seu despreocu- pado colega Alfred E. é representado pelo par ordenado (5 horas/semana, nota 2,0). Podemos fazer um grafico desses pares ordenados numa grade bidimensional. 0 primeiro nUmero de cada par ordenado, chamado de coordenada x, mostra a loca- lização horizontal do ponto. 0 segundo nUmero, chamado de coordenada y, mostra a localizgZio vertical do ponto. 0 ponto que tem coordenada x e coordenada y iguais a zero é chamado de origem. As duas coordenadas de cada par ordenado nos dizem onde o ponto esta localizado em rela o à origem: x unidades para a direita da origem e y unidades acima dela. A Fig-ura A-2 (p. 38) representa g,raficamente as notas medias em relg"ao ao tempo de estudo de Albert E., Alfred E. e seus colegas. Esse tipo de grafico e cha- mado de grafico de dispers -do porque representa pontos dispersos. Olhando para esse grafico, percebemos imediatamente que os pontos mais à direita (que indicam maior tempo de estudo) tendem a ocupar posições mais elevadas (indicando rnelhores notas). Como o tempo de estudo e as notas costumam mover-se na mesma direção, dizemos que ha uma correlacdo positiva entre essas duas variaveis. Por outro lado, se fizessemos um grafico do tempo gasto em festas e das notas, pro- vavelmente concluirfamos que mais tempo dedicado a festas esta associado com notas menores; poderiamos dizer enth - o que existe uma correla(do negativa, ja que as duas variaveis se movem em dire es opostas. Em ambos os casos o sistema de coordenadas permite ver com faciliclade a correla -ao entre as duas variaveis. Curvas no Sistema de Coordenadas Alunos que estudam mais tendem a ter notas mais altas, mas ha outros fatores que influenciam as notas. Preparar-se com anteced"encia, por exemplo, é um fator importante, como tambem o s'ao talento, ateN .a- o dos professores e ate comer bem no cafe da manh -a. Urn g,rafico de dispers -ao como o da Figura A-2 n'ao procura iso- lar o efeito que o estudo tem sobre as notas dos efeitos de outras variaveis. Mas em muitos casos os economistas preferem ver como uma variavel afeta outra manten- do tudo o mais constante. A nota media é medida no eixo vertical e o tempo de estudo, no eixo horizontal. Albert E, Alfred E. e seus colegas sao representados por diversos pontos. 0 grafico nos permite ver que os alunos que estudam mais tendem a obter notas mais altos. Usando o Sistema de Coordenadas • • • Alfred E (25, 3,5) 4indfred E.; ; (5, 2,0) 1 :- 15 20105 Nota Media 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0 1 25 30 35 40 Tempo de Estudo (horas por semana) 38 PARTE 1 INTRODUc-A0 FIGURA A-2 Para ver como isso é feito, vamos considerar um dos gnificos mais importantes em economia: a curoa de demanda. A curva de demanda representa o efeito do preco de urn bem sobre a quantidade do hem que os consumidores desejam comprar. Antes de ver uma curva de demanda, contudo, considere a Tabela A-1, que mostra como o ntimero de romances que Emma compra depende de sua renda e do preco dos romances. Quando os romances estao baratos, Emma os compra em gr, ande quantidade. A medida que ficam mais caros, ela pega emprestado livros da biblio- teca em vez de os comprar ou opta por ir ao cinema em vez de ler. De maneira simi- lar, para qualquer preco dado, ela compra mais romances quando sua renda é major. Ou seja, quail&sua renda aumenta, Emma gasta parte da renda adicional em romances e parte em outros bens. Temos agora tres vari6veis — o preco dos romances, a renda e o rainier° de romances comprados mais do que podemos representar em um grafico bidimen- sional. Para representarmos graficamente as informacoes da Tabela A-1, precisamos manter constante uma das tres variaveis e tracar a relacao entre as outras duas. Como a curva de demanda representa a relacao entre preco e quantidade deman- dada, mantemos constante a renda de Emma e mostramos como o mimero de romances que ela compra varia corn o Few. Suponhamos que a renda de Emma seja de US$ 30 mil por ano. Se colocarmos o niimero de romances comprados no eixo x e o preco dos romances no eixo y, podemos representar graficamente a coluna central da Tabela A-1. Quando os pon- tos que representam os dados da tabela — (5 romances, US$ 10), (9 romances, US$ 9) e assim por diante — sao ligados, formam uma linha. Essa linha, represen- tada na Figura A-3, é conhecida como a curva de demanda de Emma por roman- ces; ela nos diz quantos romances Emma compra a qualquer preco dado. A curva de demanda tern inclinacao negativa, indicando que urn major preco reduz a quan- tidade demandada de romances. Como a quantidade demandada de romances e o preco se movem em direcoes opostas, dizemos que as duas variaveis est5o negati- vamente relacionadas (na situacao inversa, quando duas variaveis movem-se na mesma direcao, a curva que as representa tem inclinacao positiva, e dizemos que elas estao positivamente relacionadas). 15 20 250 •• ... 1 ... ... I ' " $8) $7) 2 , 6 (25, 5) : Dema da: i I i 30 Quantidade de Romances Comprados CAPh -ULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 39 Preo Renda $ 20 mil $ 30 rnii $ 40 mil $ 10 2 romances 5 romances 8 romances 9 6 9 12 8 10 13 16 7 14 17 20 6 18 21 24 5 22 25 28 Curva de demanda, 03 Curva de demanda, D i Curva de demanda, 02 AffiELA A-1 Romances Comprados por Emma Esta tabela mostra o n mero de romonces que Emma compro para diferentes niveis de rendo e diferentes precos. Pora qual- quer dado nivel de rendo, os dados sobre precos e quantidade demandada podem ser representados graficamente, resultando no curva de demanda de Emma por romances, como mostram as Figuras A-3 e A-4. Prgo dos..... ........... Romances : I ' I......... .I I $11 ;K.... (5,... 10 10 ........... 9 8 ... ... . ... ... • • .. 7 6.... ... 5 4 ...... .. 3 2 .. 1 ......— 0 5 Curva de Demanda A linha D 1 mostra como o nmero de romances que Emma compro depende do preco dos romances quando sua renda é mantido constante. Como o preco e a quantidade demandada est -do negativamente relacionados, curva de demonda se indina para baixo. Suponhamos agora que a renda de Emma aumente para US$ 40 mil por ano. Para qualq-uer preeo dado, ela comprath mais romances do que comprava quando ganhava menos. Assim como traeamos anteriormente a curva de demanda de Emma por romances com dados da coluna do meio da Tabela A-1, traeamos agora uma nova curva de demanda com os dados da coluna da direita da tabela. Representamos essa nova curva de demanda (eurva 137) ao lado da curva anterior (curva D i) na Fig,ura A-4; a nova curva é semelhante à que traeamos antes, mas sit-ua-se mais à direita. Dizemos, assim, que a curva de demanda de Ernma por romances desloca-se para a direita quando sua renda aumenta. Da mesma forma, se a renda de Emma caisse para US$ 20 mil por ano, ela compraria menos romances para qualquer preeo dado e sua curva de demanda se deslocaria para a esquerda (curva D3). .. .. - — Quando diminui a renda, a curia - de demanda — desloca-se para a esquerda. ... r• (rend:a reh.cia:F. = 40.0000 . , ... ...-•.• • • ".• • • ' ... 1 • - ............ Quando aumenta a ... , renda, a curva de demanda desloca-se para a direita. ... ... • - ! 5 25 30 Quantidade de Romances Comprados 10 13 1516 20 Preco dos Romances $11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 40 PARTE 1 INTRODUcA0 Em economia é importante distinguir entre mnvimentos an longo de uma curva e desloconentos de ulna curva. Como vemos na Figura A-3, se Emma ganhar US$ 30 mil por ano e os romances custarem US$ 8 cada, ela comprara 13 romances por ano. Se o preco cair para US$ 7, o ntimero de romances comprados aumentard para 17 por ano. A curva de demanda, entretanto, se mantera fixa no mesmo lugar. Ela ainda comprard o mesmo nomero de romances a cada preeo, mas com a queda do preco, ela se movera da esquerda para a direita ao longo da sua curva de demanda. Por outro lado, se o preco dos romances permanecer fixo em US$ 8, mas sua renda aumentar para US$ 40 mil por ano, Emma aumentara suas compras de romances de 13 para 16 por ano. Como ela compra mais romances a cada preen, sua curva de demanda desloca-se para fora (para a direita), como mostra a Figura A-4. Ha uma maneira simples de saber quando é precis° deslocar uma curva. Quando uma variavel que nao estt representada nos eixos muda, o grafico se des- loca. A renda no esta nem no eixo x nem no eixo y do grafico, portant°, quando a renda de Emma muda, sua curva de demanda deve deslocar-se. Qualquer mudan- ça nao o preco dos romances que afete os habitos de compra de Emma resul- tard num deslocamento da curva de demanda. Se, por exempla, a biblioteca publi- ca fechar e Emma precisar comprar todos os livros que quiser ler, ela demandard mais romances a cada preco e sua curva de demanda se deslocara para a direita. Se o preco do ingress° do cinema cair e Emma passar mais tempo assistindo a filmes e menos tempo lendo, ela ira demandar menos romances a cada preco e sua curva de demanda se deslocard para a esquerda. Mas, quando muda uma variavel de urn dos dois eixos do grafico, a curva nao se desloca. Interpretamos tai mudanca como um movimento ao longo da curva. FIGURA A-4:1 Deslocamento das Cuntas de Demanda A localizacao do curva de demonda de Emma par romances depende do sua renda. Quanta mais ela ganhar, mais romances podera comprar a coda prep determinodo e mais para a direita sua cum de demand° kora A curva D1 representa a curva de demanda original de Emma par romances quando suo rendo é de US$ 30 mil por ano. Se sua renda aumentar para US$ 40 mil par ano, sua curva de demanda se deslocard para D2. Se sua renda cair para US$ 20 mil par ono, suo curia de demanda se deslocard para D3. CAPh-ULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA Inciina0o Uma pergunta que poderiamos fazer sobre Emma é em que medida seus de compra reagem ao j_-)recs-o. Olhe para a curva de den-ianda representada na Figura A-5. Se essa curva é muito inclinada, Emma compra sempre quase o mesmo rulme- ro de romances, estejam eles mais caros ou mais baratos. Se a curva e mais hori- zontal, Emma compra muito menos romances quando o preQ3 aumenta. Para res- poricier a perguntas sobre em que medida uma varivel responde a mudarwas em outra variável, podemos usar o conceito de inclina0o. A inclinação de uma linha é a razo entre a distffilcia vertical percorrida e a dis- tffilcia horizontal percorrida à medida que nos movemos ao longo da linha. Essa defini o costuma ser escrita matematicamente da seguinte forma: Inclinação Ay = , Ax onde a letra grega A (delta) representa a varia o de uma variável. Em outras pala- vras, a incling^a"o de uma linha é igual ao "aumento" (varigk) de dividido pela "disthncia" (varia o de x). A inclinação serd um pequeno niimero positivo no caso de linhas ascendentes com pouca inclinação, um grande n mero positivo no caso de linhas com forte inclinação ascendente e um m'Amero negativo paralinhas com nação descendente. Uma linha horizontal teth inclinação zero porque nesse caso a varffiTel y nunca muda; dizemos que as linhas verticais têrn inclinação infinita por- que a varffiTel y pode assumir qualquer valor sem que a variElvel x mude. FIGURA A-5 41 I 1 Prev) dos Romances $11 10 9 - ..... •... 7 Calculando a Inclinach de uma linha Pora calculormos a inclinacao do curva de demanda, podemos observar os variocaes das coordenados xeya medida que nos deslocamos do ponto (21 romances, $ 6) para o ponto (13 romances, $ 8). A indinacao da linha é a razao entre a variacao do coordenado y (-2) e a variacao da coordenado x (+8), que igual o —1/4. 5 4 3 2 ... ... ... 0 5 10 30 Quantidade de Romances Comprados 42 PARTE 1 INTRODUcii0 Qual é a inclinacdo da curva de demanda de Emma por romances? Em primei- ro lugar, como a inclinacdo da curva é descendente, sabemos que serd negativa. Para calcularmos urn valor numeric° da inclinacdo, precisamos escolher dois pon- tos da linha. Com a renda de Emma em US$ 30 mil, ela comprard 21 romances a US$ 6 ou 13 romances a US$ 8. Quando aplicamos a formula da inclinacdo, esta- mos interessados em saber a variacdo entre esses dois pontos; em outras palavras, o que nos interessa é a diferenca entre eles, o que nos permite concluir que preci- samos subtrair um conjunto de valores do outro, como se segue: Ay primeira coorcienada y - seg-unda coordenada 6 - 8 -2 -1inclinacao = Ax _ primeira coordenada x - segunda coordenada 21 - 13 8 4 A Figura A-5 representa g,raficamente o funcionamento desse calculo. Tente cal- cular a inclinacdo da curva de demanda de Emma usando dois pontos diferentes. 0 resultado deve ser exatamente o mesmo, -114. Uma das propriedades das linhas retas é que elas tern a mesma inclinacdo em todos os pontos. Isso no se aplica a °taros tipos de curvas, que tern inclinacdo major em alg,uns pontos do que em outros. A inclinacdo da curva de demanda de Emma nos diz algo sobre o quanto suas compras respondem a mudancas de preco. Uma inclinacdo pequena (urn numero proximo de zero) significa que a curva de demanda de Emma é quase horizontal; neste caso, o numero de romances que ela compra muda substancialmente em res- posta a mudancas de Few. Uma inclinacdo major (mamero bem major que zero) sig,nifica que a curva de demanda de Emma é quase vertical; neste caso, o ntimero de romances comprados muda pouco quando us precos variam. Causa e Efeito Os economistas freqiientemente usam graficos para propor arg-umentos sobre o funcionamento da economia. Em outras palavras, eles usam grdficos para explicar como urn conjunto de eventos causa urn outro conjunto de eventos. Quando se observa um gr, afico como a curva de demanda, ndo ha dilivida quanto ao que é causa e o que é efeito. Como estamos variando o preco e mantendo constantes todas as demais variaveis, sabemos que as alteragOes de preco dos romances causam altera- goes na quantidade de romances demandada por Emma. E preciso recordar, entre- tanto, que nossa curva de demanda provem de urn exemplo hipotetico. Ao fazer graficos corn dados da vida real, muitas vezes é mais dificil determinar como uma variavel afeta outra. 0 primeiro problema é que, ao medir como uma varidvel afeta outra, é dificil manter todo o rest° constante. Se ndo conseguimos manter constantes as variaveis, podemos concluir que uma variavel de nosso g,rafico esti causando variacoes na outra quanclo, na verdade, essas variacoes sao causadas por uma terceira varitivel omitida que nab consta do g,rafico. Alem disso, ainda que tenhamos identificado as duas variaveis corretas para nossa analise, podemos nos deparar corn urn seg- ,undo problema: a causalidadc reversa. Em outras palavras, poderfamos concluir que A causa B quando, na verdade, B é que causa A. As armadilhas da variavel omitida e da causalidade reversa exigem que tenhamos cautela ao usar gr, aficos para tirar conclusoes sobre causas e efeitos. CAPh-ULO 2 PENSANDO COMO UNI ECONOMISTA 43 Vari veis Omitidas Vamos usar um exemplo para ver como a omiss -a'o de uma vari&vel pode levar a um gi-ffico enganoso. Imaginemos que o govemo, pressiona- do pela preocupg -a'o pLiblica com o g,rancie riLimero de n-lortes por cncer, contrate a Big Brother Servios Estatisticos Ltda. para realizar um estudo exaustivo. A Big Brother examina muitos itens encontrados na casa das pessoas para ver quais associados ao risco de c s ncer e relata uma forte relg"a"o entre duas variveis: o nUmero de isqueiros que uma familia tem e a probabilidade de que alguem da farnflia venha a ter dincer. A Figura A-6 mostra essa relg-a"o. 0 que devemos concluir a partir desse resultado? A Big Brother prop6e uma resposta politica imediata. Recomenda que o governo desencoraje o uso de isquei- ros, instituindo um imposto sobre sua venda, e que exija que sejan-i fixadas etique- tas de advertencia nos isqueiros dizendo: "A Big Brother concluiu que este isqueiro faz mal Ao julgar a validade da an se da Big Brother, uma pergunta se sobressai: a Big Brother manteve constantes todas as variElveis relevantes a não ser a que esti sendo considerada? Se a resposta for negativa, os resultados serk) suspeitos. Uma expli- ca o simples para a Figura A-6 e que as pessoas que tem mais isqueiros tern maior probabilidade de serem fumantes e que é o fumo, não os isqueiros, que causa o Se a Fipra A-6 riio mantem constante a quantidade de fumo, não nos diz o real efeito de ter um isqueiro. Essa histOria ilustra um importante principio: ao ver um grffico sendo usado para dar sustenta o a um arg,un-iento de causa e efeito, é importante perguntar se os n-lovin-ientos de alg,uma varffiTel omitida podem explicar os resultados observados. Causalidade Reversa Os economistas tambem podem se enganar quanto causalidade se interpretarem mal sua direção. Para saber como isso pode aconte- cer, suponha que a Associa o dos Anarquistas da America encomende um estudo sobre a criminalidade e cheg,ue à Figura A-7, que representa o rffimero de crimes violentos por mil habitantes nas g,randes cidades em relação ao niimero de policiais por mil habitantes. Os anarquistas observam que a curva tem incling"a"o positiva e afirmam que, como o policiamento aumenta a violencia urbana em vez de diminui- la, a policia deveria ser abolida. Se pudessemos realizar um experimento controlado, evitariamos o perigo da causalidade reversa. Para fazermos tal experimento, determinariamos aleatoria- 44 PARTE 1 INTRODUcA0 mente o numero de policiais em diferentes cidades e entdo examinarfamos a cor- relacao entre policiamento e criminalidade. A Figura A-7, contudo, nao se baseia num experimento como esse. Ela simplesmente nos permite observar que as cida- des mais violentas tern mais policiais. A explicacao para isso pode estar no fato de que cidades mais violentas empregam mais policiais. Em outras palavras, em vez de ser o ntimero de policiais que determina a criminalidade, é a criminalidade que determina o ntimero de policiais. Nada do grafico por si so nos permite determinar a direcao da causalidade. Pode parecer que uma maneira simples de determinar a direcao da causalidade seja observar qual das variaveis se move primeiro. Se o crime aumentar e entdo houver uma expansdo da forca policial, chegaremos a uma conclusao. Se verificar- mos que a forca policial se expande e posteriormente a criminalidade aumenta, chegaremos a outra conclusao. Mas essa abordagem tern uma falha: as pessoas por vezes mudam seu comportamento no por causa de uma alteracao nas circunstan- cias atuais, mas devido a uma mudancanas suas expectativas quanto as condicoes futuras. Uma cidade que esteja esperando por uma grande onda de crime no futu- ro, por exemplo, poderia muito bem contratar imediatamente mais policiais. Esse problema é ainda mais fzicil de perceber no caso de bebes e minivans. Os casais muitas vezes compram minivans antes do nascimento do bebe. A minivan vem antes da crianca, mas isso ndo nos leva a concluir que a venda desse tipo de veicu- lo cause crescimento populacional! Ndo ha urn conjunto completo de reg,ras quo nos diga corn exatiao quando é correto extrair conclusoes causais de graficos. Mas ter em mente que isqueiros nao causam cancer (variavel omitida) e que minivans ndo fazem aumentar o tamanho das famIlias (causalidade reversa) impedira que voce se deixe enganar por muitos argumentos econOmicos falhos.
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