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Página 3 Considerando que os valores não existiram desde sempre, mas foram criados, Nietzsche propõe a genealogia como método de investigação sobre a origem deles. Mostra como foram criadas lacunas – o que não foi dito ou foi recalcado – e permitiu que alguns valores predominassem sobre outros. Aos poucos, tornaram-se conceitos abstratos e inquestionáveis. Pela genealogia Nietzsche descobre que os instintos vitais foram submetidos e degeneraram.Denuncia a falsa moral, “decadente”, “de rebanho”, “de escravos”, cujos valores seriam a bondade, a humildade, a piedade e o amor ao próximo. E,desse modo, procura ressaltar quais são os valores comprometidos com o “querer-viver”. Distingue então a moral de escravos e a moral de senhores. a)A moral de escravos É herdeira do pensamento socrático-platônico e da tradição judaico- cristã, baseada na tentativa de subjugação dos instintos pela razão. O homem-fera, animal de rapina, é transformado em animal doméstico ou cordeiro. A moral plebeia estabelece um sistema de juízos em que o bem e o mal são valores metafísicos transcendentes, isto é, independentes da situação concreta vivida. A moral de escravos nega os valores vitais e resulta na passividade, na procura da paz e do repouso.O indivíduo se enfraquece e sua potência diminui. A conduta humana, orientada pelo ideal ascético, torna-se vítima do ressentimento e da má consciência – o sentimento de culpa. O sentimento de culpa é o ressentimento voltado contra si mesmo, ao criar a noção de pecado, que inibe a ação. O ideal ascético nega a alegria Página 4 da vida e coloca a mortificação como meio para alcançar a outra vida num mundo superior, do além. As práticas de altruísmo destroem o amor de si, domesticando os instintos. B)A moral de senhores É a moral positiva que visa à conservação da vida porque é baseada no sim à vida e configura-se sob o signo da plenitude, do acréscimo.Funda-se na capacidade de criação, de invenção, cujo resultado é a alegria, consequência da afirmação da potência.O indivíduo que consegue se superar é o que atingiu o além-do-homem. O sujeito além-do-homem é aquele que consegue reavaliar os valores, desprezar os que diminuem e criar outros que estejam comprometidos com a vida. Segundo o professor Roberto Machado (presente no livro didático do 3° do ensino médio): É por isso que contra o enfraquecimento do homem, contra a transformação de fortes em fracos – tema constante da reflexão nietzschiana – é necessário assumir uma perspectiva além de bem e mal, isto é, “além da moral”. Mas, por outro lado, para além de bem e mal não significa para além do bem e do mal. A dimensão das forças, dos instintos, da vontade de potência permanece fundamental. “O que é bom? Tudo que intensifica no homem o sentimento de potência, a vontade e a potência, a própria potência. O que é mau? Tudo que provém da fraqueza”.
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