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Celestin Freinet por Louis Legrand

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ATIVIDADE AVALIATIVA
Nome Tadzia de Oliva Maya
Turma e Cidade: Turma 05 – Juiz de Fora
Referente ao módulo:
(número do módulo e tema)
Texto (s) Trabalhado (s): Celestin Freinet
Valor: 100 pts. Nota:
Para começar a falar do texto sobre o pedagogo Celestin Freinet vou relevar a sensação que
tive quando cheguei ao final das páginas. Apesar de já conhecer Freinet e ter lido até mesmo um livro
sobre ele e suas ideias pedagógicas, pensei que este texto era especialmente bem escrito, claro e
fluido e fui conferir quem era seu autor. O texto foi escrito por Louis Legrand, um professor francês
de extensa qualificação, mas o mais importante: seu objetivo era traçar um perfil para uma
publicação do Escritório Internacional de Educação da Unesco, em 1993. Talvez por isso mesmo o
texto já seja em si mesmo uma “boa aula”, com explicações diretas e precisas sobre as ideias e o
modo de trabalhar de Freinet. Considerei, pois, um dos melhores textos da apostila do curso de
Pedagogia pra Liberdade, instigante e pedagógico, no sentido de cumprir a função do ensinoi-
aprendizagem.
O autor começa com um pequeno resumo da vida de Freinet, que passou por sua vida junto
aos camponeses na França e sua passagem traumática pela Guerra (I) e por um campo de
concentração (II). Deste período chamou-me a atenção o fato de ter fundado uma cooperativa de
trabalhadores com a finalidade de eletrificar o povoado, pois já demonstra sua relação viva com a
comunidade onde vivia. Neste resumo, é possível saber que Freinet dedicou-se a criar uma escola
livre e experimental e criou a Cooperativa de Ensino Laico, uma verdadeira empresa de produção de
material didático e de publicação de documentos sobre educação. As salas de aula espaçosas
abrigavam basicamente alunos de camadas desfavorecidas. Sua pedagogia foi pensada como uma
atividade concreta, diz o autor, parafraseando o próprio Freinet que falava em ensinar as “técnicas da
vida a serviço da libertação do homem”. 
Na parte do texto chamada “ A originalidade das técnicas de Freinet”, Legrand cita uma das
atividades pela qual Freinet ficou mais popular, que são as aulas passeio, “sair da sala de aula em
busca da vida existente no entorno” e, além disso, fazer um esforço para agir e transformar este
mundo visto. 
Outra de suas práticas bem famosas citadas é o texto livre, que juntamente com o jornal
escolar e a correspondência interescolar conformavam um núcleo da pedagogia de comunicação de
Freinet. Toda sua ideia de leitura baseia-se na premissa de procurar um texto não só para se distrair
mas sobretudo para agir. Depois de ler, o aluno envolvido na imprensa, que segundo Legrand foi o
instrumento pedagógico de comunicação inovador de Freinet, este mesmo aluno precisa publicar e
isso o obriga a ser legível, a se fazer entender na sua comunidade. Assim, o “aluno-impressor”
buscava se aperfeiçoar, numa gramática sem “decorebas” de regras, mas orientada pela clareza da
comunicação.
Na área da Aritmética, Freinet também buscava uma matemática viva, um “cálculo vivo”,
baseada nas necessidades reais do dia a dia, como problemas relativos à alimentação dos coelhos, das
galinhas, da compra de sementes, venda da colheita etc. Considerei engenhosa sua solução da
cooperativa escolar, que servia para motivar o estudo do cálculo e também para sustentar
financeiramente os escritórios da escola. O autor observa, no entanto, que a doutrina freinetiana não é
tão rica neste domínio da matemática, quanto o é na língua e na comunicação.
Em relação à Ciência, História e Geografia, Freinet acreditava que o estudo do meio era
somente ponto de partida para o questionamento e a necessidade de agir. Para ele, “estes estudos
visavam, antes de mais nada, ao conhecimento da aventura humana, dos sofrimentos e progressos
para um mundo melhor”. Já na área da Educação artística, havia interesse particular pela pintura e
pelas ilustrações dos textos livres. A técnica da linogravura, um tipo especial de impressão parecida
com a xilogravura, era muito usada.
A secção do texto que me agradou muito pelo nível de detalhamento foi “A transformação do
contexto institucional”. Interessante saber como Freinet organizava o espaço da escola com uma área
central semelhante à sala de aula tradicional e ao redor sete oficinas para as atividades de: trabalho
manual, atividades domésticas, atividades “comerciais” da cooperativa, documentação, imprensa,
criação artística e experiências. Além disso, há o ambiente externo com jardim e criação de animais.
Em relação à organização do tempo, Legrand explica que Freinet era flexível, respeitando o
imprevisível e os acontecimentos cotidianos, dedicando maior parte do temo para atividades da classe
como um todo e para os planos de trabalho individuais elaborados pelo aluno no início de cada
semana e assumidos como compromissos. Há também autoavaliação, com fichas de autocorreção
com a orientação de um professor. 
Esse esquema me lembrou muito a Escola da Ponte, em Portugal, que estudo há alguns anos e
cheguei a visitar em 2010. Lá também há planos de trabalho individuais e coletivos, de pesquisa e
ação e autoavaliação, além desta orientação de agir sobre a escola, a comunidade e o mundo. E,
igualmente, como é citado no texto, de que os alunos de Freinet obtinham notas iguais ou melhores
nos exames governamentais, assim também o é na Escola da Ponte. 
Freinet acreditava na pedagogia como um caminho para transformar a humanidade, com uma
“obra concreta, cheia de vida e emoções”. Legrand chama a atenção para o fato de Freinet não ser um
destes teóricos rebuscados cheios de ideologias e aprofundamentos retóricos, mas que mesmo assim
influenciou pedagogos e influencia até hoje e de que muitas das suas teorias e métodos serem
provados por outros.
A teoria subjacente a muitas de suas técnicas era a do “tateio experimental”, onde o
aprendizado não deve ser operado por uma intervenção externa ao aluno, pois o essencial deve provir
do próprio aluno, com a necessidade vindo do obstáculo, da ignorância e da pesquisa. Desse modo,
tateando, errando e acertando que todos aprendem. A inspiração vem de Ferriere e de Bergson com
sua noção de elan vital, o que vale a pena ser discutido mais a fundo em outro momento. 
Apesar de ter morrido em 1966, o movimento que Freinet iniciou encontra eco até hoje.
Legrand cita a importância da leitura funcional que bebeu nesta fonte e hoje é ponto pacífico, assim
como na evolução da aprendizagem da língua materna ou estrangeira. A outra teoria dele de que o
aprendizado deve resultar da realização de situações concretas com uma autêntica comunicação hoje
é multiplicado, segundo Legrand, em ótimos estudos. O autor inclusive chama isso de “intuições
proféticas” de Freinet. 
No final do texto o autor observa que muitos hoje podem não ver sentido nas teorias e práticas
de Freinet visto que a pedagogia marcada pela origem rural não faria sentido num mundo tão urbano
e tecnológico. No entanto, problematiza ele, a criança de hoje passa muito tempo em frente a
televisão e vive num universo abstrato “alheia e distante das experiências fundamentais, em
comparação com o pequeno camponês de outrora”. Neste sentido, continua ele, seria muito
importante a escola fornecer experiências concretas fundamentais como cultivar a terra, cuidar dos
animais, construir máquinas simples. Para Legrand, as técnicas de Freinet são mais do que nunca
válidas, sendo quase obrigatórias, para que a escola seja ambiente de vida para oferecer experiências
que as crianças quase não têm mais fora da escola. O clima de cooperação também ajuda nesta
sociabilidade, pois“as crianças se sentem felizes quando realizam algo juntas”.
 Essas ideias fazem muito sentido para mim e para a prática pedagógica que quero
desenvolver. O texto é altamente inspirador , sendo simples e profundo ao mesmo tempo. Esta
pedagogia do amor, amor pelo mundo, pelas crianças, pelos problemas e soluções da humanidade me
lembram muito também Paulo Freire e são para mim uma das bases de mudança do atual padrão de
competição, lucro e devastação ambiental.

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