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SISTEMA FEUDAL

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SISTEMA FEUDAL 
A história da Idade Média Ocidental é basicamente a história dos Reinos Bárbaros que se formaram a 
partir do século V, com a desintegração do Império Romano do Ocidente.
Os povos bárbaros germânicos, ao invadirem a Europa, trouxeram consigo sua própria maneira de 
viver, na qual a economia tipicamente agrária era um dos traços fundamentais. Esta realidade dos 
povos germânicos em contato com o processo da ruralização do Império Romano, característico 
desde o século III, fez com que o alinhamento de forças rumo ao Feudalismo se tornasse bastante 
claro e sensível.
Ao invadirem o Império Romano, os povos germânicos apresentavam uma organização tribal, na qual 
a guerra era a atividade fundamental de todos os homens livres; as atividades produtivas da terra 
(agricultura e criação de animais) eram de responsabilidade das mulheres e dos escravos. Dentre as 
atividades agrárias, o pastoreiro era a principal e a existência de boas pastagens era condição de 
fixação de uma tribo em um local. Em outras palavras, os povos germânicos eram seminômades: 
fixavam-se em um local enquanto lá existissem boas pastagens para o seu rebanho.
Dada a condição de seminomadismo, é fácil entender que a terra era considerada como propriedade 
comunal. Só a partir de sua penetração no Império Romano é que começaram a surgir as primeiras 
formas de propriedade privada do solo; mesmo assim, esta coexistia com a propriedade comunal. O 
que basicamente aconteceu foi que as áreas de pastagem passaram a ser consideradas como 
propriedade privada, enquanto que as áreas de cultivo continuaram sendo propriedade comunitária.
Em função das constantes guerras na ação de ocupação das terras do Império Romano, verificamos 
a formação, nas tribos germânicas, de verdadeiras nobrezas guerreiras, às quais todos os demais 
elementos da tribo tendiam a se sujeitar.
A estrutura familiar dos germânicos era tipicamente patriarcal, sendo que uma tribo era um agregado 
de famílias. As tribos eram unidades politicamente independentes e só se uniam em função da 
necessidade gerada por uma guerra ou para um fim específico; logo, não existia entre eles a ideia de 
Estado centralizado.
As uniões temporárias entre tribos eram fundamentadas em obrigações recíprocas entre os chefes 
das tribos que se uniam, sendo que para uma tribo a autoridade do chefe era incontestável; logo, as 
obrigações por ele assumidas eram válidas para todos os membros da tribo. Essas alianças entre 
tribos davam origem a grupos de guerra que recebiam o nome de Comitatus.
 A Estrutura Feudal
Teremos como nosso objetivo inicial o de formular um conceito de Feudalismo. Para tanto, basta uma 
simples afirmação: O Feudalismo é um modo de pro**dução.
Feita essa colocação, o nosso problema passa a ser definir Modo de Produção.
Desde já, é importante não confundir o conceito de Modo de Produção dos Bens Materiais com o de 
Modo de Produção. É bom lembrar que "modo de produção dos bens materiais" é uma expressão 
descritiva e se refere apenas à estrutura econômica da sociedade. O conceito de "modo de produção" 
é absolutamente teórico e abrange a totalidade social, ou seja, tanto a estrutura econômica quanto 
todos os outros níveis sociais, o jurídico-político e o ideológico.
No dizer de Eduardo Fiorante (in "El Concepto de Modo de Producción"):
"Um Modo de Produção é uma combinação, aparece como instâncias ou níveis, isto é, como 
estruturas regionais com uma autonomia e dinâmica próprias, ligadas a uma unidade dialética. Um 
Modo de Produção compreende três níveis ou instâncias: a econômica ou infraestrutura, a político-
jurídica e a ideológica. Estas duas últimas constituem a superestrutura. Entende-se que se trata de 
um esquema abstrato indicativo que é constituído para efeito de análise, e que é impossível adotar 
outro com diferentes instâncias."
O Modo de Produção está caracterizado por um tipo de unidade que é um todo complexo dominante, 
onde uma das estruturas que o compõem domina as demais, exercendo uma influência, em última 
instância, sobre elas. Em um Modo de Produção, a estrutura dominante, em última instância, é a 
estrutura econômica à qual se reservará o termo de "determinante". A isso acrescentar-se o fato de 
que as relações que constituem cada nível ou instância não são simples, mas estão sobre 
determinadas pelas relações dos outros níveis.
A determinação, em última instância, da estrutura global pelo econômico não significa que o 
econômico detenha sempre o papel dominante. Não devemos confundir estes dois termos 
(determinação em última instância e papel dominante), pois implicam concepções totalmente 
distintas. Se a unidade constitui a estrutura dominante, isso implica que todo Modo de Produção 
tenha um nível ou instância dominante, o econômico é determinante apenas à medida que atribui a 
esta ou àquela instância o papel dominante. Assim Marx nos indica como no Modo de Produção 
Feudal é a ideologia, sob sua forma religiosa, que detém o papel dominante que, por sua vez, está 
rigorosamente determinada pelo funcionamento da estrutura econômica própria deste Modo de 
Produção.
Vejamos nas palavras do próprio Marx (in "O Capital"):
"Minha opinião de que o modo de produção da vida material (o que chamamos de estrutura 
econômica) geralmente domina o desenvolvimento da vida social, política ou intelectual... é justa para 
o mundo moderno, dominado pelos interesses materiais, mas não para a Idade Média, onde reinava 
o catolicismo, nem para Atenas e Roma, onde dominava a política."
Cada modo de produção é específico e a determinação e sobre determinação dependem da 
composição de suas estruturas internas e de sua inter-relação dialética. O que distingue 
definitivamente um Modo de Produção de outro e o que, consequentemente, especifica um Modo de 
Produção é a forma dessa inter-relação ou articulação que mantém seus níveis: é o que chamamos 
"Matriz" de um modo de produção.
O Modo de Produção é um conceito abstrato-formal que não existe na realidade e que adotamos 
exclusivamente com fins operacionais para construir um modelo teórico de análise, que nos sirva de 
instrumento para a interpretação de uma realidade social. Já aparece aqui a necessidade de adotar 
um conceito diferente do de Modo de Produção, ou seja, o conceito de Formação Social.
Formação Social é um termo que designa uma sociedade historicamente determinada, um todo social 
em um momento de sua existência. Assim como um modo de produção por sua categoria de modelo 
teórico é totalmente puro, uma formação social, por sua existência real, não pode ser. Ao contrário, é 
uma combinação particular, específica, de vários modos de produção puros. A formação social 
constitui, por si mesma, uma unidade complexa, na qual domina um certo modo de produção, que 
determina o caráter dos outros.
De tudo o que já foi dito, podemos fazer uma afirmação fundamental: as Formações Sociais da 
Europa Ocidental e Central, durante a Idade Média, tiveram o Feudalismo como seu Modo de 
Produção Dominante.
Antes de iniciarmos o estudo do Feudalismo propriamente dito, vamos especificar alguns outros 
conceitos que nos ajudarão a compreender os Modos de Produção e de Formação Social.
Chamaremos de Produção ou Processo de Produção, ou ainda, Prática Econômica, a todo processo 
de transformação de um elemento determinado, natural ou já trabalhado previamente, em um produto 
específico. Essa transformação se efetua através de uma atividade humana própria, mediante a 
utilização de instrumentos específicos ou ferramentas de trabalho.
Os elementos, cuja combinação determina o processo de produção, são os seguintes:
O objeto a ser transformado pode ser: a "matéria bruta" que provém da natureza, ou a 
"matéria-prima" que já sofreu alguma transformação através de um processo de trabalho.
Os instrumentos utilizados na transformação de objeto que Marx chamou de Meiosde 
Trabalho, distinguindo entre eles: os "meios de trabalho em sentido restrito", que são as 
coisas ou conjunto de coisas que o trabalhador interpõe entre ele e o objeto sobre o qual 
trabalha (por exemplo, a plaina do carpinteiro para polir a madeira, a pá para cavar a terra 
etc.); os meios de trabalho em sentido amplo, que compreendem todas as condições 
materiais, que sem intervir diretamente no processo de transformação, são indispensáveis 
para sua realização (por exemplo, a terra, a fábrica, as estradas, etc.).
O objeto mais os meios de trabalho constituem o que chamaremos de Meios de Produção. A 
atividade humana desenvolvida no processo de produção, que Marx chamou de Força de 
Trabalho.
O Produto, que é resultado final do processo de produção.
O produto é um "valor de uso", pois responde às necessidades humanas determinadas; é 
preciso ficar claro que, embora todo produto seja um valor de uso, nem todo uso é um produto, 
pois há elementos que respondem à necessidade humana sem haver sofrido previamente um 
processo de transformação (é o caso do ar e da água).
Resumindo, podemos dizer que em todo processo de produção intervêm três elementos 
fundamentais: a força de trabalho, matéria-prima ou bruta e os meios de trabalho, sendo que esses 
dois últimos elementos constituem Meios de Produção.
Todo processo de produção implica uma produção social, pois todo produto obtido tem um fim social 
determinado: é um valor de uso, quando é produzido simplesmente para o consumo imediato do 
produtor e de sua família; ou é um valor de troca, uma mercadoria feita para ser trocada por 
mercadoria ou por dinheiro. Em ambos os casos, trata-se de uma produção social, pois todo processo 
de produção se realiza em uma sociedade historicamente determinada. É uma produção realizada 
pelos indivíduos que vivem em sociedade.
Esta produção social está baseada em uma divisão de tarefas, ou seja, em uma Divisão do Trabalho, 
pois à medida que aumenta a complexidade da sociedade e seu nível de desenvolvimento, maior é a 
diferenciação de tarefas. A divisão do trabalho é cada vez mais social e complexa, já que no 
desenvolvimento da sociedade passamos da divisão familiar do trabalho nas comunidades primitivas 
baseadas em diferenciações de idade e sexo, à divisão social mais complexa na atual sociedade, 
passando por toda uma série de escalões intermediários.
Podemos distinguir na produção da sociedade dois tipos fundamentais de divisão de trabalho:
Divisão do Trabalho Social (também chamada de Divisão Social do Trabalho);
É a divisão da produção social em diversos ramos, esferas ou setores de produção, por 
exemplo, a divisão entre trabalho agrícola e trabalho industrial, que implica a separação entre 
o campo e a cidade, ou a divisão entre a indústria de meios de produção e a indústria de bens 
de consumo; e
Divisão Técnica do Trabalho.
É a divisão do trabalho que se opera no interior de um processo de produção, por exemplo, numa 
fábrica a divisão entre um torneiro e um montador. 
Antes viu-se como a "matriz" de um modo de produção (articulação das estruturas regionais que o 
especificam) está determinada, em última instância, pelo nível econômico. Cabe agora perguntar: 
como funciona essa determinação?
Segundo Marx, (in "O Capital"):
"Quaisquer que sejam as formas sociais de produção, seus fatores são sempre dois: os meios de 
produção e os trabalhadores. Mas tanto uns como outros serão somente, enquanto estiverem 
separados, fatores potenciais da produção. Para poder produzir na realidade, têm que se combinar. 
Suas diferentes combinações distinguem as diversas épocas econômicas da estrutura social. No 
caso do modo de produção capitalista, a separação entre trabalhador livre e seus meios de produção 
constitui o ponto de partida dado, e já vimos como e sob que condições se combinam ambos os 
fatores em mãos do capitalista: como modalidades produtivas de seu capital."
No texto supramencionado, aparecem os três elementos que procuramos, os dois primeiros como 
fatores de produção e o terceiro em cujas mãos os dois primeiros se combinam. Chamaremos os três 
elementos de Fatores da base econômica do modo de produção:
o trabalhador, que é o produtor direto ou força de trabalho.
os meios de produção, que são o objeto e os meios de trabalho.
o não trabalhador que não intervém na produção direta e que se apropriar do produto, isto é, 
do sobretrabalho.
A combinação destes três elementos caracteriza a base econômica de um modo de produção e como 
este está determinado, em última instância, por aquela, e segundo a forma como se articulam, 
aparecerá um outro modo de produção.
No caso específico do Feudalismo, o trabalhador é o proprietário dos meios de produção menos da 
terra, que pertence ao não trabalhador, que por sua vez, cede ao trabalhador a posse da terra em 
troca de um pagamento, geralmente em espécie, ou seja, consubstanciado em uma parcela do 
produto realizado em um tempo determinado de trabalho do trabalhador em terras, cuja posse é 
também detida pelo não trabalhador.
 Origens do Feudalismo
O Feudalismo, como qualquer modo de produção, não surgiu de forma abrupta. Ele é o resultado de 
um longo processo de formação, que se estende do século IV ao século IX, e só a partir de então e 
até o século XII ele passou a ser o modo de produção dominante nas formações sociais europeias. A 
partir do século XII e até o século XVIII, o modo de produção feudal conheceu profundas 
transformações que foram fazendo com que ele se desintegrasse e desse lugar, naquelas formações 
sociais, a um outro modo de produção dominante, que, no caso, foi o Capitalismo.
Podemos afirmar que o Feudalismo surgiu através de um processo de integração de uma série de 
instituições romanas com uma série de instituições bárbaras germânicas, sendo que esse processo 
estrutural foi catalisado pela ação conjuntural de diversos fatores, tais como o expansionismo 
muçulmano pelo Mediterrâneo e as invasões dos normandos, húngaros e eslavos.
Dentre as instituições romanas que contribuíram para a formação do modo de produção feudal, 
merecem destaque:
a "villa", unidade de produção tipicamente rural que dirigia sua produção para obtenção de 
sua autossuficiência.
a crise do Escravismo, que deu origem ao Colonato, relação de produção na qual o 
trabalhador (o colono) trabalhava, com seus próprios meios de produção, as terras do não 
trabalhador (o senhor) e retribuía esse direito de meeiros com serviços que prestavam ao não 
trabalhador.
a crise do poder político que descentralizou a administração através da transferência de 
poderes para os proprietários de terra.
Outros elementos importantes para a formação do Feudalismo vieram das instituições 
germânicas, dentre as quais merecem destaque:
a economia natural, ou seja, a produção destinada ao consumo imediato e, quando havia 
trocas, elas eram realizadas em espécie.
a sociedade dividia-se em guerreiros, homens livres inferiores e escravos, sendo que a 
mobilidade social era praticamente inexistente.
o sistema político baseava-se na individualidade das tribos, daí a inexistência do Estado.
o Comitatus, bando armado para o tempo de guerra, no qual o chefe e os comandados 
mantinham relações de fidelidade que eram recíprocas, temporárias e contratuais.
A partir desses elementos estruturais, tivemos as bases fundamentais que deram origem ao 
Feudalismo. Entretanto, para que ele se configurasse plenamente, foi necessária a ação de diversos 
fatores conjunturais que passaremos a destacar.
Como já sabemos, as invasões bárbaras germânicas do século V, no Império Romano do Ocidente, 
aceleraram o processo de ruralização econômica que já se fazia sentir na Europa Ocidental e Central 
desde o século III.
Cada vez mais as "villas" passaram a ser os núcleos vitais da sociedade europeia. Os próprios povos 
germânicos tenderam a se integrar nelas,quer como trabalhadores da terra, quer como braços 
armados e mesmo, muitas vezes, como senhores e proprietários de unidade produtora.
Um aspecto a ser destacado é o de que os povos germânicos não chegaram à Europa Ocidental e 
Central de uma só vez. Dessa forma, quando alguns povos germânicos já estavam integrados na vida 
das "villas", outros chegaram em pé de guerra.
Essa realidade fez com que as vias de comunicação terrestre se tornassem inseguras e com isso os 
próprios níveis de comunicação tenderam a diminuir, provocando um verdadeiro isolamento das 
"villas" entre si.
Contudo, a violência e o impacto das invasões germânicas foram, aos poucos, decrescendo e os 
bárbaros passaram a se integrar no mundo romano, assimilando sua cultura e sua religião. Na 
mesma época em que se dava essa integração, uma nova onda de invasões atingiu o sul da Europa.
Desta feita, foram as invasões decorrentes do expansionismo muçulmano que, como já salientamos 
em outra parte, implicaram o fechamento do Mediterrâneo para o comércio europeu, provocando, 
desta forma, um verdadeiro isolamento da Europa em relação à Ásia e à África. Eram raros os que se 
aventuravam a comercializar através das águas que eram dominadas pelos sarracenos.
O comércio extraeuropeu passou praticamente a inexistir, ficou restrito a alguns poucos mercadores 
judeus, sírios e frisões que traziam à Europa Ocidental e Central algumas quantidades de especiarias 
e de outros produtos orientais.
Além da interdição do Mediterrâneo, os muçulmanos, através de suas razzias, provocaram um clima 
de forte insegurança no sul da Europa, especialmente nas terras litorâneas do Mediterrâneo.
O mesmo clima de insegurança, criado no sul da Europa pela presença dos muçulmanos, foi 
estabelecido no norte da Europa, a partir do século IX, em decorrência das invasões dos normandos.
Os normandos (que também podem ser chamados de "vikings" como ficaram conhecidos no 
Ocidente ou de "varegues" como foram conhecidos na Rússia) viviam na Dinamarca, na Noruega e 
na Suécia. Sua expansão é justificável em função de um complexo de fatores, dentre os quais 
destacaremos: os problemas demográficos (intenso crescimento populacional que tinha como 
contrapartida a exiguidade das terras aráveis); as constantes rivalidades entre os reis e os senhores 
locais, fato que estimulava os guerreiros à emigração em busca de novas terras; o amor à guerra e a 
busca de prestígio militar que valorizava o indivíduo no contexto social; o conhecimento de técnicas 
de construção naval que possibilitava a construção de barcos, com quilha e velame, capazes de 
percorrer longas distâncias.
Os ataques dos vikings eram realizados por mar ou através dos grandes rios e tiveram início no final 
do século VIII, quando realizaram as primeiras incursões saqueadoras no litoral da Grã-Bretanha e 
nas costas do norte da Europa.
O caráter eminentemente naval dos ataques normandos criava dificuldades para os povos europeus, 
uma vez que nenhum Estado possuía uma força naval organizada.
Durante o século IX, os vikings dinamarqueses (também conhecidos pelo nome de "danos") 
saquearam as Astúrias, Portugal, as Ilhas Baleares, a Provença e a Toscana. No caminho de volta, 
atacaram e conquistaram a Inglaterra, com exceção do Reino de Wesses, onde o rei Alfredo havia 
organizado uma frota naval e conseguiu resistir.
Os vikings noruegueses assaltaram a Irlanda e várias ilhas próximas da Grã-Bretanha. A partir de 
874, alguns contingentes desse povo ocuparam a Islândia e, em 982, descobriram a Groelândia e 
Vinlândia (a América) por volta do ano 1.000.
Os vikings suecos tomaram a direção da Rússia, onde entraram em contato com os povos eslavos e 
ocuparam a região de Novgorod. Por volta do ano 1.000, os varegues foram cristianizados e 
sedentarizaram-se.
Além de conquistarem a Inglaterra e se fixarem na Rússia, os normandos também se estabeleceram 
na França e na Itália. Na França, ocuparam a região da desembocadura do rio Sena que, em 911, foi 
cedida a eles pelo rei franco, Carlos, o Simples, com o nome de Ducado da Normândia. O chefe 
normando, Rollon, ao receber esse ducado, comprometeu-se a defendê-lo.
No sul da Itália, em 1059, o chefe normando, Robert Guiscard, aceitou a suserania do Papa, 
tornando-se Duque da Apúlia e da Calábria. Em função dessa ocorrência, teve fim a dominação 
bizantina no sul da Itália e a muçulmana na Sicília.
No mesmo século IX, outros povos também atacaram a Europa: os húngaros (também chamados de 
magiares) e os eslavos. Esses povos atacaram a Europa a partir do Oriente, mas seus ataques 
objetivavam exclusivamente o saque. Nem os húngaros nem os eslavos chegaram a se estabelecer 
com caráter de permanência na Europa Ocidental ou Central. Suas incursões serviram apenas para 
criar, do lado Oriental, o mesmo clima de insegurança que fora criado no Sul pelos muçulmanos e no 
norte pelos normandos.
A partir de todas as colocações que já foram feitas, podemos tirar uma conclusão importante: além do 
processo de ruralização que a Europa conheceu a partir do século III e que foi acentuado pelas 
invasões bárbaras germânicas, a Europa, a partir do século VIII, tendeu a se isolar do resto do mundo 
e, mais do que isso, tendeu a atrofiar os seus contatos internos inter-regionais. É a partir desse 
contexto que verificamos o surgimento do feudalismo.
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