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AÇÃO DECLARATÓRIA 01

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AO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE 
	NOME, brasileira, viúva, aposentada, filha de Julio da Rocha e Maria de Souza Rocha, portadora da cédula de identidade n.º XXX, inscrita no CPF sob o n.º XXX, residente e domiciliada à Rua XX, nº X, bairro XXX, XXXX, CEP: XXX, sem endereço eletrônico, por seus advogados devidamente constituídos pelo instrumento de mandato em anexo, com endereço profissional à Rua XXXX, n.º XX, e endereço eletrônico: XX e XXXX@, vêm respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 300 e 927 ambos do Código Civil, apresentar
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA
em desfavor de OI MOVEL S.A. pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º XXX, com sede à PraçaXXX, n.º XX, andar 6º, bairro XX, XXX-MG, CEP XXX, pelas razões a seguir exposta
DOS FATOS
	A Autora por cerca de 2 (dois) anos foi cliente e usuária dos serviços ofertados pela empresa Ré. O contrato entre as partes perdurou entre em 14/12/2016 e 03/12/2018, conforme comprovante anexo.
	Em novembro de 2018, a Autora estava completamente insatisfeita com os serviços prestados pela Ré, uma vez que o sinal telefônico seu aparelho móvel era muito baixo e provocava cortes nas ligações.
	Por isso, buscando trocar de operadora telefônica, a Autora entrou em contato com a atendente da empresa Ré e solicitou o cancelamento de sua linha. A atendente realizou várias ofertadas para a Autora, no intuito de que desistisse do cancelamento, mas a Autora não aceitou e permaneceu com o pedido inicial.
	Em seguida, a atendente lhe disse que consultaria o sistema para verificar a possibilidade de cancelamento e, instantes depois, afirmou a Autora que haveria a incidência de multa por cancelamento, tendo em vista a rescisão em prazo inferior a 12 meses de contrato. A autora retrucou à atendente, e informou que o seu plano tinha aproximadamente dois anos. Entretanto, a atendente da Ré informou que não poderia solucionar tal pendência e que lhe seria enviado um boleto para pagamento da multa de cancelamento.
	Em dezembro de 2018, a Autora recebeu o boleto para pagamento da multa e tentou, novamente, afirmar a inexistência de multa sob o seu contrato, já que a relação existente entre as partes era superior a 12 meses. O atendente disse que verificaria no sistema e realizaria novo contato.
	Frisa-se, por oportuno, que a Autora é pessoa Idosa e confiou na Empresa Ré para solucionar a demanda.
	Acontece que, até o momento, a questão não foi resolvida, e como se não bastasse, a Autora ao tentar realizar compra à prazo no comércio local, teve a triste notícia de que a Ré havia inscrito seu nome no cadastro de inadimplentes.
	A Autora desconhece qualquer dívida existente com a Ré, já que o contrato anexo e as faturas referentes ao ano de 2018 estampa, nitidamente, que o vínculo existente entre as partes era superior ao prazo de 12 (doze) meses, portanto, não havendo que se falar em multa por cancelamento.
	Sendo assim, verificando a ausência de qualquer solução amigável apresentada pela empresa Ré, vem a Autora buscar socorro ao Poder Judiciário, nos termos do artigo 5º, XXXV da Constituição da República Federativa do Brasil.
DO DIREITO
DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA
	São requisitos para a concessão da tutela antecipada os fundamentos da demanda e justificado receio de ineficácia do provimento final, em síntese, o "fumus boni iuris" e o "periculum in mora", conforme art. 300 da Lei 13.105/2015.
"Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo".
No presente caso, tais requisitos são perfeitamente caracterizados, veja-se:
	Periculum in Mora – O risco da demora fica demonstrado diante do fato de que a Autora está com o seu nome inscrito no cadastro de inadimplentes devido ao débito que desconhece, e no qual a Ré insiste em afirmar. O dano na vida da Autora, além de notório, é uma crescente, e também tal decisão poderá (eventualmente ser revista ao longo da instrução).
	Fumus Buni Iuris – A probabilidade do direito fica perfeitamente demonstrada diante da comprovação do abuso sofrido pela Ré, uma vez que o contrato anexo informa perfeitamente que a relação entre as partes iniciou-se em 14/12/2016 e permaneceu até 2018 – conforme faturas acostadas –, logo, a relação entre as partes se deu em período superior ao de aplicação de multa por rescisão contratual em prazo inferior a 12 (doze) meses, prevista no contrato firmado entre as partes em 2016. 
	Nesse sentido, corrobora a doutrina:
"Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em obrigar o requerente a esperar o tempo necessário à produção das provas dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos, uma vez que a requerente se desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à prova dos fatos, cuja prova incumbe à requerida certamente a beneficia! (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de Urgência e Tutela de Evidência.Editora RT, 2017. p.284).
	Requer-se, assim, que o Poder Judiciário determine que a Empresa Ré proceda o IMEDIATO CANCELAMENTO da inscrição do nome da Autora do Cadastro de Inadimplentes, sob pena de multa diária no valor mínimo de R$200,00 (duzentos reais) por dia. 
DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
	A norma que rege a proteção dos direitos do consumidor define, de forma cristalina, que o consumidor de produtos e serviços deve ser abrigado das condutas abusivas de todo e qualquer fornecedor, nos termos do art. 3º do referido código.
	No presente caso, tem-se de forma nítida a relação consumerista caracterizada, conforme redação do Código de Defesa do Consumidor:
Lei. 8.078/90 – Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Lei. 8.078/90 – Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
	Assim, uma vez reconhecido a Autora como destinatária final dos serviços contratados e demonstrada sua hipossuficiência técnica, tem-se configurada uma relação de consumo, conforme entendimento doutrinário sobre o tema:
“Sustentamos, todavia, que conceito de consumidor deve ser interpretado a partir de dois elementos: a) a aplicação do princípio da vulnerabilidade e b) a destinação econômica não profissional do produto ou do serviço. Ou seja, em linha de princípio e tendo em vista a teleologia da legislação protetiva deve-se identificar o consumidor como destinatário final fático e econômico do produto ou serviço”. (MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor. 6 ed. Editora RT, 2006. Versão Ebook. pg. 16). 
	Com esse postulado, a Empresa Ré não pode eximir-se de sua responsabilidade, assim como não pode de forma abusiva aplicar multa por rescisão contratual em prazo não condizente com o da relação jurídica existente.
DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO
	Conforme anteriormente exposto, o contrato celebrado entre as partes vigeu de 14/12/2016 a 03/12/2018.
	No referido documento havia a incidência de multa por rescisão contratual em prazo inferior a 12 (doze) meses. Ocorre que a Autora permaneceu com na relação jurídica com a Ré por cerca de 02 (dois) anos, ou seja, prazo muito superior ao que caberia a aplicação da penalidade.
	Com a presente peça inaugural, faz-se prova do contrato existente entre as partes – Ano de 2016 –, bem como do seu período de duração, através das faturas referentes ao ano de 2018.
	Deste modo, sendo o ônus da prova invertido em favor da Consumidora Autora, fica obrigada a Ré comprovar a regularidade da exigência do crédito. 
DOS DANOS MORAIS
	É inegávelo dano causado à imagem da autora, transtornos de toda ordem, moral e até financeira, pois, viu se obrigada a comprar à vista quando necessitava do seu crédito disponível para parcelamento do pagamento.
	Assim, pelo evidente dano moral que a empresa Ré provocou a Autora, é de impor-se a devida e necessária condenação, com arbitramento de indenização à Autora, que experimentou o amargo sabor de ter o “nome sujo” sem causa, sem motivo, de forma injusta e ilegal.
	Trata-se de uma “lesão que atinge valores físicos e espirituais, a honra, nossas ideologias, a paz íntima, a vida nos seus múltiplos aspectos, a personalidade da pessoa, enfim, aquela que afeta de forma profunda não os bens patrimoniais, mas que causa fissuras no âmago do ser, perturbando-lhe a paz de que todos nós necessitamos para nos conduzir de forma equilibrada nos tortuosos caminhos da existência.”, como bem define CLAYTON REIS (Avaliação do Dano Moral, 1998, ed. Forense).
	E a obrigatoriedade de reparar o dano moral está consagrada na Constituição Federal, precisamente em seu art. 5º, onde a todo cidadão é “assegurado o direito de resposta, proporcionalmente ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem” (inc. V) e também pelo seu inc. X, em que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”
	O Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, em seu artigo 6º, inciso VI, estipula como direito básico do consumidor “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”. Portanto, adota a tese da reparação dos danos morais, abarcada pelo princípio lapidar da responsabilidade civil “neminen laedere”.
	Assim, se aplicam ao presente caso as seguintes disposições do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 6º – São direitos básicos do consumidor:
(...)
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Art. 43 – O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.
1º – Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos.
3º – O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas.
Art. 83 – Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este Código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
Art. 84 – Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
	Vê-se, desde logo, que a própria lei já prevê a possibilidade de reparação de danos morais decorrentes do sofrimento, do constrangimento, da situação vexatória, do desconforto em que se encontra o autor.
	“Na verdade, prevalece o entendimento de que o dano moral dispensa prova em concreto, tratando-se de presunção absoluta, não sendo, outrossim, necessária a prova do dano patrimonial” (CARLOS ALBERTO BITTAR,Reparação Civil por Danos Morais, ed. RT, 1993, pág. 204).
	Neste sentido a Autora tem plena convicção de que V. Exa. Dentro dos parâmetros de razoabilidade de frente ao caso concreto, poderá condenar a requerida ao pagamento de danos morais à Autora em valor não inferior a R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais).
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
	Com base na documentação ora inclusa, verifica-se a verossimilhança das alegações autorais, bem como a hipossuficiência face ato ilícito da Ré, o que autorizam a inversão do ônus probandi, conforme inciso VIII, do art. 6º do CDC, in verbis:
“Art. 6º – São direitos básicos do consumidor:
(…)
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
	E assim sendo, requer desde já a inversão do ônus da prova.
DOS PEDIDOS
Por tudo exposto, serve a presente Ação, para requerer a V. Exa., se digne:
Requer a antecipação dos efeitos da tutela, para DETERMINAR que a Empresa Ré proceda o IMEDIATA EXCLUSÃO do nome da Autora do Cadastro de Inadimplentes, sob pena de multa diária no valor mínimo de R$200,00 (duzentos reais);
Por se tratar de uma demanda envolvendo relação consumerista, requer a inversão do ônus da prova com base no Código de Defesa do Consumidor;
Ordenar a CITAÇÃO da Empresa Ré, no endereço inicialmente indicado quanto à presente ação, devendo ser realizada por via postal – visando maior economia e celeridade processual, para que, perante este Juízo, apresente a defesa que tiver dentro do prazo legal, sob pena de confissão quanto à matéria de fato ou pena de revelia, com designação de data para audiência a critério do D. Juízo;
Requer seja a Ré condenada ao pagamento de indenização, pelos Danos Morais causados à Autora, em valor pecuniário justo e condizente com o caso apresentado em tela, em valor não inferior a R$25.000,00 (vinte e cinco mil reais), ou então, em valor que esse D. Juízo fixar, pelos seus próprios critérios analíticos e jurídicos;
Requer a Declaração de inexistência de débito em nome da Autora e, por conseguinte, a confirmação da tutela de urgência para proceder ao cancelamento definitivo do nome da Autora do cadastro de inadimplentes;
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas.
Dá-se à presente causa, o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) para todos os efeitos de direito.
Termos em que pede e espera deferimento.

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