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Prof.ª Grace Kellen 
Curso OAB
1 FASE XXIXa
DIREITO 
EMPRESARIAL
 
1 
 
 
SUMÁRIO 
SUMÁRIO ........................................................................................................................................... 1 
 PONTO 1 - EMPRESÁRIO E EMPRESA ...................................................................................... 3 
 1.1 Fontes de Direito Empresarial ............................................................................................ 5 
 1.2 Princípios do Direito Empresarial ...................................................................................... 5 
 1.3 Da caracterização e da inscrição ....................................................................................... 6 
 1.4 Da capacidade para ser empresário................................................................................. 8 
 1.5 Dos impedidos de exercer atividade empresarial ....................................................... 9 
 1.6 Dos tipos individuais empresariais ................................................................................. 10 
 Questões ........................................................................................................................................... 14 
 PONTO 2 - TÍTULOS DE CRÉDITO .......................................................................................... 18 
1 Classificações dos títulos de crédito .................................................................................... 20 
 2 Títulos de créditos em espécie ............................................................................................. 21 
 2.1 Letras de câmbio ................................................................................................................... 21 
 2.1.1 Aceite ..................................................................................................................................... 22 
 Questão ............................................................................................................................................. 22 
 2.1.2 Endosso ................................................................................................................................. 22 
 2.1.3 Aval ......................................................................................................................................... 23 
 2.1.4 Vencimento .......................................................................................................................... 23 
 2.1.5 Protesto ................................................................................................................................. 24 
 2.1.6 Prescrição ............................................................................................................................. 24 
 2.2 Nota promissória ................................................................................................................... 25 
 2.3 Cheque ...................................................................................................................................... 26 
 2.3.1 Cheque cruzado ................................................................................................................. 26 
 2.3.2 Cheque para ser levado em conta ...............................................................................27 
 2.3.3 Cheque visado .....................................................................................................................27 
 2.3.4 Cheque administrativo .....................................................................................................27 
 2.3.5 Protesto e ação cambial ...................................................................................................27 
 2.4 Duplicata ................................................................................................................................... 28 
 PONTO 3 - SOCIETÁRIO ............................................................................................................. 30 
 3.1 Sociedade não personificadas .......................................................................................... 32 
 
2 
 
 3.1.1 Sociedade em comum ..................................................................................................... 32 
 3.1.2 Sociedade em conta de participação ......................................................................... 36 
 3.2 Sociedades personificadas ................................................................................................. 38 
 3.2.1 Sociedade simples ............................................................................................................ 38 
 3.2.2 Sociedade cooperativa .................................................................................................... 49 
 3.2.3 Sociedade em nome coletivo ........................................................................................ 50 
 3.2.4 Sociedade em comandita simples ............................................................................... 51 
 3.2.5 Sociedade em comandita por ações .......................................................................... 53 
 3.2.6 Sociedade limitada ............................................................................................................ 54 
 PONTO 4 - TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA...... 68 
 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica e o CPC ............................. 73 
 PONTO 5 - RECUPERAÇÃO E FALÊNCIA ................................................................................ 78 
 5.1 Recuperação judicial ............................................................................................................ 78 
 5.2 Do plano especial de recuperação judicial das microempresas e das 
empresas de pequeno porte....................................................................................................... 96 
 5.3 Recuperação extrajudicial .................................................................................................. 99 
 5.4 Falência ..................................................................................................................................... 99 
 PONTO 6 - PROPRIEDADE INDUSTRIAL ............................................................................. 118 
 PONTO 7 - CONTRATOS EMPRESARIAIS ............................................................................ 121 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
PONTO 1 - EMPRESÁRIO E EMPRESA 
 
Nas relações empresariais, aplicam-se o Código Civil, legislação 
extravagante e parte do Código Comercial [relativa ao Comércio Marítimo - arts. 
457-756, observando que o Título IX - Naufrágios e salvados, arts. 731-739, 
restou revogado]. 
Com o Código Civil de 2002, entra em vigor a Teoria da Empresa, de 
origem italiana, deixando-se de aplicar a Teoria dos Atos de Comércio, 
construção de origem francesa (Código Comercial de Napoleão, de 1807), 
adotada pelo legislador pátrio que elaborou o Código Comercial de 1850, a Lei 
Imperial n. 556. 
O Direito Empresarial pode ser dividido em três grandes fases, com forte 
relação com o Direito Civil. Num primeiro momento, de formação, ainda não 
delimitado no tempo e espaço, eis que a doutrina não é pacífica quanto ao seu 
início de formação. Alguns afirmam ter iniciado sua formação com a própria ideia 
de trocas e vendas nas primeiras formações sociais. Outros, percebem sua 
formação apenas com a Idade Média. Torna-se árdua a tarefa de quem tenta 
delimitar o surgimento do Direito Empresarial. 
Não adentrando no mérito de quando se tem a primeira formação 
legislativa específica para tratar de empresas, afirma-se quena Idade Média, 
surge os primeiros delineamentos acerca do Direito Empresarial. Essa fase inicial, 
denominada de subjetiva, tinha como sujeito o burguês, matriculado nas 
corporações de ofício. Criou-se um problema, pois a formação das sociedades era 
em feudos e compartimentada, baseada em usos e costumes. Há uma 
reivindicação para regulamentação das regras das corporações de ofício. Esse 
direito tem por base o sujeito, desde que registrado, e somente ele era regido 
pelo Direito Empresarial. 
Na sequência, passa-se por uma mutação e a teoria que passa a reger as 
relações comerciais é a Teoria dos Atos de Comércio, denominada de teoria 
objetiva, que tem seu início com a Revolução Francesa e os regramentos 
codicistas napoleônicos. O primeiro Código Comercial, o Código Francês, de 15 
de setembro de 1807, transformou o foco de proteção das pessoas, que estavam 
registradas nas corporações de ofício, para os atos de natureza comercial e que 
estavam listados em legislação. Desse modo, era comerciante quem atuava em 
áreas reconhecidas como comércio. Essa teoria foi adotada e influenciou o 
Código Comercial brasileiro de 1850, além de outros tantos em outros Países. 
Atualmente, a teoria adotada é a Teoria da Empresa, fruto do Código Civil 
italiano de 1942. Essa teoria não concentra a proteção do Direito Empresarial nos 
atos praticados, mas na empresa, que é a atividade a ser protegida, por tal razão 
 
4 
 
essa teoria é denominada de subjetiva moderna ou subjetiva/objetiva. No Brasil 
ela adentra com a entrada em vigor do Código Civil, em 2003. 
Assim, pode-se esquematizar a formação do Direito Empresarial nas 
seguintes fases: 
 
 
 
Com essa modificação paradigmática, compreende-se como empresarial a 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens 
ou de serviços. Será empresário aquele que exercer profissionalmente esta 
atividade. 
Assim, o legislador limitou o conceito de empresariais, excluindo as 
profissões intelectuais, de natureza científica, literária ou artística. 
Logo, é empresarial toda e qualquer atividade econômica, organizada para 
a produção ou circulação de bens ou de serviços, excluídas as decorrentes de 
profissão de cunho intelectual, de natureza científica, literária ou artística. 
A atividade empresarial precisa ser vista a partir de vários aspectos. De 
modo subjetivo, deve-se proteger o empresário, aquele que exerce a atividade 
empresarial. Também deve ser analisado o aspecto subjetivo, que trata do 
conjunto de bens capazes de permitir o exercício da empresa. O aspecto 
corporativo ou institucional, que percebe os esforços de dirigentes e 
colaboradores no andamento institucional. O perfil funcional é aquele que 
permite verificar a atividade empresarial como sendo a que movimenta riquezas 
e rendas. Assim, a empresa pode ser vista a partir desses quatro perfis: 
subjetivo, objetivo, corporativo e funcional. 
O Direito Empresarial, assim nomeado com a inserção da Teoria da 
Empresa, engloba expressão mais abrangente e que abarca os setores da 
atividade econômica. 
Em relação à autonomia do Direito Empresarial, mesmo que parte de sua 
tutela esteja inserida no Código Civil, continua sendo ramo autônomo, conforme 
o enunciado 75 da I Jornada de Direito Civil do Conselho de Justiça Federal. 
Tramita, na atualidade, dois projetos de leis em relação ao novo Código 
Comercial. O primeiro, apresentado em 2011, na Câmara, pelo Deputado Vicente 
Fases do direito 
empresarial
Contemporâneo 
Teoria da empresa
Sistema subjet ivo-
objet ivo
Moderno
Teoria dos atos de 
comércio
Sistema objet ivo
Primit ivo
Corporações de 
of ício
Sistema subjet ivo
 
5 
 
Cândido, PLC 1572. No Senado há uma proposta, apresentada pelo Senador 
Renan Calheiros, de 2013, a PLS 487/2013. Além disso, o Centro de Estudos 
Judiciários (CEJ) do Conselho da Justiça Federal (CJF) realizou a I Jornada de 
Estudos de Direito Comercial, em 2012. 
 
1.1 Fontes de Direito Empresarial 
 
 O Direito Empresarial possui fontes próprias, como ramo autônomo. Dessa 
maneira, sua formação está assentada em diversas legislações. Além dos 
princípios explícitos e implícitos, e do texto constitucional, há legislação 
infraconstitucional e extravagante. Além da ordem econômica que é fonte do 
Direito Empresarial. 
 
 
 
Difícil é definir quais de legislações são aplicáveis ao Direito Empresarial, 
tendo em vista a gama de leis que tratam e versam sobre os diversos aspectos 
desse ramo que tem por principal característica ser fragmentado. 
Faz-se uma divisão que permite o estudo e garante uma melhor visão: a 
teoria do direito empresarial, societário, títulos de crédito [cambiário], concursal 
[recuperação e falência de empresas], propriedade industrial e contratos 
empresariais. 
 
1.2 Princípios do Direito Empresarial 
 
 O Direito empresarial possui princípios que expressam os valores que 
devem ser seguidos na interpretação desse ramo do direito. O primeiro princípio 
é o da função social da empresa, que visa a proteção da atividade econômica, 
tão importante ao desenvolvimento econômico, bem como o cuidado para que os 
Formais 
Primárias
CF
CC
CCom
Leis 
extravagantes
Secundárias
Analogia
Usos e 
costumes
Princípios gerais 
de DireitoMateriais Econômica
 
6 
 
regramentos acerca do direito ambiental, do consumidor e do direito do trabalho 
também sejam seguidos. 
 O segundo princípio e que guarda relação com o primeiro, é o da 
preservação da empresa. Em razão desse princípio é que se dá importância à 
continuidade da atividade de produção de riquezas e circulação de bens ou 
serviços. O desenvolvimento social passa pela empresa e sua atividade. 
 A livre-iniciativa prevista no artigo 1º, IV, da Constituição Federal, também 
é princípio de direito empresarial e está atrelado ao princípio da livre-
concorrência. Por certo, protegem e orientam uma atividade lícita faticamente e 
juridicamente, pois os todos os valores devem conviver de modo harmônico. O 
STF sumulou que: “Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que 
impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em 
determinada área” [SÚMULA 646]. 
A boa-fé objetiva também é princípio do direito empresarial e impõe 
deveres de atuação e postura proba, leal e colaborativa. 
 
1.3 Da caracterização e da inscrição 
 
Do conceito de empresário estabelecido no art. 966 do Código Civil, 
afirmar-se que se considera empresário quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens 
ou de serviços, pode-se extrair as seguintes expressões, que indicam os 
principais elementos indispensáveis à sua caracterização: a) profissionalmente; 
b) atividade econômica; c) organizada; d) produção ou circulação de bens ou de 
serviços. 
Serão empresariais as atividades que tenham as seguintes características: 
1) economicidade: criação ou circulação de riquezas e de bens ou serviços 
patrimonialmente valoráveis; 2) organização: compreende tanto o trabalho, a 
tecnologia, os insumos e o capital, próprios ou alheios; 3) profissionalidade: 
refere-se à atividade não ocasional e à assunção em nome próprio dos riscos da 
empresa. 
O art. 966 do Código Civil, ao conceituar empresário como aquele que 
exerce profissionalmente atividade econômica organizada, não está se referindo 
apenas à pessoa física (ou pessoa natural) que explora atividade econômica, mas 
também à pessoa jurídica. 
Portanto, tem-se que o empresário pode ser um empresário individual 
(pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada) ou 
uma sociedade empresária (pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade 
cujo objeto social é a exploração de uma atividade econômica organizada). 
Com o advento da Lei n. 12.411, de 11de julho de 2011, a classificação 
para o exercício individual da atividade econômica comporta uma subdivisão: (a) 
 
7 
 
os simplesmente denominados empresários individuais cuja responsabilidade é 
ilimitada, alcançando todos seus bens pessoais; (b) as empresas individuais de 
responsabilidade limitada, de responsabilidade restrita ao valor do capital social 
integralizado. 
Deve-se lembrar que as sociedades empresárias e as empresas individuais 
de responsabilidade limitada possuem personalidade jurídica. A afirmação 
decorre do disposto nos arts. 40-44 do CC que classifica as pessoas jurídicas em 
pessoas jurídicas de direito público – interno e externo – e pessoas jurídicas de 
direito privado, estas compreendendo as associações, sociedades, fundações, 
partidos políticos, organizações religiosas e empresas individuais de 
responsabilidade limitada (CC, art. 44). 
Quando se está diante de uma sociedade empresária, é importante atentar 
para o fato de que os seus sócios não são empresários: o empresário, nesse 
caso, é a própria sociedade, ente ao qual o ordenamento jurídico confere 
personalidade e, consequentemente, capacidade para adquirir direitos e contrair 
obrigações. Assim, pode-se dizer que expressão empresário designa um gênero, 
do qual são espécies o empresário individual (pessoa física) e a sociedade 
empresária (pessoa jurídica). 
É obrigação legal imposta a todo e qualquer empresário (empresário 
individual ou sociedade empresária) se inscrever na Junta Comercial antes de 
iniciar a atividade, sob pena de começar a exercer a empresa irregularmente. 
Trata-se de obrigação legal prevista no art. 967 do Código Civil, o qual dispõe ser 
“obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis 
da respectiva sede, antes do início de sua atividade”. 
Saliente-se, porém, que o registro na Junta Comercial, embora seja uma 
formalidade legal imposta pela lei a todo e qualquer empresário individual ou 
sociedade empresária – com exceção daqueles que exercem atividade econômica 
rural (arts. 971 e 984) – não é requisito para a caracterização do empresário e 
sua consequente submissão ao regime jurídico empresarial. 
Para fazer a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, realizado 
pela Junta Comercial, o empresário individual terá de obedecer às formalidades 
legais previstas no art. 968 do Código Civil, ou seja, fazer requerimento que 
contenha: “I – o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o 
regime de bens; II – a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá 
ser substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio 
equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I 
do § 1.º do art. 4.º da Lei Complementar n.º 123, de 14 de dezembro de 2006; 
III – o capital; IV – o objeto e a sede da empresa”. Tratando-se, por outro lado, 
de sociedade empresária, deve-se levar a registro o ato constitutivo (contrato 
social ou estatuto social), que conterá todas as informações necessárias. 
 
8 
 
Os §§ 1.º e 2.º do referido artigo, a seu turno, dispõem: “com as 
indicações estabelecidas neste artigo, a inscrição será tomada por termo no livro 
próprio do Registro Público de Empresas Mercantis, e obedecerá a número de 
ordem contínuo para todos os empresários inscritos”; “à margem da inscrição, e 
com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquer modificações nela 
ocorrentes”. 
O Código Civil ainda determina, em seu art. 969, que “o empresário que 
instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro 
Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova 
da inscrição originária”. E complementa, no parágrafo único do referido artigo: 
“em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser 
averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede”. 
• Filial é a sociedade empresária que atua sob a direção e administração de 
outra, chamada de matriz, mas mantém sua personalidade jurídica e o seu 
patrimônio, bem como preserva sua autonomia diante da lei e do público. 
• Agência é a empresa especializada em prestação de serviços que atua 
especificamente como intermediária. 
• Sucursal é o ponto de negócio acessório e distinto do ponto principal, 
responsável por tratar dos negócios deste e a ele subordinado 
administrativamente. 
Por fim, não custa repetir e lembrar: (i) a única exceção, como visto, em 
relação à obrigatoriedade do registro é a referente aos exercentes de atividade 
econômica rural, os quais possuem a simples faculdade de registrar-se na Junta 
Comercial, conforme estabelece o art. 971, caso seja empresário individual, e 
984, caso seja sociedade, ambos do Código Civil. 
Importa lembrar que a Lei 8.906/1994 (Estatuto da OAB), em seu art. 1.º, 
§ 2.º, determina que os atos de registro de empresários individuais e de 
sociedades empresárias devem estar visados por um advogado. 
 
1.4 Da capacidade para ser empresário 
 
Para o exercício da atividade empresarial é necessário ser pessoa capaz, 
no pleno gozo de sua capacidade civil. 
Porém, duas são as exceções para que incapaz exerça atividade 
empresarial. A matéria está disciplinada no art. 974 do Código Civil, o qual prevê 
que “poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, 
continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou 
pelo autor de herança”. 
Ressalte-se apenas que, de acordo com o art. 976, caput, do Código Civil, 
“a prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a 
 
9 
 
de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de 
Empresas Mercantis”. 
O art. 974 do Código Civil se refere ao exercício individual de empresa 
(pessoa física). Já a possibilidade de o incapaz ser sócio de uma sociedade 
empresária configura situação totalmente distinta, prevista no § 3º do art. 974 
do Código Civil e as exigências são as de que o incapaz não exerça poderes de 
administração, que o capital esteja totalmente integralizado e que ele seja 
assistido ou representado, conforme o grau de sua incapacidade. 
 
 
 
1.5 Dos impedidos de exercer atividade empresarial 
São impedidos de exercer a atividade empresarial: 
 
a) Falidos, enquanto não tiverem suas obrigações extintas (art. 158 da Lei 
11.101/2005); 
b) Leiloeiros e corretores; 
c) Servidores públicos no exercício da atividade pública – o impedimento 
recai sobre a atividade de empresário individual, administrador de sociedade 
empresária, mas não o impede de ser sócio ou acionista de uma sociedade (art. 
117, X, da Lei 8.112/1990). No mesmo sentido, magistrados e membros do 
Ministério Público (art. 36, I e II, da LC 35/1979 e art. 44, III, da Lei 
8.625/1993), bem como os militares na ativa (art. 204 do Código Penal Militar); 
d) Deputados e Senadores sofrem restrições na atividade empresarial, de 
tal modo que não podem ser proprietários, controladores ou diretores de 
empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito 
público, ou nela exercer função remunerada (art. 54, II, a, da CF/1988). No 
mesmo sentido, tais restrições se aplicam aos vereadores (art. 29, IX, da 
CF/1988); 
e) Estrangeiros e sociedades sem sede no Brasil, para algumas atividades, 
como a empresa jornalística e de radiodifusão (art. 222 da CF/1988) e a 
exploração e aproveitamento das jazidas e demais recursos minerais, inclusive 
potenciais de energia hidráulica, que só podem ser exercidas por brasileiros ou 
pessoas jurídicas brasileiras, mediante autorização ou concessão da União (art. 
176 da CF/1988); 
f) Médico, no exercício simultâneo de farmácia. 
INCAPAZ – EMPRESÁRIO 
INDIVIDUAL – art. 974, §§ 1º e 2º
I CONTINUIDADE DE 
EMPRESA
II AUTORIZAÇÃO DO JUIZIII SALVAGUARDA DOS 
BENS DO INCAPAZ
INCAPAZ – SOCIEDADE 
EMPRESÁRIA – art. 974, § 3º
I REPRESENTAÇÃO
II INTEGRALIZAÇÃO DO 
CAPITAL 
III NÃO EXERCÍCIO DA 
ADMINISTRAÇÃO
 
10 
 
g) Impedimento de constituição de sociedade empresarial composta por 
cônjuges casados sob o regime da comunhão universal de bens ou da separação 
obrigatória. 
 
1.6 Dos tipos individuais empresariais 
A) EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
 
A figura do empresário individual é a pessoa física que exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a 
circulação de bens ou de serviços (art. 966 do Código Civil). 
Em relação ao empresário casado, o art. 978 do Código Civil dispõe que é 
desnecessária a outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, para 
alienação dos imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de 
ônus real”. 
O art. 979 do Código Civil, por sua vez, determina que, “além de no 
Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas 
Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de 
doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou 
inalienabilidade”. Portanto, se estes atos não forem devidamente registrados na 
Junta Comercial, o empresário não poderá opô-los contra terceiros. 
O art. 980 do Código Civil determina que: “a sentença que decretar ou 
homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não 
podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro 
Público de Empresas Mercantis”. 
 
B) EXERCENTE DE ATIVIDADE ECONÔMICA RURAL 
O exercente de atividade econômica rural empresarial não está obrigado 
ao registro na Junta Comercial. Assim, há uma faculdade de se registrar ou não 
perante a Junta Comercial da sua unidade federativa. 
Logo, o registro para o exercente de atividade econômica rural tem 
natureza constitutiva, e não meramente declaratória, sendo o registro na Junta, 
pois, condição indispensável para sua caracterização como empresário e 
consequente submissão ao regime jurídico empresarial. 
 
C) MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE 
Entende-se como microempresas ou empresas de pequeno porte, o 
empresário, na forma do art. 966 do Código Civil, a sociedade empresária, a 
sociedade simples, e a empresa individual de responsabilidade limitada, quando 
devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil 
de Pessoas Jurídicas, desde que aufiram receita bruta igual ou inferior a R$ 
360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), no caso da microempresa; e receita 
 
11 
 
bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou 
inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais), em cada ano-
calendário, para empresa de pequeno porte, conforme art. 3º, incisos I e II, da 
LC 123/2006. 
Não poderá se beneficiar do tratamento diferenciado da LC 123/2006, 
conforme o art. 3.º, § 4.º, a pessoa jurídica: “I – de cujo capital participe outra 
pessoa jurídica; II – que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, 
de pessoa jurídica com sede no exterior; III – de cujo capital participe pessoa 
física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que 
receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, 
desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do 
caput deste artigo; IV – cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por 
cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, 
desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do 
caput deste artigo; V – cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de 
outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global 
ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; VI – constituída 
sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII – que participe do capital 
de outra pessoa jurídica; VIII – que exerça atividade de banco comercial, de 
investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de 
crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou 
de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de 
arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de 
previdência complementar; IX – resultante ou remanescente de cisão ou 
qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido 
em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; X – constituída sob a forma de 
sociedade por ações; XI – cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, 
com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e 
habitualidade”. 
Da mesma forma, não pode recolher os impostos e contribuições na forma 
do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: “I – que 
explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria 
creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e 
a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos 
creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços 
(factoring); II – que tenha sócio domiciliado no exterior; III – de cujo capital 
participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual 
ou municipal; IV – (Revogado); V – que possua débito com o Instituto Nacional 
do Seguro Social – INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou 
Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; VI – que preste serviço de 
transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto quando na 
 
12 
 
modalidade fluvial ou quando possuir características de transporte urbano ou 
metropolitano ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropolitana 
para o transporte de estudantes ou trabalhadores; VII – que seja geradora, 
transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica; VIII – que 
exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; IX – 
que exerça atividade de importação de combustíveis; X – que exerça atividade 
de produção ou venda no atacado de: a) cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros 
para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes; b) 
bebidas a seguir descritas: 1 – alcoólicas; 4 – cervejas sem álcool; XII – que 
realize cessão ou locação de mão de obra; XIV – que se dedique ao loteamento e 
à incorporação de imóveis; XV – que realize atividade de locação de imóveis 
próprios, exceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISS; 
XVI – com ausência de inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal 
federal, municipal ou estadual, quando exigível” (art. 17 da LC 123/2006). 
A partir desta definição e respeitadas as exclusões legais, será possível sua 
opção de recolhimento tributário pelo Simples Nacional (Sistema Integrado de 
Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de 
Pequeno Porte), que permitirá o recolhimento mensal unificado do IR, IPI, CSLL, 
Cofins, PIS/Pasep, CPP (Contribuição Patronal Previdenciária), ICMS e ISS. 
Apesar de ser facultativa a opção pelo Simples Nacional, uma vez realizada, será 
irretratável durante o ano-calendário. 
O art. 179 da CF/1988 dispõe: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, 
assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las 
pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias 
e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei”. 
Os principais benefícios trazidos pela LC 123/2006 são: 
a) a abertura e o encerramento facilitados da empresa (arts. 8.º, 9.º e 
10). A facilitação se observa especialmentequanto à impossibilidade de outros 
órgãos envolvidos com o registro da atividade determinarem mais documentos 
do que os pedidos pela Junta Comercial. Além disso, não é necessária a 
assinatura de advogado no contrato social, além da possibilidade da baixa 
automática, diante da inatividade por mais de três anos; 
b) o incentivo à associação, por meio do consórcio simples (art. 56). Com 
o incentivo à associação, as ME e as EPP têm maior força de contratação, 
podendo, por exemplo, adquirir bens numa quantidade maior e negociar as 
condições de pagamento em virtude da quantidade da compra; 
c) a existência de uma fiscalização orientadora (art. 55). Nesse caso, a ME 
e a EPP estariam sujeitas a uma dupla visita da fiscalização, ressalvados os casos 
de falta de registro de empregado, reincidência, fraude, resistência ou embaraço 
 
13 
 
à fiscalização: a primeira com a finalidade de orientar e somente a segunda com 
o objetivo de lavrar o auto de infração se as recomendações não foram seguidas; 
d) o pagamento facilitado no protesto de títulos (art. 73). Nesse caso, a 
ME e a EPP estão liberadas do pagamento de grande parte dos emolumentos, 
permitindo-se o pagamento no cartório com cheque, sem a exigência de que o 
cheque seja administrativo ou visado. 
O tratamento diferenciado e favorecido para as ME e as EPP será realizado 
pelos seguintes órgãos: 
a) Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, 
composto por quatro representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, 
como representantes da União, dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos 
Municípios, para tratar dos aspectos tributários; 
b) Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, 
com a participação dos órgãos federais competentes e das entidades vinculadas 
ao setor, para tratar dos demais aspectos, ressalvado o disposto no inc. III do 
caput do art. 2.º da LC 123/2006; e 
c) Comitê para Gestão da Rede Nacional para Simplificação do Registro e 
da Legalização de Empresas e Negócios – CGSIM, vinculado à Secretaria da Micro 
e Pequena Empresa da Presidência da República, composto por representantes 
da União, dos Estados e do Distrito Federal, dos Municípios e demais órgãos de 
apoio e de registro empresarial, na forma definida pelo Poder Executivo, para 
tratar do processo de registro e de legalização de empresários e de pessoas 
jurídicas (inc. III do art. 2.º da LC 123/2006). 
 
D) MICROEMPREENDER INDIVIDUAL 
A doutrina majoritária vinha entendendo que a expressão pequeno 
empresário, utilizada pelo Código Civil no seu art. 970, era abrangente, 
englobando tanto os microempresários quanto os empresários de pequeno porte. 
Nesse sentido, era, inclusive, o Enunciado 235 do CJF: “O pequeno empresário, 
dispensado da escrituração, é aquele previsto na Lei 9.841/99”. No entanto, a 
legislação que trata das microempresas e das empresas de pequeno porte no 
Brasil, esclareceu: “Considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação 
do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o 
empresário individual caracterizado como microempresa na forma desta Lei 
Complementar que aufira receita bruta anual de até R$ 81.000,00 (oitenta e um 
mil reais)” (art. 68 da LC 123/2006, acima referida). 
Cabe criticar tal determinação. Afinal, a Constituição Federal, ao 
determinar que a lei desse tratamento favorecido e simplificado ao 
microempresário e ao empresário de pequeno porte, o fez em razão das suas 
obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias. Não se 
justifica, pois, a restrição feita pelo legislador ordinário, ao estabelecer, no art. 
 
14 
 
970 do Código Civil, que esse tratamento simplificado fosse observado apenas 
quanto à inscrição do pequeno empresário e aos efeitos daí decorrentes. O 
tratamento jurídico diferenciado que o legislador constituinte pretendeu fosse 
dado aos pequenos empresários (na verdade, repita-se, a CF/1988 se refere ao 
microempresário e ao empresário de pequeno porte) é deveras abrangente, não 
sendo razoável que o legislador ordinário o restrinja apenas aos aspectos 
relacionados à inscrição no registro de empresa. 
 
E) EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE ILIMITADA (EIRELI) 
A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), é considerada 
pessoa jurídica por força do art. 44, inciso VI, do CC. Sua constituição será feita 
conforme o capital social, que deve ser igual ou superior a 100 salários-mínimos. 
O art. 980-A não trata do administrador, portanto, seguindo o parágrafo 
sexto deste dispositivo, tem-se que plicar a regra da sociedade limitada. Então, 
conforme art. 1.061 do CC/02, o administrador não precisa ser o próprio 
instituidor, podendo ser nomeado uma terceira pessoa. 
A integralização do capital social pode ser feita em bens, dinheiro ou 
crédito, não sendo admitida a contribuição em serviços (art. 1.055, § 2º aplicável 
em consonância com o 980-A, § 6). Aplicam-se as regras do artigo 1.005, 
portanto, se houver integralização com bens, o instituidor ficará responsável pela 
evicção e por sua correta estimação (art. 1.055, § 1º, CC/02 – só não haverá 
solidariedade). Em caso de integralização com crédito, o instituidor ficará 
responsável pelo pagamento, excepcionando a regra do artigo 296 do CC/02, 
que trata da cessão de crédito. 
A EIRELI pode ser derivada de uma transformação ou constituída na sua 
origem desse modo. 
 
Questões 
 
(Exame XX) Maria, empresária individual, teve sua interdição decretada pelo juiz 
a pedido de seu pai, José, em razão de causa permanente que a impede de 
exprimir sua vontade para os atos da vida civil. Sabendo-se que José, servidor 
público federal na ativa, foi nomeado curador de Maria, assinale a afirmativa 
correta. 
a) É possível a concessão de autorização judicial para o 
prosseguimento da empresa de Maria; porém, diante do impedimento de 
José para exercer atividade de empresário, este nomeará, com a 
aprovação do juiz, um ou mais gerentes. 
b) A interdição de Maria por incapacidade traz como efeito imediato a 
extinção da empresa, cabendo a José, na condição de pai e curador, promover a 
liquidação do estabelecimento. 
 
15 
 
c) É possível a concessão de autorização judicial para o prosseguimento da 
empresa de Maria antes exercida por ela enquanto capaz, devendo seu pai, José, 
como curador e representante, assumir o exercício da empresa. 
d) Poderá ser concedida autorização judicial para o prosseguimento da 
empresa de Maria, porém ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que 
Maria já possuía ao tempo da interdição, tanto os afetados quanto os estranhos 
ao acervo daquela. 
 
(Exame XX - Reaplicação Salvador) O engenheiro agrônomo Zacarias é 
proprietário de quatro fazendas onde ele realiza, em nome próprio, a exploração 
de culturas de soja e milho, bem como criação intensiva de gado. A atividade em 
todas as fazendas é voltada para exportação, com emprego intenso de tecnologia 
e insumos de alto custo. Zacarias não está registrado na Junta Comercial. Com 
base nessas informações, é correto afirmar que 
a) Zacarias, por exercer empresa em caráter profissional, é considerado 
empresário independentemente de ter ou não registro na Junta Comercial. 
b) Zacarias, mesmo que exerça uma empresa, não será considerado 
empresário pelo fato de não ter realizado seu registro na Junta 
Comercial. 
c) Zacarias não pode ser registrado como empresário, porque, sendo 
engenheiro agrônomo, exerce profissão intelectual de natureza científica, com 
auxílio de colaboradores. 
d) Zacarias é um empresário de fato, por não ter realizado seu registro na 
Junta Comercial antes do início de sua atividade, descumprindo obrigação legal. 
 
1.7 Nome empresarial 
 
O direito ao nome empresarial, segundo a doutrina majoritária, é um 
direito personalíssimo -o lesado pelo seu uso indevido poderá a qualquer tempo 
propor ação contra Junta Comercial para anular sua inscrição, se feita com 
violação de lei ou de contrato. 
Como sinal distintivo que identifica o empresário no exercício de sua 
atividade, o nome empresarial possui duas funções relevantes, uma de ordem 
subjetiva – de individualizar e identificar o sujeito de direitos exercente da 
atividade empresarial – e outra de ordem objetiva – de lhe garantir fama, 
renome, reputação etc. 
A marca, conforme se verificará com o estudo da propriedade industrial, é 
um sinal distintivo que identifica produtos ou serviços do empresário (art. 122 da 
Lei 9.279/1996). 
 
16 
 
O nome de fantasia, por sua vez, é a expressão que identifica o título do 
estabelecimento. Grosso modo, está para o nome empresarial assim como o 
apelido está para o nome civil. 
O nome de domínio é o endereço eletrônico dos sites dos empresários na 
internet, hoje muito usados para negociação de produtos e serviços, em razão do 
desenvolvimento do chamado comércio eletrônico (e-commerce ou e-business). 
Os sinais de propaganda, por fim, são aqueles que, embora não se 
destinem a identificar especificamente produtos ou serviços do empresário, 
exercem uma importante função de mercado: chamar a atenção dos 
consumidores. 
É a firma ou denominação social, composição do nome empresarial, que 
garante a apresentação do empresário e da sociedade empresária no exercício de 
suas atividades. O empresário deve adotar nome que o distinga de qualquer 
outro já inscrito no mesmo registro. 
A firma só pode ter por base o nome civil do empresário ou os dos sócios, 
que constitui também sua assinatura, por exemplo, Grace Kellen Freitas; G. K. 
Freitas; G. Kellen Jóias. 
Já na denominação, poder-se-á usar nome civil ou um “elemento 
fantasia”, mas a assinatura, neste último caso, será sempre com o nome civil, 
lançado sobre o nome empresarial impresso carimbado. 
De acordo com o princípio da veracidade, o nome empresarial não poderá 
conter nenhuma informação falsa. Sendo a expressão que identifica o empresário 
em suas relações como tal, é imprescindível que o nome empresarial só forneça 
dados verdadeiros àquele que negocia com o empresário. 
Por princípio da novidade, por sua vez, se entende a proibição de se 
registrar um nome empresarial igual ou muito parecido com outro já registrado. 
Com efeito, segundo o disposto no art. 1.163 do Código Civil, “o nome de 
empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro”. 
O parágrafo único desse dispositivo prevê que “se o empresário tiver nome 
idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga”. 
O nome empresarial não poderá ser objeto de alienação. 
Só poderá ocorrer se houver permissão contratual, utilizando o do 
alienante, precedido do seu próprio na qualidade de sucessor. 
Se houver óbito, exclusão ou retirada de sócio cujo nome civil constava da 
firma social, esta precisará ser alterada. 
 
1.8 Estabelecimento 
 
Complexo de bens organizado, tangíveis ou intangíveis, para o exercício 
da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 
 
17 
 
Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do 
adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não 
tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa 
dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, 
neste caso, a responsabilidade do alienante 
 Para tratar da locação empresarial como fator de proteção do ponto de 
negócio, necessário determinar o “ponto de negócio” como bem incorpóreo, 
elemento do estabelecimento empresarial. 
A proteção ao ponto empresarial tem relevância quando o empresário 
exerce suas atividades em imóvel locado. Nesse caso, a locação será regulada 
pelos artigos 51 e seguintes da Lei nº 8.245/1991. 
O locatário deve ser empresário ou intelectual. O artigo 55 da Lei nº 
8.245/1991 dispõe que: “Considera-se locação não residencial, quando o 
locatário for pessoa jurídica e o imóvel destinado ao uso de seus titulares, 
diretores, sócios, gerentes, executivos ou empregados”. 
1. O contrato de locação deve ser determinado e de no mínimo cinco anos, 
admitida a soma dos prazos de contratos escritos, sucessivamente renovados. 
Soma essa, inclusive, que pode ser feita pelo sucessor ou cessionário do 
locatário; 
2. O locatário deve explorar o mesmo ramo de atividade econômica pelo 
prazo mínimo e ininterrupto de três anos na data da propositura da ação 
renovatória. 
Conclui-se, portanto, que, se o locatário empresário exerce a mesma 
atividade econômica pelo prazo mínimo de três anos, em imóvel locado por prazo 
determinado e não inferior a cinco anos, terá direito à renovação compulsória do 
contrato de locação. 
O exercício desse direito de renovação compulsória se materializará por 
meio de uma ação de rito especial chamada ação renovatória, como determina o 
§ 5º do artigo 51 da Lei nº 8.245/1991. 
A própria lei apresenta, em rol exemplificativo, situações em que o direito 
à renovação compulsória será ineficaz, pela proteção dada ao direito de 
propriedade: 
1. Ter o locador melhor proposta de terceiro (artigo 72, III, da Lei nº 
8.245/1991). Ainda que o locatário, no momento da propositura da ação 
renovatória, apresente valor locativo compatível com o valor de mercado, se o 
locador tiver proposta de terceiro que seja mais vantajosa, não deverá 
obrigatoriamente renovar a locação, pois isso seria uma limitação ao seu direito 
de propriedade. Nesse caso, o locatário terá direito à indenização pela perda do 
ponto (artigo 52, § 3º, da Lei nº 8.245/1991). Por outro lado, se o locatário 
concordar em pagar o valor oferecido pelo terceiro, o contrato deverá ser 
renovado. 
 
18 
 
2. Reforma no prédio locado realizada pelo locador (artigo 52, I, da Lei nº 
8.245/1991). Essa hipótese abrange duas situações: obras executadas em razão 
de determinação do Poder Público e obras executadas por iniciativa do 
proprietário locador a fim de valorizar seu patrimônio. 
Nas duas situações descritas, não será concedida a renovação compulsória 
do contrato de locação. Se a obra, nos dois casos, não começar no prazo de três 
meses a contar da desocupação do imóvel pelo locatário, caberá a este 
indenização pelos prejuízos sofridos e lucros cessantes. 
3. Retomada do imóvel para uso próprio do locador (artigo 52, II, da Lei 
nº 8.245/1991). O locador poderá retomar o imóvel objeto da locação, seja para 
nele exercer atividade econômica ou não. O artigo 52, § 1º, restringe a 
possibilidade de retomada do imóvel para uso próprio, quando locador pretende 
exercer atividade no mesmo ramo do locatário. Nas duas situações descritas, não 
será concedida a renovação compulsória do contrato de locação. Súmula nº 409, 
STF. 
4. Transferência do estabelecimento empresarial. Desde que existente há 
mais de um ano e de titularidade logicamente do próprio locador, de ascendente, 
descendente, cônjuge, ou de sociedade por ele controlada (artigo 52, II, da Lei 
nº 8.245/1991). 
Nesses casos, há presunção de sinceridade do retomante, porém, essa 
presunção é relativa, podendo ser impugnada pelo locatário. 
 
PONTO 2 - TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
Os estudos acerca dos títulos de crédito serão concentrados em relação à 
letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata. 
O título de crédito é um documento formal, com força executiva, 
representativo de dívida líquida e certa, de circulação desvinculada do negócio 
que o originou. 
O Código Civil prevê que se trata de “um documento necessário ao 
exercício do direito literal e autônomo nele contido”. 
 
19 
 
 
 
As suas principais características são: 
• Cartularidade: não pode ser verbal; não há o que secobrar, em 
sede de Direito Empresarial, sem o documento, sem o título 
propriamente dito. O fenômeno da cartularidade decorre da 
literalidade e da autonomia. É em razão de ser o Direito mencionado 
no título literal e autônomo que a apresentação da cártula se torna 
necessária para o exercício desse Direito. 
• Literalidade: vale somente aquilo que efetivamente está escrito no 
título, nada mais, nada menos. 
• Autonomia: Divide-se em dois subprincípios: 1) Abstração: a 
obrigação consubstanciada em título se desvincula do negócio que 
lhe deu origem; 2) Não oposição das exceções a terceiros de boa-fé: 
A invalidade de uma relação não prejudica as demais. Um ótimo 
exemplo é daquele que dá aval a um menor que endossa o título em 
favor de um terceiro de boa-fé. Fica claro que civilmente o terceiro 
de boa-fé não poderá cobrar o menor, porém o avalista não poderá 
opor exceção (defesa) no sentido de argumentar por não cumprir a 
obrigação já que avalizou um menor. Nessa lógica, temos a 
proibição de o avalista opor defesa ao terceiro de boa-fé; logo, o 
avalista terá de cumprir a obrigação. 
NOÇÕES DE 
TÍTULOS DE 
CRÉDITOS
CIRCULAM 
LIVREMENTE
CRÉDITO É 
TRANSFORM
ADO EM 
DINHEIRO
INCORPORA
M DIREITOS 
DOS 
CREDORES
PODER DE 
CRÉDITO
INCORPORA
M O CRÉDITO
AUMENTAM 
AS 
TRANSAÇÕES 
COMERCIAIS
INSTRUMENT
OS DE 
CIRCULAÇÇÃ
O DE 
RIQUEZES
AFASTAM 
VÍNCULOS 
ENTRE 
CREDOR E 
DEVEDOR
 
20 
 
 
 
1 Classificações dos títulos de crédito 
 
O título poderá ser livre, não existindo um padrão definido para sua 
confecção, como é o caso da letra de câmbio e da nota promissória, ou 
vinculado, como é o caso do cheque e da duplicata, que estão vinculados a um 
padrão específico. 
O título também poderá ser promessa ou ordem de pagamento. No 
caso de promessa de pagamento, tal relação cria duas situações: a de quem 
paga – emitente ou sacador – e a de quem recebe – beneficiário ou tomador. 
Podemos dar como exemplo de promessa de pagamento a nota promissória. A 
ordem de pagamento criar três situações jurídicas: a do secador, que emite a 
ordem para que alguém pague; a do sacado, que recebe a ordem; e a do 
tomador, que se beneficia da ordem. Como exemplo, temos o cheque e a 
duplicata. 
Finalmente, os títulos podem ser nominativos: se o nome da pessoa, 
natural ou jurídica, com direito à prestação, encontra-se anotado no próprio 
título ou nos registros especiais do instituto emissor, sendo transferíveis 
mediante ato formal; ou à ordem: se emitidos em benefício da pessoa indicada 
ou daquela a que esta determinar (ordenar) e transferíveis por meio do endosso 
neles lançado. Ao portador: se emitidos genericamente em favor do possuidor e 
transferíveis por simples tradição. Mistos: títulos nominativos munidos de 
cupões ao portador. 
O surgimento de um título ocorre pelo saque e possui uma ordem 
estabelecida para sua realização. 
PRINCÍPIOS 
LITERALIDADE
SERÁ VÁLIDO O QUE 
ESTIVER CONTIDO 
NO TÍTULO
CARTULARIDADE
APRESENTAR A 
CÁRTULA
AUTONOMIA DAS 
OBRIGAÇÕES
INOPONIBILIDADE E 
ABSTRAÇÃO
 
21 
 
 
 
2 Títulos de créditos em espécie 
2.1 Letras de câmbio 
 
A letra de câmbio é um título de crédito abstrato, que corresponde a um 
documento formal, decorrente da relação de crédito entre duas ou mais pessoas. 
Por essa relação de crédito, o sacador dá ordem de pagamento pura e simples, à 
vista ou a prazo, ao sacado, a seu favor ou de terceira pessoa (tomador ou 
beneficiário), no valor e nas condições nela constantes. 
As legislações aplicadas à letra de câmbio são: a CONVENÇÃO DE 
GENEBRA – Lei uniforme sobre letras de câmbio e nota promissória trazida ao 
nosso país por intermédio do Decreto nº 57.663/1966 (Lei Uniforme – LU) e a Lei 
Saraiva, de 1098 (Lei 2044). 
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento. Portanto, seu saque ou 
emissão geram três relações jurídicas. O sacador emite a ordem para que o 
sacado pague e o tomador se beneficie. 
O saque autoriza o tomador a procurar o sacado para, ocorridas 
determinadas condições, receber a quantia referida no título, e vincula o sacador 
ao pagamento da letra de câmbio. Caso o sacado não pague ao tomador o valor 
mencionado na letra de câmbio, poderá este cobrar o valor do sacador, na 
medida em que o sacador, ao praticar o saque, tornou-se codevedor do título. 
São requisitos da letra de câmbio: 
a) a expressão letra de câmbio; 
b) a ordem de pagar a quantia; 
c) o nome do sacado; 
d) o lugar do pagamento; 
e) o nome do tornador; 
f) o local e a data do saque; 
g) a assinatura do sacador. 
Caso o sacador não assine, deverá ser representado por procurador, 
nomeado por instrumento público e com poderes especiais. 
SAQUE
EMISSÃO DO 
TÍTULO FEITO 
PELO
SACADOR
SACADO 
(QUEM DEVE 
PAGAR)
PODE SER O 
SACADOR
BENEFICIÁRIO 
OU TOMADOR 
(QUEM 
RECEBE)
PODE SER O 
SACADOR
 
22 
 
Registre-se que os requisitos constantes da letra de câmbio e de outros 
títulos de crédito não precisam estar completos (preenchidos no instrumento) no 
momento do saque, conforme o art. 3º do Decreto nº 2.044/1908. 
 
2.1.1 Aceite 
O sacado apenas obriga-se ao pagamento da letra de câmbio, vinculando-
se à obrigação expressa no título, quando expressamente, por meio do ACEITE, 
concorda com essa obrigação. O aceite é representado pela assinatura do sacado 
no anverso ou no verso do título, acompanhado do termo aceito. 
Aceite limitativo: é aquele em que o sacado aceita pagar apenas uma 
parte do valor do título. 
Cláusula não aceitável: é a que traz a proibição do aceite. Somente será 
apresentada ao sacado para pagamento, o que evitará sua não aceitação. 
 
Questão 
(Exame Unificado VI) 50 Com relação ao instituto do aceite de títulos de crédito, 
assinale a alternativa correta. 
(A) A duplicata pode não ser aceita, sem qualquer fundamentação pelo sacado; 
neste caso, ele não será responsável pelo pagamento do título. 
(B) Para a cobrança de uma duplicata não aceita, é necessária apenas a 
realização de seu protesto. 
(C) O aceite de cheque é condição essencial para que o beneficiário possa 
executar o sacado. 
(D) O aceite de uma letra de câmbio torna o sacado devedor direto do 
título. 
 
2.1.2 Endosso 
No que se referem ao ato jurídico que opera a transferência da 
titularidade, os títulos de crédito são obrigatoriamente nominativos e poderão ser 
“à ordem” ou “não à ordem”. 
Os títulos “à ordem” são aqueles cuja circulação ocorre mediante endosso; 
os “não à ordem” circulam mediante cessão civil de crédito. 
Endosso é o ato cambiário que opera a transferência do crédito 
representado por um título “à ordem”. A cláusula “à ordem” é tácita. Dessa 
forma, para que um título de crédito seja considerado “à ordem” e, portanto, 
transferível por endosso, basta que contenha uma cláusula “não à ordem”. 
O primeiro endosso deverá ser efetuado pelo tomador, que é o primeiro 
credor do título. O segundo endossador ou endossante é o endossatário do 
tomador, e assim sucessivamente. 
 
23 
 
Cada endossante, ao endossar o título de crédito a um endossatário, deixa 
de ser credor do valor nele mencionado, passando a figurar como codevedor, 
juntamente com os demais endossadores e o sacado. 
Endosso em preto é aquele que identifica o endossatário; e endosso em 
branco é aquele que não identifica o endossatário. 
Outra modalidade de endosso é o chamado endosso mandato, em que o 
credor pode constituir um representante para o exercício dos direitos 
mencionados na cártula, logicamente, à vista do título. 
Finalmente, tem-se o endosso caução, que é o ato cambiário por meio do 
qual o credor onera o título, considerado bem móvel, a título de penhor. 
 
2.1.3 Aval 
O aval é o ato cambiário pelo qual uma pessoa, denominada avalista, 
garante opagamento de um título em favor do devedor principal ou de um 
coobrigado. 
O devedor, em favor de quem o aval foi prestado, é chamado de avalizado. 
O aval resulta da assinatura do avalista no anverso do título, geralmente 
acompanhada da expressão por aval. 
O vencimento faz que surja a obrigação para o devedor de pagar o valor 
mencionado no título de crédito. 
Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não 
sucessivos. 
 
Questão 
(Exame 2010.03) Em relação aos Títulos de Crédito, é correto afirmar que, 
quando 
(A) presente na letra de câmbio, a cláusula “não à ordem” impede a circulação 
do crédito. 
(B) insuficientes os fundos disponíveis, o portador de um cheque pode requerer 
a responsabilidade cambiária do banco sacado pelo seu não pagamento. 
(C) firmado em branco, o aval na nota promissória é entendido como 
dado em favor do sacador. 
(D) não aceita a duplicata, o protesto do título é a providência suficiente para o 
ajuizamento da ação de execução contra o sacado. 
 
2.1.4 Vencimento 
O vencimento poderá ser à vista, a certo termo da data, a certo termo da 
vista ou a dia certo. 
A certo termo da vista: verifica-se o vencimento após o transcurso de um 
lapso temporal iniciado na data do aceite. 
 
24 
 
A certo termo da data: tem-se o vencimento após o transcurso de um 
lapso temporal iniciado na data do saque. 
À data certa: tem-se por vencido o título em dia predeterminado pelas 
partes. 
As regras de contagem do prazo de vencimento no Direito cambiário estão 
dispostas no art. 36 da LU. 
 Ressalte-se que, para efeito de contagem de prazo, dia útil é aquele em 
que há expediente bancário. 
As obrigações de pagar, em geral, poderão ser quesíveis (QUÉRABLE) ou 
portáveis (PORTABLE). São quesíveis quando cabe ao credor a iniciativa de 
procurar o devedor para a satisfação de seu crédito. São portáveis quando cabe 
ao devedor a iniciativa de procurar o credor para o pagamento de seu débito. 
 
2.1.5 Protesto 
O protesto é um ato notarial que visa documentar, no próprio título, a 
ocorrência de um fato que tem relevância para as relações cambiais. A letra de 
câmbio comporta três tipos de protesto: o protesto por falta de aceite; por falta 
de data de aceite; e por falta de pagamento. 
O protesto por falta de aceite é extraído contra o sacador, não podendo ser 
extraído contra o sacado, que não aceitou o título, na medida em que, não 
aceitando o título, não está vinculado à obrigação cambial. Uma vez efetuado o 
protesto por falta de aceite, intimar-se-á o sacado para que compareça e aceite o 
título. Se não o fizer, o protestado é o sacador. 
Já no que se refere ao protesto por falta de data de aceite e ao protesto 
por falta de pagamento, o protestado é o sacado. Se protesto por falta de 
pagamento, a letra de câmbio deverá ser apresentada nos dois dias seguintes 
àquele em que o título for pagável, ou seja, na data de seu vencimento. Se cair 
em dia não útil, o vencimento se dará no primeiro dia útil seguinte. A 
inobservância desse prazo gera a perda do direito de crédito perante os 
coobrigados: sacador, endossantes e avalistas, nos termos do art. 53 da LU. 
Observa-se que a falta de protesto não prejudica o direito de crédito 
contra o aceitante sacado e respectivo avalista. 
O protesto por falta de pagamento é necessário para cobrar os 
codevedores e respectivos avalistas, mas é facultativo para a cobrança do 
devedor principal e respectivo avalista. 
Com a inclusão da cláusula “sem despesas” o protesto necessário fica 
dispensado. O credor fica dispensado do protesto para a constituição de seu 
direito de crédito contra qualquer devedor do título. 
 
2.1.6 Prescrição 
O prazo prescricional está fixado no art. 70 da LU. 
 
25 
 
• 3 anos: A contar da data do vencimento do título para o exercício do 
direito de crédito contra o devedor principal e seu avalista; 
• 1 ano: a contar da data do protesto do título – para o exercício do 
direito de crédito contra os coobrigados (sacador, endossantes e respectivos 
avalistas); 
• 6 meses: a contar do pagamento – para o exercício do direito de 
regresso por qualquer um dos coobrigados. 
 
2.2 Nota promissória 
 
 É a promessa de pagamento que uma pessoa faz a outra. Vimos que, 
quando do saque das letras de câmbio, surgem três situações jurídicas distintas: 
sacador, sacado e tomador. Tratando-se de notas promissórias, surgem duas 
situações jurídicas distintas: aquele que promete pagar determinada quantia e o 
beneficiário dessa promessa. 
A pessoa que promete pagar denomina-se sacador, promitente ou 
emitente. A pessoa em favor de quem é feita a promessa denomina-se sacado ou 
beneficiário. 
Os requisitos essenciais das notas promissórias são: 
a) denominação NOTA PROMISSÓRIA expressa no idioma empregado 
no título; 
b) promessa pura e simples de pagar quantia determinada; 
c) pessoa a quem deve ser paga; 
d) data de emissão; 
e) assinatura do emitente. 
A época e lugar do pagamento não são requisitos essenciais da letra de 
câmbio. 
A nota promissória está, basicamente, sujeita às mesmas regras da letra 
de câmbio, desde que sejam compatíveis com a natureza de promessa de 
pagamento. 
 
Questão 
(Exame 2010.03) Em relação aos Títulos de Crédito, é correto afirmar que, 
quando 
(A) presente na letra de câmbio, a cláusula “não à ordem” impede a circulação 
do crédito. 
(B) insuficientes os fundos disponíveis, o portador de um cheque pode requerer 
a responsabilidade cambiária do banco sacado pelo seu não pagamento. 
(C) firmado em branco, o aval na nota promissória é entendido como 
dado em favor do sacador. 
 
26 
 
(D) não aceita a duplicata, o protesto do título é a providência suficiente para o 
ajuizamento da ação de execução contra o sacado. 
 
(Exame unificado IV) Em relação ao Direito Cambiário, é correto afirmar que 
(A) o aceite no cheque é dado pelo banco ou instituição financeira a ele 
equivalente, devendo ser firmado no verso do título. 
(B) a duplicata, quando de prestação de serviços, pode ser emitida com 
vencimento a tempo certo da vista. 
(C) o protesto é necessário para garantir o direito de regresso contra o(s) 
endossante(s) e o(s) avalista(s) do aceitante de uma letra de câmbio. 
(D) o aval dado em uma nota promissória pode ser parcial, ainda que 
sucessivo. 
 
2.3 Cheque 
É uma ordem de pagamento à vista, emitida contra um banco e com base 
em suficiente provisão de fundos ou oriundos de abertura de crédito. 
O sacador é o emitente do cheque, e o sacado é o banco. 
Beneficiário é aquele em favor do qual determinada quantia é paga. 
É elemento essencial do cheque ser um título à vista. No Brasil, o cheque é 
necessariamente nominativo. Observa-se, entretanto, que o Plano Collor (Lei nº 
8.021/1990) estabeleceu que o cheque poderá ser ao portador até determinada 
quantia. 
O prazo de apresentação do cheque será de: 
a) 30 dias, tratando-se de cheque da mesma praça; 
b) 60 dias, tratando-se de cheques de praças diferentes. 
O termo inicial para a contagem do prazo de prescrição do cheque é a 
expiração do prazo de apresentação citado anteriormente, que será de 6 meses. 
Após o transcurso do prazo prescricional, o cheque não será mais 
considerado título executivo; porém, como título monitório, poderá 
consubstanciar prova escrita para o ajuizamento da ação monitória. 
 
2.3.1 Cheque cruzado 
Caracteriza-se pela aposição de dois traços paralelos no anverso do título. 
O cheque cruzado pode ser: 
a) geral, ou em branco (não há indicação do banco entre as linhas 
paralelas); e 
b) especial, ou em preto (há indicação do banco entre as linhas 
paralelas). 
A diferença entre o cheque com cruzamento em branco (ou geral) e um 
cheque com cruzamento em preto (ou especial) está no fato de que o cheque 
com cruzamentoem branco ou geral deve ser pago por meio de crédito em conta 
 
27 
 
de um banco qualquer; já o cheque com cruzamento em preto, ou especial, 
somente deve ser pago a um banco expressamente mencionado no título. Caso 
esse banco seja o próprio banco sacado, apenas poderá ser pago a um de seus 
clientes, mediante depósito em conta. 
 
2.3.2 Cheque para ser levado em conta 
A Lei nº 7.357/1985, em seu art. 46, o define como o cheque que não 
pode ser pago em dinheiro. Tal proibição se dá mediante inscrição transversal, no 
anverso do título, da cláusula "para ser creditado em conta". 
 
2.3.3 Cheque visado 
É aquele em que o banco atesta a existência de fundos durante o prazo de 
apresentação, conforme o art. 7º da Lei nº 7.357/1985. 
 
2.3.4 Cheque administrativo 
O cheque administrativo é emitido pelo próprio banco sacado. O banco, 
dessa forma, ocupa simultaneamente a posição de emitente e sacado. Ex.: 
traveller check. 
 
2.3.5 Protesto e ação cambial 
A cobrança de um cheque sem fundos, pela lei, pressupõe o protesto do 
cheque dentro do prazo de apresentação, sob pena de o credor perder seu direito 
de crédito contra os endossantes e os avalistas. 
Observa-se que, para fins cambiários, o protesto do cheque pode ser 
substituído pela declaração de inexistência de fundos feita pelo banco sacado ou 
pela câmara de compensação. 
O prazo para execução do cheque é de 6 (seis) meses contados a partir da 
expiração do prazo para sua apresentação (art. 59 da Lei nº 7.357/1985). Uma 
vez prescrita a execução, cabe, no prazo de até 2 (dois) anos seguintes ao 
término do prazo prescricional, ação de enriquecimento ilícito. 
Para todos os efeitos, emissão de cheque sem fundos é crime previsto no 
art. 171, § 2º, VI do Código Penal. 
Não é considerado crime a emissão de cheque pós-datado sem fundos. 
Para que se caracterize o crime é necessário que tenha havido dolo. 
No que se refere à conta conjunta, a responsabilidade dos titulares da 
conta não é solidária quanto à emissão do cheque. É solidária apenas no que se 
refere ao contrato de abertura de crédito com o banco. 
 
Questão 
(Exame unificado VIII) 
Com relação ao instituto do cheque, assinale a afirmativa correta. 
 
28 
 
A) O cheque pode ser sacado contra pessoa jurídica, instituições financeiras e 
instituições equiparadas. 
B) O portador não pode recusar o pagamento parcial do cheque. 
C) O cheque pode consubstanciar ordem de pagamento à vista ou a 
prazo. 
D) A ação de execução do cheque contra o sacador prescreve em 1 (um) ano 
contado do prazo final para sua apresentação. 
 
Exame unificado IX - Prova 1 (Reaplicação – Ipatinga/MG) 
Questão 49 
A sociedade empresária Congelados da Vovó Ltda., com sede na cidade de 
Montanha, realizou o pagamento a um fornecedor por meio de cheque 
administrativo. Sobre esta espécie de cheque, assinale a afirmativa correta. 
A) É aquele sacado para ser creditado em conta, podendo ser emitido ao 
portador até o valor de R$ 100,00 (cem reais). 
B) É aquele que contém visto em seu verso, atestando a existência de fundos 
durante o prazo de apresentação. 
C) É aquele sacado contra o próprio banco sacador, sendo 
necessariamente nominal qualquer que seja seu valor. 
D) É aquele sacado em favor de órgão ou entidade da administração pública para 
pagamento de taxa ou emolumento. 
 
2.4 Duplicata 
 
A Lei nº 5.474/1968, em seu art. 1º, estabelece que todo empresário que 
realiza uma venda, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, deverá extrair uma 
FATURA e apresentá-la ao devedor. A fatura é um documento emitido pelo 
vendedor relacionando as mercadorias vendidas, discriminando-as, indicando sua 
quantidade e o respectivo valor. 
A fatura é um documento que tem o condão de facilitar a atividade do 
Fisco, aumentando seu poder de controle sobre as atividades mercantis. Para 
isso, foi criada a chamada nota fiscal-fatura. Por um único documento, o 
empresário cumpre duas obrigações: uma de caráter empresarial – emissão da 
fatura; e a outra de caráter fiscal – emissão de nota fiscal. 
O art. 1º da Lei nº 5.474/1968 prevê que no ato da emissão da fatura o 
empresário poderá emitir um título de crédito denominado DUPLICATA. 
A duplicata pode ser então pode então ser definida como uma ordem de 
pagamento emitida pelo empresário com o escopo de documentário crédito 
oriundo de uma operação de compra e venda Mercantil. 
Os requisitos da duplicata são encontrados no art. 2º, § 1º, da Lei nº 
5.474/1968. 
 
29 
 
A duplicata é um título de crédito de aceite obrigatório, o que significa 
dizer que o comprador da mercadoria – sacado – não poderá deixar de aceitar o 
título. 
A recusa do aceite apenas poderá ocorrer em situações expressamente 
previstas em lei, especificamente no art. 8º da Lei nº 5.474/1968. 
O protesto deverá ser efetuado nos 30 (trinta) dias seguintes ao 
vencimento da duplicata, sob pena de o credor perder seu direito de crédito 
contra os endossantes e seus avalistas, mantendo-se, porém, em relação ao 
sacado e seu avalista. 
O documento para a propositura de ação de execução depende do tipo de 
aceite da duplicata: 
a) se for aceite ordinário, o protesto é uma necessidade; 
b) se for aceite por duplicata, deve ser apresentada a duplicata ou 
triplicata (protestada), acompanhada do comprovante de entrega de 
mercadorias. 
O protesto por falta de devolução representa uma exceção ao princípio da 
cartularidade. O credor, que não está na posse do título, protesta-o por 
indicação. Essa indicação da emissão de duplicata é extraída do Livro de Registro 
de Duplicatas. 
A ação de execução contra o sacado e seu avalista prescreve em 3 (três) 
anos, a contar do vencimento do título; contra os coobrigados (endossantes e 
seus avalistas), prescreve em 1 (um) ano, a contar da data do protesto do título. 
Por ser um título casual, a duplicata mercantil não pode ser emitida e 
protestada sem que tenha havido a efetiva prestação de serviços. 
A ação para cobrança da duplicata sem aceite deve estar acompanhada de 
comprovante de entrega de mercadorias. 
O foro competente para a propositura da execução do título extrajudicial é, 
em princípio, o do lugar do pagamento. 
A ação de anulação de cambial tanto pode ser movida nas hipóteses de 
extravio ou destruição parcial ou total como nas hipóteses de furto, roubo ou 
apropriação indébita do título. 
A doutrina e jurisprudência têm entendido, acertadamente, que a ação 
também pode ser ajuizada pelo credor pignoratício ou pelo endossatário-
mandatário, pois ambos podem exercer os direitos emergentes da cambial. 
Ação de anulação e substituição de títulos ao portador tem inequívoca 
semelhança com ação de anulação de cambial; contudo, não se aplica às 
cambiais. 
O portador do título que pagou o valor previsto na cambial pode propor 
ação de regresso contra os coobrigados anteriores. 
 
 
 
30 
 
Questão 
Exame unificado IX 
Com relação aos títulos de crédito, assinale a afirmativa correta. 
A) No endosso de letra de câmbio após o protesto por falta de pagamento, o 
portador tem ação cambiária contra o seu endossante. 
B) A cláusula não à ordem inserida no cheque impede sua circulação tanto por 
endosso quanto por cessão de crédito. 
C) O endosso de cheque poderá ser realizado pelo sacado ou por mandatário 
deste com poderes especiais. 
D) A duplicata pode ser apresentada para aceite do sacado pelo próprio 
sacador ou por instituição financeira. 
 
PONTO 3 - SOCIETÁRIO 
 
Sucintamente, pode-se dizer que o direito societário compreende o 
estudo das sociedades. E as sociedades, por sua vez, são pessoas jurídicas 
de direito privado, decorrentes da união de pessoas, que possuem fins 
econômicos, ou seja, são constituídas com a finalidade de exploração de uma 
atividade econômica e repartiçãodos lucros entre seus membros. 
São justamente a finalidade econômica e o intuito lucrativo as 
características que diferenciam as sociedades das associações. Com efeito, 
ambas são pessoas jurídicas de direito privado decorrentes da união de pessoas, 
mas o traço diferencial entre elas é o fato de que a sociedade exerce atividade 
econômica e visa à partilha de lucros entre seus sócios (art. 981 do Código Civil), 
enquanto a associação não possui fins econômicos e, consequentemente, 
não distribui lucros entre seus associados (art. 53 do Código Civil). 
Segundo o art. 983 do Código Civil, “a sociedade empresária deve 
constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a 
sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, 
não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias”. 
Assim, uma sociedade empresária pode organizar-se das seguintes 
formas: a) sociedade em nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044); b) sociedade em 
comandita simples (arts. 1.045 a 1.051); c) sociedade limitada (arts. 1.052 a 
1.087); d) sociedade anônima (arts. 1.088 a 1.089 c/c a Lei 6.404/1976); e) 
sociedade em comandita por ações (arts. 1.090 a 1.092). 
A sociedade simples, por sua vez, não ganhou a previsão de tipos 
societários específicos, mas pode, segundo a dicção do art. 983, organizar-se sob 
a forma de um dos tipos de sociedade empresária, com exceção das sociedades 
por ações, em razão da regra do art. 982, parágrafo único, do Código Civil. 
Assim, uma sociedade simples pode organizar-se das seguintes formas: a) 
sociedade simples pura ou simples simples (arts. 997 a 1.038); b) sociedade em 
 
31 
 
nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044); c) sociedade em comandita simples (arts. 
1.045 a 1.051); d) sociedade limitada (arts. 1.052 a 1.087). 
É preciso destacar ainda a sociedade cooperativa, que é considerada 
sempre uma sociedade simples, independentemente do seu objeto social (art. 
982, parágrafo único, do Código Civil). 
Assim como nem todas as pessoas físicas que exploram atividade 
econômica são qualificadas como empresários individuais (cite-se, por exemplo, 
o profissional intelectual – art. 966, parágrafo único, do Código Civil), não são 
todas as sociedades que podem ser qualificadas como sociedades 
empresárias. Assim, as sociedades podem ser de duas categorias: a) 
sociedades simples, que são aquelas que exploram atividade econômica não 
empresarial, como as sociedades uniprofissionais; b) sociedades empresárias, 
que exploram atividade empresarial, ou seja, exercem profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços (art. 966 do Código Civil). Interessa ao direito empresarial, 
especificamente, o estudo da sociedade empresária. 
O Código Civil estabelece, em seu art. 982, que “salvo as exceções 
expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício 
de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as 
demais”. Isso mostra que, em regra, o que define uma sociedade como 
empresária ou simples é o seu objeto social: se este for explorado com 
empresarialidade (profissionalismo e organização dos fatores de produção), a 
sociedade será empresária; ausente a empresarialidade, ter-se-á uma sociedade 
simples. Há apenas duas exceções a essa regra, previstas no parágrafo único do 
art. 982, o qual prevê que “independentemente de seu objeto, considera-se 
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. Assim, a sociedade 
por ações (por exemplo, uma sociedade anônima) é sempre uma sociedade 
empresária, ainda que não tenha por objeto o exercício de empresa; e a 
sociedade cooperativa é sempre uma sociedade simples, ainda que tenha por 
objeto o exercício de empresa. 
Repetindo o que já se disse anteriormente, a síntese conclusiva é a 
seguinte: é o requisito da organização dos fatores de produção que 
caracteriza a presença do chamado elemento de empresa no exercício de 
profissão intelectual e que, consequentemente, faz com que o 
profissional intelectual receba a qualificação jurídica de empresário. Isso, 
obviamente, vale tanto para o exercício de profissão intelectual individualmente 
quanto para o exercício de profissão intelectual em sociedade. 
Portanto, a grande diferença entre as sociedades simples e as sociedades 
empresárias não está no fato de estas possuírem finalidade lucrativa, porque 
aquelas também podem ostentar essa característica. O traço distintivo entre 
ambas é mesmo o objeto social: a sociedade empresária tem por objeto o 
 
32 
 
exercício de empresa (atividade econômica organizada de prestação ou 
circulação de bens ou serviços); a sociedade simples tem por objeto o exercício 
de atividade econômica não empresarial. 
 
 
3.1 Sociedade não personificadas 
3.1.1 Sociedade em comum 
 
Segundo o art. 986 do Código Civil, trata-se da sociedade que ainda não 
inscreveu seus atos constitutivos no órgão de registro competente: Junta 
Comercial, em se tratando de sociedade empresária, e Cartório de Registro Civil 
de Pessoas Jurídicas, em se tratando de sociedade simples. Eis o teor da norma 
em comento: “enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a 
sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, 
observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da 
sociedade simples”. 
Interpretando cuidadosamente o art. 986 do Código Civil, apontam esses 
autores que ao usar a expressão “enquanto não inscritos os atos constitutivos” o 
legislador quis disciplinar, na verdade, as sociedades contratuais em formação, e 
não exatamente as antigas sociedades de fato e irregulares. Dizemos 
especificamente que a norma se refere apenas às sociedades contratuais porque 
o próprio art. 986 deixa claro que estão excluídas do seu âmbito de incidência 
normativa as sociedades por ações em organização, já que a legislação acionária 
específica (Lei 6.404/1976 – LSA) já cuida detalhadamente das sociedades por 
ações no seu período de formação. 
Realmente, interpretando com cuidado a regra do art. 986 do Código Civil, 
não há como negar que a sociedade em comum não corresponde às sociedades 
de fato ou irregulares, como preconiza boa parte da doutrina. As regras da 
sociedade em comum, na verdade, aplicam-se às sociedades contratuais que 
estão se constituindo, ou seja, aplicam-se às suas relações entre o momento real 
da constituição até o respectivo registro do contrato social. Isso ocorre porque 
nenhuma sociedade é constituída da noite para o dia. Ao contrário, no Brasil, o 
Sociedades Conceito: Celebram contrato de sociedade as pessoas que 
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, 
para o exercício de at ividade econômica e a part ilha, entre si, 
dos resultados.
Natureza jurídica: contrato plurilateral (escopo comum e 
pluralidade de partes
Elementos: pluralidade de sócios (REGRA), af fect io societat is, 
contribuição para o capital social e part ilha de resultados
 
33 
 
trâmite para constituição de uma sociedade é bastante lento, se comparado a 
outros países. 
Desde o momento em que os sócios decidem constituir a sociedade até o 
momento em que o registro é deferido pelo órgão competente (Junta ou 
Cartório, conforme o caso), a sociedade já existe, embora ainda não tenha 
personalidade jurídica, e já pratica alguns atos (por exemplo: aluga um imóvel 
para lhe servir de sede, contrata advogados para redação do ato constitutivo, 
contrata contadores para obtenção de registro nas repartições fiscais etc.). 
Grosso modo, pode-se fazer um paralelo com as pessoas físicas (pessoas 
naturais): embora elas só adquiram personalidade após o nascimento com vida, 
o ordenamento jurídico lhes reconhece existência e confere proteção desde a 
concepção (art. 2.º do Código Civil). Da mesma forma,

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