Tarefa 1 1

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FACULDADE UNYLEYA
PÓS-GRADUAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA PROFISSIONAIS
MÊS DE INÍCIO NA TURMA/LOCAL DE RESIDÊNCIA: JULHO/2019 - FLORIANÓPOLIS/SC
DISCIPLINA: INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTO
PROFESSOR/TUTOR: FABRÍCIO AUGUSTO GOMES
ACADÊMICO: DOUGLAS REGO DAS NEVES
ATIVIDADE AVALIATIVA 1.1
 1. Pesquise e escreva o significado das palavras sublinhadas nos cinco pensamentos a seguir e elabore a sua interpretação de cada um deles em no máximo 10 linhas cada. Indique a fonte (dicionário) pesquisada.
“Não estatize meus sentimentos, para o seu governo, o meu estado é independente” (Renato Russo).
Estatize/estatizar: Transformar propriedades particulares (serviços, instituições, empresas etc.) em organizações de propriedade do Estado.
Governo: 1 Poder supremo do Estado. 2 Administração. Governo representativo: aquele em que a nação delega ao chefe do governo e aos membros do Parlamento os seus direitos e poderes.
Estado: 1 Modo de ser ou estar: O estado de espírito da mãe era ótimo. 2 Situação em que se acha uma pessoa ou coisa: A cidade está em estado de emergência. 3 Fís Condição em que a matéria se apresenta: Sólido, líquido e gasoso. 4 Estado Dir Nação politicamente organizada por leis próprias: O estado italiano localiza-se na Europa. Col: federação, confederação. 5 Conjunto de poderes políticas de uma nação; governo: As leis são regidas pelo Estado. 6 Divisão territorial de certos países, como o Brasil e os Estados Unidos: O Estado da Bahia pertence à região Nordeste.
Interpretação do pensamento: Renato Russo se refere à autonomia e à propriedade de seus sentimentos ao abordar um referido sentido de independência. O artista fala de forma imperativa e negativa que seus sentimentos não serão levados a uma esfera pública ou estatal, pois, para o “governo” (administração, entendimento) do ouvinte, seu estado é de independência. Ainda, a palavra “estado” pode ser entendida como seu modo de ser ou estar e também como uma nação de forma abstrata, simbolizando sua pessoa de forma integral.
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento (...) liberdade é pouco, o que eu quero não tem nome” (Clarice Lispector).
Mergulhe/mergulhar: 1 Imergir na água ou em outro líquido. 2 Colocar debaixo de qualquer substância: Mergulhar avidamente as mãos no monte de moedas. 3 Afundar-se na água.
Entendimento: 1 Capacidade de compreender as coisas. 2 Acordo, ajuste.
Liberdade: 1 Estado de pessoa livre e isenta de restrição externa ou coação física ou moral. 2 Poder de exercer livremente a sua vontade. 3 Independência, autonomia. Liberdade de pensamento: direito que cada um tem de manifestar suas opiniões.
Interpretação do pensamento: Clarice Lispector incita o leitor a se render e a se aventurar em coisas ainda desconhecidas do mesmo jeito que ela fez anteriormente. Ressalta-se que o desconhecido é um elemento bom e que um total entendimento não é tão necessário se comparado ao próprio ato de viver. Por fim, enuncia que não lhe basta apenas a liberdade, mas sim algo mais, entretanto não há nominação do que possa ser.
“O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente” (Fernando Pessoa).
Poeta: Que ou aquele que faz versos. Fem: poetisa.
Fingidor/fingido: Falso, hipócrita, simulado.
Deveras: 1 Verdadeiramente: “Acabou por amar deveras um homem digno que a pediu.” 2 Realmente: “Trocou os barbantes por um fio de nylon e encontrou uma solução deveras engenhosa.”
Interpretação do pensamento: Fernando pessoa diz que a figura de um poeta é um tanto quanto falsa e simulada ao trazer seu fingimento de dor como algo tão real que aparenta ser o que verdadeiramente sente.
“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, 
aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem” (Guimarães Rosa).
Embrulha/embrulhar: 1 Envolver em pano, papel etc.; 2 Complicar, confundir. 3 Enjoar. 4 Enganar, ludibriar.
Afrouxa/afrouxar: 1 Tornar frouxo. 2 Desapertar, soltar. 3 Diminuir a rapidez de: Afrouxar o passo. 4 Abrandar, acalmar: Afrouxar rancores. 5 Alargar-se, soltar-se: O cós da saia afrouxou. 
Desinquieta/desinquieta: 1 Tirar ou perder o sossego a; agitar(-se), inquietar(-se): A iminência de uma tempestade desinquietou os cavalos. 2 Provocar perturbação a; importunar, perturbar: O barulho do vizinho a desinquieta constantemente. 3 Induzir para o mal: As más companhias desinquietaram-no.
Coragem: 1 Bravura; ousadia. 2 Constância, perseverança. 3 Energia moral.
Interpretação do pensamento: Guimarães Rosa explica que a vida é veloz e passa por transformações constantes. O autor aborda a complexidade das relações sociais ao enunciar que o correr da vida “mistura” diversos elementos do dia-a-dia e que seu desejo, com isso, é que tenhamos coragem para enfrentar tudo o que acontece e o que possa acontecer.
“Se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder (...). É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida” (Abraham Lincoln).
Caráter: 1 Conjunto de traços particulares de um indivíduo. 2 Cunho, distintivo, marca. 3 Temperamento.
Poder¹: 1 Ter a faculdade ou possibilidade de. 2 Ter autoridade, domínio ou influência para. 3 Ter força ou influência. 4 Ter permissão ou autorização para. 5 Ter calma, energia, paciência para. 6 Ter ocasião ou oportunidade de. 7 Estar arriscada a. 8 Ter motivo para; ter o direito de. 9 Haver possibilidade; ser possível.
Poder²: 1 Faculdade, possibilidade. 2 Autoridade, mando. 3 Posse, domínio, atribuição. 4 Governo de um Estado. 5 Meios, recursos.
Idiota: 1 Que ou aquele que tem pouca inteligência. 2 Estúpido, pateta; ignorante. 3 Doente de idiotia. 4 Diz-se de ou pessoa com deficiência intelectual.
Dúvida: 1 Incerteza. 2 Hesitação. 3 Ceticismo, descrença. 4 Suspeita.
Interpretação do pensamento: Abraham Lincoln elucida que o caráter de uma pessoa somente se mostrará, de forma verdadeira, ao lhe recair determinada autoridade, domínio ou influência. Após, indica que é melhor permanecer despercebido, ou mesmo sem conhecimento (de forma secundária), pois ao se exteriorizar pensamentos talvez se acabe com alguma dúvida que paire no ar, o que pode não ser benéfico para todos.
Fontes utilizadas:
EDITORA MELHORAMENTOS LTDA (São Paulo). Michaelis On-line: Sobre o dicionário. 2019. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 10 ago. 2019.
MICHAELIS. Dicionário escolar língua portuguesa. 4. ed. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2017.
2.	Produza um texto autoral, com até 30 linhas, utilizando a temática de sua preferência, e indique nele pelo menos cinco elementos de coerência ou coesão, explicando o funcionamento de cada um deles de acordo com a teoria estudada. Transcreva os elementos coesivos para analisá-los na resposta; não os marque somente no texto. Utilize o nível formal culto da Língua Portuguesa.
O PENSAMENTO DE JOHN LOCKE
John Locke é um jusnaturalista e contratualista, isto é, pertence ao grupo daqueles pensadores que partem da constatação de que os homens nascem possuindo direitos naturais; e que o Estado, ou sociedade civil, tem origem por meio de um pacto/contrato social entre os homens que, anteriormente a ao estado civil, viviam numa condição natural, ou estado de natureza. É considerado fundador do empirismo moderno no que diz respeito à teoria do conhecimento, pois combateu com astúcia a teoria das ideias inatas, defendida principalmente por Descartes e Leibniz. Nessa linha, criou e defendeu a teoria da tabula rasa, em que se postula ser a experiência sensível a fonte maior de toda e qualquer ideia.
O pensador em questão defende que o estado de natureza apresenta uma condição de relativa paz, concórdia e harmonia, ou seja, é pacífico e com condição de boa vontade, assistência mútua e preservação. Ainda, diz que a lei de natureza, única “governadora” nesta condição pré-política,vem ao conhecimento dos homens pelo uso particular que fazem da razão; consequentemente, a liberdade humana encontra um limite na lei de natureza, quando do uso da razão. A partir desse ponto, Locke defende arduamente o direito à vida, à liberdade e aos bens (tangíveis e intangíveis), inferindo-se aqui a postura de individualismo liberal fundamentada no interesse da burguesia ascendente na modernidade, classe que irá, por meio das revoluções liberais (Gloriosa) e da Industrial, impulsionar a origem do capitalismo.
Ainda em termos de propriedade, Locke argumenta que todo homem é proprietário de si próprio e de seu trabalho, e que a natureza (terra e criaturas inferiores) fora presenteada por Deus a todos os homens. Assim, o trabalho (propriedade do homem), desde que investido em transformar a matéria prima natural criando bens, torna-os também propriedade privada do homem individual.
Para se combater os problemas advindos do exercício dos direitos naturais de todos os envolvidos em sociedade, faz-se necessário um juiz comum a todos, imparcial e justo e que determine positivamente da lei comum, tornando-a conhecida e firmada. Para isso, postula que a sociedade política tem o objetivo primordial de preservar a propriedade privada dos cidadãos (a vida, a liberdade e os bens móveis e imóveis), bem como proteger a sociedade de perigos internos e externos. Com isso, o estado de natureza é superado pelo estado civil por meio do pacto social fundado no consentimento de seus participantes, que objetivam sanar os inconvenientes do estado originário e consolidar ainda mais seus direitos.
Locke defende o princípio da maioria, em que seriam eleitos o poder legislativo (supremo, que para Locke estaria acima de todos os outros), o poder executivo e o poder federativo. Portanto, é a partir deste autor que surgem as distinções dos poderes e a superioridade do poder legislativo. Mais que isso, frisa-se que a função da forma de governo escolhida é a de assegurar e proteger a propriedade privada. Consequentemente, quando o governo não cumprir tal atribuição, o povo tem o direito de resistência, em outras palavras: de reivindicar o principal direito defendido por Locke (propriedade) e os demais direitos naturais. Por fim, o autor parece considerar como soberano o direito à propriedade e os interesses da burguesia voltados à livre iniciativa, o que diverge claramente da ideia de absolutismo monárquico defendida por outros autores, como Thomas Hobbes.
REFERÊNCIA
BOBBIO, Norberto. Locke e o direito natural. Brasília: Ed. UnB, 1997.
isto é: figura de sintaxe pleonasmo, a qual promove redundância de significado ao explicar, de outra forma, uma ideia já apresentada anteriormente, qual seja, o significado das teorias jusnaturalista e contratualista.
que: pronome relativo que retoma a classe burguesa mencionada na linha anterior.
e da Industrial: figura de sintaxe zeugma, tipo de elipse, a qual ocultou um termo já expresso no contexto; neste caso: revolução - já expressa em revoluções liberais (Gloriosa).
Desde que: conjunção condicional que relaciona o trabalho dos homens a seu produto e, neste caso, à sua propriedade.
Portanto: conjunção conclusiva que encaminha o texto ao final, apresentando sua ideia geral e suas consequências para a sociedade atual.
Mais que isso: conjunção aditiva que aborda mais um conjunto de ideias surgidas em decorrência do pensamento do autor ora apresentado (John Locke).