Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 1 TEORIAS DA APRENDIZAGEM ................................................................. 4 2 PRINCIPAIS TEORIAS: BEHAVIORISMO ................................................. 5 3 PRINCIPAIS TEORIAS: COGNITIVISMO ................................................... 5 4 PRINCIPAIS TEORIAS: CONSTRUTIVISMO ............................................. 6 5 PRINCIPAIS TEORIAS: INTERACIONISMO .............................................. 6 6 TEORIA DE PIAGET: A APRENDIZAGEM HUMANA ................................ 7 6.1 O que é a teoria de Piaget .................................................................... 7 7 O QUE É ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO? ........................................... 9 8 ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM HUMANA SEGUNDO A TEORIA DE PIAGET .......................................................................... 10 9 TEORIA DE PIAGET E O DESENVOLVIMENTO DA MORAL ................. 14 9.1 Teoria de Piaget e as consequências na área pedagógica ................ 15 9.2 Psicologia da aprendizagem .............................................................. 17 9.3 O que a aprendizagem significativa tem a ver com o construtivismo? 23 10 COMO INCORPORAR NAS AULAS ..................................................... 25 11 ENTENDA TUDO SOBRE A TEORIA DE APRENDIZAGEM DE VYGOTSKY ............................................................................................................... 26 12 MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ........................................................ 28 12.1 Principais definições da Teoria de Aprendizagem de Vygotsky ...... 28 13 MEDIAÇÃO SEMIÓTICA ....................................................................... 30 14 O QUE É A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA? .................................. 33 15 O QUE É DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E COMO CONTORNÁ- LA? 35 16 TIPOS DE APRENDIZAGEM ................................................................ 39 2 17 A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS..................................... 39 18 O aprendizado na era digital .................................................................. 44 19 O CONSTRUTIVISMO NA ESCOLA ..................................................... 45 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 49 3 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 1 TEORIAS DA APRENDIZAGEM Para os seres humanos se desenvolverem é necessário aprender coisas novas a todo o momento. Sejam habilidades motoras, idiomas ou cálculos matemáticos: todos possuem seus próprios métodos para processar a informação, transformá-la em conhecimento. Investigar, analisar e sistematizar estes métodos é a tarefa da área da psicologia denominada psicologia da educação. Esta área é a responsável por pesquisar sobre as teorias da aprendizagem, que abordam o desenvolvimento cognitivo humano por diferentes pontos de vista. O que são teorias de aprendizagem Teorias de aprendizagem são os estudos que procuram investigar, sistematizar e propor soluções relacionadas ao campo do aprendizado humano. Esta área de investigação remonta à Grécia Antiga. Neste período, o processo pelo qual uma pessoa adquire conhecimento já era tema de investigação dos filósofos gregos. Entretanto, a área de estudo ganhou destaque a partir do século XX, quando o advento da psicologia. O principal fator que diferencia uma teoria de outra é o ponto de vista sob o qual cada uma trabalha. Existem as teorias que abordam a aprendizagem a partir do 5 comportamento, outras a partir do aspecto humano ou, ainda, aquelas que consideram apenas a capacidade cognitiva de cada um. Como o campo da investigação do conhecimento humano é bastante vasto, algumas teorias obtiveram destaque ao longo do século, servindo como base teórica para os estudos nesta área. 2 PRINCIPAIS TEORIAS: BEHAVIORISMO O behavorismo, ou teoria comportamental, foi desenvolvido nos Estados Unidos da América John Watson (1878-1958) e na Rússia por Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936). Embora as bases desta teoria tenham sido desenvolvidas por estes pesquisadores, foi Burrhus Frederic Skiiner (1904-1990) que a popularizou, através de experimentos com ratos. Em seus experimentos, os ratos eram condicionados a determinadas ações, com recompensas boas ou ruins pelos seus atos. Assim, se moldava o comportamento destes a partir de um sistema de estímulo, resposta e recompensa. Nesta teoria, o comportamento deve ser estudado e sistematizado para que se possa modificá-lo. De acordo com esta teoria, a maneira como o indivíduo aprende é uma grandeza possível de ser mensurada tal e qual um fenômeno físico. Nesta teoria, a aprendizagem, independente da pessoa, deverá seguir as seguintes etapas: – Identificação do problema – Questionamentos acerca dos problemas – Hipóteses – Escolha das hipóteses – Verificação – Generalização. O cérebro a utilizará ao identificar problemas futuros semelhantes 3 PRINCIPAIS TEORIAS: COGNITIVISMO Esta teoria defende que, a capacidade do aluno em aprender coisas novas depende diretamente dos conhecimentos prévios que ele possui. Para estes teóricos, é necessário investigar quais os saberes do aluno acerca do assunto que será 6 ensinado. Depois, deve-se auxiliar o aluno para que ele consiga sistematizar e organizar os novos conhecimentos, através de associações com o seu conhecimento prévio. 4 PRINCIPAIS TEORIAS: CONSTRUTIVISMO O construtivismo é uma abordagem psicológica desenvolvida a partir da teoria da epistemologia genética, elaborada por Jean Piaget. Nesta teoria, o indivíduo aprende a partir da interação entre ele e o meio em que ele vive. O professor é visto como um mediador do conhecimento. Jean Piaget desenvolveu sua teria a partir de várias outras existentes no período, como a do cognitivismo. Para ele, o desenvolvimento da aprendizagem em crianças ocorre pelas seguintes etapas: – Sensório –motor (0 a 2 anos): as ações representam o mundo para a criança. Chorar, chupar o dedo, morder. – Pré-operatório (2 a 7 anos): a criança lida com imagens concretas – Operações concretas (7 a 11 anos): a criança já é capaz de efetuar operações lógicas. – Operações formais (11 em diante) a criança já efetua operações lógicas com mais de uma variável. 5 PRINCIPAIS TEORIAS: INTERACIONISMO A teoria interacionista foi desenvolvida por Lev Vygotsky. Em sua abordagem, o conhecimento é, antes de tudo, impulsionadopelo desenvolvimento da linguagem no ser humano. Sua teoria também considera que a interação entre o indivíduo e o meio em que ele está inserido são essenciais ao processo de aprendizagem e, inclusive, entra em acordo com as etapas do desenvolvimento propostas por Jean Piaget na teoria construtivista. Entretanto, para Vygotsky, é o próprio movimento de aprender e buscar conhecimento que irá gerar a aprendizagem efetiva. Este processo deve ocorrer de fora para dentro, ou seja, do meio social para o indivíduo. 7 Todas estas teorias exerceram (e ainda exercem) profundas influências na maneira como organizamos os processos educacionais em todo o mundo. Ao longo dos anos, cada teoria foi mais adequada para as necessidades de seu tempo, visto que a escola e o mundo do trabalho também sofreram grandes mudanças. A partir dos anos 90, o conceito de inteligências múltiplas, desenvolvido por Howard Gardner, propunha que o ser humano era dotado de várias inteligências diferentes e complementares entre si. Isto explicaria, por exemplo, porque algumas pessoas apresentariam maior facilidade para aprender matemática e ciências exatas, enquanto outros seriam mais rápidos para aprender esportes ou atividades artísticas, como o desenho e a música.1 6 TEORIA DE PIAGET: A APRENDIZAGEM HUMANA Os trabalhos produzidos pelo renomado pesquisador suíço servem como base para explicar muitos elementos da aprendizagem humana. Jean Piaget dedicou boa parte da sua vida a estudar como o conhecimento se dá no indivíduo desde o seu nascimento. Também como ele evolui ao longo dos anos e quais saberes são aprimorados com o passar do tempo. Conceitos como assimilação e acomodação, além de pensamentos mais complexos, como os estágios do desenvolvimento humano e as diferentes fases do amadurecimento da moral, são alguns pontos chave para entender as suas contribuições. Esse seria um bom resumo da teoria de Piaget, mas há muito mais a saber sobre ela. 6.1 O que é a teoria de Piaget Antes de mais nada, é importante fazer um breve resumo da Teoria de Piaget para que você possa se situar e não fique perdido quando entrarmos em conceitos mais complexos. 1 Extraído do link: www.resumoescolar.com.br 8 O pesquisador suíço sempre acreditou que o principal objetivo da inteligência é ajudar as pessoas em sua ambientação ao meio em que vivem. As formas de adaptação têm a ver com atitudes próprias do ser humano, como o surgimento de hábitos e reflexos. De acordo com os seus conceitos, o desenvolvimento cognitivo do homem tem a ver com o acompanhamento de respostas mais elaboradas ao ambiente. Fonte: ufes.br A partir daí o ser humano começa a criar insights, ter sacadas para entender e se adaptar ao seu novo universo. Ou seja, com o passar do tempo, com o conhecimento adquirido e com a maturidade se instaurando, começam a surgir o que o autor chama de manifestações diferenciadas – aquelas que fogem do senso comum, que são próprias e únicas do indivíduo que as praticou. Usando como método de pesquisa a observação e também o raciocínio lógico, Piaget foi além e começou a estudar como o conhecimento se desenvolve, desde os sinais mais primitivos até os mais sofisticados. O autor defende que o crescimento intelectual acontece em partes que evoluem pela equilibração, como chama o autor. 9 Na prática, trata-se da busca da criança pelo equilíbrio entre o que ela descobre em seu habitat e a sua própria capacidade cognitiva. Assim, as estruturas mentais, os esquemas e o modo do jovem pensar servem para que ele, desde pequeno, encare e se molde às dificuldades que aparecerem. 7 O QUE É ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO? Dois elementos chave para entender a aprendizagem humana em Piaget são as definições de assimilação e acomodação. As duas funcionam como ferramentas do conhecimento. Em outras palavras, elas são engrenagens responsáveis por organizar, de maneira progressiva, os saberes humanos. Uma estratégia que o pesquisador utiliza para explicar processos complicados, como a troca de informação que as pessoas fazem com o ambiente – o que pode ser chamado de adaptação -, é se utilizar de termos próprios da biologia. Como exemplo podemos citar a expressão invariantes funcionais. Os mecanismos com essa alcunha, que ajudam a estabelecer a interação adaptativa do homem e meio, nada mais são do que a assimilação e a adaptação. Assimilação Serve para designar um processo no qual uma criança adquire nova informação, que até então não possuía. Um brinquedo diferente ou um desenho animado recém apresentado são experiências que ela tenta acrescentar ao seu cérebro. Ou seja, uma criança está sempre disposta a aprender mais e armazenar informações diferentes das que possui. Um exemplo prático para você entender melhor é quando ela está aprendendo a reconhecer as coisas. Até o momento, acha que todos os objetos que existem são berços. Podemos dizer que o pequeno tem em sua estrutura cognitiva um esquema de berço. 10 Quando é apresentado a essa criança outro objeto que ofereça alguma semelhança, como uma mesa, ela a terá também como berço (grande, quatro pernas, também usada como apoio para trocar sua fralda). Aqui, há um claro caso de assimilação. As proximidades entre o berço e a mesa fazem com que os dois sejam facilmente confundíveis. Isso ocorre por conta da proximidade dos estímulos e de não existir quase nenhuma variedade de esquemas reunidos pela criança até o presente momento. Acomodação Berço e mesa só serão diferenciados a partir do processo de acomodação. Para que isso aconteça, no entanto, será necessária a participação direta do adulto. Cabe a ele corrigir o seu filho quando apontar a mesa e falar berço. A partir dessa intervenção, deixando claro que o objeto em questão é outro, a criança vai acomodar essa informação e criar um novo esquema. Agora, ela tem uma definição de berço e outra de mesa. Na prática, a acomodação é determinada a partir do momento em que a criança não consegue registrar uma nova informação, pois não existe uma estrutura cognitiva que se pareça com a novidade descoberta. Nessa situação, é preciso criar um novo esquema ou mudar algum que já exista em seu repertório. Com a acomodação, é possível tentar assimilar o estímulo uma vez mais e, com a mudança na estrutura cognitiva, o novo conhecimento é prontamente assimilado. 8 ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM HUMANA SEGUNDO A TEORIA DE PIAGET A assimilação e a acomodação são as principais responsáveis pelas alterações do desenvolvimento cognitivo. 11 Apesar desse processo se dar durante toda a infância, existem momentos em que essa adaptação acontece de forma distinta. Coincidentemente ou não, esses desequilíbrios se dão de forma diferente conforme a idade em que os pequenos estão. Por isso, Piaget dividiu o aprimoramento da aprendizagem em quatro estágios da vida de uma criança. Sensório-motor (0 aos 2 anos) Período no qual a criança não tem nenhuma autonomia e onde ainda não são traçados planos. Ela está presa na atividade do agora. Sugar o peito da mãe, morder e soltar brinquedos são suas principais ações. O máximo que um bebê nessa idade consegue fazer é usar a chamada pré- lógica, que é ordenar objetos do maior para o menor, colocar uns sobre os outros ou ainda encaixar bases iguais em orifícios de mesmo desenho. As primeiras noções do eu começam a ser construídas. Aqui, já é possível diferenciar sua existência física a parte do universo que o rodeia.Um bebê de cinco meses brinca com um objeto que estiver à sua frente. Agora, se a peça for escondida, ele já vai agir como se o utensílio nunca tivesse sequer existido. É diferente de uma criança de oito, nove meses, que já consegue notar que o objeto sumiu e começa a brincar de esconde-esconde com ele. Cada novo encontro representa uma felicidade imensa. Importante dizer que alguns pontos foram mudando desde que a Teoria de Piaget foi criada. Muitas pessoas tendem a achar que os bebês de hoje são mais inteligentes que os de alguns anos atrás. Um dos motivos que levam a essa conclusão é o quarto dos pequenos. Há alguns anos, acreditava-se que para uma criança absorver tudo que aprendeu no dia, era preciso um cômodo escuro e extremamente silencioso. Com o passar do tempo, foi se notando que paredes pintadas em cores mais quentes e músicas no ambiente podem ser muito mais estimulante para os bebês. 12 Fonte: granada.isepclinic.es Pré-operatório (2 aos 7 anos) O período sensório-motor vai ficando um pouco de lado e o imediatismo começa a dar lugar à função simbólica, que é a necessidade do pequeno se adequar ao meio em que vive. O pré-operatório é marcado pelo início da linguagem oral, que é quando a criança começa a externar em palavras aquilo que assimilou e acomodou no passado. É uma fase em que o ego fala mais alto. Tudo gira em torno do seu umbigo. Se alguém pergunta qual é o bebê mais lindo do mundo, a resposta certamente será: “eu”. O animismo também é algo marcante. Sentimentos pessoais são transmitidos para objetos inanimados e animais. Você vai ouvir do seu filho: “cadeira boba, machucou o meu dedinho” ou “cachorro mau, latiu forte para mim”. Até essa faixa etária, as crianças são incapazes de entender que trocar um objeto de lugar ou a sua forma não vai alterá-lo para sempre. O exemplo clássico disso é o da massinha de modelar. 13 Duas massas podem ser exatamente iguais, mas se você a achatar um pouco, o pequeno vai jurar de pés juntos que essa é mais leve que aquela outra, que não foi mexida. Operações concretas (7 aos 12 anos) A criança deixa um pouco de se achar o centro do universo e começa a desenvolver um conhecimento que tem mais a ver com as outras pessoas mais velhas. Para usar outro exemplo que não o da massinha de modelar, ela consegue compreender que dez peças de dominó colocadas cinco em cima e cinco embaixo é igual a todas elas enfileiradas, exceto pela sua disposição. Elas continuam sendo uma dezena de retângulos pontilhados. Ou seja, além da ideia desses objetos concretos, agora é possível fazer operações mentais com eles. Por outro lado, a percepção em situações que não são palpáveis ainda está confusa. As primeiras noções de tolerância também são sentidas nessa fase. Com o egocentrismo de lado, é possível ver que existem opiniões, emoções e carências diferentes das suas. Operações formais (12 anos em diante) Etapa onde o desenvolvimento da inteligência dá o maior salto. É quando o adolescente começa a realizar operações mentais com abstrações e não somente com o concreto. Os hormônios também começam a agir e não apenas no corpo as mudanças passam a aparecer. O comportamento também é afetado: sentimentos como revolta, incerteza e idealismos como “eu vou mudar o mundo” são clichês, mas reais para eles. Problemas matemáticos mais complexos também começam a ser resolvidos. Isso porque a lógica já está bastante aguçada. Talvez a forma mais fácil de diferenciar a fase das operações concretas das formais seja através de combinações aritméticas. 14 Um exemplo usado por Piaget é o número de sequências que se pode fazer com os elementos ABCD. Enquanto um adolescente no período formal vai procurar estabelecer a lógica para elucidar o desafio – mudar primeiro a última letra, depois a penúltima -, o jovem na fase concreta provavelmente vai estabelecer uma ordem aleatória, sem uma metodologia sistêmica. Embora o Modelo de Desenvolvimento de Aprendizagem de Piaget seja muito completo e fiel à realidade, nunca é demais ressaltar que ele pode variar conforme a idade e de criança para criança. É como aquele aluno adiantado da turma, que mesmo sendo o mais novo da galera, acompanha as lições tão bem quanto os outros. 9 TEORIA DE PIAGET E O DESENVOLVIMENTO DA MORAL O desenvolvimento da aprendizagem, da cognição e da moral são muito bem amarradas entre si, segundo a teoria de Piaget. Para abrirmos essa última parte, é importante começar pontuando que o pesquisador defende que crianças entre cinco e dez anos de idade tomam suas decisões éticas a partir do que uma autoridade acredita que é certo. As regras de professores e responsáveis não mudam e os pequenos as seguem por receio de serem castigados. Depois desse primeiro momento, os jovens passam a ter um poder de decisão um pouco maior em relação ao que acreditam ser certo e errado. O autor suíço divide esse período – da infância até o início da adolescência – em três fases. Conheça um pouquinho mais de cada uma delas. Anomia Etapa que vai até, mais ou menos, os cinco anos da criança. Nessa fase, normalmente não existe moral. As normas de conduta são guiadas pelas vontades mais elementares. 15 A obediência de uma regra se dá pelo hábito e não pela distinção do que é correto ou não. Por exemplo, um bebê que está com a fralda suja, não vai parar de chorar até que ela seja trocada. Heteronomia A fase seguinte, que costuma ir até os dez anos de idade, já identifica um outro tipo de comportamento. Aqui, o que é certo está correto e ponto final, não existe margem para interpretação. Do mesmo modo, o errado, por mais que seja por uma causa nobre, continua sendo incorreto. O fato de uma criança não fazer o dever de casa por cuidar do irmãozinho que estava doente é tão grave quanto ele não realizar os temas por pura preguiça. Autonomia Depois dos dez anos, começa a última fase do desenvolvimento da moral. A partir do início da adolescência, o respeito às normas de conduta é feito através de acordos entre responsáveis e jovens. Faltar aula nunca é bom, mas a ausência por motivo de saúde é bem diferente de não responder à chamada para ir ao shopping, em uma matinê, ver a estreia de um filme no cinema. Cabe aos pais e aos educadores conduzir esse desenvolvimento moral das crianças em todas as fases, até atingir sua autonomia. É importante ressaltar também que, apesar dessas etapas mostrarem um comportamento padrão, há sempre particularidades a serem tratadas com as diferentes faixas etárias. 9.1 Teoria de Piaget e as consequências na área pedagógica Os ensinamentos da teoria de Piaget saíram dos livros e podem ser vistos na prática, dentro das salas de aula. 16 Seu legado e sua contribuição na pedagogia são inestimáveis. Talvez a principal delas seja a de respeitar as particularidades de cada fase do desenvolvimento e estimular as atividades naturais dos alunos. Um ensino mais desafiador, que envolva a reflexão e a descoberta de novos conteúdos por parte dos alunos, assim ampliando seus esquemas mentais, também é uma herança deixada pelo suíço. Essa metodologia pode levar os estudantes a acionar seus aprendizados cognitivos e, assim, desenvolver uma série de ações que vão desde a localização no tempo e espaço, passando pela proposição e comprovação de hipóteses até a justificativa por escolhas realizadas. Elementos como interação social e linguagem também passaram a ter um espaço vital dentro das salas de aula. A troca de ideiase a cooperação por meio de trabalhos em grupo e debates são enriquecedores para o ensino. A teoria de Piaget sempre defendeu que o convívio coletivo favorece a aprendizagem, pois as crianças podem comparar pontos de vista e ver que há diferentes interpretações para situações iguais, dependendo da ótica de cada um. Esse vai e vem de informações favorece o pensamento reverso, a reciprocidade e a mutualidade no tratamento recíproco. Em outras palavras, contribui para a passagem da heteronomia para a autonomia. A Teoria de Piaget, de mais de meio século, tem aplicações bastante práticas até hoje. Não por acaso, suas descobertas impactaram a educação mundial de forma definitiva. Sempre com o objetivo de auxiliar a criança a desenvolver suas capacidades operativas de pensamento, as conclusões dos estudos do pesquisador fizeram com que se entendesse mais a fundo a aprendizagem humana. Um universo novo se abriu, onde ocupar espaço no HD da máquina e depois deixar essas informações acumulando pó não fazia sentido. 17 Era preciso, de fato, adquirir conhecimentos novos, que permitissem à criança raciocinar por ela própria – e não uma cópia e cola automático, que não gera reflexão - com pensamentos coerentes, críticos e criativos.2 9.2 Psicologia da aprendizagem O comportamento humano é apreendido, no meio social em que nos encontramos, desta forma uma das questões centrais dos estudos da Psicologia é a aprendizagem. O homem é de todas as espécies animais, a mais evoluída, desta forma, seu modo de ser evoluiu, ao longo da história de tal forma que os comportamentos instintivos foram aos poucos sendo deixados para trás, hoje correspondendo apenas aqueles necessários a sobrevivência de nossa espécie. Dependemos da aprendizagem para sobreviver, pois, precisamos aprender a comer, andar, falar, enfim, a ser homens. Esse processo se estende do momento em que nascemos até nossa morte. Para estar no mundo, sobreviver, necessitamos apreender. Essa possibilidade, dada pela aprendizagem, faz com que seja possível, as gerações tirar proveito de experiências anteriores a nossa, acrescentando a contribuição de nosso tempo, promovendo o progresso. Em nossa caminhada, aprendemos comportamentos úteis, e necessários a nosso crescimento pessoal e profissional, porém nesse processo também aprendemos comportamentos inúteis e prejudiciais, podemos dar como exemplo o hábito de fumar ou beber. A análise psicológica a respeito da aprendizagem se baseia em vários conceitos, que levam em conta a forma como esse processo se dá, nos diferentes sujeitos. Para tanto se observa a maturação física, as descobertas, o erro, que nos levam a apresentar um comportamento que anteriormente não existia a respeito de determinado evento ou conteúdo. Dessa forma: 2 Extraído do link: www.sbcoaching.com.br 18 São muitas as questões consideradas importantes pelos teóricos da aprendizagem. Qual o limite da aprendizagem? Qual participação do aprendiz no processo? Qual a natureza da aprendizagem? Há ou não motivação subjacente ao processo? As respostas a essas questões têm originado controvérsias entre os estudiosos. Existem diversas teorias sobre aprendizagem, mas podemos dividi-las em dois grupos: as comportamentais e as cognitivas. As teorias comportamentais defendem que a aprendizagem acontece com base no comportamento dos indivíduos, desta forma devem ser levadas em conta questões ambientais, que segundo esta proposta proporciona a aprendizagem. A aprendizagem diante desta proposta se dá através de uma vinculação entre estimulo e resposta. Segundo esta concepção, aprendemos hábitos, isto é, através da prática. As teorias cognitivistas, defendem que a aprendizagem acontece através da relação do sujeito com o meio que o circunda, levando a uma organização interna como forma de interação com o mundo. Defendem que aprendemos por uma associação entre ideias e nossa experiência. Aprofundando o conceito de cognição pode-se dizer que: Cognição é o “processo através do qual o mundo de significados tem origem. À medida que o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros significados. Tem origem, então, a estrutura cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se nos ‘pontos básicos de ancoragem’ dos quais derivam outros significados”. A denominação dos cognitivistas dada à aprendizagem se refere à integração entre a organização das informações e o material, a estrutura cognitiva. Dentro desta perspectiva existem duas formas de aprendizagem, sendo elas: A aprendizagem mecânica – onde o processo de aprendizagem acontece sem uma conexão com informações anteriores, este não se liga a conceitos específicos. Podemos utilizar como exemplo quando memorizamos um conteúdo para uma prova específica, sem relacioná-lo a outros conceitos. A aprendizagem significativa – esta se relaciona com outros conceitos disponíveis na estrutura cognitiva, servindo de ponto de ancoragem para outros conceitos que se seguirão. 19 Os pontos de ancoragem são de grande relevância para a aprendizagem significativa. Fonte: www.a12.com Assim pode-se dizer que: Os pontos de ancoragem são formados com a incorporação, à estrutura cognitiva de elementos (informações ou ideias) relevantes para a aquisição de novos conhecimentos e com a organização destes, de forma a, progressivamente, progressivamente, generalizarem-se, formando conceitos. Partindo de conceitos simples é possível a criança diferenciar conceitos e chegar até outros mais complexos, não só a criança, mas todo o indivíduo que está inserido no processo de aprendizagem, seja de modo formal ou informal. A partir das concepções acima descritas surgem várias teorias com o objetivo de analisar, discutir e desenvolver formas de tornar a aprendizagem mais interessante para os educandos. Jerome Bruner, famoso psicólogo, desenvolveu um grande trabalho com respeito a teoria cognitivista de aprendizagem, sendo considerado um o representante máximo dessa corrente. Sua teoria enfatiza a importância da motivação, a respeito BARROS salienta: [...] acredita que há dentro do indivíduo, desde o nascimento, forças poderosas que o levam a aprendizagem, como a curiosidade, o desejo de adquirir competência e o 20 desejo de trabalhar cooperativamente com outras pessoas, que Bruner chama reciprocidade. Em sua teoria o psicólogo considera o valor do reforço como uma questão transitória, por se apresentar como uma motivação externa, defende a necessidade do feedback, que se caracteriza pelo retorno ao aprendiz a respeito de seu processo de conhecimento. Toda a aprendizagem, que se baseia na instrução do educando deve, segundo o teórico dar meios para que este desenvolva a capacidade de autocorreção, ou seja, o reforço deve criar meios para que com o próprio desenvolvimento o estudante sinta- se capaz de avaliar seus próprios erros. Dentro dessa proposta salienta a necessidade de despertar junto aos educandos a investigação para que estes sejam capazes de ir adiante, motivados. Destaca-se aqui, segundo BOCK, a estrutura da matéria: Para se dar conta do primeiro aspecto (estrutura da matéria), Bruner propõe que os especialistas nas disciplinas auxiliem a estruturar o conteúdo de ensino a partir dos conceitos mais gerais e essenciais da matéria e, a partir daí, desenvolvam-no como uma espiral – sempre dos conceitos mais gerais para os particulares,aumentando gradativamente a complexidade das informações. Por exemplo, em Física é necessário começarmos pela noção de energia, em Psicologia pela noção da vida psíquica e em história pelas noções de Homem, Natureza e Cultura. O método proposto por Bruner sugere que o ensino seja voltado para a compreensão do educando, para tanto é fundamental que os professores conheçam a realidade de seus aprendizes. A motivação é um dos fatores mais importantes no processo de aprendizagem, onde devem estar relacionadas as questões da necessidade, do ambiente e do objeto a ser apreendido, na tarefa de compreender conceitos, o aprendiz deve ser instigado a satisfazer sua necessidade, criando assim uma aprendizagem significativa. No panorama contemporâneo, as teorias de Vygotsky e Piaget, se destacam na relação de ensino-aprendizagem, por salientarem uma construção da aprendizagem centrada no desenvolvimento infantil e suas possibilidades, levando em conta o meio que cerca a criança em seu desenvolvimento. A psicolinguística argentina Emília Ferreiro, se embasou em Vygotsky e Piaget, para formular sua teoria, suas contribuições são de grande importância para a 21 educação brasileira, pois contribuíram sobre maneira na revisão de educadores sobre seus métodos de ensino relacionados a alfabetização infantil. Suas investigações se basearam no processo de aquisição e elaboração de conhecimentos pela criança, seu foco de concentração assim como o de Piaget, está nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e a escrita. Com base em seus estudos, fica clara papel da criança como um agente ativo na aprendizagem, desta forma o foco que anteriormente se remetia à escola, volta à atenção para o sujeito que conhece. A psicolinguística salienta o caráter evolutivo da aprendizagem da escrita, para que a criança consiga descobrir o caráter simbólico da escrita, é necessário oferecer condições em que a escrita se torne objeto de seu pensamento. Este aprendizado apresenta-se como fundamental no processo de aprendizagem, bem como os aspectos relacionados a percepção e à motricidade. Como forma de situação de aprendizagem, propõe a valorização das histórias contadas pela criança e de suas tentativas de escrita, características que geram a descoberta do uso social da linguagem, com isso o conhecimento espontâneo da criança passa a fazer parte do ensino tornando-o mais significativo. A escrita possui um caráter evolutivo, onde é possível observar: [...] que os primeiros registros da sílaba são feitos com apenas uma letra, à qual se agregarão outras, posteriormente, levou Ferreiro à interpretação de que estes são fatos naturais do percurso, ou seja, são erros naturais e necessários à construção da aprendizagem. A construção do conhecimento se caracteriza como um processo evolutivo, onde deve se levar em conta as capacidades da criança de apreender o objeto e possibilitar esta interação de forma que seu mundo de significados seja respeitado e levado em conta. Nossa aprendizagem formal e informal se caracteriza por uma construção que envolve o erro como possibilidade de caminhada rumo ao acerto. Valorizar essa possibilidade no educando é uma forma de construir com ele uma aprendizagem significativa, onde o sujeito de tal processo passa a ser levado em conta, não como mero deposito de conhecimentos, mas como um agente ativo, que possui uma história além da instituição, onde se exprime um conhecimento. Cabe aos professores, olhar o ato de educar como possibilidade de construção com o educando. 22 A desconsideração total pela formação integral do ser humano e a sua redução a puro treino fortalecem a maneira autoritária de falar de cima para baixo. Nesse caso, falar a, que na perspectiva democrática é um possível momento da com falar com, nem sequer é ensaiado. A desconsideração total pela formação integral do ser humano, a sua redução a puro treino fortalecem a maneira autoritária de falar de cima para baixo a que falta, por isso mesmo, a intenção de sua democratização no falar com. Na construção de uma aprendizagem significativa, cabe ao educador levar em conta a perspectiva do educando, como forma de qualificar o processo de ensino- aprendizagem.3 A aprendizagem significativa se caracteriza pela interação entre novos conhecimentos e o conhecimento prévio do aluno. Sendo que nessa interação os novos conhecimentos adquirem significado para o sujeito e os conhecimentos prévios adquirem novos significados ou maior estabilidade cognitiva. Duas dimensões do processo de aprendizagem, relativamente independentes, são importantes na aprendizagem significativa: (i) o modo como o conhecimento a ser aprendido é tornado disponível ao aluno (por recepção ou por descoberta); e (ii) o modo como os alunos incorporam essa informação nas suas estruturas cognitivas já existentes (mecânica ou significativa). A aprendizagem significativa só ocorre quando o novo material, que apresenta uma estrutura lógica, interage com conceitos relevantes e inclusivos, claros e disponíveis na estrutura cognitiva. Quando conceitos relevantes não existem na estrutura cognitiva do sujeito, novas informações têm que ser aprendidas mecanicamente, não se relacionando a nova informação com os conceitos já existentes. A aprendizagem significativa proposta por Ausubel (1981) dá pouca atenção à aprendizagem por descoberta priorizando a assimilação. Isso significa que, na aprendizagem significativa o que o aluno já sabe é fundamental. 3 Extraído do link: www.gestaouniversitaria.com.br 23 Pois é por meio do que o aluno já sabe que ele estabelece relações com o conhecimento novo apresentado. Essas relações entre o conhecimento novo e o antigo é intermediado por organizadores prévios. Esses organizadores funcionam como uma ponte cognitiva e servem como ancoradouro, na estrutura cognitiva, para o novo conhecimento. Se conceitos relevantes não estiverem disponíveis na estrutura cognitiva de um aluno, os organizadores prévios serviriam para ancorar as novas aprendizagens e levar ao desenvolvimento de um subsumir que facilitasse a aprendizagem subsequente. A aprendizagem passa a ser encarada como um processo interno e pessoal. Que implica o aluno na construção ativa do conhecimento e que progride no tempo de acordo com os interesses e capacidades de cada um. 9.3 O que a aprendizagem significativa tem a ver com o construtivismo? A aprendizagem significativa é um conceito subjacente às teorias construtivistas de aprendizagem. Os modelos pedagógicos construtivistas dão especial realce às construções prévias dos alunos na medida em que filtram, escolhem, decodificam e reelaboram informação que o indivíduo recebe do meio. Por outras palavras, o conhecimento prévio ou as concepções pré-existentes orientam os alunos na compreensão da nova informação apresentada pelos professores ou pelos manuais. Se as concepções prévias dos alunos se articulam com a versão científica, ocorre apreensão conceitual. Mas se entram em conflito com a versão científica, ocorre, então, mudança conceitual. Em uma ótica piagetiana, ensinar seria provocar desequilíbrio cognitivo no aprendiz. 24 Fonte: escoladainteligencia.com.br Para que, ele procurando o reequilíbrio se reestruturasse cognitivamente e aprendesse (significativamente). O mecanismo de aprender de uma pessoa está relacionado a sua capacidade de reestruturar-se mentalmente. E está relacionado a buscar um novo equilíbrio (novos esquemas de assimilação para adaptar-se à nova situação). O ensino deve ativareste mecanismo. Para Vygotsky, o único bom ensino é aquele que está à frente do desenvolvimento cognitivo e o dirige. Isso significa que, a única boa aprendizagem é aquela que está avançada em relação ao desenvolvimento. A interação social que leva à aprendizagem deve ocorrer dentro daquilo que ele chama de zona de desenvolvimento proximal. A zona de desenvolvimento proximal é distância entre o nível de desenvolvimento cognitivo real do indivíduo, tal como poderia ser medido por sua capacidade de resolver problemas sozinho e seu nível de desenvolvimento potencial, tal como seria medido por sua capacidade de resolver problemas sob orientação ou em colaboração com companheiros mais capazes. Para facilitar a aprendizagem significativa é preciso dar atenção ao conteúdo e à estrutura cognitiva, procurando “manipular” os dois. 25 É necessário fazer uma análise conceitual do conteúdo para identificar conceitos, ideias, procedimentos básicos e concentrar neles o esforço instrucional. É importante não sobrecarregar o aluno de informações desnecessárias, dificultando a organização cognitiva. É preciso buscar a melhor maneira de relacionar, explicitamente, os aspectos mais importantes do conteúdo da matéria de ensino aos aspectos especificamente relevantes de estrutura cognitiva do aprendiz. É indispensável uma análise prévia daquilo que se vai ensinar. Nem tudo que está nos programas e nos livros e outros materiais educativos do currículo é importante. Além disso, a ordem em que os principais conceitos e ideias da matéria de ensino aparecem nos materiais educativos e nos programas muitas vezes não é a mais adequada para facilitar a interação com o conhecimento prévio do aluno. A análise crítica da matéria de ensino deve ser feita pensando no aprendiz. De nada adianta o conteúdo ter boa organização lógica, cronológica ou epistemológica, e não ser psicologicamente aprendível. Materiais introdutórios apresentados antes do material de aprendizagem em si, em um nível mais alto de abstração, generalidade e inclusividade, podem ajudar. Sua principal função é a de servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber a fim de que o novo material possa ser aprendido de maneira significativa. Seriam uma espécie de “ancoradouro provisório”. 10 COMO INCORPORAR NAS AULAS A teoria de Ausubel oferece, alguns princípios e estratégia que ele crê serem facilitadores da aprendizagem significativa. A estratégia do mapeamento conceitual trata-se de uma técnica que, como sugere o próprio nome, enfatiza conceitos e relações entre conceitos à luz dos princípios da diferenciação progressiva e reconciliação integrativa. Os mapas conceituais podem ser usados como recurso didático, de avaliação e de análise de currículo. Podem também servir como instrumento de metacognição, de aprender a aprender. 26 No entanto, mapas conceituais e aprendizagem significativa não são sinônimos. Dependendo de como são utilizados, mapas conceituais podem gerar aprendizagem mecânica. Por exemplo, se existir um “mapa correto” que os alunos devem reproduzir.4 11 ENTENDA TUDO SOBRE A TEORIA DE APRENDIZAGEM DE VYGOTSKY A teoria de aprendizagem de Vygotsky — psicólogo bielorrusso que morreu há mais de 80 anos — tem uma ênfase importante no papel das relações sociais no desenvolvimento intelectual. Para ele, o homem é um ser que se forma em contato com a sociedade. “Na ausência do outro, o homem não se constrói homem”, diz. Sua compreensão é a de que a formação se dá na relação entre o sujeito e a sociedade a seu redor. Assim, o indivíduo modifica o ambiente e este o modifica de volta. Dessa maneira, a interação que cada pessoa estabelece com um ambiente, a experiência pessoalmente significativa, é muito importante para ela. Por isso, a teoria de aprendizagem de Vygotsky ganhou o nome de socioconstrutivismo e tem como temas centrais o desenvolvimento humano e a aprendizagem. A partir desse entendimento, seu estudo tem peso nas possíveis rupturas do processo de construção das ideias pedagógicas. Afinal, a base de seus estudos é a psicologia evolutiva e a perspectiva usada para concebê-los é a da função social do professor. O contexto social é, então, determinante quando se fala em desenvolvimento cognitivo e, assim, o profissional tem de responder aos desafios impostos pela diversidade na sala de aula. Quando o professor aplica esse conhecimento no processo ensino- aprendizagem, ele pode acompanhar, no decorrer do desenvolvimento infantil, a evolução da manifestação de pensamento e da expressão (verbal ou não) da criança. Segundo o teórico, grande parte do desenvolvimento infantil ocorre pelas interações com o ambiente, que determinam o que a criança internaliza. Quer saber mais sobre o tema? Confira o texto a seguir! 4 Extraído do link: pontodidatica.com.br 27 Papel do professor na aprendizagem Estudioso do processo de aprendizagem, Vygotsky defende que ela é resultante da atividade de cada pessoa e da reflexão que ela consegue fazer a partir daquilo. Ou seja, cada aluno é um agente ativo nesse processo. Dessa forma, o papel do professor consiste em guiá-lo enquanto fornece as ferramentas adequadas para que seu desenvolvimento cognitivo ocorra da forma mais apropriada. Assim, a função do profissional é conduzir o indivíduo até a aquisição do conhecimento. Afinal, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter sempre a participação de um adulto. Depois que internaliza um procedimento, ela se apropria dele e o torna voluntário. O papel do educador, então, é ativo e determinante nesse processo. Estruturas mentais Para educar, o professor deve entender as estruturas mentais e seus mecanismos. No contexto educacional, os conceitos da teoria de aprendizagem de Vygotsky percebem a escola como o local onde a intervenção pedagógica é intencional e é isso o que promove o processo de ensino-aprendizagem. Para o estudioso, a aquisição do conhecimento ocorre por mediação, convivência, partilha e assim por diante até que diversas estruturas sejam internalizadas. Um de seus principais conceitos é a zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que destaca o papel do outro — em especial o do professor. A ZDP, segundo seu criador, é a distância entre o desenvolvimento real de uma criança e o que ela ainda tem o potencial de aprender. Esse potencial é demonstrado pela capacidade de desenvolver uma competência com a ajuda de um adulto. O profissional interfere de forma objetiva, intencional e direta na ZDP. O aluno é aquele que aprende os valores, a linguagem e o conhecimento que seu grupo social produz a partir da interação com o outro — no caso, o professor. Segundo Vygotsky, o aprendizado não se subordina totalmente ao desenvolvimento das estruturas intelectuais: um aspecto se alimenta do outro. Por isso, o ensino deve se antecipar àquilo que a criança ainda não sabe e nem é capaz 28 de aprender sozinha. Para ele, na relação entre aprendizado e desenvolvimento, o primeiro vem antes. 12 MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Nesse cenário, um dos recursos mais úteis é o trabalho de pares. Afinal, a ZDP é o caminho entre o que a criança consegue fazer sozinha e o que ela está perto de conseguir fazer sozinha. O professor deve ser capaz de identificar essas duas capacidades e, a partir disso, determinar qual deve ser o percurso de cada aluno entre elas. Por isso, a relação entre professor e estudante deve ser de cooperação, respeito e crescimento, não de imposição. A criança deveser considerada ativa no processo de construção de conhecimento. O educador é o suporte para que a aprendizagem seja satisfatória. O educador deve, então, interferir na ZDP do estudante com metodologia. Para Vygotsky, isso ocorre pela linguagem — pelo diálogo entre professor e aluno. Esse conceito é essencial na adaptação na educação infantil e o papel do professor é fazer com que a criança se sinta estimulada. 12.1 Principais definições da Teoria de Aprendizagem de Vygotsky Segundo o estudioso, o desenvolvimento da linguagem implica o desenvolvimento do pensamento, já que é pelas palavras que o pensamento ganha existência. Para ele, a linguagem tem duas funções básicas: intercâmbio social e pensamento generalizante. O intercâmbio social é bem visível em bebês, por exemplo: por meio de gestos, expressões e sons, eles demonstram sentimentos, desejos e necessidades. O pensamento generalizante ocorre quando se fala uma palavra: ao dizer, por exemplo, frango, o pensamento classifica a palavra em “animais” e remete à imagem dele. 29 Fonte: pedagogiaaopedaletra.com Assim, as funções psicológicas superiores, ou seja, as ações e os pensamentos inteligentes que só são encontrados no homem (como pensar, refletir, organizar, categorizar, generalizar e outros), são construídas ao longo de sua história social. Os pilares da teoria de aprendizagem de Vygotsky são: As funções psicológicas têm suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral. O cérebro é um sistema aberto, com estruturas que são moldadas ao longo da história do homem e de seu desenvolvimento individual; O funcionamento psicológico tem como base as relações sociais dentro de um contexto histórico; A cultura é parte essencial do processo de construção da natureza humana; A relação entre o homem e o mundo é mediada por sistemas simbólicos, que auxiliam a atividade humana. Conceitos de aprendizagem As observações de Vygotsky foram obtidas a partir de um estudo com primatas. Ao avaliar os animais, o teórico percebeu que existe uma inteligência prática em ação, já que eles conseguem atingir um nível em que podem resolver problemas ao seu redor com o uso de instrumentos. 30 A partir disso, ele formulou alguns conceitos. Linguagem e pensamento A fase da resolução de problemas no entorno foi chamada pelo psicólogo de “linguagem pré-intelectual”. Paralelamente, o estudioso percebeu que os primatas usam expressões faciais, gritos e urros para se comunicar — algo que chamou de “pensamento pré-verbal”. Quando analisou crianças, ele notou que elas passam por um processo semelhante. Depois, por volta dos dois anos de idade, a linguagem pré-intelectual e o pensamento pré-verbal se unem e dão origem à linguagem intelectual e ao pensamento verbal. Nesse momento, seu vocabulário ganha mais consistência, ela passa a questionar o que lhe intriga e sua linguagem e seu pensamento passam a ser internalizados. Isso ocorre em três momentos: Fala social (ou exterior): a comunicação engloba elementos do entorno e tem como finalidade apenas a comunicação com adultos; Fala egocêntrica: a prioridade não é ser ouvida pelo adulto, mas ela ainda não saber expressar sua fala apenas para si; Fala interior: quando atinge a potencialidade da reflexão. 13 MEDIAÇÃO SEMIÓTICA A mediação é um conceito central da teoria de aprendizagem de Vygotsky e representa a intervenção de um elemento intermediário em uma relação. Os mediadores podem ser instrumentos ou signos. Instrumentos são objetos criados pelo homem para facilitar sua vida e signos são fatores psicológicos que auxiliam nos processos internos. A significação pressupõe a criação e o uso de signos por meio dos quais é possível construir novas conexões cerebrais. Com isso, a partir dos processos mentais elementares ocorre o desenvolvimento mental superior, que usa a mediação semiótica. Tanto os instrumentos quanto os signos ajudam o homem a agir no mundo. 31 Assim, quando o indivíduo cria uma lista de supermercado, por exemplo, ele está usando signos. Afinal, trata-se de um suporte psicológico que pode auxiliá-lo, mais tarde, a fazer as compras no mercado. De acordo com o teórico, quando nasce, a criança interage com o ambiente de forma típica e peculiar. A forma mais elementar de relação do homem com o ambiente tem uma ligação direta de estímulo-resposta. É por isso, por exemplo, que se retira a mão rapidamente ao ter contato com uma superfície quente. O processo de educação ocorre, então, por meio da mediação semiótica. Ela, por sua vez, atua na construção de processos mentais superiores. Essa construção é prolongada e complexa, pois passa por uma série de transformações qualitativas em que um estágio é precondição para o próximo (que é uma ampliação ou uma inovação de um antecedente). Internalização Para o estudioso, o ambiente tem papel fundamental no desenvolvimento intelectual da criança. Ou seja, o desenvolvimento ocorre de fora para dentro. Assim, a internalização, que permite absorver o conhecimento vindo do contexto, é fundamental. As influências sociais, então, em vez de biológicas, são a base da teoria de aprendizagem de Vygotsky. A internalização está diretamente relacionada à repetição: a criança se apropria da fala do outro e a torna sua. Isso ocorre no processo de socialização, já que, quando se relaciona com o adulto, a criança reconstrói as formas culturais, o pensamento, as significações e os usos das palavras. Em resumo, todos os dias, em todos os lugares, a criança observa o que as pessoas dizem, como o dizem, o que fazem e por que o fazem. Ela, então, internaliza tudo isso e o transforma em sua propriedade. Para isso, ela recria, dentro de si, as conversações e demais interações observadas. Esse processo é essencial para o crescimento do funcionalismo psicológico humano. Afinal, ele compreende uma atividade externa que deve ser mudada para tornar-se uma atividade interna: assim, ela começa como interpessoal e se torna intrapessoal. 32 Dessa forma, quando uma criança está na cozinha, por exemplo, e a mãe lhe diz apenas para não mexer no fogo, ela perde a chance de lhe ensinar algo. Se, ao contrário, disser que, se mexer no fogo ela pode se machucar, a criança pode internalizar esse aprendizado e usá-lo em outras circunstâncias. Assim, os adultos podem ajudar a ampliar o conhecimento da criança e facilitar sua aprendizagem por meio das interações que têm com ela. Dessa forma, sempre que há algum tipo de troca, há aprendizagem, já que o homem não é um ser passivo. Zonas de desenvolvimento Como na teoria de aprendizagem de Vygotsky, o desenvolvimento da criança está diretamente relacionado à sua socialização, ele categorizou esse processo em três níveis. 1. Zona de desenvolvimento real: refere-se às etapas já alcançadas pela criança e que permitem que ela solucione problemas de forma independente. 2. Zona de desenvolvimento potencial: é a capacidade que a criança tem de desempenhar tarefas desde que seja ajudada por adultos ou companheiros mais capazes. 3. Zona de desenvolvimento proximal: é a distância entre as zonas de desenvolvimento real e potencial. Ou seja, é o caminho a ser percorrido até o amadurecimento e a consolidação de funções. Isso significa que, antes mesmo de frequentar a escola, a criança desenvolve seu potencial a partir das trocas estabelecidas e adquire conhecimento. Quando vai para o ambiente escolar, ela se familiariza com esse mundo e sai da zona de desenvolvimento real para, com auxílio do professor, atingir seu desenvolvimentopotencial. A noção de desenvolvimento remete a um contínuo de evolução. Assim, é como se o indivíduo caminhasse ao longo do ciclo vital. Essa evolução nem sempre é linear e ocorre nos aspectos afetivo, cognitivo, social e motor. O processo inclui tanto a maturação biológica quanto as interações com o meio. A cultura ao redor do indivíduo é uma das principais influências nesse processo. Pela interação social, cada pessoa aprende, se desenvolve, cria formas de agir no mundo e amplia os meios de atuar no complexo contexto que a cerca. 33 14 O QUE É A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA? Para conhecer a natureza da aprendizagem significativa é preciso compreender que a teoria de Ausubel é uma teoria destinada a uma aplicação direta. David não procurava simplesmente descrever os diferentes tipos de aprendizagem; ele estava interessado em provocar uma mudança na instrução. Como mencionamos antes, é difícil que uma aprendizagem literal ou superficial modifique as representações do sujeito, o que faz com que nos questionemos se podemos falar, nestes casos, de uma aprendizagem real. Precisamente nasce daqui a necessidade de entender o que é a aprendizagem significativa. A aprendizagem significativa é uma aprendizagem relacional. Está relacionada com os conhecimentos prévios e experiências vividas. Supõe uma modificação ou uma maneira de complementar nossos esquemas ou representações da realidade, conseguindo desta forma uma aprendizagem profunda. Não são simplesmente dados memorizados, mas sim um marco conceitual sobre como vemos e interpretamos a realidade que nos rodeia. Um aspecto chave deste tipo de aprendizagem é a relação cíclica existente entre nosso marco conceitual ou esquemas e a percepção da realidade material. Nós observamos a realidade material e, graças a nossos conhecimentos e esquemas prévios (marco conceitual), construímos uma representação da mesma. Ao construir uma representação da realidade, esta se incorpora em nosso marco conceitual, mudando ou complementando nosso conhecimento e esquemas. Desta maneira, as representações adicionadas influenciarão a criação de novas representações, criando assim um ciclo “representação – novo marco conceitual – representação”. Implicações na instrução Esta teoria tem fortes implicações na hora de mudar os métodos de instrução. Se dermos uma olhada superficial na educação atual, nos daremos conta de diversos erros. O sistema é feito para favorecer uma aprendizagem de memorização ou literal, fazendo com que os alunos aprendam dados, fórmulas ou nomes sem nenhum significado. Além disso, graças ao sistema atual de avaliação baseado em provas, a aprendizagem superficial é favorecida. Isso ocorre porque, para passar nas provas, 34 não é necessário ter uma aprendizagem significativa, e sim tirar uma boa nota. A aprendizagem de memorização dará melhores resultados com um esforço menor. Agora, isso faz com que aqueles que procuram entender a matéria se sintam desanimados ou não entendam por que têm resultados piores. David Ausubel propôs os seguintes princípios que o ensino deveria seguir para conseguir uma aprendizagem significativa em seus alunos: Ter em conta os conhecimentos prévios. A aprendizagem significativa é relacional, sua profundidade está na conexão entre os novos conteúdos e os conhecimentos prévios. Proporcionar atividades que consigam despertar o interesse do aluno. Quanto maior o interesse do estudante, mais disposto ele estará a incorporar o novo conhecimento em seu marco conceitual. Criar um clima harmônico onde o aluno sinta confiança no professor. É essencial que o estudante veja no professor uma figura de segurança para que este não seja um obstáculo na aprendizagem. Proporcionar atividades que permitam ao aluno opinar, trocar ideias e debater. O conhecimento precisa ser construído pelos próprios alunos, são eles os que, através de seu marco conceitual, devem interpretar a realidade material. Explicar por meio de exemplos. Os exemplos ajudam a entender a complexidade da realidade e a conseguir uma aprendizagem contextualizada. Guiar o processo cognitivo de aprendizagem. Por ser um processo onde os alunos são livres na hora de construir o conhecimento, eles podem cometer erros. É função do docente supervisionar o processo e agir como guia durante o mesmo. Criar uma aprendizagem situada no ambiente sociocultural. Toda educação ocorre em um contexto social e cultura; é importante que os alunos entendam que o conhecimento é de caráter construído e interpretativo. Entender o porquê das diferentes interpretações ajudará a construir uma aprendizagem significativa. Podemos intuir facilmente que a aposta em um modelo que priorize a aprendizagem significativa requer recursos. A dificuldade é muito maior do que a outra maneira de aprender que mencionamos neste artigo (aprendizagem literal ou 35 superficial), que é muito mais comum nas escolas atuais. Porém, a verdadeira pergunta é: qual modelo queremos?5 15 O QUE É DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E COMO CONTORNÁ-LA? O que é dificuldade de aprendizagem? A dificuldade de aprendizagem está relacionada aos problemas que não decorrem de causas educativas, ou seja, aquelas instâncias em que, mesmo após uma mudança na abordagem educacional do professor, o aluno continua apresentando os mesmos sintomas. Isso aponta para a necessidade de uma investigação mais aprofundada, que determinará quais são as causas da dificuldade em questão. O que causa dificuldades de aprendizagem? As principais dificuldades de aprendizagem são associadas a algum comprometimento no funcionamento de certas áreas do cérebro. Porém, é arriscado falar somente em uma causa biológica. Frequentemente, alunos que apresentam sintomas relativos a problemas de atenção, ansiedade ou agitação desenvolvem esses problemas por causa de algum conflito pessoal ou familiar — e não por razões de ordem fisiológica. 5 Extraído do link: amenteemaravilhosa.com.br 36 Fonte: www.sosergipe.com.br Quais são as principais dificuldades de aprendizagem? Alguns exemplos de dificuldades de aprendizagem mais conhecidos são: Dislexia: Os alunos que enfrentam esse distúrbio apresentam, tipicamente, uma dificuldade de leitura. É muito comum, apresentando mais de 2 milhões de casos relatados por ano no Brasil. Disgrafia: Os alunos que enfrentam esse distúrbio apresentam dificuldade na escrita. Isso inclui, principalmente, erros de ortografia, como trocar, omitir, acrescentar ou inverter letras. Discalculia: Os alunos que enfrentam esse distúrbio são afetados, principalmente, em sua relação com a matemática. Portanto, os sinais envolvem dificuldade em organizar, classificar e realizar operações com números. Dislalia: Os alunos que enfrentam esse distúrbio demonstram dificuldades na fala. Eles podem ter alterações da formação normal dos órgãos fonadores, dificultando a produção de certos sons da língua. Disortografia: Os alunos que enfrentam esse distúrbio geralmente também são afetados pela dislexia. Ainda que se relacione à linguagem escrita, a disortografia é mais ampla do que a disgrafia. Pode envolver desde a falta de vontade de escrever até a dificuldade em concatenar orações. 37 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): Os alunos que enfrentam esse distúrbio apresentam baixa concentração, inquietude e impulsividade. Foi constatado que uma das causas do TDAH é genética e que há implicações neurológicas. O TDAH já é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde(OMS) como um transtorno legítimo. Como identificar e avaliar as dificuldades de aprendizagem? Para a identificação de alguma possível dificuldade de aprendizagem, o papel do professor é fundamental. Afinal, ele tem contato diário e próximo com o aluno, além de ter fácil acesso aos grupos que o cercam — família, amigos e outros professores. A rotina da escola - realização de tarefas em grupo, simulados e outras atividades - também é muito propícia para identificar queixas dos alunos que podem apontar (ou não) para casos de dificuldade de aprendizagem. Porém, antes de lançar qualquer possibilidade de diagnóstico, é preciso que o aluno passe uma avaliação especializada com profissionais da área de saúde. Esta é uma medida indispensável, pois a realização de avaliações superficiais tem causado um aumento no número de crianças e adolescentes que são desnecessariamente submetidos a tratamentos medicamentosos. A avaliação pode ser conduzida por uma equipe multidisciplinar, para garantir uma visão mais holística do aluno. Essa equipe deve incluir médicos, especialmente neurologistas, além de psiquiatras, psicólogos, psicopedagogos e até mesmo fonoaudiólogos. Cada um dos profissionais terá uma perspectiva a agregar na avaliação, evitando a miopia de atribuir o problema a uma causa única. Qual o papel da escola diante da dificuldade de aprendizagem dos alunos? Em primeiro lugar, a escola deve compreender que os alunos com dificuldade de aprendizagem não são incapazes de aprender. É papel da escola, portanto, quebrar certos rótulos e paradigmas de que um aluno com dificuldade de aprendizagem é “deficiente” ou “fraco”. Também é seu papel promover maior integração do aluno com o restante da comunidade escolar. Vale a pena reforçar que, se a integração não ocorre, o próprio 38 isolamento pode dar margem a uma queda no desempenho do aluno; não por causa das dificuldades em si, mas devido à desmotivação e frustração com a vida escolar. Finalmente, também é papel da escola, por meio da figura do professor, adaptar a metodologia de ensino para ajudar o aluno. Não estamos falando apenas de adotar práticas ou instrumentos para contornar as dificuldades de aprendizagem. Na realidade, é necessário buscar a dinamicidade e inovação na sala de aula, integrando atividades lúdicas por meio do processo de gamificação e adotando ferramentas tecnológicas de apoio ao ensino. O objetivo é estimular o aluno, de uma forma despretensiosa, a desafiar sua concepção sobre as próprias limitações. Quais modalidades de atendimento são essenciais para alunos com dificuldade de aprendizagem? O aluno que apresenta alguma dificuldade de aprendizagem se beneficiará de um acompanhamento regular com a mesma equipe responsável pelo seu diagnóstico. Os tipos de serviço que devem ser disponibilizados ao aluno vão variar de acordo com a dificuldade apresentada. De maneira geral, os principais serviços que trarão ao aluno uma melhoria na qualidade de sua vida escolar, bem como em seu desempenho, são: Consultas com neurologista e psiquiatra, para realização de exames; Sessões de terapia com psicólogo; Sessões de aconselhamento com pedagogo ou psicopedagogo; Sessões de fonoaudiologia, especificamente no caso da dislalia; Realização de atividades educativas extraclasse com professores de Português ou Matemática, conforme a dificuldade de aprendizagem. Também é essencial que os profissionais tenham alguma forma de comunicação, já que todos eles vão influenciar o avanço e melhoria do aluno. É importante que o pedagogo tenha ciência das atividades que estão sendo desenvolvidas pelos professores e o psicólogo saiba dos procedimentos realizados pelo psiquiatra, e assim por diante. A própria família do aluno é mais indicada para assumir este papel, realizando o elo entre a equipe que realiza o acompanhamento multidisciplinar.6 6 Extraído do link: www.somospar.com.br 39 16 TIPOS DE APRENDIZAGEM O conceito de sete tipos de aprendizagem tornou-se muito conhecido nos últimos anos e vem orientando o trabalho pedagógico de inúmeros psicólogos, pedagogos, professores e gestores educacionais. Saiba por que tem aumentado o interesse por esse assunto e como ele pode auxiliar no processo educacional em todos os seus níveis. 17 A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS Os tipos de aprendizagem estão diretamente relacionados à Teoria das Inteligências Múltiplas, desenvolvida entre os anos de 1980 e 1990 pelo professor de psicologia e neurologia da Universidade de Harvard, o norte-americano, Howard Gardner. A teoria de Gardner surgiu em um momento em que o padrão mais aceito para se avaliar a inteligência eram os testes de QI (quociente de inteligência), desenvolvidos pelo psicólogo francês Alfred Binet no início do século XX. Estes testes pautavam-se na capacidade lógico-matemática, mas durante muito tempo foi utilizado para aferir o desempenho escolar de crianças. A teoria de Gardner não atribui valores para uma ou outra inteligência, como vem ocorrendo na educação e no mercado de trabalho no último século, onde as inteligências lógico-matemática e linguística são as de maior importância e, portanto, mais valorizadas socialmente. Mas sim, na ideia de que a inteligência se manifesta de múltiplas formas. Para isso, valeu-se da observação e pesquisa de inúmeras personalidades geniais das mais variadas áreas do conhecimento e dos esportes. Quem foi mais inteligente: Einstein ou Pelé? A proposta de Gardner trouxe muitas mudanças, inclusive no âmbito da educação, pois apresentou um novo conceito de inteligência. Para Gardner, a genialidade humana é bem mais específica do que generalista e isso explica porque poucos gênios destacam-se em todas as áreas. Apesar de ser influenciado por Piaget, Gardner difere principalmente no aspecto de faixas de desenvolvimento. Onde Piaget agrupa todas as crianças de uma 40 mesma idade com o mesmo desenvolvimento, Gardner reconhece que podem existir determinadas áreas em que uma criança pode se desenvolver mais do que as outras da mesma idade, variando conforme tendências biológicas, vinculadas a estímulos culturais e experiências capazes de estimular e potencializar uma ou mais inteligências. Então na pergunta: “Quem foi mais inteligente, Einstein ou Pelé? ” Gardner lhe responderia que não pode haver comparação entre estas duas genialidades pois elas se encontram em âmbitos de atuação completamente diferentes. Einstein era um gênio matemático e seu potencial estava plenamente desenvolvido na área da inteligência lógico-matemática, e Pelé é um gênio do esporte, tem sua inteligência desenvolvida na área corporal-sinestésico. Muito provavelmente Einstein não teria o mesmo desempenho de Pelé no futebol, e nem Pelé o mesmo desempenho de Einstein na Física. Para cada indivíduo, um tipo de aprendizagem A teoria desenvolvida por Gardner divide a inteligência em sete áreas de habilidades diferentes e, segundo o autor, todos os indivíduos ditos normais possuem habilidades que estão ligadas a tudo que os rodeia: a língua, a cultura, a ideologia, a religião, os valores, etc. Diferindo no nível da habilidade e na combinação e afirma que todos têm potenciais, mas alguns são mais desenvolvidos. Um ponto muito importante na teoria de Gardner é a influência da cultura. Ele diz que a criança aprimorará as inteligências que demostrarem ser mais eficazes e que sejam mais valorizadas pela sociedade. Sendo assim, uma cultura que valoriza mais a linguística terá um grande número de indivíduos que atingirão um altonível nesta área e é neste ponto que a educação se mostra de extrema importância. As inteligências teorizadas por Gardner inicialmente eram sete, porém, posteriormente, foram acrescentadas mais duas, totalizando nove inteligências, que são: 1 – Lógico-Matemática Capacidade de discernir padrões lógicos ou numéricos e lidar com longas cadeias de raciocínio, encontrados em matemáticos, físicos e demais pessoas que lidam com o raciocínio lógico; 41 Fonte: canaldoensino.com.br 2 – Linguística Esta inteligência está ligada à capacidade de usar as palavras oralmente ou verbalmente, sensibilidade aos sons, funções das palavras, uso da linguagem e à transmissão de ideias. Facilidade para aprender idiomas e se expressar através da escrita. Encontrada em escritores, oradores e pessoas ligadas à comunicação; 3 - Espacial Percepção visual e espacial do mundo, com facilidade para localizar objetos no espaço, discriminação visual, reconhecimento, projeção e imagens mentais, presentes em arquitetos e navegadores, por exemplo; 4 – Corporal-Sinestésica Capacidade de coordenação corporal, precisão de movimentos, controle dos movimentos do próprio corpo. Necessidade de contato. Habilidades físicas específicas, como: equilíbrio, destreza, força, flexibilidade e velocidade, presentes em atletas, dançarinos e também em mecânicos e construtores; 5 – Interpessoal 42 Capacidade de interagir de forma efetiva com outras pessoas, perceber e fazer distinção no humor, intenção, motivação e sentimento dos outros e responder apropriadamente. Compreensão; 6 - Intrapessoal Capacidade de entender a si mesmo, autoconhecimento, seus desejos e seus sonhos, incluir pensamentos e sentimentos. É o correlativo da inteligência interpessoal; 7 – Musical Habilidade para produzir e apreciar ritmos, tom, timbre e tocar instrumentos. Apreciação das formas de expressividade musical e composição, encontradas nos músicos e regentes; Em 1995, Gardner acrescentou à lista as inteligências natural e existencial e sugeriu o agrupamento da interpessoal e da intrapessoal numa só. 8 – Natural Se refere à habilidade de reconhecer objetos na natureza, de distinguir plantas, animais e rochas. Para o entendimento da mesma e desenvolvimento de habilidades biológicas; 9 – Existencial Capacidades filosóficas. Refletir sobre a existência da vida. Pessoas reflexivas, existenciais e filosóficas; Disciplinas e avaliação Da forma como Gardner apresenta a sua teoria, fica muito evidente que, em grande parte das escolas atuais, encontramos uma grade curricular que prioriza as áreas da inteligências lógico-matemática e linguística. Como os alunos possuem suas individualidades cognitivas, o ideal é que a educação procure atender ao potencial de cada um, garantindo o seu pleno desenvolvimento. Neste contexto, a avaliação deve ser coerente e fazer jus à inteligência avaliada, e ser tratada como um meio e não um fim. Além de ser mais um recurso 43 para se obter informações que beneficiem o processo pedagógico de ensino- aprendizagem e jamais um acidente para a autoestima do aluno.7 Desenvolvimento de equipes: por que inovar na forma de ensinar? Durante muito tempo acreditou-se, dentro das organizações, que o treinamento – ferramenta fundamental para o desenvolvimento de equipes – era a melhor maneira de “profissionalização” dos funcionários. Ele representava uma forma de capacitação técnica, que estava direcionado para algo específico e que possuía uma aplicabilidade imediata do conhecimento “aprendido”. Ele era utilizado como uma espécie de “adestramento”. Este modelo de treinamento vigorou (e ainda vigora para alguns), sendo bem- sucedido enquanto as empresas careciam de técnicas para terem maior eficiência, agilidade e qualidade em seus processos empresariais, uma vez que as mesmas identificavam seus produtos como algo que possuíam um valor em si mesmo, tangível. Mas, na contemporaneidade, as coisas não são bem assim. Hoje, estamos em busca de um mais além. De algo que nos cative emocionalmente. Neste novo cenário, esta forma de “aprendizagem” se mostra insuficiente, parcial e restrita. Novas formas de aprendizagem com foco no desenvolvimento de equipes Com o surgimento das novas tecnologias, apareceram também as novas necessidades de desempenho, que requerem a transformação da aprendizagem em diferencial competitivo. Para tanto, é imprescindível a inovação e aprendizagem constantes. Mas não dá para falar em inovação sem primeiro repensar o modelo mental de aprendizagem vigente. Esse modelo, tal como a academia, ainda está limitado, restrito. Quando pensamos em aprender algo dentro de uma organização, ou mesmo fora dela, logo nos vem à mente a imagem de um Emissor, que é o detentor do conhecimento e que transmite uma informação, geralmente textual, e um Receptor, ouvinte e geralmente passivo, depositário do conhecimento. Este formato de transmissão de conceitos não privilegia a interação, a troca de saberes, o compartilhamento de ideias e de experiências e, claro, não propicia o 7 Extraído do link: canaldoensino.com.br 44 espaço para a criação e construção. A informação já está pronta e é simplesmente repassada, sem diálogo. Para inovar é preciso descontruir este modelo “mecanicista” e criar um ambiente favorável ao aprendizado, ao conhecimento, ao desenvolvimento. Isso exige mudança de mentalidade e de comportamento. O processo de aprendizado e desenvolvimento de equipes e pessoas dentro das organizações vai muito além do simples treinamento e do fato de se colocar pessoas em uma sala de aula, ou em uma sala de treinamento. 18 O APRENDIZADO NA ERA DIGITAL Na era Digital, da arquitetura informativa, o conhecimento advém dos diferentes espaços e mídias. Ele provém das redes, das imagens, dos vídeos, dos bancos de dados e é construído por meio da relação, da análise, da interação e do diálogo entre os diversos atores envolvidos, por meio dos trabalhos em grupo ou dos dispositivos de conexão. Estamos em uma era cada vez mais multimídia, onde a forma de transmissão de informações e de conhecimentos é instantânea, compartilhada e está ao alcance de todos. Se quero saber sobre determinado assunto, pesquiso na internet. Ela fornece uma gama de informações, textos, artigos, vídeos, imagens. A vida em rede nos oferece inúmeras outras possibilidades de interação. E é este o ponto de dissociação entre as novas formas de aprendizagem e aquele velho modelo de treinamento, baseado unicamente na exposição textual. Hoje, para serem bem-sucedidas, as empresas precisarão rever suas maneiras de ensinar, revigorar seus processos de aprendizagem, de modo a torná-los mais flexíveis, dinâmicos e interativos. A forma de ensino que não dialoga com os atores envolvidos está ultrapassada. Afinal, somos a geração do Google, do Facebook, do Instagram, do Youtube, a geração da praticidade, do instantâneo. A única certeza é a mudança 45 O diálogo, a interação, a flexibilidade e o dinamismo são as condições para a aprendizagem e o desenvolvimento na era da conectividade. Logo, os antigos treinamentos devem ser substituídos por processos contínuos e mais interativos, que levem em conta a pluralidade das formas de se “obter” e produzir conhecimento, e que sejam capazes de dotar a organização de competências necessárias à superação dos desafios e obstáculos da atualidade, e não somente atender as questões pontuais.8 19 O CONSTRUTIVISMO NA ESCOLA O Construtivismo não
Compartilhar