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1 HUGO NASCIMENTO REZENDE Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 1ª Edição 2018 Curitiba-PR 2 Palavra do professor-autor Olá, estudante! Espero que esteja preparado para novas informações e conhecimentos. Você está iniciando os seus estudos sobre o tema Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Este tema é de suma importância a todos os profissionais que irão desenvolver um trabalho com crianças, jovens e adultos. Nesta disciplina, você terá acesso aos principais conceitos relacionados ao tema, principais teóricos, além da apresentação sobrea teoria das inteligências múltiplas. É imprescindível sua interação no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), aonde você terá a oportunidade não apenas de aprofundar os seus estudos, mas de trocar experiências com outros profissionais e colegas de turma. Desejo a todos uma excelente leitura. Professor Hugo Rezende 3 Aula 1 – Introdução à psicologia do desenvolvimento Olá! Seja bem-vindo, seja bem-vinda à primeira aula da disciplina Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Nela você conhecerá os principais fatores que fazem parte da psicologia do desenvolvimento, bem como as principais concepções. Uma excelente leitura! A psicologia do desenvolvimento é considerada uma das principais disciplinas que todo profissional que irá desenvolver o trabalho com pessoas necessita compreender. Ao ter contato de como o ser humano se organiza, suas fases de desenvolvimento e de aprendizagem, permite que o profissional amplie o seu olhar acerca de quem está atendendo. 4 1.1 Desenvolvimento humano Em um primeiro momento quando pensamos em psicologia do desenvolvimento devemos ter um entendimento amplo acerca do assunto. Muitas pessoas têm um pré-entendimento que por envolver os termos psicologia e desenvolvimento, esta esfera trabalhe apenas com aspectos cognitivos. Ledo engano. A psicologia do desenvolvimento visa estudar o desenvolvimento das pessoas nos mais variados aspectos. O Desenvolvimento Humano que é um tema fortemente estuda pela psicologia, engloba, não apenas os A maneira como ocorre o desenvolvimento humano é de grande relevância na formação de profissionais das mais diversas áreas. Esse entendimento permite ao profissional refletir sobre as diferentes características e, adequar os seus conhecimentos nas mais diferentes áreas de atuação. Alguns fatores influenciam no desenvolvimento humano, dentre eles podemos destacar: • Hereditariedade; • Aspectos físicos da pessoa; • Desenvolvimento neurológico no decorrer da vida; Estímulos do meio. Além dos fatores citados, existem alguns aspectos que merecem destaque, pois colaboram na interpretação dos comportamentos. São eles: • Aspectos físico-motor; • A capacidade de pensamento e de raciocínio; • Como cada sujeito integra as suas experiências em sua vida; • Como o sujeito reage perante a situação que envolvem outras pessoas. 5 Figura 1.1: Fases do desenvolvimento Apesar de termos apresentado em forma de tópicos anteriormente, temos que ter o entendimento que se trata de aspectos que ocorrem de maneira integrada. Porém, cada teoria do desenvolvimento que iremos apresentar futuramente dá ênfase a um ou outro aspecto, onde cada teoria apóia em diferentes concepções de sujeito e como ele irá adquirir o conhecimento. Vamos apresentar a seguir um pouco do entendimento histórico acerca da teoria do desenvolvimento. 1.2 Teoria do desenvolvimento No século XIX, as teorias que permeavam o desenvolvimento humano tinham como diretrizes duas pautas: inatistas ou ambientalista. Goulart (2013), destaca que a partir de 1920 a concepção interacionista, começou a fazer parte, das discussões que envolviam o conhecimento humano. Para uma melhor compreensão destas concepções iremos apresentá-las a seguir. Atenção 6 Devemos sempre fazer correlação entre a época da vida do sujeito e o seu desenvolvimento cognitivo. 1.2.1 Concepção inatista Na Grécia antiga havia uma crença de que o sujeito ao nascer, já estava pronto, onde as suas aptidões, caso ele possuísse, seria como um “dom divino” ou de forma hereditária. Convém destacar que essa idéia de dom divino circula por nossa sociedade até os dias de hoje. Com esse entendimento, fica claro que nesta visão, o meio não interfere no conhecimento do indivíduo. Goulart (2013), destaca que para alguns autores, como: Noam Chomsky e Konrad Lorenz, defendem esta idéia deste conhecimento inato, onde elas recebem apenas atualizações no decorrer do desenvolvimento de cada sujeito. Com o passar dos anos os filósofos, com a corrente do pensamento racional, buscaram entender de uma maneira mais aprofundada como o sujeito compreendia o mundo, para além de um entendimento baseado no divino. A dúvida que pairava as mentes dos primeiros filósofos era se o saber era inato ou se existia a possibilidade de ensinar conteúdos para as pessoas. Nesse aspecto Platão (427-347 A.C), posicionou-se defendendo que a alma precede o corpo e antes que ela venha a encarnar, ele tem acesso aos conhecimentos. Assim, o conhecimento nada mais é do que relembrar, acreditando que determinadas informações já estão presentes no sujeito. Convém destacar que esta concepção motivou a criação de um ensino em que o professor interfere pouco, no processo de aprendizagem do aluno, contribuindo apenas para que o conhecimento que já encontra-se estabelecido venha à tona e seja organizado. Essa visão inatista possui dois aspectos que valem a pena destacar. O primeiro é que atualmente, muitos educadores realizam o seu trabalho fomentando para que o estudante busque o seu conhecimento, visando uma independência da construção deste conhecimento. Por outro lado, outros educadores, poderão dizer que o estudante não aprende porque ele é de uma família que não aprende. 7 1.2.2 Concepção ambientalista Esta concepção é conhecida também como teoria comportamentalista, que entende que o ambiente possui muita importância no desenvolvimento do sujeito, sendo que este se desenvolve a partir das condições oferecidas pelo meio. Podemos destacar como principais autores desta concepção Watson e Skinner. Goulart (2013) relata que a concepção ambientalista acredita que o sujeito é produto do meio e a mente de cada um seria como uma tábua rasa, permitindo o registro de tudo que a pessoa vivencia. Outro filósofo que devemos destacar em nossos estudos é Aristóteles (384-322 – A.C.), o qual apresentou uma perspectiva contrário à de Platão. No caso de Aristóteles, apesar dos sujeitos possuírem capacidade de aprender, as experiências que eles possuem no decorrer da vida são fundamentais para o desenvolvimento. Para o filósofo o conhecimento é adquirido por meio do que o sujeito absorve pelo meio, por meio de seus sentidos. Em outras palavras, podemos trazer esse modelo de aprender por meio da memorização, cópias e repetições, como vemos em algumas escolas que muitos de nós estudamos. Quem não se lembra do famoso processo de decorar a tabuada? Assim, essa concepção acredita que as informações, se transformam em conhecimento quando começarem a fazer parte do hábito do sujeito. As informações são armazenadas e fixadas e podem ser associadas uma com as outras. Essa concepção ganhou força nos séculos XVI e XVII, durante a idade moderna, por meio de Francis Bacon (1561-1656), Thomas Hobbes (15881679) e John Locke (1632-1704). Conforme esses filósofos cabem à instituição de ensino formar um sujeito em sua complexidade, permitindo que seja capaz de conhecer, julgar e agir, baseando-se na sua própria razão. Assim, o conteúdo mediado pelo professor, a sua razão, é o queé correto e válido. Até hoje percebemos em escolas o discurso que o professor é detentor de todo o conhecimento. Posição que fica bastante complicada nos tempos atuais 8 aonde a tecnologia contribui para o acesso a informação e, várias respostas acerca de um determinado tema. Para Refletir Apesar de estarmos em pleno século XXI, você considera que o local que você trabalha, desenvolve que tipo de concepção?. 1.2.3 Concepção interacionista Ao adentrarmos no século XIX, temos a participação significativa de três teóricos: o suíço Jean Piaget (1896 – 1980), o psicólogo francês, Henri Wallon (1879 – 1962) e o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896 – 1934). Esses autores discordaram das concepções apresentadas inicialmente (inatistas e ambientalistas), desenvolvendo a concepção interacionista em suas teorias acerca do desenvolvimento da criança. Os autores acreditavam que a geração do conhecimento está entre a interação do sujeito com o seu meio e a partir de estruturas existentes neles. Assim, o sujeito não é um ser passivo neste processo, mas possui um papel ativo e utiliza esse aprendizado e o significado deles para se desenvolver. Essa proposta foi o marco para o início do construtivismo, frente que destaca a idéias de que o homem é o construtor do seu próprio conhecimento. Convém destacar, conforme veremos a seguir com Piaget, que o conhecimento não será adquirido apenas com o contato com o objetivo que se pretende conhecer. O sujeito deverá agir sobre este objeto e transformá-lo. Assim, a proposta desta concepção faz com que o papel do educador seja de criar contextos, propor ações e desafiar cada estudante para que a aprendizagem aconteça. A psicologia do desenvolvimento é o conceito inicial para desenvolvermos o entendimento das diferentes abordagens nesta área, bem como os estudos desenvolvidos por vários autores no decorrer do ano. Convém destacar que por mais que possamos dar ênfase às questões ligadas às estruturas cognitivas dos sujeitos, devemos sempre estar atentos aos aspectos relacionados ao desenvolvimento físico e respeitar a singularidade de cada sujeito neste processo. 9 Nesta aula você conheceu as principais concepções acerca do desenvolvimento humano. Apesar de sua origem ser desenvolvidos há muitos anos atrás podemos perceber que é um tema extremamente dinâmico e que merece adaptação conforme o contexto aonde será aplicado. Atividades de Aprendizagem A psicologia do desenvolvimento possui algumas concepções que nos permite compreender a mudança de entendimento acerca de como o ser humano se desenvolve e adquiri o conhecimento. Frente ao exposto descreva sobre as concepções apresentadas nesta aula. 10 Aula 2 – Principais correntes teóricas da Psicologia do Desenvolvimento – Jean Piaget Figura 1.1: Criança e seu pai Fonte: © freepik Olá! Seja bem-vindo à segunda aula da disciplina Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Nela você terá contato sobre a teoria de Piaget e a sua importância para o entendimento de como ocorre o processo de aprendizagem e desenvolvimento humano. Lhe desejo uma excelente leitura! A possibilidade de sistematização no entendimento do desenvolvimento humano é necessária para que na hora de desenvolvermos atividade junto com as crianças jovens e adultos, possamos extrair o melhor de cada sujeito. Um dos teóricos que apresenta esta sistematização é Jean Piaget, o qual veremos a seguir. 11 2.1 Jean Piaget (1896 - 1980) O suíço Jean Piaget nasceu em 1896 em Genebra e desde jovem, se interessou pela área da biologia. Aos 16 anos, Piaget publicou artigos sobre moluscos e aos 22 anos concluiu seu doutorado em biologia. No ano de 1918, Piaget iniciou seus estudou em laboratórios de psicologia, em Zurique. Realizou trabalhos com estruturas lógico-matemáticas e preocupou-se em analisar a gênese de sua construção, que é a própria gênese da inteligência (GOULART, 2013). Um dos principais objetivos dos estudos de Piaget na época era de compreender como se originava, progredia e evoluía o pensamento dos seres humanos. Sua meta inicial não era descrever o desenvolvimento infantil, mas por meio da observação de muitas crianças, pela forma delas pensarem e a maneira como resolviam os problemas lógicos, que Piaget percebeu que poderia compreender o desenvolvimento dos seres humanos. Teve a oportunidade de trabalhar com os psicólogos Binet e Simon na França, criadores do teste de inteligência Binet Simon. Esse teste foi o primeiro criado para analisar a idade mental das pessoas, utilizando-se de perguntas e respostas realizadas para as crianças. O interesse de Piaget nesse teste foram as respostas erradas que as crianças davam. Com essas crianças ele acrescentava perguntas e conversavamais tempo e, assim, foi percebendo que o pensamento delas tinha uma lógica, diferente do adulto. Piaget desenvolveu está prática de estudo também dentro de sua própria casa ao observar as suas três filhas. Em seus estudos minuciosos a respeito do desenvolvimento delas, ele constatou que a evolução do pensamento acontecia de forma gradual e a partir da própria curiosidade e de seu interesse. A criança assim como o adulto, só realiza alguma ação exterior ou interior quando impulsionada por um fator motivacional, por vezes traduzido em forma de uma necessidade (necessidade elementar, um interesse, uma pergunta etc.). (PIAGET, 2011, p.14). 12 Assim, Piaget verificou que as crianças tinham seus próprios questionamentos, maneiras específicas de pensar e de construir seu conhecimento. Outro ponto importante e que merece destaque é que essa lógica se diferenciava conforme a idade. Em 1919, Piaget começou a trabalhar no Instituto Jean-Jacques Rousseau em Genebra. Na ocasião publicou seus primeiros artigos sobre o desenvolvimento da criança. Os seus artigos foram muito bem vistos por Edouard Claparède (1873-1940) diretor do instituto. Nos anos de 1920 a 1930, Piaget elaborou seu método, diferenciando-se do clínico comum àquela época. Essa diferença acontecia, pois, o método de Piaget não apresentava problemas estandardizados e um vocabulário préfixado, mas sim conversava-se livremente com as crianças, adaptando as expressões e as situações às respostas, atitudes e vocabulário do sujeito. Nesse época ele publicou seus famosos livros na área da psicologia: A linguagem e o pensamento na criança (1923); O raciocínio da criança (1924); A representação do mundo na criança (1926); A causalidade física na criança (1927) e O julgamento moral na criança (1931). Em 1940, assumiu a cadeira de psicologia experimental, após a morte de Claparède, tornando-se diretor do laboratório de psicologia. Piaget lecionou psicologia genética entre os anos de 1952 e 1963, na Universidade Sorbonne. Entre os anos de 1964 e 1972 realizou simpósios no intuito de aumentar o público da psicologia genética e aprofundar seus métodos e sua reflexão. No ano de 1973, Piaget se aposentou do ensino universitário, dedicando- se às suas pesquisas no centro de epistemologia, onde possuía muitos colaboradores. Piaget faleceu em 1980 deixando um legado com mais de 70 livros e centenas de artigos sobre o conhecimento humano. O objetivo inicial de Piaget não era educacional quando iniciou seus estudos, mas epistemológico, pois queria saber como tem origem e como evolui o conhecimento. Por isso, ele chamou a sua ciência de epistemologia genética. 13 Figura 2.1 Jean Piaget Goulart (2010, p. 160) lembra que “o interesse piagetiano pela epistemologia nasce de suas preocupações de biólogo: a evolução, a interação com o meio, a gênese das estruturas.” Assim, epistemologia genética parte do pressuposto que o conhecimento é construído por meio da interação entreo sujeito e o meio, a partir das estruturas existentes. Desse modo, a construção do conhecimento depende das estruturas cognitivas do sujeito e de sua relação com os objetos e as outras pessoas. A partir dessas ideias, Piaget (2011) descreveu que a aprendizagem ocorre quando a informação é processada pelas estruturas cognitivas. Ele apresenta os conceitos de equilibração, assimilação e acomodação, com o objetivo de explicar o processo de aprendizagem. A seguir vamos explicar cada um desses conceitos. A equilibração representa a base da teoria de Piaget, onde ele apresenta que todo organismo vivo procura agir, mantendo um estado de adaptação com seu meio (equilíbrio). A equilibração pode ser compreendida como um processo cognitivo que visa estabilizar ou equilibrar uma nova descoberta. 14 A assimilação é uma ação externa, é o modo como interagimos com o mundo e com o objeto de conhecimento (algo sobre o que queremos aprender). O processo de assimilação está relacionado à nossa capacidade em classificar, ordenar, relacionar, sintetizar, por meio de um levantamento de hipóteses para compreender as características conceituais do conhecimento a ser construído. Porém, quando o sujeito se depara com uma característica da experiência que contradiz as suas hipóteses, uma nova situação poderá provocar desequilíbrios. Assim ocorre a tentativa de associar novas informações às experiências anteriores ou aos conhecimentos prévios. Por fim, a acomodação é um processo interno que diz respeito à construção de novas estruturas cognitivas que se estabelecem, a partir das estruturas preexistentes, ampliando-as, permitindo a assimilação de novos conhecimentos e alcançando um novo estado de equilíbrio. Assim, podemos resumir que para Piaget, o desenvolvimento cognitivo ocorrerá em virtude de constantes desequilíbrios e equilibrações. O surgimento de uma nova possibilidade gera alguma mudança no meio ambiente, provoca a quebra do estado de repouso entre o organismo e o meio, causando um desequilíbrio. Na busca de um novo estado de equilíbrio, dois mecanismos entram em ação: assimilação e acomodação. O equilíbrio entre a assimilação e a acomodação é chamado de adaptação. A aprendizagem ocorre por meio desse equilíbrio. Outro aspecto importante da epistemologia genética para o entendimento do processo de aprendizagem é o entendimento que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento cognitivo ao longo de sua vida. Como já mencionado anteriormente, Piaget aprofundou os seu estudos com maior detalhamento em crianças, no qual ele impulsiona a teoria cognitiva e descreve a existência de quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano. 2.2 Estágios do desenvolvimento Para Piaget o desenvolvimento da inteligência não é um processo linear, e também não se dá pelo acúmulo de informações, mas sim pela construção e reconstrução contínuas das estruturas cognitivas. Ele definiu essas construções 15 como estágios e apresentou que a inteligência é modificada seguindo uma sequência lógica. Apresentaremos uma síntese destes estágios a seguir. No estágio Sensório-motor (recém-nascido e lactente – 0 a 2 anos) o recém-nascido possui reflexos como o de sucção e a preensão. Com o passar dos meses, o bebê começa a explorar o ambiente. Por volta dos cinco meses, a criança inicia a coordenação dos movimentos das mãos e dos olhos e consegue pegar os objetos. No final desse estágio, a criança consegue utilizar um instrumento para atingir um objeto. Sua inteligência envolve as percepções e os movimentos e suas falas ocorrem de uma maneira imitativa. Figura 2.2: Estágio sensório-motor Fonte: © Freepik https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido- empalmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 No estágio pré-operatório (de 2 a 7 anos) a linguagem é a principal causa para mudanças significativas no aspecto intelectual, afetivo e social da criança. A criança nesse período é capaz de nomear objetos e raciocinar de maneira intuitiva. A interação e a comunicação entre ela e os outros indivíduos são resultado da linguagem. Nessa fase surge os jogos simbólicos (brincadeiras de faz-de-conta. A maturação neurofisiológica completa-se, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, como segurar o lápis e fazer os movimentos da escrita. https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-em-palmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 16 Figura 2.3: Estágio pré-operatório Fonte: © Freepik No estágio operatório-concreto (de 7 a 11 anos) ocorre a construção lógica, onde é desenvolvida a capacidade da criança de estabelecer relações permitindo a ela considerar diferentes pontos de vista, favorecendo a superação do egocentrismo intelectual, presente na fase anterior. Nesse estágio as crianças desenvolvem noções de tempo, espaço, velocidade, ordem e causalidade. O mundo concreto ainda é fundamental para que consiga chegar à abstração. Em relação a afetividade a criança é capaz de cooperar, trabalhar em grupo, ter autonomia e criar seus próprios valores. Figura 2.3: Estágio operatório-concreto 17 Por fim, o estágio operatório formal (a partir dos 12 anos) é a fase onde existe o despertar do raciocínio abstrato. A criança é capaz de raciocinar de uma maneira lógica e sistemática, visando soluções com base em hipóteses e não pela observação da realidade. Esse estágio é considerado para Piaget o ponto mais alto do desenvolvimento da inteligência, correspondendo ao nível de pensamento hipotético e dedutivo ou lógico-matemático. A estabilidade desse estágio poderá ocorrer no início da idade adulta. Figura 2.4: Estágio operatório formal Convém destacar que os estágios são flexíveis, assim o profissional que trabalha com crianças e adolescentes deverá estar atento para não interpretarem de maneira errônea a teoria piagetianae perceber os estágios de uma maneira cristalizada. Segundo Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o sujeito consegue fazer nessas faixas etárias. Todos os sujeitos passam por todas essas fases ou períodos, entretanto o seu início e término dependem das características biológicas do sujeito, bem como dos fatores educativos e sociais. Portanto, a divisão dos estágios nessas faixas etárias é uma referência e não uma norma rígida. 18 A teoria de Piaget é complexa e necessita ser estudada em profundidade e atenção, com o intuito que se compreendam corretamente os conceitos relacionados, bem como as sequência do desenvolvimento das crianças, sem esquecer que cada um tem seu ritmo de aprendizado. Os educadores precisam ficar atentos também, acerca da necessidade dos limites e intervenções dos adultos contribuindo para o surgimento da autonomia da criança. A teoria de Piaget possui forte influência na educação e seu método pode fundamentar diversas propostas de ensino dos diferentes contextos escolares existentes. 2.3 A importância da obra de Piaget para a educação A teoria de Piaget impactou positivamente a maneira de se pensar o desenvolvimento da criança no século XX. Por meio de sua teoria, foi apresentada a diferença da maneira de pensar entre crianças e adultos e que elas constroem o seu próprio aprendizado. Goulart (2013) destaca que apesar de Piaget não pretender construir uma teoria pedagógica, a sua obra que transita em diferentes áreas do desenvolvimento é bem articulada, contribuindo para que muitos especialistas apresentem propostas de ensino baseadas em suas ideias. A partir da teoria de Piaget, as instituições de ensino passaram a planejar suas atividades, levando em consideração também os níveis de desenvolvimento da criança e, não as tratando apenas como “um mini adulto”. Os professores passaram a utilizar, em sua prática, objetos concretos como areia, água, argila, tinta, papel, materiais recicláveis, entre outros, no intuito de facilitar a aquisição de conceitos pertinentes ao período de desenvolvimento delas. E, com as crianças maiores ocorre a utilização de atividades e jogos, que contribuem no aprendizado das operações concretas e, ao desenvolvimento da lógica até atingir o estágio operatório formal. Por fim, por meio da teoria piagetiana, os professores refletiram acerca do conceito de “certo” e “errado” no que se refere às respostas das crianças nos 19 exercícios propostos e, passaram a dar ênfase no processo de construção do conhecimento. Piaget não aponta o que e como ensinar, mas por meio de sua teoria foi possível aos educadores repensarem de forma mais crítica as suas práticas e buscaram estratégias que viabilizam auxiliar os alunos a construir sua autonomia e, na formação de pessoas críticas, criativas e ativas. Os frutos das pesquisas de Piaget influenciaram inúmeros psicólogos, pedagogos e educadores ao redor do mundo. Atividades de Aprendizagem Jean Piaget foi um autor que apresentou as fases do desenvolvimento infantil, as quais são utilizadas até os dias de hoje nas salas de aula e consultórios. Frente ao exposto descreva sobre os estágios do desenvolvimento de acordo com Jean Piaget. Aula 3 – Principais correntes teóricas da psicologia do desenvolvimento - Vygotsky Olá! Seja bem-vindo, seja bem-vinda à terceira aula da disciplina Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Nela você terá contato com a teoria de Vygotsky e a sua importância para o entendimento de como ocorre o processo de aprendizagem e desenvolvimento humano. Vamos la? Até aqui, estudamos acerca do desenvolvimento humano e acerca da teoria de Jean Piaget. Agora, vamos compreender mais sobre a obra de Lev Semenovitch Vygotsky. 3.1 Vigotsky (1896 – 1934) Vygotsky nasceu na cidade de Orsha no ano de 1896, atual cidade de Belarus da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Morreu no ano de 1934 na cidade de Moscou. A participação de Vygotsky em momentos únicos na história de seu país e do mundo, como, o apoio à Revolução Bolchevique de 1917, a qual derrubou o regime czarista (regime político russo que imperou de 1547 a 1917), contribuíram para o desenvolvimento de sua obra. Suas obras têm como princípio de pesquisa o materialismo dialético - tanto que um dos seus livros, “A Formação Social da Mente”, é uma referência para várias gerações de pesquisadores até os dias de hoje. Algo que merece destaque é que durante o período stalinista (antiga URSS) sua obra foi proibida. Esse fato contribuiu para que sua obra chegasse tardiamente ao Brasil, sendo que a versão disponibilizada foi produzida a partir de traduções para o inglês, o que compromete o conteúdo, pois traz a apropriação de forma distorcida pela psicologia social americana, conforme apontam alguns teóricos e estudiosos da área. Vygotsky morreu precocemente, aos 38 anos, porém sua produção intelectual foi intensa nas mais diversas áreas, como Artes, Pedagogia, Crítica de Artes e Psicologia. Vamos iniciar nossas discussões sobre a obra de Vygotsky por alguns dos seus principais conceitos assim elencados por Bock, o conceito de funções superiores. Figura 3.1: Vygotsky Fonte: Wikimedia Commons Quando apresentamos as funções superiores do homem, refere-se à atenção, memória, imaginação, pensamento e linguagem. Vygotsky afirmava que, o que os autores inatistas apresentavam, ou os que defendiam o enfoque genético, presente na Psicologia do Desenvolvimento, não são suficientes para explicar o funcionamento destas funções superiores que caracterizam o ser humano. Assim, Vygotsky afirma que todos nós nascemos imersos em uma cultura, porém, são nas interações e mediações com as outras pessoas e com a natureza que o desenvolvimento das funções superiores, ocorrem. Uma das características que nos definem enquanto humanos e que é possível relacionar com as funções psicológicas superiores, podemos destacar a possibilidade de se pensar em objetos ausentes. Estes atributos, bem como outros são próprios e únicos do sujeito e se diferenciam de ações reflexas ou biológicas. Outro ponto importante apresentado por Vygotsky se refere ao Desenvolvimento Humano e sua relação com a maturação de um organismo: a filogênese. Para que possamos compreender esse conceito se faz necessário lembrar das fases do Desenvolvimento Humano propostas por Piaget. Apesar de reconhecer e elogiar o trabalho de Piaget, Vygotsky pontua que o desenvolvimento da linguagem e da consciência, não pode ser determinado somente pela questão da maturação do sistema nervoso. Para Vygotsky, a cultura e os aspectos sociais são fundamentais para o bom desenvolvimento das funções psicológicas superiores. O comportamento de tomada de decisão a partir de uma nova informação é um comportamento superior, tipicamente humano. O mais importante que podemos destacar desse tipo de comportamento é o seu caráter voluntário e intencional. Nesse sentido, a relação de aprendizagem – desde o processo de escrita até a mediação realizada em diálogos e conversas que são desenvolvidos – está diretamente ligada aos processos psicológicos superiores. 3.2 A mediação - os instrumentos e os signos Um ponto fundamental na obra de Vygotsky é a Mediação, que Oliveira (2002, p. 26) define como: “a intervenção de um elemento intermediário” em uma relação qualquer. Um dos exemplos citados pela autora é de uma pessoa que tira a mão da chama de uma vela acesa: nesta situação ela estará estabelecendo uma relação direta entre a mão e o calor da vela. Porém, se o sujeito retira a mão por causa da lembrança da dor advinda de uma experiência anterior, esta relação passa a ser mediada. A situação será análoga caso o sujeito retirea mão após a intervenção de outra pessoa que lhe explica acerca dos perigos e da dor referente ao ato que está para realizar. Uma representação desse processo pode ser apresentada da seguinte forma: S = Estímulo R = Resposta X = Mediação (entre) No exemplo da vela citado anteriormente, o Estímulo (S) seria o calor emitido pela vela, a Resposta (R) é a retirada da mão após a ação deste estímulo. Quando a retirada da mão se dá pelos outros motivos citados no texto (intervenção humana ou lembrança da dor), temos a presença de um fator (X), o qual iremos denominar como Mediação, que podemos caracterizar como sendo o elo mediador ou elemento intermediário. Vygotsky considera que a mediação humana poderá ocorrer de duas maneiras: por meio de instrumentos e por meio de signos. Assim, se faz necessário destacar sua fundamentação teórica e o seu relacionamento com o materialismo histórico e dialético. Mas, afinal do que se trata a dialética? O princípio da dialética, na Psicologia de Vygotsky, se faz presente quando ele considera ação do sujeito sobre a própria aprendizagem e o mundo e, a ação do mundo sobre o sujeito. Não se observa um sujeito passivo recebendo um conhecimento. Por exemplo, imagine um machado enterrado em uma árvore. Nessa imagem Vygotsky descreveria um instrumento como algo que está entre o sujeito e a ação deste sobre a natureza. Figura 3.1: Machado na árvore Fonte: © Freepik Assim, Oliveira (2002) define instrumento como um objeto que se coloca entre o sujeito e o trabalho (compreendido como ação humana). O instrumento carrega consigo, uma visão que se reporta ao materialismo dialético, à história social e não apenas a utilização dele (funcional) – tendo, portanto, a função de mediar a relação do sujeito com o mundo no qual está inserido. Embora é comum presenciarmos a utilização de instrumentos por outros animais, o que irá diferenciar em relação ao homem é que a relação estabelecida por eles está relacionada com o tempo e a função dos instrumentos. Nesse sentido, podemos observar animais, que usam instrumentos para questões pontuais e imediatas, não havendo preocupação e/ou capacidade de usá-los no futuro. Em outras palavras, os objetos não possuem para os animais função social e cultural que o instrumento carrega para os humanos (OLIVEIRA, 2002). Para ter uma melhor compreensão acerca do que os signos significam e a sua diferença em relação aos instrumentos como mediador da ação humana, é necessário atentar que esses são considerados externos ao ser humano e aqueles podem ser entendidos como “instrumentos internos”. A seguir veremos como se dão estas definições: Os signos, em um primeiro momento, têm uma função externa – assim como os instrumentos, sendo considerados “instrumentos psicológicos", porém possuem outras possibilidades. Oliveira (2002) aponta que, em um primeiro momento, o signo é externo ao sujeito, isto é, possui como função auxiliar o homem em suas tarefas, porém traz consigo (por meio da sua relação com a memória) a capacidade de se referir a outros elementos que não necessariamente estejam presentes. No intuito de exemplificar imaginemos a seguinte situação. Um homem usa varetas para contar o gado, as ovelhas ou qualquer outro objeto. Tais varetas serão utilizadas e carregam a memória dos objetos ausentes (o gado ou as ovelhas) – isso é o que Vygotsky considera como “instrumento psicológico”. Com esse exemplo é possível compreendermos as diferenças entre instrumento e signo e o processo de internalização dos últimos e suas relações enquanto mediadores. Durante o processo evolutivo do sujeito, existem mudanças significativas em relação aos signos e suas representações ou mesmo a capacidade de utilizá-los e, dialeticamente, ocorrem processos de internalização que podem ser definidos como a capacidade de transformação de mediadores externos em internos. Vamos agora pensar em um gato: os que gostam do animal puderam imaginá-lo em diversas situações divertidas; os que têm uma alergia ou uma aversão o imaginaram em outra situação diferente. Porém, sem exceção, todos puderam ter a representação mental do que venha a ser um gato. Esse processo ocorre devido às mudanças qualitativas e quantitativas que os signos são submetidos, no decorrer do processo evolutivo da humanidade. Como destaca Oliveira (2002), estamos libertos de uma relação direta com os objetos, nos quais entram a imaginação, a capacidade de planejar futuras ações e assim, entram em jogo as funções psicológicas superiores. Nesse momento fica claro o posicionamento de Vygotsky que se contrapõe ao de Piaget. Para o autor as funções psicológicas superiores e os signos internalizados possuem entre si uma relação dialética, pois o homem se relaciona com instrumentos e signos, internaliza estas relações e, ao fazer isso, utiliza as capacidades humanas de imaginar, planejar, que estão diretamente relacionadas às funções psicológicas superiores. Nessa dinâmica o sujeito vai se humanizando na relação com outros sujeitos e com a sua ação sobre a natureza por meio do trabalho, dos instrumentos e dos signos. Para Vygotsky, é por meio do trabalho e das trocas sociais e simbólicas que ocorre a transformação dos signos durante todo o desenvolvimento humano. Os símbolos não podem ser considerados apenas como uma questão de organização interna do indivíduo. Faz-se necessária sua ativação, sua relação com os outros. Quando pensamos em representações mentais e signos, é importante ter clara essa necessidade fundamental de outro conceito importante - a interação entre sujeitos por meio da cultura, das relações sociais e do trabalho, os signos internos e externos não são estáticos. Assim, quando o sujeito em sua capacidade de representação, ao imaginar um avião, ele está dialogando com o conceito construído histórica e socialmente de avião. Ao falarmos de cultura, a relação que se estabelece não é de submissão, mas de uma negociação e interação entre o mundo subjetivo do indivíduo e o meio social. Nessas múltiplas interações, a cultura é internalizada, mas não passivamente e, sim, como uma síntese de todo o processo social e psicológico (OLIVEIRA, 2002). 3.3 Pensamento e Linguagem Para Vygotsky, a principal função da linguagem é o de intercâmbio social. Pois é através dela que o homem cria e utiliza os sistemas de linguagem. Podemos destacar esta função com as crianças que estão iniciando no seu processo de aprender a falar, pois apesar de não saber utilizar os termos corretos ele consegue se fazer entender. Baseado nessa definição, temos a necessidade de intercâmbio social e em seguida a linguagem necessita de uma sofisticação que só será possível por meio do pensamento generalizado, o qual pode ser compartilhado por meio de signos comuns. O pensamento generalizado é a capacidade que cada sujeito possui de se comunicar com os outros de forma precisa por meio de signos compartilhados socialmente. Como seres humanos, vivemos uma experiência única e complexa e, realizar a tradução dessa experiência é um grande desafio – ao mesmo tempo é o que caracteriza o pensamento generalizante. Assim, entre os bebês predominam a inteligência prática e a linguagem pré-verbal. Porém, podemos destacar que é por meio dos processos de socialização e de trocas que o desenvolvimento da linguagem se torna mais complexo e aonde ocorrem o desenvolvimento dos signos e sistemas simbólicos complexos. O trabalho é entendido por Oliveira (2002) como parte fundamental desse processo, sendo compreendido como uma ação do sujeito sobre a natureza, uma vez que, ao modificá-la por determinada ação, o sujeito também muda, em uma relação dialética. Nesse momento ocorre a trajetória do pensamento desvinculado da linguagem e a trajetóriada linguagem independente do pensamento. Num determinado momento do desenvolvimento, ocorrerá a união dessas duas trajetórias e o pensamento se torna verbal e a linguagem racional. A associação entre pensamento e linguagem é atribuída à necessidade de intercâmbio dos indivíduos durante o trabalho, atividade especificamente humana. A filogênese e a ontogênese permeiam as obras de Vygotsky, Piaget e outros pesquisadores que observam o desenvolvimento humano dentro de uma abordagem genética. Porém, Vygotsky diferencia-se de seus contemporâneos pela ênfase que dá à Cultura no Processo de Desenvolvimento Humano, desenvolvendo um conceito que merece destaque e que será abordado a seguir: a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). 3.4 Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal é fundamental para a obra de Vygotsky, especialmente ao tratar do desenvolvimento humano e da aprendizagem, partindo do pressuposto que existem dois níveis de desenvolvimento na criança: o real e o potencial. No nível de desenvolvimento real, é o nível que se pode observar, o que ela pode fazer sozinha sem a mediação de terceiros e refere-se aos processos já consolidados. Já o nível de desenvolvimento potencial se refere ao que a criança pode alcançar com o auxílio da mediação de adultos ou mesmo aquelas que alcançaram outro patamar de desenvolvimento. Convém destacar que isso não pode ser generalizado de forma que se ignore os processos de maturação. Fica claro ao pensarmos em um exemplo simples: mesmo com a ajuda de um adulto, uma criança de três meses não conseguirá andar. Resumidamente podemos definir a ZDP entre o nível de desenvolvimento real da criança e o seu nível de desenvolvimento potencial. Esse espaço é o da educação, das trocas, da mediação por excelência. É importante observar a importância da mediação e dos mediadores na obra de Vygotsky: É a partir da postulação da existência desses dois níveis de desenvolvimento – real e potencial – que Vygotsky define a zona de desenvolvimento proximal como “a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar por meio da solução independente de problemas e, o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes” (OLIVEIRA, 2002, p. 52). Assim, podemos compreender como desenvolve o aprendizado conforme a teoria de Vygotsky, e compreender a construção e a importância dos fatores sociais no desenvolvimento infantil. Nesta aula acerca da teoria de Vygotsky você aprendeu, além do histórico do autor, sobre a importância da linguagem e da relação social do sujeito no seu processo de aprendizado. Atividades de Aprendizagem Vygotsky foi um autor que apresentou a importância da relação do indivíduo, com o meio no seu desenvolvimento e processo de aprendizagem. Frente ao exposto descreva sobre o entendimento do autor sobre pensamento e linguagem. Aula 4 – Principais correntes teóricas da Psicologia do Desenvolvimento - Wallon Olá! Seja bem-vindo à quarta aula da disciplina Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Nela você terá contato com a teoria de Wallon e a sua importância para o entendimento de como ocorre o processo de aprendizagem e desenvolvimento humano. Tenha uma excelente leitura! O francês Henri Wallon (1879-1962), se formou em medicina, psiquiatria e psicologia. Foi contemporâneo de Jean Piaget, Freud e Vygotsky. As suas primeiras atuações foram no âmbito da psicopatologia em decorrência de sua atuação médica durante a Primeira Guerra Mundial. Wallon se dedicou aos estudos da psicologia da criança, em especial no atendimento as crianças com deficiências neurológicas e com distúrbios de comportamento. Wallon acreditava que seus estudos na área da psicologia poderiam servir de base para possíveis renovações dentro das práticas educativa. Por intermédio de suas ideias como psicólogo e educador, Wallon auxiliou a reformulação do ensino francês com o projeto Langevin-Wallon, após a Segunda Guerra. O seu objetivo principal era construir uma educação mais justa para uma sociedade mais justa. Figura 4.1: Henri Wallon Fonte: © Wikimedia Commons 4.1 A psicogênese da pessoa completa Henri Wallon considerava o sujeito como geneticamente social e sua teoria propunha a observação da criança de uma maneira integrada. A teoria psicogenética de Wallon, possui como eixo principal no processo de desenvolvimento cognitivo a integração, o qual acontece em dois sentidos, sendo eles a integração organismo-meio e a integração cognitiva-afetiva motora. Wallon buscou compreender o desenvolvimento infantil por meio das relações estabelecidas entre a criança e seu ambiente. Os seus estudos focaram no desenvolvimento inicial da criança e propôs um estudo integrado do desenvolvimento que ocorre a atividade infantil: afetividade, motricidade e inteligência. A teoria de Wallon é chamada de psicogênese da pessoa completa. Para melhor compreender o desenvolvimento infantil, é necessário recorrer a informações oriundas de outras áreas de conhecimento como a antropologia, a neurologia, a psicopatologia e a psicologia infantil. Atenção O profissional deverá estar apto para transitar nas diversas áreas do conhecimento para contribuir no seu entendimento acerca do desenvolvimento infantil. Para Wallon, o desenvolvimento se dá de maneira descontínua, marcado por retrocessos e rupturas. Os estágios de desenvolvimento têm uma reformulação e não apenas um acréscimo de estágios anteriores, dando ênfase a interação entre ambiente e sujeito. 4.2 Campos funcionais Wallon delineou em seus estudos quatro campos funcionais no intuito de explicar o desenvolvimento infantil: movimento, emoções, inteligência e pessoa. O primeiro campo funcional é o movimento, o qual é o primeiro sinal da manifestação psíquica da vida da criança. É por meio dele que a criança desenvolve a linguagem. Wallon destaca duas dimensões do movimento: dimensão expressiva e a dimensão instrumental. A dimensão expressiva está no âmbito das emoções e se refere aos sons, gestos e às mímicas no recém-nascido. Durante a vida, as posturas dos sujeitos demonstram seus sentimentos. Os gestos sinalizam os pensamentos das crianças, assim, o educador que estiver atento a esses movimentos irá compreender melhor os estudantes. A dimensão instrumental refere-se a ação direta da criança sobre o meio concreto. Em outras palavras são os movimentos que a criança faz ao explorar o mundo físico. Assim, o movimento passa a auxiliar o pensamento. Para Wallon, a função postural dá sustentação à atividade cognitiva. Nas escolas, os educadores precisam estar atentos, pois as crianças necessitam se movimentar em sala de aula, mudar de posição, pois essa atitude poderá contribuir na atividade intelectual que as crianças muitas vezes, precisam levantar da cadeira e mudar de posição, pois isso pode contribuir para que a atividade intelectual volte a fluir. O segundo campo funcional é o das emoções. O fator fundamental desse campo é a interação da criança com o meio. Wallon apresenta as emoções como um tipo de manifestação afetiva. Esse aspecto tem também um fator social, pois permite a interação da criança com o meio, com as pessoas que cuidam dela, os quais Wallon chama de parceiros mais experientes. Podemos dar como exemplo, a criança que ao chorar, faz com que os adultos percebam as suas necessidades. A partir das emoções nasce a inteligência e, em um primeiro momento elas estão interligadas. O terceiro campo funcional é o da inteligência. A inteligência se constitui em cada sujeito por meio das emoções. Por meiodesse encontro emocional entre o cuidador e a criança, a criança tem acesso afetivo à linguagem do seu meio. Portanto, Wallon destaca a Inteligência Discursiva, que é a inteligência que se expressa e se constrói por meio da fala da criança, levando a apropriarse da linguagem. Por meio da linguagem, a criança organiza suas ações e representará sua realidade. A inteligência também se apoia no movimento motor, pois esses auxiliam na construção do pensamento. O quarto e último campo funcional é a pessoa. Esse campo nada mais é do que o articulador dos outros campos. Wallon destaca que ao longo do desenvolvimento ocorre a noção de “eu”. A constituição da pessoa é construída por meio da relação “eu-outro”. A princípio, a criança imita o outro, depois nega o “outro” para, posteriormente, constituir-se como pessoa. 4.3 A importância da afetividade Na teoria de Wallon, o autor destaca que o desenvolvimento da criança não começa cognitivamente, mas sim a atividade que a criança desenvolve está ligado à sua sensibilidade afetiva, que abrange o primeiro ano de vida. Para o autor, a afetividade é de suma importância, frente que permite que estabeleça a comunicação, por meio dos impulsos emocionais. Para Wallon a afetividade é essencial para o desenvolvimento infantil, pois a afetividade designará os processos psíquicos que acompanham as manifestações orgânicas da emoção, que depois irão se juntar à sensibilidade externa, ou seja, elementos do mundo exterior, para aí caracterizar o aspecto cognitivo do desenvolvimento. Convém destacar que esse processo não se trata de um processo linear. Figura 4.2: Mãe e filho Ao nascer, toda criança possui sensações de desconforto e as demonstra por meio de movimentos reflexos. Todas as respostas do meio ligadas às manifestações do bebê irão estabelecer relações entre suas manifestações impulsivas e as ações do adulto, o que Wallon chamou de reações úteis. As reações do bebê se voltarão ao mundo em especial com o adulto mais próximo a ela, onde na maioria dos casos é a figura materna. Sendo a emoção o elo entre a criança e o outro. No decorrer do crescimento as manifestações das crianças se tornaram mais expressivas e intencionais. 4.4 Estágios do desenvolvimento infantil Wallon em sua teoria explica o papel da afetividade nos diferentes estágios do desenvolvimento da criança. A teoria de Wallon é considerado como um sistema completo em si por incluir todos os componentes que constituem a pessoa. A seguir iremos descrevê-lo. Inicialmente será apresentado o estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano). Neste estágio a criança através de movimentos descoordenados, expressa sua afetividade. Ela responde às sensibilidades corporais musculares e de seu organismo. Nesta fase o papel do cuidador é fundamental, pois protege, segura no colo, embala, etc. Através dessa relação entre cuidador e criança, apesar de percepções nebulosas, contribui para que a criança se familiarize com o mundo, iniciando um processo de diferenciação. O segundo estágio é o sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos). Aqui a criança se volta para o mundo externo e um contato mais intenso com os objetos. Neste período, como a criança já anda e fala, irá explorar o mundo questionar a respeito dos objetos. O cuidador ou educador facilitará o processo de ensinoaprendizagem no lado afetivo, através de sua disposição ao responder as perguntas das crianças, ajudando-as em suas dificuldades no entendimento em relação aos objetos; O terceiro é o estágio personalismo (3 a 6 anos). Neste estágio a criança irá descobrir a sua diferença entre as outras crianças e ao adulto. Almeida (2005), destaca que o processo ensino aprendizagem precisa ofertar atividades variadas e possibilitar que as crianças escolham as atividades que mais despertem interesse. Do ponto de vista afetivo, é de grande importância reconhecer as diferenças que surgem, respeitar e dar oportunidade para que a criança possa se expressar. O quarto estágio é o categorial (6 a 11 anos). Nessa etapa fica mais claro a diferença entre outro e a criança, contribuindo para a criação de dar condições mais estáveis para a exploração mental do mundo externo, físico, através de atividades cognitivas, classificação, categorização em vários níveis de abstração até que por fim chegue ao pensamento categorial. O quinto e último é o estágio puberdade e adolescência (11 anos em diante). A criança buscar sua identidade de maneira autônoma e ocorrem os questionamentos e também atividades de autoafirmação e confronto. Na adolescência o sujeito confrontará os valores de seus familiares com os de seus amigos. Juntamente com estes questionamentos surgem outras dúvidas em relação aos seus valores, futuro, etc. No processo de ensino-aprendizagem facilitador irá permitir a expressão dos jovens e discussão de temas pertinentes desta fase. Por fim na vida adulta o sujeito desenvolverá uma consciência moral, ou seja, conseguirá reconhecer e assumir com clareza seus valores e tomando as decisões de acordo com estes valores. 4.5 A importância da teoria de Wallon para a educação Wallon publicou durante a sua trajetória muitos livros e artigos dirigidos a professores, tendo como foco principal a formação destes e apontando para a importância do papel desses profissionais no processo de ensino-aprendizagem. Almeida (2005) explica que para Wallon, o processo ensino aprendizagem só poderá ser analisado como uma unidade, pois são lados de uma mesma moeda, e a relação existente entre o professor e aluno é determinante para o sucesso do aprendizado. O professor e o aluno trazem em sua bagagem cultural, as experiências que influenciaram no processo de ensino-aprendizagem. Convém destacar que o professor e o aluno são afetados pelo contexto em que estão inseridos. Para Wallon (1975, p. 366), “a formação psicológica dos professores não pode ficar limitada aos livros. Deve ter uma referência perpétua nas experiências pedagógicas que eles podem pessoalmente realizar.” Dessa forma, através da Psicogênese da Pessoa Total, Wallon influenciou amplamente a atuação dos professores, pois tinha o intuito de motivar os professores na sua atuação com as crianças, dando atenção às particularidades, aos movimentos e às manifestações afetivas de cada uma. Com Wallon, aprendemos que os cuidadores da criança, no início da vida precisam promover um ambiente acolhedor contribuindo na estimulação e interação da criança com o meio e, na escola. O educador precisa estar atento ao clima afetivo do grupo de crianças para possibilitar uma melhor qualidade e aproveitamento da aprendizagem. Atividades de Aprendizagem Wallon destaca em sua obra a importância da aprendizagem no desenvolvimento e aprendizagem do sujeito. Explane com suas palavras acerca deste conceito para o autor. Aula 5 – Principais correntes teóricas da Psicologia do Desenvolvimento - Erick Erickson Olá! Seja bem-vindo à quinta aula da disciplina Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Nela você terá contato sobre a teoria de Erick Erickson e a sua importância para o entendimento de como ocorre o processo de aprendizagem e desenvolvimento humano a partir da visão deste autor. Uma excelente leitura! 5.1 Erick Erikson Erik Homburger Erikson nasceu em Frankfurt, Alemanha, em 1902 e morreu em 1994. Ele iniciou a sua carreira, vindo a trabalhar como convidado em uma escola aonde desenvolviam a metodologia psicanalítica, tendo contato com o grupo desenvolvido por Anna Freud. No ano de 1933, casou-se com uma canadense e se mudou para os Estados Unidos da América, aonde continuou seus estudos em Psicanálise, onde tornou-se oprimeiro psicanalista infantil americano. Erickson mudou o seu foco da teoria freudiana sobre desenvolvimento psicossexual, aonde transferiu esta questão relacionada a sexualidade para os problemas de identidade e ego do sujeito relacionado a um contexto social. Em meados do século XX, Erikson inicia a construção de sua teoria psicossocial do desenvolvimento humano, onde repensa vários conceitos apresentados por Freud, sempre considerando o sujeito um ser social, que vive em grupo e sofre a pressão e a influência deste. Erikson optou por distribuir o desenvolvimento humano em fases, assim como outros autores de sua época como Freud, Piaget e Sullivan. Porém, sua teoria possui algumas peculiaridades, as quais iremos apresentar a seguir: • Desvio do foco fundamental da sexualidade para as relações sociais; • Os estágios psicossociais propostos por Erickson vão além da infância. Convém destacar que isso não significa que exista uma negação dos estágios infantis, mas o autor acredita que algumas questões construídas na infância poderão ser parcialmente modificadas no decorrer de experiências posteriores; • O sujeito cresce a cada etapa a partir das exigências internas de seu ego, mas também em decorrência das exigências do meio em que vive, sendo, portanto, essencial analisar o meio em que o sujeito vive, bem como a sua cultura e sociedade; • O ego passa por uma crise, em cada estágio. Esta crise pode ter um desfecho positivo ou negativo; do desfecho positivo da crise, surge um ego mais rico e forte; do desfecho negativo temos um ego mais fragilizado; • A cada crise, a personalidade do sujeito sofre uma reestruturação e se reformula de acordo com as experiências vividas, enquanto o ego vai se adaptando a seus sucessos e fracassos Os estágios criados por Erickson, que foram chamados de psicossociais, ele descreve algumas crises pelas quais o ego passa, ao longo do ciclo vital. A forma como essas crises são estruturadas, farão com que o sujeito saia mais desestruturado ou estruturado, dependendo de como ocorre a sua vivência no conflito, influenciando o próximo estágio. A transição de uma etapa para outra ocorre em um contexto social, palco central destas crises. Atenção Crises fazem parte da vida. O diferencial se dará na maneira como as pessoas a administram A seguir, apresentaremos brevemente essas crises do ego. 5.2 Confiança básica x desconfiança básica Esta seria a fase inicial, correspondendo ao estágio oral freudiano. A atenção do bebê se volta à pessoa que a conforta inicialmente, que neste momento satisfaz suas ansiedades e necessidades e na maior parte das vezes essa pessoa é a mãe. Com este comportamento a mãe lhe dá garantias de que ele não se encontra abandonado à própria sorte no mundo. Deste modo se estabelece a primeira relação social do bebê. A criança ao sentir a falta da mãe, ela começa a lidar com algo que Erikson chama de força básica. Nesta, a força que nasce é a esperança. Este sentimento nasce da esperança que a criança sente que sua mãe irá voltar. E quando a sua mãe retorna, há a compreensão de que é possível esperar. Quando estas descobertas são vivenciadas de maneira positiva, surge a confiança básica, nascendo o sentimento na criança de que o mundo em que ele está inserido é um mundo bom. Quando este processo não ocorre desta maneira, surge a desconfiança básica, o sentimento de que mundo não corresponde, que é mau ingrato. Esses sentimentos contribuem para a formação da personalidade contribuindo na construção de alguns traços de personalidade, ainda que nos seus anos iniciais. Convém destacar que para a criança é importante que ela conviva com pequenas frustrações, pois a partir daí ela vai aprender a definir quais esperanças são possíveis de serem realizadas. Nesta fase o bebê inicia as identificações com a sua mãe, e esta identificação sendo positiva ela criará um bom conceito de si e do mundo. Caso ocorra de uma maneira negativa, a relação entre o bebe e a mão irá criar um distanciamento, aonde a mãe será um ser que ele nunca conseguirá alcançar. Os sintomas desta questão poderão fazer com que no futuro o sujeito torne-se menos competentes, menos entusiasmadas e menos persistentes. 5.3 Autonomia x vergonha e dúvida Nesta fase a criança inicia o controle de seus movimentos musculares, direcionando a sua energia a experiência ligadas a atividades externas em busca da autonomia. Este explorar é compreendido pela criança com o passar do tempo que não poderá ser feito de uma maneira livre, sem regras, fazendo com que incorpore aos poucos os limites sociais e contribuindo para a manutenção muscular, conservação e controle (Erikson, 1976). Ao aceitar este controle social a criança inicia o seu aprendizado, aonde será construído o que se espera dela, o que pode ou não fazer, bem como as expectativas em torno dela. Existe uma dificuldade que poderá ocorrer neste processo que envolve a participação do adulto neste impor limites e estabelecer regras com as crianças. Por vezes o adulto faz uso da vergonha para com a criança e ao mesmo tempo ao encorajamento. Podemos apresentar como exemplo quando envolve a ida ao banheiro da criança, onde este sentimento duplo poderá ocorrer. O uso da autoridade dos pais neste processo poderá deixar a criança envergonhada, podendo gerar futuramente dúvidas do sujeito quanto as suas capacidades. Conforme Erickson (1976) destaca: De um sentimento de autocontrole sem perda de autoestima resulta um sentimento constante de boa vontade e orgulho; de um sentimento de perda do autocontrole e de supercontrole exterior resulta uma propensão duradoura para a dúvida e a vergonha. (Erikson, 1976, p. 234) O processo de aprendizagem, seja pelo autocontrole o pelo controle social, inicia em cada sujeito o sentimento da vontade, que se manifestada de uma maneira livre, poderá desenvolver a autonomia de uma maneira saudável. Neste estágio, podemos destacar é a importância do papel dos pais em dar a autonomia ao filho garantindo que esta se desenvolva de uma maneira sadia e coerente com o estágio que está vivendo. 5.4 Iniciativa x culpa Neste estágio, a criança já atingiu a confiança, através do contato inicial com sua mãe, e a autonomia, com a expansão motora e o controle. Assim, caberá neste estágio realizar a associação entre a autonomia e a confiança, no intuito de promover o seu desenvolvimento intelectual. Esta combinação entre confiança e autonomia permite a criança vivenciar um sentimento de determinação, contribuindo para o desenvolvimento de sua iniciativa. Neste processo de aprendizagem o propósito e a iniciativa também poderão ser direcionados de uma maneira positiva, contribuindo na formação de responsabilidade. Pequenas responsabilidades como arrumar o próprio quarto, os brinquedos, as crianças sentem-se importantes, porém nesta fase faz necessário que orientem que nem todas as tarefas poderão ser realizadas e algumas apenas com o auxílio. Por fim, Erikson informa sobre o perigo da personificação. Esses casos ocorrem quando a criança se frustra em não conseguir realizar uma determinada tarefa, buscando ser diferente do que é. Este momento merece destaque, pois poderão fazer com que no decorrer da vida busque desenvolver vários papeis e assumir diferentes personalidades, podendo contribuir para que perca o contato consigo mesma. 5.5 Diligência x inferioridade Esta fase merece um destaque por Erickson, pois é uma fase que é marcado pelo controle das atividades tanto físicas como intelectuais, com o objetivo principal de equilibrar estes dois momentos. A educação formal, além de contribuir para o desempenho das funções intelectuais, pertencer e desenvolver as atividades acadêmicas faz com que seja valorizada peloadulto. Pertencer a este ciclo social educacional e desenvolver suas atividades dá uma ideia de propósito, onde ela irá perseverar e valorizar as ações que desenvolve no seu dia a dia, surgindo assim o interesse pelo seu futuro. A partir deste momento a criança necessitará também de buscar uma forma ideal, no intuito de contribuir a canalizar a sua energia psíquica. Você já deve ter escutado frases como “o que eu quero ser quando crescer”. Esta frase faz com que possamos perceber o interesse dela no planejamento e no aumento de suas responsabilidades. O cuidado nesta fase é para que não ocorra uma excessiva formalidade, pois poderá contribuir para que a criança tenha prejuízo na sua relação social. 5.6 Identidade x confusão de identidade Esta é a fase onde Erickson concentrou maior investimento no decorrer de sua obra, onde focou na chamada crise de identidade. Ele destaca em seus estudos a necessidade do adolescente sentir-se seguro durante o seu processo de transformação e mudança. Uma maneira dele encontrar essa segurança é através de sua identidade. Alguns questionamentos nesta fase contribuem para a expressão e construção desta identidade: sou diferente dos meus pais? Quem eu sou? O que quero ser no futuro? Ele tem a expectativa de com essas respostas encontrar o seu lugar no mundo. Nesta fase também ocorre o envolvimento ideológico, que comanda a formação de grupos da adolescência, pois existe a necessidade de sentir-se apoiado por seus pares. Essa aproximação deve ser acompanhada, para que não se torna uma relação pouco saudável, podendo defender pontos para além do que ele acredita. Por fim, poderá ocorrer de o adolescente projetar suas tendências e pensamentos em outras pessoas, podendo gerar, de acordo com Erickson o surgimento de preconceitos e discriminações. Quando o adolescente estiver sentindo-se fortalecido diante as suas crenças, ele poderá desenvolver uma relação estável com outras pessoas, bem como consigo, promovendo a continuidade de sua identidade. 5.7 Intimidade x isolamento Após estabelecer uma identidade fortalecida, o sujeito estará apto para uni-la à identidade de outra pessoa, sem que se sinta ameaçado neste processo. Neste momento torna-se possível estabelecer uma relação de companheirismo, intimidade, aonde um ego, encontra com outro. Convém destacar que para ocorrer este processo faz-se necessário que as etapas anteriores tenham sido construídas a fim de proporcionar um ego forte e autônomo, para que não prejudique esta nova relação. Caso o ego não esteja fortalecido, no lugar da união ocorrerá o isolamento, pois a pessoa tenderá a preservar o seu ego que se encontra mais fragilizado. O tempo aqui é fundamental de se entender, pois um período curto não necessita ser visto como isolamento, pois ter um momento sozinho colabora no desenvolvimento do seu ego, pois visa refletir em suas ações. 5.8 Generatividade x estagnação Neste momento, o sujeito preocupa-se com tudo o que pode ser gerado, desde seus filhos até algumas ideias. O sujeito se dedica ao que gerou, tanto em construções profissionais como relacionado ao filho. A necessidade de transmitir o conhecimento é uma característica inerente ao seu humano e nesta fase, aonde o sujeito está mais fortalecido é aonde mais ocorre essas situações. Caso não ocorra nenhuma transmissão o sentimento de fracasso em vida poderá vir à tona, trazendo à tona o sentimento de que tudo que construiu não valeu a pena. Com o advento de uma preocupação maior com a qualidade de vida, a expectativa de vida tem aumentado e consequentemente esta fase também. Essa produtividade possibilita que os sujeitos não caiam em uma estagnação. 5.9 Integridade x desespero Nesta etapa final cabe a reflexão do sujeito sobre a sua trajetória de vida. Ele realiza uma retrospectiva baseada nas suas realizações, conquistas, perdas e fracassos. Esse momento pode ser visto de uma maneira saudável ou poderá ocorrer desespero. Erikson destaca as principais possibilidades para manter uma qualidade de vida nesta etapa. O sujeito deverá se desenvolver nesta fase estruturando o seu tempo e viver esse momento final de vida com qualidade e em cima de suas possibilidades baseado na sua experiência de vida. Erikson (1987), apresenta uma questão acerca das crises e suas consequências na construção da personalidade. De acordo com o autor: [...]. De fato, podemos dizer que a infância se define pela ausência inicial desses critérios e de seu desenvolvimento gradual em passos complexos de crescente diferenciação. Como é, pois, que uma personalidade vital cresce ou, por assim dizer, advém das fases sucessivas da crescente capacidade de adaptação às necessidades da vida – com algumas sobras de entusiasmo vital? ” (ERIKSON, 1987, p. 91) 5.10 Teoria do Plano de Vida Segundo Erikson, durante o desenvolvimento humano, o qual ele denomina de plano de vida, o sujeito irá sentir os impactos das crises que acabou sofrendo desde a sua tenra idade. Ao observarmos a obra eriksoniana, podemos identificar alguns marcos que contribuem na construção deste plano de vida. Uma que podemos destacar inicialmente é a construção da confiança básica. Outro ponto que merece destaque é que o sujeito consiga identificar aonde ficou armazenado os seus conceitos de ideais e propósitos de vida. Outro marco que merece destaque é na fase da diligência, onde existe a inserção da criança no mundo social através da escola. Neste momento além das construções internas que o sujeito recebeu em casa ele depara-se com outros entendimentos de mundo de seus pares, fazendo com que reforce o seu ego e continue a construir a sua personalidade. A fase da adolescência, que está sofrendo uma profunda alteração com o passar do tempo, existe uma preocupação com o pensamento de outros acerca da sua própria vida. Nesta fase é marcada pela consolidação do plano de vida. Atividades de Aprendizagem Erick Erickson possui como foco de sua teoria os aspectos psicossociais. Porém a sua teoria possui algumas peculiaridades. Utilize este espaço para descrevê-las. Aula 6 – Psicologia e aprendizagem Olá! Seja bem-vindo à sexta aula da disciplina Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Nela você terá contato com a psicologia e a aprendizagem e um aspecto muito importante e fundamental para a aquisição do conhecimento: a motivação. Uma excelente leitura! A aprendizagem humana não pode ser considerada somente do ponto de vista individual, pois ela envolve questões técnicas, ambientais, emocionais podendo ou não contribuir para que a aprendizagem se concretize. Podemos destacar vários fatores que possibilitam a aprendizagem. Dentre eles podemos destacar os ambientais, sociais, cognitivos, comportamentais e afetivos. Esta diversidade pode impactar ou não o processo de aprendizagem humana de forma significativa sendo abordada por diversas teorias da aprendizagem. Porém, podemos destacar duas linhas teóricas que as englobam: a abordagem cognitiva da aprendizagem e as teorias do condicionamento. Segundo Boch (2009), as abordagens cuja referência é o condicionamento são aquelas que “definem a aprendizagem pelas suas consequências comportamentais e enfatizam as condições ambientais como forças propulsoras da aprendizagem” e, assim considera-se que a aprendizagem “é a conexão entre o estímulo e a resposta. Completada a aprendizagem, estímulo e resposta estão de tal modo unidos, que o aparecimento do estímulo evoca a resposta” (BOCH, 2009, p. 150). Esta abordagem referenciada no condicionamento é mencionada no behaviorismo. Quando apresentamos as teorias cognitivas, destacamos um processo de relação do sujeito com o mundo externo e que influencia diretamente no plano da organização internado conhecimento ou em sua organização cognitiva. (BOCH, 2009, p. 150). Nesse sentido, a concepção de Ausubel, aborda a aprendizagem significativa, a qual é entendida como aquela que o indivíduo dá significado, dá sentido, compreende, reflete, abstrai, elabora e organiza as informações que recebe do mundo exterior. Este significado, distingue de uma simples repetição, pois ele pode perceber o porquê de executar a tarefa. Assim, para abordagem cognitiva: [...] a aprendizagem é um elemento que provém de uma comunicação com o mundo e se acumula sob a forma de uma riqueza de conteúdos cognitivos. É o processo de organização de informações e integração do material pela estrutura cognitiva. (MOREIRA e MASIN apud BOCH, 2009, p. 150). Como você pôde perceber, há formas distintas de abordar o que significa a aprendizagem. Assim, vamos então conhecer as principais divergências entre elas. Para os adeptos das teorias de inspiração no condicionamento, a aprendizagem se dá por meio de hábitos, e para os adeptos das teorias cognitivistas, o aprendizado se dá por meio de conceitos. Outro ponto importante em que se identificam divergências entre as teorias se refere a como manter o que foi aprendido no processo de aprendizagem. Para os autores das teorias focadas no condicionamento, esse comportamento aprendido se mantém por meio das respostas sequenciadas e reforçadas em relação ao comportamento que se quer manter. Observe o exemplo do processo de abrir uma porta: [...] é fácil perceber que ele é composto de diversas respostas intermediárias: pegar a chave na posição certa para que entre na fechadura, encaixá-la na fechadura, virar corretamente e abaixar então a maçaneta. São essas diversas respostas que, reforçadas (bemsucedidas), preparam a etapa seguinte e mantêm a cadeia de respostas até que o objetivo do comportamento seja atingido (BOCH, 2009, p.151). No exemplo acima, é possível perceber a centralidade na relação estímulo-resposta e no reforço dessa relação. Para os cognitivistas, o que é os diversos processos cerebrais contidos nos comportamentos que se pretendem manter, serão responsáveis pela manutenção do comportamento aprendido. Assim, aspectos como memória e atenção são fundamentais para que o comportamento se mantenha. Atenção Existe a necessidade de criar mecanismos para que a memória e a atenção contribuam para o aprendizado! Por fim, convém destacar como as teorias visam como se daria a transferência de aprendizagem (BOCH, 2009). Para os autores das teorias do condicionamento, o principal fator presente na aprendizagem é a evocação, ou em outras palavras, uma vez aprendido uma operação, os princípios básicos de uma operação, estes serão evocados. Por exemplo, se já aprendi a amarrar os sapatos, saberei amarrar presentes. Para os autores da teoria cognitivista, mesmo compreendendo as fases ou partes que compõem o problema, não existem garantias de um aprendizado efetivo e, a forma como a apresentação do problema é feita poderá ou não permitir a aprendizagem. Se for apresentado de maneira diferente, não será possível a sua resolução ou aprendizagem. A seguir, será aprofundado um pouco mais acerca das teorias cognitivistas da aprendizagem. 6.1 A teoria de David Ausubel Para apresentarmos a abordagem cognitivista da aprendizagem, buscamos à teoria de David Ausubel. Ausubel nasceu nos Estados Unidos em 1918, e morreu em 2008. Os principais conceitos sobre os quais sua teoria se sustenta são cognição, aprendizagem, aprendizagem mecânica, aprendizagem significativa e pontos de ancoragem. O conceito de cognição defendido por Ausubel é apresentado por Boch (2009, p.153): Cognição é o “processo através do qual o mundo de significados tem origem. A medida que o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros significados. Tem origem, então, a estrutura cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se nos ‘pontos básicos de ancoragem’ dos quais derivam outros significados Conforme apresentado por Ausubel, podemos observar um papel ativo do sujeito no processo de aprendizagem. O sujeito irá perceber o mundo a partir das significações que vai atribuindo a ele. Se são sobre significados que ele se situa, é possível apreender que, se algo não tem significado para o sujeito, por que eu iria aprender? Quando estamos falando sobre uma proposta de aprendizagem que se referencie à abordagem cognitiva, uma palavra sempre presente em todo momento é processo. Faz-se necessário observar o processo pelos quais as informações são compreendidas, armazenadas, e utilizadas sempre tendo em mente o conceito de cognição (BOCH, 2009). Como foi apresentado anteriormente, cognição é o ponto de partida de significação que o indivíduo estabelece com o mundo a aprendizagem. Assim, segundo Boch (2009, p.153) “o processo de organização das informações e de integração do material à estrutura cognitiva é o que os cognitivistas denominam aprendizagem.” No intuito de ilustrar o que estamos conversando, imaginemos uma pessoa que recita um poema em um idioma que não conhece os significados das palavras. Ela pode decorar o poema e recitá-lo, temos aí, inegavelmente, uma aprendizagem, porém aqui cabe um questionamento: o que significa esta forma de aprendizagem ou como classificar esse modo de aprendizado adquirido? Apresentamos esse exemplo, pois a aprendizagem para os cognitivistas se divide em aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa. Aprendizagem mecânica está relacionada a uma aprendizagem na qual o conteúdo aprendido não é significado de forma completa. Ou seja, o conceito que origina não é assimilado. Assim, Boch (2009) define a aprendizagem mecânica como “a aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação com conceitos já existentes na estrutura cognitiva” (BOCH, 2009, p. 153). Em relação à aprendizagem significativa, os cognitivistas acreditam que deva ser buscada durante o processo de aprendizagem, em que os conteúdos aprendidos permitem que os conceitos que o originam sejam assimilados. Segundo Boch (2009, p.153) a aprendizagem significativa pode ser definida da seguinte forma: [...] quando um novo conteúdo (ideias ou informações) relaciona-se com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo assim assimilado por ela. Estes conceitos disponíveis são os pontos de ancoragem para a aprendizagem. Ao falarmos de aprendizagem significativa, apresentamos um novo conceito, cujos pontos de ancoragem possibilitam a realização de uma aprendizagem considerada significativa. Mas, afinal, o que são pontos de ancoragem? Os diversos capítulos que o compõem esta disciplina, podemos nos referir a eles como pontos de ancoragem para que você domine os conceitos de psicologia e aprendizagem. Assim, segundo Boch (2009) os pontos de ancoragem: [...] são formados com a incorporação, à estrutura cognitiva, de elementos (informações ou ideias) relevantes para a aquisição de novos conhecimentos e com a organização destes, de forma a, progressivamente, generalizarem-se, formando conceitos (p. 153). Após termos contato a alguns conceitos da teoria de Ausubel, vamos conhecer outros educadores e teóricos que dialogam com teoria da aprendizagem dele. 6.2 A teoria do ensino de Jerome Bruner O psicólogo e pesquisador norte-americano Jerome Bruner irá trabalhar em uma relação com o ensino diferente da aprendizagem. Para o autor o ensino está relacionado à metodologia utilizada para se garantir a aprendizagem de um conteúdo específico. Para Boch (2009), a teoria do ensino de
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