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Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem

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Prévia do material em texto

1 
 
 
HUGO NASCIMENTO REZENDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
Psicologia do Desenvolvimento e da 
Aprendizagem 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
2018 
Curitiba-PR 
 
 
2 
 
Palavra do professor-autor 
 
Olá, estudante! Espero que esteja preparado para novas informações e 
conhecimentos. 
Você está iniciando os seus estudos sobre o tema Psicologia do 
Desenvolvimento e Aprendizagem. Este tema é de suma importância a todos os 
profissionais que irão desenvolver um trabalho com crianças, jovens e adultos. 
Nesta disciplina, você terá acesso aos principais conceitos relacionados ao tema, 
principais teóricos, além da apresentação sobrea teoria das inteligências 
múltiplas. 
É imprescindível sua interação no Ambiente Virtual de Aprendizagem 
(AVA), aonde você terá a oportunidade não apenas de aprofundar os seus 
estudos, mas de trocar experiências com outros profissionais e colegas de turma. 
Desejo a todos uma excelente leitura. 
 
Professor Hugo Rezende 
 
3 
 
Aula 1 – Introdução à psicologia do 
desenvolvimento 
 
 
 
 
 
 
 
Olá! Seja bem-vindo, seja bem-vinda à primeira aula da disciplina Psicologia do 
Desenvolvimento e da Aprendizagem. Nela você conhecerá os principais fatores 
que fazem parte da psicologia do desenvolvimento, bem como as principais 
concepções. Uma excelente leitura! 
 
A psicologia do desenvolvimento é considerada uma das principais 
disciplinas que todo profissional que irá desenvolver o trabalho com pessoas 
necessita compreender. Ao ter contato de como o ser humano se organiza, suas 
fases de desenvolvimento e de aprendizagem, permite que o profissional amplie 
o seu olhar acerca de quem está atendendo. 
4 
 
 
1.1 Desenvolvimento humano 
Em um primeiro momento quando pensamos em psicologia do 
desenvolvimento devemos ter um entendimento amplo acerca do assunto. 
Muitas pessoas têm um pré-entendimento que por envolver os termos psicologia 
e desenvolvimento, esta esfera trabalhe apenas com aspectos cognitivos. Ledo 
engano. A psicologia do desenvolvimento visa estudar o desenvolvimento das 
pessoas nos mais variados aspectos. 
O Desenvolvimento Humano que é um tema fortemente estuda pela 
psicologia, engloba, não apenas os 
A maneira como ocorre o desenvolvimento humano é de grande 
relevância na formação de profissionais das mais diversas áreas. Esse 
entendimento permite ao profissional refletir sobre as diferentes características 
e, adequar os seus conhecimentos nas mais diferentes áreas de atuação. 
Alguns fatores influenciam no desenvolvimento humano, dentre eles 
podemos destacar: 
• Hereditariedade; 
• Aspectos físicos da pessoa; 
• Desenvolvimento neurológico no decorrer da vida; Estímulos do 
meio. 
Além dos fatores citados, existem alguns aspectos que merecem 
destaque, pois colaboram na interpretação dos comportamentos. São eles: 
• Aspectos físico-motor; 
• A capacidade de pensamento e de raciocínio; 
• Como cada sujeito integra as suas experiências em sua vida; 
• Como o sujeito reage perante a situação que envolvem outras 
pessoas. 
 
5 
 
 
Figura 1.1: Fases do desenvolvimento 
 
Apesar de termos apresentado em forma de tópicos anteriormente, temos 
que ter o entendimento que se trata de aspectos que ocorrem de maneira 
integrada. Porém, cada teoria do desenvolvimento que iremos apresentar 
futuramente dá ênfase a um ou outro aspecto, onde cada teoria apóia em 
diferentes concepções de sujeito e como ele irá adquirir o conhecimento. Vamos 
apresentar a seguir um pouco do entendimento histórico acerca da teoria do 
desenvolvimento. 
 
1.2 Teoria do desenvolvimento 
No século XIX, as teorias que permeavam o desenvolvimento humano 
tinham como diretrizes duas pautas: inatistas ou ambientalista. Goulart (2013), 
destaca que a partir de 1920 a concepção interacionista, começou a fazer parte, 
das discussões que envolviam o conhecimento humano. Para uma melhor 
compreensão destas concepções iremos apresentá-las a seguir. 
 
Atenção 
6 
 
Devemos sempre fazer correlação entre a época da vida do sujeito e o seu 
desenvolvimento cognitivo. 
 
1.2.1 Concepção inatista 
 Na Grécia antiga havia uma crença de que o sujeito ao nascer, já estava 
pronto, onde as suas aptidões, caso ele possuísse, seria como um “dom divino” 
ou de forma hereditária. Convém destacar que essa idéia de dom divino circula 
por nossa sociedade até os dias de hoje. 
Com esse entendimento, fica claro que nesta visão, o meio não interfere 
no conhecimento do indivíduo. Goulart (2013), destaca que para alguns autores, 
como: Noam Chomsky e Konrad Lorenz, defendem esta idéia deste 
conhecimento inato, onde elas recebem apenas atualizações no decorrer do 
desenvolvimento de cada sujeito. 
 Com o passar dos anos os filósofos, com a corrente do pensamento 
racional, buscaram entender de uma maneira mais aprofundada como o sujeito 
compreendia o mundo, para além de um entendimento baseado no divino. A 
dúvida que pairava as mentes dos primeiros filósofos era se o saber era inato ou 
se existia a possibilidade de ensinar conteúdos para as pessoas. 
Nesse aspecto Platão (427-347 A.C), posicionou-se defendendo que a 
alma precede o corpo e antes que ela venha a encarnar, ele tem acesso aos 
conhecimentos. Assim, o conhecimento nada mais é do que relembrar, 
acreditando que determinadas informações já estão presentes no sujeito. 
Convém destacar que esta concepção motivou a criação de um ensino em 
que o professor interfere pouco, no processo de aprendizagem do aluno, 
contribuindo apenas para que o conhecimento que já encontra-se estabelecido 
venha à tona e seja organizado. 
Essa visão inatista possui dois aspectos que valem a pena destacar. O 
primeiro é que atualmente, muitos educadores realizam o seu trabalho 
fomentando para que o estudante busque o seu conhecimento, visando uma 
independência da construção deste conhecimento. Por outro lado, outros 
educadores, poderão dizer que o estudante não aprende porque ele é de uma 
família que não aprende. 
7 
 
1.2.2 Concepção ambientalista 
Esta concepção é conhecida também como teoria comportamentalista, 
que entende que o ambiente possui muita importância no desenvolvimento do 
sujeito, sendo que este se desenvolve a partir das condições oferecidas pelo 
meio. 
Podemos destacar como principais autores desta concepção Watson e 
Skinner. Goulart (2013) relata que a concepção ambientalista acredita que o 
sujeito é produto do meio e a mente de cada um seria como uma tábua rasa, 
permitindo o registro de tudo que a pessoa vivencia. 
Outro filósofo que devemos destacar em nossos estudos é Aristóteles 
(384-322 – A.C.), o qual apresentou uma perspectiva contrário à de Platão. No 
caso de Aristóteles, apesar dos sujeitos possuírem capacidade de aprender, as 
experiências que eles possuem no decorrer da vida são fundamentais para o 
desenvolvimento. 
Para o filósofo o conhecimento é adquirido por meio do que o sujeito 
absorve pelo meio, por meio de seus sentidos. Em outras palavras, podemos 
trazer esse modelo de aprender por meio da memorização, cópias e repetições, 
como vemos em algumas escolas que muitos de nós estudamos. 
Quem não se lembra do famoso processo de decorar a tabuada? 
Assim, essa concepção acredita que as informações, se transformam em 
conhecimento quando começarem a fazer parte do hábito do sujeito. As 
informações são armazenadas e fixadas e podem ser associadas uma com as 
outras. 
Essa concepção ganhou força nos séculos XVI e XVII, durante a idade 
moderna, por meio de Francis Bacon (1561-1656), Thomas Hobbes (15881679) 
e John Locke (1632-1704). Conforme esses filósofos cabem à instituição de 
ensino formar um sujeito em sua complexidade, permitindo que seja capaz de 
conhecer, julgar e agir, baseando-se na sua própria razão. Assim, o conteúdo 
mediado pelo professor, a sua razão, é o queé correto e válido. 
Até hoje percebemos em escolas o discurso que o professor é detentor de 
todo o conhecimento. Posição que fica bastante complicada nos tempos atuais 
8 
 
aonde a tecnologia contribui para o acesso a informação e, várias respostas 
acerca de um determinado tema. 
Para Refletir 
Apesar de estarmos em pleno século XXI, você considera que o local que você 
trabalha, desenvolve que tipo de concepção?. 
 
1.2.3 Concepção interacionista 
Ao adentrarmos no século XIX, temos a participação significativa de três 
teóricos: o suíço Jean Piaget (1896 – 1980), o psicólogo francês, Henri Wallon 
(1879 – 1962) e o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896 – 1934). 
Esses autores discordaram das concepções apresentadas inicialmente 
(inatistas e ambientalistas), desenvolvendo a concepção interacionista em suas 
teorias acerca do desenvolvimento da criança. 
Os autores acreditavam que a geração do conhecimento está entre a 
interação do sujeito com o seu meio e a partir de estruturas existentes neles. 
Assim, o sujeito não é um ser passivo neste processo, mas possui um papel ativo 
e utiliza esse aprendizado e o significado deles para se desenvolver. 
Essa proposta foi o marco para o início do construtivismo, frente que 
destaca a idéias de que o homem é o construtor do seu próprio conhecimento. 
Convém destacar, conforme veremos a seguir com Piaget, que o conhecimento 
não será adquirido apenas com o contato com o objetivo que se pretende 
conhecer. O sujeito deverá agir sobre este objeto e transformá-lo. 
Assim, a proposta desta concepção faz com que o papel do educador seja 
de criar contextos, propor ações e desafiar cada estudante para que a 
aprendizagem aconteça. 
A psicologia do desenvolvimento é o conceito inicial para desenvolvermos 
o entendimento das diferentes abordagens nesta área, bem como os estudos 
desenvolvidos por vários autores no decorrer do ano. 
Convém destacar que por mais que possamos dar ênfase às questões 
ligadas às estruturas cognitivas dos sujeitos, devemos sempre estar atentos aos 
aspectos relacionados ao desenvolvimento físico e respeitar a singularidade de 
cada sujeito neste processo. 
9 
 
 Nesta aula você conheceu as principais concepções acerca do desenvolvimento 
humano. Apesar de sua origem ser desenvolvidos há muitos anos atrás podemos 
perceber que é um tema extremamente dinâmico e que merece adaptação 
conforme o contexto aonde será aplicado. 
 
Atividades de Aprendizagem 
A psicologia do desenvolvimento possui algumas concepções que nos 
permite compreender a mudança de entendimento acerca de como o ser humano 
se desenvolve e adquiri o conhecimento. Frente ao exposto descreva sobre as 
concepções apresentadas nesta aula. 
 
10 
 
Aula 2 – Principais correntes teóricas da 
Psicologia do Desenvolvimento – Jean 
Piaget 
 
 
 
Figura 1.1: Criança e seu pai 
Fonte: © freepik 
 
 
Olá! Seja bem-vindo à segunda aula da disciplina Psicologia do 
Desenvolvimento e da Aprendizagem. Nela você terá contato sobre a teoria de 
Piaget e a sua importância para o entendimento de como ocorre o processo de 
aprendizagem e desenvolvimento humano. Lhe desejo uma excelente leitura! 
 
 
A possibilidade de sistematização no entendimento do desenvolvimento 
humano é necessária para que na hora de desenvolvermos atividade junto com 
as crianças jovens e adultos, possamos extrair o melhor de cada sujeito. Um dos 
teóricos que apresenta esta sistematização é Jean Piaget, o qual veremos a 
seguir. 
11 
 
2.1 Jean Piaget (1896 - 1980) 
 
O suíço Jean Piaget nasceu em 1896 em Genebra e desde jovem, se 
interessou pela área da biologia. Aos 16 anos, Piaget publicou artigos sobre 
moluscos e aos 22 anos concluiu seu doutorado em biologia. 
No ano de 1918, Piaget iniciou seus estudou em laboratórios de 
psicologia, em Zurique. Realizou trabalhos com estruturas lógico-matemáticas e 
preocupou-se em analisar a gênese de sua construção, que é a própria gênese 
da inteligência (GOULART, 2013). 
Um dos principais objetivos dos estudos de Piaget na época era de 
compreender como se originava, progredia e evoluía o pensamento dos seres 
humanos. Sua meta inicial não era descrever o desenvolvimento infantil, mas por 
meio da observação de muitas crianças, pela forma delas pensarem e a maneira 
como resolviam os problemas lógicos, que Piaget percebeu que poderia 
compreender o desenvolvimento dos seres humanos. 
Teve a oportunidade de trabalhar com os psicólogos Binet e Simon na 
França, criadores do teste de inteligência Binet Simon. Esse teste foi o primeiro 
criado para analisar a idade mental das pessoas, utilizando-se de perguntas e 
respostas realizadas para as crianças. 
O interesse de Piaget nesse teste foram as respostas erradas que as 
crianças davam. Com essas crianças ele acrescentava perguntas e 
conversavamais tempo e, assim, foi percebendo que o pensamento delas tinha 
uma lógica, diferente do adulto. 
Piaget desenvolveu está prática de estudo também dentro de sua própria 
casa ao observar as suas três filhas. Em seus estudos minuciosos a respeito do 
desenvolvimento delas, ele constatou que a evolução do pensamento acontecia 
de forma gradual e a partir da própria curiosidade e de seu interesse. 
A criança assim como o adulto, só realiza alguma ação exterior ou interior 
quando impulsionada por um fator motivacional, por vezes traduzido em forma 
de uma necessidade (necessidade elementar, um interesse, uma pergunta etc.). 
(PIAGET, 2011, p.14). 
12 
 
Assim, Piaget verificou que as crianças tinham seus próprios 
questionamentos, maneiras específicas de pensar e de construir seu 
conhecimento. Outro ponto importante e que merece destaque é que essa lógica 
se diferenciava conforme a idade. 
Em 1919, Piaget começou a trabalhar no Instituto Jean-Jacques 
Rousseau em Genebra. Na ocasião publicou seus primeiros artigos sobre o 
desenvolvimento da criança. Os seus artigos foram muito bem vistos por 
Edouard Claparède (1873-1940) diretor do instituto. 
Nos anos de 1920 a 1930, Piaget elaborou seu método, diferenciando-se 
do clínico comum àquela época. Essa diferença acontecia, pois, o método de 
Piaget não apresentava problemas estandardizados e um vocabulário préfixado, 
mas sim conversava-se livremente com as crianças, adaptando as expressões e 
as situações às respostas, atitudes e vocabulário do sujeito. 
Nesse época ele publicou seus famosos livros na área da psicologia: A 
linguagem e o pensamento na criança (1923); O raciocínio da criança (1924); A 
representação do mundo na criança (1926); A causalidade física na criança 
(1927) e O julgamento moral na criança (1931). Em 1940, assumiu a cadeira de 
psicologia experimental, após a morte de Claparède, tornando-se diretor do 
laboratório de psicologia. 
Piaget lecionou psicologia genética entre os anos de 1952 e 1963, na 
Universidade Sorbonne. Entre os anos de 1964 e 1972 realizou simpósios no 
intuito de aumentar o público da psicologia genética e aprofundar seus métodos 
e sua reflexão. 
No ano de 1973, Piaget se aposentou do ensino universitário, dedicando-
se às suas pesquisas no centro de epistemologia, onde possuía muitos 
colaboradores. 
Piaget faleceu em 1980 deixando um legado com mais de 70 livros e 
centenas de artigos sobre o conhecimento humano. O objetivo inicial de Piaget 
não era educacional quando iniciou seus estudos, mas epistemológico, pois 
queria saber como tem origem e como evolui o conhecimento. Por isso, ele 
chamou a sua ciência de epistemologia genética. 
 
13 
 
 
 
 
 
Figura 2.1 Jean Piaget 
 
Goulart (2010, p. 160) lembra que “o interesse piagetiano pela 
epistemologia nasce de suas preocupações de biólogo: a evolução, a interação 
com o meio, a gênese das estruturas.” Assim, epistemologia genética parte do 
pressuposto que o conhecimento é construído por meio da interação entreo 
sujeito e o meio, a partir das estruturas existentes. Desse modo, a construção do 
conhecimento depende das estruturas cognitivas do sujeito e de sua relação com 
os objetos e as outras pessoas. 
A partir dessas ideias, Piaget (2011) descreveu que a aprendizagem 
ocorre quando a informação é processada pelas estruturas cognitivas. Ele 
apresenta os conceitos de equilibração, assimilação e acomodação, com o 
objetivo de explicar o processo de aprendizagem. A seguir vamos explicar cada 
um desses conceitos. 
A equilibração representa a base da teoria de Piaget, onde ele apresenta 
que todo organismo vivo procura agir, mantendo um estado de adaptação com 
seu meio (equilíbrio). A equilibração pode ser compreendida como um processo 
cognitivo que visa estabilizar ou equilibrar uma nova descoberta. 
14 
 
A assimilação é uma ação externa, é o modo como interagimos com o 
mundo e com o objeto de conhecimento (algo sobre o que queremos aprender). 
O processo de assimilação está relacionado à nossa capacidade em classificar, 
ordenar, relacionar, sintetizar, por meio de um levantamento de hipóteses para 
compreender as características conceituais do conhecimento a ser construído. 
Porém, quando o sujeito se depara com uma característica da experiência que 
contradiz as suas hipóteses, uma nova situação poderá provocar desequilíbrios. 
Assim ocorre a tentativa de associar novas informações às experiências 
anteriores ou aos conhecimentos prévios. 
Por fim, a acomodação é um processo interno que diz respeito à 
construção de novas estruturas cognitivas que se estabelecem, a partir das 
estruturas preexistentes, ampliando-as, permitindo a assimilação de novos 
conhecimentos e alcançando um novo estado de equilíbrio. 
Assim, podemos resumir que para Piaget, o desenvolvimento cognitivo 
ocorrerá em virtude de constantes desequilíbrios e equilibrações. O surgimento 
de uma nova possibilidade gera alguma mudança no meio ambiente, provoca a 
quebra do estado de repouso entre o organismo e o meio, causando um 
desequilíbrio. Na busca de um novo estado de equilíbrio, dois mecanismos 
entram em ação: assimilação e acomodação. O equilíbrio entre a assimilação e 
a acomodação é chamado de adaptação. A aprendizagem ocorre por meio desse 
equilíbrio. 
Outro aspecto importante da epistemologia genética para o entendimento 
do processo de aprendizagem é o entendimento que o indivíduo passa por várias 
etapas de desenvolvimento cognitivo ao longo de sua vida. Como já mencionado 
anteriormente, Piaget aprofundou os seu estudos com maior detalhamento em 
crianças, no qual ele impulsiona a teoria cognitiva e descreve a existência de 
quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano. 
2.2 Estágios do desenvolvimento 
Para Piaget o desenvolvimento da inteligência não é um processo linear, 
e também não se dá pelo acúmulo de informações, mas sim pela construção e 
reconstrução contínuas das estruturas cognitivas. Ele definiu essas construções 
15 
 
como estágios e apresentou que a inteligência é modificada seguindo uma 
sequência lógica. Apresentaremos uma síntese destes estágios a seguir. 
No estágio Sensório-motor (recém-nascido e lactente – 0 a 2 anos) o 
recém-nascido possui reflexos como o de sucção e a preensão. Com o passar 
dos meses, o bebê começa a explorar o ambiente. Por volta dos cinco meses, a 
criança inicia a coordenação dos movimentos das mãos e dos olhos e consegue 
pegar os objetos. No final desse estágio, a criança consegue utilizar um 
instrumento para atingir um objeto. Sua inteligência envolve as percepções e os 
movimentos e suas falas ocorrem de uma maneira imitativa. 
 
Figura 2.2: Estágio sensório-motor 
Fonte: © Freepik 
https://br.freepik.com/fotos-gratis/retrato-de-um-recem-nascido-
empalmeiras_1280832.htm#term=recem%20nascido&page=1&position=37 
 
No estágio pré-operatório (de 2 a 7 anos) a linguagem é a principal 
causa para mudanças significativas no aspecto intelectual, afetivo e social da 
criança. A criança nesse período é capaz de nomear objetos e raciocinar de 
maneira intuitiva. A interação e a comunicação entre ela e os outros indivíduos 
são resultado da linguagem. Nessa fase surge os jogos simbólicos (brincadeiras 
de faz-de-conta. A maturação neurofisiológica completa-se, permitindo o 
desenvolvimento de novas habilidades, como segurar o lápis e fazer os 
movimentos da escrita. 
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16 
 
 
 
Figura 2.3: Estágio pré-operatório 
Fonte: © Freepik 
 
No estágio operatório-concreto (de 7 a 11 anos) ocorre a construção 
lógica, onde é desenvolvida a capacidade da criança de estabelecer relações 
permitindo a ela considerar diferentes pontos de vista, favorecendo a superação 
do egocentrismo intelectual, presente na fase anterior. Nesse estágio as crianças 
desenvolvem noções de tempo, espaço, velocidade, ordem e causalidade. O 
mundo concreto ainda é fundamental para que consiga chegar à abstração. Em 
relação a afetividade a criança é capaz de cooperar, trabalhar em grupo, ter 
autonomia e criar seus próprios valores. 
 
 
Figura 2.3: Estágio operatório-concreto 
 
17 
 
Por fim, o estágio operatório formal (a partir dos 12 anos) é a fase onde 
existe o despertar do raciocínio abstrato. A criança é capaz de raciocinar de uma 
maneira lógica e sistemática, visando soluções com base em hipóteses e não 
pela observação da realidade. Esse estágio é considerado para Piaget o ponto 
mais alto do desenvolvimento da inteligência, correspondendo ao nível de 
pensamento hipotético e dedutivo ou lógico-matemático. A estabilidade desse 
estágio poderá ocorrer no início da idade adulta. 
 
 
Figura 2.4: Estágio operatório formal 
 
Convém destacar que os estágios são flexíveis, assim o profissional que 
trabalha com crianças e adolescentes deverá estar atento para não interpretarem 
de maneira errônea a teoria piagetianae perceber os estágios de uma maneira 
cristalizada. 
Segundo Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o 
sujeito consegue fazer nessas faixas etárias. Todos os sujeitos passam por todas 
essas fases ou períodos, entretanto o seu início e término dependem das 
características biológicas do sujeito, bem como dos fatores educativos e sociais. 
Portanto, a divisão dos estágios nessas faixas etárias é uma referência e não 
uma norma rígida. 
18 
 
A teoria de Piaget é complexa e necessita ser estudada em profundidade 
e atenção, com o intuito que se compreendam corretamente os conceitos 
relacionados, bem como as sequência do desenvolvimento das crianças, sem 
esquecer que cada um tem seu ritmo de aprendizado. Os educadores precisam 
ficar atentos também, acerca da necessidade dos limites e intervenções dos 
adultos contribuindo para o surgimento da autonomia da criança. 
A teoria de Piaget possui forte influência na educação e seu método pode 
fundamentar diversas propostas de ensino dos diferentes contextos escolares 
existentes. 
 
2.3 A importância da obra de Piaget para a 
educação 
A teoria de Piaget impactou positivamente a maneira de se pensar o 
desenvolvimento da criança no século XX. Por meio de sua teoria, foi 
apresentada a diferença da maneira de pensar entre crianças e adultos e que 
elas constroem o seu próprio aprendizado. 
Goulart (2013) destaca que apesar de Piaget não pretender construir uma 
teoria pedagógica, a sua obra que transita em diferentes áreas do 
desenvolvimento é bem articulada, contribuindo para que muitos especialistas 
apresentem propostas de ensino baseadas em suas ideias. 
A partir da teoria de Piaget, as instituições de ensino passaram a planejar 
suas atividades, levando em consideração também os níveis de 
desenvolvimento da criança e, não as tratando apenas como “um mini adulto”. 
Os professores passaram a utilizar, em sua prática, objetos concretos 
como areia, água, argila, tinta, papel, materiais recicláveis, entre outros, no intuito 
de facilitar a aquisição de conceitos pertinentes ao período de desenvolvimento 
delas. E, com as crianças maiores ocorre a utilização de atividades e jogos, que 
contribuem no aprendizado das operações concretas e, ao desenvolvimento da 
lógica até atingir o estágio operatório formal. 
Por fim, por meio da teoria piagetiana, os professores refletiram acerca do 
conceito de “certo” e “errado” no que se refere às respostas das crianças nos 
19 
 
exercícios propostos e, passaram a dar ênfase no processo de construção do 
conhecimento. Piaget não aponta o que e como ensinar, mas por meio de sua 
teoria foi possível aos educadores repensarem de forma mais crítica as suas 
práticas e buscaram estratégias que viabilizam auxiliar os alunos a construir sua 
autonomia e, na formação de pessoas críticas, criativas e ativas. Os frutos das 
pesquisas de Piaget influenciaram inúmeros psicólogos, pedagogos e 
educadores ao redor do mundo. 
Atividades de Aprendizagem 
Jean Piaget foi um autor que apresentou as fases do desenvolvimento 
infantil, as quais são utilizadas até os dias de hoje nas salas de aula e 
consultórios. Frente ao exposto descreva sobre os 
 estágios do desenvolvimento de acordo com Jean Piaget. 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 3 – Principais correntes 
teóricas da psicologia do 
desenvolvimento - Vygotsky 
 
Olá! Seja bem-vindo, seja bem-vinda à terceira aula da disciplina Psicologia do 
Desenvolvimento e da Aprendizagem. Nela você terá contato com a teoria de 
Vygotsky e a sua importância para o entendimento de como ocorre o processo 
de aprendizagem e desenvolvimento humano. Vamos la? 
 
Até aqui, estudamos acerca do desenvolvimento humano e acerca da 
teoria de Jean Piaget. Agora, vamos compreender mais sobre a obra de Lev 
Semenovitch Vygotsky. 
 
3.1 Vigotsky (1896 – 1934) 
Vygotsky nasceu na cidade de Orsha no ano de 1896, atual cidade de 
Belarus da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Morreu no ano 
de 1934 na cidade de Moscou. 
A participação de Vygotsky em momentos únicos na história de seu país 
e do mundo, como, o apoio à Revolução Bolchevique de 1917, a qual derrubou 
o regime czarista (regime político russo que imperou de 1547 a 1917), 
contribuíram para o desenvolvimento de sua obra. 
Suas obras têm como princípio de pesquisa o materialismo dialético - tanto 
que um dos seus livros, “A Formação Social da Mente”, é uma referência para 
várias gerações de pesquisadores até os dias de hoje. 
Algo que merece destaque é que durante o período stalinista (antiga 
URSS) sua obra foi proibida. Esse fato contribuiu para que sua obra chegasse 
tardiamente ao Brasil, sendo que a versão disponibilizada foi produzida a partir 
de traduções para o inglês, o que compromete o conteúdo, pois traz a 
apropriação de forma distorcida pela psicologia social americana, conforme 
apontam alguns teóricos e estudiosos da área. 
 
 
Vygotsky morreu precocemente, aos 38 anos, porém sua produção 
intelectual foi intensa nas mais diversas áreas, como Artes, Pedagogia, Crítica 
de Artes e Psicologia. Vamos iniciar nossas discussões sobre a obra de Vygotsky 
por alguns dos seus principais conceitos assim elencados por Bock, o conceito 
de funções superiores. 
 
 
 
Figura 3.1: Vygotsky 
Fonte: Wikimedia Commons 
 
Quando apresentamos as funções superiores do homem, refere-se à 
atenção, memória, imaginação, pensamento e linguagem. Vygotsky afirmava 
que, o que os autores inatistas apresentavam, ou os que defendiam o enfoque 
genético, presente na Psicologia do Desenvolvimento, não são suficientes para 
explicar o funcionamento destas funções superiores que caracterizam o ser 
humano. 
Assim, Vygotsky afirma que todos nós nascemos imersos em uma cultura, 
porém, são nas interações e mediações com as outras pessoas e com a natureza 
que o desenvolvimento das funções superiores, ocorrem. 
Uma das características que nos definem enquanto humanos e que é 
possível relacionar com as funções psicológicas superiores, podemos destacar 
a possibilidade de se pensar em objetos ausentes. Estes atributos, bem como 
 
 
outros são próprios e únicos do sujeito e se diferenciam de ações reflexas ou 
biológicas. 
Outro ponto importante apresentado por Vygotsky se refere ao 
Desenvolvimento Humano e sua relação com a maturação de um organismo: a 
filogênese. 
Para que possamos compreender esse conceito se faz necessário lembrar 
das fases do Desenvolvimento Humano propostas por Piaget. Apesar de 
reconhecer e elogiar o trabalho de Piaget, Vygotsky pontua que o 
desenvolvimento da linguagem e da consciência, não pode ser determinado 
somente pela questão da maturação do sistema nervoso. Para Vygotsky, a 
cultura e os aspectos sociais são fundamentais para o bom desenvolvimento das 
funções psicológicas superiores. 
O comportamento de tomada de decisão a partir de uma nova informação é um 
comportamento superior, tipicamente humano. O mais importante que podemos 
destacar desse tipo de comportamento é o seu caráter voluntário e intencional. Nesse 
sentido, a relação de aprendizagem – desde o processo de escrita até a mediação 
realizada em diálogos e conversas que são desenvolvidos – está diretamente ligada aos 
processos psicológicos superiores. 
 
3.2 A mediação - os instrumentos e os signos 
Um ponto fundamental na obra de Vygotsky é a Mediação, que Oliveira 
(2002, p. 26) define como: “a intervenção de um elemento intermediário” em uma 
relação qualquer. Um dos exemplos citados pela autora é de uma pessoa que 
tira a mão da chama de uma vela acesa: nesta situação ela estará estabelecendo 
uma relação direta entre a mão e o calor da vela. Porém, se o sujeito retira a mão 
por causa da lembrança da dor advinda de uma experiência anterior, esta relação 
passa a ser mediada. 
A situação será análoga caso o sujeito retirea mão após a intervenção de 
outra pessoa que lhe explica acerca dos perigos e da dor referente ao ato que 
está para realizar. Uma representação desse processo pode ser apresentada da 
seguinte forma: 
 
 
 
S = Estímulo 
R = Resposta 
X = Mediação (entre) 
 
No exemplo da vela citado anteriormente, o Estímulo (S) seria o calor 
emitido pela vela, a Resposta (R) é a retirada da mão após a ação deste estímulo. 
Quando a retirada da mão se dá pelos outros motivos citados no texto 
(intervenção humana ou lembrança da dor), temos a presença de um fator (X), o 
qual iremos denominar como Mediação, que podemos caracterizar como sendo 
o elo mediador ou elemento intermediário. 
Vygotsky considera que a mediação humana poderá ocorrer de duas 
maneiras: por meio de instrumentos e por meio de signos. Assim, se faz 
necessário destacar sua fundamentação teórica e o seu relacionamento com o 
materialismo histórico e dialético. Mas, afinal do que se trata a dialética? O 
princípio da dialética, na Psicologia de Vygotsky, se faz presente quando ele 
considera ação do sujeito sobre a própria aprendizagem e o mundo e, a ação do 
mundo sobre o sujeito. 
Não se observa um sujeito passivo recebendo um conhecimento. Por 
exemplo, imagine um machado enterrado em uma árvore. Nessa imagem 
Vygotsky descreveria um instrumento como algo que está entre o sujeito e a ação 
deste sobre a natureza. 
 
 
 
Figura 3.1: Machado na árvore 
Fonte: © Freepik 
 
 
Assim, Oliveira (2002) define instrumento como um objeto que se coloca 
entre o sujeito e o trabalho (compreendido como ação humana). O instrumento 
carrega consigo, uma visão que se reporta ao materialismo dialético, à história 
social e não apenas a utilização dele (funcional) – tendo, portanto, a função de 
mediar a relação do sujeito com o mundo no qual está inserido. 
Embora é comum presenciarmos a utilização de instrumentos por outros 
animais, o que irá diferenciar em relação ao homem é que a relação estabelecida 
por eles está relacionada com o tempo e a função dos instrumentos. Nesse 
sentido, podemos observar animais, que usam instrumentos para questões 
pontuais e imediatas, não havendo preocupação e/ou capacidade de usá-los no 
futuro. Em outras palavras, os objetos não possuem para os animais função 
social e cultural que o instrumento carrega para os humanos (OLIVEIRA, 2002). 
Para ter uma melhor compreensão acerca do que os signos significam e 
a sua diferença em relação aos instrumentos como mediador da ação humana, 
é necessário atentar que esses são considerados externos ao ser humano e 
aqueles podem ser entendidos como “instrumentos internos”. A seguir veremos 
como se dão estas definições: 
Os signos, em um primeiro momento, têm uma função externa – assim 
como os instrumentos, sendo considerados “instrumentos psicológicos", porém 
possuem outras possibilidades. Oliveira (2002) aponta que, em um primeiro 
momento, o signo é externo ao sujeito, isto é, possui como função auxiliar o 
homem em suas tarefas, porém traz consigo (por meio da sua relação com a 
memória) a capacidade de se referir a outros elementos que não 
necessariamente estejam presentes. 
No intuito de exemplificar imaginemos a seguinte situação. Um homem 
usa varetas para contar o gado, as ovelhas ou qualquer outro objeto. Tais varetas 
serão utilizadas e carregam a memória dos objetos ausentes (o gado ou as 
ovelhas) – isso é o que Vygotsky considera como “instrumento psicológico”. 
Com esse exemplo é possível compreendermos as diferenças entre 
instrumento e signo e o processo de internalização dos últimos e suas relações 
 
 
enquanto mediadores. Durante o processo evolutivo do sujeito, existem 
mudanças significativas em relação aos signos e suas representações ou mesmo 
a capacidade de utilizá-los e, dialeticamente, ocorrem processos de 
internalização que podem ser definidos como a capacidade de transformação de 
mediadores externos em internos. 
Vamos agora pensar em um gato: os que gostam do animal puderam 
imaginá-lo em diversas situações divertidas; os que têm uma alergia ou uma 
aversão o imaginaram em outra situação diferente. Porém, sem exceção, todos 
puderam ter a representação mental do que venha a ser um gato. Esse processo 
ocorre devido às mudanças qualitativas e quantitativas que os signos são 
submetidos, no decorrer do processo evolutivo da humanidade. 
Como destaca Oliveira (2002), estamos libertos de uma relação direta com 
os objetos, nos quais entram a imaginação, a capacidade de planejar futuras 
ações e assim, entram em jogo as funções psicológicas superiores. Nesse 
momento fica claro o posicionamento de Vygotsky que se contrapõe ao de 
Piaget. Para o autor as funções psicológicas superiores e os signos 
internalizados possuem entre si uma relação dialética, pois o homem se 
relaciona com instrumentos e signos, internaliza estas relações e, ao fazer isso, 
utiliza as capacidades humanas de imaginar, planejar, que estão diretamente 
relacionadas às funções psicológicas superiores. 
Nessa dinâmica o sujeito vai se humanizando na relação com outros 
sujeitos e com a sua ação sobre a natureza por meio do trabalho, dos 
instrumentos e dos signos. Para Vygotsky, é por meio do trabalho e das trocas 
sociais e simbólicas que ocorre a transformação dos signos durante todo o 
desenvolvimento humano. 
Os símbolos não podem ser considerados apenas como uma questão de 
organização interna do indivíduo. Faz-se necessária sua ativação, sua relação 
com os outros. Quando pensamos em representações mentais e signos, é 
importante ter clara essa necessidade fundamental de outro conceito importante 
- a interação entre sujeitos por meio da cultura, das relações sociais e do 
trabalho, os signos internos e externos não são estáticos. Assim, quando o 
sujeito em sua capacidade de representação, ao imaginar um avião, ele está 
dialogando com o conceito construído histórica e socialmente de avião. 
 
 
Ao falarmos de cultura, a relação que se estabelece não é de submissão, 
mas de uma negociação e interação entre o mundo subjetivo do indivíduo e o 
meio social. Nessas múltiplas interações, a cultura é internalizada, mas não 
passivamente e, sim, como uma síntese de todo o processo social e psicológico 
(OLIVEIRA, 2002). 
 
3.3 Pensamento e Linguagem 
Para Vygotsky, a principal função da linguagem é o de intercâmbio social. 
Pois é através dela que o homem cria e utiliza os sistemas de linguagem. 
Podemos destacar esta função com as crianças que estão iniciando no seu 
processo de aprender a falar, pois apesar de não saber utilizar os termos corretos 
ele consegue se fazer entender. 
Baseado nessa definição, temos a necessidade de intercâmbio social e 
em seguida a linguagem necessita de uma sofisticação que só será possível por 
meio do pensamento generalizado, o qual pode ser compartilhado por meio de 
signos comuns. 
O pensamento generalizado é a capacidade que cada sujeito possui de 
se comunicar com os outros de forma precisa por meio de signos compartilhados 
socialmente. Como seres humanos, vivemos uma experiência única e complexa 
e, realizar a tradução dessa experiência é um grande desafio – ao mesmo tempo 
é o que caracteriza o pensamento generalizante. 
Assim, entre os bebês predominam a inteligência prática e a linguagem 
pré-verbal. Porém, podemos destacar que é por meio dos processos de 
socialização e de trocas que o desenvolvimento da linguagem se torna mais 
complexo e aonde ocorrem o desenvolvimento dos signos e sistemas simbólicos 
complexos. 
O trabalho é entendido por Oliveira (2002) como parte fundamental desse 
processo, sendo compreendido como uma ação do sujeito sobre a natureza, uma 
vez que, ao modificá-la por determinada ação, o sujeito também muda, em uma 
relação dialética. 
 
 
Nesse momento ocorre a trajetória do pensamento desvinculado da 
linguagem e a trajetóriada linguagem independente do pensamento. Num 
determinado momento do desenvolvimento, ocorrerá a união dessas duas 
trajetórias e o pensamento se torna verbal e a linguagem racional. A associação 
entre pensamento e linguagem é atribuída à necessidade de intercâmbio dos 
indivíduos durante o trabalho, atividade especificamente humana. 
A filogênese e a ontogênese permeiam as obras de Vygotsky, Piaget e 
outros pesquisadores que observam o desenvolvimento humano dentro de uma 
abordagem genética. 
Porém, Vygotsky diferencia-se de seus contemporâneos pela ênfase que 
dá à Cultura no Processo de Desenvolvimento Humano, desenvolvendo um 
conceito que merece destaque e que será abordado a seguir: a Zona de 
Desenvolvimento Proximal (ZDP). 
 
3.4 Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) 
O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal é fundamental para a 
obra de Vygotsky, especialmente ao tratar do desenvolvimento humano e da 
aprendizagem, partindo do pressuposto que existem dois níveis de 
desenvolvimento na criança: o real e o potencial. 
No nível de desenvolvimento real, é o nível que se pode observar, o que 
ela pode fazer sozinha sem a mediação de terceiros e refere-se aos processos 
já consolidados. 
Já o nível de desenvolvimento potencial se refere ao que a criança pode 
alcançar com o auxílio da mediação de adultos ou mesmo aquelas que 
alcançaram outro patamar de desenvolvimento. Convém destacar que isso não 
pode ser generalizado de forma que se ignore os processos de maturação. Fica 
claro ao pensarmos em um exemplo simples: mesmo com a ajuda de um adulto, 
uma criança de três meses não conseguirá andar. 
Resumidamente podemos definir a ZDP entre o nível de desenvolvimento 
real da criança e o seu nível de desenvolvimento potencial. Esse espaço é o da 
educação, das trocas, da mediação por excelência. É importante observar a 
importância da mediação e dos mediadores na obra de Vygotsky: 
 
 
É a partir da postulação da existência desses dois níveis de 
desenvolvimento – real e potencial – que Vygotsky define a zona de 
desenvolvimento proximal como “a distância entre o nível de desenvolvimento 
real, que se costuma determinar por meio da solução independente de 
problemas e, o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da 
solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com 
companheiros mais capazes” (OLIVEIRA, 2002, p. 52). 
 
Assim, podemos compreender como desenvolve o aprendizado conforme 
a teoria de Vygotsky, e compreender a construção e a importância dos fatores 
sociais no desenvolvimento infantil. 
 
Nesta aula acerca da teoria de Vygotsky você aprendeu, além do histórico 
do autor, sobre a importância da linguagem e da relação social do sujeito no seu 
processo de aprendizado. 
 
Atividades de Aprendizagem 
Vygotsky foi um autor que apresentou a importância da relação do 
indivíduo, com o meio no seu desenvolvimento e processo de aprendizagem. 
Frente ao exposto descreva sobre o entendimento do autor sobre pensamento e 
linguagem. 
 
 
 
 
Aula 4 – Principais correntes 
teóricas da Psicologia do 
Desenvolvimento - Wallon 
 
Olá! Seja bem-vindo à quarta aula da disciplina Psicologia do Desenvolvimento 
e da Aprendizagem. Nela você terá contato com a teoria de Wallon e a sua 
importância para o entendimento de como ocorre o processo de aprendizagem 
e desenvolvimento humano. Tenha uma excelente leitura! 
 
 
O francês Henri Wallon (1879-1962), se formou em medicina, psiquiatria 
e psicologia. Foi contemporâneo de Jean Piaget, Freud e Vygotsky. 
As suas primeiras atuações foram no âmbito da psicopatologia em 
decorrência de sua atuação médica durante a Primeira Guerra Mundial. Wallon 
se dedicou aos estudos da psicologia da criança, em especial no atendimento as 
crianças com deficiências neurológicas e com distúrbios de comportamento. 
Wallon acreditava que seus estudos na área da psicologia poderiam servir 
de base para possíveis renovações dentro das práticas educativa. Por intermédio 
de suas ideias como psicólogo e educador, Wallon auxiliou a reformulação do 
ensino francês com o projeto Langevin-Wallon, após a Segunda Guerra. O seu 
objetivo principal era construir uma educação mais justa para uma sociedade 
mais justa. 
 
 
 
 
 
 
Figura 4.1: Henri Wallon 
Fonte: © Wikimedia Commons 
 
4.1 A psicogênese da pessoa completa 
Henri Wallon considerava o sujeito como geneticamente social e sua 
teoria propunha a observação da criança de uma maneira integrada. A teoria 
psicogenética de Wallon, possui como eixo principal no processo de 
desenvolvimento cognitivo a integração, o qual acontece em dois sentidos, sendo 
eles a integração organismo-meio e a integração cognitiva-afetiva motora. 
Wallon buscou compreender o desenvolvimento infantil por meio das 
relações estabelecidas entre a criança e seu ambiente. Os seus estudos focaram 
no desenvolvimento inicial da criança e propôs um estudo integrado do 
desenvolvimento que ocorre a atividade infantil: afetividade, motricidade e 
inteligência. A teoria de Wallon é chamada de psicogênese da pessoa completa. 
Para melhor compreender o desenvolvimento infantil, é necessário 
recorrer a informações oriundas de outras áreas de conhecimento como a 
antropologia, a neurologia, a psicopatologia e a psicologia infantil. 
 
 
 
Atenção 
O profissional deverá estar apto para transitar nas diversas áreas do 
conhecimento para contribuir no seu entendimento acerca do desenvolvimento 
infantil. 
Para Wallon, o desenvolvimento se dá de maneira descontínua, marcado 
por retrocessos e rupturas. Os estágios de desenvolvimento têm uma 
reformulação e não apenas um acréscimo de estágios anteriores, dando ênfase 
a interação entre ambiente e sujeito. 
 
4.2 Campos funcionais 
Wallon delineou em seus estudos quatro campos funcionais no intuito de 
explicar o desenvolvimento infantil: movimento, emoções, inteligência e pessoa. 
O primeiro campo funcional é o movimento, o qual é o primeiro sinal da 
manifestação psíquica da vida da criança. É por meio dele que a criança 
desenvolve a linguagem. Wallon destaca duas dimensões do movimento: 
dimensão expressiva e a dimensão instrumental. 
A dimensão expressiva está no âmbito das emoções e se refere aos sons, 
gestos e às mímicas no recém-nascido. Durante a vida, as posturas dos sujeitos 
demonstram seus sentimentos. Os gestos sinalizam os pensamentos das 
crianças, assim, o educador que estiver atento a esses movimentos irá 
compreender melhor os estudantes. 
A dimensão instrumental refere-se a ação direta da criança sobre o meio 
concreto. Em outras palavras são os movimentos que a criança faz ao explorar 
o mundo físico. Assim, o movimento passa a auxiliar o pensamento. 
Para Wallon, a função postural dá sustentação à atividade cognitiva. Nas 
escolas, os educadores precisam estar atentos, pois as crianças necessitam se 
movimentar em sala de aula, mudar de posição, pois essa atitude poderá 
contribuir na atividade intelectual que as crianças muitas vezes, precisam 
levantar da cadeira e mudar de posição, pois isso pode contribuir para que a 
atividade intelectual volte a fluir. 
O segundo campo funcional é o das emoções. O fator fundamental desse 
campo é a interação da criança com o meio. Wallon apresenta as emoções como 
 
 
um tipo de manifestação afetiva. Esse aspecto tem também um fator social, pois 
permite a interação da criança com o meio, com as pessoas que cuidam dela, os 
quais Wallon chama de parceiros mais experientes. Podemos dar como exemplo, 
a criança que ao chorar, faz com que os adultos percebam as suas 
necessidades. A partir das emoções nasce a inteligência e, em um primeiro 
momento elas estão interligadas. 
O terceiro campo funcional é o da inteligência. A inteligência se constitui 
em cada sujeito por meio das emoções. Por meiodesse encontro emocional 
entre o cuidador e a criança, a criança tem acesso afetivo à linguagem do seu 
meio. 
Portanto, Wallon destaca a Inteligência Discursiva, que é a inteligência 
que se expressa e se constrói por meio da fala da criança, levando a apropriarse 
da linguagem. Por meio da linguagem, a criança organiza suas ações e 
representará sua realidade. A inteligência também se apoia no movimento motor, 
pois esses auxiliam na construção do pensamento. 
O quarto e último campo funcional é a pessoa. Esse campo nada mais é 
do que o articulador dos outros campos. Wallon destaca que ao longo do 
desenvolvimento ocorre a noção de “eu”. A constituição da pessoa é construída 
por meio da relação “eu-outro”. A princípio, a criança imita o outro, depois nega 
o “outro” para, posteriormente, constituir-se como pessoa. 
 
4.3 A importância da afetividade 
Na teoria de Wallon, o autor destaca que o desenvolvimento da criança 
não começa cognitivamente, mas sim a atividade que a criança desenvolve está 
ligado à sua sensibilidade afetiva, que abrange o primeiro ano de vida. Para o 
autor, a afetividade é de suma importância, frente que permite que estabeleça a 
comunicação, por meio dos impulsos emocionais. 
Para Wallon a afetividade é essencial para o desenvolvimento infantil, pois 
a afetividade designará os processos psíquicos que acompanham as 
manifestações orgânicas da emoção, que depois irão se juntar à sensibilidade 
externa, ou seja, elementos do mundo exterior, para aí caracterizar o aspecto 
 
 
cognitivo do desenvolvimento. Convém destacar que esse processo não se trata 
de um processo linear. 
 
 
Figura 4.2: Mãe e filho 
 
Ao nascer, toda criança possui sensações de desconforto e as demonstra 
por meio de movimentos reflexos. Todas as respostas do meio ligadas às 
manifestações do bebê irão estabelecer relações entre suas manifestações 
impulsivas e as ações do adulto, o que Wallon chamou de reações úteis. 
As reações do bebê se voltarão ao mundo em especial com o adulto mais 
próximo a ela, onde na maioria dos casos é a figura materna. Sendo a emoção 
o elo entre a criança e o outro. No decorrer do crescimento as manifestações das 
crianças se tornaram mais expressivas e intencionais. 
 
4.4 Estágios do desenvolvimento infantil 
Wallon em sua teoria explica o papel da afetividade nos diferentes 
estágios do desenvolvimento da criança. A teoria de Wallon é considerado como 
um sistema completo em si por incluir todos os componentes que constituem a 
pessoa. A seguir iremos descrevê-lo. 
Inicialmente será apresentado o estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano). 
Neste estágio a criança através de movimentos descoordenados, expressa sua 
afetividade. Ela responde às sensibilidades corporais musculares e de seu 
 
 
organismo. Nesta fase o papel do cuidador é fundamental, pois protege, segura 
no colo, embala, etc. Através dessa relação entre cuidador e criança, apesar de 
percepções nebulosas, contribui para que a criança se familiarize com o mundo, 
iniciando um processo de diferenciação. 
O segundo estágio é o sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos). Aqui a 
criança se volta para o mundo externo e um contato mais intenso com os objetos. 
Neste período, como a criança já anda e fala, irá explorar o mundo questionar a 
respeito dos objetos. O cuidador ou educador facilitará o processo de 
ensinoaprendizagem no lado afetivo, através de sua disposição ao responder as 
perguntas das crianças, ajudando-as em suas dificuldades no entendimento em 
relação aos objetos; 
O terceiro é o estágio personalismo (3 a 6 anos). Neste estágio a criança 
irá descobrir a sua diferença entre as outras crianças e ao adulto. Almeida (2005), 
destaca que o processo ensino aprendizagem precisa ofertar atividades variadas 
e possibilitar que as crianças escolham as atividades que mais despertem 
interesse. Do ponto de vista afetivo, é de grande importância reconhecer as 
diferenças que surgem, respeitar e dar oportunidade para que a criança possa 
se expressar. 
O quarto estágio é o categorial (6 a 11 anos). Nessa etapa fica mais claro 
a diferença entre outro e a criança, contribuindo para a criação de dar condições 
mais estáveis para a exploração mental do mundo externo, físico, através de 
atividades cognitivas, classificação, categorização em vários níveis de abstração 
até que por fim chegue ao pensamento categorial. 
O quinto e último é o estágio puberdade e adolescência (11 anos em 
diante). A criança buscar sua identidade de maneira autônoma e ocorrem os 
questionamentos e também atividades de autoafirmação e confronto. Na 
adolescência o sujeito confrontará os valores de seus familiares com os de seus 
amigos. Juntamente com estes questionamentos surgem outras dúvidas em 
relação aos seus valores, futuro, etc. 
No processo de ensino-aprendizagem facilitador irá permitir a expressão 
dos jovens e discussão de temas pertinentes desta fase. Por fim na vida adulta 
 
 
o sujeito desenvolverá uma consciência moral, ou seja, conseguirá reconhecer 
e assumir com clareza seus valores e tomando as decisões de acordo com 
estes valores. 
 
4.5 A importância da teoria de Wallon para a educação 
Wallon publicou durante a sua trajetória muitos livros e artigos dirigidos a 
professores, tendo como foco principal a formação destes e apontando para a 
importância do papel desses profissionais no processo de ensino-aprendizagem. 
Almeida (2005) explica que para Wallon, o processo ensino aprendizagem 
só poderá ser analisado como uma unidade, pois são lados de uma mesma 
moeda, e a relação existente entre o professor e aluno é determinante para o 
sucesso do aprendizado. 
 O professor e o aluno trazem em sua bagagem cultural, as experiências 
que influenciaram no processo de ensino-aprendizagem. Convém destacar que 
o professor e o aluno são afetados pelo contexto em que estão inseridos. 
Para Wallon (1975, p. 366), “a formação psicológica dos professores não 
pode ficar limitada aos livros. Deve ter uma referência perpétua nas experiências 
pedagógicas que eles podem pessoalmente realizar.” Dessa forma, através da 
Psicogênese da Pessoa Total, Wallon influenciou amplamente a atuação dos 
professores, pois tinha o intuito de motivar os professores na sua atuação com 
as crianças, dando atenção às particularidades, aos movimentos e às 
manifestações afetivas de cada uma. 
Com Wallon, aprendemos que os cuidadores da criança, no início da vida 
precisam promover um ambiente acolhedor contribuindo na estimulação e 
interação da criança com o meio e, na escola. O educador precisa estar atento 
ao clima afetivo do grupo de crianças para possibilitar uma melhor qualidade e 
aproveitamento da aprendizagem. 
 
 
 
 
Atividades de Aprendizagem 
Wallon destaca em sua obra a importância da aprendizagem no 
desenvolvimento e aprendizagem do sujeito. Explane com suas palavras acerca 
deste conceito para o autor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 5 – Principais correntes teóricas da 
Psicologia do Desenvolvimento - Erick 
Erickson 
 
Olá! Seja bem-vindo à quinta aula da disciplina Psicologia do Desenvolvimento 
e da Aprendizagem. Nela você terá contato sobre a teoria de Erick Erickson e a 
sua importância para o entendimento de como ocorre o processo de 
aprendizagem e desenvolvimento humano a partir da visão deste autor. Uma 
excelente leitura! 
 
5.1 Erick Erikson 
Erik Homburger Erikson nasceu em Frankfurt, Alemanha, em 1902 e 
morreu em 1994. Ele iniciou a sua carreira, vindo a trabalhar como convidado em 
uma escola aonde desenvolviam a metodologia psicanalítica, tendo contato com 
o grupo desenvolvido por Anna Freud. 
No ano de 1933, casou-se com uma canadense e se mudou para os 
Estados Unidos da América, aonde continuou seus estudos em Psicanálise, 
onde tornou-se oprimeiro psicanalista infantil americano. 
Erickson mudou o seu foco da teoria freudiana sobre desenvolvimento 
psicossexual, aonde transferiu esta questão relacionada a sexualidade para os 
problemas de identidade e ego do sujeito relacionado a um contexto social. 
Em meados do século XX, Erikson inicia a construção de sua teoria 
psicossocial do desenvolvimento humano, onde repensa vários conceitos 
apresentados por Freud, sempre considerando o sujeito um ser social, que vive 
em grupo e sofre a pressão e a influência deste. 
Erikson optou por distribuir o desenvolvimento humano em fases, assim 
como outros autores de sua época como Freud, Piaget e Sullivan. Porém, sua 
teoria possui algumas peculiaridades, as quais iremos apresentar a seguir: 
• Desvio do foco fundamental da sexualidade para as relações sociais; 
 
• Os estágios psicossociais propostos por Erickson vão além da infância. 
Convém destacar que isso não significa que exista uma negação dos estágios 
infantis, mas o autor acredita que algumas questões construídas na infância 
poderão ser parcialmente modificadas no decorrer de experiências posteriores; 
• O sujeito cresce a cada etapa a partir das exigências internas de seu ego, 
mas também em decorrência das exigências do meio em que vive, sendo, 
portanto, essencial analisar o meio em que o sujeito vive, bem como a sua cultura 
e sociedade; 
• O ego passa por uma crise, em cada estágio. Esta crise pode ter um 
desfecho positivo ou negativo; do desfecho positivo da crise, surge um ego mais 
rico e forte; do desfecho negativo temos um ego mais fragilizado; 
• A cada crise, a personalidade do sujeito sofre uma reestruturação e se 
reformula de acordo com as experiências vividas, enquanto o ego vai se 
adaptando a seus sucessos e fracassos 
Os estágios criados por Erickson, que foram chamados de psicossociais, 
ele descreve algumas crises pelas quais o ego passa, ao longo do ciclo vital. A 
forma como essas crises são estruturadas, farão com que o sujeito saia mais 
desestruturado ou estruturado, dependendo de como ocorre a sua vivência no 
conflito, influenciando o próximo estágio. A transição de uma etapa para outra 
ocorre em um contexto social, palco central destas crises. 
 
Atenção 
Crises fazem parte da vida. O diferencial se dará na maneira como as 
pessoas a administram 
 
 A seguir, apresentaremos brevemente essas crises do ego. 
 
5.2 Confiança básica x desconfiança básica 
Esta seria a fase inicial, correspondendo ao estágio oral freudiano. A 
atenção do bebê se volta à pessoa que a conforta inicialmente, que neste 
 
momento satisfaz suas ansiedades e necessidades e na maior parte das vezes 
essa pessoa é a mãe. Com este comportamento a mãe lhe dá garantias de que 
ele não se encontra abandonado à própria sorte no mundo. 
Deste modo se estabelece a primeira relação social do bebê. A criança ao 
sentir a falta da mãe, ela começa a lidar com algo que Erikson chama de força 
básica. Nesta, a força que nasce é a esperança. Este sentimento nasce da 
esperança que a criança sente que sua mãe irá voltar. E quando a sua mãe 
retorna, há a compreensão de que é possível esperar. 
Quando estas descobertas são vivenciadas de maneira positiva, surge a 
confiança básica, nascendo o sentimento na criança de que o mundo em que ele 
está inserido é um mundo bom. Quando este processo não ocorre desta maneira, 
surge a desconfiança básica, o sentimento de que mundo não corresponde, que 
é mau ingrato. 
Esses sentimentos contribuem para a formação da personalidade 
contribuindo na construção de alguns traços de personalidade, ainda que nos 
seus anos iniciais. 
Convém destacar que para a criança é importante que ela conviva com 
pequenas frustrações, pois a partir daí ela vai aprender a definir quais 
esperanças são possíveis de serem realizadas. 
Nesta fase o bebê inicia as identificações com a sua mãe, e esta 
identificação sendo positiva ela criará um bom conceito de si e do mundo. Caso 
ocorra de uma maneira negativa, a relação entre o bebe e a mão irá criar um 
distanciamento, aonde a mãe será um ser que ele nunca conseguirá alcançar. 
Os sintomas desta questão poderão fazer com que no futuro o sujeito torne-se 
menos competentes, menos entusiasmadas e menos persistentes. 
 
5.3 Autonomia x vergonha e dúvida 
Nesta fase a criança inicia o controle de seus movimentos musculares, 
direcionando a sua energia a experiência ligadas a atividades externas em busca 
da autonomia. 
Este explorar é compreendido pela criança com o passar do tempo que 
não poderá ser feito de uma maneira livre, sem regras, fazendo com que 
 
incorpore aos poucos os limites sociais e contribuindo para a manutenção 
muscular, conservação e controle (Erikson, 1976). 
Ao aceitar este controle social a criança inicia o seu aprendizado, aonde 
será construído o que se espera dela, o que pode ou não fazer, bem como as 
expectativas em torno dela. 
Existe uma dificuldade que poderá ocorrer neste processo que envolve a 
participação do adulto neste impor limites e estabelecer regras com as crianças. 
Por vezes o adulto faz uso da vergonha para com a criança e ao mesmo tempo 
ao encorajamento. Podemos apresentar como exemplo quando envolve a ida ao 
banheiro da criança, onde este sentimento duplo poderá ocorrer. O uso da 
autoridade dos pais neste processo poderá deixar a criança envergonhada, 
podendo gerar futuramente dúvidas do sujeito quanto as suas capacidades. 
Conforme Erickson (1976) destaca: 
 
De um sentimento de autocontrole sem perda de autoestima resulta um 
sentimento constante de boa vontade e orgulho; de um sentimento de 
perda do autocontrole e de supercontrole exterior resulta uma 
propensão duradoura para a dúvida e a vergonha. (Erikson, 1976, p. 
234) 
 
O processo de aprendizagem, seja pelo autocontrole o pelo controle 
social, inicia em cada sujeito o sentimento da vontade, que se manifestada de 
uma maneira livre, poderá desenvolver a autonomia de uma maneira saudável. 
Neste estágio, podemos destacar é a importância do papel dos pais em 
dar a autonomia ao filho garantindo que esta se desenvolva de uma maneira 
sadia e coerente com o estágio que está vivendo. 
 
5.4 Iniciativa x culpa 
Neste estágio, a criança já atingiu a confiança, através do contato inicial 
com sua mãe, e a autonomia, com a expansão motora e o controle. Assim, 
caberá neste estágio realizar a associação entre a autonomia e a confiança, no 
intuito de promover o seu desenvolvimento intelectual. 
 
Esta combinação entre confiança e autonomia permite a criança vivenciar 
um sentimento de determinação, contribuindo para o desenvolvimento de sua 
iniciativa. 
 Neste processo de aprendizagem o propósito e a iniciativa também 
poderão ser direcionados de uma maneira positiva, contribuindo na formação de 
responsabilidade. 
Pequenas responsabilidades como arrumar o próprio quarto, os 
brinquedos, as crianças sentem-se importantes, porém nesta fase faz necessário 
que orientem que nem todas as tarefas poderão ser realizadas e algumas apenas 
com o auxílio. 
 Por fim, Erikson informa sobre o perigo da personificação. Esses casos 
ocorrem quando a criança se frustra em não conseguir realizar uma determinada 
tarefa, buscando ser diferente do que é. Este momento merece destaque, pois 
poderão fazer com que no decorrer da vida busque desenvolver vários papeis e 
assumir diferentes personalidades, podendo contribuir para que perca o contato 
consigo mesma. 
 
5.5 Diligência x inferioridade 
Esta fase merece um destaque por Erickson, pois é uma fase que é 
marcado pelo controle das atividades tanto físicas como intelectuais, com o 
objetivo principal de equilibrar estes dois momentos. 
 A educação formal, além de contribuir para o desempenho das funções 
intelectuais, pertencer e desenvolver as atividades acadêmicas faz com que seja 
valorizada peloadulto. 
 Pertencer a este ciclo social educacional e desenvolver suas atividades 
dá uma ideia de propósito, onde ela irá perseverar e valorizar as ações que 
desenvolve no seu dia a dia, surgindo assim o interesse pelo seu futuro. 
 A partir deste momento a criança necessitará também de buscar uma 
forma ideal, no intuito de contribuir a canalizar a sua energia psíquica. Você já 
deve ter escutado frases como “o que eu quero ser quando crescer”. Esta frase 
faz com que possamos perceber o interesse dela no planejamento e no aumento 
de suas responsabilidades. O cuidado nesta fase é para que não ocorra uma 
 
excessiva formalidade, pois poderá contribuir para que a criança tenha prejuízo 
na sua relação social. 
 
5.6 Identidade x confusão de identidade 
Esta é a fase onde Erickson concentrou maior investimento no decorrer 
de sua obra, onde focou na chamada crise de identidade. Ele destaca em seus 
estudos a necessidade do adolescente sentir-se seguro durante o seu processo 
de transformação e mudança. 
Uma maneira dele encontrar essa segurança é através de sua identidade. 
Alguns questionamentos nesta fase contribuem para a expressão e construção 
desta identidade: sou diferente dos meus pais? Quem eu sou? O que quero ser 
no futuro? Ele tem a expectativa de com essas respostas encontrar o seu lugar 
no mundo. 
Nesta fase também ocorre o envolvimento ideológico, que comanda a 
formação de grupos da adolescência, pois existe a necessidade de sentir-se 
apoiado por seus pares. Essa aproximação deve ser acompanhada, para que 
não se torna uma relação pouco saudável, podendo defender pontos para além 
do que ele acredita. 
Por fim, poderá ocorrer de o adolescente projetar suas tendências e 
pensamentos em outras pessoas, podendo gerar, de acordo com Erickson o 
surgimento de preconceitos e discriminações. 
Quando o adolescente estiver sentindo-se fortalecido diante as suas 
crenças, ele poderá desenvolver uma relação estável com outras pessoas, bem 
como consigo, promovendo a continuidade de sua identidade. 
 
5.7 Intimidade x isolamento 
Após estabelecer uma identidade fortalecida, o sujeito estará apto para 
uni-la à identidade de outra pessoa, sem que se sinta ameaçado neste processo. 
Neste momento torna-se possível estabelecer uma relação de 
companheirismo, intimidade, aonde um ego, encontra com outro. Convém 
destacar que para ocorrer este processo faz-se necessário que as etapas 
 
anteriores tenham sido construídas a fim de proporcionar um ego forte e 
autônomo, para que não prejudique esta nova relação. 
Caso o ego não esteja fortalecido, no lugar da união ocorrerá o isolamento, 
pois a pessoa tenderá a preservar o seu ego que se encontra mais fragilizado. O 
tempo aqui é fundamental de se entender, pois um período curto não necessita 
ser visto como isolamento, pois ter um momento sozinho colabora no 
desenvolvimento do seu ego, pois visa refletir em suas ações. 
 
5.8 Generatividade x estagnação 
Neste momento, o sujeito preocupa-se com tudo o que pode ser gerado, 
desde seus filhos até algumas ideias. O sujeito se dedica ao que gerou, tanto em 
construções profissionais como relacionado ao filho. 
A necessidade de transmitir o conhecimento é uma característica inerente 
ao seu humano e nesta fase, aonde o sujeito está mais fortalecido é aonde mais 
ocorre essas situações. 
 Caso não ocorra nenhuma transmissão o sentimento de fracasso em vida 
poderá vir à tona, trazendo à tona o sentimento de que tudo que construiu não 
valeu a pena. 
Com o advento de uma preocupação maior com a qualidade de vida, a 
expectativa de vida tem aumentado e consequentemente esta fase também. 
Essa produtividade possibilita que os sujeitos não caiam em uma estagnação. 
 
5.9 Integridade x desespero 
Nesta etapa final cabe a reflexão do sujeito sobre a sua trajetória de vida. 
Ele realiza uma retrospectiva baseada nas suas realizações, conquistas, 
perdas e fracassos. Esse momento pode ser visto de uma maneira saudável ou 
poderá ocorrer desespero. 
 Erikson destaca as principais possibilidades para manter uma qualidade 
de vida nesta etapa. O sujeito deverá se desenvolver nesta fase estruturando o 
seu tempo e viver esse momento final de vida com qualidade e em cima de suas 
possibilidades baseado na sua experiência de vida. 
 
Erikson (1987), apresenta uma questão acerca das crises e suas 
consequências na construção da personalidade. De acordo com o autor: 
 
[...]. De fato, podemos dizer que a infância se define pela ausência 
inicial desses critérios e de seu desenvolvimento gradual em passos complexos de 
crescente diferenciação. Como é, pois, que uma personalidade vital cresce ou, por assim 
dizer, advém das fases sucessivas da crescente capacidade de adaptação às 
necessidades da vida – com algumas sobras de entusiasmo vital? ” (ERIKSON, 1987, p. 
91) 
5.10 Teoria do Plano de Vida 
Segundo Erikson, durante o desenvolvimento humano, o qual ele 
denomina de plano de vida, o sujeito irá sentir os impactos das crises que acabou 
sofrendo desde a sua tenra idade. 
Ao observarmos a obra eriksoniana, podemos identificar alguns marcos 
que contribuem na construção deste plano de vida. Uma que podemos destacar 
inicialmente é a construção da confiança básica. Outro ponto que merece 
destaque é que o sujeito consiga identificar aonde ficou armazenado os seus 
conceitos de ideais e propósitos de vida. 
Outro marco que merece destaque é na fase da diligência, onde existe a 
inserção da criança no mundo social através da escola. Neste momento além 
das construções internas que o sujeito recebeu em casa ele depara-se com 
outros entendimentos de mundo de seus pares, fazendo com que reforce o seu 
ego e continue a construir a sua personalidade. 
A fase da adolescência, que está sofrendo uma profunda alteração com o 
passar do tempo, existe uma preocupação com o pensamento de outros acerca 
da sua própria vida. Nesta fase é marcada pela consolidação do plano de vida. 
 
Atividades de Aprendizagem 
Erick Erickson possui como foco de sua teoria os aspectos psicossociais. 
Porém a sua teoria possui algumas peculiaridades. Utilize este espaço para 
descrevê-las. 
 
 
 
 Aula 6 – Psicologia e aprendizagem 
 
Olá! Seja bem-vindo à sexta aula da disciplina Psicologia do Desenvolvimento e 
da Aprendizagem. Nela você terá contato com a psicologia e a aprendizagem e 
um aspecto muito importante e fundamental para a aquisição do conhecimento: 
a motivação. Uma excelente leitura! 
 
A aprendizagem humana não pode ser considerada somente do ponto de 
vista individual, pois ela envolve questões técnicas, ambientais, emocionais 
podendo ou não contribuir para que a aprendizagem se concretize. 
Podemos destacar vários fatores que possibilitam a aprendizagem. Dentre 
eles podemos destacar os ambientais, sociais, cognitivos, comportamentais e 
afetivos. 
Esta diversidade pode impactar ou não o processo de aprendizagem 
humana de forma significativa sendo abordada por diversas teorias da 
aprendizagem. Porém, podemos destacar duas linhas teóricas que as englobam: 
a abordagem cognitiva da aprendizagem e as teorias do condicionamento. 
Segundo Boch (2009), as abordagens cuja referência é o 
condicionamento são aquelas que “definem a aprendizagem pelas suas 
consequências comportamentais e enfatizam as condições ambientais como 
forças propulsoras da aprendizagem” e, assim considera-se que a aprendizagem 
“é a conexão entre o estímulo e a resposta. Completada a aprendizagem, 
estímulo e resposta estão de tal modo unidos, que o aparecimento do estímulo 
evoca a resposta” (BOCH, 2009, p. 150). 
Esta abordagem referenciada no condicionamento é mencionada no 
behaviorismo. Quando apresentamos as teorias cognitivas, destacamos um 
processo de relação do sujeito com o mundo externo e que influencia diretamente 
no plano da organização internado conhecimento ou em sua organização 
cognitiva. (BOCH, 2009, p. 150). 
Nesse sentido, a concepção de Ausubel, aborda a aprendizagem 
significativa, a qual é entendida como aquela que o indivíduo dá significado, dá 
sentido, compreende, reflete, abstrai, elabora e organiza as informações que 
 
recebe do mundo exterior. Este significado, distingue de uma simples repetição, 
pois ele pode perceber o porquê de executar a tarefa. 
Assim, para abordagem cognitiva: 
 
[...] a aprendizagem é um elemento que provém de uma comunicação 
com o mundo e se acumula sob a forma de uma riqueza de conteúdos 
cognitivos. É o processo de organização de informações e integração 
do material pela estrutura cognitiva. (MOREIRA e MASIN apud BOCH, 
2009, p. 150). 
 
Como você pôde perceber, há formas distintas de abordar o que significa 
a aprendizagem. Assim, vamos então conhecer as principais divergências entre 
elas. Para os adeptos das teorias de inspiração no condicionamento, a 
aprendizagem se dá por meio de hábitos, e para os adeptos das teorias 
cognitivistas, o aprendizado se dá por meio de conceitos. 
Outro ponto importante em que se identificam divergências entre as 
teorias se refere a como manter o que foi aprendido no processo de 
aprendizagem. 
Para os autores das teorias focadas no condicionamento, esse 
comportamento aprendido se mantém por meio das respostas sequenciadas e 
reforçadas em relação ao comportamento que se quer manter. 
Observe o exemplo do processo de abrir uma porta: 
 
[...] é fácil perceber que ele é composto de diversas respostas 
intermediárias: pegar a chave na posição certa para que entre na 
fechadura, encaixá-la na fechadura, virar corretamente e abaixar então 
a maçaneta. São essas diversas respostas que, reforçadas 
(bemsucedidas), preparam a etapa seguinte e mantêm a cadeia de 
respostas até que o objetivo do comportamento seja atingido (BOCH, 
2009, p.151). 
 
No exemplo acima, é possível perceber a centralidade na relação 
estímulo-resposta e no reforço dessa relação. Para os cognitivistas, o que é os 
diversos processos cerebrais contidos nos comportamentos que se pretendem 
manter, serão responsáveis pela manutenção do comportamento aprendido. 
 
Assim, aspectos como memória e atenção são fundamentais para que o 
comportamento se mantenha. 
 
Atenção 
Existe a necessidade de criar mecanismos para que a memória e a atenção 
contribuam para o aprendizado! 
 
Por fim, convém destacar como as teorias visam como se daria a 
transferência de aprendizagem (BOCH, 2009). Para os autores das teorias do 
condicionamento, o principal fator presente na aprendizagem é a evocação, ou 
em outras palavras, uma vez aprendido uma operação, os princípios básicos de 
uma operação, estes serão evocados. Por exemplo, se já aprendi a amarrar os 
sapatos, saberei amarrar presentes. 
Para os autores da teoria cognitivista, mesmo compreendendo as fases 
ou partes que compõem o problema, não existem garantias de um aprendizado 
efetivo e, a forma como a apresentação do problema é feita poderá ou não 
permitir a aprendizagem. Se for apresentado de maneira diferente, não será 
possível a sua resolução ou aprendizagem. 
A seguir, será aprofundado um pouco mais acerca das teorias cognitivistas 
da aprendizagem. 
 
6.1 A teoria de David Ausubel 
Para apresentarmos a abordagem cognitivista da aprendizagem, 
buscamos à teoria de David Ausubel. Ausubel nasceu nos Estados Unidos em 
1918, e morreu em 2008. Os principais conceitos sobre os quais sua teoria se 
sustenta são cognição, aprendizagem, aprendizagem mecânica, aprendizagem 
significativa e pontos de ancoragem. 
O conceito de cognição defendido por Ausubel é apresentado por Boch 
(2009, p.153): 
 
Cognição é o “processo através do qual o mundo de significados tem 
origem. A medida que o ser se situa no mundo, estabelece relações de 
significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. 
Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida 
 
para a atribuição de outros significados. Tem origem, então, a estrutura 
cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se nos ‘pontos 
básicos de ancoragem’ dos quais derivam outros significados 
 
Conforme apresentado por Ausubel, podemos observar um papel ativo do 
sujeito no processo de aprendizagem. O sujeito irá perceber o mundo a partir das 
significações que vai atribuindo a ele. Se são sobre significados que ele se situa, 
é possível apreender que, se algo não tem significado para o sujeito, por que eu 
iria aprender? 
Quando estamos falando sobre uma proposta de aprendizagem que se 
referencie à abordagem cognitiva, uma palavra sempre presente em todo 
momento é processo. Faz-se necessário observar o processo pelos quais as 
informações são compreendidas, armazenadas, e utilizadas sempre tendo em 
mente o conceito de cognição (BOCH, 2009). 
Como foi apresentado anteriormente, cognição é o ponto de partida de 
significação que o indivíduo estabelece com o mundo a aprendizagem. Assim, 
segundo Boch (2009, p.153) “o processo de organização das informações e de 
integração do material à estrutura cognitiva é o que os cognitivistas denominam 
aprendizagem.” 
No intuito de ilustrar o que estamos conversando, imaginemos uma 
pessoa que recita um poema em um idioma que não conhece os significados das 
palavras. Ela pode decorar o poema e recitá-lo, temos aí, inegavelmente, uma 
aprendizagem, porém aqui cabe um questionamento: o que significa esta forma 
de aprendizagem ou como classificar esse modo de aprendizado adquirido? 
Apresentamos esse exemplo, pois a aprendizagem para os cognitivistas se 
divide em aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa. 
Aprendizagem mecânica está relacionada a uma aprendizagem na qual o 
conteúdo aprendido não é significado de forma completa. Ou seja, o conceito 
que origina não é assimilado. Assim, Boch (2009) define a aprendizagem 
mecânica como “a aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma 
associação com conceitos já existentes na estrutura cognitiva” (BOCH, 2009, p. 
153). 
 
Em relação à aprendizagem significativa, os cognitivistas acreditam que 
deva ser buscada durante o processo de aprendizagem, em que os conteúdos 
aprendidos permitem que os conceitos que o originam sejam assimilados. 
Segundo Boch (2009, p.153) a aprendizagem significativa pode ser 
definida da seguinte forma: 
 
[...] quando um novo conteúdo (ideias ou informações) relaciona-se 
com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, 
sendo assim assimilado por ela. Estes conceitos disponíveis são os 
pontos de ancoragem para a aprendizagem. 
 
Ao falarmos de aprendizagem significativa, apresentamos um novo 
conceito, cujos pontos de ancoragem possibilitam a realização de uma 
aprendizagem considerada significativa. Mas, afinal, o que são pontos de 
ancoragem? 
Os diversos capítulos que o compõem esta disciplina, podemos nos referir 
a eles como pontos de ancoragem para que você domine os conceitos de 
psicologia e aprendizagem. 
Assim, segundo Boch (2009) os pontos de ancoragem: 
 
[...] são formados com a incorporação, à estrutura cognitiva, de 
elementos (informações ou ideias) relevantes para a aquisição de 
novos conhecimentos e com a organização destes, de forma a, 
progressivamente, generalizarem-se, formando conceitos (p. 153). 
 
Após termos contato a alguns conceitos da teoria de Ausubel, vamos 
conhecer outros educadores e teóricos que dialogam com teoria da 
aprendizagem dele. 
 
6.2 A teoria do ensino de Jerome Bruner 
O psicólogo e pesquisador norte-americano Jerome Bruner irá trabalhar 
em uma relação com o ensino diferente da aprendizagem. Para o autor o ensino 
está relacionado à metodologia utilizada para se garantir a aprendizagem de um 
conteúdo específico. 
 
Para Boch (2009), a teoria do ensino de

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