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COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS

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COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS
A coisa julgada no âmbito das ações coletivas é regida principalmente pelos artigos 103 e 104, ambos do Código de Defesa do Consumidor, bem como se aplica subsidiariamente o Código de Processo Civil quanto à parte processual da ação coletiva, além da Lei da Ação Civil Pública e Lei da Ação Popular.
A coisa julgada no âmbito do processo coletivo, em regra, só existe para beneficiar as partes integrantes do grupo, categoria ou da classe, possuindo efeitos erga omnes ou ultra partes, variando-se a depender da ação proposta, seja para defesa dos interesses difusos, seja para defesa dos interesses coletivos ou individuais homogêneos.
Ressalta-se que os limites objetivos e subjetivos da coisa julgada no âmbito do processo coletivo, não sãos os mesmos adotados no direito individual, ou seja, nas ações individuais.
Os limites subjetivos da coisa julgada coletiva serão ultra partes (alcançando além das partes do processo, bem como terceiros não participantes daquela relação jurídica) e erga omnes (a sentença produz efeitos que atingem todos, ainda que não tenha o indivíduo participado do processo).
O Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990) deu detalhada disciplina quanto ao alcance da coisa julgada em ações coletivas.
Nos termos do CDC, em caso de direitos difusos, se procedente o pedido, a coisa julgada abrangerá todos os membros da coletividade, que poderão utilizar a sentença para satisfação de suas pretensões individuais. Se improcedente por reconhecimento da inexistência do direito, fica vedada a via coletiva (os efeitos produzem-se erga omnes com relação aos entes e pessoas legitimados pelo art. 82 do CDC), mas não inibe ações individuais, mesmo que com idêntico fundamento (§ 1º do art. 103 do CDC). Se a improcedência se refere a falta de provas, a sentença não se reveste da coisa julgada material e qualquer legitimado pode, mesmo coletivamente, renovar a ação, desde que apresentada nova prova .
Quando se tratar de direitos coletivos, o regime dos limites subjetivos da coisa julgada é exatamente o mesmo traçado para as ações em defesa de interesses difusos. A única diferença é a restrição dos efeitos da sentença apenas aos indivíduos que integrem a categoria, grupo ou classe (efeitos inter partes).
Com relação aos direitos individuais homogêneos, a coisa julgada erga omnes é limitada à procedência do pedido (extensão in utilibus). Se houver improcedência, independentemente do fundamento respectivo, a coisa julgada não atingirá senão os legitimados do art. 82 do CDC e as pessoas que tiverem participado da relação processual como litisconsortes do autor coletivo. É possível, neste último caso, que os interessados que não tenham intervindo no processo movam a sua ação individual.
Assim, de acordo com o CDC, nos casos de improcedência com julgamento do mérito do pedido formulado nas ações coletivas, a coisa julgada não tem o condão de criar óbice ao ajuizamento de demandas individuais para reparar o dano eventualmente sofrido, salvo se tratar-se de ação coletiva para a tutela de direitos individuais homogêneos, pois, neste caso, a sentença de improcedência atingirá também aqueles que intervieram no processo como litisconsortes.
Já em caso de procedência, seus efeitos se estendem erga omnes ou ultra partes, mas para beneficiar-se de coisa julgada formada em ação coletiva ajuizada em defesa de direitos coletivos e direitos individuais homogêneos, o autor de ação individual deverá ter requerido oportunamente sua suspensão (art. 104 do CDC). 
Com efeito, os litisconsortes, nas ações em defesa dos direitos individuais homogêneos, sofrerão os efeitos da improcedência (art. 103, § 2º do CDC) e os que não pedirem a suspensão de suas ações individuais, não se beneficiarão da procedência das ações em defesa dos direitos coletivos e individuais homogêneos (art. 104 do CDC).

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