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ADVOGADO É DOUTOR POR DIREITO E TRADIÇÃO

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ADVOGADO É DOUTOR POR DIREITO E TRADIÇÃO 
Publicado por Costa Monteiro Advogados Associados - OAB/PR 4109 
 
O título de doutor foi concedido aos advogados por Dom Pedro I, em 1827. 
Título este que não se confunde com o estabelecido pela Lei nº 9.394/96 
(Diretrizes e Bases da Educação), aferido e concedido pelas Universidades aos 
acadêmicos em geral. A Lei de diretrizes e bases da educação traça as normas 
que regem a avaliação de teses acadêmicas. Tese, proposições de ideias, que 
se expõe, que se sustenta oralmente, e ainda inédita, pessoal e intransferível. 
Assim, para uma pessoa com nível universitário ser considerada doutora, 
deverá elaborar e defender, dentro das regras acadêmicas e monográficas, no 
mínimo uma tese, inédita. Provar, expondo, o que pensa. 
A Lei do Império de 11 de agosto de 1827: Cria dois cursos de Ciências 
Jurídicas e Sociais; introduz regulamento, estatuto para o curso jurídico; dispõe 
sobre o título (grau) de doutor para o advogado. A referida Lei possui origem 
legislativa no Alvará Régio editado por D. Maria I, a Pia (A Louca), de Portugal, 
que outorgou o tratamento de doutor aos bacharéis em direito e exercício 
regular da profissão, e nos Decreto Imperial (DIM), de 1º de agosto de 1825, 
pelo Chefe de Governo Dom Pedro Primeiro, e o Decreto 17874A de 09 de 
agosto de 1827 que: Declara feriado o dia 11 de agosto de 1827. Data em que 
se comemora o centenário da criação dos cursos jurídicos no Brasil. Os 
referidos documentos encontram-se microfilmados e disponíveis para pesquisa 
na encantadora Biblioteca Nacional, localizada na Cinelândia (Av. Rio Branco)? 
Rio de Janeiro/RJ. 
A Lei 8.906 de 04 de julho de 1994, no seu artigo 87 (EOAB? Estatuto da OAB), 
ao revogar as disposições em contrário, não dispôs expressamente sobre a 
referida legislação. Revogá-la tacitamente também não o fez, uma vez que a 
legislação Imperial constitui pedra fundamental que criou os cursos jurídicos no 
país. 
ADVOGADO - DOUTOR POR DIREITO E TRADIÇÃO Por: DR. JÚLIO 
CARDELLA, (Tribuna do Advogado de Outubro de 1986, pág. 5) 
Por insistência de colegas, publicamos nesta Tribuna do Advogado, um 
despretensioso artigo, elaborado há 12 anos, e que foi publicado pela imprensa 
e algumas revistas, causando certa polêmica entre outros profissionais liberais, 
principalmente entre médicos, que sistematicamente se intitulam "doutores", 
quando na verdade o uso da honraria pertence por direito e também por 
tradição, aos Advogados, salvo raras exceções. Comecemos pela tradição, 
que é também fonte de Direito, para demonstrar que a verdade está a nosso 
lado sem querer ferir suscetibilidades dos outros colegas liberais, mas com o 
intuito de reivindicar aquilo que nos pertence e que nos vem sendo usurpado 
por "usucapião, através de posse violenta", no dizer de um saudoso 
companheiro. Embora fôssemos encontrar o registro da palavra DOUTOR em 
um cânon do ano 390 citado por MARCEL ANCYRAN, editado no Concílio de 
Sarragosse, pelo qual se proibia declinar essa qualidade sem permissão (Code 
de L'Humanité, ed, 1778 - Verdon - Biblioteca OAB-Campinas), o certo é que 
somente se outorgou pela primeira vez esse título aos filósofos - DOCTORES 
SAPIENTIAE - e aqueles que promoviam conferências públicas sobre temas 
filosóficos, assim também eram chamados DOUTORES, os advogados e 
juristas aos quais se atribuía o JUS RESPONDENDI. 
Já no século XII, se tem a notícia do uso da honraria, atribuído a grandes 
filósofos como Santo Tomás de Aquino, Duns Scott, Rogério Bacon e São 
Boaventura, cognominado de Angélico, Sutil, Maravilhoso e Seráfico 
respectivamente. Pelas Universidades o título só foi outorgado pela primeira 
vez, a um ADVOGADO, que passou a ostentar o título de DOCTOR LEGUM 
em Bolonha, ao lado dos DOCTORES ÉS LOIX, somente dado àqueles 
versados na ciência do Direito. Tempos depois a Universidade de Paris passou 
a conceder a honraria somente aos diplomados em Direito, chamando-os de 
DOCTORES CANONUM ET DECRETALIUM. Eram estudiosos do Direito, e 
quando ocorreu a fusão deste com o Direito Canônico, passaram a chamar os 
diplomados de DOCTORES UTRUISQUE JURIS. 
Percebe-se daí, que, pelas suas origens, o título de Doutor é honraria legítima 
e originária dos Advogados ou Juristas, e não de qualquer outra profissão. Os 
próprios Juízes, uns duzentos anos mais tarde, protestaram (eles também 
recebiam o título de Doutor tanto das Faculdades Jurídicas como das de 
Teologia) contra os médicos que na época se apoderavam do título, reservado 
aos homens que reservam as ciências do espírito, à frente das quais cintila a 
do Direito! Não é sem razão que a Bíblia - livro de Sabedoria - se refere aos 
DOUTORES DA LEI, referindo-se aos jurisconsultos que interpretavam a Lei 
de Moisés, e PHISICUM aos curandeiros e médicos da época, antes de 
usucapido o nosso título! Houve portanto, como afirmamos, um caso de 
"usucapião por posse violenta" por parte dos médicos que passaram a ostentar 
a honraria, que no Brasil, é uma espécie de "collier a toutes les bêtes", pois 
qualquer um que se vê possuidor de um diploma universitário, se auto-
doutora... 
Sendo essa honraria autêntica por tradição dos Advogados e Juristas, 
entendemos que a mesma só poderia ser estendida aos diplomados por Escola 
Superior, após a defesa da tese doutoral. Agora, o bacharel em Direito, que 
efetivamente milita e exerce a profissão de Advogado, por direito lhe é atribuída 
a qualidade de Doutor. Se não vejamos: O Dicionário de Tecnologia Jurídica 
de Pedro Nune, coloca muito bem a matéria. Eis o verbete: BACHAREL EM 
DIREITO - Primeiro grau acadêmico, conferido a quem se forma numa 
Faculdade de Direito. O portador deste título, que exerce o ofício de Advogado, 
goza do privilégio de DOUTOR. (aos que gostam de pesquisar citamos as 
fontes dessa definição: Ord. L. 1º Tit. 66, § 42; Pereira e Souza, Crim. 75. E 
not. 188; Trindade, pág. 157, nota 143 in fine, e pág. 529 § 2º; Aux. Jur., pág. 
355 Ass93) O decano dos advogados de Campinas - Dr. João Ribeiro Nogueira 
- estimado amigo, pesquisador incansável, lembra muito bem em artigo 
publicado no "Correio Popular" de 3 de agosto de 1971, um alvará régio editado 
por D. Maria I, a Pia, de Portugal, pelo qual os bacharéis em Direito, passaram 
a ter o direito ao tratamento de DOUTORES! Ora, todos sabem que uma lei só 
perde sua vigência quando revogada por outra lei. Assim, está plenamente em 
vigor no Brasil esse alvará que outorgou o título de DOUTOR aos advogados! 
Não consta nesse alvará legal, que tenha sido estendido a nenhuma outra 
profissão! E tanto isto é verdade, que à época, um rábula, de notável saber 
jurídico e grande honrabilidade, obteve também a honraria, por exercer a 
profissão, mas foi necessário um alvará régio especial, sendo doutorado por 
decreto legislativo, pois não era advogado diplomado em Faculdade de Direito. 
Foi o caso do rábula Antonio Pereira Rebouças... 
A lei está em vigor, assim como tantas outras da época do Império, que não 
foram revogadas, como o nosso Código Comercial de 1850. 
Por tradição e por direito, somos Doutores. E não poderia também ser de outra 
forma, uma vez que, exercendo a profissão de Advogado, o bacharel em 
Direito, está constantemente defendendo teses perante Juízos e Tribunais, 
que, julgando procedentes suas razões, estarão de um modo ou outro, 
aprovando suas teses, sobre os mais variados ramos do Direito. E o que se 
dizer do Advogado perante o Tribunal de Júri, Tribunais Superiores, Auditorias? 
Não sustenta diária e publicamente suas teses? O Prof. Flamínio Fávero, por 
sua vez, eminente médico, que ostentava mais de 50 títulos, manifestando-se 
certa vez sobre o assunto, repudiououso indiscriminado do título doutoral, por 
qualquer profissional, dizendo que a "lei não permite isso, nem a ética" 
referindo-se especialmente aos esculápios que pretendem até "monopolizar o 
título dos causídicos". 
É tal a inversão e investida dos médicos sobre o nosso título, que nos Estados 
Unidos chega-se a dizer com frequência: "I am a doctor not a lawyer", quando 
em verdade, este último é o doutor... A enciclopédia Americana, também 
registra o fato de terem sido os advogados os primeiros doutores, mas em 
pequenos dicionários vamos encontrar a definição de "doctor" como sendo 
"médico" para a língua portuguesa. 
Muitos colegas não têm o hábito de antepor ao próprio nome, em seus cartões 
e impressos, o título de DOUTOR, quando em verdade, devem fazê-lo, porque 
a História nos ensina que somos os donos de tal título, por DIREITO E 
TRADIÇÃO, e está chegada a hora de reivindicarmos o que é nosso; este título 
constitui adorno por excelência da classe advocatícia. 
 
Portanto, advogado é doutor sim! 
 
Fonte: http://www.rafaelcmonteiro.com/2010/11/advogadoedoutor-por-direito-
e.html

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