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Nosso primeiro tema abordado será em relação aos antefatos e pós-fatos impuníveis. Eis um tema que despenca em provas para Delegado de Polícia, com maior incidência na segunda fase, em questões subjetivas. Mais especifcamente, vamos abordar esse assunto à luz dos princípios normativos do direito penal. Vamos lá… Primeiro, temos que alertar você para quando se deparar com uma questão requerendo uma análise dos institutos face aos princípios normativos do Direito Penal. Nesse caso, você deverá discorrer sobre o princípio da consunção, capaz de solucionar o confito aparente de normas existentes nos chamados antefatos e pós-fatos impuníveis, destacando a diferença entre eles e citando seus exemplos. Mas agora, vamos ao que interessa de fato, ao que seria esses institutos. Com a adoção da teoria fnalista pela grande maioria de nossa doutrina, toda conduta penalmente relevante deve trazer em seu conteúdo uma fnalidade. Em outras palavras, pode-se afrmar que todo crime é praticado com o objetivo de atingir alguma fnalidade. Ocorre que, não raro, alguns delitos são praticados como meio necessário para se preparar ou executar outro crime. Nesses casos – excepcionais, diga-se de passagem – há um verdadeiro confito aparente de normas, sendo que, não obstante exista uma pluralidade de condutas por parte do agente, tais condutas, por estarem vinculadas entre si, não são capazes de agravar o resultado visado ou já consumado. São nessas circunstâncias que surgem os chamados antefatos e pós-fatos impuníveis, onde o confito aparente é solucionado por meio do princípio da consunção. Segundo o mencionado princípio, nos casos em que houver um confito aparente de normas, as condutas mais amplas, de maior gravidade, acabam absorvendo aquelas de menor gravidade, as quais funcionam como um meio necessário à execução de outro crime. O antefato impunível ocorre quando o agente pratica uma conduta criminosa, mas, na verdade, já tem em mente uma segunda ação, que representa a sua vontade fnal, fazendo com que aquela conduta inicial esgote toda sua capacidade lesiva. A ação anterior, portanto (antefato), não possui razão de ser, senão para viabilizar o crime subsequente. Como exemplo, podemos citar a lesão corporal que antecede eu crime de homicídio ou a falsifcação de documento anterior ao crime de estelionato. Na jurisprudência, a Súmula 17/STJ: “Qando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.” Já o pós-fato impunível se caracteriza quando o agente, após atingir a consumação do crime, pratica uma nova conduta contra o mesmo bem jurídico, mas que não é capaz de agravar a lesão causada pelo comportamento anterior. Como exemplo, citamos o caso do agente que, após furtar um objeto alheio, o destrói ou vende a terceiro. Nesse caso só responderá pelo furto e não pelos crimes de dano ou receptação. É isso, por hoje é só. Voltaremos essa semana com outro assunto muito cobrado em provas.