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LEFRANÇOIS, Guy R Teorias da Aprendizagemo que o professor disse São Paulo Cengage Learning, 2017 Capítulo 1, p 2 a 6

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PSICOLOGIA E APRENDIZAGEM 
LEFRANÇOIS, Guy R. Teorias da Aprendizagem: o que o professor disse. São Paulo: 
Cengage Learning, 2017. Capítulo 1, p. 2 a 6; livro digital. 
 
Vou começar pelo início, disse o professor. Psicologia é a ciência que estuda o comporta- 
mento e o pensamento humanos. Busca saber como a experiência afeta o pensamento 
e a ação; explora os papéis da biologia e da hereditariedade; examina a consciência e os 
sonhos; acompanha como se dá a transformação de crianças em adultos; investiga as 
influências sociais. Basicamente, tenta explicar como as pessoas pensam, agem e 
sentem. Claro que este livro não engloba toda a psicologia. Limita-se às teorias 
psicológicas que lidam com a aprendizagem e com o comportamento humano – e com 
a aprendizagem animal também, porque os estudos com animais, nessa área, estão 
intrinsecamente ligados ao desenvolvimento das teorias de aprendizagem humana. 
 É fundamental, portanto, saber, desde o início, o que é aprendizagem. Conhecimento e 
Consciência O que aprendemos? O que sabemos? O que é conhecimento? Essas 
questões definem o ramo da filosofia conhecido como epistemologia. A epistemologia 
questiona o modo como conhecemos o mundo. Também indaga como sabemos que 
aquilo que achamos que é real efetivamente é. 
Alguns dos antigos filósofos gregos, como Aristóteles (384-322 a.C.), responderam a 
essas perguntas com uma teoria que propunha que tudo o que existe fora de nós, no 
mundo, tem uma cópia na mente. O que acontece, explicou Aristóteles, é que o ato de 
perceber alguma coisa resulta numa cópia de algo que, de algum modo, passamos a 
conhecer. Assim, não conhecemos a realidade diretamente; tudo o que conhecemos é, 
de forma indireta, resultado da percepção das cópias da realidade. Conhecemos não 
tanto por causa de nossos sentidos, argumentava Aristóteles, porém mais como 
resultado de nossa razão. Dessa forma, as pessoas instruídas, cujas mentes 
presumivelmente são mais capazes de raciocinar, conhecem a realidade de forma mais 
precisa do que as pessoas menos cultas. “As raízes da educação são amargas”, disse 
Aristóteles, “mas o fruto é doce”. 
Platão (428-347 a. C.), outro filósofo grego bastante conhecido e que foi, na verdade, 
mestre de Aristóteles, também acreditava que conhecemos apenas ideias (embora ele 
e Aristóteles discordassem sobre a natureza delas). Daí a importância de educar as 
pessoas, de transformá- -las em pensadores e filósofos. “E por que não dizer”, 
perguntava Platão, “que as mentes mais bem dotadas, quando mal-educadas, tornam-
se as piores?” (Platão, 1993, p. 491). Entretanto, perguntavam-se outros filósofos como 
saber o que é a realidade externa, se tudo o que temos são cópias dela em nossa mente. 
Talvez, sugeriram alguns, a realidade só exista em nossas mentes – uma crença 
denominada idealismo em oposição ao materialismo. 
 Para o materialismo, tudo o que existe é físico (ou material), enquanto para o idealismo 
as ideias são a única realidade conhecida. Essas questões são o cerne de um grande tema 
em psicologia: o problema mente-corpo. Basicamente, ele gira em torno da relação 
entre mente e corpo. Como alguma coisa puramente física, tal como um gato, produz 
algo puramente mental, por exemplo, a ideia de um gato? E como a ideia de um gato 
pode se traduzir num ato, como aquele de procurar pelo gato? 
O filósofo e matemático francês René Descartes (1596-1650) apresentou a primeira e 
mais influente solução para esse problema ao criar a famosa frase: Penso, logo existo. 
Descartes chegou a esse insight fingindo que tudo o que ele pensava não era real – era 
simplesmente um sonho. Ele escreve, Imediatamente depois, percebi que, enquanto 
tentava achar que “tudo era falso, era necessário que eu, que estava pensando, fosse 
alguma coisa. E vendo que essa verdade “Penso; logo existo” era tão sólida que as 
suposições mais extravagantes dos céticos não conseguiriam derrubá-la, julguei não ser 
necessário ter escrúpulo para aceitá-la como primeiro princípio. (Anscombe e Geach, 
1954, p. 31-2) Penso, logo existo. Essa sentença em latim, idioma pelo qual estudaram 
os filósofos e os cientistas da época de Descartes, é Cogito, ergo sum. É por isso que esse 
princípio também é comumente lembrado como o Cogito de Descartes. Uma conclusão 
muito importante eu advém desse princípio, segundo Descartes, é que todas as ideias 
vêm de Deus porque os humanos, claro, não são suficientemente perfeitos para criá-las 
por si próprios (Vrooman, 1970). 
Por consequência, a mente e o corpo devem estar separados, insistiu Descartes. 
Ademais, a existência das ideias prova que aquilo que pensamos estar errado na verdade 
está errado mesmo, porque Deus, com certeza, não nos daria ideias falsas. Assim, as 
ideias são puras e inatas porque vêm de Deus. Em contraposição, o corpo é físico ou 
material; seu funcionamento é como o de uma máquina. Segundo Descartes, existem 
duas espécies de substâncias básicas no mundo: a material e a imaterial. A material 
inclui coisas como corpos, morcegos e bebidas, tudo aquilo que existe no espaço e tudo 
o que pode ser comparado às máquinas em seu funcionamento. A imaterial inclui a 
mente, ou, para usar o que Descartes considerava um termo equivalente, a alma. A alma 
está mais próxima de Deus do que a máquina. 
Assim, mente e corpo são coisas fundamentalmente diferentes e separadas. Essa 
postura cartesiana (referente a Descartes) é rotulada de dualismo. Descartes é 
classificado como dualista interativo porque acreditava que, apesar de mente e corpo 
estarem separados (serem duais, em outras palavra) estão, de certa forma, ligados no 
cérebro. 
O cérebro permite ao corpo influenciar a mente e vice-versa, daí a designação dualismo 
interativo. Descartes achava que a comunicação entre corpo e mente era regulada por 
um pequeno órgão do cérebro conhecido como glândula pineal. Por que a glândula 
pineal? Porque até onde Descartes sabia, essa glândula era a única estrutura do cérebro 
que não tinha duplicata. A maioria das estruturas cerebrais é duplicada em cada metade 
do cérebro (chamada hemisfério; ver o Capítulo 5, que discorre sobre a anatomia e as 
funções cerebrais). Hoje sabemos que Descartes estava enganado sobre as funções da 
glândula pineal. 
As especulações do filósofo sobre mente e corpo permeavam um problema muito 
importante para os psicólogos: O que é a consciência? Colocado de outro modo, como 
as sensações físicas são traduzidas no mundo subjetivo de forma que nos tornam 
conscientes da realidade? Um meio de contornar essa questão é ignorar mente ou 
consciência, que não podem ser observadas diretamente, e considerar as leis que 
governam o comportamento humano observável. Na verdade, essa solução embasou 
boa parte das pesquisas e teorias recentes sobre aprendizagem. 
 
O QUE É APRENDIZAGEM? 
Pergunte a qualquer pessoa o que é aprendizagem e a resposta mais frequente terá algo 
a ver com aquisição de informação. Se eu lhe disser que aquele pássaro ali é um pica-
pau de peito vermelho e, na próxima vez que você vir esse pássaro, identificá-lo 
corretamente como um pica-pau de peito vermelho, seria possível concluir que você 
aprendeu algo. Nesse caso, a natureza da informação adquirida é óbvia. Observe 
também que seu comportamento mudou como resultado da experiência. Dessa forma, 
a experiência específica de eu ter lhe dito que o pássaro é um pica-pau de peito 
vermelho afeta sua resposta quando você vê de novo um pássaro dessa espécie. 
Disposição: Emmuitos casos, o que é adquirido durante a aprendizagem não é tão 
óbvio. Por exemplo, se o professor Toch rir sarcasticamente das tentativas de Helen de 
pronunciar a palavra “procrastinar”, alguns de seus outros alunos, consequentemente, 
podem ficar mais hesitantes em tentar pronunciar palavras difíceis. Eles aprenderam a 
ser cautelosos. Explicando de outro modo, tem havido uma mudança na disposição 
deles – ou seja, em sua inclinação de fazer ou não fazer algo –, em vez de uma mudança 
observável em seu comportamento real. Mudanças na disposição têm a ver com 
motivação, um assunto que será discutido em detalhes no Capítulo 10. 
Capacidade: A aprendizagem envolve não somente mudanças na disposição, mas 
também na capacidade – isto é, mudanças nas habilidades ou no conhecimento 
necessário para fazer alguma coisa. Assim como as mudanças na disposição, as 
mudanças na capacidade nem sempre são observadas diretamente. Por exemplo, vários 
alunos do professor Toch podem ter aprendido bem como pronunciar a palavra 
“procrastinar” quando ele corrigiu Helen. Mas essas mudanças podem não ser 
aparentes, a menos que esses alunos tenham a oportunidade de manifestá-las. A 
inferência de que as disposições ou capacidades se modificaram – em outras palavras, 
de que a aprendizagem ocorreu – sempre terá como base o desempenho. 
Desempenho: Os psicólogos buscam evidência da aprendizagem nas alterações que 
ocorrem no comportamento das pessoas, como resultado da experiência. Entretanto, 
nem todas as mudanças comportamentais são exemplos de aprendizagem. Se alguém 
bate forte na sua cabeça ou o faz ingerir drogas, seu comportamento pode mudar de 
maneira radical. É possível que isso tenha acontecido com um estudante que 
aparentemente pensou ter encontrado um casal de dragõezinhos no armário e por essa 
razão saiu pela rua gritando por socorro. Eis uma mudança drástica no comportamento, 
mas dizer que se trata de um exemplo de aprendizagem é ampliar o termo além dos 
limites razoáveis. As mudanças de comportamento que são resultado temporário de 
cansaço ou ingestão de drogas, por exemplo, não ilustram a aprendizagem. Da mesma 
maneira, as mudanças biologicamente determinadas, como o crescimento ou a 
maturação sexual, ou as que resultam de lesão ou doença (especialmente no cérebro 
ou em outras partes do sistema nervoso) não são exemplos de aprendizagem 
Definição: Em suma, aprendizagem é definida como toda mudança relativamente 
permanente no potencial de comportamento, que resulta da experiência, mas não é 
causada por cansaço, maturação, drogas, lesões ou doença. No sentido estrito, claro, a 
aprendizagem não é definida pelas mudanças reais ou potenciais no comportamento. 
Em vez disso, a aprendizagem é o que acontece ao organismo (humano ou não humano) 
como resultado da experiência. As mudanças comportamentais são simplesmente 
evidências de que a aprendizagem ocorreu (veja a Figura 1.1). 
Note que a definição especifica mudanças no potencial para o comportamento, e não 
simplesmente mudanças no comportamento. Por quê? Porque, como vimos, os efeitos 
permanentes da experiência nem sempre são aparentes. E isso é verdadeiro mesmo 
para os animais. 
Em um experimento clássico, Buxton (1940) manteve, por várias noites, ratos em 
grandes labirintos. Havia caixas na entrada e na saída, mas não havia comida nem 
qualquer outra recompensa nas caixas de saída. Após algumas noites no labirinto, não 
havia evidência de que os ratos tinham aprendido algo. Mais tarde, Buxton colocou uma 
pequena porção de comida nas caixas de saída e posicionou os ratos nas caixas de 
entrada. Mais da metade deles correu direto para as caixas de saída sem cometer 
nenhum erro! Isso indicou que os ratos tinham aprendido bastante durante as primeiras 
noites no labirinto. 
No entanto, era uma aprendizagem mais latente do que efetiva, ou seja, ela não ficou 
evidente no desempenho até que houve uma mudança nas disposições – no caso, na 
motivação para atravessar o labirinto. Portanto, a aprendizagem implica mudanças na 
capacidade – ou seja, na potencialidade para fazer algo – e também na disposição – na 
inclinação para o desempenho. A evidência de que a aprendizagem aconteceu pode 
depender também da oportunidade para agir; daí a necessidade de definir a 
aprendizagem como uma mudança no potencial para o comportamento, em vez de 
simplesmente uma mudança no comportamento. À medida que você lê este livro, por 
exemplo, algumas mudanças surpreendentes podem ocorrer nas suas capacidades. O 
fato de a maioria dessas mudanças permanecer latente, evidenciando-se apenas 
quando há a oportunidade de ação – em um exame, por exemplo –, não as faz menos 
reais.

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