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UNIVERSIDADE LUSÓFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS Escola de Ciências Económicas e das Organizações Pós-Graduação em Segurança e Higiene do Trabalho Ano Letivo 2013/2014 Operação e Manutenção de um Parque Eólico Análise de Riscos Ângela Maria Moreira Fontes Miguel Unidade Curricular: Trabalho Final de Curso em Contexto Real Orientador: Professor Doutor Hélder Miguel Fernandes Silva Lisboa Outubro, 2014 II Índice Siglas, Abreviaturas e Unidades ................................................................................................... IV 1. Introdução ................................................................................................................................. 1 1.1. Enquadramento.................................................................................................................. 2 1.2. Objetivo .............................................................................................................................. 3 1.3. Estrutura do trabalho ......................................................................................................... 3 2. Parques Eólicos .......................................................................................................................... 4 2.1. Energia Eólica ..................................................................................................................... 4 2.2. Equipamentos de um Parque Eólico .................................................................................. 5 2.2.1. Aerogeradores ............................................................................................................. 6 2.2.2. Subestação .................................................................................................................. 8 3. Análise de Riscos ....................................................................................................................... 9 3.1. Tarefas O&M ...................................................................................................................... 9 3.1.1. Características das atividades ................................................................................... 10 3.1.1.1. Localização de acesso difícil ............................................................................... 12 3.1.1.2. Trabalho em altura ............................................................................................. 12 3.1.1.3. Posturas adotadas e carga física exigida ............................................................ 14 3.1.1.4. Trabalho com eletricidade ................................................................................. 14 3.1.1.5. Realização de trabalhos em ambientes ruidosos ............................................... 15 3.1.2. Listagem de perigos e riscos...................................................................................... 16 3.2. Caso de estudo ................................................................................................................. 17 3.2.1. Breve caracterização da Empresa ............................................................................. 17 3.2.2. Caracterização dos Recursos Humanos..................................................................... 18 3.2.3. Caracterização das Instalações.................................................................................. 18 3.2.3.1. Aerogeradores ENERCON E-30 ........................................................................... 19 3.2.3.2. Subestação BT/MT ............................................................................................. 19 3.2.4. Identificação das Atividades ...................................................................................... 20 III 3.2.5. Método de avaliação de risco utilizado .................................................................... 22 3.2.6. Identificação e valoração dos riscos .......................................................................... 26 3.2.7. Conclusões e Recomendações .................................................................................. 36 4. Medidas de Controlo ............................................................................................................... 38 4.1. Medidas Gerais – Instalações do Parque Eólico ............................................................... 38 4.2. Medidas Gerais – Atividades O&M .................................................................................. 39 4.3. Risco de natureza postural ............................................................................................... 41 4.4. Risco de eletrização/eletrocussão .................................................................................... 42 4.5. Risco de queda em altura ................................................................................................. 43 4.6. Risco de exposição em ruído ............................................................................................ 44 4.8. Outras medidas ................................................................................................................ 45 4.8.1. Prestadores de Serviço .............................................................................................. 45 4.8.2. Autorizações de Trabalho .......................................................................................... 45 4.8.3. Manutenção .............................................................................................................. 45 5. Bibliografia .............................................................................................................................. 47 Anexo I ............................................................................................................................................ i Anexo II – Lista de Verificação: Fatores gerais de análise ........................................................... ii IV Siglas, Abreviaturas e Unidades AMA – Australian Medical Association BWE – German Wind Energy Association CA – Corrente alternada CC – Corrente contínua CCTV - closed-circuit television CO2 – dióxido de carbon DHHS - Department of Health and Human Services EWEA – European Wind Energy Association LME – lesões músculo-esqueléticas LOTO – Lockout/Tagout MAOTE – Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia MW – Megawatt MVA – Mega Volt Ampere NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health O&M – Operação e Manutenção OEM – Original Equipment Manufacturer OIT – Organização Mundial do Trabalho SSHT - Segurança, Saúde e Higiene do Trabalho SST - Segurança, Saúde do Trabalho TEH – Turbina de eixo horizontal UE – União Europeia WWEA - World Wind Energy Association 1 1. Introdução A longo prazo, a sobrevivência da Humanidade depende de uma harmonia entre a sociedade e a natureza. O clima, que não é senão uma das características do nosso ambiente natural, requer que seja gerido com prudência. (World Meteorological Organization, 1979) Atualmente, assim como na primeira Conferência Mundial sobre o Clima, em 1979, as preocupações relativas às alterações climáticas, assim como ao aumento da concentração de dióxido de carbono da atmosfera, continuam a fazer parte da agenda global. As alternativas aos combustíveis fósseis são consideradas elementos chave para que os países possam atingir os seus objetivos em matéria de clima e sustentabilidade energética, tendo como principais indicadoresas emissões de gases com efeito de estufa, a percentagem de energias renováveis no consumo energético final e a eficiência energética (Comissão Europeia, 2014). Neste sentindo, a aposta nas fontes de energia renovável para a produção de eletricidade tem conhecido um grande desenvolvimento. No ano de 2013, mais de 72% de toda a nova capacidade instalada na UE, teve origem em fontes renováveis (EWEA, 2014). No gráfico da Figura 1 apresentam-se, para o mesmo ano, o contributo das diferentes tecnologias na nova capacidade instalada renovável. Figura 1 – Percentagem da nova potência instalada renovável na UE, no ano de 2013, em MW num total de 25 450 MW. (Fonte: EWEA, 2014). Eólica 11,159 44% Fotovoltaica 11,010 43% Biomassa 1,455 6% Hidroelétrica 1,216 5% Solar concentrada 419 1% Resíduos 180 1% Geotérmica 10 0% Marés, ondas, oceanos 1 0% 2 Do conjunto de energias renováveis exposto na Figura 1, têm especial destaque a energia solar (fotovoltaica) e a energia eólica. Verifica-se que a energia eólica representou 44% do total da aposta da UE na energia renovável, no ano transato, assumindo a liderança no sector. Também a nível interno, em Portugal, tem vindo a verificar-se um forte desenvolvimento da energia eólica, tendo a potência instalada aumentando dos 1 063 MW no ano de 2005 para um total de 4 808 MW em julho de 20141 (DGEG, 2014). É neste contexto de crescimento da tecnologia eólica que se insere o presente trabalho. 1.1. Enquadramento Considerando a evolução positiva do mercado da energia eólica, importa conhecer as características do trabalho inerentes a esta indústria e aferir sobre a saúde e a segurança no trabalho, ou seja, sobre o bem-estar social, mental e físico dos trabalhadores (Bureau Internacional do Trabalho, 2009) do sector, especificamente nas atividades de operação e manutenção (O&M), que são o caminho para uma indústria cada vez mais otimizada, afetando desde a rentabilidade, a segurança, a conformidade ambiental, a vida útil do equipamento, e até a confiança dos consumidores. Atendendo ao carácter diversificado da indústria da energia eólica, ao constante desenvolvimento tecnológico, à introdução de novos processos e materiais e ainda à multidisciplinaridade do seu ambiente de trabalho, a avaliação de riscos sistemática das atividades associadas ao funcionamento das instalações torna-se fundamental para a implementação, na prática, de uma política de prevenção. Além da exigência legal para as organizações em assegurar a segurança e saúde dos trabalhadores e do aumento da fiscalização no sector eólico (Bayar, 2014), os procedimentos de segurança estão a tornar-se parte integrante da estratégia comercial das empresas, devido ao seu carácter crítico para o negócio, quer em termos de taxa de absentismo e nível de permanência de trabalhadores no sector, quer em termos de reputação empresarial. Neste contexto, o trabalho realizado consistiu no exame de todos os aspetos dos locais existentes numa instalação de um Parque Eólico, adiante designado por Parque, tendo em vista a identificação dos riscos que podem vir a afetar a saúde, segurança e o conforto dos trabalhadores, e que possam contribuir para a ocorrência de acidentes de trabalho e doenças profissionais e, consequentemente, para a diminuição da produtividade e da qualidade dos serviços prestados. 1 Ano-móvel: agosto de 2013 a julho de 2014. 3 O trabalho apresentado foi elaborado no âmbito da Pós-graduação em Segurança e Higiene do Trabalho da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. 1.2. Objetivo O presente trabalho tem como objetivo apresentar os resultados da identificação e análise de riscos inerentes à realização das diversas atividades nos locais que compõem o Parque Eólico em estudo, focando-se os riscos típicos associados à exploração do Parque e sugerindo-se algumas medidas de controlo. 1.3. Estrutura do trabalho Este estudo está organizado em 4 capítulos. No Capítulo 2 faz-se uma breve caracterização dos parques eólicos, nomeadamente acerca dos princípios fundamentais da energia eólica e quanto aos principais equipamentos que os constituem, e em particular do tipo de equipamentos presentes Parque em análise. No Capitulo 3 é feita a análise de riscos, começando-se pela caracterização das principais tarefas. Posteriormente apresenta-se o caso de estudo, fazendo-se uma pequena descrição do Parque, identificação dos perigos, avaliação do nível dos riscos detetados por atividade e caracterização do nível de intervenção ou de controlo dos mesmos. Por último, no Capítulo 4, são apresentadas algumas propostas ou medidas tendentes à eliminação ou minimização dos riscos identificados. No Anexo I apresenta-se um vista geral da disposição do Parque e no Anexo II encontra-se a lista de verificação utilizada para a análise das instalações. 4 2. Parques Eólicos O vento é o movimento do ar em relação à superfície do globo terrestre e corresponde à transformação da energia radiante recebida do Sol em energia cinética (Espírito-Santo, 2003). Este tem como principais causas o desigual aquecimento da superfície do globo – dependente da latitude (máximo nas regiões equatoriais e mínimo nas regiões polares), da época do ano (verão e inverno), do período do dia (dia e noite), da natureza da superfície (água, terra) e da presença de nuvens (Falcão, 2007) – e o movimento de rotação da Terra. A energia eólica, produzida a partir da força dos ventos, tem sido aproveitada pelo Homem em diversas atividades, desde há cerca de 4 mil anos, através do uso de velas na navegação marítima, ou através de moinhos de eixo vertical que eram utilizados para irrigar os campos, em 1700 a.C. (BWE apud WWEA, 2006). Mas foi no advento da eletricidade, no século XX, associado ao desenvolvimento da aerodinâmica dos aviões (Falcão, 2007), que apareceram os primeiros modelos semelhantes às modernas turbinas eólicas atuais (Brizon et al., 2004). Na sequência do choque petrolífero de 1973, muitos países iniciaram programas significativos de investigação e desenvolvimento no âmbito do aproveitamento da energia do vento para produção de eletricidade, iniciando-se o desenvolvimento das modernas turbinas de eixo horizontal de maiores potências (Castro, 2005). Consequentemente, o aproveitamento da energia eólica começou a expandir-se numa escala significativa, em termos de geração, eficiência e competitividade sustentável ao nível do setor elétrico e da indústria. 2.1. Energia Eólica O aproveitamento da energia do vento para a produção de eletricidade por uma turbina eólica ou um aerogerador, consiste na utilização da energia cinética do vento para movimentar o veio do rotor, convertendo-a em energia mecânica que, posteriormente é convertida em energia elétrica por um gerador acoplado à turbina. A energia elétrica assim produzida pode ter diversas aplicações, sendo a distribuição pela rede elétrica a aplicação mais comum (Figura 2). 5 Figura 2 – Princípio de funcionamento do aproveitamento da energia do vento para a produção de energia elétrica (Adaptado de Brizon et al., 2004). Sendo assim, o aerogerador não é nada mais que o dispositivo destinado a produzir energia elétrica a partir da energia cinética contida no vento, e a turbina eólica é um de seus principais componentes, responsável pela captura da energia cinética do vento. Os termos aerogerador/turbina eólica são as formas mais comuns de designar os sistemas de conversão de energia eólica em energia elétrica,sendo que ao longo deste trabalho, são ambos usados de modo indiferenciado. 2.2. Equipamentos de um Parque Eólico Os aerogeradores (Figura 3) quando associados entre si, constituem as instalações denominadas parques eólicos. Estes estão normalmente ligados por cabos subterrâneos a uma subestação elevatória, a qual faz a ligação à rede de distribuição elétrica e que pode comportar a sala de comando e outras instalações auxiliares. Figura 3 – Principais componentes de aerogerador: 1) torre; 2) nacelle; 3) rotor; 4) pás do rotor. (Adaptado de Enercon Hellas, s.d.). 6 2.2.1. Aerogeradores Um aerogerador típico, como se pode observar na Figura 3, é constituído pelos seguintes componentes: torre, nacelle e rotor. A torre permite sustentar a nacelle e o rotor, colocando o eixo da turbina a uma altura suficiente e adequada às características do vento, e é em geral constituída por várias secções de forma tubular com diâmetro ligeiramente decrescente da base para o topo. No seu interior possui um sistema de escadas (ou elevador, dependendo das infraestruturas), sendo subdividida por várias plataformas horizontais. A torre assenta numa fundação de betão e tem também como função transportar a cablagem entre a nacelle e a rede de distribuição, e permitir o acesso de pessoas para atividades de operação e manutenção. Na sua base ficam ainda instalados outros equipamentos de apoio ao sistema. A nacelle é o invólucro que encerra grande parte dos órgãos mecânicos e elétricos do sistema (Figura 4), tais como o gerador elétrico, sistemas de controlo, de medição e transmissão mecânica, sistema de refrigeração, mecanismo de orientação direcional, entre outros componentes. A nacelle assenta no cimo da torre por intermédio do mecanismo direcional que permite orientar o eixo da turbina segundo a direção do vento. O gerador elétrico é responsável pela produção de eletricidade e pode produzir quer em corrente contínua (CC) quer em corrente alternada (AC) (Brizon et al., 2004). O alternador pode ainda ser uma máquina síncrona ou assíncrona, funcionando a velocidade constante ou variável. Figura 4 – Interior da nacelle de uma turbina eólica, sem caixa de velocidades: 1) porta de apoio principal; 2) mecanismo de orientação direcional; 3) gerador; 4) fixador das pás ao eixo; 5) cubo do rotor; 6) pás do rotor; 7) anemómetro. (Adaptado de Enercon GmbH, 2010). 7 O rotor é constituído por pás fixadas a um cubo, que aciona o gerador por intermédio dum veio e um multiplicador de velocidade mecânico (caixa de velocidades com engrenagens) ou por acionamento direto (Falcão, 2007), ou seja, neste último caso o componente rotativo do gerador e o rotor constituem uma peça única, pois o gerador está acoplado diretamente ao cubo do rotor. As turbinas eólicas são então projetadas para gerarem a máxima potência a uma determinada velocidade do vento. Esta potência é conhecida como potência nominal e a velocidade do vento a que ela é atingida é designada velocidade nominal do vento (Castro, 2005). Em situações de extrema velocidade de vento (incluindo o efeito de rajadas), é necessário perder parte do excesso de energia do vento, a fim de evitar danificar a turbina eólica. Para tal, existem dois tipos de mecanismo de controlo do passo das pás: controlo do ângulo de passo (pitch control) ou por perda aerodinâmica (stall regulation). Nas turbinas eólicas com controlo de passo, o cubo, além de conter os rolamentos para a fixação das pás, acomoda também os motores para ajuste do ângulo de ataque (Resende, 2011). Nas turbinas modernas verifica-se a dominância de algumas opções básicas de projeto, designadamente (Castro, 2005): as turbinas de eixo horizontal relativamente às de eixo vertical (ex.: rotor de Savonius e de Darrieus – Falcão, 2007 e Brizon et al., 2004); os rotores são constituídos quase sempre por três pás, raramente duas; e a colocação do rotor à frente da torre relativamente à sua colocação a jusante, denominadas eólicas frontais em relação à direção do vento (upwind). As diferenças entre fabricantes subsistem principalmente ao nível dos materiais empregues no fabrico das pás e torre, do tipo de rotor (flexível ou rígido), da escolha por acionamento direto do gerador ou por caixa de velocidades, do sistema de controlo da potência para velocidades do vento acima da nominal, do tipo de gerador elétrico e do modo de exploração. Os elementos da cadeia de conversão de energia podem, então, ser combinados de diversas formas. Os aerogeradores instalados no Parque em estudo apresentam as seguintes características técnicas: turbina com velocidade variável e controlo de pitch; rotor rígido acoplado diretamente a um gerador síncrono multipolar, que se encontra ligado à rede através de um conversor eletrónico de potência integral. 8 A configuração do sistema de velocidade variável, presente no Parque, é representada na Figura 5. Figura 5 – Sistema de velocidade variável (Resende, 2011). A opção por um acionamento direto do gerador, apesar de implicar o aumento substancial da dimensão e custo do gerador, aumentando o número de pares de polos necessários para o seu funcionamento (Falcão, 2007), permite uma considerável redução do nível de ruído produzido, do consumo de óleos lubrificantes, do desgaste mecânico e ainda de perdas de energia entre o rotor e o gerador (Castro, 2005). 2.2.2. Subestação A subestação é a área do parque eólico onde se procede à elevação de tensão, que será transportada e injetada na rede, podendo ser exterior ou interior. Nesta, encontram-se diversos equipamentos de proteção e manobra que permitem o funcionamento em conformidade do parque eólico, bem como da rede ao qual se encontra interligado. De um modo geral, no caso de uma subestação MT/BT, das celas de BT do edifício de comando é estabelecida a ligação aos transformadores de potência que elevam o potencial para valores superiores a 1 kV (normalmente valores de 10, 15 e 30 kV nas redes de distribuição urbana e rural – EDP, 2009). Segue-se um conjunto de ligações de equipamentos, denominados equipamentos de apoio, como transformadores de tensão (TT), transformadores de intensidade (TI), disjuntor, etc. No Parque em análise, a subestação é interior, ficando instalada num edifício (com zona BT e zona MT), juntamente com o posto de comando, onde se procede ao controlo e monitorização do Parque Eólico. 9 3. Análise de Riscos Chrita Sedlatschek, Diretora da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU- OSHA, 2012) deixa-nos o repto: “O êxito de uma empresa depende da assunção de riscos calculados. A prevenção constitui a abordagem mais eficaz para a minimização desses riscos, permitindo às empresas limitar os imprevistos. Através da avaliação dos riscos e da execução das necessárias medidas preventivas, as empresas podem melhorar a sua produtividade, e consequentemente, também as suas margens de lucro.” A avaliação de riscos constitui, então, uma base fundamental para a implementação de medidas de controlo ocupacionais e para a gestão da segurança e saúde no trabalho, permitindo que as organizações tomem as medidas necessárias para proteger a segurança e a saúde dos seus trabalhadores, ao mesmo tempo que, de um modo geral, melhora o desempenho das empresas. A Diretiva n.º 89/391/CEE, transposta para a ordem jurídica interna pela Lei n.º 3/2014, que tem por objeto a execução de medidas destinadas a promover o melhoramento da segurança e da saúde dos trabalhadores no trabalho, refere que todas as entidade patronais, de qualquer setor, são obrigadas a assegurar a segurança e a saúdedos trabalhadores em todos os aspetos relacionados com o trabalho, devendo, de acordo com a natureza das atividades da organização, avaliar os riscos para a segurança e a saúde dos trabalhadores. Também na indústria eólica, e particularmente no setor de O&M, a avaliação dos riscos deve ser indispensável para a execução, na prática, de uma política de prevenção, pelo que a avaliação deve ser sistemática e dar lugar à elaboração de planos de ações preventivas com impacto na melhoria das condições de trabalho, de segurança e saúde dos trabalhadores. Nos próximos capítulos, procede-se à caracterização das tarefas de O&M, identificação dos perigos, avaliação do nível dos riscos detetados e caracterização do nível de intervenção ou de controlo dos mesmos. Posteriormente apresentam-se algumas propostas ou medidas tendentes à eliminação ou minimização dos riscos identificados ou ainda, à implementação de boas práticas laborais visando os mesmos objetivos. 3.1. Tarefas O&M Os perigos a que os trabalhadores estão expostos durante a operação dos parques eólicos são geralmente considerandos semelhantes aos da maioria das instalações industriais e/ou outras infraestruturas existentes nos dias de hoje (EU-OSHA, 2013). Por exemplo, estes podem incluir perigos físicos, tais como trabalho em altura, trabalho em espaços confinados, trabalhando 10 com máquinas rotativas, movimentação manual de cargas, ou queda de objetos, entre outros. No entanto, considerando as condições por vezes únicas e extremas em que estes perigos são encontrados (locais isolados, distantes e de difícil acesso, ou condições climatéricas extremas), e a nova combinação destes perigos juntamente com a inexperiência de alguns dos trabalhadores deste sector, é possível que estes perigos não sejam controlados ou geridos da forma mais adequada (EU-OSHA, 2013). Os serviços externos ou de outsourcing que realizam intervenções de manutenção no parque eólico devem ser outro elemento a ter em conta, pois levantam a questão dos riscos associados à interdependência das atividades de trabalho que são realmente realizadas pelos diferentes tipo de pessoal/equipas, uma vez que todos contribuem para a manutenção das mesmas instalações (Grusenmeyer, 2014). A complexidade das tarefas de O&M depende, então, não só da atividade em sim, ou seja dos riscos resultantes do desenvolvimento normal do trabalho, mas também do espaço/local onde as mesmas são desenvolvidas, ou seja do ambiente onde decorrem. Fora do âmbito deste estudo estão os riscos causados por falhas operacionais (e.g. colapso da torre, desprendimentos das pás, incêndio, descargas elétricas atmosféricas, etc.), ou seja, os riscos considerados indiretos para os trabalhadores. Em seguida, descrevem-se sumariamente, as características das principais atividades passíveis de realização no Parque Eólico em estudo e os respetivos locais onde decorrem (base da torre, torre, nacelle e subestação). 3.1.1. Características das atividades As tarefas realizadas no Parque Eólico em estudo subdividem-se da seguinte forma: Figura 6 – Divisão das tarefas na fase de exploração do Parque. 11 As tarefas relacionadas com a operação do Parque implicam operações como o arranque, a paragem dos equipamentos e a leitura de dados, realizadas na subestação. A manutenção preventiva ou dinâmica é realizada para manter algo funcional e é normalmente programada e agendada em conformidade com as instruções do fabricante/fornecedor e das necessidades decorrentes da exploração dos equipamentos. A manutenção corretiva ou reativa é realizada após a ocorrência da anomalia e tem como objetivo reparar o sistema. Também poderão ser englobadas intervenções para melhoria global dos equipamentos, mesmo sem que tenha ocorrido avaria. A manutenção corretiva pode comportar mais perigos e riscos, relativamente à manutenção preventiva, por ser uma intervenção não agendada ou programada (EU-OSHA, 2010) e por ser normalmente conduzida em prazos de conclusão curtos, que aumentam a pressão aquando da realização das tarefas. Ambos os tipos de manutenção ocorrem nas várias zonas do Parque (aerogeradores, subestação) e são específicas a trabalhos mecânicos e elétricos. Neste tipo de sistemas, como se constatou no Capítulo 2.2, a diversidade de equipamentos é enorme, englobando vários equipamentos elétricos, tais como o gerador, transformadores, diversos motores e ventiladores; equipamentos mecânicos, sendo exemplo disso os diversos rolamentos e sistemas rotacionais; e também equipamento eletrónico, como os instrumentos de medição (ex.: anemómetro2), sensor de direção do vento, sensor de vibração temperatura e pressão, sensor de velocidade de rotação, etc. Esta diversidade leva à ocorrência de várias falhas elétricas, eletrónicas e/ou mecânicas, que precisam ser evitadas. De um modo geral, as atividades manutenção preventiva no Parque Eólico podem incluir: inspeções periódicas e testes do equipamento; inspeção do transformador (análises de óleo, termografia, medições no nível de ruído, etc.); lubrificação de componentes e mudança de filtros; calibração e ajuste de sensores; verificação da segurança das fixações; aperto de parafusos; inspeção dos cabos instalados na torre e dos seus sistemas de suporte; revisão do gerador; avaliação do funcionamento geral e limpeza, etc. 2 Aparelho que mede a velocidade da componente horizontal do vento. 12 A manutenção corretiva implica a reparação de componentes, tais como: reparação de unidades de controlo elétrico; reparação do alternador; reparação dos mecanismos de medição; reparação de outros equipamentos de apoio; substituição de componentes danificados, etc. a inspeção interna e eventual beneficiação (incluindo limpeza) de determinados elementos dos transformadores; reparações dos transformadores, tratamentos de óleo, etc. A manutenção assegurada pelo fabricante dos aerogeradores implica uma inspeção baseada na verificação visual (V – Manutenção de Inspeção Visual), a manutenção para efeitos de lubrificação dos sistemas de desgaste (L – Manutenção de Lubrificação), manutenção dos sistemas elétricos (E – Manutenção Elétrica) e manutenção dos sistemas mecânicos (M– Manutenção Mecânica), com atividades a ocorrerem de acordo com os Manuais de Manutenção. Em seguida apresentam-se algumas das principais características inerentes às tarefas executadas no Parque. 3.1.1.1. Localização de acesso difícil Devido aos padrões de distribuição espacial do vento, os locais onde o aproveitamento da energia eólica é viável economicamente são normalmente locais de difícil acesso. Qualquer tarefa a ser executada no Parque Eólico acarreta o facto de os trabalhadores terem que se deslocar em estradas/caminhos com piso em mau estado e falta de manutenção. 3.1.1.2. Trabalho em altura Qualquer atividade que envolva trabalho em altura (na torre e nacelle do aerogerador) deve ser considerada com uma situação potencialmente crítica, sendo que as condições climatéricas como a exposição a ventos fortes, a formação de gelo nas pás da turbina (para climas mais frios) ou a ocorrência de descargas elétricas atmosféricas, a que os aerogeradores estão muitas vezes expostos podem tornar o trabalho em altura ainda mais perigoso. Por exemplo, a força do vento pode suscitar oscilações estruturais na torre e nacelle, por vezes suficientes para causar a perda de equilíbrio do trabalhador que se encontre no seu interior; placas de 13 gelo podem ser lançadas quando o rotor está em movimentoou simplesmente soltarem-se atingindo os trabalhadores no exterior dos aerogeradores; quando dentro da nacelle, relâmpagos e trovoadas podem ser perigosos para os trabalhadores, podendo ser a causa de um incêndio, exigindo uma evacuação rápida ou mesmo o resgate destes (EU-OSHA, 2013). Os principais riscos envolvidos com o trabalho em altura numa turbina eólica vão surgir dos riscos diretos (RenewableUK, 2011), incluindo quedas (quedas das escadas fixas no interior da torre, através das aberturas nas plataformas, dentro da nacelle em superfícies irregulares, no exterior da nacelle e rotor, para o interior do cubo do rotor) e queda de objetos (no interior das torres ou no exterior da base das torres). Quando ocorre uma queda, as consequências podem ser: lesões graves ou mesmo a morte do trabalhador; dificuldade em alcançar o trabalhador caído; dificuldade para transportar a vítima para uma zona segura; escassez de recursos para cuidar da vítima; disponibilidade imediata apenas dos colegas de trabalho, a assistência de emergência está normalmente distante; e os médicos de emergência podem não estar familiarizados com as técnicas de emergência em alturas. Além dos riscos diretos e dos riscos derivados dos acessos limitados e o potencial de comprometer uma efetiva resposta de emergência, uma série de riscos consequentes podem ainda surgir resultantes do normal desenvolvimento do trabalho (riscos elétricos e mecânicos; riscos de escorregões, e tropeções) que indiretamente podem levar a quedas (RenewableUK, 2011). A manutenção das turbinas eólicas envolve a utilização constante de um sistema de escadas, instalado a 90° em cada uma das secções da torre, estando os trabalhadores sujeitos a usar equipamento antiqueda, tais como: arnês completo para o corpo e o sistema de segurança para escadas (pára-quedas deslizante com suporte de ancoragem – cabo/corda linha de vida). Na nacelle devem também usar o amortecedor de quedas, fixado a um ponto acima do plano de trabalho. A manutenção e reparo dos mecanismos de controlo e medição ou os trabalhos de limpeza envolvem o acesso aos equipamentos pelo exterior da nacelle, havendo vários pontos de ancoragem para fixação do dispositivo de ligação e do dispositivo de preensão do corpo do trabalhador – arnês antiqueda com cinto incorporado. Embora muitos dos fatores de risco mais evidentes sejam minimizados pelo fornecimento de tecnologias antiqueda e sistemas de trabalho seguro, alguns perigos permanecem podendo levar à ocorrência de incidentes/acidentes. Estes incluem o risco de escorregamento, devido à perda de atrito ou falha de um degrau; o risco de choques durante a subida/descida, quando 14 existem obstáculos ou saliências; ou o risco de queda na transição das escadas para uma plataforma e vice-versa (Cooper et al., 2014). 3.1.1.3. Posturas adotadas e carga física exigida Em condições normais, o esforço necessário para alcançar as partes superiores do aerogerador não é superior à aptidão exigida a um trabalhador com uma condição física saudável, no entanto, sob algumas condições, tais como o transporte de carga ou temperaturas ambientes extremas, o nível de esforço tende a aumentar e a eficiência do trabalho muscular a diminuir, com implicações para o desempenho das tarefas e a própria saúde do trabalhador (Cooper et al., 2014), gerando uma elevada carga física que pode resultar em lesões músculo-esqueléticas (LME) e exaustão física. As temperaturas elevadas podem também ser uma fonte de desconforto, particularmente quando se trabalha no interior de espaços confinados como a nacelle e/ou rotor. A maioria das lesões músculo-esqueléticas (LME) de origem profissional são lesões cumulativas resultantes da exposição repetida a esforços mais ou menos intensos ao longo de um período de tempo prolongado (EU-OSHA, 2007). Além disso, pequenas ações como por exemplo, na utilização de ferramentas, quando uma chave escorrega do parafuso, a sobrecarga física da força na parte superior do corpo para impedir a queda para trás pode levar a uma lesão. Do mesmo modo, posturas inadequadas, que exijam torção ou flexão, elevação dos membros superiores acima do nível do ombro, flexão do punho, etc., contribuem para o aparecimento de LME, principalmente aquando da subida/descida das escadas verticais e o trabalho em espaços reduzidos. 3.1.1.4. Trabalho com eletricidade Os trabalhadores que executam tarefas em parques eólicos estão potencialmente expostos a perigos elétricos, que podem incluir o arco elétrico (que têm como consequência as queimaduras por arco e risco de explosão) e o choque elétrico (definido como o acidente resultante da passagem da corrente elétrica no corpo humano – Manuel, 2014). O risco de lesão por faísca ou arco elétrico, o risco de eletrização ou até mesmo eletrocussão constitui uma preocupação constante nos trabalhos executados no interior do aerogerador e, quando na nacelle, este risco aumenta consideravelmente caso a turbina seja acidentalmente ligada durante os trabalhos de manutenção (EU-OSHA, 2013). Defeitos suscetíveis de provocar aquecimentos anormais e produção de faíscas, tais como contactos e ligações em mau estado, 15 canalizações sobrecarregadas, defeitos de isolamentos, etc., contribuem também para o aumento do risco elétrico nas instalações do Parque. A eletrização é o termo que designa o conjunto de manifestações fisiológicas devidas à passagem da corrente elétrica através do corpo humano. E a eletrocussão é o termo que designa a morte produzida pela passagem de uma corrente elétrica no corpo humano. Como mecanismos da eletrização têm-se o contacto direto – contacto com uma peça que se encontra normalmente em tensão – e o contacto indireto – contacto de uma pessoa com massas que se encontram acidentalmente em tensão devido a defeito de isolamento, troca dos condutores de fase e de proteção, ou condutor em tensão exterior ao aparelho que entra em contacto com aquele (Manuel, 2014). Nos trabalhos fora de tensão, os acidentes podem acontecer devido à presença acidental de tensão, seja porque a instalação é suposta fora de tensão (sem o comprovar), seja pela ação intempestiva de terceiros (que colocam tensão na instalação) (Manuel, 2014). Para impedir estas situações os trabalhos fora de tensão só podem ter lugar depois de cumpridas as regras básicas de segurança (consignação elétrica). Para efetuar a consignação e garantir a segurança no local de trabalho enquanto este decorre é preciso respeitar as regras que se seguem: desligar (isolar a instalação de todas as possíveis fontes de tensão); proteger contra religação (bloquear/etiquetar - lockout/tagout); verificar a ausência de tensão (potencial zero), ligar à terra e em curto-circuito; cobrir e isolar as peças em tensão adjacentes. O respeito destas 5 regras assegura ao trabalhador uma proteção quase total contra o risco elétrico e as suas consequências. Existem normas de segurança bem estabelecidas para os trabalhadores que executam trabalhos em instalações elétricas, no entanto as condições desfavoráveis já enunciadas, que caracterizam o trabalho nas turbinas eólicas, representam um desafio adicional para qualquer trabalhador. Uma das grandes preocupações presentes nos trabalhos em instalações elétricas continua a ser a proteção contra religações, nos bloqueios incorretos ou desconexão dos equipamentos (EU-OSHA, 2013). 3.1.1.5. Realização de trabalhos em ambientes ruidosos Basicamente existem dois tipos de ruído produzido pelas turbinas eólicas: ruído mecânico, associado ao gerador e motores auxiliares, e o ruído aerodinâmico, relacionado com o movimento das pás no ar (Castro, 2005). Os trabalhadoresafetos ao Parque estão normalmente expostos ao ruído quando executam trabalhos na base da torre e na subestação, 16 pois regra geral, as atividades de manutenção na nacelle são executadas com os equipamentos desligados. As turbinas eólicas também podem gerar ruídos de baixa frequência (valores abaixo dos 20 Hz – infrassons), que geralmente são inaudíveis para os seres humanos (AMA, 2014). Os efeitos para a saúde em consequência da exposição a longo prazo a baixos níveis de infrassons são desconhecidos. Contudo existem alguns autores que afirmam que ruído das turbinas provoca sintomas como dores de cabeça, tonturas, náuseas, etc., sintomas referidos como a síndrome de turbina eólica (Heagle et al, 2011 apud EU-OSHA, 2014). Recentemente, a Associação Médica Australiana (AMA) emitiu uma posição declarando que as evidências australianas e internacionais disponíveis à data não suportam a visão de que os infrassons gerados nos parques eólicos, tal como se encontram regulamentados no país, causem efeitos adversos à saúde nas populações situadas na sua vizinhança (AMA, 2014). No entanto, continuam a existir poucos estudos que realmente se foquem nos efeitos e impacto do ruído nos próprios trabalhadores de parques eólicos (EU-OSHA, 2013). 3.1.2. Listagem de perigos e riscos Considerando as tarefas de O&M realizada no Parque, na Tabela 1, listam-se os principais perigos e riscos identificados. Tabela 1 – Listagem de perigos e riscos inerentes às atividades executadas no Parque. PERIGOS RISCOS Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário Realização de trabalhos em altura Queda em altura Presença de objetos no pavimento / desníveis / piso instável / ausência de limpeza de locais de trabalho - q Queda ao mesmo nível Posturas adotadas / carga física exigida Natureza postural (aplicação desigual de força, repetitividade de movimentos, utilização constante dos mesmos grupos musculares e lesões músculo- esqueléticas). Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas / utilização de circuitos ou equipamentos defeituosos / anular os equipamentos de proteção coletiva Eletrização ou eletrocussão Realização de trabalhos em ambientes ruidosos Exposição ao ruído 17 3.2. Caso de estudo O estudo desenvolvido assentou em várias etapas, sendo que a pesquisa bibliográfica feita para entendimento do processo e caracterização de algumas das tarefas, assim como a análise das instalações feita por lista de verificação (Anexo II), foram fundamentais no processo de identificação dos perigos e na consequente avaliação de riscos a que os trabalhadores estão expostos na execução dessas mesmas tarefas. Em termos de metodologia do trabalho, iniciou-se a análise com uma avaliação global das condições de trabalho por preenchimento da lista de verificação e, posteriormente procedeu- se à identificação e análise dos riscos existentes, aplicando um método semi-quantitativo de análise de riscos às atividades específicas desenvolvidas pelas diferentes equipas de trabalhadores afetas aos trabalhos de operação e manutenção do Parque Eólico. 3.2.1. Breve caracterização da Empresa A empresa em estudo pertence ao setor das energias renováveis, segundo a Classificação Portuguesa das Atividades Económicas enquadra-se na CAE-Rev.3 35113-R3 – Produção de eletricidade de origem eólica, geotérmica, solar e de outra origem, n.e. – e tem como objeto a produção de energia elétrica através da utilização de fontes renováveis nomeadamente eólica, explorando o Parque Eólico em estudo. Sendo uma pequena empresa empregava, no ano de 2013, 8 trabalhadores. No entanto, os trabalhos que decorrem no Parque são garantidos pelos colaboradores da empresa-mãe do grupo (adiante denominada por Equipa 1), de uma empresa responsável por serviços de manutenção elétrica e mecânica (Equipa 2), também pertencente ao Grupo, e ainda por outros dois prestadores externos, afetos à empresa fornecedora dos aerogeradores (Equipa 3) e de uma empresa de manutenção de extintores e desratização (Equipa 4). Relativamente a indicadores de SSHT, segundo dados do Relatório e Contas do Grupo, de 2013, existe referência a alguns acidentes de trabalho e acidentes com baixa, no entanto no Parque eólico em estudo, à data da recolha da informação, não existiam acidentes registados, registando-se apenas a ocorrência de alguns incidentes (incidente em que não ocorreu lesão, afeção da saúde ou morte, que também pode ser referido como near-miss - quase-acidente - ,near-hit, close call ou dangerous occurrence -ocorrência perigosa, NP 4397: 2008). 18 3.2.2. Caracterização dos Recursos Humanos A existência de trabalhadores nas instalações só ocorre aquando de trabalhos de manutenção e/ou atividades de exploração/condução do Parque. Estes trabalhos de operação e manutenção são executados pelos 4 prestadores de serviços referidos anteriormente, que se apresentam resumidamente na Tabela 2, assim como o número de número de trabalhadores por equipa e as respetivas funções dentro do grupo de atividades em investigação. Tabela 2 – Prestadores de serviço e respetivas funções. Prestadores de Serviço Nº de trabalhadores Funções Equipa 1 4 Condução/Exploração Manutenção Corretiva Elétrica Equipa 2 18 Manutenção Corretiva Elétrica Manutenção Corretiva Mecânica Manutenção Preventiva Elétrica Manutenção Preventiva Mecânica Equipa 3 2 Manutenção Corretiva Elétrica 2 Manutenção Preventiva Elétrica 2 Manutenção Preventiva Mecânica Equipa 4 1 Manutenção Preventiva A Equipa 1 é composta por 4 trabalhadores que se deslocam ao Parque conforme as necessidades de operação deste. A Equipa 2 é composta no seu total por 18 pessoas, todos homens com idades compreendidas entre os 22 e os 44 anos. A Equipa 3, pertencente aos fornecedor dos aerogeradores, faz chegar ao Parque 2 pessoas para execução de cada tarefa de manutenção. E finalmente, a Equipa 4 é composta por 1 trabalhador que, dentro das instalações é sempre acompanhado por um outro trabalhador afeto à Equipa 1. 3.2.3. Caracterização das Instalações A instalação do Parque Eólico é composta pelos seguintes elementos: Zona dos aerogeradores: 6 aerogeradores de 300 kW, ENERCON E-30, instalados e ligados à rede de distribuição no ano de 2005, admitindo uma potência total de 1,8 MW; 19 Subestação: do tipo interior, localizada num edifício dividido por duas partes, a área MT e a área BT, com posto de comando; Instalações sanitárias, localizadas no edifício da subestação, junto à zona BT. No Anexo I apresenta-se a planta geral da zona da instalação do Parque. As instalações não possuem sistema de CCTV. O edifício da subestação possui Sistema Automático de Deteção de Incêndio. E o acesso ao parque é efetuado por estrada regional, não existindo um portão no acesso à instalação. 3.2.3.1. Aerogeradores ENERCON E-30 Os aerogeradores ENERCON E-30 são equipamentos constituídos por um rotor de três pás, controlo de passo ativo e funcionamento com velocidade variável. Têm um rotor com um diâmetro de 30 m e uma torre cuja altura atinge cerca de 44 m. O Parque possui também um sistema de monitorização remota (SCADA – Supervisory Control and Data Acquisition) fornecido pelo fabricante dos aerogeradore. Relativamente aos trabalhos executados nos aerogeradores dividiu-se a instalação em quatro zonas: Alçapão, Base, Torre e Nacelle. 3.2.3.2. Subestação BT/MT A subestação elevadora afeta ao Parque Eólico tem uma relação de transformação de 0,4/15 kV e possui 2 transformadores, com uma potência instaladade 3,2 MVA. O nível de tensão geração do Parque é de 0,4 kV e toda a produção renovável é injetada diretamente numa linha de transporte MT (LT 1), 30 kV (Figura 7). O arrefecimento dos transformadores é feito por um sistema de refrigeração ONAN (óleo natural e ar natural). 20 Figura 7 – Esquema Unifilar Simplificado da Central Eólica. 3.2.4. Identificação das Atividades Nas Tabelas 3 a 6 resumem-se as atividades referentes a cada tarefa/equipa e indica-se também a periocidade com que estas são executadas, assim como a zona de trabalhos. Os equipamentos utilizados durante as tarefas e consoante a atividade são: farda de trabalho, telemóvel, equipamento de proteção individual, ferramentas manuais e substâncias necessárias às intervenções. Tabela 3 – Atividades Equipa 1 Tarefa Atividade Zona Periocidade Condução/Exploração Arranque, paragem da instalação Subestação Diária Leituras Resolução de problemas inerentes à tarefa. Manutenção Corretiva Elétrica Reparação de equipamento de apoio Base Mensal Torre Nacelle Subestação 21 Tabela 4 – Atividades Equipa 2. Tarefa Atividade Zona Periocidade Manutenção Corretiva Elétrica Equipamentos de apoio Base Mensal Torre Nacelle Subestação Anual Manutenção Corretiva Mecânica Equipamentos de apoio Torre Mensal Nacelle Manutenção Preventiva Elétrica Equipamentos de apoio Base Anual Torre Nacelle Subestação Manutenção Preventiva Mecânica Aperto de parafusos da Base Alçapão Anual Equipamentos de apoio Base Torre Nacelle Subestação Tabela 5 – Atividades Equipa 3. Tarefa Atividade Zona Periocidade Manutenção Corretiva Elétrica Reparação do alternador Nacelle Anual Manutenção Preventiva Elétrica V1, V2, V48 e V49; E5, E7, E9 a E18, E45 a E48 Base Anual V3 a V9 Torre V10 a V47; E19 a E44 Nacelle Equipamentos (Transformador, celas MT/BT, …) Subestação Manutenção Preventiva Mecânica V1, V2, V48 e V49 Base Anual V3 a V9 / M2 Torre V10 a V47 / M3 a M7 / L1 a L5 Nacelle Tabela 6 – Atividades Equipa 4. Tarefa Atividade Zona Periocidade Manutenção Preventiva Revisão de extintores Base Anual Subestação Desratização Geral 22 3.2.5. Método de avaliação de risco utilizado A avaliação dos riscos inerentes às tarefas realizadas pelos trabalhadores foi fundamentada na aplicação de um método semi-quantitativo de análise de riscos – Método de Avaliação de Risco de Acidente de Trabalho (MARAT) ou Sistema Simplificado de Avaliação de Riscos de Acidente Por método semi-quantitativo entende-se um método que permite atribuir índices às situações de risco previamente identificadas e que estabelece planos de atuação, em que o objetivo é a hierarquização do risco, a definição e implementação de um conjunto de ações preventivas e corretivas para controlar o risco (Pedro, 2006). A metodologia MARAT permite, então, quantificar a magnitude dos riscos existentes e, como consequência, hierarquizar de modo racional a prioridade da sua eliminação ou correção, sendo a informação resultante do método apenas orientativa. Para tal, parte-se da deteção das deficiências existentes nos locais de trabalho (através do preenchimento de lista de verificação e estimativa da exposição e consequências normalmente esperadas) para, de seguida, estimar a probabilidade de que ocorra um acidente e, tendo em conta a magnitude esperada das consequências, avaliar o risco associado a cada uma das ditas deficiências. No desenvolvimento do método não se utilizam valores absolutos mas antes intervalos discretos pelo que se utiliza o conceito de nível. Assim, o nível de risco (NR) será função do nível de probabilidade (NP) e do nível de consequências (NC), numa escala de 5 possíveis. O método pode ser representado pelo seguinte diagrama: Figura 8 – Fluxograma Método MARAT. Em que se designa por nível de deficiência (ND), ou nível de ausência de medidas preventivas, a magnitude esperada entre o conjunto de fatores de risco considerados e a sua relação causal direta com o acidente. A Tabela 7 enquadra a avaliação dos diferentes níveis de deficiência. 23 Tabela 7 – Parâmetro Nível de Deficiência (ND). NÍVEL DE DEFICIÊNCIA ND SIGNIFICADO Aceitável (A) 1 Não foram detetadas anomalias. O perigo está controlado. Insuficiente (I) 2 Foram detetados fatores de risco de menor importância. É de admitir que o dano possa ocorrer algumas vezes. Deficiente (D) 6 Foram detetados alguns fatores de risco significativos. O conjunto de medidas preventivas existentes tem a sua eficácia reduzida de forma significativa. Muito Deficiente (MD) 10 Foram detetados fatores de risco significativos. As medidas preventivas existentes são ineficazes. O dano ocorrerá na maior parte das circunstâncias. Deficiência Total (DT) 14 Medidas preventivas inexistentes ou desadequadas. São esperados danos na maior parte das situações. O nível de exposição (NE) é uma medida que traduz a frequência com que se está exposto ao risco. Para um risco concreto, o nível de exposição pode ser estimado em função dos tempos de permanência nas áreas de trabalho, operações com a máquina, procedimentos, ambientes de trabalho, etc. (Tabela 8). Tabela 8 – Parâmetro Nível de Exposição (NE). NÍVEL DE EXPOSIÇÃO NE SIGNIFICADO Esporádica 1 Uma vez por ano ou menos e por pouco tempo (minutos). Pouco Frequente 2 Algumas vezes por ano e por período de tempo indeterminado Ocasional 3 Algumas vezes por mês. Frequente 4 Várias vezes durante o período laboral, ainda que com tempos curtos – várias vezes por semana ou diário. Continuada / Rotina 5 Várias vezes por dia com tempo prolongado ou continuamente. O nível de probabilidade é função das medidas preventivas existentes e do nível de exposição ao risco, e é expresso pelo produto de ambos os termos, como se apresenta na Tabela 9. 24 Tabela 9 – Parâmetro Nível de Probabilidade (NP). NÍVEL DE EXPOSIÇÃO Es p o rá d ic a P o u co Fr eq u en te O ca si o n al Fr eq u en te C o n tí n u a 1 2 3 4 5 N ÍV EL D E D EF IC IÊ N C IA Aceitável 1 1 2 3 4 5 Insuficiente 2 2 4 6 8 10 Deficiente 6 6 12 18 24 30 Muito Deficiente 10 10 20 30 40 50 Deficiência Total 14 14 28 42 56 70 Na tabela seguinte descreve-se o significado de cada nível de probabilidade. Tabela 10 – Parâmetro Nível de Probabilidade (NP). NÍVEL DE PROBABILIDADE NP SIGNIFICADO Muito Baixa [1;3] Não é de esperar que a situação perigosa se materialize, ainda que possa ser concebida. Baixa [4;6] A materialização da situação perigosa pode ocorrer. Média [8;20] A materialização da situação perigosa é possível de ocorrer pelo menos uma vez com danos. Alta [24;30] A materialização da situação perigosa pode ocorrer várias vezes durante o período de trabalho. Muito Alta [40;70] Normalmente a materialização da situação perigosa ocorre com frequência. O nível de severidade do dano refere-se ao dano mais grave que é razoável esperar de uma ocorrência envolvendo o perigo avaliado. O método considera 5 níveis de consequências em que se categorizaram os danos físicos causados às pessoas e os danos materiais. Ambas as categorias devem ser consideradas independentemente, tendo sempre mais peso os danos nas pessoas que os danos materiais. Na avaliação feita considerou-se apenas os danos pessoais,tendo em conta as consequências esperadas em caso de materialização do risco. 25 Tabela 11 – Parâmetro Nível de Severidade (NS). O valor do nível de risco é dado pela seguinte equação: 𝑁𝑅 = 𝑁𝑃 × 𝑁𝑆 E pode ser aferido através da Tabela 12. Tabela 12 – Parâmetro Nível de Risco (NR). NÍVEL DE PROBABILIDADE M u it o B ai xa B ai xa M éd ia A lt a M u it o A lt a [1;3] [4;6] [8;20] [24;30] [40;70] N ÍV EL D E SE V ER ID A D E Insignificante 10 10 30 40 60 80 200 240 300 400 700 Leve 25 25 75 100 150 200 500 600 750 1 000 1 750 Moderado 60 60 180 240 360 480 1 200 1 440 1 800 2 400 4 200 Grave 90 90 270 360 540 720 1 800 2 160 2 700 3 600 6 300 Mortal ou Catastrófico 155 155 465 620 930 1 240 3 100 3 720 4 650 6 200 10850 Finalmente, da análise da matriz NR, caracterizam-se os diferentes níveis de intervenção ou de controlo (Tabela 13). NÍVEL DE SEVERIDADE NS SIGNIFICADO DANOS PESSOAIS (NSP) DANOS MATERIAIS (NSM) Insignificante 10 Não há danos pessoais. Pequenas perdas materiais. Leve 25 Pequenas lesões que não requerem hospitalização. Apenas primeiros socorros. Reparação sem paragem do processo. Moderado 60 Lesões com incapacidade laboral transitória. Requer tratamento médico. Requer a paragem do processo para efetuar a reparação. Grave 90 Lesões graves que podem ser irreparáveis Destruição parcial do sistema (reparação complexa e onerosa). Mortal ou Catastrófico 155 Um morto ou mais. Incapacidade total ou permanente Destruição de um ou mais sistemas (difícil reparação /renovação) 26 Tabela 13 – Parâmetro Nível de Controlo (NC). NÍVEL DE CONTROLO SIGNIFICADO I 3 600 a 10 850 Situação crítica. Intervenção imediata. Eventual paragem imediata. Isolar o perigo até serem adoptadas medidas de controlo permanentes. II 1 200 a 3 360 Situação a corrigir. Adoptar medidas de controlo enquanto a situação perigosa não for eliminada ou reduzida. III 350 a 1 080 Situação a melhorar. Deverão ser elaborados planos ou programas documentados de intervenção. IV 90 a 310 Situação a melhorar, se possível. Intervenção a justificar V 10 a 80 Situação sem necessidade de melhoria. Intervir apenas se uma análise mais pormenorizada o justificar. 3.2.6. Identificação e valoração dos riscos Para cada uma das principais atividades passíveis de realização foram identificados os principais riscos de exposição, onde se considerou os seguintes parâmetros associados relevantes, e expostos anteriormente: • Identificação da tarefa; • Identificação das atividades; • Descrição dos processos associados; • Caracterização do ambiente onde decorrem; • Equipamento/recursos utilizados. A lista de verificação preenchida no local teve por finalidade reconhecer, na situação de trabalho, as falhas, as anomalias ou as insuficiências respeitantes aos dispositivos técnicos, às instalações e aos modos operatórios. A identificação dos perigos, riscos e respetivo nível de intervenção determinado para cada Equipa, atividade e local, encontram-se enumerados nas Tabelas 14 a 17. As tabelas exaustivas com toda a valoração (nível de deficiência, exposição, probabilidade e severidade) não serão apresentadas, por serem demasiado extensas. 27 Tabela 14 – Equipa 1: identificação e valoração do risco. ATIVIDADES: Arranque, paragem e leituras. Resolução de problemas inerentes à Tarefa. LOCAL: SUBESTAÇÃO Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 1 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário IV 2 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível IV 3 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão III ACTIVIDADES: Reparação de equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – BASE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 4 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 5 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível IV 6 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Electrocução III 7 Realização de trabalhos em ambientes ruidosos Exposição ao ruído III ACTIVIDADES: Reparação de equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – TORRE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 8 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 9 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível IV 10 Realização de trabalhos em altura Queda em altura III 11 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão III 12 Posturas adotadas Natureza postural II ACTIVIDADES: Reparação de equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – NACELLE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 13 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 14 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível IV 15 Realização de trabalhos em altura Queda em altura III 28 Continuação da Tabela 14 16 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização / Eletrocussão III 17 Posturas adotadas Natureza postural II ATIVIDADES: Reparação de equipamento de apoio. LOCAL: SUBESTAÇÃO Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 18 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 19 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível IV 20 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão II Tabela 15 – Equipa 2: identificação e valoração do risco. ACTIVIDADES: Reparação elétrica de equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – BASE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 21 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 22 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível IV 23 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Electrocução III 24 Realização de trabalhos em ambientes ruidosos Exposição ao ruído III ACTIVIDADES: Reparação elétrica de equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – TORRE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 25 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 26 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível IV 27 Realização de trabalhos em altura Queda em altura III 28 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão III 29 Posturas adotadas Natureza postural II 29 Continuação da Tabela 15 ACTIVIDADES: Reparação elétrica de equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – NACELLE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 30 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 31 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível IV 32 Realização de trabalhos em altura Queda em altura III 33 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão III 34 Posturas adotadas Natureza postural II ATIVIDADES: Reparação elétrica de equipamento de apoio. LOCAL: SUBESTAÇÃO Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 35 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 36 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V37 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão III ACTIVIDADES: Reparação de equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – TORRE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 38 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 39 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível IV 40 Realização de trabalhos em altura Queda em altura III 41 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão III 42 Posturas adotadas Natureza postural II ACTIVIDADES: Reparação equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – NACELLE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 43 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 44 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível IV 45 Realização de trabalhos em altura Queda em altura III 30 Continuação da Tabela 15 46 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão III 47 Posturas adotadas Natureza postural II ACTIVIDADES: Manutenção preventiva elétrica de equipamento de apoio LOCAL: AEROGERADOR – BASE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 48 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 49 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 50 Realização de trabalhos em ambientes ruidosos Exposição ao ruído IV 51 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Electrocução IV ACTIVIDADES: Manutenção preventiva elétrica de equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – TORRE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 52 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 53 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 54 Realização de trabalhos em altura Queda em altura IV 55 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão IV 56 Posturas adotadas Natureza postural III ACTIVIDADES: Manutenção preventiva elétrica de equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – NACELLE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 57 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 58 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 59 Realização de trabalhos em altura Queda em altura IV 60 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão IV 61 Posturas adotadas Natureza postural III 31 Continuação da Tabela 15 ATIVIDADES: Manutenção preventiva elétrica de equipamento de apoio. LOCAL: SUBESTAÇÃO Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 62 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 63 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 64 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão III ACTIVIDADES: Aperto de parafusos do Aerogerador. AEROGERADOR – ALÇAPÃO Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 65 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 66 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 67 Realização de trabalhos em altura Queda em altura IV ACTIVIDADES: Manutenção preventiva mecânica de equipamento de apoio LOCAL: AEROGERADOR – BASE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 68 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 69 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 70 Realização de trabalhos em ambientes ruidosos Exposição ao ruído IV 71 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Electrocução IV ACTIVIDADES: Manutenção preventiva mecânica de equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – TORRE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 72 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 73 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 74 Realização de trabalhos em altura Queda em altura IV 75 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão IV 76 Posturas adotadas Natureza postural III 32 Continuação da Tabela 15 ACTIVIDADES: Manutenção preventiva mecânica de equipamento de apoio. LOCAL: AEROGERADOR – NACELLE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 77 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 78 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 79 Realização de trabalhos em altura Queda em altura IV 80 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão IV 81 Posturas adotadas Natureza postural III ATIVIDADES: Manutenção preventiva mecânica de equipamento de apoio. LOCAL: SUBESTAÇÃO Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 82 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 83 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 84 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão III Tabela 16 – Equipa 3: identificação e valoração do risco. ACTIVIDADES: Reparação do alternador LOCAL: AEROGERADOR – NACELLE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 85 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 86 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 87 Realização de trabalhos em altura Queda em altura IV 88 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização / Eletrocussão IV 89 Posturas adotadas Natureza postural III ACTIVIDADES: Manutenção de acordo com o manual (V1, V2, V48 e V49 / E5, E7, E9 a E18, E45 a E48). LOCAL: AEROGERADOR – BASE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 90 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 33 Continuação da Tabela 16 91 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 92 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Electrocução IV 93 Realização de trabalhos em ambientes ruidosos Exposição ao ruído IV ACTIVIDADES: Manutenção de acordo com o manual (V3 a V9). LOCAL: AEROGERADOR – TORRE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 94 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 95 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 96 Realização de trabalhos em altura Queda em altura IV 97 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão IV 98 Posturas adotadas Natureza postural III ACTIVIDADES: Manutenção de acordo com o manual (V10 a V47 / E19 a E44). LOCAL: AEROGERADOR – NACELLE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 99 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 100 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 101 Realização de trabalhos em altura Queda em altura IV 102 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão IV 103 Posturas adotadas Natureza postural III ATIVIDADES: Manutenção de Equipamentos (Transformador, celas MT/BT,…). LOCAL: SUBESTAÇÃO Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 104 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 105 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Quedaao mesmo nível V 106 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão III 34 Continuação da Tabela 16 ACTIVIDADES: Manutenção de acordo com o manual (V1, V2, V48 e V49). LOCAL: AEROGERADOR – BASE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 107 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 108 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 109 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Electrocução III 110 Realização de trabalhos em ambientes ruidosos Exposição ao ruído IV ACTIVIDADES: Manutenção de acordo com o manual (V3 a V9 / M2). LOCAL: AEROGERADOR – TORRE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 110 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 112 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 113 Realização de trabalhos em altura Queda em altura IV 114 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão IV 115 Posturas adotadas Natureza postural III ACTIVIDADES: Manutenção de acordo com o manual (V10 a V47 / M3 a M7 / L1 a L5). LOCAL: AEROGERADOR – NACELLE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 116 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 117 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 118 Realização de trabalhos em altura Queda em altura IV 119 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão IV 120 Posturas adotadas Natureza postural III 35 Tabela 17 – Equipa 4: identificação e valoração do risco. ACTIVIDADES: Revisão de Extintores LOCAL: AEROGERADOR – BASE Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 121 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 122 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V ATIVIDADES: Revisão de Extintores e Desratização LOCAL: SUBESTAÇÃO Nº PERIGOS RISCOS NÍVEL DE CONTROLO 123 Condução e parqueamento de veículo Acidente rodoviário V 124 Presença de objetos no pavimento / Desníveis / Piso instável Queda ao mesmo nível V 125 Trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas Eletrização/Eletrocussão III O gráfico da Figura 9 representa, de uma forma global, a classificação dos riscos identificados, ou seja, a distribuição das situações analisadas e valoradas, num total de 125. Destaca-se o facto de nenhum risco ter sido caracterizado como crítico (NC=I), e ainda o possível enviesamento nos resultados em termos totais devido a algumas atividades que se repetem em todas as tarefas, mas ainda assim consideradas relevantes, pois a avaliação considerou as tarefas de diferentes trabalhadores, logo a avaliação foi feita sob diferentes condições. Figura 9 – Valoração do risco: contributo de cada situação. (os riscos classificados de com nível I não estão representados uma vez que não foram identificados) 49, 39% 37, 30% 32, 26% 7, 5% V IV III II 36 Os riscos que implicam a adoção de medidas de controlo enquanto a situação perigosa não for eliminada ou reduzida (nível II), representam 5% das situações avaliadas. Da análise das tabelas, verifica-se que das 7 situações caracterizadas com nível II (situação a corrigir), 6 correspondem a riscos de natureza postural (devido a aplicação desigual de força, repetitividade de movimentos, utilização constante dos mesmos grupos musculares e lesões músculo-esqueléticas), relacionados com os trabalhos executados na nacelle e/ou torre, que implicam repetidas subidas de escadas verticais, o trabalho em espaços reduzidos e o transporte manual de ferramentas. Dos riscos de eletrização/eletrocussão, intrínsecos a trabalhos na presença ou proximidade de correntes elétricas, 1 situação foi caraterizada com o nível II, principalmente devido ao nível de deficiência, considerando-se que as medidas preventivas existentes na atividade de manutenção corretiva elétrica, realizadas na subestação pela Equipa 1, têm a sua eficácia reduzida de forma significativa (ND=deficiente); e ainda 15 situações com o nível III (situação a melhorar). As restantes situações caracterizadas com o nível III prendem-se com riscos de natureza postural, queda em altura e exposição ao ruído. Como referido, o método pretende dar orientação para implementar programas de eliminação ou redução de riscos atendendo a uma avaliação do custo-eficácia, sendo necessário definir-se a aceitabilidade ou não aceitabilidade do risco tendo em conta o nível de controlo caracterizado. 3.2.7. Conclusões e Recomendações Indo ao encontro da legislação e normalização em vigor, a análise teve como base a avaliação das instalações utilizadas pelos trabalhadores e respetivas tarefas aí executadas, quer de colaboradores do Grupo, quer de prestadores de serviços externos. Da análise efetuada, destacam-se as seguintes situações de risco: • Natureza postural; • Eletrização/Eletrocussão; • Queda em altura; • Exposição ao ruído; 37 Deve assim dar-se seguimento às seguintes recomendações gerais: • Definir nível de risco admissível para a organização; • Efetuar plano de ação que permita eliminar, diminuir ou controlar, consoante a possibilidade, os riscos levantados; • Procedimentar todas as tarefas, tendo em conta as medidas preventivas, de proteção coletiva e individual; • Formar os trabalhadores para as atividades que desenvolvem versus riscos a que estão expostos; • Dar seguimento às observações feitas na lista de verificação (Anexo II) deste documento; • Dar a conhecer aos trabalhadores os riscos a que estão sujeitos; • Disponibilizar a análise de riscos em cada instalação. 38 4. Medidas de Controlo Como referido anteriormente, a avaliação de riscos é uma ferramenta que permite que as organizações tomem as medidas necessárias para proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores. Estas medidas devem incluir: a prevenção dos riscos profissionais; a prestação de informação e formação aos trabalhadores; e a adequação da organização e de meios para a implementação das medidas necessárias. Sempre que não seja possível eliminar completamente os riscos identificados, estes devem ser diminuídos e o risco residual controlado. Numa fase posterior, esse risco residual deverá ser reavaliado e a possibilidade de eliminação do risco talvez possa ser reconsiderada face a novas informações (EU-OSHA, s. d.). De modo a dar seguimento às recomendações gerais sugeridas no capítulo anterior deste estudo e às observações da lista de verificação do Anexo II, nos próximos subcapítulos propõem-se algumas medidas de controlo – medidas preventivas, de proteção e de boas práticas – dos riscos levantados, que devem vir a constar num plano de ação para cada atividade analisada Estas medidas foram organizadas conforme os pontos expostos acima e segundo a seguinte hierarquia: 1. Soluções técnicas; 2. Soluções organizacionais; 3. Medidas de informação/formação – Trabalhador; Na elaboração das medidas propostas consideraram-se as medidas de segurança e boas práticas já implementadas no Parque, não estando, portanto, englobadas nesta lista. Considerou-se também que os trabalhadores/técnicos realizam as tarefas numa base diária, apesar do carácter pontual de algumas destas tarefas ao nível do Parque em estudo. 4.1. Medidas Gerais – Instalações
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