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Texto da disciplina: Higiene do Trabalho Lucio Villarinho Rosa prof.villarinho@hotmail.com Ismar Pinto Alves ismar@cnen.gov.br MÁRCIO JORGE GOMES VICENTE marcio.vicente@estacio.br 1. SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO 1.1 CONCEITUAÇÕES INICIAIS Saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de enfermidades. No sentido de garantir o referido conceito o Governo Federal através do Ministério da Saúde desenvolve a Política Nacional de Saúde do Trabalhador que visa à redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, mediante a execução de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área de saúde. Podemos definir Segurança do trabalho como sendo um conjunto de metodologias cuja finalidade é a prevenção de acidentes e de doenças do trabalho pela minimização ou até eliminação dos riscos associados aos processos produtivos. A segurança não deve ser tratada como uma atividade à parte, já que faz parte de toda atividade. Podemos ainda afirmar que a segurança do trabalho é uma estrutura desenvolvida pelos empregados, empresas e Governo, objetivando garantir a integridade física e mental de todos. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, Capítulo II, dispondo sobre os direitos sociais, estabelece: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social - Item XII: Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”. 1.1. 1 CRONOLOGIA A evolução das questões relacionadas à segurança do trabalho está intimamente relacionada aos riscos enfrentados pelos trabalhadores que por sua vez são incorporados ao ambiente laboral via tecnologia empregada. Por exemplo, vamos analisar os riscos ao trabalhador em três distintas fases da história: Homem Primitivo: riscos associados ao ato de caçar ou de pescar. Pré – Revolução Industrial: riscos associados ao trabalho no campo e na manipulação de metais e das primeiras ferramentas utilizadas pelos artesões. Pós – Revolução Industrial: neste caso os riscos estão associados ao manuseio e controle de máquinas de alta tecnologia, de substâncias perigosas, bem como de substâncias radioativas. Na cronologia a seguir apresentada é possível traçar um paralelo entre a evolução tecnológica e seus correspondentes riscos, com as ações promovidas pela sociedade no sentido de estabelecer as salvaguardas para a conservação da saúde e da segurança dos trabalhadores: No Mundo: 1700 - Itália Bernardino Ramazzini publica estudo intitulado “De Morbis Artificum Diatriba” (A Doença dos Trabalhadores). Estudo pioneiro das doenças associadas ao trabalho envolvendo mais de 50 Profissões. 1802 - Reino Unido “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes” Limita a Jornada em 12 horas por dia; Exigência de lavagem de paredes das fábricas periodicamente; Exigência da ventilação nos ambientes laborais. 1830 - Reino Unido Instalado o primeiro serviço médico industrial somente para a medicina curativa. 1833 - Reino Unido “Factory Act” É estabelecida a obrigatoriedade de prover máquinas com proteção e comunicar acidentes do trabalho. 1867 - França Instalada a 1ª Associação para Prevenção de Acidentes por iniciativa de Engels Dolfus. 1877 - Estados Unidos Promulgada a Lei sobre a necessária proteção de correias de transmissão em máquinas. 1913 - Estados Unidos Instalado o “ National Safety Council” No Brasil: 1919 Promulgada a Lei 3.724 - 1ª Lei sobre os acidentes de trabalho que estabelece uma série de procedimentos prevencionistas ligados ao setor ferroviário. 1941 Ano de fundação da ABPA - Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes. 1943 Aprovação do Decreto-lei nº 5.452 que trata da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sendo o Capítulo V dedicado à Segurança e Medicina do Trabalho. 1972 A Portaria 3237, de julho/72, tornou obrigatória a existência de Serviços de Higiene, Segurança e Medicina do Trabalho nas empresas, de acordo com o tipo de atividade desenvolvida, do grau de risco e do número de empregados da empresa. 1977 Alteração do Capítulo V do Título II da CLT relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, que vai proporcionar o estabelecimento de novas normas regulamentadoras de segurança do trabalho. 1978 A Portaria 3.214 estabelece o necessário atendimento pelas empresas e empregados das “Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho - NR” 1.1.2 NOÇÕES PRELIMINARES DAS RELAÇÕES JURÍDICAS DO TRABALHO São as seguintes as principais atribuições dos órgãos do Poder Público nas questões relativas à relação capital-trabalho: Ministério do Trabalho e Emprego – responsável pelo estabelecimento de políticas e diretrizes nacionais para a geração de emprego e renda; pela aplicação de sanções previstas nas normas legais, bem como pela assessoria direta ao Presidente da República para a solução de questões de conflito de interesses. Instituto Nacional do Seguro Social – responsável pela fiscalização da legislação previdenciária, notadamente no tocante ao recolhimento de contribuições previdenciárias; pelo pagamento de benefícios sociais decorrentes de acidentes de trabalho, bem como pela viabilização da aposentadoria especial. Ministério Público do Trabalho – responsável pela defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais individuais indisponíveis especificamente no tocante às relações trabalhistas, promovendo, quando necessário, o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção do meio ambiente do trabalho. Ministério Público Estadual – por ser o detentor do monopólio da ação penal pública é o responsável pela viabilização de o empregador vir a ser responsabilizado criminalmente pela ocorrência de acidente do trabalho. Justiça do Trabalho – responsável pela solução dos conflitos decorrentes da relação de trabalho, especialmente entre empregado e empregador. Cabe destacar que com o advento da Emenda Constitucional número 45, de 08/12/2004, a Justiça do Trabalho teve a sua competência material ampliada para a totalidade dos litígios oriundos da relação de trabalho e não mais apenas à relação de emprego. Certamente a norma jurídica de maior relevância para a segurança e a saúde no trabalho é a LEI Nº 6514, de 22 de dezembro de 1977, que altera os art. 154 a 201 da Consolidação das Leis do Trabalho, os quais compõem o Capítulo V, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. De acordo com o caput do art. 200 desse diploma legal o Ministério do Trabalho e do Emprego editou a Portaria 3214, de 08/06/1978, estabelecendo as 28 primeiras normas regulamentadoras de segurança e saúde no trabalho urbano. 1.2 RISCOS AMBIENTAIS Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Cabe destacar que os riscos ergonômicos e de acidentes são tratados em separadodas ações da higiene ocupacional. AGENTES FÍSICOS Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como, ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. AGENTES QUÍMICOS Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. AGENTES BIOLÓGICOS Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. 1.3 HIGIENE DO TRABALHO, INDUSTRIAL OU OCUPACIONAL Segundo a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH – Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais, 2012), a higiene industrial é uma ciência e uma arte que objetiva a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle dos fatores ambientais e estresses, originados nos locais de trabalho. Segundo a American Industrial Hygiene Association (AIHA – Associação Americana de Higiene Industrial, 2012), “Ciência que trata da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos originados nos locais de trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, tendo em vista também o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente. ” (AIHA – American Industrial Hygiene Association). A higiene ocupacional pode ser dividida em duas partes, ou seja: - Higiene de campo: realiza o estudo da situação higiênica do ambiente de trabalho, análise dos postos de trabalho, detecção de contaminantes, estudo e recomendações de medidas de controle. - Higiene analítica: realiza as análises químicas das amostras coletadas, cálculo e interpretações dos dados levantados no campo. Cabe neste ponto esclarecer que as definições de higiene podem conter uma ou outra variação conceitual, mas todas têm por objetivo a proteção e promoção da saúde e do bem-estar dos trabalhadores como também do meio ambiente em geral, através de ações preventivas no ambiente de trabalho, utilizando-se das fases de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle descritas a seguir: ANTECIPAÇÃO DOS RISCOS A etapa de antecipação prevista no escopo da Higiene Ocupacional visa identificar os riscos que poderão ocorrer no ambiente de trabalho, ainda na fase de projeto, instalação, ampliação, modificação ou substituição de equipamentos ou processos, objetivando, já nesta fase a implementação de medidas de controle, sempre que necessárias. RECONHECIMENTO DOS RISCOS O Reconhecimento dos Riscos visa identificar no ambiente de trabalho fatores ou situações com potencial de dano, isto é, identificar a possibilidade de dano. O Reconhecimento dos Riscos pode também ser denominado de avaliação qualitativa dos riscos. Avaliar o risco qualitativamente significa estimar a probabilidade e a gravidade do dano, o grau de risco e julgar se o grau de risco é tolerável, apontando as opções de controle ou a necessidade de avaliações aprofundadas para melhor caracterizar o risco. AVALIAÇÃO A etapa de avaliação é destinada à quantificação dos riscos através de instrumentos e técnicas adequadas. Serão realizadas avaliações quantitativas para os agentes físicos, químicos e biológicos, sempre que se dispor de metodologias e limites de tolerância cientificamente e tecnicamente reconhecidos. São as seguintes as principais fases de uma avaliação de exposição: - O primeiro passo na avaliação de uma exposição é a identificação do agente (Características físico-químicas do agente químico ou natureza do agente físico) presente no ambiente laboral e as possíveis consequências desta exposição. - Definição do tempo real de exposição considerando-se a análise da tarefa desenvolvida que inclui a definição do tipo de atividade e suas particularidades, movimento do trabalhador ao efetuar o serviço, jornada de trabalho e descanso. - Identificação de exposição simultânea a mais de um agente. - Avaliação da concentração dos agentes químicos ou da intensidade dos agentes físicos a partir de amostragens representativas nos ambientes laborais envolvidos. A avaliação de exposição deve tomar por base as seguintes considerações: - definição dos métodos de amostragem a partir dos objetivos da avaliação e das fontes de referência metodológicas (NHO, NR, NIOSH, NBR, OSHA, ACGIH) - definição do grupo homogêneo de exposição - GHE ou grupo de exposição similar - GES que corresponde ao grupo de trabalhadores expostos aos agentes ambientais de forma similar, de tal forma que a avaliação de qualquer um de seus componentes oferece dados úteis para estimar o risco dos demais integrantes. - estabelecimento da duração e do número de amostragens que deve representar o ciclo de trabalho e permita a representatividade da exposição. Cabe ainda salientar que tais amostragens devem ser realizadas em condições normais de trabalho. CONTROLE DOS RISCOS A etapa de Controle dos Riscos objetiva minimizar ou eliminar a exposição dos trabalhadores aos riscos ambientais, através da implementação de medidas de controle que atuem na fonte de emissão, meios de transmissão e receptor. Quando a técnica adotada atua na fonte de emissão ou na trajetória é denominada como controle de engenharia ou controle coletivo. Já quando as medidas de controle envolvem o receptor são denominadas de controle individual ou administrativo. O estudo, desenvolvimento e implantação de medida de proteção coletiva deverá obedecer a seguinte hierarquia: - Medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais à saúde; - Medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho; - Medidas que reduzam o nível ou a concentração desses agentes no ambiente de trabalho. Quando comprovada a inviabilidade técnica ou econômica da adoção de medidas de controle de proteção coletiva, ou enquanto estiverem em desenvolvimento os estudos relacionados à implementação destas, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, serão adotadas outras medidas, obedecendo-se a seguinte hierarquia: - Medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho; - Utilização do Equipamento de Proteção Individual EPI que é um dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Neste ponto cabe discutir alguns preceitos sobre as classificações das doenças geradas no ambiente laboral, a saber: - Doenças profissionais - São alterações fisiopsicológicas provocadas inequivocamente, ou inerente a certas atividades profissionais, existindo sempre uma relação indiscutível entre a causa e o efeito (nexo causal): silicose por obreiros; cataratas entre os soldadores, etc. ... - Doença do trabalho - Afecção que nem sempre estaria rigorosamente relacionada com o trabalho e provocada por esse: aparecimento de varizes, de hérnias ou de afecções na coluna. Obs.: Podem existir fatores predisponentes que nem sempre são detectados nos exames admissionais e nem sempre são provocados pelo trabalho desenvolvido.A partir de um olhar sobre a legislação temos (Lei nº 8.213, artigo 20, de 24/07/1991): - doença profissional – a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; - doença do trabalho – a produzida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente. 1.4 LIMITES DE TOLERÂNCIA Segundo o texto da NR 15 limite de tolerância é a concentração ou intensidade máxima ou mínima relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. A partir de uma visão mais ampliada limite de tolerância pode ser encarado como concentrações ou intensidades dos agentes ambientais as quais a maioria dos trabalhadores possa estar exposta ao longo de sua vida laboral sem sofrer efeitos adversos à saúde. Tendo em vista que a suscetibilidade individual a um determinado agente pode variar de individuo para individuo os limites de tolerância não devem ser considerados como 100% seguros. Neste sentido cabe aqui esclarecer que a legislação prevê através da NR 9 – PPRA a adoção do conceito de nível de ação que indica um valor inferior ao limite de tolerância (normalmente 50% do limite de tolerância) a partir do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição e o controle médico. 1.5 INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE Neste ponto vamos introduzir dois conceitos muito importantes para a saúde e a segurança do trabalho, ou seja, os conceitos de insalubridade e de periculosidade: - Segundo o artigo 189 da CLT serão consideradas atividades ou operações insalubres, aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. O trabalho em condições de insalubridade acima dos limites de tolerância assegura ao empregado um adicional de 10%, 20% ou 40% sobre o salário mínimo regional, segundo se classifiquem nos graus mínimo, médio e máximo respectivamente. - Cabe esclarecer que o artigo 191 da CLT prevê que o pagamento do adicional de insalubridade será suprimido com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância ou com a eliminação ou a neutralização através do uso do EPI, desde que este seja capaz de diminuir o risco a níveis abaixo dos limites de tolerância (nem todos os agentes insalubres são neutralizados com EPI); - De acordo com o artigo 193 da CLT são consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. - Adicionalmente temos hoje as seguintes atividades consideradas como periculosas: atividades ou operações perigosas com energia; atividades ou operações perigosas com radiações ionizantes e substâncias radioativas, atividades ou operações perigosas em segurança pessoal ou patrimonial, e as atividades laborais com utilização de motocicleta ou motoneta no deslocamento de trabalhador em vias públicas. - Cabe esclarecer que a utilização de medidas preventivas, apesar de obrigatórias, não exclui a necessidade do pagamento do adicional. - Segundo o artigo 194 da CLT a cessação do pagamento do adicional de periculosidade, dar-se-á com a eliminação do risco à saúde e a integridade física do trabalhador; 2. AGENTES FÍSICOS 2.1 RUÍDO 2.1.1 CONCEITUAÇÕES O SOM O som se origina de vibrações mecânicas de diferentes frequências que se propagam no ar, produzindo uma onda de pressão no meio. Nesta linha podemos ainda conceituar o som como uma sensação auditiva resultante da propagação de um movimento vibratório em um material elástico. É uma forma de energia do movimento ondulatório que é transmitida pela colisão das moléculas do meio. A frequência do som está relacionada ao número de vibrações na unidade de tempo. Para a vibração ser ouvida e necessário que a frequência do som esteja entre 16 HZ e 20 KHZ. Já o ruído ou barulho é também uma sensação sonora só que neste caso desagradável ou indesejável. O ruído tem características indefinidas de variações de pressão em função da frequência. Sob o ponto de vista dos agentes físicos o ruído certamente é o principal desses agentes presente nos ambientes laborais. O ouvido humano percebe as variações de pressão da sucessão de zonas de compressão e de descompressão no tempo do movimento ondulatório. No ouvido externo os sons são captados, no ouvido médio são então amplificados e a seguir são levados pelo ouvido interno ao cérebro para interpretação. O ruído pode ser classificado em: - ruído contínuo - é caracterizado pela pequena variação de intensidade em função do tempo. Segundo a NR 15 o NPS varia de 3 dB em mais de 15 minutos. - ruído intermitente - é caracterizado pela média variação de intensidade em função do tempo. Segundo a NR 15 o NPS varia de 3 dB em mais de 2 segundos e em menos de 15 minutos. - ruído de impacto (ou impulsivo) - é caracterizado pela alta variação de intensidade em um intervalo de tempo muito pequeno. Segundo a NR 15 caracterizado pela ocorrência de picos de energia acústica de duração inferior a 1 segundo a intervalos de tempo superiores a 1 segundo. NÍVEL DE PRESSÃO SONORA - NPS O som é resultado da variação entre a pressão atmosférica produzida na presença de som em função da pressão de referência que chamamos de limiar de audibilidade. O limiar de audibilidade humana, obtida entre pessoas jovens e sem problemas auditivos, corresponde a pressão de 2 × 10-5 N/m2 a 1 KHZ, ou por convenção o dB. Cabe ressaltar que o limiar da dor (sensação dolorosa no ouvido) corresponde a pressão de 200 N/m2 a 1 KHZ, que corresponde a 140 dB. O nível de pressão sonora e uma medida logarítmica da pressão sonora efetiva de um som em relação ao valor de referência. O NPS e representado pela relação do logaritmo entre a variação da pressão (P) provocada pela vibração e a pressão de referência (P0). NPS = 20 log P / P0 NÍVEL DE INTENSIDADE SONORA - NIS A intensidade do som representa a quantidade de energia contida no movimento vibratório. O nível de intensidade sonora expresso em dB pode ser determinado pela relação do logaritmo da intensidade sonora (energia) que passa por uma área (I) e a intensidade de referência (I0 = 10 -12 Watt / m2) NIS = 10 log I / I0 NÍVEL DE POTÊNCIA SONORA – NWS Representa a energia acústica produzida por uma fonte sonora por unidade de tempo. O nível de potência sonora expresso em Watts pode ser determinado pela relação do logaritmo da potência sonora da fonte (W) e a potência sonora de referência (W0 = 10 -12 Watts). NWS = 10 logW / W0 NÍVEL DE DECIBEL COMPENSADO OU PONDERADO Estudos demonstram que a resposta do ouvido humano é diferente nas diversas frequências da banda audível. Foram então desenvolvidas curvas de decibéis compensados ou ponderações nas frequências, denominadas A, B, C e D, de forma a simular a resposta do ouvido. Essas curvas de compensação foram introduzidas nos circuitos elétricos dos medidores de nível de pressão sonora. Fonte:https://www.somaovivo.org/artigos/o-decibelimetro-um-bom- companheiro/ ANALISADORES DE FREQUÊNCIA Indicam a distribuição do som em função da frequência. Os analisadores de frequência via de regra vêm acoplados aos decibelímetros. Os resultados indicam qual banda de oitava (ou terça) que contém a maior parte da energia do som irradiado. CALIBRADORES Tem a finalidade de checar a resposta dos equipamentos de avaliação do nível de pressão sonora. Os calibradores emitem um sinal conhecido (normalmente 94 ou 114 dB a 1000 Hz) com o qual se verifica a leitura do equipamento. DOSE Parâmetro utilizado para caracterização da exposição ocupacional ao ruído, expresso em porcentagem de energia sonora, tendo por referência o valor máximo da energia sonora diária admitida. DOSÍMETRO DE RUÍDO Medidor integrador de uso pessoal que fornece a dose da exposição ocupacional ao ruído. Cabe ainda destacar as seguintes definições: - Incremento de Duplicação de Dose (q) é o incremento em decibéis que, quando adicionado a um determinado nível, implica a duplicação da dose de exposição ou na redução pela metade do tempo máximo permitido. - Limite de Exposição Valor Teto (LE-VT) corresponde ao valor máximo, acima do qual não é permitida exposição em nenhum momento da jornada de trabalho. - Medidor Integrador de Uso Pessoal é o equipamento que pode ser fixado no trabalhador durante o período de medição, fornecendo por meio de integração, a dose ou nível médio. - Medidor Integrador Portado pelo Avaliador é o equipamento operado pelo avaliador, que fornece, por meio de integração, a dose ou o nível médio. - Nível Equivalente (Neq) é o nível médio que toma por base a equivalência de energia, conhecido como LEQ. - Nível de Exposição (NE) é o nível médio que representa a exposição ocupacional diária. - Nível de Exposição Normalizado (NEN) é o nível de exposição, convertido para uma jornada padrão de 8 horas diárias, para comparação com o limite de tolerância. - Nível Limiar de Integração (NLI) é o nível a partir do qual os valores devem ser considerados na integração a fim de determinar o nível médio ou a dose de exposição. - Nível Médio (NM) é o nível que representa a exposição ocupacional relativo ao período de medição, que considera os diversos valores de níveis instantâneos ocorridos no período e os parâmetros de medição predefinidos. CORRELAÇÕES ENTRE A TERMINOLOGIA EM PORTUGUÊS E INGLÊS Incremento de Duplicação de Dose (q): Exchange Rate (q ou ER) Limite de Tolerância (LE): Threshold Limit Value (TLV) Limite de Exposição Valor Teto (LE-VT): Threshold Limit Value-Ceiling (TLV-C) Nível Equivalente (Neq): Equivalent Level (Leq) Nível Médio (NM): Average Level (Lavg ou TWA) Nível Limiar de Integração (NLI): Threshold Level (TL) 2.1.2 EFEITOS DO RUIDO SOBRE O ORGANISMO O ruído afeta o organismo de muitas maneiras, causando prejuízos não só ao funcionamento do sistema auditivo como também o comprometimento da atividade física, fisiológica e mental do indivíduo a ele exposto. Para um melhor entendimento, são utilizadas para a classificação dos efeitos nocivos do ruído os termos auditivos e não-auditivos. São os seguintes os efeitos ao sistema auditivo mais comuns: a) Trauma Acústico – OLIVEIRA (1997) atribui ao trauma acústico o som explosivo instantâneo com pico de pressão sonora que excede 140 dB b) Fadiga Auditiva - Para RUSSO (1997) a fadiga auditiva corresponde a um fenômeno temporário, em que o limiar auditivo retorna ao normal após um período de repouso auditivo. c) Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) - RUSSO (1997) considera a PAIR decorrente de um acúmulo de exposições ao ruído repetidas constantemente por período de muitos anos. São os seguintes os efeitos não-auditivos mais observados: Transtornos da Habilidade de executar atividades; Transtornos Neurológicos; Transtornos Vestibulares; Transtornos Digestivos; Transtornos Cardiovasculares; Transtornos Hormonais; Transtorno do Sono, e Transtornos Comportamentais. 2.1.3 AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL Segundo a NR 15 o limite de tolerância estabelecido para oito horas de trabalho diárias, sob exposição ocupacional ao ruído contínuo ou intermitente, é de 85 dB (A), o que corresponde a uma dose de 100 %, o incremento de dose (q) igual a 5 e o nível limiar de integração igual a 80 dB (A). Cabe ainda salientar que o limite de exposição valor teto para o ruído contínuo ou intermitente é 115 dB (A). A seguir apresentamos um resumo da NR 15 (Anexo I) que está orientado pela sequência do documento original. 1. Entende-se por ruído continuo ou intermitente, para os fins de aplicação de limites de tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto. 2. Os níveis de ruído continuo ou intermitente devem ser medidos em decibel (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação “A” e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. 3. Os tempos de exposição aos níveis de ruído não devem exceder os limites de tolerância fixados no Quadro deste anexo. 4. Para os valores encontrados de nível de ruído intermediário será considerada a máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado. 5. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB (A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. 6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes frações exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância. C1 / T1 + C2 / T2 + ......... + Cn / Tn Onde: Cn - tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído especifico, e Tn - máxima exposição diária permissível a este nível, segundo o Quadro deste Anexo. 7. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, continuo ou intermitente, superiores a 115 dB (A), sem proteção adequada oferecerão risco grave e iminente. Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente Nível de ruído db(A) Exposição diária permissível 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos Fonte: NR 15 A Avaliação da exposição ocupacional ao ruído contínuo ou intermitentesegundo a NHO 01 pode ser feita por meio da determinação da dose diária de ruído ou do nível de exposição. Tais parâmetros são equivalentes tornando possível, a partir de um obter-se o outro, como demonstrado a seguir: Onde: NE = nível de exposição D = dose diária de ruído em porcentagem TE = tempo de duração, em minutos, da jornada diária do trabalho Em ambos os casos devem ser utilizados preferencialmente medidores integradores de uso individual. Na avaliação da exposição de um trabalhador ao ruído contínuo ou intermitente, por meio da dose diária utilizando medidor integrador de uso pessoal, o critério de referência que embasa os limites de exposição diária adotados para ruído continuo ou intermitente corresponde a uma dose de 100% para exposição de 8 horas ao nível de 85 dB (A). O critério de avaliação considera, além do critério de referência, o incremento de duplicação de dose (q) igual a 3 e o nível limiar de integração igual a 80 dB (A). Neste critério, o limite de exposição ocupacional diária ao ruído contínuo ou intermitente corresponde a dose diária igual a 100%. A figura a seguir apresenta o medidor de nível de pressão sonora (decibelímetro) e dosímetro de ruído. Fonte: Peixoto e Ferreira, 2013. Na avaliação da exposição de um trabalhador ao ruído contínuo ou intermitente, por meio do nível de exposição, o Nível de Exposição (NE) é o Nível Médio representativo da exposição diária do trabalhador avaliado. Para comparação com o limite de tolerância, deve-se determinar o Nível de Exposição Normalizado (NEN), que corresponde ao Nível de Exposição (NE) convertido para a jornada padrão de 8 horas diárias, que é determinado pela seguinte expressão: Onde: NE = nível médio representativo da exposição ocupacional diária. TE = tempo de duração, em minutos, da jornada diária de trabalho. Neste critério o limite de tolerância ocupacional diária ao ruído correspondente a NEN igual a 85 dB (A), e o limite de exposição valor teto para ruído contínuo ou intermitente é de 115 dB (A). Para este critério considera-se como nível de ação o valor NEN igual a 82 dB (A). Avaliação da exposição de um trabalhador ao ruído contínuo ou intermitente por meio da dose diária utilizando medidor integrador portado pelo avaliador Na indisponibilidade do medidor integrador de uso pessoal poderão ser utilizados outros tipos de medidores não fixados no trabalhador, neste caso a dose poderá ser determinada pela expressão D = (C1 / T1 + C2 / T2 + ......... + Cn / Tn) . 100% Onde: D - dose diária de ruído. C1 - tempo real de exposição a um nível específico (NPS) T1 - duração total permitida a esse nível (NPS) Neste critério, o limite de tolerância ocupacional diária ao ruído contínuo ou intermitente corresponde a dose diária igual a 100%. Caso a dose diária esteja entre 50% e 100%, a exposição deve ser considerada acima do nível de ação, devendo ser adotadas medidas preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições ao ruído causem prejuízos a audição do trabalhador. Quando a exposição for a um único nível de ruído o cálculo da dose diária é feito utilizando a expressão D = (C1 / T1) . 100% Onde: D - dose diária de ruído. C1 - tempo real de exposição a um nível específico (NPS) T1 - duração total permitida a esse nível (NPS) Da mesma forma neste critério, o limite de tolerância ocupacional diária ao ruído contínuo ou intermitente corresponde a dose diária igual a 100%. Caso a dose diária esteja entre 50% e 100%, a exposição deve ser considerada acima do nível de ação, devendo ser adotadas medidas preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições ao ruído causem prejuízos a audição do trabalhador. Como pode ser observado existem divergências significativas entre a NR 15 e a NHO 01. Para minimizar esse conflito o INSS publicou a Instrução s Normativa IN 45/2010 que apresenta, em seu artigo 239, que na avaliação devemos utilizar: - Os limites de tolerância definidos no Quadro Anexo I da NR 15 do MTE; e - As metodologias e os procedimentos definidos na NHO 01 da FUNDACENTRO. Segundo a NR 15 na avaliação da exposição ocupacional ao ruído de impacto devem ser atendidos os seguintes aspectos: 1. Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibel (dB), com medidor de nível de pressão sonora operando no circuito linear e circuito de resposta para impacto. As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de tolerância para ruído de impacto será de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos, o ruído existente deverá ser avaliado como ruído continuo. 2. Em caso de não se dispor de medidor de nível de pressão sonora com circuito de resposta para impacto, será valida a leitura feita no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito de compensação “C”. Neste caso, o limite de tolerância será de 120 dB (C). 3. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores, sem proteção adequada, a níveis de ruído de impacto superiores a 140 dB (LINEAR), medidos no circuito de resposta para impacto, ou superiores a 130 dB (C), medidos no circuito de resposta rápida (FAST), oferecerão risco grave e iminente. O texto a seguir é um resumo da NHO 01 para a avaliação da exposição ocupacional ao ruído de impacto e tem a orientação do documento original. A determinação da exposição ao ruído de impacto ou impulsivo deve ser feita por meio de medidor de nível de pressão sonora operando em (Linear) e circuito de resposta para medição de nível de pico. Neste critério o limite de exposição diária ao ruído de impacto é determinado pela expressão a seguir: Np = 160 – 10 Log (n) Onde: Np = nível de pico, em dB (Lin), máximo admissível. n = número de impactos ou impulsos ocorridos durante a jornada diária de trabalho. A Tabela a seguir, obtida com base na expressão anterior, apresenta a correlação entre os níveis de pico máximo admissíveis e o número de impactos ocorridos durante a jornada diária de trabalho, extraída a partir da expressão de determinação do limite de exposição diária ao ruído de impacto. Níveis de pico máximo admissíveis em função do número de impactos Np n Np n Np n 120 10000 127 1995 134 398 121 7943 128 1584 135 316 122 6309 129 1258 136 251 123 5011 130 1000 137 199 124 3981 131 794 138 158 125 3162 132 630 139 125 126 2511 133 501 140 100 Quando o número de impactos ou de impulsos diário exceder a 10.000 (n > 10.000), o ruído deverá ser considerado como contínuo ou intermitente. O limite de tolerância valor teto para ruído de impacto corresponde ao valor de nível de pico de 140 dB (Lin). O nível de ação para a exposição ocupacional ao ruído de impacto corresponde ao valor Np obtido na expressão acima, subtraído de 3 decibéis. Na ocorrência simultânea de ruído continuo ou intermitente e ruído de impacto, a exposição ocupacional estará acima do limite de exposição, quando pelo menos o limite para um dos tipos de ruído for excedido. Não é permitida exposição a ruídos de impacto ou impulsivos com níveis de pico superiores a 140 dB para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos. 2.1.4 MEDIDAS DE CONTROLE NA EXPOSIÇÃO AO RUÍDO Sempre que as avaliações indiquem que os níveis de pressãosonora estão acima do nível de ação devem ser aplicadas as medidas de controle a fim de eliminar ou minimizar o risco associado. Na fonte: - eliminação ou atenuação do ruído na fonte (troca ou manutenção); - isolamento a distância ou no local (segregação ou enclausuramento); - organização do trabalho (concentração de maquinas ruidosas) No meio de transmissão do som: - absorção do som (barreiras, tratamento acústico, etc..). - refúgios de ruído – console central enclausurado. No trabalhador: - Exame otológico admissional; - Exame audiométrico periódico; - rotatividade na função, - Isolamento dos trabalhadores com problemas ou afastamento dos mesmos em operações ruidosas. - Equipamento de proteção individual. Obs.: Os protetores auriculares para serem eficazes devem ser usados de forma correta e obedecer aos requisitos mínimos de qualidade representada pela capacidade de atenuação; o uso permanente do protetor garante a eficácia da proteção, e os protetores devem ser capazes de reduzir a intensidade do ruído abaixo do limite de tolerância. 2.1.5 PROTETORES AUDITIVOS São dois os tipos de protetores auditivos mais usuais: o tipo concha e o de inserção. Protetor auditivo tipo concha: - São constituídos por duas conchas de material plástico com bordas almofadadas. Tem como vantagens a simplicidade e rapidez na utilização, tamanho único e são fáceis de higienizar. Como principal desvantagem temos a utilização em ambientes quentes. Fonte: http://www.aplequipamentos.com.br/a-necessidade-de-usar-protetores- auditivos Protetor auditivo de inserção moldável ou pré-moldado: - O protetor pré-moldado é constituído de três flanges geralmente em silicone medicinal para a inserção no canal auditivo. Tem a aplicação indicada quando necessário o uso de outros EPI de forma simultânea. Tem como vantagens o tamanho reduzido para guarda e transporte e são relativamente confortáveis mesmo em ambientes quentes. Como principal desvantagem temos a necessária e permanente higienização. - Já o protetor de inserção moldável e fabricado em espuma moldável o que permite a adaptação a qualquer tamanho de canal auditivo. Tem a aplicação indicada quando necessário o uso de outros EPI de forma simultânea. Tem como vantagens o tamanho reduzido para guarda e transporte e são relativamente confortáveis mesmo em ambientes quentes. Como principais desvantagens temos o fato da necessária e permanente higienização, assim como, de não poder sofrer manutenção. Fonte: http://www.superepi.com.br/protetor-auricular-laranja-dystray-em- silicone-12db-p514/ Fonte: Peixoto e Ferreira, 2013 Para a determinação do nível sonoro no ouvido protegido do trabalhador basta a realização da operação de diferença entre o leq medido pela atenuação que está preconizada pelo fabricante (NRRsf - Nível de Redução do Ruído Subject Fit que e obtido em testes de laboratório com ouvintes não habituais) dB (A) = Leq – NRRsf Onde: dB (A) = ruído resultante no ouvido protegido Leq = ruído equivalente resultante na região da audição NRRsf = atenuação do protetor 2.1.6 PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA (PCA) A ordem de serviço do INSS 608, de 1998 apresenta os aspectos técnicos para identificar a PAIRO – perda auditiva induzida por ruído ocupacional, assim como recomenda a obrigatoriedade de implementação pelo empregador de um programa de conservação auditiva – PCA. Este programa e composto por uma série de medidas administrativas e de controle do risco que devem ser implementadas em toda a empresa que detectou em suas ações de levantamentos das condições ambientais níveis de pressão sonora elevados. O referido programa deve contemplar os seguintes aspectos: a) Avaliação dos níveis de ruído no ambiente ocupacional construção do mapa do ruído. b) Adoção de medidas administrativas e de engenharia. c) Exames audiométricos periódicos. d) supervisão e treinamento. e) Compromisso da administração em implementar o PCA. f) Documentação de todas as atividades. g) Auditoria interna do programa. 2.2 TEMPERATURAS EXTREMAS 2.2.1 A TERMUREGULAÇÃO HUMANA A termorregulação humana coordenada pelo hipotálamo tem por objetivo impedir grandes variações na temperatura interna do corpo garantindo assim o bom funcionamento dos sistemas vitais. O hipotálamo recebe impulsos, originados em células termos sensíveis e emite comandos que acionam mecanismos de compensação, como a vasoconstrição e vasodilatação cutâneas e a sudorese, que interferem nas trocas térmicas do corpo com o ambiente de forma a manter a temperatura interna (FUNDACENTRO, 2002). As temperaturas extremas, ou seja, o calor ou o frio em intensidade sufi ciente para causar alterações e prejuízos a performance ou a saúde do trabalhador, constituem-se em um fator de risco importante do ponto de vista ocupacional. 2.2.2 CONCEITUAÇÃO Homeotermia ou Endotermia - é a capacidade que alguns animais possuem de utilizar o metabolismo para manter sua temperatura corporal relativamente constante. Condução – calor transmitido entre sólidos em contato direto (corpos em repouso - fluxo de calor de um corpo de temperatura maior para outro de temperatura menor); Convecção – característico de fluídos (mesmo processo anterior só que pelo menos um dos corpos é um fluido - líquido ou gasoso), com a troca de calor ocorrendo devido aos movimentos do ar em contato com o corpo; Radiação – transmissão de calor por meio de raios ou ondas que se processam através do espaço vazio, sem contato; Evaporação – quando o líquido que envolve um sólido passa para o estado de vapor; Calor radiante – calor absorvido pelo mecanismo da radiação. Calor metabólico – calor produzido pelo organismo em função da atividade física exercida Ciclo de Exposição - conjunto de situações térmicas ao qual o trabalhador é submetido, conjugado às diversas atividades físicas por ele desenvolvidas, em uma sequência definida, e que se repete de forma contínua no decorrer da jornada de trabalho. Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo Médio (IBUTG) - média ponderada no tempo dos diversos valores de IBUTG obtidos em um intervalo de 60 minutos corridos (60 minutos mais desfavoráveis da jornada). Taxa Metabólica Média (M) - média ponderada no tempo das taxas metabólicas, obtidas em um intervalo de 60 minutos corridos (60 minutos mais desfavoráveis da jornada). Ponto de Medição - ponto físico escolhido para o posicionamento do dispositivo de medição onde serão obtidas as leituras representativas da situação térmica objeto de avaliação (região mais atingida no trabalhador). Situação Térmica - cada parte do ciclo de exposição onde as condições do ambiente que interferem na carga térmica a que o trabalhador está exposto podem ser consideradas estáveis. Grupo Homogêneo - corresponde a um grupo de trabalhadores que experimentam exposição semelhante, tanto do ponto de vista das condições ambientais como das atividades físicas desenvolvidas, de modo que o resultado fornecido pela avaliação da exposição de parte do grupo seja representativo da exposição de todos os trabalhadores que compõem o mesmo grupo. Limite de Exposição: valor máximo de IBUTG, relacionado à M que representa as condições sob as quais se acredita que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, repetidamente, durante toda asua vida de trabalho, sem sofrer efeitos adversos à sua saúde. 2.2.3 EQUILÍBRIO HOMEOTÉRMICO São os seguintes os fatores ambientais e individuais que influenciam na sensação térmica: - temperatura do ar – para uma temperatura maior do que a temperatura da pele temos um ganho de calor do organismo pelos mecanismos de convecção ou condução. - umidade do ar - influi na troca térmica que ocorre entre o organismo humano e o meio ambiente pela evaporação - velocidade do ar - e a responsável por aumentar a troca térmica entre o corpo e meio ambiente, por condução/convecção. - calor radiante – e a energia emitida pelos corpos aquecidos a partir de fontes de radiação infravermelha - tipo de atividade exercida pelo trabalhador – a taxa metabólica correspondente e estimada através de tabelas disponíveis na legislação. A exposição do trabalhador a temperaturas extremas pode ser entendida pela expressão a seguir (balanço térmico): S = + M ± C ± R – E onde: S - calor acumulado no organismo; M – calor produzido pelo metabolismo; C – calor ganho ou perdido por condução/convecção; R – calor ganho ou perdido por radiação; E – calor perdido por evaporação. Obs.: temperatura da superfície do corpo tsc X temperatura ambiente ta tsc > ta – corpo cede calor para as moléculas de ar; tsc = ta – não haverá troca de calor; tsc < ta – corpo recebe calor do meio ambiente e entra em sobrecarga térmica. O calor cedido é por condução/convecção (tsc > ta) - quando em contato com a pele, o ar aquece-se, tornando-se menos denso, deslocando-se então, em direção ascendente. O calor recebido é por contato ou proveniente de fontes radiantes, que transmitem à distância, energias por meio de ondas eletromagnéticas (radiações), cujos comprimentos de onda localizam-se na região infravermelha do espectro luminoso. Nesse caso o organismo utiliza o mecanismo do suor, cuja evaporação, resfria a superfície do corpo. As limitações fisiológicas decorrem da capacidade de funcionamento das glândulas sudoríparas (1 litro por hora - 615 kcal/h). Já as limitações de natureza ambiental são relacionadas com as condições do meio que influenciam na evaporação do suor. Quando o organismo não consegue liberar o excesso de temperatura interna uma fadiga fisiológica é provável. Existem quatro categorias de doenças devidas ao calor: desidratação, câimbras, choque térmico, e exaustão. 2.2.4 AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO CALOR – NR 15 A seguir apresentamos um resumo da NR 15 (Anexo III) que está orientado segundo a sequência do documento original: 1. A avaliação da exposição ocupacional ao calor adotado pela NR 15 toma por base o Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo – IBUTG, calculado através das equações seguintes: a) Para ambientes internos ou externos sem carga solar direta IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg b) Para ambientes externos com carga solar direta IBUTG = 0,7 tbn + 0,2 tg + 0,1 tbs onde tbn = temperatura de bulbo úmido natural em ºC tg = temperatura de globo em ºC tbs = temperatura de bulbo seco (temperatura do ar) em ºC. 2. Os aparelhos que devem ser usados nesta avaliação são: termômetro de bulbo úmido natural, termômetro de globo e termômetro de mercúrio comum. 3. As medições devem ser efetuadas no local onde permanece o trabalhador, à altura da região do corpo mais atingida. Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço. 1. Em função do índice obtido, o regime de trabalho intermitente será definido no Quadro N.º 1. 2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais. 3. A determinação do tipo de atividade (Leve, Moderada ou Pesada) é feita consultando-se o Quadro n.º 3. TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h Limites de Tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com período de descanso em outro local (local de descanso). 1. Para os fins deste item, considera-se como local de descanso ambiente termicamente mais ameno, com o trabalhador em repouso ou exercendo atividade leve. 2. Os limites de tolerância são dados segundo o Quadro n. º 2. M (Kcal/h) MÁXIMO IBUTG 175 200 250 300 350 400 450 500 30,5 30,0 28,5 27,5 26,5 26,0 25,5 25,0 M é a taxa de metabolismo média ponderada para uma hora, determinada pela seguinte fórmula: SENTADO EM REPOUSO 100 TRABALHO LEVE Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia). Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir). De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços. 125 150 150 TRABALHO MODERADO Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação. Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar. 180 175 220 300 TRABALHO PESADO Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá). Trabalho fatigante 440 550 M = Mt x Tt + Md x Td 60 Sendo: Mt - taxa de metabolismo no local de trabalho. Tt - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho. Md - taxa de metabolismo no local de descanso. Td - soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de descanso. IBUTG é o valor IBUTG médio ponderado para uma hora, determinado pela seguinte fórmula: IBUTG = IBUTGt x Tt + IBUTGd x Td 60 Sendo: IBUTGt = valor do IBUTG no local de trabalho. IBUTGd = valor do IBUTG no local de descanso. Tt e Td = como anteriormente definidos. Os tempos Tt e Td devem ser tomados no período mais desfavorável do ciclo de trabalho, sendo Tt + Td = 60 minutos corridos. 3. As taxas de metabolismo Mt e Md serão obtidas consultando-se o Quadro n.º 3. 4. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais. 2.2.5 AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO CALOR – NHO 06 A seguir apresentamos um resumo da NHO 06 orientado segundo a sequência do referido documento. A avaliação da exposição ao calor é feita por meio da análise da exposição de cada trabalhador, cobrindo-se todo o seu ciclo de exposição. A determinação do Índice de Bulbo Úmido termômetro de Globo Médio, IBUTG, e da Taxa Metabólica Média, M, representativos da exposição ocupacional ao calor, devem ser obtidos em um intervalo de 60 minutos corridos, considerado o mais crítico em relação à exposição ao calor. O Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo – IBUTG, deve ser calculado através das equações seguintes: a) Para ambientes internos ou externos sem carga solar direta IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg b) Para ambientes externos com carga solar direta IBUTG = 0,7 tbn + 0,2 tg + 0,1 tbs Onde: tbn = temperatura de bulbo úmido natural em ºC tg = temperatura de globo em ºC tbs = temperatura de bulbo seco (temperatura do ar) em ºC. As taxas metabólicas relativas às diversas atividades físicas exercidas pelo trabalhador devem ser estimadas utilizando-se os dados constantes do Quadro 1 (NHO 06 - parcial).Atividade Taxa metabólica (Kcal/h) Taxa metabólica (W/m²) SENTADO Em repouso 90 58 Trabalho leve com as mãos (escrever, datilografar) 105 68 Trabalho moderado com as mãos e braços (desenhar, trabalho leve de montagem) 170 110 Quando o trabalhador está exposto a duas ou mais situações térmicas diferentes, deve ser determinado o IBUTG média ponderada no tempo (situações térmicas que compõem o ciclo de exposição). Da mesma forma quando o trabalhador desenvolve duas ou mais atividades físicas deve ser determinada a taxa metabólica média ponderada no tempo (atividades físicas exercidas pelo trabalhador durante o ciclo de Exposição). É permitida a utilização de conjunto convencional ou equipamento eletrônico para a determinação do IBUTG. Fonte: Peixoto e Ferreira, 2012. O conjunto de medição deverá sempre ser posicionado no local de medição, de maneira que os sensores fiquem todos alinhados segundo um plano horizontal. Quando houver uma fonte principal de calor, os termômetros deverão estar contidos num mesmo plano vertical e colocados próximos uns dos outros, sem, no entanto, se tocarem. A posição do conjunto no ponto de medição deve ser tal que a normal ao referido plano vertical esteja na direção da fonte supracitada. Caso não haja uma fonte principal de calor, este cuidado torna-se desnecessário. A altura de montagem dos equipamentos deve coincidir com a região mais atingida do corpo. A determinação do Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo Médio, IBUTG, e da Taxa Metabólica Média, M, representativos da exposição ocupacional ao calor, deve ser obtida em um intervalo de 60 minutos corridos, considerado o mais crítico em relação à exposição ao calor. O limite de exposição ocupacional ao calor é o valor de IBUTG máximo permissível (IBUTGMÁX) correspondente ao valor de M determinado para a condição de exposição avaliada, conforme Quadro 2 NHO 06 (parcial). Este limite é válido para trabalhadores sadios, aclimatados, completamente vestidos com calça e camisa leves, e com reposição adequada de água e sais minerais. 2.2.6 EFEITOS SOBRE O ORGANISMO São os seguintes os principais efeitos sobre o organismo: - exaustão - com a dilatação dos vasos sanguíneos em resposta ao calor, há uma insuficiência do suprimento de sangue do córtex cerebral, resultando na queda da pressão arterial; - desidratação - a desidratação provoca, principalmente, redução de volume de sangue, promovendo a exaustão do calor. - câimbras - na sudorese, há perda de água e sais minerais o que pode ocasionar câimbras. - choque térmico - ocorre quando a temperatura do núcleo do corpo atinge determinado nível, 2.2.7 MEDIDAS DE CONTROLE NA EXPOSIÇÃO AO CALOR Sempre que as avaliações indiquem devem ser aplicadas as medidas de controle a fim de eliminar ou minimizar o risco associado: - eliminação dos riscos – alteração do processo, substituição ou alteração de local de instalação de equipamentos, automatização do posto de trabalho; - meio ambiente – eliminar radiação solar direta, diminuir ganho por radiação (isolamento) e diminuir ganho por convecção (reduzir temperatura do ar); ventilação local exaustora (controle de temperatura do ar, umidade ou velocidade). - trabalhadores – seleção adequada, aclimatação, pausas, roupas adequadas, limitação do tempo de exposição, óculos infravermelho, educação e treinamento, controle de saúde. 2.3 AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO FIO 2.3.1 CONCEITUAÇÃO E AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO FRIO - NR 15 A temperatura abaixo de 15o centígrados diminui a concentração, reduz a capacidade para julgar, afeta o controle muscular. O organismo humano não se aclimata ao frio da mesma forma que ao calor. Quando exposto ao frio, os vasos sanguíneos, que abastecem a pele, as mãos e os pés, contraem-se para que menos sangue circule na superfície do corpo, diminuindo assim a perda de calor. Com temperatura corporal inferior a 35ºC o corpo reage passando a tremer (aumento da atividade física) e com a temperatura corporal de 29ºC o hipotálamo perde a capacidade termorreguladora e o indivíduo pode entrar em sonolência e coma (hipotermia). A NR 15 não estabelece limite de tolerância para o frio e determina que a avaliação da insalubridade se realize através de avaliação qualitativa, por perito, do ambiente laboral. Ainda com base no Anexo 9 da NR 15 as atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. Ainda segundo o Art. 253 da CLT, NR 29 e NR 36, para os empregados que trabalham no interior das câmeras frigorificas e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 (uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho continuo, será assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso, computado esse intervalo como de trabalho efetivo. Cabe salientar que considera-se artificialmente frio, o que for inferior, na primeira, segunda e terceira zonas climáticas a 15º C, na quarta zona a 12º C, e nas zonas quinta, sexta e sétima, a 10º C, conforme mapa oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 2.3.2 MEDIDAS DE CONTROLE NA EXPOSIÇÃO AO FRIO Sempre que as avaliações indiquem devem ser aplicadas as medidas de controle a fim de eliminar ou minimizar o risco associado. A redução da velocidade e o aumento da temperatura do ar são medidas são medidas de caráter coletivo capazes de minimizar a exposição, mas quando não possíveis deve-se adotar medidas de caráter administrativo (limitação do tempo de exposição) e os equipamentos de proteção individual (luvas, botas, capuz, etc.…). Outras medidas importantes são: aclimatação, controle medico, capacitação nos procedimentos de primeiros socorros, hábitos alimentares, utilização de EPI, etc... Cabe aqui destacar que o procedimento técnico de avaliação, como critérios para amostragem, escolha das situações térmicas desfavoráveis, condições para o uso e utilização de instrumentos deve ser obedecido o que está estabelecido para NHO 06. 2.4 UMIDADE 2.4.1 INTRODUÇÃO E CONCEITUAÇÃO A umidade pode ser definida como a quantidade de vapor de água em suspensão presente em uma porção da atmosfera. A umidade pode acarretar efeitos metabólicos e endocrinológicos para a saúde. Dentre outras podemos destacar as afecções do trato respiratório, circulatório e cutâneas, etc. ... Adicionalmente deve ser considerado ainda o risco de acidentes por queda. 2.4.2 AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A UMIDADE - NR 15 A seguir apresentamos um resumo da NR 15 (Anexo X) que está orientado segundo a sequência do documento original. As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. 2.4.3 MEDIDAS DE CONTROLE NA EXPOSIÇÃO A UMIDADE Sempre que as avaliações indiquem devem ser aplicadas as medidas de controle a fim de eliminar ou minimizar o risco associado. Medidas de proteçãocoletiva: - Alteração no processo de trabalho, Implantação de barreiras de contenção, Implantação de ralos para escoamento, Implantação de áreas com estrados de madeira, Implantação de sistemas de ventilação e exaustão. Medidas de proteção individual: - Adoção de equipamentos de proteção individual Luvas, botas, aventais, etc. ... 2.5 VIBRAÇÃO 2.5.1 INTRODUÇÃO Podemos afirmar que um corpo está em vibração quando ele descreve um movimento oscilatório em torno de um ponto de referência. O número de vezes de um ciclo completo de um movimento durante um período de um segundo é chamado de frequência e é medido em Hertz [Hz]. Já a Convenção n° 148, da Organização Internacional do Trabalho - OIT, estabelece que as vibrações são compreendidas por movimentos oscilatórios que são transmitidos para o organismo humano por estruturas solidas, que são nocivas a saúde ou que possa oferecer qualquer outro tipo de perigo. As vibrações ditas ocupacionais podem ser classificadas em vibrações de corpo inteiro e em vibrações de mãos e braços. As vibrações de corpo inteiro – VCI são caracterizadas por serem transmitidas ao corpo através dos pês, adegas e costas (empilhadeiras, tratores, caminhões, etc. ...). Já as vibrações de mãos e braços – VMB são caracterizadas por serem transmitidas ao corpo através das mãos e braços (motosserras, marteletes pneumáticos, furadeiras, etc. ...). Na medida em que a vibração é um movimento oscilatório a sua quantificação é realizada pela aceleração em m/s2 ou em dB através de: dB = 20 log A / A0 Onde: A = aceleração avaliada em m/s2 A0 = aceleração de referência (10 -6 m/ s2) As vibrações retilíneas transmitidas ao corpo do trabalhador devem ser avaliadas nas direções de um sistema ortogonal que para a VCI tem origem no coração segundo os esquemas seguintes Fonte: NHO 09, Fundacentro. Já para a VMB A origem do sistema ortogonal é posicionada sobre o objeto que vai ser segurado pelo trabalhador e abaixo do início dos dedos, segundo os esquemas seguintes Fonte: NHO 10, Fundacentro. 2.5.2 Critério legal O anexo 8 da NR 15 estabelece os critérios para caracterização da condição de trabalho insalubre decorrente da exposição às Vibrações de Mãos e Braços (VMB) e Vibrações de Corpo Inteiro (VCI). Já os procedimentos técnicos para a avaliação quantitativa das VCI e VMB são os estabelecidos nas Normas de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO, a saber: - NHO 09 - Avaliação da exposição ocupacional a vibrações de corpo inteiro, que toma por base as seguintes referências ISO 2631 (1997) – Mechanical Vibration and Shock – Evaluation Human Exposure of Whole-body. Part 1: General Requirements e da ISO 8041 (2005) – Human Response to Vibration – Measure Instrumentation - NHO 10 - Avaliação da exposição ocupacional a vibrações em mãos e braços, estruturada a partir da ISO 5349-1 (2001) - Mechanical Vibration – Measurement and Evaluation of Human Exposure to Hand-transmitted Vibration – Part 1: General Requirements”, ISO 5349-2 (2001) -“Mechanical Vibration – Measurement and Evaluation of Human Exposure to Hand-transmitted Vibration – Part 2: Practical Guidance for Measurement at the Workplace”, e ISO 8041 (2005): Human Response to Vibration – Measuring Intrumentation. Cabe ainda destacar que o Anexo I da NR 9, Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, apresenta os critérios para prevenção de doenças e distúrbios decorrentes da exposição ocupacional às Vibrações em Mãos e Braços - VMB e às Vibrações de Corpo Inteiro - VCI, no âmbito do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. A seguir estão listadas as principais definições estabelecidas pelas normas FUNDACENTRO NHO 09 e NHO 10: - Aceleração instantânea [aj(t)]: valor da aceleração ponderada em frequência, no instante de tempo “t”, expressa em m/s2, segundo um determinado eixo de direção “j”, sendo que “j” corresponde aos eixos ortogonais “x”, “y” ou “z”. - Aceleração média (amj): raiz média quadrática dos diversos valores da aceleração instantânea ocorridos em um período de medição, expressa em m/s2, na direção “j”. - Aceleração média resultante (amr): corresponde à raiz quadrada da soma dos quadrados das acelerações médias, medidas segundo os três eixos ortogonais “x”, “y” e “z”, definida pela expressão que segue: Amr = [(fx . amx) 2 + (fy . amy) 2) + (fy . amy) 2]1/2 m/s2 Sendo: amj = aceleração média; fj = fator de multiplicação em função do eixo considerado (f = 1,4 para os eixos “x” e “y” e “ f ”= 1,0 para o eixo “z”). - Aceleração resultante de exposição parcial (arepi): corresponde à aceleração média resultante representativa da exposição ocupacional relativa à componente de exposição “i”, ocorrida em uma parcela de tempo da jornada diária, considerando os três eixos ortogonais. Este parâmetro poderá ser resultado de uma média aritmética das acelerações obtidas cada vez que a componente de exposição é repetida. - Aceleração resultante de exposição (are): corresponde à aceleração média resultante representativa da exposição ocupacional diária, considerando os três eixos ortogonais e as diversas componentes de exposição identificadas, definida pela expressão que segue: are = [1/T. Σ1 m. ni . arep 2 i .Ti] 1/2 m/s2 Sendo: arepi = aceleração resultante de exposição parcial; ni = número de repetições da componente de exposição “i” ao longo da jornada de trabalho; Ti = tempo2 de duração da componente de exposição “i”; m = número de componentes de exposição que compõem a exposição diária; T = tempo de duração da jornada diária de trabalho. - Aceleração resultante de exposição normalizada (aren): corresponde à aceleração resultante de exposição (are) convertida para uma jornada diária padrão de 8 horas, determinada pela seguinte expressão: aren = are.(T/T0) 1/2 m/s2 Sendo: are = aceleração resultante de exposição; T = tempo de duração da jornada diária de trabalho expresso em horas ou minutos; T0 = 8 horas ou 480 minutos. - Componente de exposição: parte da exposição diária que pode ser representada por um único valor de aceleração resultante de exposição parcial (arep). A componente de exposição pode ser decorrente de uma única operação ou consequência de duas ou mais operações executadas de forma sequencial. - Fator de crista (FC): módulo da razão entre o máximo valor de pico de aj(t) e o valor de amj, ambas ponderadas em frequência. - Forças de preensão: forças exercidas pelo trabalhador para segurar a ferramenta ou a peça que está sendo trabalhada. - Grupo de exposição similar (GES): corresponde a um grupo de trabalhadores que experimentam exposição semelhante, de forma que o resultado fornecido pela avaliação da exposição de parte deste grupo seja representativo da exposição de todos os trabalhadores que o compõem. - Limite de exposição (LE): parâmetro de exposição ocupacional que representa condições sob as quais se acredita que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta repetidamente sem sofrer efeitos adversos que possam resultar em dano à sua saúde. - Nível de ação: valor acima do qual devem ser adotadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições à vibração causem danos à saúde do trabalhador e evitar que o limite de exposição seja ultrapassado. - Ponto de medição: ponto(s) localizado (s) na zona de exposição, ou próximo (s) a esta, cujos valores obtidos sejam representativos da exposição da região do corpo atingida - Valor da dose de vibração (VDVj): corresponde ao valor obtido a partir do método de dose de vibração à quarta potência3 determinado na direção “j”, sendo que “j” corresponde aos eixos ortogonais “x”, “y” ou “z”, expresso em m/s1,75. - Valor da dose de vibração (VDVji): corresponde ao valor de dose de vibração, determinado na direção “j”, relativo às “s” amostras da componente de exposição “i” que foram mensuradas, definido pela expressão que segue: - Valor da dose de vibração da exposição parcial (VDVexpji): corresponde ao valor de dose de vibração representativo da exposição ocupacional diária no eixo “j”, relativo à componente de exposição “i”, que pode ser obtido por meio da expressão que segue: VDVexpji = fj . VDVji (Texp /Tamos) 1/4 m/s1,75 Sendo: VDVji = valor da dose de vibração medido no eixo “j”, relativo à componente de exposição “i”; Texp = tempo total de exposição à vibração, ao longo de toda a jornada de trabalho, decorrente da componente de exposição “i” em estudo. Corresponde ao número de repetições da componente vezes o seu tempo de duração; Tamos = tempo total utilizado para a medição das “s” amostras representativas da componente de exposição “i”, em estudo: Tamos = Σ1 s Tk Sendo: Tk = tempo de medição relativo à késima amostra selecionada dentre as repetições da componente de exposição “i”; s = número de amostras da componente de exposição “i” que foram mensuradas; fj = fator de multiplicação em função do eixo considerado (f = 1,4 para os eixos “x” e “y” e f = 1,0 para o eixo “z”). - Valor da dose de vibração da exposição (VDVexpj): corresponde ao valor de dose de vibração representativo da exposição ocupacional diária em cada eixo de medição, que pode ser obtido por meio da expressão que segue: VDVexpj = [Σ1 m (VDVexpji) 4]1/4 m/s1,75 Sendo: VDVexpji = valor da dose de vibração da exposição representativo da exposição ocupacional diária no eixo “j”, relativo à componente de exposição “i”; m = número de componentes de exposição que compõem a exposição diária. - Valor da dose de vibração resultante (VDVR): corresponde ao valor da dose de vibração representativo da exposição ocupacional diária, considerando a resultante dos três eixos de medição, que pode ser obtido por meio da expressão que segue: VDVR = [Σj (VDVexpj) 4 ]1/4 m/s1,75 Sendo: VDVexpj = valor da dose de vibração da exposição, representativo da exposição ocupacional diária no eixo “j”, sendo “j” igual a “x”, “y” ou “z”. - Síndrome da vibração em mãos e braços (SVMB): corresponde à terminologia utilizada para se referir ao conjunto de sintomas de ordem vascular, neurológica, osteoarticular, muscular e outros, ocasionados pela exposição ocupacional à vibração em mãos e braços. - Zona de exposição: interface entre a fonte de vibração e a região do corpo para a qual a energia da vibração é transferida. 2.5.3 LIMITES DE EXPOSIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA INSALUBRIDADE São as seguintes as premissas para a caracterização da insalubridade previstas no Anexo 8 da NR 15: - Caracteriza-se a condição insalubre caso seja superado o limite de exposição ocupacional diária a VMB correspondente a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m/s2. - O nível de ação para a exposição ocupacional diária à vibração em mãos e braços adotado nesta norma corresponde a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 2,5 m/s2. - Caracteriza-se a condição insalubre caso sejam superados quaisquer dos limites de exposição ocupacional diária a VCI: valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s2, e valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75. - O nível de ação para a exposição ocupacional diária à vibração de corpo inteiro adotado nesta norma corresponde a um valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 0,5m/s2 e ao valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 9,1m/s1,75. - Para fins de caracterização da condição insalubre, o empregador deve comprovar a avaliação dos dois parâmetros acima descritos. - As situações de exposição a VMB e VCI superiores aos limites de exposição ocupacional são caracterizadas como insalubres em grau médio. A avaliação quantitativa deve ser representativa da exposição, abrangendo aspectos organizacionais e ambientais que envolvam o trabalhador no exercício de suas funções. Cabe ressaltar que a caracterização da exposição deve ser objeto de laudo técnico que contemple, no mínimo, os seguintes itens: - objetivo e datas em que foram desenvolvidos os procedimentos; - descrição e resultado da avaliação preliminar da exposição, realizada de acordo com o item 3, do Anexo 1 da NR-9 do MTE; - metodologia e critérios empregados, inclusas a caracterização da exposição e representatividade da amostragem; - instrumentais utilizados, bem como o registro dos certificados de calibração; - dados obtidos e respectiva interpretação; - circunstâncias específicas que envolveram a avaliação; - descrição das medidas preventivas e corretivas eventualmente existentes e indicação das necessárias, bem como a comprovação de sua eficácia; - conclusão. 2.5.4 EFEITOS SOBRE A SAÚDE Segundo a norma ISO 2531 a exposição diária as VCI pode acarretar além de danos permanentes a região espinhal problemas não menos importantes nos sistemas urinário, circulatório e nervoso central. Já com relação a exposição diária as VMB são reportados problemas no sistema vascular, neurológico, osteoarticular e muscular. Cabe destacar que a doença característica deste tipo de exposição é a doença dos “dedos brancos”. Fonte:http://www.industria-transformadora.info/vibracoes-na-industria-evite-a- sindrome-do-dedo-branco/ Importante ressaltar que os riscos caracterizados por vibrações dependem de fatores como intensidade, frequência, direção da vibração, tempo de exposição, direção da vibração transmitida, método de trabalho e fatores predisponentes do indivíduo. 2.5.5 PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO A seguir estão destacados os principais itens previstos na NHO 09 e NHO 10 relativos aos procedimentos de avaliação: A avaliação da vibração deverá ser feita de forma a ser representativa da exposição de todos os trabalhadores considerados no estudo. A análise preliminar tem por objetivo reunir elementos que permitam enquadrar as situações analisadas em três distintas possibilidades, quais sejam: - a convicção técnica de que as situações de exposição sejam aceitáveis, pressupondo-se que estejam abaixo do nível de ação; - a convicção técnica de que as situações de exposição sejam inaceitáveis, pressupondo-se que estejam acima do limite de exposição; - a incerteza quanto à aceitabilidade das situações de exposição analisadas. Para a análise preliminar da exposição, deve-se considerar, entre outros, os seguintes aspectos: - informações fornecidas por fabricantes de veículos, máquinas ou equipamentos sobre suas especificações técnicas, incluindo os níveis de vibração gerados durante as operações envolvidas na exposição; - estado de conservação de veículos, máquinas ou equipamentos utilizados quanto aos sistemas de amortecimento, assentos e demais dispositivos
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